RELAÇÕES
HUMANAS,
ÉTICA E
CIDADANIA
Instituto do Corretor
Democrata
Centro de Educação
SUMÁRIO
MODERNIZAÇÃO E TECNOLOGIA
1.1. Influências nas Relações Humanas ............................... 145
A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA
2.1. A Ética nas nossas Relações .......................................... 152
CONSCIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO
3.1. Cidadania ...................................................................... 158
144
A atividade industrial, sempre crescente, era conduzi-
da fundamentalmente no interior de empresas de pe-
145
Qual a questão vital para as empresas hoje? O condicionamento se desdobra através do tempo e da
l Capital? tecnologia. A rede se estende, a descentralização alas-
l Estratégia? tra-se geograficamente, abrange nações e vai ocupan-
l Produtos Inovadores? do os continentes. O ser humano passa pela massifica-
l Tecnologia de Ponta? ção anônima para a otomização solidária através dos
meios. Há velocidade em tudo: internet, telefone, avião,
Todos os itens acima são poderosos! derrubam as fronteiras nacionais tornando obsoletas as
Mas subitamente perdem a intensidade e a força quan- organizações locais. A roda, a bicicleta e o avião, fases
do confrontados com outro tópico: o talento humano. iniciais de universalização.
Nada é tão vital na agenda das empresas hoje como o
talento humano. O movimento de valorização das rela- O que se torna óbvio à medida que a automação se
ções humanas no trabalho surgiu da constatação da ne- impõe? - À medida que a automação se impõe, torna-
cessidade de considerar a relevância dos fatores psi- se óbvio que “informação” é a mercadoria fundamental
cológicos e sociais na produtividade. e que os produtos sólidos são puros incidentes no movi-
mento de informação (FIORE, 1969). O processo de
SAIBA MAIS!
tecnologia de nosso tempo está remodelando e reestru-
turando padrões de interdependência social e todos os
As bases desses movimentos foram dadas pelos estu- aspectos de nossa vida pessoal. Por ele somos força-
dos desenvolvidos pelo psicólogo Elton Mayo (1890- dos a reconsiderar e reavaliar praticamente todos os
1949). Seu estudo veio demonstrar a influência de fato- pensamentos, todas as ações e todas as instituições.
res psicológicos e sociais no produto final do trabalho. Tudo está mudando dramaticamente.
Como consequência passou-se a valorizar as relações
humanas no trabalho. Mas até que ponto essa valoriza- Mas o que fazer para adaptar os funcionários ao perfil
ção é efetivada? ... mesmo hoje, quando se pratica a exigido pelas atuais soluções tecnológicas implantadas
Gestão de Pessoas, ainda temos empresas que utili- pelas empresas? - Será que está havendo tempo, em
zam Gestão de Recursos sub-humanos, com funcioná- meio à corrida acelerada para a obtenção de lucro, de
rios sujeitos a mais de 10 horas de trabalho diário e pés- preocupar-se com o ser humano? Segundo FIORE
simas condições de trabalho (DI LASCIO, 2001). (1969), os sistemas de circuitos elétricos derrubam o re-
gime de “tempo” e “espaço” e despejam sobre todos
O fator humano está sendo deixado em segunda, ter- nós instantanea e continuadamente as preocupações,
ceira ou quarta opção; para algumas empresas poder- todos os padrões de trabalho fragmentado tendem a
se-ía afirmar que é visto sob uma perspectiva de engre- combinar-se mais uma vez em “papéis” ou formas de
nagem, em outras palavras, comparadas como uma trabalho comprometidos e exigentes. A fragmentação
máquina. das atividades, nosso hábito de pensar em pedaços e
partes - a “especialização” - refletiu, passo a passo, pro-
Segundo DI LASCIO (2001), o psicólogo de Trabalho cesso de departamentalização linear inerente à tecno-
Organizacional, vem se preocupando com estas ques- logia do alfabeto. A modernização e tecnologia entrela-
tões, pois o volume de pessoas com estresse e proble- çam os seres humanos uns com os outros.
mas como depressão, causados por essa pressão con-
tínua e excessiva, está aumentando assustadoramen- As informações despencam sobre nós, instantanea e
te. Na psicologia encontram-se informações, técnicas e continuadamente. Tão pronto se adquire um novo co-
instrumentos que podem melhorar as relações e o am- nhecimento, este é rapidamente substituído por infor-
biente de trabalho do indivíduo sejam em seu relacio- mação ainda mais recente. Nesse mundo, eletrica-
namento interpessoal ou nas atividades de grupos de mente configurado, forçou-nos a abandonar o hábito de
trabalho, pois acredito e quero que o indivíduo venha a dados classificados para usar o sistema de identifica-
ser mais produtivo mas de forma natural e criativa. ção de padrões. SCHWEITZER (1948) afirma que as
afinidades com o nosso próximo desapareceram. Esta-
Queremos que o trabalho se transforme em fonte de mos a caminho franco da desumanização. Onde a ideia
prazer e bem-estar e não de pesadelo. Ser humano tra- de que a pessoa como pessoa nos deva interessar pe-
balhador, sempre terá para nós muito mais valor que a riclita; periclitam também com ela a cultura e a moral.
tecnologia, a máquina ou o computador, já que não Daí, para a desumanização completa da vida pouco vai:
existe nada que o substitua, por mais que tentem. (DI é questão apenas de tempo. (SCHUWEITER, Albert.
LASCIO, 2011). Decadência e Regeneração da Cultura. 1948.)
146
Nossa cultura se esforça para abrigar os novos meios a Ainda, segundo DIMITRIUS e MAZZARELLA, estamos
fazer o trabalho dos antigos. Atravessamos tempos difí- em contato com as pessoas do outro lado da cidade, do
ceis; somos testemunhas de um choque entre duas outro lado do país, ou até mesmo do outro lado do
grandes tecnologias. Abordamos o novo com o condi- mundo. Mas nosso contato normalmente não é pessoal.
cionamento psicológico e as reações sensoriais anti- Os mesmos avanços tecnológicos que nos permitem
gas. Esse choque se produz em períodos de transição. um acesso tão extraordinário aos outros cobraram um
À medida que novas tecnologias entram em uso, as preço - fizeram com que as conversas cara a cara pas-
pessoas ficam menos convencidas da importância da sassem a ser relativamente raras.
autoexpressão. Antigamente, o problema era inventar
novas formas de economizar trabalho. Hoje o problema
Por que se reunir pessoalmente com um cliente se
inverteu-se. Agora temos que nos ajustar e não mais in-
você pode ligar para ele, enviar um e-mail,
ventar. O trabalhador individualmente está fragmenta-
deixar recado na secretária eletrônica...?
do, sendo executor de uma tarefa simples e rotineira. A
Qual é a diferença desde que a mensagem seja
mecanização da produção reduziu o trabalho a um ciclo
transmitida?
de movimentos repetitivos.
147
Certos empreendimentos fracassam, apesar de dispo- l Adaptação do trabalho ao homem - O ambiente
rem de instalações materiais ideais, da mais perfeita físico de trabalho, a maquinaria e as instalações em
maquinaria, porque a equipe falhou, embora inicial- geral, têm de ser adaptadas ao homem. Sabe-se ho-
mente trabalhassem com entusiasmo, é que foi ocasio- je, por exemplo, que a produção aumenta com pare-
nado, à medida que surgiram dificuldades de ordem des pintadas de cor verde ou amarela. A cor cinza ou
pessoal, desentendimentos, falta de disciplina e ciú- escura, ao contrário, deprime e provoca diminuição
mes. É mera ilusão pensar que a vida em grupo consis- do rendimento. A cor vermelha é mais estimulante
te simplesmente em juntar indivíduos com a finalidade que a primeira, porém, provoca ao longo do tempo,
de atingir um objetivo comum. cansaço e irritação.
