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Logo, a historiografia nacional brasileira no final dos anos de 1980, era dominada por
uma postura marxista, baseados nos livros Caio Padro Jr. e Nelson Wenerck Sondré. Nesse
cenário, temos o materialismo histórico como a postura teórica da época, voltando-se a
questões mais econômicas, como a formação do capitalismo no Brasil, transição da
escravidão para o trabalho livre e o surgimento da industrialização, por outro lado, havia
estudos sobre os movimentos sociais, as lutas de classe e a formação de partidos e sindicatos.
Na virada dos anos de 1980 para 90, a concepção de fazer história no Brasil, voltou a
ser questionada, onde a fundamentação teórica marxista sofreu as mais duras críticas. Até
mesmo seus seguidores, como é o caso de Thompson que se afastam dessa matriz. A escola
dos Annales que tanto privilegiou a análise econômica e social, deixando a cultura na terceira
instancia, era acusada de “um vazio teórico e um reduzido poder explicativo”.
Se a História Cultural é chamada de Nova História Cultural como o faz Lynn Hunt
[...] Trata-se, antes de tudo, de pensar a cultura como um conjunto de significados
partilhados e construídos pelos homens para explicar o mundo. [...] A cultura é ainda
uma forma de expressão e tradução da realidade que se faz de forma simbólica, ou
seja, admite-se que os sentidos conferidos ás palavras, às coisas, às ações e aos
atores sociais se apresentam de forma cifrada, portanto já um significado e uma
apreciação valorativa. P 15
A História Cultural, portanto, trata-se de mais uma reescrita da História, contando com
autores como Roger Chartier, Robert Darnton e Carlo Ginzburg.
Ora, uma narrativa é o relato de uma sequência de ações encadeadas, e na clássica
definição de Aristóteles, a História seria a narrativa do que aconteceu, distinta da
literatura, que seria a narrativa do que poderia ter acontecido. Nesta medida, a
definição aristotélica estabelece para a História um pacto com a verdade, verdade
esta que o mesmo Aristóteles define ainda como sendo a correspondência da
realidade com o discurso. (pag.49)
Ora, trata-se de um grande desafio aproximar a História com a Literatura, pois para
alguns seria a mesma coisa de tirar a ciência ou o compromisso com a veracidade. No entanto,
conforme Sandra Pesavento, para a História Cultural essa relação se resolve no plano
epistemológico, contrapondo suas aproximações e distanciamentos, entendendo que ambas
possuem diferentes formas de representatividade do mundo. Se encontrando, nas tentativas de
explicar o presente, o passado e o futuro; na mobilização de representar as inquietudes e
questões do homem e da sua época e no publico alvo, o leitor.
A literatura permite o acesso ao modo pelo qual as pessoas viviam, o que pensavam
sobre o mundo e sobre si próprias. Consente os sentimentos que as guiavam, seus medos,
inseguranças, preconceitos, sonhos e idealizações. Permite a compreensão de toda uma época,
recorrendo ao que é aceito ou não dentro daquela sociedade. Além do mais, ela é fonte de si
mesma, se comprometendo apenas com a escrita. Para o historiador, a literatura pode ser uma
fonte realmente especial, podendo ir muito além do que muitas outras, ampliando à
verossimilhança e a veracidade, estimulando o questionamento e a aprendizagem, abolindo
assim, as barreiras entre essas duas disciplinas.