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TSRio
Articulação
Comunitária
Articulação
Comunitária
As práticas apresentadas na
Coleção TSRio estão orientadas
por princípios como
sustentabilidade, respeito
aos direitos dos cidadãos
e valorização de práticas
participativas.
Sem dúvida, é no campo
da articulação comunitária
que encontramos a base
para que as experiências
em áreas, aparentemente,
tão distintas, como descarte
sustentável de resíduos sólidos
e policiamento de proximidade
possam ganhar efetividade.
Destacar as nuances
e a multiplicidade de
cenários onde as práticas
de articulação podem ser
aplicadas é o objetivo deste
volume da coleção, que
termina por constituir-se
como leitura obrigatória para
os interessados qualquer um
dos temas abordados.
Coleção
TSRio
Articulação
Comunitária
Organização
Fabiano Dias Monteiro, Jonas Pereira Araujo e Sandro Costa Santos
Revisão
Sol Mendonça
Foto da Capa
www.Istockphoto.com
Colaboradores
Jocelino Porto, Antonio Guedes, Nilmara, Maria Helena,
Bruno Teodoro, Marcio William, Alexandra da Silva, Cleide Araújo,
Claudio Napoleão, Carlos Costa, Edil, Juliana Guedes, Lucia Cabral,
Eliane Borges, Tião Santos, Pedro Strozenberg, Wolnei da Rocinha,
Luciene Silva, Rodolfo Noronha, Carlos Brandão, Osmar Vargas.
Realização
Viva Rio
Financiamento
Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF)
ISBN 978-85-61882-15-0
VIVA RIO
Rua do Russel, 76 • Glória • Rio de Janeiro • RJ • CEP: 22210-010
Tel.: (21) 2555-3750 • www.vivario.org.br
Sumário
Viva Rio 5
Apresentação 9
O tema é Articulação Comunitária 11
Introdução 13
Operação 15
Quadro Panorâmico 24
Riscos 26
Aprendizado da experiência 28
4
COLEÇÃO TSRIO
Foto: Amaury Alves
Viva Rio
O Viva Rio nasceu como um movimento organizado
pela sociedade civil, em 1993, em resposta à crise de
violência que atormentava o Rio de Janeiro. Cresceu
como uma organização sem fins lucrativos e tornou-se
uma empresa social que desenvolve projetos em
regiões vulneráveis. Está presente hoje em mais de
100 comunidades no Brasil e no Haiti e assiste a mais
de 2 milhões de indivíduos em programas de saúde,
educação, meio ambiente e segurança humana. Conta
com 9.000 funcionários e cerca de mil voluntários.
Tem por missão a promoção da cultura de paz e a
inclusão social.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 5
Coleção
TSRio
A coleção TS Rio
Fruto de uma parceria entre o Banco de Desenvolvimento
da América Latina (CAF) e o Viva Rio, o Projeto da
Coletânea Tecnologias Sociais Rio (Coleção TSRIO),
inicialmente, apresentou-se como um grande desafio.
6 COLEÇÃO TSRIO
sociedade, típicas da América Latina, impunham ao
projeto nuances, a princípio, não imaginadas.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 7
8 COLEÇÃO TSRIO
Apresentação
O conceito corrente de tecnologia social é
de um “conjunto de técnicas e metodologias
transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na
interação com a população e apropriadas por ela,
que representam soluções para inclusão social e
melhoria das condições de vida”.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 9
O tema é Articulação
Comunitária
10 COLEÇÃO TSRIO
Foto: Walter Mesquita
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 11
Foto: www.Istockphoto.com
12
COLEÇÃO TSRIO
Introdução
O que têm em comum?
• Uma chacina de moradores de determinada
comunidade feita como retaliação.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 13
Você reconhece que uma
situação precisa de articulação
comunitária quando:
• Os moradores estão insatisfeitos.
• O interesse do poder público parece não ser o mesmo
dos moradores.
• Aumentam os conflitos e suas consequências (materiais
ou simbólicas).
• Aumenta o uso de violência no enfrentamento dos
conflitos locais.
• Os impasses podem descambar para a violência.
• Acontecem calamidades públicas.
• Chega um serviço ou política pública, mas o local está
dominado pela criminalidade.