Exemplo: Há alguns anos um grande grupo industrial l Adaptação do homem ao homem - O ambiente de
resolveu instalar uma fábrica. Mandou comprar máqui- trabalho deve ter confiança mútua e respeito huma-
nas das mais modernas, instalando-as num prédio pla- no. Sabe-se hoje que uma pessoa que faz uma coisa
nejado pelos melhores arquitetos. Hoje, esta indústria ciente da importância do seu trabalho e do seu res-
está em fase de desagregação, os seus dirigentes per- pectivo valor produz muito mais do que uma pessoa
deram o controle da situação. O que aconteceu foi o es- da qual se pede simplesmente obediência.
quecimento total, por parte dos dirigentes, de que a in- VOCÊ SABIA?
dústria é dirigida, mantida e controlada por homens. Es-
queceram que ao lado do fator máquina e instalação
existe o fator humano (WEIL, 1982). “Você pode comprar o tempo de um homem; você pode
comprar a presença física de um homem em determina-
Por muito tempo acreditou-se que o maquinismo e a do lugar, você pode igualmente comprar certa atividade
economia resolveriam o problema da produtividade. A muscular, pagando-a por hora, mas você não pode
experiência mostrou que isto não é verdade. A multipli- comprar entusiasmo, iniciativa, lealdade, devoção de
cação dos acidentes de trabalho, o aparecimento de do- corações, de espíritos... Essas virtudes você deve con-
enças profissionais, os fracassos de indivíduos inaptos, quistá-las”. (psicólogo americano desconhecido).
os problemas de relações humanas (atritos, rivalida-
des, incapacidade de dirigir) levaram empreendimen- A psicologia organizacional busca enfatizar e abordar
tos promissores a fracassos totais. Além disso, por con- este ser humano, este homem que por muitas vezes
sequência da divisão do trabalho, o ser humano já não está esquecido e sufocado atrás da tão falada tecnolo-
sente mais a mesma razão de trabalhar que antiga- gia e que na verdade é o principal fator para qualquer
mente era a satisfação de admirar obras criadas pelas avanço, lucratividade, expansão. Pensa-se que o tra-
próprias mãos utilizando sua criatividade. O estímulo de balho e o ato de trabalhar precisam caminhar juntos,
outrora não pode ser mais o estímulo de hoje, diante da rumo ao objetivo de satisfazer tanto as necessidades da
monotonia de seu trabalho sem objetivo aparente, pois empresa quanto às necessidades do ser humano, ten-
o homem está se tornando cada vez mais uma peça de do um significado e um sentido para ambos.
uma engrenagem, autômato, escravo, técnico.
O estudo do fator humano e a resolução dos problemas
1.2. O ESTUDO DO FATOR HUMANO
atinentes a este, não podem mais ficar ausentes da or-
De acordo com WEIL (1976), o estudo do fator humano ganização moderna, as funções estreitamente defini-
nas organizações pode ser dividido em três partes prin- das devem ceder lugar a uma série contínua de proces-
cipais: sos que aborde como as pessoas ingressam na organi-
zação, como evoluem dentro dela, como seu desempe-
l Adaptação do homem ao trabalho - É possível ho- nho pode ser maximizado e por fim como deixam a or-
je, com relativa facilidade, por meio de exames psico- ganização (WEIL, 1982).
lógicos, classificar as pessoas em função das suas
aptidões, gostos, interesses e personalidade. Colo- Em que era estamos realmente inseridos?
cando “cada macaco no seu galho”, como diz a gíria, Estamos inseridos na era da modernização, do avanço,
consegue-se tornar o ser humano mais feliz e a orga- da conquista, do lucro, da informação, da máquina, da
nização mais produtiva. De outro lado, a promoção e velocidade, onde as demandas tecnológicas e econô-
o aperfeiçoamento do pessoal em exercício constitu- micas pressionam a indústria necessariamente à emer-
em excelente estímulo para todos que queiram pro- gência de novos instrumentos, novas técnicas e novos
gredir na vida. sistemas.
148
Elas exigem também uma nova necessidade de estru-
turas racionalizadas e outras inovações organizacio- “Quando o
nais. Tanto o controle mais estreito feito por técnicas e indivíduo tem
sistemas mais sofisticados, como a expansão do tama- compromisso com
nho das empresas, tendem a conduzir a uma maior des- sua essência, a
personalização de nossas vidas (FIORA, 1969). As pes- vida não se torna
soas acabam por buscar no carreirismo as condições um fardo pesado
para o crescimento profissional, estressam-se e se es-
de carregar”.
quecem de valorizar o ser humano. Muita gente nem
cumprimenta o outro no trabalho para ser mais produti-
Georg Elton Mayo
vo ou ao dar um “bom dia” consegue apenas um “bão”
(1880-1949)
de volta (LIEVORE, 2000).
Sociólogo australiano que deu origem as teorias das
Que no mundo da velocidade as coisas renovam-se relações humanas. Pesquisou os fatores interligados à
constantemente e o novo ao apresentar-se já se encon- desumanização, desenvolveu um grande trabalho na
tra velho. Nada fica. Tudo é efêmero, dura apenas o fábrica de Wester Eletric Company (empresa de telefo-
brilho de um dia. Não nos reconhecemos, pois temos nia com 10.000 empregados - USA), onde buscou esta-
que nos renovar a cada instante. A clonagem e a possi- belecer as relações existentes entre a produtividade e
bilidade de construirmos máquinas inteligentes prome- melhoria nas condições de trabalho. Mayo concluiu que
tem até mesmo uma redefinição do que significa ser o trabalho é uma atividade tipicamente grupal e quanto
humano. Na medida em que será possível desenhar ge- mais os seres humanos estiverem integrados, maior
neticamente um indivíduo ou modificar a sua capaci- será a motivação para produzir. Conclui que o compor-
dade mental por meio de implantes eletrônicos, onde fi- tamento do indivíduo é motivado essencialmente pela
cará a linha divisória entre homem e máquina, entre o necessidade de estar em equipe, de ser reconhecido e
vivo e o robotizado (FIORE, 1969). de ser devidamente informado, ou seja, esta pesquisa
concluiu a importância e a influência dos fatores psicoló-
Será que o ser humano moderno tem a sensação cons- gicos sobre as ações humanas.
tante de sempre estar sendo ultrapassado e sempre
perdendo algo? Será que essa incompletude faz cres- “As necessidades
cer a necessidade de renovar nossos conhecimentos, tendem a se
nossos valores, pontos de vista e nossos corpos? manifestar de
forma hierárquica,
Embora programados para a eternidade, poderemos
quando as outras
morrer sim, não de infarto ou câncer, mas de pânico, té-
estão, ao menos
dio ou vazio existencial, sem heroísmo algum, em meio
parcialmente,
ao espetáculo cotidiano. Não nos permitimos o ócio, o
tempo de parar e refletir e entender qual o ritmo próprio atendidas”.
de cada um de nós. Estamos condicionados a produzir.
