Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nutrição Vegetariana
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
MÓDULO III
50
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
b) Vitaminas que atuam como coenzimas das enzimas antioxidantes –
vitaminas B1, B2, B3, B6 e B12;
c) Minerais que fazem parte das enzimas antioxidantes – cobre e zinco
(superóxido dismutase do citosol), manganês (superóxido dismutase da mitocôndria),
selênio (glutationa peroxidase).
É importante estar atendo aos níveis de homocisteína e de ferro, que são
substâncias potencialmente oxidantes. A homocisteína se eleva quando os níveis de
folato, Vitamina B12, B6 e B2 diminuem (deficiência), e aumenta os riscos de dano
cardiovascular. O ferro, quando em excesso, induz a peroxidação lipídica. Também é
importante lembrar que as células de defesa (sistema imunológico) estão expostas aos
radicais livres na execução de suas funções, necessitando, portanto, de níveis mais altos
de antioxidantes para se protegerem. Como a ingestão de frutas, hortaliças e cereais
integrais chega a ser quatro vezes maior em vegetarianos, observam-se algumas
diferenças na avaliação laboratorial destes indivíduos.
1.1 Antropometria:
51
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Mulheres Peso(kg) = (0,98 x CB) + (1,27 x CP) + (0,4 x PSE) + (0,87 x AJ) – 62,35
Homens Peso (kg) = (1,73 x CB) + (0,98 x CP) + (0,37 x PSE) + (1,16 x AJ) – 81,69
Onde (Chumlea e cols., 1985):
CB = circunferência do braço (cm);
CP = circunferência da panturrilha (cm);
PSE = prega subescapular (mm);
Altura do joelho (cm).
Fonte: Adaptado de Fontanive et al, 2007.
52
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
% do peso corporal habitual = peso atual x 100
peso habitual
53
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
1.1.2 Estatura:
Homem Mulher
64,19 – (0,04 x I) + (2,02 x AJ) 84,88 – (0,24 x I) + (1,83 xJ)
Onde: I = idade, em anos
AJ = altura do joelho, em cm.
Fonte: Fontanive et al, 2007.
54
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Para calcular o IMC, divide-se o peso pela altura ao quadrado, conforme a
fórmula abaixo:
IMC = Peso
Altura2
Classificação do IMC
Abaixo do peso < 18,5
Eutrófico 18-5 – 24,9
Sobrepeso 25
Pré-obeso 24 - 29,9
Obesidade grau I 30 – 34,9
Obesidade grau II 35 – 39,9
Obesidade grau III >40
Adaptado de Knobel, 2005.
a) Mensurar a dobra, sempre que possível com o paciente de pé, com os braços
relaxados e estendidos ao longo do corpo, diretamente na pele do avaliado, sem
qualquer substância que influencie no pinçamento da dobra;
b) Padronizar o lado que será utilizado para medição;
55
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
c) Identificar, medir e marcar criteriosamente o local da medição das dobras. Segurar
a dobra firmemente, entre o polegar e o indicador da mão esquerda, a 1cm do local
a ser medido;
d) Destacar a dobra, de forma a não pinçar o tecido muscular, garantindo a medição
somente da pele e do tecido adiposo;
e) Posicionar o adipômetro perpendicular à dobra e soltar a pressão das hastes
lentamente;
f) Manter a dobra pressionada com os dedos durante a aferição;
g) Fazer a leitura até 4 segundos após a pressão ter sido aplicada;
h) Abrir as hastes do adipômetro, para removê-lo do local e fechá-lo lentamente para
prevenir danos ou perda da calibragem;
i) Medir a dobra no mínimo 2 vezes em cada local. Se os valores diferirem em mais
ou menos 5%, realizar medições adicionais. Deve-se calcular a média aritmética
dos resultados obtidos;
j) No caso de aferições de dobras em locais diferentes, sugere-se realizar as
medidas de forma rotativa, ao invés de leituras consecutivas em cada local. A
avaliação em momentos diferentes do mesmo paciente deve ser realizada pelo
mesmo examinador, de forma a minimizar as variações.
a) Dobra cutânea tricipital (DCT) – é a dobra mais usada na prática clínica para o
monitoramento do estado nutricional. Para sua aferição é necessário usar uma fita
graduada, para localizar o ponto médio entre o acrômio e o olecrânio, com o braço
flexionado junto ao corpo, formando um ângulo de 90°. A dobra deve ser
mensurada na parte posterior do braço, com os braços estendidos e relaxados, ao
longo do corpo. Os resultados são expressos em mm e devem ser comparados
com o padrão estabelecido por Frisancho (1981), de acordo com sexo e idade.
