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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SERTÃO

PERNAMBUCANO
Projetos Interdisciplinares

ERISVALDO DE SOUZA ALENCAR


IAN DE JESUS FONTENELE LOPES
JOSÉ MATEUS PEREIRA BAHIA

FÍSICA & HISTÓRIA: COMO A FÍSICA CRESCEU COM AS GUERRAS DO


SÉCULO XX

Petrolina-Pe
2021
RESUMO
As guerras que ocorreram ao longo do século XX foram um grande ponto para o
desenvolvimento de inúmeras áreas da ciência. Podemos usar o exemplo do avião, que
voou pela primeira vez por conta própria em 1906, com Santos Dumont, mas que em 1914 já
havia modelos sendo usados na Primeira Guerra Mundial. Isso nos mostra o grau de
evolução que a ciência teve em poucos anos. Dito isto, queremos mostrar como a guerra
motivou a Física a evoluir, e como a ela fez as grandes potências ganharem as guerras.

Palavras-chave: Guerras; Desenvolvimento; Ciência.


SUMÁRIO
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO .......................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4
OBJETIVO ..............................................................................................................................18
JUSTIFICATIVA......................................................................................................................19
METODOLOGIA ....................................................................................................................20
CRONOGRAMA.....................................................................................................................21
PROCESSO AVALIATIVO ....................................................................................................22
REFERÊNCIAS......................................................................................................................23
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IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
• Eixo/tema norteador: Física & História: como a Física cresceu com as guerras
do século XX.
• Modalidade do Projeto: O projeto será norteado à solução de um estudo de caso
ou elaboração de projeto de intervenção, relacionado às competências adquiridas
anteriormente, visando propor soluções de melhorias e inovação.
• Curso em que pode ser aplicado: Física e História
• Série: 3° ano do ensino médio/ VIII período de Licenciatura em Física.
• Disciplinas relacionados no projeto: Física, História e Português.
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INTRODUÇÃO
Se pegarmos a história da humanidade, veremos que ao longo do seu
desenvolvimento existiu uma série de coisas que construíram a evolução social do
ser humano. Duas dessas coisas são: as guerras e a ciência. Podemos então fazer
uma analogia entre essas duas e mostrar que ao longo da história humana, elas
andam lado a lado.
Para explicar como os conflitos necessitam da ciência, podemos usar um
exemplo que se passam em dois filmes. Em “2001: uma odisseia no espaço”, filme
de 1968, do diretor Stanley Kubrick, temos uma visão futurista de como seria o futuro
da humanidade, onde boa parte do filme se passa mostrando um grupo de
tripulantes viajando até Júpiter, numa nave que tudo é controlado por uma
inteligência artificial. O filme, baseado em um livro de mesmo nome do autor Arthur
C. Clarke, é divido em três atos principais, onde na primeira parte, temos um grupo
de macacos defendendo um local que possui água. Em determinado momento, um
grupo de macacos mais fortes aparece e toma aquele lugar, expulsando os outros de
lá. O grupo de macacos que foram expulsos se locomovem até um outro local, onde
lá, o líder destes acha uma ossada. Em um dado momento, ele pega um desses
ossos e usa ele para apunhalar o chão e, naquele momento, o grupo de macacos
aprenderam a usar ossos como armas. Essa cena, pode ser mais facilmente
observada na Figura 1, onde temos uma captura de tela da reprodução do filme.
Figura 1 – Macaco apunhala ossada.

Fonte: Captura de tela de 2001: Uma odisseia no espaço (1968)


