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Dedicatória

“Se algum dia homem feito e realizado, sentires que a terra cede a teus pés, que tuas obras
desmoronam que não há ninguém à tua volta para te estender a mão, esquece a tua
maturidade, passa pela tua mocidade, volta à tua infância e balbucia, entre lágrimas e
esperanças, as últimas palavras que sempre te restarão na alma: Minha Mãe, Meu Pai”.

Aos nossos pais, sincera e afectuosamente dedicamos.

I
Agradecimento

No culminar deste trabalho, desejamos exprimir o nosso reconhecimento às pessoas ou


entidades, que das mais variadas formas contribuíram para que fossem atingidos os
objectivos propostos.

A Deus, que sempre nos acompanhou em todos os momentos de nossa vida, que sempre
nos mostrou luz em caminhos escuros, que sempre despertou a esperança em nosso ser e
que sempre se mostrou amigo e companheiro.

Aos nossos pais, que nos acompanharam nos momentos bons e ruins, que souberam
e/ou sempre tentaram entender os nossos pensamentos e que sempre estiveram ao nosso
lado quando o apoio era necessário. Que sempre souberam nos educar, que sempre
demonstraram amor, carinho, companheirismo em tudo de nossa vida.

A todos os professores que nos ajudaram directa e indirectamente para a concretização


deste trabalho.

Agradecemos também ao nosso orientador, que sempre foi paciente, que sempre confiou
em nosso trabalho e que soube acreditar que seriamos capazes, mesmo quando devida
afirmação não parecia aflorar. Agradecemos aos momentos que dispôs tempo para nos
ajudar com o trabalho. Agradecemos também aos momentos que pronunciou palavras de
apoio e palavras que nos fizeram crescer.

O nosso muito obrigado!

II
Lista de abreviaturas

AT – Alta Tensão

CC – Curto Circuito

EBC – Escalões de Baterias de Condensadores

ENDE – Empresa Nacional de Distribuição de Energia

IED – Dispositivos Electrónicos Inteligentes.

MT – Média Tensão

NA – Normalmente Aberto

NF – Normalmente Fechado

ONAF – Óleo Mineral, Ar Forçado

ONAN – Óleo Mineral, Ar Natural

QMMT – Quadro Metálico de Média Tensão

RNT – Rede Nacional de Transporte

SCADA – Supervisory Control and Data Acquisiton

SE – Subestação Eléctrica

SEE – Sistema Eléctrico de Energia

SEP – Sistema Eléctrico de Potência

SPCC – Sistemas de Protecção, Comando e Controlo.

TI – Transformadores de Intensidade da corrente

TP – Transformador de Potência

TT – Transformadores de Tensão

III
Resumo

No mundo actual, como se vê em volta, a energia eléctrica é essencial, especificamente, é um


recurso crítico que determina as condições de vida e a sobrevivência da humanidade. E este
trabalho tem como objecto de estudo as subestações, aquelas que possibilitam o transporte
deste recurso até os utilizadores.

Tem-se como foco principal ou objectivo estudar o funcionamento de uma subestação


eléctrica, que para lá chegar tem-se ainda que aprender o seu conceito, observar a sua
constituição, investigar as aplicações e o funcionamento dos equipamentos eléctricos que a
constituem, escabichar o esquema eléctrico da subestação e finalmente examinar o seu
funcionamento baseando-se em seu esquema eléctrico, mas para complementar irá se
analisar as anomalias ou defeitos que podem ocorrer e investigar o comportamento da
subestação perante as mesmas.

Tendo em vista a demanda por energia eléctrica que vem crescendo exponencialmente no
mundo e a importância das Subestações Eléctricas para o transporte, é essencial para os
estudantes do curso de Energia e Instalações Eléctricas aprender sobre este tema para poder
desenvolver as competências e habilidades necessárias de um futuro técnico projectista de
electricidade.

E por isso, motivados pela curiosidade no tema para se aprender mais sobre ela na busca de
conhecimentos necessários à um técnico de electricidade utilizou-se o método indutivo como
método de pesquisa para obtenção de quantidade e qualidade de conhecimentos para se
alcançar os objectivos traçados. Tendo como técnica de pesquisa a entrevista estruturada.

Do estudo realizado tirou-se a principal conclusão: “Subestações são muito importantes e por
conta deste facto entende-se o seu tamanho, a quantidade de equipamentos, o quão complexa
ela é e como é importante futuros técnicos terem o máximo de conhecimento que puderem
sobre ela”.

IV
Abstract

In today's world, as seen around, electrical energy is essential, specifically, it is a critical


resource that determines the living conditions and survival of humanity. And this work has as
its object of study the substations, those that make it possible to transport this resource to
users.

Its main focus or objective is to study the operation of an electrical substation, which in order
to get there one has to learn its concept, observe its constitution, investigate the applications
and operation of the electrical equipment that constitute it, scrutinize the electrical diagram of
the substation and finally examine its operation based on its electrical diagram, but in
addition, it will analyze the anomalies or defects that may occur and investigate the behavior
of the substation towards them.

Given the exponentially growing demand for electrical energy in the world and the
importance of Electrical Substations for transportation, it is essential for students of the
Electrical Energy and Installations course to learn about this topic in order to develop the
necessary skills and abilities of a future technical designer of electricity.

Therefore, motivated by curiosity in the subject to learn more about it in the search for
knowledge necessary for an electrical technician, the inductive method was used as a research
method to obtain quantity and quality of knowledge to achieve the outlined objectives. Using
the structured interview as a research technique.

The main conclusion was drawn from the study: “Substations are very important and because
of this fact we understand their size, the amount of equipment, how complex it is and how
important it is for future technicians to have as much knowledge as they can about her".

V
Índice de figuras

Figura 1 – SEP. --------------------------------------------------------------------------------------------- 5

Figura 2 – Sala de operação de uma subestação automática. ---------------------------------------- 7

Figura 3 – Subestação de energia desabrigada. -------------------------------------------------------- 7

Figura 4 – Subestação de energia abrigada. ------------------------------------------------------------ 8

Figura 5 – Ilustração de uma subestação móvel. ------------------------------------------------------- 8

Figura 6 – Subestações de transformação. -------------------------------------------------------------- 9

Figura 7 – Barra Simples – Um circuito de suprimento.-------------------------------------------- 16

Figura 8 – Barra Simples – Dois circuitos de suprimento. ----------------------------------------- 17

Figura 9 – Barra dupla com dois circuitos de Suprimento – saída dos alimentadores primários.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17

Figura 10 – Barra dupla com disjuntor de transferência. ------------------------------------------- 18

Figura 11 – Subestação com barra principal e barra de transferência. ---------------------------- 19

Figura 12 – Equipamentos do pátio de AT de uma subestação abaixadora. --------------------- 20

Figura 13 – Transformador de tensão – Electromagnético. ---------------------------------------- 24

Figura 14 – Transformador de tensão Capacitivo. --------------------------------------------------- 25

Figura 15 – Transformador de corrente com primário em barra de núcleo toroidal e secundário


distribuído uniformemente. ----------------------------------------------------------------------------- 26

Figura 16 – Quadro Metálico de MT (QMMT). ----------------------------------------------------- 28

VI
Índice de tabelas

Tabela 1 – Características eléctricas dos disjuntores. ----------------------------------------------- 37

Tabela 2 – Potências estipuladas válidas para transformadores de 60 kV/MT. ----------------- 38

VII
Índice geral

Dedicatória ------------------------------------------------------------------------------------------------- I

Agradecimento ------------------------------------------------------------------------------------------- II

Lista de abreviaturas ----------------------------------------------------------------------------------- III

Resumo ---------------------------------------------------------------------------------------------------- IV

Abstract ---------------------------------------------------------------------------------------------------- V

Índice de figuras ----------------------------------------------------------------------------------------- VI

Índice de tabelas ---------------------------------------------------------------------------------------- VII

Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------- 1

Motivação --------------------------------------------------------------------------------------------------- 2

Justificativa------------------------------------------------------------------------------------------------- 2

Capitulo I: Fundamentos teóricos --------------------------------------------------------------------- 3

1.1. Definição -------------------------------------------------------------------------------------------- 3


1.2. História ---------------------------------------------------------------------------------------------- 4
1.3. Sistema Eléctrico de Potência (SEP) ------------------------------------------------------------ 5
1.3.1. Classificação das subestações --------------------------------------------------------------- 6

1.3.1.1. Quanto ao tipo --------------------------------------------------------------------------- 6

1.3.1.2. Quanto à forma de comando ----------------------------------------------------------- 6

1.3.1.3. Quanto ao modo de instalação dos equipamentos em relação ao meio ambiente


------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7

1.3.1.4. Quanto à função ------------------------------------------------------------------------- 9

1.3.1.5. Quanto à tensão eléctrica ------------------------------------------------------------- 10

1.4. Equipamentos de uma Subestação ------------------------------------------------------------- 10


1.4.1. Transformador de força -------------------------------------------------------------------- 10

1.4.2. Transformador de potencial --------------------------------------------------------------- 10

VIII
1.4.3. Transformador de Corrente---------------------------------------------------------------- 10