Entretanto, a forma mais prática é comparar os resultados com os padrões
56
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
propostos por Jelliffe (1966). Entretanto, é importante lembrar que, em idosos, a
gordura corporal se distribui na região abdominal a intramuscular, não sendo esta
dobra e as medidas derivadas dela um bom preditor da gordura corporal total neste
grupo populacional.
Percentis de DCT (em mm) para ambos os sexos, segundo Frisancho (1981):
Homens Mulheres
Idade / percentis 5 50 95 5 50 95
10 – 10,9 6 10 21 7 12 27
11 – 11,9 6 11 24 7 13 28
12 – 12,9 6 11 28 8 14 27
13 – 13,9 5 10 26 8 15 30
14 – 14,9 4 9 24 9 16 28
15 – 15,9 4 8 24 8 17 32
16 – 16,9 4 8 22 10 18 31
17 – 17,9 5 8 19 10 19 37
18 – 18,9 4 9 24 10 18 30
19 – 24,9 4 10 22 10 18 34
25 – 34,9 5 12 24 10 21 37
35 – 44,9 5 12 23 12 23 38
45 – 54,9 6 12 25 12 25 40
55 – 64,9 5 11 22 12 25 38
65 – 74,9 4 11 22 12 24 36
Fonte: Frisancho, 1991. Adaptado de Fontanive, 2007.
Masculino Feminino
12,5 mm 16,5 mm
Fonte: Fontanive, 2007.
57
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
b) Dobra cutânea bicipital (DCB) – Deve ser medida no mesmo nível da DCT e
circunferência braquial, na parte anterior do braço. A DCB é usada em fórmulas de
predição de gordura corporal total.
g) Dobra cutânea da coxa (DCC) – esta dobra apresenta moderada à alta correlação
com a densidade corporal. É aferida na posição vertical, na parte anterior da coxa,
58
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
no ponto médio entre a linha inguinal e a borda proximal da patela. O peso do
corpo é transferido para o pé esquerdo e a medida deve ser feita com a perna
levemente flexionada e com o pé na posição de meia-ponta.
59
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
1.2.1 Ferro, Ferritina e Hematócrito – série vermelha:
60
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Na avaliação da série vermelha deve-se considerar o seguinte:
61
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
hemorragias; • Anemia perniciosa;
• Anemia falciforme. • Infecção crônica;
• Radioterapia;
• Desordens
endócrinas;
• Tumor da medula
óssea;
• Síndromes
mielodisplásicas.
Adaptado de Leão & Gomes, 2008.
62
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Parâmetro Valor referência Aumenta Diminui
Leucócitos 4,5 – 11 x 103 Leucocitose ocorre quando há: Leucopenia ocorre quando há:
• Leucemia; • Infecções virais;
• Infecção bacteriana; • Quimioterapia;
• Hemorragia; • Radioterapia;
• Trauma; • Depressão da medula
• Câncer. óssea.
Leucograma
(contagem diferencial
de leucócitos):
63
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
• Desnutrição leve
(1200 – 1500 mm3);
• Desnutrição Moderada
(800 – 1200 mm3);
• Desnutrição severa (<
800 mm3);
Basófilos 0 - 2% Basofilia ocorre em:
3
0 – 200 mm • Colite ulcerativa; Basopenia ocorre em:
• Sinusite crônica; • Hipertireoidismo;
• Nefrose; • Gestação;
• Doença de Hodkin; • Estresse;
• Pós-esplenectomia. • Infecção aguda;
• Síndrome de Cushing.
Neutrófilos 40 – 80%
Neutrofilia ocorre em:
1800 – 8000 mm3
• Infecções; Neutropenia ocorre em:
• Desordens • Infecções;
64
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
pancreatite, colite,
peritonite, nefrite);
A agregação plaquetária ocorre sempre que há uma lesão nos tecidos que atinge
algum vaso sanguíneo para formação de um tampão (trombo), que fechará o local da
lesão, impedindo que o sangue continue a extravasar. Entretanto, em condições
inflamatórias, como nas doenças cardiovasculares, este mecanismo protetor pode tornar-
se prejudicial ao favorecer o surgimento de trombose (oclusão total ou parcial de artérias,
com prejuízo na circulação sanguínea e isquemia do tecido adjacente).
