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VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2019
i
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2019
ii
L711d
CDD 469.3
Banca Examinadora
_________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Aos meus pais, Francisco e Soberana, aos meus irmãos, Francinaldo e Fábio,
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS, pela minha vida, pela minha saúde e por ter me
proporcionado a oportunidade de cursar o mestrado.
Aos meus pais e irmãos, que, mesmo distantes fisicamente, sempre estiveram ao
meu lado me dando apoio.
Aos meus filhos, Ana Luísa e Gabriel, razão da minha vida! Pelo carinho,
compreensão e amor. Por fazer existir em mim o amor mais sublime.
À equipe gestora do Colégio Estadual Vilas Boas Moreira pelo apoio, incentivo
e compreensão.
RESUMO
ABSTRACT
This essay is a study on Verbal Transitivity, which aims to investigate how the
phenomenon of transitivity has been addressed in schools and how it has been presented
in the compendiums of Portuguese Language, specifically, in middle school textbooks.
From these considerations, we proposed a didactic sequence about Verbal Transitivity.
This work is formed by a bibliographical research about Verbal Transitivity from the
conceptions of both Grammatical and Linguistic Traditions and an analysis of textbook
in chapters where the theme is addressed. To theoretically support the study of
transitivity from a traditional perspective, we based on the prescriptive grammars, such
as: Cunha e Cintra (2001), Cegalla (2005), Bechara (2007) and Rocha Lima (2008).
This approach was broadened with the analysis of some descriptive grammars, such as:
Azeredo (2002), Perini ((2002) and Castilho (2016). For the study of this phenomenon,
from the perspective of the Linguistic Tradition, we start from the functionalist
approach presented in the North American Functional Linguistics with theoretical basis
in the studies of Hopper; Thompson (1980), Cunha; Souza (2011), Abraçado; Kenedy
(2014) and Furtado da Cunha; Oliveira; Martellota (2015). With the analysis on the
subject in question completed, it was addressed in Grammatical and Linguistic
Traditions, we verified how our object of study is presented in schools through
textbooks, seeking to understand the prevalence of the theoretical contribution
advocated by the book and its relevance in the teaching-learning process. Based on this
bibliographic study, we elaborate a proposal of intervention that consists in the teaching
of Verbal Transitivity based in North American Functional Linguistics, aiming both to
collaborate with the teaching practice, and to a more effective process of learning the
subject by the students. In this study, we developed the methodology of qualitative-
quantitative analysis and in the face of research findings, we confirm the hypothesis that
the grammatical content approach supported by the textbooks, as advocated by the
normative model, makes learning difficult, while grammar teaching considered the
specificities of the language in it‟suse, which facilitates the process of understanding the
grammatical content, in this case, the Verbal Transitivity.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
TG Tradição Gramatical
TL Tradição Linguística
GT Gramática Tradicional
PNLD Programa Nacional do Livro Didático
LD Livro Didático
MP Manual do Professor
CLD Coleção do Livro Didático
LP Língua Portuguesa
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
2.2 Um breve percurso pela gramática histórica sobre a Transitividade Verbal ........ 19
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 96
APÊNDICES ............................................................................................................... 99
14
1 INTRODUÇÃO
2 A TRANSITIVIDADE VERBAL
Com base nessa noção etimológica do termo transitividade, fica evidente que se
refere à possibilidade de o verbo poder transitar, transferindo, dessa forma, a ação de
um agente para um paciente.
Assim, buscando identificar conceitos de transitividade que facilitem sua
compreensão, faremos, na próxima subseção, um breve percurso histórico partindo da
análise do assunto em gramáticas históricas.
Para compor nossa discussão, escolhemos três autores tradicionais que analisam,
historicamente, os fenômenos linguísticos, a saber, Pereira (1958) e os gramáticos
históricos Said Ali (1964) e Coutinho (2004).
Pereira (1958) parte do pressuposto de que o complemento é o fator relevante
para classificar os verbos quanto à transitividade. Assim, ele os classifica em transitivo,
intransitivo, relativo, transitivo-relativo e de ligação. Pereira (1958) entende como
transitivo ou objetivo “[...] o verbo ativo de predicação incompleta” (PEREIRA, 1958,
p. 163). Nessa perspectiva, o autor atribui mais duas classificações aos verbos de
predicação incompleta, identificados como relativo e transitivo-relativo. Ele classifica
como relativos os transitivos indiretos por entender que exigem um termo de relação,
chamado de “complemento terminativo ou objeto indireto” (PEREIRA, 1958, p. 164).
Em uma associação com as definições apresentadas pela gramática normativa, teríamos,
nesse caso, um verbo transitivo indireto. A próxima classificação para os verbos de
predicação incompleta é a de transitivo-relativo, atribuída aos verbos de “predicação
duplamente incompleta”, isto é, aqueles que, na compreensão do autor, exigem dois
complementos, um objeto direto e outro indireto, chamados pela gramática normativa
de bitransitivos. Já o verbo intransitivo ou subjetivo caracteriza-se como um “verbo de
sentido ativo ou neutro de predicação completa”. (PEREIRA, 1958, p. 164)
Said Ali (1964) identifica os verbos como nocionais e relacionais1, atribuindo a
transitividade aos verbos nocionais, entendidos, por ele, como transitivos e intransitivos.
Sendo, portanto, denominados intransitivos os verbos que não necessitam de outro
termo para complementar seu sentido. Enquanto que os transitivos são aqueles cujo
sentido se completa com outro termo, nesse caso, um substantivo chamado de objeto
direto ou indireto. O objeto direto é assim denominado porque se refere à pessoa ou a
coisa que recebe a ação. Diante dessa definição, ele estabelece uma relação sintático-
semântica entre o termo agente e o paciente na mesma oração. Mas reconhece a
complexidade do fenômeno gramatical em questão ao afirmar que
Não é possível, contudo, definir com tal critério todos os verbos transitivos.