O primeiro ato do filme termina com o grupo de macacos que aprenderam a
usar os ossos como armas voltando para o local que havia água, expulsando os
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outros macacos do local. O segundo filme que podemos usar na analogia entre
desenvolvimento científico e às guerras é “A Guerra do Fogo”, filme de 1982, dirigido
por Jean-Jacques Annaud. Na história, temos dois grupos de hominídeos pré-
históricos, onde um é mais desenvolvido do que o outro. A tribo menos desenvolvida,
cultuava o fogo como se fosse algo divino, e quando esse se apaga eles partem em
busca de um novo. Nesse caminho, eles encontram uma tribo mais desenvolvida
que já dominavam o fogo. O contraponto entre as duas tribos nos mostra como
dominar uma tecnologia faz um país, ou no caso do filme, uma tribo, ter vantagem
em relação a outra. No filme temos o fogo, mas nas maiores guerras que a
humanidade viu, o fogo é trocado por armas que se desenvolveram ao longo dos
tempos.
Durante vários séculos a humanidade travou guerras por interesses diversos.
O poder bélico das armas aumenta consideravelmente após à Revolução Industrial
que se deu entre os anos de 1760 e 1840, na Inglaterra. Se nas Cruzadas medievais
tínhamos conflitos de pessoas com espadas montadas a cavalos, nas guerras
posteriores a Revolução Industrial, temos o uso de armas bem mais letais. No
quesito destruição, as guerras do século XX se destacam pelo o alto número de
mortes e pela força das armas que eram usadas.
As tensões que ocorriam entre os países europeus não começaram no século
XX. A raiz das grandes guerras vêm desde a Paz de Westfália (1648), logo após o
final da Guerra dos Trinta Anos. Uma década antes do começo da Primeira Guerra
Mundial, a Grã-Bretanha, França e Rússia se juntam e formam a Tríplice Entente em
resposta a Tríplice Aliança, que era uma união entre Alemanha, Império Austro-
Húngaro e a Itália. Esta Tríplice Aliança era um acordo militar entre os envolvidos,
que havia sido criado em 1882. A Tríplice Entente, em contraponto foi formada por
três acordos diferentes – Aliança Franco-Russa (1892-1894), a Entente Cordiale
Anglo-Francesa (1904) e a Entente Anglo-Russa (1907) – todas elas foram
motivadas pelo fato do poderio bélico alemão crescente.
Devido a Guerra dos Bálcãs (08/11/1908 – 18/07/1913), os países do sudeste
europeu aumentaram sua população e território, no entanto, todos eles ficaram
insatisfeitos. O Império Austro-Húngaro ficou alarmado, pois a Sérvia, país vizinho,
havia dobrado de tamanho. Então continuaram a aumentar a tensão entre esses
países quando o Império Austro-Húngaro anexou ao seu território a Bósnia e
Herzegovina. A Sérvia então mobilizou seu exército e em resposta, a Austria-Hungria
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faz mesmo. A Rússia, país da Tríplice Entente, e que geograficamente ficava mais
próxima daquela região retirou o apoio da Sérvia, e após isso, os sérvios
prometeram dar um basta nas tensões com a Austria-Hungria. No entanto, um
capitão sérvio, chamado de Dragutin Dimitrijevic, líder do serviço de inteligência
sérvia, estava recrutando jovens para uma organização semi secreta chamada
Defesa Nacional, criada em 1908 para minar a Austria-Hungria. Dragutin mais tarde
dirigiu então um grupo terrorista chamado de União ou Morte, mas que também ficou
conhecido por Mão Negra. A Mão Negra tornou-se importante na história da Primeira
Guerra Mundial, pois, em 28 de julho de 1914, em Sarajevo, capital da Bósnia e
Herzegóvina, ocorre um atentado contra o herdeiro do trono do Império do Austro-
Húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia, a duquesa de
Hohenberg. Gavrilo Princip, integrante da Mão Negra assassinou-os, causando o
estopim que as alianças precisavam para culminar na Primeira Grande Guerra.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi resultada devido a tensões que
existiam há um longo período de tempo. Ela foi um conflito extremamente
devastador, tanto pela escala global dos acontecimentos quanto pelo número de
mortes dos soldados, que foi por volta de nove milhões. Grande parte das mortes se
devem a participação ativa da ciência, que modificou totalmente a forma como se
travavam as guerras. Os países envolvidos então foram forçados a investirem
diretamente na ciência, pois estariam em maior vantagem aqueles que mais se
desenvolvessem nos aspectos tecnológicos e científicos, convertendo o
conhecimento em armas.
No período da Primeira Guerra Mundial, temos um contexto histórico curioso.
Nesse período de tensão global entre as grandes potências, a Física estava em
momento especial. A primeira grande guerra é posterior as equações de James
Clerk Maxwell, a Teoria da Relatividade Especial de Albert Einstein e o estudo da
radiação do corpo negro de Max Planck. Ou seja, o clima da Primeira Guerra
Mundial era paralelo com grandes inovações que futuramente serviriam nos
confrontos armados da Segunda Guerra Mundial.
No quesito inovação, a Primeira Guerra Mundial trouxe armamentos novos,
com um poder de destruição enorme. Em 1906, Alberto Santos Dumont, voou pela
primeira vez de forma autônoma em um avião. Em 1909, um avião parecido com o
14-bis de Dumont fez o primeiro voo sobre o Canal da Mancha. Se o 14-bis tinha
alcançado uma velocidade de 40 km/h e voado por 200 metros, o Blériot XI fez 76
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km/h e voo por mais de 33 km, distância entre França e Grã-Bretanha. Após a
travessia do canal, devido ao sucesso, houve uma procura pelo Blériot XI, que foi
usado até o início da Primeira Guerra Mundial, fazendo voos de reconhecimento e,
as vezes, levando bombas leves. A Primeira Guerra Mundial deu um salto para
aviação, fazendo com que os projetistas criassem modelos especiais para o ataque,
reconhecimento e bombardeio. Quando se trata de uma guerra, os países envolvidos
não medem esforços para investir em maneiras de superar os oponentes. Em menos
de dez anos após a sua invenção, os aviões voavam na guerra, contudo, ele não foi
o único exemplo de tecnologia revolucionária naquela época. As estratégias dos
países para esse conflito mudaram. Não era comum haver um confronto direto,
devido ao uso das metralhadoras e, por isso, as tropas criavam trincheiras e
avançavam lentamente no campo batalha. Um exemplo disso se dá no filme “Mulher
Maravilha” de 2017, dirigido por Patty Jenkins. O filme é uma fantasia, mas que se
ambienta na Primeira Guerra Mundial, onde a personagem da Mulher Maravilha, em
determinado momento, se encontra em uma trincheira. Dentro da trincheira ela tem
um diálogo com um dos personagens, questionando o porquê eles não saiam do
local e avançavam nas linhas inimigas. A reposta foi que do outro lado da trincheira
havia os alemães com metralhadoras. A metralhadora automática, invenção de
Hiram S. Maxin surgiu no período entre 1883 e 1885, mas que na Primeira Guerra
Mundial, já haviam sido aprimoradas, dando mais de 500 tiros por minuto.
Figura 2 – Mulher-Maravilha saindo da trincheira e recebendo tiros de metralhadora dos
alemães

Fonte: Captura de tela de Mulher-Maravilha


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Se no filme, como mostra a Figura 2, a Mulher Maravilha abre as linhas


inimigas com sua força, a solução não foi a mesma na vida real, contudo, a reposta
para as metralhadoras também possuía um nome que impõe respeito. O termo
“tanque de guerra” foi de alcunha inglesa, sendo eles um modo de enfrentar o poder
avassalador das metralhadoras. Como o avião e as metralhadoras, os tanques
também sofreram mudanças durante o período de guerra. A partir do modelo
“Tanque Marca V”, a Tríplice Entente adquiriu uma verdadedeira máquina para
combate, com muito mais força do que qualquer outra arma existente até então. Na
ofensiva geral de 1918, o Corpo de Tanques Britânicos possuía 3.027 tanques em
serviço e 10.145 em construção. Estes que estavam sendo construídos não
precisaram mais serem usadas na Primeira Guerra Mundial, pois, após o
esfalecimento da Tríplice Aliança, Bulgária, Austria-Hungria e o Império Otomano se
rendem, deixando apenas Alemanha na Guerra. Arrasados pela sangrenta batalha, o
então Império Alemão também se rendeu, caindo junto com a monarquia. Em 11 de
novembro de 1918 tem-se o fim da Primeira Guerra Mundial, com cerca de vinte
milhões de pessoas mortas e mais de 20 milhões de feridos. Em 28 de junho de
1919, é assinado o Tratado de Versalhes, na França, encerrando oficialmente a
Primeira Guerra Mundial.
O Tratado de Versalhes, assinado pela Tríplice Entente e a Alemanha, foi um
armísticio visando maneiras de garantir a diplomacia entre esses países. A
Alemanha, que no momento estava em pedaços devido a sua derrota na guerra,
assinou com ressalvas. Perdas territoriais e altas indenizações foram situações que
o Tratado de Versalhes impôs sobre a Alemanha. Essas pressões sofridas geraram
um sentimento revanchista na Alemanha no futuro. Em 1929, houve uma das
maiores crises financeiras da história. A Grande Depressão trouxe mudanças em
níveis globais. Até então, o Partido Nazista alemão era conhecido pela imprensa
como o “fascismo alemão”. A Alemanha, destroçada na Primeira Guerra Mundial, e
em crise devido às fortes punições, agora com o modelo nacionalista, investindo
dentro do próprio Estado começa a se sobressair em meio a crise. Nesse cenário, o
Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou simplesmente, o Partido
Nazista, ganha força. Seu sétimo aderente, um pintor de construção austríaco, Adolf
Hitler, tinha convicções fortes sobre o comunismo, imbuído no nacionalismo racista e
antissemita. Em 30 de janeiro de 1933, o presidente Paul Von Hindenburg nomeou
Adolf Hitler como chanceler do “Reich”. Hindenburg morre em 02 de agosto de 1934,
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deixando o poder com Adolf Hitler. Com Hitler no poder, instaura-se um período de
insegurança na Europa, pois, junto com a Itália, governada pelo Fascismo de Benito
Mussolini, já haviam duas potências derrotadas na Primeira Guerra com governos
autoritários. Com os seus discursos, Hitler convencia os alemães com o sentimento
de revanchismo deixado pós Primeira Guerra. A Alemanha começa aumentar o seu
poderio militar, quebrando o Tratado de Versalhes, e ao mesmo tempo, por causa
política de supremacia ariana, Hitler constrói campos de concentração onde os
Judeus eram presos e mortos.
A Segunda Guerra Mundial, ao longo dos seus 2174 dias vitimou mais de
quarenta e seis milhões de pessoas, entre militares e civis. No dia 01 de setembro
de 1939, as tropas nazistas invadem Polônia, dando início a guerra. Assim como na
Primeira Guerra, os países se uniram para travar os confrontos. De um lado tinha-se
Reino Unido, França, União Soviética e os Estados Unidos da América formando os
países Aliados. Do outro lado havia os países do Eixo, composto por Alemanha,
Itália e Japão.
O grande número de mortos na Segunda Guerra Mundial se justifica pela
evolução das armas em pouco mais de trinta anos pós Primeira Guerra. As
metralhadoras ficaram mais rápidas e leves, os aviões maiores e mais rápidos e os
tanques mais resistentes e poderosos. No entanto, o final da Segunda Guerra
reservava a mais poderosa arma ainda não vista pelo ser humano. Em 1939, quando
ainda se vislumbrava uma possível guerra, havia um temor a respeito dos Nazistas
estarem desenvolvendo armas nucleares. Essas armas nucleares só se tornaram
imagináveis devido aos estudos do físico alemão e judeu não praticante, Albert
Einstein. A Teoria da Relatividade, trazia um postulado a respeito da relação entre
massa e energia, que matematicamente pode ser escrita como E=Mc2, onde E é a
energia, M é a massa e c é a velocidade da luz. Após a descoberta dos nêutrons em
1932 pelo físico James Chadwick, os físicos começaram a dispará-los em grandes
átomos, esperando construir novos isótopos e elementos. No entanto, quando havia
esse choque, o núcleo atômico era fragmentado – sofria fissão. Em 1938, Otto Hahn
e Fritz Strassmann, na Alemanha, dividiram um núcleo de urânio aproximadamente
pela metade, produzindo bário, que possui 40% da massa inicial. Considerando que
um nêutron possui 0,5% da massa do urânio, era como se um caroço de milho
atingisse uma melancia e partisse ela quase ao meio. À descoberta foi uma
surpresa, já que alguns dos físicos mais renomados da época acreditavam que o
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núcleo fosse uma gota líquida. Sendo o núcleo uma gota, deveria haver resistência a
divisão e, mesmo com o núcleo rompendo-se, as gotas positivamente carregadas
deveriam se repelir e se afastarem. A solução para esse problema veio de Lise
Meitner, amiga de Hahn que fora exilada na Suécia após fugir do nazismo instaurado
na Alemanha. Meitner e seu sobrinho Otto Frisch perceberam que não era muito
estranho um núcleo rachar pela metade. Cada um dos produtos que restassem
seriam menor no final e a energia remanescente seria irradiada. A esse processo
Meitner e Frisch deram o nome de fissão. Após voltar à Dinamarca, Frisch
mencionou a sua descoberta que ele fizera com Meitner a Niels Bohr. Bohr por sua
fez a levou aos Estados Unidos, onde alguns físicos começaram a fazer testes sobre
essa ideia e, entre eles estava o húngaro exilado Léo Szilánd, que percebeu que
essa reação com o urânio produziria nêutrons a mais, produzindo mais fissão e
fazendo que houvesse uma reação em cadeia autossustentada, que em armas
poderia liberar energia jamais vistas até então. Szilánd temia que os cientistas
nazistas chegassem na mesma conclusão. Então ele, e mais dois refugiados
húngaros, Edward Teller e Eugene Wigner, convenceram Albert Einstein a emprestar
seu nome, devido à sua influência no meio científico, alertando os Estados Unidos a
respeito de uma possível bomba que poderia a vir ser criada. Einstein então assinou
essa carta em 02 de agosto de 1939, sugerindo que os Estados Unidos iniciasse um
programa de pesquisa nuclear. O presidente Franklin Roosevelt cria Projeto
Manhattan, depois dos Estados Unidos entrarem na guerra de maneira efetiva, após
uma base naval americana ser destruída pelo Japão. O ataque a Pearl Harbor, no
Hawaii, acontece em 7 de dezembro de 1941, incentivando os Estados Unidos a
atravessar o Atlântico e a desenvolver armas para a guerra. Após estudos de Frisch
e Rudolph Peierls, descobriram que não era necessárias toneladas de urânio para
produzir uma bomba. Alguns poucos quilos de um isótopo de urânio com peso
atômico 235, já serviria para realizar uma reação autossustentável. Então, o Projeto
Manhattan nasce tendo o físico Robert Oppenheimer como o líder do projeto. A
equipe ficava em uma base em Los Alomos, no Novo México, com milhares de
pessoas envolvidas no projeto, de forma direta ou indiretamente. O primeiro teste da
bomba foi realizado em 16 de julho de 1945, no deserto do Novo México.
Da criação do Projeto Manhattan até o desfecho da guerra decorreu ainda um
longo período de tempo. A tecnologia avançava e as mortes se acumulavam, mas
não era nada comparado ao que ainda estava por vir. O Holocausto e as diversas
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batalhas travadas já tinham dizimado milhões de pessoas e, no ano de 1945, tanto


os Aliados quanto o Eixo estavam mais enfraquecidos. No entanto, os Aliados
possuíam duas grandes potências que no futuro viriam a monopolizar o poder global:
União Soviética e Estados Unidos. Até 1943, parecia que a vitória nazista era certa,
porém, o jogo virou em 31 de janeiro de 1943, quando uma tropa alemã cedeu em
Stalingrado, na União Soviética. A partir daí começa uma lenta expulsão alemã do
território russo, caindo por terra a supremacia ariana no combate, creditada por
Hitler. Entre 1944 e 1945, o cenário da guerra não mudou e os Aliados preparavam
os termos de rendição da Alemanha. Em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler se suicida,
terminando assim a sua ditadura sangrenta. Em 7 de maio de 1945, o chefe do Alto
Comando das Forças Armadas alemã, Alfred Jodl, assina um “Ato de Rendição”,
acabando a Segunda Guerra. A partir desse ato, os conflitos na Europa sessaram,
porém a guerra continuara no Pacífico com o Japão, que recusava a rendição.
Então, o presidente Harry S. Truman e o seu Estado-Maior resolveram usar a bomba
atômica, com a justificativa de que ataque por terra ao Japão traria muitas baixas
para os soldados americanos. Os ataques aconteceram em agosto de 1945, entre os
dias 6 e 9, sendo o primeiro em Hiroshima, com a bomba “Little Boy”, e o segundo
em Nagasaki, com a “Fat Man”. As imagens originais das bombas podem serem
vistas na Figura 3 e Figura 4 respectivamente, retiradas do Departamento de Defesa
Americano.
Figura 3 – Bomba little boy

Fonte: US government DOD and/or DOE photograph


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Figura 4 – Bomba Fat Man

Fonte: U.S. Department of Defense


Estima-se que cada uma das bombas matou mais de 100 mil pessoas
instantaneamente, desconsiderando os efeitos da radiação que permaneceu nos
locais atingidos. Após a ação das bombas, os japoneses se renderam no dia 02 de
setembro de 1945, enfim acabando o conflito mais sangrento da história da
humanidade e abrindo brechas para novos conflitos, que agora se daria de forma
mais cautelosa, visto que, qualquer país com alto nível de desenvolvimento
tecnológico poderia ter armas de destruição em massa.
Pouco tempo depois da Segunda Guerra Mundial, o presidente Truman cria
uma política externa direcionada aos países capitalistas que visava impedir o
crescimento do socialismo, principalmente em países mais frágeis. Tais políticas não
agradaram em nada a União Soviética, que na época era a maior potência socialista.
Os dois países haviam estado do mesmo lado na guerra anterior, no entanto, a
União Soviética teve muito mais baixas nos conflitos, então não seria
estrategicamente viável entrar em nenhuma forma de confronto, seja ele de qualquer
espécie. Josep Stalin, líder máximo da União Soviética na época, tinha em mente
que quando o Japão e Alemanha voltassem a crescer, haveria novos ataques aos
soviéticos, em uma guerra do capitalismo contra o comunismo. Com tais
perspectivas, a União Soviética impôs o seu domínio sobre a Europa Oriental e em
partes da Ásia. As superpotências estabeleceram esferas de influência para sua
segurança e domínio, dando início em 1947 a Guerra Fria.
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Se nas duas primeiras guerras, o mundo viu como o desenvolvimento


científico mudou as maneiras de combate, a Guerra Fria não trouxe consigo o
embate armado, mas sim, um confronto sobre os modelos políticos, tentando
demonstrar qual era melhor. Com início da Guerra Fria, a URSS não se preocupara
mais tanto com Alemanha e Japão, mas sim com os EUA, já que eles eram a maior
potência capitalista do mundo. As principais potências se organizaram de acordo os
seus interesses, de modo que a geopolítica global ficou bipolarizada. Se de um lado
tinha-se a Doutrina Trouma implementado o Plano Marshall para os países
capitalistas da Europa se reerguerem, do outro tinha KOMINFORM, que era uma
criação que visava unir a política do Leste Europeu. A divisão política era tanta que
em 13 de Agosto de 1961, na Alemanha, cria-se um muro separando a parte
Ocidental (capitalista) e Oriental (socialista).
De tantos confrontos idealistas que houve, um se destaca pelo grau de
inovação que ele proporcionou à humanidade. A corrida espacial entre EUA e URSS
estava intrinsecamente ligada com a queda do Reich nazista em 1945. Com a queda
da Alemanha nazista ao término da Segunda Guerra Mundia, o mundo viria a
enfrentar um novo período de incertezas. As bombas lançadas no Japão acenderam
o alerta dos governos mundiais. Um país com poder bélico para dizimar milhares de
pessoas em questão de minutos era muito perigoso. A Guerra Fria era mais um
confronto de ideias do que um conflito armando, mesmo que por vezes, as vias de
fato quase terem acontecidos. Estima-se que um conflito armado seria catastrófico,
tendo em vista o arsenal nuclear que os dois países tinham. Bombas muito maiores
que as que devastaram Hiroshima e Nagasaki em 1945. Em um momento, houve
uma tensão máxima, durante a Crise dos Mísseis de Cuba entre 16 de outubro de
1962 e 28 de outubro do mesmo ano, tornando-se o período mais tenso entre essas
duas potências, quando a URSS colocou mísseis no mar do Caribe. Mas passado
esse momento, a disputa desses dois países se intensificaram na corrida espacial.
Os cientistas nazistas durante a Segunda Guerra haviam projetado mísseis
balísticos de longo alcance. Estes mesmos cientistas, após o revés alemão não
foram presos, mas sim, foram recutados para trabalhar tanto para União Soviética,
quanto para os EUA. Na corrida espacial os soviéticos saíram na frente. Na verdade,
durante toda a corrida espacial, eles quase sempre foram os primeiros em tudo. No
dia 04 de outubro de 1957, a Era Espacial se inicia com o lançamento do primeiro
satélite artificial – o Sputinik I. A corrida espacial trazia métodos inovadores tão
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rapidamente que, um mês depois, o Sputinik II orbitava a Terra, com o detalhe que o
primeiro era uma esfera de 84 kg e o segundo pesava meia tonelada. O primeiro
satélite dos Estados Unidos a ficar em órbita foi o Explorer I, em 31 de janeiro de
1958. A URSS atingiu a lua em setembro de 1959, com a sonda Lunar 2 e, a sonda
Lunar 3 foi a responsável por tirar as fotos do lado da lua que nunca é visto da Terra.
No fim dos anos de 1960, já haviam sido lançados mais de 44 satélites pelos dois
países.
A partir daí, os cientistas começaram a mandar animais ao espaço para ver
quais os efeitos que os voos orbitais poderiam causar nos seres vivos. Primeiro
foram as moscas, depois a cadela Laika pelos Soviéticos. Já os americanos
mandaram o chimpanzé Ham, primeiro hominídio a ir ao espaço. Se os EUA
mandaram um macaco, o próximo passo dos soviéticos seria mandar um homem e,
em 12 de abril de 1961, menos de três anos após a Sputinik I, Yure Gagarin,
mostrado na Figura 5, torna-se o primeiro homem a ficar em órbita, a bordo da
Vostok 1.
Figura 5 – Fotografia do cosmonauta soviético Yure Gagarin

Fonte: Finnish Museun of Photograph; Restaurada por Adam Cuedem

Ele ficou um dia inteiro na órbita terrestre e depois voltou. O próximo passo
então era mandar um homem para onde jamais algum outro havia ido antes – a Lua.
Em 1961, o então presidente americano John F. Kennedy faz um dos discursos mais
lembrados da história dizendo que o homem chegaria na Lua antes do final da
década. Uma promessa ousada, já que naquele momento a URSS liderava todos os
quesitos da corrida espacial. Para cumprir sua promessa, em 1961 dá-se início o
programa espacial Apollo. A promessa de Kennedy se cumpriu, pois no dia 20 de
julho de 1969 a Apollo XI libera o módulo lunar que pousa na Lua, com os
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astronautas Neil Amstrong e Buzz Aldrin. No total doze astronautas americanos


posaram na Lua. Cada Apollo levava três tripulantes, no qual um ficava na nave
orbitando a Lua e os outros dois desciam no módulo lunar. As missões Apollo que
pousaram foram: Apollo XI, Apollo XII, Apollo XIV, Apollo XV, Apollo XVI e Apollo
XVII. Destas, à Apollo XIII foi a única que não obteve sucesso do pouso lunar.
Problemas técnicos colocaram a vida da tripulação em risco e no dia 17 de abril de
1970, o módulo lunar caiu no Oceano Pacífico, servindo como bote, seis dias após
ser lançado ao espaço. O programa Apollo é encerrado em 1975, tendo sido um
grande sucesso para os americanos e para a ciência. A Figura 6 e Figura 7, são
fotos do acervo da Nasa, onde na primeira temos uma foto da Terra tirada da Lua e a
segunda é uma foto da tripulação da Apollo XI.
Figura 6 – Foto da Terra tirada pela tripulação da Apollo XI

Fonte: Biblioteca de imagens e vídeos da NASA.

Figura 7: Foto da tripulação da Apollo XI. Da esquerda para a direita, estão Neil A. Armstrong,
Michael Collins e Edwin E. Aldrin Jr.

Fonte: Biblioteca de imagens e vídeos da NASA.


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A corrida espacial, tinha pouco objetivo científico e muito interesse político na


época, porém, foram eles que deram início a grandes revoluções na maneira de se
estudar o Universo. A exploração espacial trouxe à tona uma pergunta: a quem
pertence o espaço? Dessa pergunta é que surge o Tratado Espacial.
Após a sua criação, o Tratado Espacial torna-se uma forma de mediação do
que cada país pode fazer no espaço, impondo certas condições para a exploração
espacial. Estados Unidos e a União Soviética, como as maiores potências focadas
na exploração espacial se juntaram ao Reino Unido e assinaram o documento que
validou o Tratado Espacial em 27 de janeiro de 1967, mas só entrando em vigor em
10 de outubro do mesmo ano.
Graças ao Tratado do Espaço Sideral, não há armas nucleares no espaço
sideral e nenhuma base militar na Lua. E todos os países podem explorar livremente
o cosmos para o benefício de todos. O tratado foi acordado no ápice da Guerra Fria
entre os Estados Unidos e a União Soviética. Ambas as nações previram a
expansão do homem à Lua e além, e queriam prevenir uma competição míope de
âmbito militar ou nacional. O tratado define o espaço como uma fronteira humana
cuja exploração deve ser uma avenida para a cooperação internacional. Além da
desmilitarização do espaço e o direito de cada país de participar de sua exploração,
o tratado afirma que:
• As nações não podem fazer reivindicações territoriais sobre o espaço sideral;
• A Lua e outros corpos celestes serão usados exclusivamente para fins
pacíficos;
• Os astronautas são os enviados de toda a humanidade;
• Os países são responsáveis por suas atividades espaciais nacionais, quer
sejam realizadas por entidades governamentais ou não governamentais;
• Os países são responsáveis pelos danos causados por seus objetos
espaciais;
• Os países devem evitar a contaminação nociva do espaço e dos corpos
celestes.
O tratado foi assinado mesmo antes dos Estados Unidos irem à Lua e a
próximo uma crise que se instaurou na União Soviética na década de 1970. A crise
se arrastou até a dissolução da União Soviética em 26 de dezembro de 1991. Se a
URSS não superaria mais os EUA, não teria porquê continuar investindo em missões
tão caras. Exatamente por isso as missões Apollo sessaram, porém, mesmo com a
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diminuição do investimento, o espaço se demonstrou muito útil para o


desenvolvimento científico, e por isso, cada dia mais o espaço é explorado.
Atualmente, existe uma grande cooperação e mercado aeroespacial entre os países.
Empresas privadas também estão trabalhando nesse meio. Isso tudo porém só se
tornou possível devido o fato de no passado ter havido grandes confrontos globais
que estimularam o desenvolvimento. Quem estava com a tecnologia de ponta, seja
ela a bomba ou tanque, sempre esteve como o vitorioso. Quem investiu nas
ciências, desenvolveram o pensamento que é necessário investir na educação para
evolução da sociedade.
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OBJETIVO

Objetivo geral:
Demonstrar como as guerras influenciam o desenvolvimento da Física e como a
intervenção dela pode mudar completamente o rumo de um conflito. Usando como
exemplo os grandes nomes de pesquisadores, que ganharam notoriedade histórica e
contribuíram para a história da física.
Objetivos específico:
Discutir a contribuição da física para a guerra; Fazer o contraponto e mostrar
como as guerras motivaram as grandes potências a investir na ciência;
Criar material expositivo (fôlders) com informações pontuais a respeito de fatos
históricos correlacionando-os com a Física.
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JUSTIFICATIVA
Dentre as justificativas para execução do projeto ressaltam-se:
Ganho didático para as disciplinas de história das guerras do século XX e a física;
Mostrar como físicos importantes se envolveram direto ou indiretamente nas
guerras;
Mostrar como o desenvolvimento da astronomia e astrofísica foi impulsionada
graças aos conflitos da Guerra Fria.
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METODOLOGIA
A metodologia a ser empregada consiste em:

• Divisão da turma em três grupos, onde cada grupo ficará responsável em falar
sobre uma das grandes guerras;
• Reuniões de preparação de cronograma de execução das etapas do projeto;
• O projeto seguirá um eixo bem expositivo, com cada grupo preparando uma
síntese que será entregue ao fim do projeto;
• Cada equipe montará uma apresentação oral a respeito do seu tema;
• Nessa apresentação, cada equipe preparará um fôlder, que deve relacionar a
Física com o contexto histórico de sua época. Exemplo: Quem ficar com a Guerra
Fria pode pegar uma foto da Apollo XI, colocar informações pontuais e correlacionar
com o momento histórico que fazia os EUA e a URSS estarem na corrida espacial;
• Levantamento dos recursos necessários a cada etapa;
• Orientação das equipes por parte dos professores sobre os caminhos a serem
tomados na solução dos problemas propostos;
• Apresentação dos resultados: encontros institucionais/publicação em veículos
institucionais;
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CRONOGRAMA

MARÇO ABRIL MAIO JUNHO


Planejamento X
Orientação/ X X
Execução da
proposta.

Apresentação X
dos
Resultados/
Publicação
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PROCESSO AVALIATIVO
As formas de avaliação serão:

• Continuada: avaliação durante todo o processo de execução do projeto;


• Apresentação;
• Cumprimento do cronograma;
• Qualidade do material apresentado;
• Autoavaliação;
• Avaliação de pares.
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REFERÊNCIAS

BAKER, Joanne. 50 ideias de física quântica que você precisa conhecer.


Tradução de: Rafael Garcia. São Paulo: Planeta. 2015.

HAWKING, Stephen. O universo numa casca de noz. Tradução de: Cássio de


Arantes Leite. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.

JORGE, Fernando. As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont. 5.ed. São


Paulo: Geração Editorial, 2007.

SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial: História completa. São Paulo:


Contexto, 2013. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=esdnAwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT5&dq=primeira+guerra+mundial&ots=qN
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Acesso em: 03 de maio 2021.

SANTOS, Rosiane Cristina dos. Trajetória histórica da aviação mundial. Revista


científica eletrônica de turismo, São Paulo, n. 11, jun. 2009. Disponível em:
http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/WydybjUDpYtjIL4
_2013-5-23-10-51-57.pdf. Acesso em: 03 de maio 2021.

NICOLSON, Harold. O Tratado de Versalhes: A paz depois da Primeira Guerra


Mundial. Tradução de: Gleuber Viera e Jorge Ribeiro. São Paulo: Globo livros, 2014.
Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=fOlxBAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT11&dq=tratado+de+versalhes&ots=v4-
rOVOmCv&sig=gMA1tsRU9FGWGoI9af2a6z3P4qc#v=onepage&q=tratado%20de%2
0versalhes&f=false. Acesso em: 04 de maio 2021.

GILBERT, Martin. A Segunda Guerra Mundial. Tradução de: Ana Luísa Faria e
Miguel Serras Pereira. Alfragide – Portugal: Dom Quixote, 2009. Disponível em:
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=Fl-
Nn1QKfDAC&oi=fnd&pg=PT3&dq=segunda+guerra+mundial+&ots=NdjaAzcfz_&sig=
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aZ1TQDRpRBSXdA0CaeWrr7hiU5w#v=onepage&q=segunda%20guerra%20mundi-
al&f=false. Acesso em: 05 de maio 2021.

ANDRADE, Jonathan Percivalle de. Tratado do espaço de 1967: legado e


desafios para o direito espacial. Tese de mestrado em Direito Internacional –
Universidade Católica de Santos. Santos, p. 93. 2016.

2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO; Direção: Stanley Kubrick. Produção de Hawk


Films e Metro-Goldwyn-Mayer. Estados Unidos: Warner Bros, 1968. Streaming.

MULHER MARAVILHA; Direção: Patty Jenkins. Produção de Zack Snyder, Charles


Roven, Deborah Snyder e Richard Suckle. Estados Unidos, 2017. Streaming.

A GUERRA DO FOGO; Direção: Jean-Jacques Annaud. Produção de Denis Héreux,


Jacques Dorfmann, Véra Belmont e John Kemeny. França, 1981. Streaming.

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