A agregação plaquetária tem início com a produção de tromboxano A2 (produzido
pelo ácido araquidônico e pelo ácido graxo ômega-6) nas membranas das plaquetas. Vale
lembrar que a principal fonte de ácido araquidônico na dieta moderna é a carne. Em
contrapartida, os derivados do ácido linolênico (ômega-3) produzem EPA (ácido
eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosahexaenoico), que apresentam efeito contrário ao
ômega-6, sendo protetores contra os efeitos deletérios dos trombos.
As principais fontes alimentares de ômega-3 são os peixes e a linhaça, então
deve-se estar atento, pois caso a ingestão de linhaça seja baixa (ou nula) é possível que
em vegetarianos as dosagens de ômega-6 estejam mais altas que as de ômega-3. Os
vegetarianos, do ponto de vista da contagem de plaquetas, apresentam proteção contra a
trombose, pois os níveis das mesmas mostram-se mais baixos que nos onívoros.
Entretanto, os níveis mais altos de ômega-6 favorecem um estado pró-coagulante, porém
ainda não existem estudos falando sobre a incidência de trombose neste grupo
populacional.
65
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
1.2.4 Proteína
66
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Após ser ingerida, a vitamina B12 é liberada no estômago e necessita ligar-se ao
fator intrínseco (FI), composto proteico produzido no estômago, ao chegar ao intestino.
Esta ligação é fundamental para que ocorra absorção desta vitamina no íleo terminal.
Quando ocorre deficiência de vitamina B1, os níveis de homocisteína aumentam.
Entretanto, estes valores também podem majorar em presença de outras deficiências,
significando que sua elevação é um bom indicador de deficiência, porém não é específico.
Com a elevação da homocisteína, a via metabólica da B12 é desviada para a
síntese de ácido metilmalônico. A deficiência de ácido fólico não influencia seus níveis,
sendo a dosagem do ácido metilmalônico um indicador melhor da deficiência de B12.
Entretanto, vale lembrar que o maior inconveniente de sua dosagem é o alto custo e a
maioria dos planos de saúde não cobre este exame.
A holotranscobalamina é o transportador sanguíneo da vitamina B12 e seus
valores séricos mostram-se diminuídos na deficiência da mesma. Os inconvenientes,
além do alto custo do exame e do mesmo não ser coberto pelos planos de saúde, é que a
maioria dos laboratórios de análises clínicas no Brasil ainda não o realiza. Também vale
lembrar que o hemograma não é muito confiável para avaliação da deficiência de B12,
pois pode haver deficiência sem alteração da hemoglobina e do VCM. Somente na
deficiência grave é que pode ocorrer neutropenia e trombocitopenia.
Como a B12 e o ácido fólico são necessários à duplicação do DNA, quando um
dos dois (ou ambos) estão deficientes, a célula cresce, aumentando o VCM,
caracterizando a anemia megaloblástica. Entretanto, como as dietas vegetarianas são
ricas em ácido fólico, o VCM pode não se alterar tanto quanto o esperado na deficiência
de B12. Se paralela à deficiência de B12 houver deficiência de ferro (que provoca
diminuição do VCM, porque as células diminuem de tamanho), o VCM final pode
apresentar-se dentro da faixa da normalidade, mascarando ambas as deficiências!
Os melhores exames para se avaliar a deficiência de B12 seriam o conjunto: B12
sérica, homocisteína, ácido metilmalônico e transcobalamina. Entretanto, face às
dificuldades apresentadas acima, na prática utiliza-se a dosagem somente da B12 sérica
e da homocisteína.
67
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Na deficiência de B12 observam-se as seguintes alterações:
1.2.6 Zinco
Sua avaliação laboratorial não é uma medida confiável. A análise pelo cabelo
também não é confiável, pois na deficiência de zinco os pelos apresentam sua taxa de
crescimento diminuída. O zinco sérico (da mesma forma que o cálcio) se mantém em
68
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
níveis constantes, a não ser que a deficiência seja tão grave a ponto da homeostasia ficar
prejudicada. Diversas situações influenciam os valores séricos do mineral, como jejum
prolongado, perfil hormonal, ingestão de alimentos, trauma e infecção. Portanto, deve-se
estar bem atento aos sinais clínicos de deficiência, como perda do apetite, queda do
cabelo, dermatite, cegueira noturna e alteração do paladar.
