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Jolibert (1994) afirma que o essencial para que os alunos se tornem escritores é que

passem por experiências como:


- Saber que a escrita serve para qualquer coisa, se comunicar, contar e conservar
histórias, criar histórias;
- Perceber que a escrita lhe dá poder para se comunicar com o restante do mundo;
- Perceber o prazer que a produção de um texto escrito pode lhe proporcionar;
- Entender a produção de texto não como um trabalho enfadonho, mas como uma
forma de buscar sua autonomia enquanto indivíduos.

Para que o processo de ensino e de aprendizagem referente à produção


textual tenha resultados satisfatórios, é preciso que seja instaurado em sala de
aula um clima de cooperação e interação entre todos. Assim, alunos com
habilidades diferentes poderão estar-se ajudando mutuamente, confrontando
suas hipóteses, trocando informações. Dessa maneira, aprenderão a trabalhar
em equipe, a resolver problemas e a superar dificuldades. Essa seria a melhor
forma de criar no indivíduo a capacidade de realizar tarefas com autonomia,
isto é, com independência moral e intelectual.

Considerando a sala de aula como ambiente construtor de textos escritos,


estará possibilitando ao educando apropriar-se do sistema de leitura e de
escrita no processo de formação de leitor crítico, ao construir, ler, interpretar e
escrever para a compreensão do meio social no qual convive, pressupondo
que o aprendiz possa vivenciar no cotidiano escolar situações em que textos
são lidos e escritos. 

A sala de aula como espaço de construção textual oportunizará a linguagem


desenvolvida pelos alunos devendo ser valorizada, respeitando-se as suas
diversidades de expressão, incentivando-os a desenvolver, passo a passo, suas
habilidades e competências. Cabe ao professor como mediador desse processo
possibilitar um ambiente estimulador, onde o educando terá a oportunidade de
explorar diversos textos escritos, registrar sua própria escrita, questionar e comparar
suas suposições com colegas, realizando leitura e de certo modo internalizando os
processos da escrita, amenizando assim suas carências (dificuldades e limites) do ato
de ler e de escrever.

De acordo com Geraldi (1999) a leitura dentro da sala de aula deve fazer algum
sentido aos alunos, onde o professor precisa recuperar nos alunos o prazer
pela leitura e pelo livro a partir de uma prática pedagógica baseada num
conjunto de saberes, advindo das mais variadas experiências sociais, culturais
e pedagógicas, conduzindo-os ao processo de ensino e de aprendizagem num
movimento de ação-reflexão-ação, de modo que seu desenvolvimento seja
feito de forma continuada, reflexiva e conectada à realidade do educando.
Segundo Jolibert (1994), existe uma grande interação entre leitura e escrita,
pois é necessário dominar a leitura para escrever e a escrita para ler.
Levantamento de hipóteses de leitura
Autor: Angela B. Kleiman,
Instituição: Levantamento de hipóteses de leitura,
Durante a leitura, o leitor proficiente levanta hipóteses sobre o texto, segundo suas
experiências, vivências e saberes, que são trazidos e mobilizados por ele, na interação
com o autor, para extrair e construir significados do texto. Uma hipótese sobre o texto
é uma expectativa antecipada, que o leitor forma a respeito do conteúdo do texto, com
base no gênero a que este pertence, antes de lê-lo. Durante a leitura, o leitor testa
essas hipóteses à medida que vai encontrando novas informações; ele se engaja na
atividade e responde ao texto, revisando ou confirmando suas hipóteses iniciais.
A formação de hipóteses de leitura é uma estratégia cognitiva baseada em diversos
elementos textuais, explorados antes de começar a ler o conteúdo propriamente dito: a
capa do livro, o título, as imagens – fotos, gráficos, tabelas, figuras – que fazem parte
do texto, as informações tipográficas e de diagramação, na página ou na tela, como
fontes, tamanho das letras, cores. Tudo isso são aspectos em que o leitor se apoia
para, junto com os conhecimentos que ele já tem e ativa mentalmente para realizar a
atividade de leitura, elaborar hipóteses. Muito importante nesse conjunto de
conhecimentos são outros textos que o leitor já leu, do mesmo autor, ou do mesmo
gênero, além do conhecimento que ele possui sobre os modos de relacionamento dos
diversos sistemas de significação (verbais e não verbais) que se articulam no texto
multimodal de hoje.
Desde a Educação Infantil e os primeiros anos do Ensino Fundamental, o professor
pode modelar essa estratégia de leitura, no início e durante sua apresentação do
texto, e formular perguntas que levem o aluno a levantar uma hipótese (que também é,
na maioria das vezes, uma pergunta), a fim de desenvolver essa forma de
envolvimento antes e durante a leitura. Assim, o aluno poderá ficar atento às pistas e
aos sinais das respostas às perguntas do professor, discutindo e compartilhando suas
opiniões com os colegas da classe. Quando o aluno tem a oportunidade de se engajar
num diálogo que lhe permite perceber as relações entre seus conhecimentos prévios –
o que ele já sabe – e novos conhecimentos via leitura de textos, ele será capaz, um
dia, de formular suas próprias hipóteses, com autonomia, além de revisá-las, se assim
for necessário.
Em geral, o professor faz muitas perguntas depois da leitura, mas as perguntas
antecipadas,  que podem gerar as hipóteses sobre o texto, poderiam orientar o aluno
no seu percurso – muitas vezes meio às cegas – pelo texto. Os aspectos focalizados
nas perguntas tornam-se salientes, memoráveis e fornecem objetivos para a atividade,
se, por exemplo, os alunos são orientados a ler para checar se o texto valida
determinada hipótese ou para refletir sobre uma hipótese e revisá-la, caso necessário.
No período de alfabetização, há um vasto repertório de textos que podem ser
apresentados, de gêneros diversos – entre eles, contos, notícias, regras ou instruções.
Quanto mais familiarizados com o texto, maior possibilidade terão os alunos de
antecipar hipóteses sobre o que ele vai tratar, ou reelaborar hipóteses a partir do
contato com o texto. Saber fazer a leitura dos sinais desde a capa, o título, as
imagens, a diagramação é um procedimento que pode ser utilizado sistematicamente
na alfabetização.
Verbetes associados: Antecipação na leitura (predição), Conhecimentos prévios na
leitura, Gêneros e tipos textuais, Leitor proficiente, Multimodalidade, Texto

Referências bibliográficas:
KLEIMAN, A. B.; MORAES, S. M. Leitura e Interdisciplinaridade: Tecendo redes nos
projetos da escola. Campinas: Mercado de letras, 1999.
KLEIMAN, A. B. Texto e Leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes
Editores, 2013.

GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. 4 edição. São Paulo: Martins


Fontes, 1997, capítulo 3, p. 160.

GERALDI, João Wanderley. Prática da leitura na escola. In: O texto na sala de


aula.  GERALDI, João Wanderley (Org.). São Paulo: Ática, 1999, p. 88-103.

JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Volume I. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1994.

JOLIBERT, Josette. Formando crianças produtoras de textos. Volume II. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1994.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas, São


Paulo: Pontes, 1986.

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