1.4.4. Religadores ---------------------------------------------------------------------------------- 10

1.4.5. Disjuntores ----------------------------------------------------------------------------------- 11

1.4.6. Chaves seccionadoras ---------------------------------------------------------------------- 11

1.4.7. Relés de protecção -------------------------------------------------------------------------- 11

1.4.8. Isoladores ------------------------------------------------------------------------------------ 11

1.4.9. Pára-raios ------------------------------------------------------------------------------------ 11

Capitulo II: Metodologia de investigação ---------------------------------------------------------- 12

2.1. A problemática/problema ----------------------------------------------------------------------- 12


2.2. Objectivos do projecto--------------------------------------------------------------------------- 12
2.2.1. Objectivo geral ------------------------------------------------------------------------------ 12

2.2.2. Objectivos específicos --------------------------------------------------------------------- 12

2.3. Hipóteses ------------------------------------------------------------------------------------------ 13


2.4. Método de pesquisa ------------------------------------------------------------------------------ 13
2.5. Técnicas de pesquisa----------------------------------------------------------------------------- 14
Capitulo III: Memória descritiva -------------------------------------------------------------------- 15

3.1. Subestação abaixadora -------------------------------------------------------------------------- 15


3.1.1. Arranjos principais de subestações abaixadora ----------------------------------------- 15

3.1.1.1. Barra simples (um circuito de suprimento) ---------------------------------------- 16

3.1.1.2. Barra simples (dois circuitos de suprimento) -------------------------------------- 16

3.1.1.3. Barra dupla (dois circuitos de suprimento) ---------------------------------------- 17

3.1.1.4. Barra dupla com disjuntor de transferência (dois circuitos de suprimento) --- 18

3.1.1.5. Barra dupla com barra de transferência -------------------------------------------- 18

3.1.2. Equipamentos de uma subestação abaixadora ------------------------------------------ 20

3.1.2.1. Equipamentos de potência ----------------------------------------------------------- 20

3.1.2.1.1. Transformador de Potência ----------------------------------------------------- 20

3.1.2.1.2. Disjuntores (AT e MT) ---------------------------------------------------------- 21

IX
3.1.2.1.3. Seccionadores --------------------------------------------------------------------- 22

3.1.2.1.4. Linhas ------------------------------------------------------------------------------ 22

3.1.2.1.5. Reactâncias de Neutro ----------------------------------------------------------- 23

3.1.2.1.6. Baterias de Condensadores ----------------------------------------------------- 23

3.1.2.2. Transformadores de medida --------------------------------------------------------- 23

3.1.2.2.1. Transformador de tensão -------------------------------------------------------- 24

3.1.2.2.2. Transformadores de corrente --------------------------------------------------- 26

3.1.2.3. Edifício de comando ------------------------------------------------------------------ 26

3.1.2.3.1. Unidade de protecção ------------------------------------------------------------ 26

3.1.2.3.2. Armário de Contagens ----------------------------------------------------------- 27

3.1.2.3.3. Posto de Comando Local-------------------------------------------------------- 27

3.1.2.3.4. Armário de comunicações ------------------------------------------------------ 27

3.1.2.3.5. Serviços Auxiliares de Corrente Contínua ----------------------------------- 27

3.1.2.3.6. Serviços Auxiliares de Corrente Alternada ----------------------------------- 27

3.1.2.3.7. Rectificador ----------------------------------------------------------------------- 28

3.1.2.3.8. Baterias de Corrente Contínua ------------------------------------------------- 28

3.1.2.3.9. Quadros Metálicos de Média Tensão ----------------------------------------- 28

3.1.2.3.10. Cabos Isolados de MT --------------------------------------------------------- 28

3.1.3. Princípio de funcionamento de uma subestação abaixadora-------------------------- 29

3.1.3.1. Funcionamento de uma subestação abaixadora perante anomalias ------------ 30

3.1.4. Cuidados a ter em uma subestação abaixadora ----------------------------------------- 32

Conclusão ------------------------------------------------------------------------------------------------- 35

Referências bibliográficas ----------------------------------------------------------------------------- 36

Anexos ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 37

X
Introdução
A vida moderna seria inviável sem o uso da energia eléctrica. Como combustível básico do
desenvolvimento, ela é directamente proporcional ao aumento populacional e económico do
planeta. Qualquer grande invenção tecnológica, ou até mesmo, a maior parte das mais básicas
que são usadas no dia-a-dia de cada um, seria impossível sem o seu uso. Índices importantes
como mortalidade infantil, aumento populacional, e expectativa de vida aumentaram
consideravelmente com seu início. Com isso, essa importância e dependência da vida
moderna com a energia eléctrica fazem com que essa tenha um papel de destaque na
sociedade actual.

Para atender ao natural desenvolvimento da sociedade é necessário que as técnicas de uso


dessa energia caminhem proporcionalmente, com isso é indispensável uma constante busca do
aumento da eficiência, através de melhorias das condições de atendimento ao consumidor.

1
Motivação

Muito em breve nós seremos Técnicos de Energias e Instalações Eléctricas e, durante o


percurso que fizemos desde a 10ª classe até aqui aprendemos muito, o Instituto Politécnico de
Cacuaco deixou-nos ricos de conhecimentos sobre o item mais importante nos dias actuais
(Energia eléctrica), e uns dos primeiros itens que abordamos na 10ª classe foi a produção,
transporte e distribuição de energia eléctrica onde aprendemos as formas distintas de produção
de energia, o processo pelo qual a energia passa depois de ser produzida (transporte) para
poder ser distribuída e chegar aos consumidores finais. Quando se explanou sobre o transporte
da energia eléctrica não faltou de se mencionar a componente que torna todo este processo
possível “a subestação”, sobre ela falou-se pouco, mas sem deixar de parte a sua grande
importância e hoje somos motivados pela curiosidade no tema para aprendermos mais sobre
ela e buscarmos competências de um técnico de electricidade.

Justificativa
A demanda por energia eléctrica vem crescendo exponencialmente no mundo, tendo em vista
a evolução da tecnologia e as novas formas de geração, transmissão e distribuição de energia.
Diante disso, estudar a componente Subestações Eléctricas é essencial para os estudantes do
curso energia e instalações eléctricas para poder desenvolver as competências e habilidades
necessárias de um futuro técnico de electricidade.

2
Capitulo I: Fundamentos teóricos

A geração de energia pode ser realizada por distintos tipos de usinas: hidráulica, eólica,
térmica, fotovoltaica, etc., até o ponto em que há a conversão na forma de electricidade. Para
conduzir a energia eléctrica obtida dessas fontes até o limite dos sistemas de distribuição são
utilizadas as linhas de transmissão.

As linhas de transmissão além de transportar em tensões elevadas toda a energia gerada, estes
componentes básicos do Sistema Eléctrico de Potência também têm a função de realizar a
interligação de múltiplos sistemas de transmissão, possibilitando o intercâmbio de energia e
permitindo a continuidade do fornecimento às cargas mesmo em casos de emergência.

1.1. Definição

Segundo Duailibe (2016), uma subestação é um conjunto de equipamentos de manobra e/ou


de transformação e ainda eventualmente de compensação de reactivos usado para dirigir o
fluxo de energia em sistema de potência e possibilitar a sua diversificação através de rotas
alternativas, possuindo dispositivos de protecção capazes de detectar os diferentes tipos de
falhas que ocorrem no sistema e de isolar os trechos onde estas falhas ocorrem.

Para nós subestação é um conjunto de equipamentos organizados de forma a transformar,


proteger, controlar e manobrar a energia recebida, são responsáveis pela transmissão e
distribuição da energia eléctrica. Antes de chegar às casas, a electricidade percorre um sistema
de transmissão que começa nas usinas e passa por essas estações, onde equipamentos
chamados transformadores realizam o aumento ou a diminuição da tensão.

Quando elevam a tensão eléctrica, os transformadores evitam a perda excessiva de energia ao


longo do percurso. Quando rebaixam a tensão, já nos centros urbanos, permitem a distribuição
da energia pela cidade. Funcionam, desse modo, como pontos de entrega de energia para os
consumidores.

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1.2. História

A história das subestações está intimamente ligada à história dos transformadores. Desta
forma abordaremos sobre o surgimento dos transformadores e o porquê da sua invenção:

A história dos transformadores começou precisamente em 1831, naquele ano o britânico


Michael Faraday e o americano Joseph Henry comprovam por meio de um experimento e de
forma independente o conceito de electroímãs e a as propriedades de indução magnética.
Quarenta e cinco anos depois, em 1876, o russo Pavel NIkolayevich conseguiu descrever um
método de empregar o conceito de indução proposto por Faraday.