Também podem surgir problemas com a atividade dos órgãos da reprodução,
levando a um atraso no desenvolvimento sexual e, nos homens, uma produção reduzida
de esperma. O crescimento também pode ser retardado. Podem aparecer perturbações
do sistema imune e dificuldade na cicatrização das feridas. Nas crianças os primeiros
sinais desta deficiência são o atraso no crescimento, a perda do apetite, a alteração do
sabor. Vale lembrar que muitos indivíduos podem permanecer com deficiência subclínica,
pois nestes casos as manifestações são pouco conhecidas e os sintomas mais brandos.
1.2.7 Cálcio:
69
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
por faixa etária (IDRs), bastando na maioria das vezes uma adequada orientação
nutricional.
70
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
a) Níveis séricos diminuídos de vitamina B12 e de transcobalamina;
b) Níveis aumentados de homocisteína e ácido metilmalônico.
2.1 Câncer
71
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
A iniciação do tumor depende muito dos genes ou das toxinas presentes em
nosso meio ambiente, como irradiação, produtos químicos, etc. Seu crescimento
(promoção) depende da existência de condições indispensáveis à sobrevida: um terreno
favorável, água e sol. Campbell acredita que a promoção seja reversível, dependendo das
condições favoráveis (ou não) que o primeiro microtumor encontrar no “terreno”. E é
justamente na promoção que os fatores nutricionais podem desempenhar um importante
papel. Enquanto alguns fatores (fatores promotores) alimentam (ou estimulam) o
crescimento do câncer, outros (fatores antipromotores), ao contrário, o desaceleram, ou
mesmo interrompem seu crescimento. Sempre que tivermos mais promotores que
antipromotores, o câncer prosperará, porém, quanto mais fatores antipromotores
presente, menores as chances de o tumor avançar.
É possível “cuidar do jardim” e banir as ervas daninhas controlando os fatores
promotores e fornecer nutrientes capazes de impedir seu crescimento. Muitos alimentos
da dieta ocidental tradicional (onívora) podem favorecer o crescimento de tumores, porém
inúmeros alimentos vegetais guardam substâncias antipromotoras (os fitoquímicos), como
os minerais, as vitaminas e os antioxidantes.
Acredita-se que o teor elevado de fibras, presente nas dietas vegetarianas, seja
um dos principais fatores de proteção contra alguns tipos de câncer, como o câncer de
cólon. As fibras aumentam a excreção de ácidos biliares, estimulam a proliferação de
bactérias não patogênicas e melhoram a função intestinal, auxiliando na eliminação de
resíduos tóxicos e substâncias irritantes à mucosa colônica. A ausência de carnes na
alimentação vegetariana é benéfica também por não expor seus adeptos às substâncias
carcinogênicas produzidas durante o cozimento das carnes e seu processamento, como
nitritos e nitratos, usados nos processos de defumação.
O método de fritar e assar as carnes aumenta ainda mais a produção destes
compostos, favorecendo o surgimento de câncer gástrico e colorretal. A gordura da carne,
ao ser aquecida, também origina compostos oxidantes e cancerígenos. Acredita-se que o
menor teor de gordura saturada, de proteínas e de energia das dietas vegetarianas
exerça maior proteção contra o desenvolvimento de tumores.
72
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Como os vegetais – ao contrário dos animais e humanos – não podem fugir nem
lutar diante das ameaças e agressões sofridas, necessitam se proteger, produzindo
substâncias capazes de defendê-las da ação das bactérias, fungos, insetos, umidade,
radiação solar, etc. O chá-verde (Camellia Sinensis), por exemplo, contém polifenóis
(catequinas) que atuam de forma importante contra a invasão dos tecidos e à formação
de novos vasos pelas células cancerosas. O chá-verde também ativa os mecanismos
hepáticos de detoxificação, permitindo eliminar mais rapidamente as toxinas
anticancerígenas do organismo. Seu efeito mostra-se ainda mais intenso quando
combinado com a soja.