Abraham Maslow
O mundo se tornou complexo demais, veloz demais,
(1908-1970)
tenso demais. É difícil não se perder. Sabemos que tal-
vez não possamos encontrar o que buscamos, nem res- Para Maslow, os motivos pelos quais agimos estão or-
tabelecer o lugar das coisas e a sequência dos acon- ganizados em uma hierarquia e necessidades que vão
tecimentos (FIORE, 1969). desde os inferiores até os superiores. Essa hierarquia é
composta das seguintes necessidades: fisiológicas (fo-
GLOSSÁRIO
me, sede, sono e repouso), de segurança (estabilida-
l Autoexpressão - Ato de exprimir; gesto estéril; que de, ordem), de amor (família, amizade e outras), de esti-
não produz; incapaz de procriar; inútil; ma (auto respeito, aprovação), de autorrealização (de-
l Transpessoal - Para além dos limites do pessoal, tu- senvolvimento de capacidade).
do que está ao mesmo tempo entre, através e além do
pessoal, do nosso ego de transformar comportamentos; Leitura recomendada:
l Otomização solidária - Redução de um corpo em Livro: Maslow no Gerenciamento
partículas, a gotículas de reduzidas dimensões, disper- Autor: Maslow. Abrahan Harold,
são. Editora: Qualitymark - 1ª Edição, 2000
149
Este livro (recomendado) examina o impacto duradouro l Todos são responsáveis pelo sucesso do grupo. Não
dos princípios revolucionários de Maslow, ilustra como procure carregar o grupo nas costas ou trabalhar iso-
estes princípios sobreviveram à prova do tempo e se ladamente. A união e o trabalho conjunto fortalecem o
tornaram parte integrante de práticas gerenciais da atu- grupo;
alidade, como melhorias contínuas, Teoria X e “empo- l Não busque um chefe para dirigir suas atividades. Dê
werment”. Oferecendo ideias sobre como utilizar estas importância às regras de cooperação;
e outras ferramentas para lidar eficazmente com as si- l Transmita ao grupo sua experiência e colabore com
tuações empresariais de nossos dias, desde o aumento sua inteligência. O grupo precisa de você;
da competitividade até a globalização e as tecnologias l Não seja prolixo - diga muito com poucas palavras.
emergentes, este livro cobre uma enorme gama de tópi- Quem sabe com clareza verbaliza com rapidez;
cos eternos, entre eles a Autorealização, a Sinergia, a l A participação leva à responsabilidade. Sinta-se res-
Política de gerenciamento esclarecido. ponsável pelo grupo;
l Abandone frases feitas e provérbios;
1.3. PRÁTICAS DE RELAÇÕES HUMANAS l Não crie barreiras psicológicas contra ideias, procure
modificar o grupo e se deixe modificar pelo grupo.
Como podemos utilizar boas práticas de Relações Ninguém avança sozinho, mas pode ficar sozinho;
Humanas para melhorar a qualidade de nosso relacio- l Reexamine constantemente suas ideias e posiciona-
namento? mento nas diversas situações.
Desafios na prática - Estes desafios referem-se a apli-
cação das regras e normas das relações humanas no Até agora você já conheceu as regras básicas de um
seu dia a dia. Leia com atenção as regras, normas, prin- grupo de trabalho, suas atitudes e comportamentos que
cípios e procure colocar em prática e você verá o quanto você deve ter como membro participante de um grupo.
melhorará a qualidade do seu relacionamento.
Agora possivelmente, você vai se tornar especialista
Regras básicas em comunicação de grupo, conhecendo e utilizando as
para um grupo de trabalho. seguintes normas:
l Dê preferência pela formação de círculo, pois é um
Para que você tenha sucesso no seu grupo de trabalho símbolo de equilíbrio;
use as seguintes regras: l Diga sempre nós e nunca vocês ou eu;
l Haja com método; l Não forme “panelinhas”. Não se sente junto aos ínti-
l Busque constantemente a melhoria do processo; mos. Procure ficar com quem você conhece menos;
l Distribua o trabalho de acordo com as aptidões e co- l Mantenha-se atento às conversas;
nhecimentos de cada um; l Espere, com tranquilidade, sua vez de falar;
l Exerça autonomia de trabalho; l Não fale baixo com o companheiro ao lado;
l Não gaste tempo com detalhes irrelevantes; l Não diga não concordo. Veja se compreendeu bem o
l Mostre alto grau de comunicabilidade e leve todos a ponto de vista do outro antes de argumentar;
participar; l Evite dizer eu acho. Quem trabalha com dados diz
l Permita ampla liberdade de expressão de pontos de com certeza e convicção. Quando quiser dizer eu
vista e os respeite; acho, procure outra fórmula, do tipo não posso pro-
l Progrida com eficácia em direção ao objetivo; var o que vou afirmar.
l Trabalhe com fatos e supere subjetivismos.
DICAS Agora você vai melhorar a qualidade do seu
relacionamento usando
várias “ferramentas” de comunicação.
Para facilitar sua participação num grupo de trabalho,
O CUMPRIMENTO
você deve conhecer algumas normas bastante valio-
sas que são: l Você deve sempre cumprimentar as pessoas;
l Jamais dê a impressão de que derrotou um dos par- l O cumprimento dever ser interpretado como um ges-
ticipantes do grupo. Você não está no grupo para ven- to espontâneo que tem a finalidade de fortalecer os
cer, mas para cooperar; laços de amizade entre as pessoas;
l Não use expressão como: “é óbvio¨, “você não en- l No cumprimento você deve evitar a “pose”. Os ges-
tendeu”, etc. Lembre-se sempre: a obrigação de ser tos simples, um sorriso, são suficientes para um cum-
claro é sua. Diga: “não consegui ser claro”; primento elegante e distinto;
150
l Entre um homem e uma senhora, cabe ao homem a
O APERTO DE MÃO
iniciativa da saudação;
l Se o homem estiver sentado, deve levantar-se antes l A mão deve ser estendida sem hesitação, o que de-
de cumprimentar uma senhora; monstra um caráter firme e leal, mas sem o intuito de
l Entre as pessoas do mesmo sexo, e quando não há demonstrar força física;
grande diferença de idade ou posição, a iniciativa de- l Não se deve estender a mão com moleza, pois é sinal
ve partir daquele que se julgar o mais educado; de desatenção e falta de cortesia;
l Estender a mão dura como um pedaço de tábua faz
l O homem cumprimenta uma senhora e espera que
ela lhe estenda a mão, para, então, apertá-la. do aperto de mão um gesto unilateral sem nenhum
significado, o aperto de mão é, simbolicamente, um
AS APRESENTAÇÕES pacto de paz e amizade;
l Fingir ignorar a mão que se estende é um gesto alta-
l Evite expressões como: “Tenho a honra de apresen-
tar...”, “É com satisfação que apresento...”; mente indelicado;
l Os mais velhos devem oferecer a mão aos mais no-
l Entre pessoas de posição social ou hierarquia dife-
rente, apresenta-se o inferior ao superior. Entretanto, vos. Da mesma forma um homem deve esperar que a
quando não se pretende fazer diferenças, a apresen- dama lhe estenda a mão, para, então, apertá-la;
l Um superior deve oferecer a mão ao inferior.
tação se faz simultaneamente;
l Os homens devem ser apresentados às senhoras, Da
CORTESIA
mesma forma que uma pessoa mais nova deve ser
l Nunca se deve falar ao ouvido de alguém sem pedir li-
apresentada a uma mais velha;
cença aos demais presentes;
l Na apresentação entre duas pessoas, compete a
l Quem ri muito alto e por coisa sem importância ou é
mais velha a iniciativa de “Prazer em conhecê-lo”;
tolo ou tem intenção de zombar de alguém;
l Nunca apresente uma pessoa à outra pessoa, quan-
l Não se deve folhear livros, escrever, trocar sinais, rir
do se sabe que não deseja conhecê-lo;
ou consultar o relógio, enquanto uma pessoa fala;
l Nunca fazer apresentações no interior de elevadores
l Um objeto, cigarro, isqueiro, que deva ser passado à
e escadas;
outra pessoa, deve ser feito por detrás e nunca esten-
l Deve se fazer um esforço no sentido de se guardar os
dendo o braço pela frente dos outros;
nomes das pessoas que lhes são apresentadas. Po-
l Quando te levantares da cadeira, em presença de ou-
de-se até pedir às pessoas para repetirem o sobre-
tras pessoas, não te espreguices com demonstração
nome, quando você não ouvir bem nas apresenta-
de cansaço;
ções.