Já em 1882 o francês Lucien Gaulard e o britânico John Gibbs recebem a patente inglesa do
seu gerador secundário. Após uma série de contestações e a perda da patente, um ano depois
um sistema de distribuição de corrente alternada é implantado pelas empresas Hammond and
CO. e Eastbourne Electric Lighting Co. e deste faz parte o gerador secundário de Gaulard e
Gibbs.

Em 1886 a empresa americana Westinghouse torna a construção do transformador mais


pratica por meio de aperfeiçoamentos no seu projecto. Assim utilizam os seus transformadores
no sistema de iluminação na rua principal de Great Barrington, em Massachusetts, Estados
Unidos.

Essa foi uma das primeiras demostrações de um sistema completo de distribuição de energia
em corrente alternada utilizando transformadores eléctricos.

E estes transformadores desempenhavam a mesma função que as subestações apesar de que


hoje foram aplicados outros equipamentos para melhoramento do Sistema Eléctrico Potência.

4
1.3. Sistema Eléctrico de Potência (SEP)

O conceito que possuímos é que SEP é um conjunto de equipamentos utilizados para


transportar a energia eléctrica desde a sua geração até a sua utilização. O SEP é constituído
por quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e utilização de energia eléctrica.

Figura 1 – SEP.
Fonte: Daniel Motta

Nós buscamos a ilustração para expor o que sabemos sobre as quatro etapas que constituem o
SEP. A geração é feita por uma usina geradora de energia eléctrica, a qual pode ser
hidroeléctrica, nuclear, termoeléctrica, solar ou eólica. A transmissão é o transporte de energia
eléctrica até as subestações. A distribuição é a parte do sistema que se encontra nos centros
consumidores. E é a partir da distribuição que conseguimos utilizar a energia eléctrica para
diversas finalidades.

Sustentamo-nos de que as subestações são responsáveis pela distribuição da energia eléctrica.


Antes de chegar às casas, a electricidade percorre um sistema de transmissão que começa nas
centrais e passa pelas subestações, onde os transformadores realizam uma alteração no nível
de tensão, ou seja, aumentando ou diminuindo-a. Quando aumentam a tensão eléctrica, os
transformadores evitam a perda excessiva de energia ao longo das linhas de transmissão e
quando diminuem a tensão, já nos centros urbanos que são os consumidores, permitem a
distribuição da energia pela comunidade.

5
Desse modo, funcionam como pontos de entrega de energia para os consumidores. Para se
ajustar ao consumo, a energia passa por outros transformadores, instalados nos postes das
ruas, isso devido ao facto de que os equipamentos de consumo são fabricados, por motivos
económicos e de segurança, com baixos níveis de tensão, então esses transformadores
reduzem ainda mais a tensão a níveis compatíveis com os equipamentos consumidores,
normalmente variando entre 220 a 440 V, entre fases que será recebida nas casas e nos
estabelecimentos comerciais.

1.3.1. Classificação das subestações

Segundo Carleto (2017) as subestações podem ser classificadas de acordo com o seu tipo, a
sua função, as formas de instalação, os níveis de tensão e as formas de comando e operação.

1.3.1.1. Quanto ao tipo

Observamos que as subestações quanto ao tipo podem ser classificadas como:

 Industrial – são aquelas que são dedicadas apenas às aplicações industriais. Ou seja, é
quando uma determinada indústria necessita de uma subestação particular para atender
a instalações específicas, ou ajustar a tensão fornecida de acordo com as necessidades
das máquinas e dos equipamentos da indústria.

 De concessionária – a subestação do tipo concessionária é de responsabilidade das


próprias concessionárias de energia, caso da ENDE, RNT, por exemplo.

1.3.1.2. Quanto à forma de comando

Sabemos que quanto a forma de comando as subestações podem ser de comando apenas com
o operador, semiautomáticas (quando o operador tem alguma actuação no sistema),
automatizadas quando operadas por meio de equipamentos. A seguir temos as suas definições
de acordo com o conhecimento que temos:

Subestação com operador - esse tipo de subestação exige muito conhecimento e treinamento
do operador, tendo em conta que dependem quase que totalmente dele as tomadas de decisões
e o controle do sistema.

6
Subestação semiautomática - esse tipo de subestação tem computadores ou sistemas de
segurança electromecânicos que impedem operações indevidas por parte do operador. A
ilustração a seguir apresenta a sala de operação de uma subestação do tipo semiautomática.

Subestação automatizada - na subestação automatizada, o controle do sistema é realizado


por meio softwares de computadores, como sistemas supervisores do tipo SCADA
(Supervisory Control and Data Acquisiton). A seguir temos uma ilustração da sala de
operação deste tipo de subestação.

Figura 2 – Sala de operação de uma subestação automática.


Fonte: Daniel Motta

1.3.1.3. Quanto ao modo de instalação dos equipamentos em relação ao meio


ambiente

Segundo Carleto (2017) as subestações quanto à instalação são classificadas como:

Subestação externa ou desabrigada (Ao tempo) - é construída em locais amplos e ao ar


livre. Os equipamentos utilizados nesse tipo de subestação devem suportar as intempéries e,
devido ao desgaste em razão do tempo, exigem manutenção frequente.

Figura 3 – Subestação de energia desabrigada.


Fonte: Daniel Motta

7
Subestação interna ou abrigada - esse tipo de subestação é construído em locais cobertos.
Os equipamentos são instalados no interior da construção e não ficam sujeitos às intempéries.
Os abrigos podem ser uma edificação ou uma câmara subterrânea. Subestações abrigadas
podem consistir de cabines metálicas, além de isoladas a gás, tal como o hexafluoreto de
enxofre (SF6).

Figura 4 – Subestação de energia abrigada.


Fonte: Daniel Motta

Subestação blindada - subestações blindadas são construídas em locais abrigados nos quais
os equipamentos são protegidos e isolados em óleo ou em gás (SF6). Como o isolamento com
SF6 é realizado em ambiente blindado, é possível compactar a instalação da subestação. Além
disso, exige pouca manutenção, e a operação é considerada segura.

Subestação móvel - as subestações móveis são dispostas sobre veículos (caminhões, por
exemplo) para atendimentos emergenciais, como shows, feiras e manutenção de outra
subestação.

Figura 5 – Ilustração de uma subestação móvel.


Fonte: Daniel Motta

8
1.3.1.4. Quanto à função

Sabemos que quanto à função existem os seguintes tipos de subestação:

Subestação de manobra: é aquela que liga duas ou mais subestações sob o mesmo nível de
tensão, possibilitando a sua multiplicação. É também usada para possibilitar o seccionamento
de circuitos.

Subestações transformadoras: é aquela que transforma a tensão de um nível para um outro


nível diferente, maior ou menor, sendo designadas, respectivamente, subestações elevadoras e
subestações abaixadoras.

Geralmente, uma subestação transformadora próxima aos centros de geração é elevadora pois,
a transmissão e a subtransmissão faz-se em alta tensão para proporcionar um transporte
económico da energia produzida. As subestações no final de um sistema de transmissão,
próximas aos centros de carga, ou de suprimento a uma indústria é uma subestação
abaixadora.

Figura 6 – Subestações de transformação.


Fonte: Daniel Motta

Segundo Carleto (2017) subestação de regulação tem como objectivo evitar as quedas de
tensão nos alimentadores de energia e equilibrar o sistema eléctrico. Para isso, é necessário
utilizar bancos de capacitores para controlar os níveis indesejados de tensão ao longo da linha
de transmissão.

9
Temos como subestação conversora aquela que tem como objectivo converter a corrente
alternada em corrente contínua, tendo em vista a redução das perdas. As pontes conversoras
são formadas por tanques de tirístores arrefecidos a óleo.

1.3.1.5. Quanto à tensão eléctrica

Segundo Carleto as subestações eléctricas quanto ao nível de tensão eléctrica podem ser:

 Subestações de alta tensão (AT): é aquela que tem tensão nominal abaixo de 230 KV;

 Subestações de extra alta tensão (EAT): é aquela que tem tensão nominal acima de
230 KV. É importante enfatizar que em subestações deste tipo são necessários estudos
complementares considerando o Efeito Corona.

1.4. Equipamentos de uma Subestação

A seguir serão descritos alguns dos principais equipamentos instalados em uma subestação de
energia, utilizados na medição, transformação, protecção, controle e manobra.