A soja possui muitas moléculas fitoquímicas, as isoflavonas (genisteína, daidzeína
e gliciteína) de estrutura molecular similar aos estrógenos, porém 1.000 vezes menos
ativas que o estrógeno naturalmente produzido pelas mulheres. A presença das
isoflavonas na corrente sanguínea diminui a superestimulação causada pelos estrógenos,
podendo diminuir a velocidade de crescimento de tumores estrógenos-dependentes. Além
disso, as isoflavonas também bloqueiam a angiogênese dos tumores.
O cúrcuma (açafrão) possui propriedade anti-inflamatória e já mostrou-se capaz
de inibir o crescimento de vários tipos de câncer, como cólon, fígado, estômago, mama,
ovário e leucemia, por exemplo. A curcumina, substância responsável pelas propriedades
do cúrcuma também age sobre a angiogênese e estimula a apoptose das células
cancerosas. Entretanto, para exercer estas funções o cúrcuma deve estar misturado à
pimenta (como no curry), para que consiga atravessar a barreira intestinal, pois a pimenta
multiplica por 1.000 sua absorção.
Os cogumelos (shitake, maitake, kawaratake ou enokitake) contêm lentinan e
outros polissacarídeos que estimulam diretamente o sistema imunológico. Estudos
realizados no Japão, onde sua ingestão é elevada, demonstraram uma diminuição na
incidência de câncer de estômago. As frutas vermelhas (amora, framboesa, morango,
blueberry) possuem substâncias desintoxicantes das células, impedindo as substâncias
tóxicas de agir sobre o DNA, além de induzir a apoptose das células cancerosas.
73
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
As frutas cítricas (laranja, tangerina, limão, grapefruit ou pomelo) contém
flavonoides anti-inflamatórios que estimulam a intoxicação dos agentes cancerígenos pelo
fígado, além de induzir à apoptose das células cancerígenas e diminuir seu potencial de
invasão dos tecidos vizinhos. O suco de romã também tem ação anti-inflamatória e
apresenta a capacidade de diminuir consideravelmente o câncer de próstata.
A raiz de gengibre atua como anti-inflamatório e antioxidante, contribuindo para
diminuir a angiogênese. Os vegetais crucíferos (couve de Bruxelas, couve chinesa,
couve-flor, brócolis) contém as substâncias sulforafane, glucosinolatos e índole-3-carbinol
(I3C) que são moléculas anticâncer, pois impedem a evolução das células pré-cancerosas
em tumores malignos, além de estimularem a apoptose destas células e bloquearem a
angiogênese.
Os aliáceos (alho, cebola, alho-poró, cebolinha, cebolinha francesa) contêm
compostos sulfúreos que diminuem os efeitos cancerígenos das nitrosaminas e
compostos N-nitroso que se formam sobre as carnes excessivamente grelhadas, ou
durante a combustão do tabaco. Estes compostos induzem a apoptose das células
cancerosas no cólon, nas mamas, pulmões, próstata e leucemia. Além disso, auxiliam no
controle da glicemia, diminuindo a secreção de insulina e de IGF, controlando, assim, o
crescimento as células cancerosas.
Os vegetais ricos em carotenoides (beta-caroteno, luteína, licopeno, fitoeno e
cantaxantina), como cenoura, batata-doce, abóbora, tomate, caqui, damasco, beterraba e
laranja inibem a progressão de células cancerosas de diversas linhagens, inclusive das
mais agressivas, como o glioma de cérebro. O licopeno também é capaz de prevenir o
câncer de próstata, ou pelo menos, de aumentar a sobrevida destes pacientes. Os
carotenoides estimulam a multiplicação das células do sistema imunológico e aumentam
sua capacidade de atacar as células tumorais.
As ervas e condimentos, como alecrim, tomilho, orégano, manjericão, salsa, aipo
e hortelã, são ricas em óleos essenciais da família dos terpenos. Estas substâncias
aumentam a apoptose das células cancerosas e diminuem sua proliferação, bloqueando
as enzimas necessárias à invasão dos tecidos adjacentes. As algas também contêm
74
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
moléculas que retardam o crescimento do câncer, principalmente de mama, próstata, pele
e cólon.
O vinho tinto contém polifenóis, como o resveratrol, que agem sobre os genes
protetores das células saudáveis do envelhecimento e retardam a progressão do câncer.