l Não se deve zombar dos defeitos físicos ou morais
CARTÃO DE VISITA dos outros;
l Não se deve usar apelidos pejorativos para chamar
l É o meio mais prático de você se fazer conhecer,
os outros;
principalmente quando você quer ser introduzido no
l Use sempre uma boa linguagem, mesmo quando
escritório ou residência de alguém.
zangado;
l As pessoas recém-apresentadas trocam cartões de
l Numa escada, o homem deve ser sempre o primeiro a
visitas entre si;
subir e o último a descer, quando se tem uma senhora
l Usa-se o cartão de visita para recomendar alguém à
acompanhando;
outra pessoa;
l Não se deve fazer apresentações nem travar con-
l Para felicitar pessoas por promoções, nomeações,
versação no meio de uma escada;
etc;
l Na rua devem-se evitar as gargalhadas, voz alta, as-
l Para agradecer presentes ou pequenos favores re-
sobio, assim como apontar as pessoas;
cebidos;
l Quem é afável e agradável com todos revela não só
l Deve ser enviado para externar nosso pensar, por
boa educação como inteligência;
ocasião da morte de pessoa cara aos seus amigos;
l Quem vive em companhia dos outros deve estar sem-
l O homem casado não deve oferecer o seu cartão
pre atento para não ser impertinente e incomodativo;
pessoal a uma senhora casada;
l Não se deve dar conselhos a quem não os pede;
l Dobrar uma das pontas do cartão significa: “vim pes-
l Procure controlar os bocejos, soluços e espirros di-
soalmente”.
ante dos outros;
l Quando de pé, evite descansar o corpo sobre uma
das pernas, o que nos dá uma aparência grotesca;
151
l É preciso evitar as atitudes arrogantes ou excessiva-
mente humildes;
l Não se deve vestir-se negligentemente, pois isso é
falta de atenção para com os outros. A correção no
vestir é mais importante que o luxo;
UNIDADE 2
l Não abuse dos superlativos. Uma pessoa pondera-
da não faz uso excessivo de palavras como: perfeito,
horrível, magnífico, ótimo;
A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA
l As pessoas educadas não fumam diante de superio-
res hierárquicos ou ambientes fechados. 2.1. A ÉTICA NAS NOSSAS RELAÇÕES
152
Os códigos tornaram-se realidade nos mais variados Para HOSSNE citado por ALVES (2001), “ética é o con-
povos da civilização grega, como na China, Egito e Is- junto de valores do próprio indivíduo, que envolve patri-
rael; e todos esses escritos estavam intrinsicamente mônio genético, processo educacional, valores morais,
unidos com as crenças e práticas culturais e religiosas. sentimentos, construção de personalidade e que vem
Por outro lado, deve-se à Ética contemporânea a ori- de dentro para fora (...)”.
gem do pensamento grego, com Sócrates, Platão, Aris-
tóteles e seus discípulos. O olhar sobre o ser humano é SERRÃO (2001) afirmou que a ética faz parte do exercí-
ênfase primordial neste momento da história. Compre- cio intelectual, sendo particular do pensamento huma-
ender o homem, suas inquietações e seus sentimentos no. Esta denominação suscita sua aproximação com a
são fortes bandeiras de reflexão e diálogo. Moral, que é também preconizada pelo pensamento hu-
É a era da Filosofia Clássica. mano. Porém, dá-se à Ética uma extensão de ação que
PENSE E ANOTE a particulariza de forma significativamente distinta no
campo do comportamento humano.
A ética nas diversas áreas da personalidade humana.
Deve-se à Ética contemporânea a origem do pensa-
mento grego com: Para COHEN & SEGRE (1995) o sentido da Ética é re-
servado como fundamental o respeito humano. Assim,
também se configura numa categoria de valor. “A pes-
soa não nasce ética, sua estruturação ética vai ocorren-
do juntamente com o seu desenvolvimento. A humani-
zação traz a ética no seu bojo”.
Acompanhando este processo, no conhecimento da Éti- Ainda para estes autores a Ética se fundamenta em pri-
ca, encontra-se o pensamento cristão como fonte basi- meiro lugar na percepção dos conflitos, ou seja, ter
lar da conduta do homem. A reflexão Cristã também é consciência deles; segundo, na autonomia, a condi-
norteada pela cultura greco-romana e lhe é atribuído os ção de posicionar-se entre a emoção e a razão; em ter-
fundamentos divinos, a noção de pecado e as ideias de ceiro, a coerência.
amor sacrificial. Além das três virtudes trazidas no Novo
Testamento, que são a fé, esperança e amor. O con- Consciência, Autonomia e Coerência são para os au-
texto da religião é associado ao caminho da Ética; seus tores pressupostos básicos para realização de julga-
fundamentos são semelhantes e originam da pessoa, mentos éticos. A diferença entre Moral e Ética é que, en-
da relação (amor) e do comportamento (mandamento, quanto para que a primeira funcione, ela é imposta e,
fé). A Ética Cristã consiste na prática das virtudes. para a ética, deve ser percebida.
153
Quais os pressupostos básicos para VOCÊ SABIA?
realização de julgamentos éticos?
Que etimologicamente a palavra Ética origina-se do
“(...) ser ético é poder percorrer o caminho entre a emo-
grego ethos e tem dois sentidos: o que significa mora-
ção e a razão, posicionando-se, de modo autônomo,
da, onde alguns autores relatam ser a Ética “a morada
(...) na busca de uma posição integrada, compatível
com a prática na vida”. (COHEN & MARCOLINO, 1995). do ser”; e o segundo sentido quer dizer caráter, ou seja,
“modo de ser adquirido” (MARCOS, 1999).
Complementando este raciocínio, SILVA (1998) dizia
que a Ética é o domínio dos juízos de valor. FERREIRA O espaço da Ética na vida humana é naturalmente loca-
(1993) definiu juízo “o ato de julgar, adquirir opinião”; as- lizado no campo dos valores. Encontra-se na Filosofia a
sim também é possível entender Ética como o domínio matéria mestra para a compreensão e estudo da Ética,
dos julgamentos individuais com base nos valores aos Moral e dos Valores. “Ser ético é coisa de filósofo!”.
quais cada um adquire e acredita.
Esta afirmação, muitas vezes repetida, pode ser uma
SILVA (1998) acrescentou que esses juízos de valor “meia” verdade a partir do momento que se mostra a
também se remetem à generalidade, ou seja: “Deve- história da ética na humanidade. É do ser humano a
mos agir como se o critério de nossa ação devesse es- característica inata de questionar os fatos, as razões e
tender-se universalmente. Qualquer ato que não seja os sentimentos; e quem é que não elabora questões
susceptível de universalização se autocontradiz em ter- acerca do mundo, da vida, da sociedade? Além do filó-
mos morais”. sofo, todas as pessoas; portanto, como diz HOSSNE
(2001), “se todos nós somos filósofos, a Ética é de fato
Quais os papéis que se vinculam coisa de todos nós, filósofos”.
ao homem para conviver em sociedade?
Ao longo do tempo a sociedade tem conduzido à elabo-
Da antiguidade à modernidade vinculam-se papéis ao ração de respostas relativamente simples e, às vezes,
homem para conviver em sociedade; a liberdade, o res- unânimes. Porém, com a aceleração do progresso cien-
peito e fazer o bem fazem parte da natureza humana tífico, questões éticas têm levado todos a se colocarem
até hoje, na atualidade. No tempo moderno surgem vá- frente a novas reflexões, as quais não são mais unâni-
rios pensadores que contribuem para a reflexão ética; mes, mas amplamente discutidas, suscitando delibe-
dentre eles, destacam-se KANT & HEGEL. A filosofia de rações de conceitos e paradigmas relativamente diver-
KANT apresenta uma proposta ética inteiramente racio- sificados e até angustiantes; no entanto, obrigam o indi-
nal onde o que é primordial é a livre escolha (COHEN & víduo a se posicionar frente ao dilema ético e seus pró-
SEGRE(1995); este é ainda um modelo hegemônico na prios códigos de valores.
atualidade.
Por que GELBIER afirma
Quais os dois pensadores que contribuem que há necessidade urgente da revisão
para a reflexão ética nos tempos modernos? de Atitudes e Conhecimento?
154
2.2. VALOR E ÉTICA 2.3. MORAL E ÉTICA
l Valor - Significa qualidade que faz estimável alguém l Moral - Quer dizer: “conjunto de conduta ou hábitos
ou algo, valia; importância de determinada coisa. julgados válidos, quer de modo absoluto, quer para
(FERREIRA, 1993). Para COHEN & SEGRE (1995) grupo ou pessoa determinada”. (FERREIRA, 1993).
valor é a subjetividade criada por uma cultura e so- Segundo VIEIRA & HOSSNE, 1998), a Moral vem dos
ciedade. Entende-se que Valor é algo que preconiza o costumes; os valores morais foram consagrados pela
sujeito, no sentido de ser próprio do ser humano. sociedade pelo uso e costume eleitos como valores
que devem ser respeitados.
Como é arquivado o conhecimento na
consciência em forma de valores? A Moral então vem ao encontro do homem, ou seja, é
um processo de externo para o interno. Já PASSOS,
SERRÃO (2001) comentou que todo o conhecimento é (1994) enfatiza que desde quando os homens resolve-
arquivado na consciência em forma de valores, ou seja, ram superar as relações instintivas (do processo natural
aquilo que se conhece está determinadamente envolvi- de humanização) e passaram a conviver em sociedade
do com o Valor que lhe é atribuído por cada indivíduo; é que surge a real necessidade de orientação de con-
daí compreende-se as representações dos valores, ou duta humana, também reconhecidas como normas mo-
seja, aquilo que é bom, mau, belo, feio e outras exten- rais. Essas condutas foram criadas pelos próprios ho-
sões valorativas que o homem vai arquivando como mens para garantir a convivência e a possibilidade de
ideia para si próprio. Falar do ser humano é falar de re- continuidade da vida humana. Assim, a Moral nesta óti-
lação. Todos os seres humanos são seres em relação, ca, é norteadora dos padrões de comportamento da so-
são responsáveis uns pelos outros e a responsabilidade ciedade em cada momento histórico.
da sociabilidade humana é respeitar o outro. Nesse sen-
tido, encontra-se um Valor. O Valor do respeito ao ser ARAÚJO (1999) considerou Moral como a ciência das
humano. “(...) Somente através de um real envolvi-
leis ideais que dirigem as ações humanas; ou seja, em
mento humano será possível repensar os próprios valo-
sua concepção é também a necessidade de viver em
res e descobrir outros” (ALVES, 2001).
sociedade que a Moral se estabelece na prática da vida.
155
Dentre os conceitos de Moral apresentados, Para DURAND, 1995) “(...) é a pesquisa das exigências
qual o que você mais se identifica? éticas ligadas ao exercício de uma profissão (...) códi-
gos de Deontologia”.
156
Não há profissionais superiores e inferiores: “Ser ético nas relações contratuais deixou
Segundo o Código Ético, todas as profissões são úteis e de ser uma opção sob o Código Civil”.
servem ao bem-estar coletivo, não havendo, pois, ne-
nhuma separação entre as funções. Determinadas pes- O Código Civil tem sido elogiado pela incorpo-
soas que, para se engrandecer, subestimam os demais, ração de preceitos éticos ao seu texto. Tais dispositivos
distanciam-se do Código Ético. são dirigidos aos praticantes de atos jurídicos, principal-
mente as partes dos contratos. Muitos contratos são ce-
DEVERES
lebrados por pessoas jurídicas, ou entre essas e as pes-
l Estar apto para o exercício da profissão - qualquer soas naturais. O Código Civil dirige-se sempre às pes-
pessoa deve ter capacidade profissional coerente soas, inclusive àquelas que agem na representação de
com o exercício profissional a que se destina. sociedade (geralmente organizada sob a forma de em-
l Ser responsável e leal - o profissional deve desem- presa), associação ou fundação.
penhar suas tarefas com responsabilidade, sendo,
assíduo, a fim de não gerar dificuldades para os seus Sabemos que a ética empresarial, em sua es-
clientes, comprometendo os relacionamentos inter- sência, é a determinação às pessoas que integram uma
pessoais que deveriam ter um clima de cooperação, organização, de agir sempre em conformidade com os
colaboração e amabilidade. valores da honestidade, verdade e justiça, em todas as
l Respeitar a própria profissão e os outros profis- atividades nas quais representem essas entidades jurí-
sionais - é vetado o desrespeito ou descrédito no seu dicas: nas compras, nas vendas, nos empréstimos, nas
próprio exercício profissional. Ridicularizar ou me- relações com empregados, com a concorrência, com o
nosprezar sua profissão significa se auto atacar. Governo e com a comunidade e em quaisquer outras. A
l Respeitar o público - é preciso respeitar o outro, ofe- prática dos valores acima implica em agir sempre em
recendo serviços de qualidade, sendo vetada a uma boa-fé, consistente na prática de cada ato sem dolo e
organização usar de má-fé e tirar clientes de outra or- sem incorrer em fraude, revelando a verdade à outra
ganização parceira. parte e agindo sob a convicção de estar protegida pela
l Preservar o sigilo profissional - embora algumas lei, tomando também como verdadeiras e justas as de-
profissões exijam mais sigilo do que outras, em todas clarações e exigências do outro contratante.
devemos atentar para o dever de ser discreto e reser-
vado, abstendo-se de revelar qualquer dado que pos- A boa-fé significa também somente assumir
sa identificar ou prejudicar o cliente nas suas relações obrigações com a possibilidade e a intenção verdadeira
sociais e comerciais. de cumpri-las no prazo acordado. Portanto, agir em
DIREITOS boa-fé significa acima de tudo agir com ética. Ser ético
nas relações obrigacionais (contratuais) deixou de ser
l Uma justa remuneração por seu trabalho - isso sig- uma opção sob o novo Código Civil. Passou a ser um
nifica que ninguém possui o direito de explorar o outro dever cuja violação acarretará responsabilidades para a
em benefício próprio. parte infratora. Para se ter uma ideia de como o novo
l Ser tratado com justiça e igualdade - Todos devem Código valorizou a matéria basta verificar que a expres-
ter oportunidades de acesso igual aos outros. são boa-fé foi nele citada 55 vezes, contra 30 vezes em
l Possibilidade de se defender - cada um deve ser que era citada pelo repositório antigo, revogado. O prin-
responsável por seus atos e a todos deve ser dada a cipal dispositivo do novo Código Civil a respeito do as-
oportunidade de defesa, antes de qualquer punição. sunto é o que estabelece que os contratantes sejam
l Defesa de sua saúde - a todos os profissionais é re- obrigados a observar a boa-fé tanto na celebração
servado o direito de preservação ou tratamento de quanto no cumprimento dos contratos (artigo 422).
saúde.
SAIBA MAIS!
E o Código acrescenta também o dever da pro-
bidade, assim entendida a honestidade, ou seja, a prá-
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade tica de não lesar a outrem e, em consequência, atribuir a
realize pesquisa no site a seguir: cada um o que lhe é devido. Outros dispositivos impor-
www.eticaempresarial.com.br/teste tantes que valorizam o aspecto ético e a boa-fé no novo
Faça o teste elaborado por Joaquim M. Moreira, autor código são: a) os contratos devem ser interpretados de
do livro: A Ética Empresarial no Brasil (Ed. Pioneira). acordo com a boa-fé e os usos do lugar em que forem
Livro: Arruda, Cecília Coutinho. Fundamentos da Ética celebrados (artigo 113). Esse dispositivo deve ser sem-
Empresarial e Econômica. São Paulo: Atlas, 2001. pre aplicado em conjunto com o que determina que se
157
deve atentar mais para a vontade das partes do que
para a literalidade das palavras com que elas a expres-
sam (artigo 112); b) no caso de simulação de negócio
jurídico, ficam ressalvados os direitos dos terceiros de
boa-fé em face dos contraentes (artigo 167); c) o titular
UNIDADE 3
de direito legítimo que ao exercê-lo excede os limites
dos seus fins econômicos e sociais ou da boa-fé comete
ato ilícito (artigo 187); d) o devedor que paga a alguém CONSCIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO
julgando ser este último o credor, baseado em fundadas
razões, libera-se da obrigação, mesmo que fique prova- 3.1. CIDADANIA
do que faltava ao recebedor a legitimidade (artigo 309). Porque ser um cidadão consciente e participativo?
Na unidade anterior você estudou sobre Relações Hu-
Há muitos outros dispositivos que requerem a manas e Ética. Nesta você vai estudar sobre Cidadania.
prática da boa-fé nas diversas relações civis. Alguns de-
les já existiam nas relações de consumo e já eram ve- A cidadania é constituída por três direitos:
dadas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). l O direito civil é composto dos direitos necessários à
Foram eles agora incorporados às demais relações ci- liberdade individual - liberdade de ir e vir, liberdade de
vis e comerciais mantidas pelas empresas, alcançan- imprensa, pensamento e fé, o direito à propriedade e
do aquelas que não estão protegidas pelo Código de de concluir contratos válidos e o direito à justiça.
Defesa do Consumidor. l O direito político é o direito de participar no exercício
do poder político, como um membro de um organismo
Com tais previsões, o novo código certamente desesti- investido da autoridade política ou como um eleitor
mula as ações antiéticas, como, por exemplo: dos membros de tal organismo.
a) a empresa compradora de bens ou contratante de l O direito social refere-se a tudo o que vai desde o di-
serviços que atrasa o pagamento do fornecedor por- reito a um mínimo de bem-estar econômico e segu-
que o contrato não prevê multa, ou quando prevê o rança ao direito de participar, por completo, na heran-
valor desta é menor do que os juros pagos pelo mer- ça social e levar a vida de um ser civilizado de acordo
cado financeiro pelo investimento do montante du- com os padrões que prevalecem na sociedade.
rante o período de atraso;
b) a empresa fornecedora que entrega produto anun- O que procura garantir ao indivíduo a satisfação de
suas necessidades?
ciado com características diferentes daquelas que
O exercício desses direitos procura garantir ao indiví-
de fato possui e com as quais se comprometeu pe-
duo a satisfação de suas necessidades, que são repre-
rante a organização adquirente;
sentadas sob três aspectos: material, cultural e soci-
c) o devedor que assume dívida que sabe não poder
al. Ou, dito de outra forma, a integração de uma pessoa
honrar, ou quando de antemão não pretender pagar.
na sociedade e na natureza é mediada por três esferas
de existência, que se complementam e se relacionam:
As penalidades pelo descumprimento dos de-
l Material, que permite ao indivíduo a sua sobrevivên-
veres éticos são as previstas para violação das obriga-
cia física. São os bens materiais que nos possibilitam
ções contratuais. Em qualquer caso, a empresa que alimentação, moradia, vestimenta, etc.
agir com má-fé, deixando de proceder de conformidade l Cultural, que dá ao indivíduo seus valores, suas
com os princípios éticos, como regra geral fica sujeita crenças, sua maneira de pensar, agir e interpretar o
ao pagamento de perdas e danos, mais correção mo- mundo;
netária e juros (artigos 389/395). As perdas e danos l Social, referindo-se às relações que se estabelecem
compreenderão os valores que a parte prejudicada te- entre as pessoas, que são também relações de po-
nha perdido mais aqueles que razoavelmente tenham der, seja de igualdade, opressão ou exploração.
deixado de ganhar (artigos 402/405).
A cidadania é aqui compreendida como o direito de
No caso de descumprimento de obrigações de compartilhar dessas três esferas de existência, ou seja,
pagamento em dinheiro, se não houver no contrato pre- o compartilhar dos bens materiais; dos bens culturais, e
visão de multa, o juiz poderá arbitrar juros e a serem cal- dos bens sociais. Acima de tudo isso, cidadão é o sujei-
culados por taxa que reflita a perda real do prejudicado, to que possui uma consciência crítica a respeito da vida
ou seja, aquelas praticadas pelo mercado financeiro. em sociedade.
158
Assim sendo, devemos compreender e nos apropriar Cuidar do corpo é uma tarefa importante. Os jovens,
dessas três esferas de existência considerando que hoje, sabem disso, já que estão mais bem informados e
elas se dão dentro de um contexto social. Cada grupo cuidadosos. Mas é preciso muito mais. Cuidar do corpo
tem suas necessidades materiais, culturais, sociais e não é só malhar horas em uma academia, caminhar,
políticas que dependem de sua origem étnica, cultural, andar de bicicleta, passar cremes no corpo e no rosto,
social, religiosa, da sociedade na qual está inserido. O usar protetor solar. Tudo isso é ótimo e tem que ser fei-
conceito de cidadania surge dentro de cada grupo quan- to. Mas cuidar do corpo vai muito além disso. Passa pe-
do este reflete sobre suas ações cotidianas e busca la boa alimentação, rica em proteínas e carboidratos e
compreender sua história, procurando entender as rela- com pouca gordura, frituras e açúcar. Cuidar da saúde é
ções que se estabelecem dentro do grupo, entre o grupo sinal de inteligência e mente aberta, sem drogas, para
e a comunidade e entre a comunidade e o mundo. enfrentar a realidade e olhar para frente. Por aí também
passa a sexualidade, as descobertas, a afetividade. E,
São Direitos Sociais, conforme neste ponto, todo o cuidado é pouco. As doenças sexu-
Artigo 6º da Constituição Brasileira: almente transmissíveis estão aí, inclusive a AIDS.
159
EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA CHN - CARTEIRA NAC. HABILITAÇÃO
A seleção de alistamento militar foi unificada pelo Minis- l Primeira Habilitação - O condutor deverá procurar
tério da Defesa. Os candidatos são selecionados por uma clínica médica credenciada no DETRAN, levan-
uma comissão formada por militares das três forças ar- do os originais dos seguintes documentos:
madas. Documentos a apresentar: l Carteira de Identidade;
l Comprovante de residência; l Cadastro Pessoa Físicia - CPF.
l Certidão de nascimento; Após o pagamento das taxas da clínica, o condutor já
l Duas fotos 3x4. pode fazer os exames médicos e psicotécnicos. Se
aprovado na clínica, deve procurar um Centro de For-
CPF - CADASTRO PESSOA FÍSICA
mação de Condutores (CFC) Teórico para realizar um
Além das pessoas físicas residentes no país, são obri- total de 30 horas-aula assim distribuído:
gadas a se inscrever no CPF - Cadastro de Pessoa Físi- l Proteção ao Meio Ambiente e Cidadania (4 horas);
ca as não residentes no país que recebem rendimen- l Noções de Primeiros Socorros (6 horas);
tos de fonte situada no Brasil e possua, no país, bens l Legislação de Trânsito (10 horas);
móveis, conta corrente, outros bens e direitos, cujo va- l Direção Defensiva (8 horas);
lor total seja superior a cem mil reais. l Noções sobre Mecânica Básica (2 horas).
(Horas-aula sujeitas a alteração)
O pedido é feito através do FCPF - Formulário Cadas-
tral de Pessoa Física (disponível nas agências dos Cor- Ao concluir o curso, você recebe o Certificado Teórico.
reios), acompanhado dos seguintes documentos: Junte ao Certificado, sua Carteira de Identidade, CPF
l Residentes no país: carteira de identidade e título de (originais), o comprovante do Exame Médico e Psico-
eleitor. técnico e procure o posto do DETRAN. Para tirar a car-
l Residentes no exterior: passaporte ou documento teira na categoria AB (carro e moto) você pagará a taxa
que o substitua e cópia do documento de identidade. e depois fará o exame de legislação. Sete (7) pontos é o
mínimo que você deverá alcançar para ser aprovado.
Para obter uma 2ª via:
Também é feito através do FCPF, à disposição nas Após a aprovação, receba a Licença de Aprendizagem
agências dos Correios. No caso de pessoas não re- e sua foto será digitalizada gratuitamente. Não há ne-
sidentes no país, o pedido de 2ª via só pode ser feito em cessidade da antiga 3 x 4. Com a licença você já poderá
uma das unidades da Secretaria da Receita Federal. O fazer 15 horas-aula (carro) em um CFC tipo B/Prático e
cartão CPF será emitido eletronicamente pela SRF e mais 15 horas-aula (moto), em caso de habilitação na
enviado para o endereço da pessoa física cadastrada. categoria AB.
(Horas-aula sujeitas a alteração)
Regularização do CPF:
As pessoas inscritas no CPF que estão em situação ca- Após receber o certificado das aulas práticas (original),
dastral pendente de regularização ou canceladas em você retornará à sede do DETRAN para agendar o Exa-
decorrência da omissão na entrega, no (s) último (s) me Prático. Se aprovado, sua primeira carteira de moto-
exercício (s) da Declaração de Isento, devem apresen- rista (provisória) virá pelos Correios.
tar o pedido de Regularização da Situação Cadastral.
l 2ª Via da Carteira de Habilitação - Procure o DE-
O pedido de regularização deve ser entregue da se- TRAN sede ou qualquer um dos postos do DETRAN
guinte forma: no interior do Estado, levando os documentos origi-
l Residentes no país: nas agências próprias ou fran- nais da Carteira de identificação oficial com foto
queadas dos Correios; nas agências do Banco do (identidade, passaporte, carteira de trabalho ou certi-
Brasil ou da Caixa Econômica Federal. ficado de reservista) e CPF.
l Residentes no exterior: através do Receita-fone:
0300-78-0300. (Número sujeito a alteração). Nesse caso, é necessário o Boletim de Ocorrência
Policial registrando o extravio ou roubo do documen-
A entrega do Pedido de Regularização é feita nas agên- to. Sua foto é digitalizada gratuitamente. O usuário
cias dos Correios, Banco do Brasil ou da Caixa Econô- terá opção de receber a Carteira de Habilitação no
mica Federal. A tarifa aplicável às chamadas interna- próprio DETRAN ou em até 10 dias úteis na sua resi-
cionais é cobrada nas ligações efetuadas do exterior. dência, pelos Correios. (Prazo sujeito a alteração)
160
CARTEIRA DE IDENTIDADE l Assessorar o Prefeito Municipal na elaboração das
políticas de assistência social;
l Primeira via - Documentos: l Articular-se com órgãos públicos a nível federal, es-
l Certidão de Nascimento ou Casamento (original) tadual e municipal visando a integração dessas po-
l 2 (duas) fotos 3x4 líticas no âmbito do Município;
l Taxa: Isento l Executar a política municipal de assistência social
l Segunda via - Documentos: abrangendo o planejamento, estudos e programas;
l Certidão de Nascimento ou Casamento (original) l Elaborar seu plano anual de trabalho;
l 2 (duas) fotos 3x4 l Elaborar sua proposta orçamentária anual;
l Taxa (pagamento em agência dos Correios) l Elaborar o plano municipal de assistência social;
l Terceira via - Documentos: l Planejar e executar programas de atendimento à
l Certidão de Nascimento ou Casamento (original) criança de 0 a 6 anos, em creches e/ou pré-escolas;
l 2 (duas) fotos 3x4 l Planejar e executar programas complementares
l Taxa (pagamento em agência dos Correios) que visem a integração da criança e do adolescente
Lembre-se: está isento da taxa de segunda via o usuá- na família, escola e sociedade;
rio que tiver tirado sua primeira via até maio de 1984. l Desenvolver programas especiais direcionados ao
SETRAPS
Secretaria do Trabalho e Promoção Social
l Funções e Objetivos:
l Coordenar as ações da política social do município
no que diz respeito à promoção social, aos direitos
da criança e do adolescente, apoio à pessoa idosa,
ao trabalhador e ao desenvolvimento comunitário;
161
DIREITOS HUMANOS ECOLOGIA
A preocupação com os direitos humanos começa a se Praias, matas, florestas. Viver no Brasil é um privilégio.
fortalecer com as revoluções no Novo (Independência O Estado tem um litoral encantador, o interior cheio de
dos Estados Unidos) e Velho Mundo (Revolução Fran- surpresas, com matas, cavernas, cachoeiras, reservas
cesa) e a tomar impulso com o desenvolvimento indus- ecológicas e muito mais. Mas é preciso muito mais. O
trial. A Declaração Universal dos Direitos Humanos Planeta Terra quer a nossa ajuda. O Brasil necessita da
(www.justica.sp.gov.br), cujos princípios são originári- consciência ecológica e nós temos o dever de levan-
os da Revolução Francesa (1789), passa a ser adotada tar esta “bandeira”.
somente em 10 de dezembro de 1948, pela Assembleia SAÚDE
Geral da Organização das Nações Unidas. Em São
Paulo, o Governo do Estado lançou, em 1997, o Progra- Cuidar do corpo é uma tarefa importante. Os jovens,
ma Estadual de Direitos Humanos (PEDH), pioneiro no hoje, sabem disso, já que estão mais bem informados e
país no que diz respeito a uma orientação para as polí- cuidadosos. Mas é preciso muito mais. Cuidar do cor-
ticas públicas. po não é só malhar horas em uma academia, cami-
nhar, andar de bicicleta, passar cremes no corpo e no
CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA rosto, usar protetor solar. Tudo isso é ótimo e tem que
Em 1992, a Agenda 21 (mais conhecida como RIO 92), ser feito. Mas cuidar do corpo vai além. Passa pela boa
alimentação, rica em proteínas e carboidratos e com
aprovada por centenas de países na Conferência das
pouca gordura, frituras e açúcar. Cuidar da saúde é si-
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvi-
nal de inteligência e mente aberta, sem drogas, para en-
mento (www.florestal.sp.gov.br), lançava a ideia do De-
frentar a realidade e olhar para frente. Por aí também
senvolvimento Sustentável, ou seja, de que o desen-
passa a sexualidade, as descobertas, a afetividade.
volvimento material deveria se dar pensando na susten-
E, neste ponto, todo o cuidado é pouco.
tabilidade das atividades humanas, para alcançar a me-
lhoria da qualidade de vida para as atuais e futuras ge- SEXUALIDADE
rações.
Hoje há muito mais informação sobre sexualidade do
que há alguns anos. Nas escolas, o assunto, que antes
Portanto, preservar o meio ambiente é também uma era exclusividade de rodinhas de alunos, ganhou as sa-
forma de garantir o exercício da cidadania. Qualquer las de aula e virou disciplina regular em muitas delas. A
ato do ser humano contra a natureza terá implicações mídia, incluindo os meios de comunicação eletrônicos,
em relação ao desenvolvimento e à qualidade de vida abre novos horizontes. Isso favorece para que tenha-
das pessoas. São cada vez mais numerosas as entida- mos muito mais informações. É nosso direito e obriga-
des que lutam pela preservação ecológica. O poder ção saber como nos precaver contra doenças sexual-
público, as organizações não governamentais (ONGs) mente transmissíveis, sobretudo contra a AIDS, e ter
e as organizações internacionais, como a ONU, tam- uma relação com mais prazer e responsabilidade.
bém discutem e promovem iniciativas em favor da cons-
cientização da sociedade sobre essas questões. DROGAS
A questão da proliferação das drogas é uma das mais
“Cada dia a candentes do momento. Está na boca de todos e tam-
natureza produz bém está sendo discutida mais. Fique por dentro dos lo-
o suficiente para cais da rede onde esse assunto está sendo debatido
nossa carência. com frequência e também sobre as providências que os
Se cada um órgãos públicos estaduais e municipais estão tomando
tomasse só o que para elevar a consciência de jovens e adultos a respei-
lhe fosse to. Drogas e seus efeitos. (www.grea.org.br).
necessário, não AIDS
haveria pobreza
no mundo e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, ou AIDS,
ninguém morreria se tornou um capítulo à parte na área da Saúde. A cura
de fome”. para esse mal que vitima milhões de pessoas no mundo
inteiro, incluindo o Brasil, que é o segundo país em nú-
Mahatma Gandhi meros absolutos de casos, infelizmente ainda não foi
(1869-1948) encontrada.
162
Entretanto, muito se tem avançado, não apenas em Que futuro estão abrindo para os jovens que sonham
termos de campanhas de prevenção, mas também em com uma profissão, mas que não têm onde buscar ori-
relação ao desenvolvimento da medicina, dando novo entação e trabalho? Que ações estamos desencadean-
alento aos portadores do vírus da AIDS. A Secretaria do do para resgatar o contingente de excluídos que vivem
Estado da Saúde tem informações não só sobre a AIDS, sem presente e sem futuro em todo país?
mas também sobre sexualidade, gravidez, corpo e mui-
tos outros temas que todo jovem necessita saber. O Transformar essa realidade e responder a essas inda-
interessante é que o site incentiva a reflexão em grupo gações é tarefa para todos. Empresas, Ongs, trabalha-
sobre esses temas. (www.saude.sp.gov.br). dores, todos, enfim, podemos fazer algo para construir
ALIMENTAÇÃO um futuro melhor para o Brasil. Pequenos gestos, como
doar poucas horas para o trabalho voluntário numa es-
Bons hábitos de alimentação podem evitar várias do-
cola ou dar apoio a um projeto que busque mudar a rea-
enças. Comece desde cedo a se alimentar bem.
lidade de uma região carente da cidade, são essenciais
(www.saude.sp.gov.br)
para regenerar o nosso tecido social.
163
VOCÊ SABIA? Para VILLELA (1998): O termo responsabilidade social
nada mais é que o comprometimento do empresário
com adoção de um padrão ético de comportamento,
Nos anos 90, o número de aquisições de empresas bra-
contribuindo para o desenvolvimento econômico - uma
sileiras por empresas estrangeiras cresceu 196,25%.
estratégia, que não só melhora a qualidade de vida de
Segundo a Pricewaterhouse, 772 empresas brasileiras,
seus funcionários, mas multiplica por meio de suas fa-
sem incluir incorporações, acordos e associações, fo-
mílias e da comunidade. É a empresa atuando como
ram adquiridas pelo capital estrangeiro. Esse processo
agente social no processo de desenvolvimento.
de entrada do capital internacional atingiu quase todos
os setores da economia. Alimentos, bebidas e fumo li-
deraram o ranking de investimentos estrangeiros em Segundo ALMEIDA (1999), responsabilidade social
número de aquisições nos últimos anos, seguidos pelas corporativa é o comprometimento permanente dos em-
áreas financeira, química e petroquímica e de teleco- presários em adotar um comportamento ético e con-
municações. tribuir para o desenvolvimento econômico, melhoran-
do, simultaneamente, a qualidade de vida de seus em-
O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL pregados e de suas famílias, da comunidade local e da
A “responsabilidade social” suscita uma série de in- sociedade como um todo.
terpretações. Para alguns, representa a ideia de res-
ponsabilidade ou obrigação legal; para outros, é um de- Já para CARROL (1989), a responsabilidade social diz
ver fiduciário, que impõe às empresas padrões de com- respeito às expectativas econômicas, legais, éticas e
portamento. Há os que traduzem como prática social, sociais que a sociedade espera que as empresas aten-
papel social e função social. Outros a vêem associada dam num determinado período de tempo. Percebe-se
ao comportamento eticamente responsável ou a uma que a realidade econômica e social estão sempre juntas
contribuição caridosa. em qualquer conceituação sobre responsabilidade so-
cial, mesmo que a tônica do discurso não seja de cunho
Há que ache que seu significado é ser responsável por, estritamente social. Isso significa que estas duas reali-
ou socialmente consciente, e os que a associam a um dades, mais a realidade ambiental, nunca podem ser
simples sinônimo de legitimidade ou a um antônimo de tratadas separadamente quando o assunto é cresci-
socialmente irresponsável. Nota-se, contudo, uma cres- mento sustentável.
cente conscientização de que as organizações podem e
devem assumir um papel mais amplo na sociedade. A Qualquer fragmentação nesse sentido desequilibra até
responsabilidade social leva, no âmbito interno da em- mesmo o conceito de responsabilidade social empresa-
presa, à constituição de uma cidadania organizada e, no rial. Além disso, a responsabilidade social é resultado
âmbito externo, à implementação de direitos sociais. dos questionamentos e das críticas que as empresas
receberam, nas últimas décadas, no campo social, éti-
Para PATRÍCIA (2003), responsabilidade social define o co e econômico por adotarem uma política baseada es-
compromisso que uma organização deve ter com a so- tritamente na economia de mercado. Mesmo assim,
ciedade, expresso por meio de atos e atitudes que afe- ainda é alvo de polêmicas por suas fortes conotações
tam positivamente, de modo amplo, ou alguma comu- políticas e ideológicas.
nidade, de modo específico, agindo proativa e coeren-
temente no que tange a seu papel específico na socie- Qual a melhor definição de Responsabilidade
dade e a sua prestação de contas para com ela. Social no seu entendimento?
164
RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA QUEM! BASAGOITI mostra claramente o quanto a empresa é
parte importante da sociedade. Portanto, precisa dar
Segundo os autores clássicos da área, como BOWEN, respostas não somente de caráter econômico, mas
há 5 tipos de público beneficiados com a responsabili- também de caráter social, visando o seu pleno desen-
dade social: volvimento. Nesse âmbito, a empresa pode participar
l Funcionários; de diversas formas. Muitas delas, principalmente as
l Clientes; mais capitalizadas e de maior porte, criam as suas pró-
l Fornecedores; prias fundações ou institutos voltados para atividades
l Outros com os quais a empresa mantém transações de cunho social e ambiental. Outras preferem praticar o
comerciais. velho e conhecido assistencialismo, doando recursos
PETER BLAU e W. RICHARD SCOTT ressaltaram que, financeiros ou materiais às entidades sociais.
dentre todas essas categorias, a empresa deveria esco-
lher apenas uma como a principal, que seria a razão pa-
RESUMO
ra a existência da organização, enquanto as outras re-
presentariam apenas despesas. Para autores contem- Você aprendeu que a ética é um tema bastante dis-
porâneos, a responsabilidade social assume outras ca- cutido e indispensável para a compreensão do compor-
racterísticas, englobando o público interno e externo, tamento humano e social. O que distingue fortemente o
além do investimento na preservação ambiental, mas universo humano do mundo natural é o valor. É visível a
não necessariamente privilegiando uma categoria em presença de diferentes conceitos do que é moral nas
particular. diversas correntes de pensamento.
165
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIVROS:
AGOSTI, H. Massificação anônima - Condições Atuais IOSCHPE, E. R. (org.) – Terceiro Setor - Desenvolvi-
do Humanismo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1970. mento social sustentado. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
AGOSTI, H. P. - Condições Atuais do Humanismo. MARTINELLI, Antonio Carlos (1997). Empresa cidadã:
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