1.4.1. Transformador de força

Responsável pela transformação dos níveis de tensão, operam na faixa de MVA e são
utilizados em sistemas de geração e transmissão;

1.4.2. Transformador de potencial

Reproduz em seu secundário, níveis de tensão reduzidos em relação ao seu primário,


permitindo a utilização de equipamentos de medição, controle e protecção em sua saída;

1.4.3. Transformador de Corrente

Reproduz em seu secundário, níveis de corrente reduzidos em relação ao seu primário,


permitindo a utilização de equipamentos de medição, controle e protecção em sua saída.

1.4.4. Religadores

Esses equipamentos são sensíveis a correntes de curto-circuito, e efectuam a interrupção


automática de circuitos que se encontram em sobrecorrente. Após a interrupção automática, o

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religador automaticamente religa, restaurando a continuidade do circuito que está mediante
uma falta, ou interrompe o circuito permanentemente.

1.4.5. Disjuntores

São dispositivos de manobra responsáveis pela abertura e fechamento de circuitos, assim


como a extinção de correntes. Ao interromper tais correntes, devem ser capazes de extinguir o
arco eléctrico formado pela manobra. São classificados de acordo com a maneira que este arco
é extinto, sendo através de óleo, vácuo ou hexafluoreto de enxofre (SF6) os disjuntores mais
utilizados.

1.4.6. Chaves seccionadoras

São chaves de manobra, responsáveis por isolar circuitos e realizar a transferência quando
alguma linha ou equipamento deva ser isolado para manutenção ou reparo.

1.4.7. Relés de protecção

Fazem parte de um conjunto de protecção e são responsáveis pelas acções e controle dos
disjuntores. A sua actuação ocorre através de um sinal de disparo, que é dado após o relé ser
sensibilizado por perturbações no sistema.

1.4.8. Isoladores

São fabricados com materiais altamente isolantes, sendo de vidro, cerâmica ou polímeros, e
sua principal função é isolar os condutores entre fase-fase, fase-terra e fase-suporte, além de
resistir a esforços mecânicos e perturbações climáticas.

1.4.9. Pára-raios

São resistores não lineares destinados à protecção que tem por objectivo resguardar os
equipamentos instalados de surtos atmosféricos ou sobretensões provocadas por manobras do
sistema. Normalmente encontram-se na entrada e saída de cada fase da linha e na entrada e
saída dos equipamentos mais caros, como transformadores de força. Os pára-raios
normalmente utilizados são de Carboneto de Silício (SiC) ou de Óxido de Zinco (ZnO).

11
Capitulo II: Metodologia de investigação

A geração de energia eléctrica é estabelecida por uma usina ou central geradora, a qual aqui
em Angola utiliza-se centrais hidroeléctricas. Esta energia é transportada das centrais por
longas distâncias até as cidades e depois faz-se a distribuição da mesma pelos centros
consumidores (área urbana, rural ou industrial). É por meio da distribuição que conseguimos
utilizar a energia eléctrica para diversas finalidades, como accionar um motor eléctrico,
acender lâmpadas e ligar um computador.

2.1. A problemática/problema
O transporte de energia eléctrica é inexecutável sem as subestações pois, a secção dos
condutores a utilizar seria muito grande e mesmo que se fabricassem os custos seriam
elevados e se gastaria bem mais ainda criando condições para o transporte. E isso
consequentemente impossibilitaria a chegada dos consumidores finais, causando uma viagem
no tempo até a idade das pedras.

2.2. Objectivos do projecto

2.2.1. Objectivo geral


Estudar o funcionamento de uma subestação.

2.2.2. Objectivos específicos


 Aprender o conceito de subestação;

 Observar a sua constituição;


 Investigar as aplicações e o funcionamento dos equipamentos eléctricos que a
constituem;

 Escabichar o esquema eléctrico da subestação;

 Examinar o seu funcionamento baseando-se em seu esquema eléctrico;

 Analisar as anomalias ou defeitos que podem ocorrer e investigar o comportamento da


subestação perante as mesmas.

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2.3. Hipóteses

Referente ao problema a solução encontra-se na aplicação de um transformador que para uma


dada potência a transportar possa elevar a tensão e diminuir a intensidade da corrente eléctrica
e consequentemente com a redução da intensidade da corrente eléctrica a secção e também as
perdas por efeito de Joule na linha reduziriam possibilitando, mas não apenas empregar um
transformador de tensão teria que se utilizar também equipamentos de protecção de corte e
entre outros para atender a algumas necessidades do Sistema Eléctrico de Potência e este
agrupamento desse equipamentos é o que se chamaria de subestação. Mas ao chegar aos
consumidores finais surge outro inconveniente pois a energia eléctrica não pode ser
distribuída em alta tensão por motivos de segurança e também interferiria com as ondas
electromagnéticas então devido a este facto deve se colocar uma outra subestação com a uma
função inversa daquelas impostas depois das centrais de produção de energia eléctrica, e assim
ela reduziria a tensão permitindo a sua distribuição a níveis de tensão que manteriam a o valor
potência o mais estável possível.

E para a utilização da energia eléctrica, devido ao facto de que os equipamentos de consumo


são fabricados com baixos níveis de tensão, então aplica-se aquilo a que se chama de Postos
de Transformação incorporados com um transformador abaixador e respectivos equipamentos
de protecção, comando e corte, esses transformadores reduzem ainda mais a tensão a níveis
compatíveis com os equipamentos consumidores, normalmente variando entre 220 a 440 V,
entre fases que será recebida nas casas e nos estabelecimentos comerciais.

2.4. Método de pesquisa

Tendo em vista a sua importância já que o método é o caminho pelo qual se chega a um
determinado resultado, mesmo que este caminho não tenha sido fixado, este tipo de escolha
necessita de ser precisa para poder nos levar ao objectivo traçado. Como o objectivo que foi
traçado tem como base o estudo, o método indutivo para esta situação é o mais viável pois se
trata de um tema com um problema que necessita ser fundamentado na experiencia e carece
de ser profundamente estudado.

13
2.5. Técnicas de pesquisa

Tomando como instrumento de pesquisa a entrevista estruturada formulamos um guia de


entrevista o qual usou-se para entrevistar os operadores da subestação visitada pelo grupo.

Obs.: O guia de entrevista encontra-se em Anexos.

14
Capitulo III: Memória descritiva

Como visto no Capitulo I existem dois tipos de subestações classificados quanto a sua função,
subestação de manobra e subestação de transformação (abaixadora e elevadora), mas o nosso
foco vai apenas para uma delas, a “subestação abaixadora”, escolhida por nós pelo facto de ser
aquela com a qual nos familiarizamos mais pois ela é responsável por realizar a distribuição
de energia eléctrica e por isso fica próximo aos centros consumidores nos dando a capacidade
de tirar maior proveito dela.

3.1. Subestação abaixadora

É aquela que reduz o nível de tensão para que se possa efectuar a distribuição de energia
eléctrica evitando inconvenientes para a população como rádio interferência, campos
magnéticos intensos, faixas de passagem muito largas e para serem compatíveis com os níveis
de tensão dos aparelhos de utilização.

3.1.1. Arranjos principais de subestações abaixadora

O arranjo de uma subestação de distribuição é a combinação adequada do chaveamento de alta


tensão, dos transformadores abaixadores e chaveamento de tensão primária (chaves,
disjuntores e religadores) de modo a obter uma performance pré-estabelecida. Esta
performance pode considerar o aspecto funcional e o económico.

Quando se analisa os diagramas unifilares de subestações, procura-se obter uma avaliação


considerando, dentre muitos, os seguintes aspectos:

 Segurança do sistema;
 Flexibilidade de operação;
 Habilidade na redução de correntes de curto-circuito;
 Simplicidade dos dispositivos de protecção;
 Facilidade de manutenção e seu efeito na segurança;
 Facilidade de expansão;
 Área total;
 Custo.

15
São apresentados, a seguir, alguns dos arranjos de subestações mais usuais, que vão desde a
barra simples e disjuntor singelo até barra dupla e disjuntor duplo.

3.1.1.1. Barra simples (um circuito de suprimento)

O arranjo designado Barra Simples, apresenta um custo bastante baixo, é utilizado para suprir
regiões de baixa densidade de carga. Normalmente, o transformador da SE apresenta potência
nominal de 10 MVA. Este tipo de SE pode contar com uma única linha de suprimento. Este
arranjo conta, na alta tensão de um único dispositivo para a protecção do transformador. Sua
confiabilidade é baixa, pois quando ocorre uma contingência na subtransmissão, há a perda de
suprimento da SE.

Figura 7 – Barra Simples – Um circuito de suprimento.


Fonte: Paulo Roberto Duailibe Monteiro.

3.1.1.2. Barra simples (dois circuitos de suprimento)

Neste tipo de arranjo, aumenta a confiabilidade do sistema, dotando a SE de dupla


alimentação radial, o alimentador de subtransmissão é construído em circuito duplo operando
a SE com uma das duas chaves de entrada aberta. Quando houver uma interrupção no
alimentador em serviço, abre-se sua chave de entrada NF, e fecha-se a chave NA do circuito
de reserva. Para a manutenção do transformador ou do barramento é necessário o
desligamento da SE.

16
Figura 8 – Barra Simples – Dois circuitos de suprimento.
Fonte: Paulo Roberto Duailibe Monteiro.

3.1.1.3. Barra dupla (dois circuitos de suprimento)

Este arranjo é utilizado em regiões com maior densidade de carga. Aumenta-se o número de
transformadores o que torna a SE com maior confiabilidade e maior flexibilidade operacional.
O diagrama unifilar desta SE apresenta dupla alimentação, dois transformadores, barramentos
de Alta Tensão independentes e barramento de Média Tensão seccionado. Quando ocorre um
defeito ou manutenção em um dos transformadores, abrem-se as chaves anterior e posterior ao
transformador, isolando-o. Fecha-se a chave NA de seccionamento do barramento e opera-se
com todos os circuitos supridos a partir do outro transformador.

Figura 9 – Barra dupla com dois circuitos de Suprimento – saída dos alimentadores primários.
Fonte: Paulo Roberto Duailibe Monteiro.

17
3.1.1.4. Barra dupla com disjuntor de transferência (dois circuitos de
suprimento)

Este arranjo é uma evolução do arranjo anterior, onde se distribui os circuitos de saída em
vários barramentos, permitindo-se maior flexibilidade na transferência de blocos de carga
entre os transformadores, e a manutenção dos disjuntores é realizada através do disjuntor de
transferência.

Figura 10 – Barra dupla com disjuntor de transferência.


Fonte: Paulo Roberto Duailibe Monteiro.

3.1.1.5. Barra dupla com barra de transferência

O arranjo de barra principal e barra de transferência é utilizado para aumentar a flexibilidade


para actividades de manutenção dos disjuntores. O destaque deste arranjo é que todos os
disjuntores são do tipo extraível, ou contam com chaves seccionadoras em ambas as
extremidades. O disjuntor que faz a interligação entre os barramentos é definido como
disjuntor de transferência. Em operação normal, o barramento principal é mantido energizado
e o de transferência desenergizado, o disjuntor de transferência é mantido aberto. Na
realização de uma manutenção correctiva ou preditiva, em um dos disjuntores, fecha-se o
disjuntor de transferência, energizando a barra de transferência; fecha-se a chave seccionadora
do disjuntor que vai ser desactivado, passando a saída do circuito a ser suprida pelas duas

18
barras; abre-se o disjuntor e procede-se à sua extracção do cubículo, ou abre-se suas chaves
seccionadoras, isolando-o; transfere-se a protecção do disjuntor que foi desenergizado para o
de transferência. Ao termino da manutenção, o procedimento é o inverso do que foi realizado.
Neste arranjo, para a manutenção do barramento principal, é necessário desenergizar a SE,
impossibilitando o suprimento aos alimentadores. Este inconveniente pode ser eliminado
utilizando-se um barramento auxiliar definido como barramento de reserva.

Figura 11 – Subestação com barra principal e barra de transferência.


Fonte: Paulo Roberto Duailibe Monteiro.

Para o estudo do funcionamento da subestação iremos utilizar o arranjo de barra simples com
dois circuitos de suprimento.

19
3.1.2. Equipamentos de uma subestação abaixadora

Figura 12 – Equipamentos do pátio de AT de uma subestação abaixadora.


Fonte: Própria

3.1.2.1. Equipamentos de potência

O transformador de potência, as linhas AT (chegada) e MT (saída), os barramentos,


disjuntores, seccionadores, descarregadores de sobretensões, transformadores de serviços
auxiliares, reactâncias de neutro e baterias de condensadores, são aglomerados como
equipamentos de potência. É feita uma descrição de cada um deles, tendo em conta a sua
relevância para os sistemas de protecção, comando e controlo (SPCC), relativamente ao facto
de serem directamente protegidos ou actuados por estes.

3.1.2.1.1. Transformador de Potência

Trata-se do equipamento mais importante e dispendioso de uma subestação, sendo também


aquele que seguramente apresenta o maior nível de eficiência em todo o SEE. É uma máquina
estática com a função principal de elevar ou reduzir o nível da tensão, utilizando para isso um
ou mais enrolamentos, sendo estes as partes activas principais, em cobre, a envolver um

20
núcleo ferromagnético. A razão das tensões na entrada e na saída do transformador é
aproximadamente igual à razão do número efectivo de espiras dos respectivos enrolamentos.
Com a máquina em carga, a razão entre o número de espiras é também ela aproximadamente
igual à razão inversa das correntes. Garantindo-se assim potências aproximadamente iguais
em ambos os lados do transformador.

Os transformadores de potência 60 KV/MT, devem ser do tipo exterior, trifásicos, imersos em


óleo mineral, com enrolamentos separados em cobre e isolamento uniforme. O arrefecimento
poderá ser do tipo ONAN (Óleo Mineral, Ar Natural) ou ONAF (Óleo Mineral, Ar Forçado).
Os transformadores podem ter 2 ou 3 enrolamentos com todos os terminais acessíveis para
serem ligados a um circuito exterior.

Em anexos temos um quadro resumo, com as potências estipuladas dos enrolamentos


principais para cada tipo de arrefecimento.

A tensão estipulada primária a considerar é de 60 kV, já as tensões estipuladas secundárias a


considerar são 10,5 kV, 15,75 kV, 31,5 kV, 31,5+10,5 kV e 31,5+15,75 kV.

Os transformadores devem possuir um comutador de tomadas em serviço, destinado a


modificar a relação de transformação, de forma a compensar quedas de tensão que possam
ocorrer, em função da carga ou da alimentação da rede AT. O TP possui ainda protecções
próprias, das quais se destaca o relé de Buchholz, que responde com um alarme ao acumular
de gás ou ar dentro do transformador, quando o nível de óleo é muito baixo ou o seu fluxo é
excepcionalmente forte, fruto de defeitos no dieléctrico. Outras protecções são o indicador de
nível de óleo, a válvula de sobrepressão, a imagem térmica e descarregador de sobretensões.

3.1.2.1.2. Disjuntores (AT e MT)

Trata-se do dispositivo electromecânico que protege os circuitos contra sobreintensidades


(curto circuitos ou sobrecargas) separando e reestabelecendo os seus contactos, permitindo ou
não o trânsito de potências. Os disjuntores devem ter a capacidade de interromper um circuito
activo sob condições normais de funcionamento, bem como em condições de falha de
corrente, garantindo que o defeito é isolado. Numa SE AT/MT pode ser encontrado tanto no
pátio de AT como no painel MT.

21
É o relé de protecção que detecta e avalia as falhas e determina quando o circuito deve ser
aberto. O disjuntor funciona sob o comando do relé, para apenas abrir o circuito quando
necessário. O disjuntor fechado deve ter energia acumulada, normalmente numa mola,
suficiente para abrir os seus contactos.

Os disjuntores previstos, possuem como material dieléctrico (isolante) o gás hexafluoreto de


enxofre (SF6) ou o vácuo, isolantes que garantem a extinção de arco eléctrico. A pressão do
gás SF6 é geralmente mantida acima da atmosférica e a camara de gás deve ser selada
devidamente, garantindo que não ocorrem fugas para o exterior.

3.1.2.1.3. Seccionadores

O seccionador tem a função de efectuar a abertura visível entre dois circuitos activos, contudo,
ao contrario do disjuntor, não tem poder de corte em carga. A ausência de capacidade de
poder de corte em carga impede que o seccionador seja utilizado para interrupção de
correntes, tanto de defeito, como de valor normal, sob risco de ocorrência de arco eléctrico. A
capacidade de corte visível é fundamental para garantir a segurança das pessoas, e a manobra
deve ser de tal ordem, que na posição aberta, está garantida uma distância de isolamento e
impedido o contacto inadvertido com um barramento ou linha em tensão. O seccionador
apenas actua após a abertura do disjuntor.

3.1.2.1.4. Linhas

As linhas asseguram a ligação entre o barramento e a respectiva linha de distribuição (AT e


MT). Podem ser aéreas ou subterrâneas, com a chegada aérea ou subterrânea a 60 kV, que
alimenta o barramento AT, e saídas aéreas ou subterrâneas, de tensão de 30 ou 15 kV, a partir
do Quadro Metálico de Média Tensão (QMMT).

É nas linhas que ocorrem grande parte dos defeitos num SEE, fruto essencialmente de
contacto com elementos externos, como árvores, animais e elementos climáticos excessivos.
Tratam-se de eventos aleatórios, que podem afectar inúmeros locais da rede eléctrica, com a
designação de permanentes, cuja supressão necessita de intervenção no local, ou não
permanentes, que disparam a protecção da linha e não necessitam de intervenção no local,
podendo ser eliminado com uma religação rápida (também podem-se denominar de fugitivos)
ou com um ligeiro tempo de intervalo (semipermanente).

22
3.1.2.1.5. Reactâncias de Neutro

As reactâncias de neutro (RN) são usadas para criação de neutro artificial no secundário dos
transformadores AT/MT das subestações e são responsáveis pela limitação de corrente de
curto circuito a 300 A em redes aéreas e mistas, e a 1000 A em redes subterrâneas, por via de
bobinas de reactância em série. As RN devem ser trifásicas, com enrolamentos separados, em
cobre, com isolamento uniforme, imersos em óleo mineral e herméticos à penetração de ar
exterior. Um enrolamento diz-se uniforme quando a tensão suportável à frequência industrial
em relação à terra de cada ponto ligado é a mesma. Deve ser criado um neutro artificial por
via de uma bobina em zig-zag, com neutro acessível.

3.1.2.1.6. Baterias de Condensadores

Embora não seja convertida em trabalho útil como a potência activa, na distribuição de
energia também flui energia reactiva, predominantemente de natureza indutiva, necessária
para excitar os circuitos electromagnéticos dos equipamentos de força motriz, transformadores
e geradores. Uma vez que representa uma carga adicional nos diferentes elementos da rede
eléctrica, provocando perdas adicionais por calor e quedas de tensão, é necessário compensar
esta energia produzindo-a localmente, na subestação, por meio de escalões de baterias de
condensadores (EBC).

A potência máxima estipulada do EBC é dada para os valores estipulados de tensão. Para a
tensão estipulada de 11, 16,5 e 33 kV o EBC tem uma potência máxima de 3,43 MVAr e pode
conter, no máximo, 6 unidades de condensadores de 572 KVAr ou 12 unidades de 286 KVAr,
ligados em dupla estrela com os neutros interligados e isolados em relação à terra, por forma a
realizar a potência estipulada para o escalão.

3.1.2.2. Transformadores de medida

Os transformadores de medida têm funções de medição, monitorização de cargas, de


protecção e, essencialmente, transformam as correntes e tensões do sistema de potência em
magnitudes mais reduzidas, garantindo também isolamento galvânico entre a rede e os
diversos equipamentos ligados aos seus secundários. Uma outra característica, é de garantir a

23
uniformização dos relés, pois a produção destes para os inúmeros níveis de tensão seria
impossível. Desta forma, são os equipamentos de medida que garantem o padrão de grandezas
no secundário para os valores mais reduzidos de tensão e corrente.

3.1.2.2.1. Transformador de tensão

Os transformadores de tensão (TT) são ligados em paralelo com o circuito de potência, com a
função de transformar a tensão da rede numa tensão adequada para a utilização dos
equipamentos de protecção. Segundo, devem apresentar uma tensão nos terminais do
enrolamento secundário de 100 V. Podem ser em um de dois tipos:

 Electromagnéticos;
 Capacitivos.

Os transformadores electromagnéticos de tensão apresentam os seus enrolamentos como


apresentado na Figura 13. O número de espiras de um enrolamento é directamente
proporcional à tensão de circuito aberto, medida ou produzida através dele. São utilizados em
circuitos de tensão até 110/132 kV.

Figura 13 – Transformador de tensão – Electromagnético.


Fonte: Miguel Rebelo de Seixas.

Este transformador é muito idêntico ao transformador de potência e apenas apresenta


diferenças na refrigeração, isolamento e aspectos mecânicos. O primário possui um número de
espiras superior ao secundário e, é ligado em paralelo com a linha, fase – fase ou fase –
neutro. Embora o secundário possua menos espiras, a tensão por espira mantem-se a mesma,
face ao primário.

24
Para tensões de maior valor, é normalmente adaptado um segundo tipo de transformador –
capacitivo, com o primário a consistir em ligações em série de condensadores (isoladores
cerâmicos), de forma a reduzir a tensão primária para valores convenientes.

Figura 14 – Transformador de tensão Capacitivo.


Fonte: Miguel Rebelo de Seixas.

No decorrer de perturbações do sistema, o TT pode ser sujeito a tensões elevadas, sendo


definido um factor de tensão que varia conforme a ligação do neutro à terra. Este valor deve
ser multiplicado pela tensão nominal primária de forma a determinar a tensão máxima para a
qual o transformador deve atingir os níveis exigidos de aquecimento e precisão.

Todos os transformadores de tensão, aplicados na protecção do SEE, devem estar associados a


uma classe de exactidão. A classe de exactidão para medição é definida pelos erros máximos
de tensão permitidos pelo TT, em percentagem e à tensão. As classes de exactidão do TT para
protecção, são definidas pelos erros de tensão, em percentagem, a 5% da tensão nominal e
apenas são atribuídas duas classes possíveis, a 3P e a 6P (destaque para a letra P, de
protecção).

A protecção dos transformadores de tensão é possível do lado do secundário, por via de


fusíveis. Os curto-circuitos (CC) no lado secundário produzem uma corrente de poucos
amperes no lado primário e desta forma não afectam um fusível de alta tensão, uma vez que
estes apenas protegem CC do lado primário e estão preparados para correntes de maior valor.

25
3.1.2.2.2. Transformadores de corrente

Os transformadores de corrente (TI) usados para protecção de SEE são similares em


construção aos transformadores de potência, tendo dois enrolamentos, um primário e um
secundário. Têm a função de transformar a corrente da rede numa corrente adequada para a
utilização dos equipamentos de protecção. Ao contrário dos TT, os TI são ligados em série
com a rede e como tal, devem ter capacidade de aguentar as correntes de CC e sobretensões da
mesma. Se não for assim, o TI pode danificar-se e toda a aparelhagem fica sem protecção, já
que o relé fica sem informação do sistema.

Figura 15 – Transformador de corrente com primário em barra de núcleo toroidal e secundário distribuído
uniformemente.
Fonte: Miguel Rebelo de Seixas.

Os transformadores de corrente são tipicamente de barra no primário, com núcleo toroidal,


como se pode verificar na Figura 15, sendo este primário o próprio condutor, ou barra
atravessado pela corrente de serviço e o enrolamento secundário distribuído.

3.1.2.3. Edifício de comando

O edifício de comando é constituído por uma sala ampla onde fica instalado o equipamento
principal de MT, nomeadamente o QMMT e os sistemas de alimentação e de comando e
controlo, integrados em armários próprios para o efeito.

3.1.2.3.1. Unidade de protecção

Contém as unidades de protecção dos painéis, que recebem informações e medidas analógicas,
provenientes dos TT e TI. Avaliam em tempo real a necessidade de actuar os disjuntores ou as
tomadas do TP.

26
3.1.2.3.2. Armário de Contagens

Neste armário encontram-se os contadores da subestação. A contagem é feita a partir de


contadores que convertem impulsos de energia que passa nos TP e nos transformadores de
serviços auxiliares. A energia reactiva das baterias de condensadores também é medida.

O serviço de telecontagem possibilita a recolha diária de impulsos correspondentes aos


valores de contagem de energia nos diferentes painéis da subestação que disponibilizam esta
medida. Estes impulsos são enviados para uma unidade central de tratamento localizada à
distância.

3.1.2.3.3. Posto de Comando Local

Contém o computador industrial responsável pelos registos do sistema e por todas as funções
de visualização e interface operacional para o utilizador. Também permite proceder à
parametrização e configuração dos IED´s e análise dos registos de eventos.

3.1.2.3.4. Armário de comunicações

Armário onde é colocado o equipamento específico de telecomunicações, permitindo que a


subestação seja comandada à distancia.

3.1.2.3.5. Serviços Auxiliares de Corrente Contínua

Contêm os disjuntores de baixa tensão, que alimentam os diversos circuitos de corrente


contínua da subestação. A sua alimentação é garantida por um conjunto bateria–carregador
que integra a função de televigilância.

3.1.2.3.6. Serviços Auxiliares de Corrente Alternada

Contêm os disjuntores de baixa tensão, que alimentam os circuitos de baixa tensão alternada
da subestação. É alimentado pelos transformadores de serviços auxiliares e alimenta a
ventilação de emergência, o aquecimento dos armários no exterior, ar condicionado,
iluminação e as tomadas da subestação.

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A alimentação dos Serviços Auxiliares de Corrente Alternada deve ser garantida por duas
fontes distintas, dois transformadores de serviço Auxiliar MT/BT, ligados a cada barramento
MT. Em caso de falha de serviço, deve existir um sistema automático de comutação para outra
fonte, assim que possível.

3.1.2.3.7. Rectificador

Aloja o equipamento que converte a alimentação em tensão alternada para tensão contínua,
que carrega as baterias de corrente contínua.

3.1.2.3.8. Baterias de Corrente Contínua

Tratam-se de baterias de corrente contínua, do tipo alcalino de Níquel-Cádmio (Ni - Cd) e


servem para armazenamento de energia eléctrica. Os circuitos de comando e protecção
funcionam a corrente contínua e são alimentados por estas baterias, devendo estas assegurar a
alimentação de energia ao comando da subestação em caso de falha de alimentação.

3.1.2.3.9. Quadros Metálicos de Média Tensão

Quadro metálico do tipo blindado, que contém as celas de média tensão, que interligam as
linhas de MT da rede de distribuição para alimentar os postos de seccionamento e de
transformação da rede de distribuição nos centros de consumo.

Figura 16 – Quadro Metálico de MT (QMMT).


Fonte: Miguel Rebelo de Seixas.

3.1.2.3.10. Cabos Isolados de MT

Os cabos isolados de MT que realizam a ligação dos secundários dos transformadores de


potência 60/15 kV, dos transformadores dos serviços auxiliares MT/BT, das reactâncias de

28
neutro e dos escalões de baterias de condensadores às respectivas celas do quadro metálico de
MT, serão cabos unipolares, possuindo uma alma condutora em alumínio.

3.1.3. Princípio de funcionamento de uma subestação abaixadora

Começamos pela chegada de energia eléctrica que é feita por subestações da RNT que fazem a
alimentação das subestações abaixadoras com uma tensão de 60 KV que normalmente são da
ENDE. Neste caso temos duas chegadas ou dois circuitos de suprimento e têm os mesmos
aparelhos até os barramentos.

Após a chegada encontramos os TT´s, ligados em paralelo, que como a linha é trifásica então
temos um TT para cada fase que desempenham a função de protecção (enviando dados dos
níveis tensão para os dispositivos de controle e monitoramento que são os relés e o software
de computadores, usualmente o software SCADA) e medição (enviando os valores de tensão
de chegada aos aparelhos de medida).

A seguir temos os seccionadores que pelo mesmo motivo que os TT´s também temos três,
nesta localização são chamados de seccionadores de linha que têm a função de isolar a
subestação em caso de falha à jusante na linha, mas atenção eles não se podem accionar em
carga. Acompanhando-o estão os TI´s que dão uma intensidade de corrente no seu secundário
proporcional ao nível de intensidade de corrente do primário permitindo assim a sua medição
pelos dispositivos de medida encontrados no edifício de comando e a monitoração para que
em caso de sobreintensidades possa remeter aos dispositivos de controle e protecção para
fazer a abertura dos dispositivos de manobra (disjuntores). Posteriormente localizam-se os
disjuntores, cuja finalidade é proteger a linha a sua jusante contra sobreintensidades de acordo
com a ordem dos relés de protecção.

Logo após os disjuntores encontramos os seccionadores de barra que têm a função de isolar o
barramento de AT, estes seccionadores de barra por terem conexão com o barramento, que se
depois dele, e como este interliga os dois sistemas de suprimento, não devem nunca estar
fechados ao mesmo tempo, ou seja, quando os seccionadores do primeiro sistema de
suprimento estiverem fechados, o do segundo sistema de suprimento devem obrigatoriamente
estar abertos para se evitar um curto-circuito entre fases na SE. E lembrando que eles não
podem ser operados em carga pois não possuem poder corte ou câmara de extinção do arco

29
eléctrico e eles seccionadores podem ser controlados pelos equipamentos dispostos no edifício
de comando ou de forma manual por meio de motores ou alavancas.

Depois dos barramentos de AT temos outros seccionadores que isolam o TP em caso de


manutenção.

Posteriormente temos os TI´s novamente desempenhando a mesma função que os descritos


anteriormente e depois vêm os disjuntores cuja finalidade se assemelha ao disjuntor
anteriormente descrito, mas aqui vai servir para protecção contra sobreintensidades no nosso
TP. E em seguida temos aquele que é o mais importante, o transformador de potência que
diminui o nível de tensão eléctrica, mas mantendo a potência. Depois do TP entramos para o
edifício de comando onde encontramos QMMT e os sistemas de alimentação e de comando e
controlo. Os QMMT interligam as linhas de MT da rede para alimentar os postos de
transformação da rede de distribuição nos centros de consumo. Os sistemas de alimentação
encontramos os serviços auxiliares de corrente contínua e alternada para a alimentação dos
painéis de relés e as baterias que alimentam os mesmos em caso de falha nos serviços
auxiliares. Os sistemas de comando e controlo encontramos os relés de protecção que de
acordo com os TT´s e TI´s comandam os dispositivos de manobra, e ainda encontramos o
software SCADA (se for o caso de uma subestação automatizada).

3.1.3.1. Funcionamento de uma subestação abaixadora perante anomalias

Para manter uma boa operação e a integridade dos componentes eléctricos, o sistema eléctrico
deve ser protegido contra curtos-circuitos e demais situações que causam avarias no sistema.
Quando há ocorrência desses eventos, há a necessidade de isolar a parte submetida à avaria do
restante da rede eléctrica, trazendo assim estabilidade para a operação evitando danos e
demais influencias negativas ao sistema.

A ideia de um sistema de protecção é actuar de forma rápida e eficaz, e para isso é necessário
que haja integridade nas informações repassadas de um sistema de medição para meios
analisadores e consequentemente para um dispositivo de actuação.

Assim sendo, os principais componentes de um conjunto de protecção de subestações são: os


transformadores de medida, relés de protecção e disjuntores de alta tensão.

30
O disjuntor é o equipamento de protecção mais importante do sistema eléctrico, pois ele é
responsável pelo seccionamento imediato do circuito energizado, submetido a
sobreintensidades.

Após a ocorrência de um curto-circuito, estes dados são enviados para o relé que faz as
comparações dos sinais recebidos com parâmetros pré-ajustados de forma a garantir a
actuação dos componentes responsáveis pelo seccionamento do circuito eléctrico
(disjuntores).

O principal foco deste relé é comandar um disjuntor, onde diferente dos disjuntores de baixa
tensão ele é accionado por um mecanismo externo, e não por efeitos termomagnéticos. Para
aumentar a segurança do sistema de protecção, o relé é operado através de transformadores de
tensão e corrente, que diminuem elevados níveis de tensão e corrente para maior comodidade
do mesmo.

Um bom sistema de protecção deve possuir as seguintes características:

 Confiabilidade: A confiabilidade, quer dizer que o sistema deve actuar perfeitamente


conforme projectado independente de qualquer situação.
 Coordenação e Selectividade: cada equipamento deve actuar dentro de sua zona de
protecção desligando somente o trecho da rede que está realmente com problema,
evitando assim que o sistema seja desligado desnecessariamente.
 Velocidade: assim que ocorre o problema o trecho deve ser desligado mais rápido
possível, pois quanto menos tempo o sistema ficar sob efeitos da avaria menor serão os
danos causados.
 Sensibilidade: O sistema de protecção deve ter a menor tolerância possível, isso é
deve actuar como foi projectado com faixa de tolerância muito pequena.

A protecção por meio dos relés tem duas funções: onde a principal é desconectar o sistema
que está tendo um defeito ou operando fora dos limites estabelecidos; A secundária é indicar a
localização e especificar o defeito, reduzindo o tempo de recuperação do sistema.

Deste modo, o funcionamento de uma subestação abaixadora perante anomalias será de forma
a comunicar aos relés de protecção por meio dos transformadores de instrumentos (os TT´s e
os TI´s) e estes relés por sua vez localizarão a anomalia e comandarão a abertura dos

31
disjuntores mais próximos do defeito que isolarão a parte do circuito afectada o mais rápido
possível. Este defeito será especificado e notificado para que se possa fazer a devida
manutenção reduzindo o tempo de recuperação da parte afectada.

3.1.4. Cuidados a ter em uma subestação abaixadora

Uma subestação, como apresentado anteriormente, mantém em sua instalação diversos


painéis, equipamentos e dispositivos eléctricos. A simples existência destes painéis,
equipamentos e dispositivos eléctricos energizados instalados na subestação é suficiente para
criação de campos eléctricos e magnéticos, que são responsáveis pelo funcionamento de um
motor eléctrico trifásico ou de um transformador.

Estes campos dos equipamentos inclusive se influenciam mutuamente, razão pela qual a
adopção de medidas de protecção para promover a compatibilidade electromagnética entre
eles se fazem necessárias.

Baseando-se neste contexto, mesmo uma simples inspecção visual ou visita técnica na
subestação representa por si só risco para o observador ao entrar na sala eléctrica, pois, há
perigos inerentes à própria instalação existente.

Um exemplo deste perigo da instalação é a existência de um barramento energizado não


blindado que alimente electricamente um transformador de potência; este condutor ioniza o ar,
alterando as propriedades dieléctricas do mesmo ao seu redor, favorecendo a ocorrência de
arcos eléctricos. Essa é inclusive uma das razões pelas quais é proibido adentrar salas
eléctricas portando quaisquer adornos metálicos, que funcionam como uma extensão
condutora do seu corpo.

Cuidados comportamentais adicionais ao adentrar uma subestação são igualmente necessários,


como evitar apontar para instalações e equipamentos; isso porque num condutor, as cargas
tendem a se espalhar uniformemente pela superfície, e em especial em regiões pontiagudas, a
densidade superficial das cargas eléctricas é maior do que em regiões planas ou arredondadas,
o que é conhecido como poder das pontas, e é o princípio básico da operação dos pára-raios.
Outro cuidado importante é não tocar na carcaça metálica dos equipamentos, mesmo
julgando-os aterrados.

32
Outro perigo inerente à instalação de uma subestação é o risco real de formação de arco no ar,
principalmente uma vez que suas propriedades dieléctricas estejam comprometidas, como em
dias mais húmidos. As ocorrências de pequenos arcos no interior dos equipamentos são
previstas na sua operação normal, sobretudo nas partes onde ocorrem seccionamento de
contactos eléctricos, como câmaras de extinção de arco de disjuntores de média tensão; nestas
seções do equipamento, geralmente imersas em meio isolante, como SF6, vácuo, óleo isolante
ou até mesmo o ar, ocorrem as chamadas descargas parciais, pois quando é aplicada uma
tensão aos terminais de uma carga isolada, irão ocorrer “descargas” na abertura do disjuntor
em carga ou em curto-circuito.

Além disso, descontinuidades ou falhas na isolação dos cabos podem representar perigo
adicional se houver contacto inadvertido com partes eléctricas energizadas.

Para que se tenha uma ideia mais clara da real utilidade das interacções electromagnéticas,
existem manutenções preditivas realizadas nos equipamentos eléctricos, que compreende
analisar a assinatura eléctrica dos equipamentos, através de uma técnica não invasiva são
utilizadas leituras de tensão e corrente para detectar falhas.

Mesmo para os casos em que estejam implementadas na prática as condições de


equipotencialização e aterramento de massas metálicas, pelo facto de não haver como
assegurar, numa visita técnica local, a continuidade e integridade destas conexões, não há
garantia absoluta que ao tocar estas massas não há o risco do choque eléctrico. Por isso a
premissa de segurança da Companhia sempre válida: Teste antes de tocar. E em especial
para os casos de inspecção visual e visita técnica na subestação, vale a premissa: Não toque
ou se encoste em nada.

Além de todos esses perigos, embora menos frequente, tem-se o de choque eléctrico por
tensão de passo, que compreende a passagem de corrente pelo corpo devido à diferença de
potencial eléctrico formada entre os dois pés do indivíduo, quando no solo há a formação
curvas equipotenciais de níveis diferentes, por descargas eléctricas absorvidas pela malha de
aterramento da subestação devido a descargas atmosféricas ou curto-circuitos no sistema
eléctrico.

O conhecimento dos raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre é


imprescindível, mesmo que na subestação não haja a informação visual destes limites no piso.

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É importante manter sempre uma distância segura dos equipamentos, transitando pela área
livre (na prática, a partir de 1,4 m da fonte de risco, para níveis de tensão até 15 kV, é uma
distância segura).

Por fim, mesmo em casos de acesso à subestação com a finalidade de realizar uma inspecção
visual ou visita técnica, é necessário adoptar uma postura de prevenção, cujas acções em
resumo são:

 Retirar adornos metálicos (como chaves, correntes, brincos, argolas, relógios, adereços
metálicos nos cabelos, anéis, pulseiras);

 Não tocar em ou encostar em superfícies metálicas de painéis e equipamentos e


carcaças metálicas não destinadas à condução de corrente;

 Usar botas de couro sem biqueira de aço;

 Não usar celular no interior da subestação;

 Respeitar as delimitações de zonas de risco, controlada e livre;

 Uso dos EPI´s conforme recomendações de segurança.

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Conclusão

Concluímos que apesar do nome reduzido, Subestação é uma complexidade de equipamentos


organizados em diferentes tipos de arranjos com a finalidade de melhorar a forma como ela
protege, monitora, secciona a energia eléctrica através de circuitos eléctricos na instalação e
mede as grandezas associadas a mesma.

Os equipamentos que a constituem foram nela incorporados para aperfeiçoar seu


funcionamento que se baseia fundamentalmente em manter a qualidade da energia eléctrica
para os consumidores finais com o menor custo possível, sem se esquecer de manter a
segurança no Sistema Eléctrico de Potência e nos centros consumidores e estes equipamentos
são dimensionados de modo a sinalizar as anomalias, defeitos ou falhas que venham a surgir
na instalação e superá-las se for de sua competência.

Apesar dessa complexidade se nos focarmos apenas no sistema eléctrico de protecção e


controle de uma empresa observa-se uma minuciosa semelhança, mas ainda assim ver deste
ponto de vista não é suficiente para entender completamente a subestação.

Subestações são muito importantes e por conta deste facto entende-se o seu tamanho, a
quantidade de equipamentos, o quão complexa ela é e como é importante futuros técnicos
como nós terem o máximo de conhecimento que puderem sobre ela.

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Referências bibliográficas

 Carleto, Nivaldo. (2017). SUBESTAÇÕES ELÉCTRICAS. Brasília: NT Editora.


 De Paula, Patrícia Lins. Universo Lambda. (2015). SUBESTAÇÃO: RISCOS E
CUIDADOS. Página única. Acedido em 30 de Maio de 2021.
https://universolambda.com.br/subestacao-riscos-e-cuidados/
 De Seixas, Miguel Rebelo. (2020). Sistemas de Protecção em Redes Eléctricas e
Automatização de Subestações. Porto: Instituto Superior de Engenharia do Porto.
 Filho, João Mamede. (2013). Manual de Equipamentos Eléctricos. Rio de Janeiro:
GEN. 4ª Edição.
 Frontin, Sergio O. (2013). EQUIPAMENTOS DE ALTA TENSÃO – Prospecção e
Hierarquização de Inovações Tecnológicas. Brasília: Goya Editora LTDA. 1ª Edição.
 Monteiro, Paulo Roberto Duailibe. (2016). SUBESTAÇÕES INDUSTRIAIS. Rio de
Janeiro: Universidade Federal Fluminense.
 Muzy, Gustavo Luiz Castro de Oliveira. (2012). Subestações Eléctricas. Rio de
Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro.
 Weber, Carlos Henrique. (2019). ESTUDO DE CASO EM COORDENAÇÃO DE
PROTEÇÃO E SELETIVIDADE DE UMA SUBESTAÇÃO NO SETOR DE MEDIA
TENSÃO. Santa Catarina: Centro Universitário Unifacvest.
 Wise transformadores. A História do Transformador Eléctrico. Página única. Acedido
em 20 de Maio de 2021. https://wisetransformadores.com.br/blog/a-historia-do-
transformador-eletrico/

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Anexos
Anexo A
Neste anexo apresentamos o guia de entrevista que se usou na entrevista ao operador da
subestação da ENDE da localizada na Vila de Cacuaco.

Guia de entrevista
1. O que é uma subestação?
2. Quais são os elementos que constituem uma subestação?
3. Qual é a função que cada um, desempenha na subestação?
4. Qual é o nível de tensão que alimenta a subestação?
5. Quem alimenta a subestação?
6. Quais são os bairros que a subestação alimenta?
7. Qual é potência que a subestação recebe, e qual é a potência que ela fornece?
8. Como é que podemos classificar a subestação?
9. Quais são as técnicas utilizadas para se fazer a manutenção?
10. Qual é o princípio de funcionamento da subestação?

Anexo B
Como qualquer outro aparelho eléctrico, os disjuntores de AT também têm características
eléctricas. Abaixo segue-se um quadro dessas mesmas características.

Tabela 1 – Características eléctricas dos disjuntores.

Tipo de Tensão estipulada Poder de corte Intensidade de corrente estipulada


disjuntor em CC (KV) estipulado (KA) em serviço contínuo (KA)

D60 – I 0,8
16
D60 – II
72,5 1,25
D60 – III 25

D60 – IV 31,5 2,5

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Anexo C
Os transformadores de 60 KV/MT apresentam tipos diferentes de refrigeração e para cada tipo
de refrigeração apresentam potências estipuladas diferentes. E neste anexo apresentamos uma
tabela com as respectivas potências para cada tipo de refrigeração.

Tabela 2 – Potências estipuladas válidas para transformadores de 60 kV/MT.

Potência estipulada dos enrolamentos principais Potência estipulada dos enrolamentos em


em ONAF (MVA) ONAN (MVA)

10 7

20 15

31,5 25

40 30

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