O chocolate amargo (com mais de 70% de cacau) contém numerosos antioxidantes,
proantocianinas e muitos polifenóis, que retardam o crescimento das células cancerosas e
limitam a angiogênese.
75
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Embora o IMC médio mais baixo dos vegetarianos possa ajudar a explicar isso,
Sacks et al constataram que, ainda quando os participantes vegetarianos eram mais
gordos que os não vegetarianos, aqueles tinham valores plasmáticos mais baixos de
lipoproteínas e Thorogood et al verificaram que a diferença do nível plasmático de lipídios
entre vegetarianos, veganos e onívoros persistia ainda que se compensasse a diferença
de IMC. Alguns estudos mostraram nível mais baixo de colesterol HDL em participantes
vegetarianos. O nível mais baixo de HDL pode estar relacionado ao tipo ou à quantidade
de gordura presente na dieta ou à menor ingestão de álcool, o que pode ajudar a explicar
a menor taxa de doença cardíaca entre mulheres vegetarianas e não vegetarianas,
porque em mulheres o nível de HDL pode ser um fator de risco mais importante que o de
LDL. O nível médio de triglicerídeos tende a ser semelhante em vegetarianos e não
vegetarianos.
Diversos fatores da dieta vegetariana podem afetar o nível de colesterol. Embora
os estudos mostrem que a maioria dos vegetarianos não consome dietas de pouca
gordura, a ingestão de gordura saturada é consideravelmente mais baixa em vegetarianos
que em onívoros, e os veganos têm uma relação ainda menor entre gorduras saturadas e
insaturadas em sua dieta. Os vegetarianos também consomem menos colesterol que os
veganos, embora a faixa de ingestão varie muito entre os estudos. As dietas veganas são
isentas de colesterol.
Os vegetarianos consomem de 50% a 100% mais fibras que os não vegetarianos,
e os veganos têm ingestão mais alta que os ovolactovegetarianos. As fibras solúveis
podem reduzir o risco de doença cardiovascular ao diminuir o nível sanguíneo de
colesterol. Os ovolactovegetarianos consomem menos proteína animal que os não
vegetarianos, e os veganos não consomem proteína animal. As pesquisas mostram que o
consumo de pelo menos 25 g ao dia de proteína de soja, quer no lugar da proteína animal
quer em acréscimo à dieta costumeira, reduz o nível de colesterol em pessoas com
hipercolesterolemia. A proteína de soja também pode elevar o nível de HDL. Os
vegetarianos têm maior probabilidade de consumir proteína de soja do que a população
em geral.
76
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Outros fatores das dietas vegetarianas podem influenciar o risco de doença
cardiovascular, independentemente do efeito sobre o nível de colesterol. Os vegetarianos
têm ingestão mais alta de antioxidantes, como as vitaminas C e E, que podem reduzir a
oxidação do colesterol LDL. As isoflavonas, que são fitoestrógenos encontrados nos
alimentos à base de soja, também podem ter propriedades antioxidantes, além de
melhorar a função endotelial e a complacência arterial. Embora sejam limitadas as
informações disponíveis sobre a ingestão de fitoquímicos específicos por grupos
populacionais, os vegetarianos parecem consumir mais fitoquímicos que os não
vegetarianos, porque um percentual maior de suas calorias vem de alimentos vegetais.
Alguns fitoquímicos podem afetar a formação de placas através de efeitos sobre a
transdução de sinais e a proliferação celular e podem ter efeito anti-inflamatório. Algumas
pesquisas realizadas em Taiwan verificaram que os vegetarianos tiveram resposta de
vasodilatação significativamente melhor, diretamente relacionada aos anos de dieta
vegetariana, sugerindo um efeito benéfico direto da dieta vegetariana sobre a função
endotelial vascular.
Nem todos os aspectos da dieta vegetariana estão associados à redução de risco
de doença cardíaca. Alguns estudos encontraram nível sérico mais alto de homocisteína
em vegetarianos, comparados a não vegetarianos, em função da ingestão inadequada de
vitamina B12. Acredita-se que a homocisteína seja um fator de risco independente de
doença cardíaca. Essa pode ser a explicação.
