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02 de julho/2021
Parte dessa mudança se deu por conta das tecnologias. Tudo se tornou mais veloz,
mais acessível. Porém, nós continuamos humanos, com limitações humanas. E, no
meio de tanta correria, somos facilmente levados a extrapolar nossos limites,
enfrentando a realidade de um interessante pensamento que declara: “Somos feitos
de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro” (Alberto J. G. Villamarín,
Citações da Cultura Universal [Editora AGE Ltda, 2002], p. 249).
No meio deste caos, um antigo mandamento divino se torna imperativo para quem
deseja ter saúde física, mental e espiritual. O quarto mandamento da lei de Deus, a
observância do sábado, é um memorial de que a humanidade não foi criada para ser
uma máquina de trabalho. O ser humano tem outras prioridades na vida que precisam
de uma fatia de tempo de qualidade. Por isso, mais do que nunca, a santidade do
sétimo dia da semana precisa ser relembrada para um mundo exausto.
2. Um mandamento necessário
O quarto mandamento da lei de Deus começa de forma distinta das demais ordens:
“Lembra-te do dia do sábado para o santificar” (Êxodo 20:8, ARA). O verbo inicial
deixa claro que, no monte Sinai, Deus não estava trazendo uma ordem nova ao povo
de Israel. O mandamento sobre o descanso havia sido deixado para a humanidade
desde a criação. Porém, perceba que no contexto da entrega das tábuas dos Dez
Mandamentos, o povo havia acabado de sair do Egito, onde tinham vivido como
escravos por cerca de 400 anos (Êxodo 12:40).
Como escravos, eles trabalhavam todos os dias unicamente para atender aos desejos
de um governador que não tinha a mínima preocupação com o bem-estar deles. Em
Êxodo, capítulo 5, é relatada a exigência do faraó de que o povo trabalhasse mais,
mesmo com condições piores de trabalho, com menos palha.
Escravos não tinham direito a descanso. Por isso, no monte Sinai, ao contemplar um
povo recém-liberto da escravidão, Deus relembrou algo que, no contexto do trabalho
do Egito, eles haviam esquecido: o dever e a necessidade do descanso, tanto para a
vida física como para a espiritual.
3. Matando-se de trabalhar
Você já deve ter ouvido a expressão: “Se matar de trabalhar”.
Pois bem, por mais incrível que pareça, ela é mais literal do que muitos imaginam. Na
China, por exemplo, existe um termo chamado guolaosi, destinado a classificar
indivíduos que morreram por trabalhar além dos seus limites. E esses casos não são
exceções, são mais comuns do que se imagina. Em 2014, a empresa controlada pelo
Estado chinês, a China Radio International, divulgou o impressionante número de
1.600 chineses que morriam por dia por conta da excessiva carga horária de trabalho
(https://exame.com/economia/1-600-chineses-morrem-por-dia-de-tanto-trabalhar).
Dentre esses muitos casos, podemos citar a história de Tian Fulei, um jovem de 26
anos, que morreu em 2015 após trabalhar 12 horas por dia, durante sete dias por
semana, em uma fábrica de celulares da Apple (http://exame.com/carreira/chines-
morre-em-fabrica-da-apple-por-excesso-de-trabalho). Segundo a família, Tian Fulei
fazia horas extras para conseguir pagar as despesas do seu casamento, marcado
para maio daquele ano.
Infelizmente, tal fenômeno de excessos não está restrito somente à China. No Japão,
existe o termo korashi para definir o mesmo problema. Na Europa, existem casos de
pessoas que morreram no ambiente de trabalho após jornadas desumanas. Na
verdade, o mundo todo está correndo aceleradamente em busca de coisas, sem levar
em consideração a necessidade, apontada desde a criação da humanidade, do
descanso semanal. É por isso que o sábado não é mais defendido apenas pelos
religiosos. A lógica do descanso semanal, presente na lei de Deus, faz cada vez mais
sentido em uma sociedade desesperadamente cansada.
Como bem lembra Ellen White: “A lei proíbe trabalho secular no dia de repouso do
Senhor; a atividade que constitui o ganha-pão deve ser interrompida; nenhum trabalho
que vise prazer ou proveito mundano é lícito nesse dia; mas, como Deus cessou Seu
trabalho de criar e repousou no sábado, e o abençoou, assim o ser humano deve
deixar as ocupações da vida diária e dedicar essas sagradas horas a um saudável
repouso, ao culto e a boas obras (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações
[São Paulo: CPB, 2000], p. 156, 157 [207]).