14 COLEÇÃO TSRIO
Operação
Articuladoras e articuladores
Redes de contatos
Diagnóstico da situação
Mediação de conflitos
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 15
OPERAÇÃO
Articuladoras e articuladores
Comunidade é um conjunto de pessoas que seja bem aceita no local, já que
que mantêm relações sociais cotidianas encarna a possibilidade de mudança de
de proximidade. Nesse nosso caso, uma situação conflitiva.
a proximidade é estabelecida pela
A experiência de vida é, geralmente,
vizinhança: o território é muito importante.
o curso informal de preparação de
Portanto, a pessoa encarregada da articuladores comunitários. A vida
articulação comunitária precisa conhecer e o estudo ajudam a aperfeiçoar as
o local em que vai atuar, mesmo que habilidades e características típicas
não more ali. Além disso, é fundamental desse perfil.
Conhecimento do local
• Ter conhecimentos históricos e geográficos sobre a cidade e sobre a
comunidade.
• Ter informações sobre as principais questões urbanas que a
comunidade enfrenta e quais as agências públicas responsáveis.
• Manter a postura acima de facções e partidarismos para poder
circular em qualquer território.
Aceitação
• Ter disposição permanente para o diálogo.
• Estabelecer vínculos de relacionamento e confiança.
• Agir com sensibilidade.
• Integrar-se a atividades que a comunidade valoriza.
16 COLEÇÃO TSRIO
Habilidades
• Saber ouvir e observar.
• Compreender a linguagem local, inclusive a não-verbal.
• Ter tranquilidade, honestidade e abertura para todos.
• Atentar para as demandas e acontecimentos locais, comparecendo
sempre que possível.
• Saber improvisar, contornando obstáculos e evitando atritos.
• Focar no bem comum e no acesso a direitos da cidadania acima de
quaisquer outros interesses.
• Ajudar a dar visibilidade às reivindicações da comunidade e a
acionar as autoridades competentes.
• Agir como facilitador quando houver abuso de poder de alguma
liderança.
• Ter paciência e capacidade de diálogo para mediar conflitos.
• Ter coragem para trabalhar em situações de perigo.
• Saber evitar regalias ou presentes indevidos.
Características
• Capacidade de gestão.
• Capacidade de negociação.
• Capacidade de mobilização.
• Capacidade de realização a baixo custo.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 17
OPERAÇÃO
Redes de contatos
Cada comunidade cria sua própria teia
de relações e de poder. Esta teia é fonte tanto de
possibilidades quanto de problemas e conflitos.
18 COLEÇÃO TSRIO
Curso de Capacitação de Lideranças Comunitárias e Gestores de Segurança Pública (ago 2012)
Foto: Acervo Viva Rio
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 19
OPERAÇÃO
Diagnóstico da situação
Quando o articulador é bem aceito e tem o apoio de uma rede
local, estão dadas as condições – especialmente de acesso à
informação – para começar a entender a natureza do problema a
ser enfrentado e o quanto ele afeta a comunidade.
Causas
• Sociais
• Culturais
• Educacionais
• De segurança
• De saúde pública
• De desastres naturais
20 COLEÇÃO TSRIO
Foto: Acervo Viva Rio
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 21
OPERAÇÃO
Mediação de conflitos
Como sugere a palavra, mediação é a Para perceber qual foi o foco do conflito,
atividade de um agente que se coloca o mediador precisa ouvir muito todas as
no meio, entre as partes envolvidas em partes e dialogar com elas e entre elas.
um conflito para:
Quando finalmente ficarem claras as
• ajudá-las a superar o círculo vicioso razões da divergência, o mediador orienta
da disputa o diálogo para os pontos em que pode
• criar novas alternativas de colaboração. existir convergência de opiniões.
Muitos conflitos são causados por mal O mediador precisa manter sempre seu
entendidos ou por que uma ação ou espírito aberto porque esse processo
opinião com fundamento é feita ou costuma resultar em soluções dinâmicas,
dita de modo inapropriado. criativas e, muitas vezes, inesperadas.
Reunião com
lideranças
Foto: Acervo
Viva Rio
22 COLEÇÃO TSRIO
DICAS
Duas possibilidades
A situação de conflito pode ser identificada tanto por membros da comunidade
(que pedem auxílio de um articulador/mediador), quanto pelo próprio
articulador em suas visitas ao território. Em qualquer desses caminhos,
articulador e comunidade precisam reconhecer que o conflito existe.
Novos projetos
Quando a mediação trata da inserção Nem tudo...
de novos projetos em um território, é A mediação não dá conta de todo
fundamental que o articulador domine e qualquer tipo de conflito. Para
todas as informações sobre o plano. atritos como os institucionais
E também é importante que mantenha ou os que descambaram para a
um clima amistoso entre os membros violência, o mais recomendável é
de sua equipe. recorrer a autoridades ou instâncias
administrativas.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 23
Quadro Panorâmico
COMUNIDADE
OPORTUNIDADES
CONTEXTO
(1) Ampliar a visibilidade
A articulação comunitária
das demandas sociais do
é necessária em contextos território.
onde há:
(2) Aumentar a
• pouco ou nenhum efetividade dos serviços de
relacionamento entre assistência e garantia de
os atores locais e os direitos e deveres.
instrumentos de políticas (3) Diminuir antigos
públicas (como segurança, problemas sociais.
educação e saúde)
EXECUTOR
PARCEIROS
24 COLEÇÃO TSRIO
Marcada por problemas de criminalidade, falta de investimentos e ações
governamentais, pobreza e situações de crise social e institucional.
BENEFÍCIOS RISCOS
(1) Abertura de diálogo entre a comunidade e (1) A intervenção
entidades públicas e privadas. pode ser vista pelos
moradores como
(2) Aumento da representatividade.
instrumento de
(3) Construção de ideias e soluções para conflitos. influência negativa.
A tecnologia não requer um padrão institucional rígido. Suas ações devem ser
executadas por atores que conheçam a realidade social do território, sejam de
inciativas comunitárias, de ongs ou do governo. Pessoas práticas, com alto grau de
liderança e adeptas do diálogo contínuo.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 25
Riscos
Risco Descrição Alvo
26 COLEÇÃO TSRIO
Para evitar
Fatores decisivos
É um risco imprevisível. O para um
articulador pode tentar negociar a
saída de moradores para outro local.
bom resultado
Outro fator imprevisível. Capacidade de mobilização
O articulador auxilia participando
da população.
das ações humanitárias, em
Fortalecimento dos atores
parceria com o Corpo de Bombeiros
positivos locais.
e a Defesa Civil.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 27
Aprendizado
da experiência
Balcão de Direitos
O Balcão de Direitos foi criado por solicitação ao Viva Rio de 25 líderes
comunitários, traduzindo a necessidade de projetos de assistência jurídica
nas favelas do Rio de Janeiro. A assistência jurídica seria, naquele
momento, o mecanismo mais adequado e urgente para a constituição de
uma malha de proteção legal do Estado – e paradoxalmente também ao
Estado – sobre as populações alijadas do estado democrático de direito.
28 COLEÇÃO TSRIO
O Viva Rio atua em mais de 100 comunidades cariocas, como o Morro do Alemão, e é um modelo de sucesso
Foto: Walter Mesquita - Site http://projetodraft.com/o-viva-rio-inova-ha-20-anos-quando-juntou-intelectuais-e-
liderancas-comunitarias-contra-a-violencia-no-rio/
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 29
APRENDIZADO DA EXPERIÊNCIA
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Ação Global na Vila Olímpica do Alemão / Foto: Acervo Viva Rio
“
proximidade.
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 31
APRENDIZADO DA EXPERIÊNCIA
Projeto Recomeçar
Teresópolis-RJ
No verão de 2011, chuvas fortíssimas causaram inundações e
deslizamentos na região serrana do estado do Rio de Janeiro.
Teresópolis foi uma cidade especialmente afetada, com perdas
humanas e de infraestrutura que comprometeram a economia
local, voltada para agricultura e turismo.
32 COLEÇÃO TSRIO
Teresópolis / Foto: Walter Mesquita
ARTICULAÇÃO COMUNITÁRIA 33
Referências
34 COLEÇÃO TSRIO
Coleção
TSRio
Articulação Comunitária
36 COLEÇÃO TSRIO
Viva Rio
É uma organização que surgiu
em 1993 em resposta à crise
de violência que atormentava
o Rio de Janeiro. Tendo seu
início como um movimento
da sociedade local, crescendo
como uma Organização Sem
Fins Lucrativos e tornando-
se uma Empresa Social que
gerencia projetos em regiões
vulneráveis.
Na área da Saúde, ultrapassou
1,1 milhão de usuários
cadastrados e já atendeu
a mais de 3,7 milhões de
pessoas na Estratégia Saúde
da Família.
Um dos conceitos correntes de tecnologia social
é de um “conjunto de técnicas e metodologias
transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas
na interação com a população e apropriadas por
ela, que representam soluções para inclusão
social e melhoria das condições de vida”.
O Viva Rio é uma organização social que
tanto executa políticas públicas como media
a implantação destas políticas por outros
executores. Entre suas competências está
sistematizar práticas e conhecimentos
empíricos.
A proposta da coleção TS Rio é tornar pública
essa sistematização, para que ela seja
apropriada pelos formuladores e executores de
projetos em cada área temática e também pelos
beneficiários destas políticas sociais.
www.tsrio.org.br