Em ouvir um ruído, pedir dinheiro, inventar o pára-raios, escrever uma
carta, os objetos diretos certamente não denotam os pacientes ou recipientes
dos atos ouvir, pedir, inventar, escrever.
(SAID ALI, 1964, p.95, grifos do autor)
1
Said Ali (1964) identifica como verbos nocionais aqueles que se empregam com função predicativa. Na
compreensão da gramática normativa são aqueles que estão acompanhados de objeto direto e/ou objeto
indireto ou nem necessitam de complemento. Já os verbos relacionais são, para ele, os verbos de ligação
ou os verbos auxiliares.
21
2
Exemplos de Rocha Lima (ROCHA LIMA, 2008, p. 343)
24
Vejamos os exemplos:
Perdoai sempre. [= INTRANSITIVO]
Perdoai as ofensas. [ = TRANSITIVO DIRETO]
Perdoai aos inimigos. [ = TRANSITIVO INDIRETO]
Perdoai as ofensas aos inimigos.[ = TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO]
Por que sonhas, ó jovem poeta? [ = INTRANSITIVO]
Sonhei um sonho guinholesco. [ = TRANSITIVO DIRETO]
A rigor, os autores Cunha e Cintra (2001), Cegalla (2005) e Rocha Lima (2008)
comungam da mesma definição de transitividade. Sendo, portanto, transitivos aqueles
que transitam nas vozes do verbo (ativa / passiva) e que, na voz ativa, necessita de um
complemento que, em alguns casos, está ligado ao verbo por uma preposição; e por
verbo intransitivo aquele que apresenta sentido completo, ou seja, a ação encerra-se no
verbo.
Para Bechara (2007), a transitividade está ligada à função predicativa da oração
numa relação sintático-semântica entre o verbo e o que ele chama de “termos
nucleares”. Para chegar à compreensão dos termos integrantes da oração, Bechara
(2007) sistematiza seu estudo apresentando “[...] noções que dizem respeito a termos
nucleares e marginais e termos argumentais e não-argumentais, termos opcionais e
não-opcionais, e, finalmente, termos integrais e não-integrais” (BECHARA, 2007, p.
411).
Termos nucleares, segundo Bechara (2007), não é o núcleo do predicado,
entendido como o verbo, mas os termos que se referem “[...] sintático e semanticamente
às funções predicativas da oração”. Já os termos da oração que não estão diretamente
ligados às funções predicativas são entendidos como marginais. Para entendermos tais
definições, tomemos o exemplo dado pelo próprio autor
Certamente, Graciliano viveu experiências amargas durante sua vida.
Graciliano, certamente, viveu experiências amargas durante sua vida.
Graciliano viveu, certamente, experiências amargas durante sua vida.
Graciliano viveu experiências amargas, certamente, durante sua vida.
Graciliano viveu experiências amargas durante sua vida, certamente.
(BECHARA, 2007, p. 412)
Cintra (2001) e Bechara (2007) atribuam essa classificação aos complementos e seu
conteúdo lexical.
Realizado esse percurso, continuaremos, na próxima subseção, a abordagem
sobre Transitividade Verbal, pautando-se, contudo, nos eventos que constituem a língua
em uso e, assim, a discussão será norteada pela Tradição Linguística.
3
Exemplos de Perini (2002)
30
funções como relevantes”, entendidas como “aquelas que são exigidas ou então
recusadas por algum verbo” (2002, p. 166)
São relevantes o objeto direto, o adjunto circunstancial (que inclui os casos
tradicionais de “objeto direto”, mais muitos outros casos), o complemento do
predicado (correspondente aproximado do “predicativo do sujeito”) e o
predicativo (que corresponde, aproximadamente, ao “predicativo do objeto”
tradicional).
(PERINI, 2002, p. 166)
Segundo ele, isso não é possível na gramática tradicional que identifica apenas
cinco subclasses de verbos, a saber, transitivos diretos, transitivos indiretos, transitivos
diretos e indiretos ou bitransitivos, intransitivos e verbos de ligação, além do fato de que
essas definições são frutos de exigência e recusa, apenas.
Castilho (2016), por sua vez, vê a transitividade como um evento discursivo e,
assim, classifica-a:
A transitividade gramatical é uma propriedade da sentença, e não do verbo
que a constrói. Não há verbos exclusivamente transitivos, nem verbos
exclusivamente intransitivos. É o uso na sentença que explicita a decisão
tomada pelo falante.
(CASTILHO, 2016, p. 263)
4
Matrizes de transitividade verbal elaboradas por Perini (2002) para os respectivos verbos:
I. [L-OD, L-AC, Rec-Pv, Rec-CP]: comer / II. [Ex-OD, L-AC, Rec-Pv, Rec-CP]: encontrar
III. [Rec-OD, L-AC, Rec-Pv, Rec-CP]: acontecer / IV. [Rec-OD, Ex-AC, Rec-Pv, Rec-CP]:
morar
V. [Ex-OD, Ex-AC, Rec-Pv, Rec-CP]: acostumar / VI. [Ex-OD, L-AC, L-Pv, Rec-CP]:
considerar
VII. [L-OD, L-AC, L-Pv, L-CP]: julgar / VIII. [L-OD, L-AC, Rec-Pv, L-CP]: permanecer
IX. [Ex-(OD v AC), Rec-Pv, Rec-CP]: lembrar / X. [Ex-(CP v AC), Rec-OD, Rec-Pv]: estar
XI. [Ex-(CP v Pv), Ex-OD, L-AC]: sentir
As matrizes IX, X e XI se referem a verbos que apresentam peculiaridades de exigir OD ou AC, ou
então CP ou AC, ou ainda CP ou Pv. (PERINI, 2002, p. 166)
31
Nessa análise, vimos que os verbos não argumentais são aqueles que não
apresentam sujeito nem argumento interno, acontece na maioria das vezes com os
impessoais e intransitivos simultaneamente, constituindo sentenças simples. Já os
verbos argumentais são aqueles que, na estrutura argumental da sentença, apresentam,
quase sempre, sujeito e complementos. Dessa forma, é o número de argumentos
apresentados nas sentenças que as classificarão em: monoargumentais, biargumentais e
triargumentais.
Para Castilho (2016), as sentenças são organizadas a partir de uma motivação
cognitiva, isso mostra que a funcionalidade da língua é o que impulsiona o novo modelo
sintático, pois, conforme o autor “[...] tudo é motivado nas estruturas das línguas
naturais” (p.329, grifo nosso).
Em suma, na tradição linguística, a transitividade é entendida como um
fenômeno que ultrapassa os limites do verbo, por isso não é possível determiná-la,
apenas, a partir das funções deste.
32
5
Exemplos de Teixeira (2014).
37
6
Exemplo nosso
38
7
Ver Souza; Dib in Abraçado; Kenedy (2014)
8
Exemplo nosso
9
Os exemplos apresentados são de Furtado da Cunha; Costa; Cezário (2015)
39
10
Exemplos nossos
40
o muro, o sujeito tem controle da ação verbal, por isso é chamado de agentivo. Em
contraste com a situação anterior, na oração Essa foto me surpreendeu, não é possível
classificar o termo essa foto como sujeito agentivo, já que se tem um ser que não é
humano, não é animado, nem volitivo.
Ao analisar a agentividade do sujeito, vale ressaltar a sua correspondência com a
volitividade, tendo em vista que, a relação agente e paciente efetiva-se no fato de estar
volitivamente envolvido com a ação verbal ou não.
O traço Afetamento do objeto diz respeito ao grau de transferência da ação para
um paciente, verificando em que grau ele foi completamente afetado. Assim, nos
exemplos dados por Cunha e Souza (2011) “Eu bebi o leite todo. / Eu bebi um pouco de
leite”, verificamos que, no primeiro caso, o leite foi bebido em sua totalidade, logo, o
objeto foi completamente afetado. Enquanto que no segundo caso, o leite foi bebido
parcialmente, indicando que o objeto não foi afetado totalmente.
O último componente da transitividade a ser abordado é o traço da Individuação
do objeto que, além de fazer a distinção do paciente em relação ao agente, ele também
faz entre o paciente e a sua própria classe. Segundo Abraçado e Kenedy (2014),
Um objeto (O) maximamente individuado é aquele em que o Sintagma
Nominal (SN) que exerce a função de objeto tem como núcleo um nome
próprio cujo referente é humano, animado / concreto / singular / contável /
referencial / definido. Em contrapartida, um O minimamente individuado é
aquele em que o SN que exerce função de objeto tem como núcleo um nome
comum cujo referente é inanimado/abstrato/plural/não contável/não
referencial.
(ABRAÇADO; KENEDY, 2014, p. 172)
11
Exemplo de Cunha e Souza (2011).
41
12
A ideia de mostrar a frase exemplo em um quadro foi da pesquisadora com o objetivo de facilitar a
compreensão.
13
Exemplo nosso
42
O livro didático é o recurso mais usado para auxiliar a prática pedagógica e por
isso é muito importante nessa práxis. Embora, a cada quatro anos os livros sejam
avaliados pelos professores na escolha de novos exemplares sugeridos pelo Programa
45
14
Com o propósito de evitar repetições, optamos por usar algumas siglas.
46
“E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava
em mãos um cartão-postal da loja do pai.”
Em alguns casos, o sentido do verbo se completa com informações necessárias, como ocorre no texto
com o verbo “entregar”: entregar alguma coisa. Sempre que o sentido se completa dessa maneira, o
verbo recebe o nome de verbo transitivo. E as expressões que completam o verbo recebem o nome de
complemento verbal.
(MARCONDES; BUSCATO; PARISI, 2006, p. 147)
15
A nomenclatura séries é usada pelos autores da obra.
47
1. Copie no caderno estas orações, indicando, a que palavra está relacionado o termo em destaque.
Em seguida, indique se ele é um objeto direto, objeto indireto ou complemento nominal.
a) intransitivos: aqueles que, por terem sentido completo, não pedem complemento.
“O leite das mães acaba.”
sujeito v.i.
2005, p.166) Embora esse conceito direcione a compreensão do assunto de acordo com
o que propõem a Tradição Gramatical, os autores reconhecem a possibilidade de se
compreender a transitividade a partir da transferência da ação quando afirmam que “A
palavra transitivo vem da forma latina transitare, que significa „movimentar, andar‟. É
como se, em orações como „Escrevi a carta‟, „Enviei a carta‟, as ações de escrever e
enviar se „movimentassem‟ e recaíssem sobre a carta.” (CEREJA; MAGALHÃES,
2015, p. 166)
Nesse sentido, observamos que, mesmo priorizando posicionamentos da TG, os
autores reconhecem a existência de outras possibilidades que também viabilizam a
compreensão da Transitividade Verbal, por isso, através da proposta de uma gramática
contextualizada, os autores conseguiram sistematizar melhor o assunto.
Da página 166 a 171 do livro do 7º ano (2015) é possível observar, que, mesmo
seguindo conceitos normativos da língua, os autores instigam a reflexão e apontam
possibilidades para a transitividade diante do contexto.
A transitividade ou intransitividade de um verbo sempre depende do contexto em que ele está empregado
e do sentido que apresenta naquele contexto.
Por exemplo:
O verbo dançar, que é intransitivo na 1ª oração, torna-se transitivo na 2ª oração, pois a ação
expressa por ele recai sobre um balé moderno.
3 METODOLOGIA
16
Essa informação consta no Projeto Político Pedagógico da escola.
17
As informações referentes ao bairro Brasil foram encontradas no site:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bairro_Brasil_(Vitória_da_Conquista). Acessado em: 31 de julho de 2018.
52
colégio atende a 554 (quinhentos e cinquenta e quatro) alunos oriundos dos mais
diversos bairros da cidade.
Desde a sua fundação, oferece a modalidade de Ensino Fundamental. Hoje,
exclusivamente, Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º ano. O colégio conta com 16
(dezesseis) turmas, sendo 8 (oito) no turno matutino e 8 (oito) no turno vespertino com
uma média de 35 (trinta e cinco) alunos por turma. Tendo em vista o número de alunos
matriculados e frequentes, é considerada pela instituição mantenedora como uma escola
de médio porte, embora seu espaço físico não seja grande.
O colégio, construído em uma área relativamente pequena, consta, apenas, de
oito (8) salas de aulas, uma (1) secretaria, uma (1) sala de professores, uma (1) cantina,
banheiros e outra sala usada para atender à direção e guardar o pequeno acervo
bibliográfico da escola. Apesar de um espaço físico precário, pois não possui espaços
importantes como biblioteca, laboratórios e quadra poliesportiva, a escola já ultrapassou
a meta projetada pelo IDEB18 para 2021 de 3.7, atingindo, portanto, 4,0 em 201519.
18
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
19
O resultado apresentado pode ser visualizado no site:
http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado. Acessado em 01 de agosto de 2018. O resultado
apresentado é de 2015, pois o resultado de 2017 ainda não foi disponibilizado.
53
3.2 O CORPUS
Linguagens dos autores Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, 2015,
observando especificamente o exemplar do 7º ano, cujo conteúdo abordado –
Transitividade Verbal – se faz presente. Embora o conteúdo em questão não conste no
exemplar do 8º ano, propomos o trabalho à turma do 8º ano A matutino, composta por
34 (trinta e quatro) alunos, uma sequência didática formada por três etapas, produção
inicial, módulo de atividades e produção final. Essas informações serão detalhadas
cuidadosamente na próxima seção.
O corpus dessa pesquisa se justifica pelas seguintes hipóteses: a forma de
abordagem dos conteúdos gramaticais nos livros didáticos pode dificultar a
aprendizagem, tendo em vista o modelo normativo; o ensino de gramática pautado na
língua em uso pode facilitar a compreensão do conteúdo, principalmente porque as
questões serão abordadas a partir da vivência dos educandos.
3.3 OS PARTICIPANTES
20
Informação dada pela gestão da escola em conversa informal.
21
A referência é atribuída à maioria dos escolares da turma.
56
3.4 ATIVIDADES
4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
4.1 Justificativa
A nossa proposta de intervenção para o ensino do fenômeno linguístico
pesquisado, a Transitividade Verbal, justifica-se pela necessidade de ampliação do
conhecimento de língua materna através de atividades que privilegiem os aspectos
funcionais da língua, aliviando, assim, o “peso” do estudo gramatical que se apresenta,
muitas vezes, negativamente, tanto para os docentes quanto para os discentes (NEVES,
2017).
A escolha do modelo Sequência Didática22 deu-se pela dinamicidade do método
que é composto por “[...] um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira
sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito.” (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 2004, p. 97). O objetivo da SD é ajudar aos alunos a melhor
compreenderem o conteúdo a partir de gêneros textuais. Nesse sentido, “[...] as
Sequências Didáticas servem para dar acesso aos alunos a práticas de linguagem novas
ou dificilmente domináveis” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 98).
A sequência didática, conforme propõe os autores Dolz, Noverraz e Schneuwly
(2004), apresenta um conjunto de etapas que vão desde a apresentação da situação
(momento em que o aplicador expõe ao aluno uma situação concreta de uso da
linguagem e a necessidade de execução da proposta) até a produção final. Para melhor
compreensão do que sugerem os autores, vejamos o esquema por eles proposto.
22
O modelo de sequência didática que adotamos segue os padrões estabelecidos por um grupo de
pesquisadores genebrianos, Dolz, Noverraz, e Schneuwly (2004), adaptada para os anos iniciais do ensino
brasileiro. Ver a obra Experiências com sequências didáticas de gêneros textuais.
59
Apresentação da situação
Duração: 01 h/a
Nesta primeira etapa, o encontro com a turma foi norteado pela apresentação da
proposta de trabalho e o acolhimento das sugestões sinalizadas pelos alunos. Na
oportunidade, foram expostos, oralmente, os motivos que direcionaram a escolha desse
método de trabalho, os objetivos e o que se pretende na produção final. Feito isso,
passamos para a próxima etapa que definiu as atividades seguintes.
Produção inicial
Duração: 01 h/a
60
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
1. Por que você acha que deve ter Língua Portuguesa como disciplina obrigatória
no seu currículo escolar?
3. No seu ponto de vista, que eventos do estudo gramatical são relevantes para o
uso diário da Língua Portuguesa?
Módulo de atividades
Duração: 10 h/a
Nesta etapa, abordamos a Transitividade Verbal fundamentada no que propõe
Hopper e Thompson (1980), que partem da teoria de que a transitividade contempla dez
parâmetros sintático-semânticos independentes, capazes de possibilitar a transferência
da ação a partir de vários ângulos, tornando-a, assim, mais compreensiva. Dessa forma,
objetivamos que os alunos compreendam o assunto abordado como um processo escalar
que confere a oração maior ou menor transitividade.
Para alcançarmos o objetivo exposto, elaboramos uma sequência de atividades
que foram aplicadas após a explanação de cada dois ou três parâmetros apresentados por
Hopper e Thompsom (1980), de maneira que os dez parâmetros, a saber: Participantes,
Agentividade do sujeito, Afetamento do Objeto, Intencionalidade do sujeito, Cinese,
Aspecto do verbo, Pontualidade do verbo, Polaridade da oração, Modalidade da
oração e Individuação do Objeto sejam contemplados.
1ª e 2ª aulas
Começamos as atividades desta etapa abordando, através de aula expositiva, os
parâmetros Participantes e Cinese.
Inicialmente, apresentamos o poema Gangorra de Flora Figueiredo23, a fim de
exemplificar melhor o conteúdo.
23
O poema citado consta no livro didático do 7º ano da coleção Português e Linguagens de Willian
Cereja e Thereza Cochar Magalhães (2015, p.169-170) compondo a primeira atividade sobre
transitividade verbal.
63
Gangorra
Eu namoro a noite,
você apaga a lua;
eu perfumo o lençol,
você dorme na rua;
eu aprumo a estrela,
você a entorta;
eu colho a maçã,
você traz a lagarta;
eu rego o ipê,
você parte o galho;
eu lavo o cristal,
você trinca a ponta;
eu beijo na boca,
você faz de conta.
Flora Figueiredo
Exercício 1
Leia a tirinha a seguir e responda o que se pede.
https:/:www.google.com.br/search?biw=1280&bih=694&tbm=isch&sa=1&ei=4Kx9W-
meOYijwATGo6SAAg&q=Charges (acessado em: 22/08/2018)
1º Magali aconselha Mônica a ter um comportamento mais feminino, e conclui sua fala,
no primeiro quadrinho com a frase: “Afinal, nós usamos saias!”. O que ela quis dizer
com isso?
3ª e 4ª aulas
Nesse segundo momento do módulo de atividade, abordamos os
parâmetros Aspecto do verbo e Pontualidade do verbo. A escolha em agrupá-los
justifica-se por tratarem da ação expressa pelo verbo, identificando, assim, a duração da
ação.
Atividade 2
Rodaviva (Chico Buarque)
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
1ª Chico Buarque termina algumas estrofes com os versos “Mas eis que chega a roda-
viva / E carrega o destino pra lá”, “Mas eis que chega a roda-viva / E carrega a roseira
pra lá”, “Mas eis que chega a roda-viva / E carrega a viola pra lá”, “Mas eis que chega
a roda-viva / E carrega a saudade pra lá”. A que ele se refere ao usar o termo “roda-
viva”?
3º Assinale a frase que apresenta aspecto télico, ou seja, uma ação concluída.
( ) “Um dia a fogueira queimou”
( ) Eu estou ouvindo um clássico de Chico Buarque.
5ª e 6ª aulas
Seguindo o mesmo critério das aulas anteriores, no que se refere à escolha dos
parâmetros que foram trabalhados em cada encontro, optamos por abordar, nesse
momento, os parâmetros Agentividade do sujeito, Intencionalidade do sujeito /
Volitividade e Afetamento do objeto. A abordagem desses parâmetros foi feita a partir
de manchetes de jornais, revistas e sites, todas apresentadas em slides.
Seguem as manchetes que trabalhamos com os alunos.
Juiz de MT manda bloquear R$ 99,8 mil do estado para custear cirurgia no crânio
de recém-nascido
Atividade 3
Descrição da atividade: ACHANDO MINHA DUPLA
A turma será dividida em dois grupos;
Os grupos se subdividirão em duplas;
As duplas do grupo 1, receberão frases escritas em cartolinas;
As duplas do grupo 2, receberão placas com a palavras AGENTIVIDADE DO
SUJEITO, INTENCIONALIDADE DO SUJEITO / VOLIÇÃO e
AFETAMENTO DO OBJETO.
Depois de separados os grupos, um em cada lado da sala, o grupo 2 deverá
encontrar, no grupo 1, a frase que receba a classificação indicada na placa que
está de posse.
Feito isso, as duplas formarão um quarteto com as frases e a classificação de
acordo com os parâmetros estudados.
As frases trabalhadas na dinâmica serão as seguintes:
1. João quebrou a garrafa.
2. Supremo afasta Cunha da Câmara.
3. Minha irmã escreveu seu nome.
4. Meu irmão vai agora ao aeroporto.
5. O professor já corrigiu as provas.
6. Magda abriu o pacote, surpresa.
7. As doenças e as guerras ceifam milhares de vida.
8. João me assustou.
7ª e 8ª aulas
Neste encontro, trabalhamos os parâmetros Polaridade da oração e
Modalidade da oração. Para esta abordagem, escolhemos algumas tirinhas que foram
apresentadas em slides a fim de exemplificar melhor as ocorrências dos parâmetros
citados.
70
Atividade 4
Leia a tirinha e responda o que se pede.
2º Os verbos pagou, votou e ganhou presentes nos quadrinhos, expressam ações que
aconteceram. Apresentando, portanto o parâmetro Polaridade. A presença dessa
Polaridade torna as frases mais transitivas ou menos transitivas?
3º No segundo quadrinho, Sally diz a Charlie que viu uma folha caindo. Podemos
codificar sua afirmação como modo realis ou irrealis?
4º No terceiro quadrinho, Charlie diz que logo vai chegar o inverno. Sua afirmação
deixa claro que o inverno virá em breve. Essa afirmação pode ser classificada como
modo realis ou irrealis? Justifique.
9ª aula
Nesse último momento de aula expositiva, abordamos o parâmetro Individuação
do objeto. Como se trata de identificar o objeto como o argumento que definirá a
transitividade da frase, trabalhamos, portanto, os traços que permitem identificar esse
parâmetro. A saber, próprio, humano, animado, concreto, singular, contável, referencial
definido. Para compor a nossa exposição, trabalhamos com frases do poema Gangorra
(Flora Figueiredo), apresentado aos alunos no primeiro encontro, 1ª e 2ª aulas.
Após a exposição oral do conteúdo, os alunos fizeram, como em todos os
encontros, uma atividade que proporcionou melhor assimilação do assunto abordado.
Atividade 5
1º Considerando o fato de o objeto ser individuado quando for um nome próprio,
humano/animado, concreto, singular, contável, definido, identifique as orações cujos
objetos podem ser considerados maximamente individuados.
a. ( ) “Eu lavo o cristal.”
b. ( ) Marcos beijou Joana.
c. ( ) “Eu colho a maçã.”
d. ( ) Marta comprou um carro novo.
e. ( ) Ele namora minha amiga.
2º Quanto mais individuado o objeto, mais afetado ele é. Sendo assim, identifique no
trecho abaixo o objeto maximamente afetado.
Hoje, decidi ir à feira com minha mãe. Ela gosta de comprar legumes e verduras
fresquinhas, por isso precisa ir bem cedo. Ir à feira, para ela, é seguir um ritual. Ao
chegar lá, ela chama Pedrinho, um menino que a ajuda com as compras
costumeiramente. Na companhia do menino, percorre toda a feira pesquisando o preço
de tudo, depois disso, começa fazer as compras. Compra a batata na barraca de dona
Maria, a cenoura na de João, a alface na de celeste e, assim, vai demonstrando seu
conhecimento sobre economia, além de ensinar ao menino e a mim, enquanto a
acompanhávamos, que a feira é um divertido lugar de aprendizagens múltiplas.
73
10ª aula
Após as aulas expositivas que abordaram os parâmetros detalhadamente,
fizemos uma atividade lúdica contemplando todos os componentes da transitividade.
Trata-se de um jogo, Na Trilha da Transitividade, que envolve toda a turma.
NA TRILHA DA TRANSITIVIDADE
A trilha deverá ser desenhada no piso para que o aluno possa percorrê-la
tranquilamente;
A sala será dividida em 5 equipes, 1 participante percorrerá a trilha e os demais
ajudarão com as respostas;
Com a ajuda de um dado, sortearemos a ordem de largada para cada equipe;
Vencerá o jogo a equipe que concluir o percurso primeiro.
4. Escolha a oração cuja ação pode ser transferida de um participante para outro.
a. Eu abracei meu filho.
b. Carlos gosta de leite.
5. Para que a oração seja mais transitiva é necessário que, dentre outros
parâmetros, a polaridade seja negativa e a modalidade seja irrealis.
Essa afirmação é verdadeira ou falsa?
Acertou! Adiante duas casas
74
7. Na oração, Pedro comeu o bolo, temos um aspecto verbal télico porque a ação
foi concluída e um objeto afetado. Essa afirmação é verdadeira ou falsa?
Acertou! Adiante duas casas
Errou! Recue uma casa
P8
P7
P6
P5 P4
P3
P2
P1
Legenda
P1- pergunta número 1
P2- pergunta número 2
P3- pergunta número 3
P4- pergunta número 4
P5- pergunta número 5
P6- pergunta número 6
P7- pergunta número 7
P8- pergunta número 8
Adiante 1 casa
75
Adiante 3 casas
Volte para a casa número 5
Volte 1 casa
Produção Final
Duração: 01 h/a
Nesta última etapa da sequência didática, os alunos responderam a uma
atividade xerografada, para verificação da aprendizagem e posterior coletas de dados.
das quais pôs uma em meu cabelo para relembrar minha infância.
Assim, ao executar uma tarefa simples e prazerosa semanalmente, ela se diverte
cumprindo uma “tarefa doméstica”, além de ensinar ao menino e a mim, enquanto a
acompanhávamos, que a feira é um divertido lugar de múltiplas aprendizagens.
Quando nós concluímos as compras, fomos à barraca de Seu João, velho
conhecido da minha mãe. Lá, nós tomamos caldo de cana. Eu só consegui beber
metade do caldo que estava no copo, pois já havia experimentado tantos biscoitos que,
possivelmente, dispensaria até o almoço. Mas Pedrinho tomou todo o caldo de cana de
seu copo. Segundo ele, precisava repor todas as energias consumidas pelas voltas dadas
na feira. Naquele momento, a barraca era a nossa praça de alimentação, onde batemos
papo, sorrimos, fizemos novas amizades e nos divertimos.
Alimentados e bastante cansados, voltamos para casa com a certeza de que a
diversão foi garantida e que, na próxima semana, voltaríamos àquela feira para mais
uma oportunidade de desfrutarmos de muito lazer e aprendizagem.
Soleane Rodrigues Lustosa Lima
2. Das frases abaixo, identifique aquela na qual o sujeito transfere uma ação para
um paciente.
( ) Ela pôs uma rosa em meu cabelo.
( ) Segundo ele, precisava repor as energias consumidas pelas voltas dadas na
feira.
3. Identifique nas sentenças abaixo aquela cujo verbo dá idéia de ação concluída.
( ) Ela comprou biscoitos deliciosos para eles.
( ) Na companhia do menino, percorre toda a feira pesquisando o preço de
tudo.
mais pontual.
( ) Voltamos para casa com a certeza de que a diversão foi garantida.
( ) Nós tomamos caldo de cana.
6. Assinale a sentença cujo objeto foi mais afetado pela ação do sujeito.
( ) Pedrinho tomou todo o caldo de cana.
( ) Eu só consegui tomar metade do caldo de cana.
8. Percebe-se, nas frases abaixo, que algumas ações ocorreram e outras não.
Identifique aquela cuja ação é positiva, ou seja, uma ação ocorrida.
( ) Quando nós concluímos as compras, fomos à barraca de Seu João.
( ) Ela nunca conseguiu percorrer toda a feira.
Não discutiremos todas as respostas da atividade, mas apenas aquelas que forem
pertinentes à obtenção de dados que permitam traçar o perfil dos participantes da
pesquisa aqui empenhada. Esclarecemos ainda que, após uma sucinta discussão a
respeito da questão, apresentamos o gráfico com os resultados para uma melhor
visualização.
Em resposta à primeira pergunta, a maioria disse ser de fundamental importância
para saber ler e escrever corretamente. Reconhecem, também, a importância da
disciplina supracitada no processo educativo, além de atribuir a ela a responsabilidade
em ensinar o conteúdo gramatical. Podemos constatar essas respostas no Gráfico 1:
50
40
30
55
20
27
10
12
6
0
Afirmam que Afirmam ser Afirmam ser Outras respostas
ensina a falar e a importante no responsável por
escrever processo ensinar o
corretamente educativo conteúdo
gramatical
A alternativa B foi escolhida por 56% dos discentes. Esse resultado demonstrou
aprendizagem no que se refere a esse parâmetro, embora a expectativa fosse de um
percentual maior, tendo em vista a efetiva participação nas aulas, nas quais os discentes
demonstravam que tinham conseguido assimilar de forma satisfatória o conteúdo. Os
alunos, contudo, perceberam que há um participante oculto na alternativa A e um
explicito na alternativa B. Entendemos, portanto, que a escolha da maioria pela
alternativa B se justifica pela presença explícita do participante (sujeito), tornando-o
mais presente ainda.
A segunda questão enfatiza o parâmetro Cinese que aponta a transferência da
ação de um participante para outro, efetivada a partir de verbos que expressão ação.
Colocamos, para esse parâmetro, a seguinte questão:
(2) Das frases abaixo, identifique aquela na qual o sujeito transfere a ação para o
outro participante.
a) Ela pôs uma rosa em meu cabelo.
b) Segundo ele, precisava repor as energias consumidas pelas voltas dadas
na feira.
24
A atividade conta com um texto e 11 (onze) questões, apresentados integralmente na subseção 4.3,
intitulado Sequência Didática, desta Dissertação.
86
A alternativa A foi escolhida por 89% dos alunos, demonstrando, dessa forma,
efetiva aprendizagem em relação ao parâmetro Cinese por uma considerável parte da
turma. Foi possível, ainda, verificar, nesse resultado, que 11% não identificaram a
forma verbal pôs como um verbo de ação, demonstrando não compreender que esses
verbos possibilitam a transferência da ação de um participante para outro.
Na terceira questão, foi verificada a aprendizagem do parâmetro Aspecto da
oração identificado em orações cuja transferência da ação se efetiva quando o verbo
apresenta aspecto perfectivo. Para verificarmos a percepção a respeito desse parâmetro,
elaboramos esta questão:
(3) Identifique nas sentenças abaixo aquela cujo verbo dá ideia de ação
concluída.
a) Ela comprou biscoitos deliciosos para eles.
b) Na companhia do menino, percorre toda a feira pesquisando o preço de
tudo.
no “tomamos”, mas que o identificam no “voltamos para casa”, sem perceber que o
verbo “voltamos” sugere uma continuidade.
Na quinta questão, ao buscar o reconhecimento, por parte dos alunos, do
parâmetro componente Individuação do objeto, enfatizamos, no enunciado, a
importância desse traço que diz respeito à distinção do paciente em relação ao agente e
a distinção deste em relação à sua própria classe. Diante dessa proposta, apresentamos
esta questão:
Constatamos, com a escolha de 86% dos alunos pela alternativa A, que houve
uma aprendizagem no que se refere ao traço em questão. No entanto, havia uma
expectativa que, diante do esclarecimento apresentado na questão, todos os alunos
localizassem os traços em Pedrinho e não em caldo de cana. Com esse resultado, somos
levados a refletir se as características do objeto não foram compreendidas ou se o objeto
“caldo de cana” traz, para esse grupo de alunos, características semelhantes ao objeto
“Pedrinho”.
A sexta questão aborda o parâmetro Afetamento do objeto através da simples
verificação se o objeto foi afetado plenamente pela ação verbal do agente. Para a
percepção desse aspecto, elaboramos a questão abaixo:
(6) Assinale a sentença cujo objeto foi mais afetado pela ação do sujeito.
a) Pedrinho tomou todo o caldo de cana.
b) Eu só consegui tomar metade do caldo de cana.
a diferença entre o ato de tomar todo e de tomar a metade como responsável pelo maior
ou menor afetamento ao objeto. Podemos inferir que a minoria que optou pela
alternativa B considerou apenas o fato do objeto ser afetado e não o grau do afetamento.
Na sétima questão, buscamos identificar se os aprendizes conseguem distinguir
se a ação ocorreu ou não, se expressa um evento hipotético ou não. Contemplando,
assim, o parâmetro Modalidade. Nesse parâmetro, elaboramos a questão a seguir:
(7) Os verbos das orações abaixo expressam ações hipotéticas ou não. Assinale a
opção na qual a ação não é hipotética, sendo, portanto, certa e real.
a) Na próxima semana, nós voltaríamos àquela feira.
b) Compra a batata na barraca de Dona Maria, a cenoura na de Pedro, a
alface na de Celeste.
A partir da escolha da alternativa B por 81% dos alunos, percebemos que eles
identificaram na forma verbal compra uma ação real, caracterizando, dessa forma, o
traço Modalidade e reconhecendo a distinção dos códigos “reallis” e “irrealis”, mesmo
não tendo sido cobrado na questão. Em contrapartida, 19% não identificaram na forma
verbal voltaríamos uma ação hipotética, possivelmente por o verbo estar no futuro do
pretérito do indicativo.
A oitava questão sugere a observação de ações que ocorreram ou não,
permitindo, dessa forma, identificar a transferência da ação em orações cuja ação
ocorreu, caracterizando, portanto, polaridade positiva. A esse respeito, propomos uma
questão na qual os alunos percebessem a realização ou não da ação. Vejamos:
(8) Percebe-se, nas frases abaixo, que algumas ações ocorreram e outras não.
Identifique aquela cuja ação é positiva, ou seja, uma ação ocorrida.
a) Quando nós concluímos as compras, fomos à barraca de Seu João.
b) Ela nunca conseguiu percorrer toda a feira.
Uma boa parte dos alunos, 78%, escolheram a alternativa A por entenderem que,
neste caso, a ação é transferida tendo em vista que a ação de comprar biscoitos é um
evento mais perceptível do que aquele sugerido pelo verbo divertir-se que, por sua vez,
pode implicar apenas um estado interno no agente. Sendo assim, 22% dos aprendizes
não perceberam a implicação dos verbos comprou e diverte(-se) sobre seus respectivos
agentes, considerando os dois verbos com valor semelhante para a análise do parâmetro
em questão.
Na décima questão, verificamos se os alunos conseguiram identificar uma ação
proposital por parte do agente, caracterizando, assim, o parâmetro Intencionalidade do
sujeito. Observemos:
A resposta da maioria, 92%, aponta a letra A como aquela que apresenta uma
ação proposital. Diante disso, identificamos significativa aprendizagem, também, do
parâmetro Intencionalidade, especificamente quando os alunos demonstram reconhecer
o desejo do agente em ir à feira, expresso pelo verbo decidir. Curiosamente, 8% não
chegaram a essa percepção ao identificarem, no verbo conseguir uma ação proposital.
90
mudança de condição. Assim, a alternativa C, diante das outras alternativas, será a que
apresenta maior transitividade.
Vamos verificar os resultados dos alunos em relação à décima primeira questão
no Gráfico 4:
Responderam
a alternativa A
11%
Responderam
a alternativa B
8%
Responderam a
alternativa C
81%
como utilizar o que está apresentado no livro didático para mostrar outros olhares sobre
os fenômenos linguísticos.
93
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. 16ª
reimpr. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
CUNHA, Maria Angélica da. SOUZA, Maria Medianeira de. Transitividade e seus
contextos de uso. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção leituras introdutórias em
linguagem; v.2)
HELENE, Maria Beatriz Marcondes; LAURIA, Maria Paula Parisi; BUSCATO, Lenira
Aparecida. Português: dialogando com textos. 2. ed. Curitiba: Positivo, 2006.
(Coleção português: dialogando com textos, v. 6)
NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola. 4. ed. São Paulo:
Contexto, 2007.
APÊNDICES
NA TRILHA DA TRANSITIVIDADE
A trilha deverá ser desenhada no piso para que o aluno possa percorrê-la
tranquilamente;
A sala será dividida em 5 equipes, 1 participante percorrerá a trilha e os demais
ajudarão com as respostas;
Com a ajuda de um dado, sortearemos a ordem de largada para cada equipe;
Vencerá o jogo a equipe que concluir o percurso primeiro.
10. Dizemos que o traço pontualidade torna a oração mais transitiva se a ação
expressa pelo verbo for instantânea ou contínua?
Acertou! Adiante duas casas
Errou! Recue uma casa
12. Escolha a oração cuja ação pode ser transferida de um participante para outro.
c. Eu abracei meu filho.
d. Carlos gosta de leite.
13. Para que a oração seja mais transitiva é necessário que, dentre outros
parâmetros, a polaridade seja negativa e a modalidade seja irrealis.
Essa afirmação é verdadeira ou falsa?
Acertou! Adiante duas casas
Errou! Recue uma casa
100
15. Na oração, Pedro comeu o bolo, temos um aspecto verbal télico porque a ação
foi concluída e um objeto afetado. Essa afirmação é verdadeira ou falsa?
Acertou! Adiante duas casas
Errou! Recue uma casa
16. Considerando o fato de o objeto ser individuado quando for um nome próprio,
humano/animado, concreto, singular, contável, definido, identifique as orações
cujos objetos podem ser considerados maximamente individuados.
c. ( ) “Eu namoro a noite.”
d. ( ) Marcos namora Joana.
P8
P7
P6
P5 P4
P3
P2
P1
Legenda
P1- pergunta número 1
P2- pergunta número 2
P3- pergunta número 3
P4- pergunta número 4
P5- pergunta número 5
P6- pergunta número 6
P7- pergunta número 7
P8- pergunta número 8
101
Adiante 1 casa
Adiante 3 casas
Volte para a casa número 5
Volte 1 casa
na feira. Naquele momento, a barraca era a nossa praça de alimentação, onde batemos
papo, sorrimos, fizemos novas amizades e nos divertimos.
Alimentados e bastante cansados, voltamos para casa com a certeza de que a
diversão foi garantida e que, na próxima semana, voltaríamos àquela feira para mais
uma oportunidade de desfrutarmos de muito lazer e aprendizagem.
Soleane Rodrigues Lustosa Lima
2. Das frases abaixo, identifique aquela na qual o sujeito transfere uma ação para
um paciente.
( ) Ela pôs uma rosa em meu cabelo.
( ) Segundo ele, precisava repor as energias consumidas pelas voltas dadas na
feira.
3. Identifique nas sentenças abaixo aquela cujo verbo dá idéia de ação concluída.
( ) Ela comprou biscoitos deliciosos para eles.
( ) Na companhia do menino, percorre toda a feira pesquisando o preço de
tudo.
6. Assinale a sentença cujo objeto foi mais afetado pela ação do sujeito.
( ) Pedrinho tomou todo o caldo de cana.
( ) Eu só consegui tomar metade do caldo de cana.
8. Percebe-se, nas frases abaixo, que algumas ações ocorreram e outras não.
Identifique aquela cuja ação é positiva, ou seja, uma ação ocorrida.
( ) Quando nós concluímos as compras, fomos à barraca de Seu João.
( ) Ela nunca conseguiu percorrer toda a feira.