Há apenas dados limitados sobre o papel da dieta vegetariana como intervenção
terapêutica na doença cardíaca. As dietas vegetarianas usadas nesses estudos foram,
em geral, paupérrimas em gordura. Como essas dietas foram usadas juntamente com
outras mudanças do modo de vida e provocaram perda de peso, não foi possível verificar
nenhum efeito direto da adoção da dieta vegetariana sobre os fatores de risco de doença
cardíaca ou de mortalidade. A dieta vegetariana pode ser planejada para adequar-se às
recomendações padrão para tratamento da hipercolesterolemia.
77
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
2.3 Hipertensão
2.4 Diabetes
78
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
As dietas vegetarianas atendem as diretrizes para o tratamento do diabetes e
algumas pesquisas indicam que as dietas mais ricas em alimentos vegetais reduzem o
risco de diabetes tipo 2. A taxa de diabetes relatada pela própria pessoa entre os
Adventistas do Sétimo Dia (ASD) era menos da metade da taxa da população em geral e,
entre os ASD, os vegetarianos apresentavam taxa de diabetes mais baixa que os não
vegetarianos. No estudo sobre a saúde dos adventistas, o risco compensado pela idade
de desenvolver diabetes, para homens vegetarianos, semivegetarianos e não
vegetarianos era de 1,00, 1,35 e 1,97, respectivamente, e para mulheres, de 1,00, 1,08 e
1,93.
Entre as explicações possíveis para o efeito protetor da dieta vegetariana estão o
IMC mais baixo dos vegetarianos e o maior consumo de fibras, sendo que ambos os
quais melhoram a sensibilidade à insulina. No entanto, entre os homens do Estudo da
Saúde dos Adventistas, o risco de diabetes ainda era 80% mais alto nos homens não
vegetarianos, após o ajuste do peso. Em homens, o consumo de carne estava
diretamente associado ao aumento do risco de diabetes. Em mulheres, o risco só
aumentava quando o consumo de carne excedia cinco porções por semana.
2.5 Obesidade
79
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
de Oxford), os valores do IMC foram mais altos em não vegetarianos do que em
vegetarianos, em todos os grupos etários e para homens e mulheres igualmente.
Num estudo com 4.000 homens e mulheres da Inglaterra, que comparou a
relação entre o consumo de carne e a obesidade em pessoas que comem carne, peixe,
ovolactovegetarianos e veganos, o IMC médio foi mais elevado nos comedores de carne
e mais baixo nos veganos. O IMC mais baixo foi encontrado nos ovolactovegetarianos e
veganos que já adotavam a dieta há 5 anos ou mais. Os fatores que podem ajudar a
explicar o reduzido IMC dos vegetarianos incluem as diferenças do teor de
macronutrientes (menos proteína, gordura e ingestão de gordura animal), maior consumo
de fibras, menor ingestão de álcool e maior consumo de verduras e legumes.
2.6 Osteoporose
80
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Embora a ingestão excessiva de proteínas possa comprometer a saúde óssea, há
indícios de que a ingestão reduzida pode aumentar o risco de piorar a saúde dos ossos.
Embora haja pouquíssimos dados confiáveis sobre a saúde óssea dos veganos, alguns
estudos indicam que a densidade óssea é menor neles que em onívoros. As mulheres
veganas, como as outras, podem ter ingestão reduzida de cálcio apesar da
disponibilidade de fontes não lácteas de cálcio de fácil absorção. Algumas veganas
também podem ter ingestão marginal de proteína e já se mostrou que o nível de vitamina
D está comprometido em alguns veganos.
O nível sérico mais baixo de estrogênio dos vegetarianos pode ser um fator de
risco de osteoporose. Em contraste, estudos clínicos de curto prazo indicam que a
proteína de soja, rica em isoflavonas, reduz a perda óssea da coluna vertebral em
mulheres após a menopausa. A ingestão mais alta de potássio e vitamina K dos
vegetarianos também pode ajudar a proteger a saúde dos ossos. No entanto, os dados
indicam que a dieta vegetariana não protege necessariamente da osteoporose, apesar do
menor teor de proteína animal.
81
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
2.8 Demência
82
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Num estudo de 800 mulheres com idade entre 40 e 69 anos, as não vegetarianas
tinham probabilidade duas vezes maior que as vegetarianas de sofrer de pedras na
vesícula. Esta relação se manteve mesmo depois de controlados os três fatores de risco
conhecidos dos cálculos de vesícula: obesidade, sexo e idade.
83
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores