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AULA 6 – HISTÓRIA DO

JORNALISMO
EXPANSSÃO DO JORNALISMO NA AMÉRICA (cap. 5 e
6 do texto Jorge Pedro de Sousa)
 A Era Moderna é marcada pela expansão da imprensa e das publicações periódicas, que encontram nas
reformas políticas a oportunidade para a alfabetização dos povos europeus.
 A disseminação do livro e dos periódicos permite a renovação das ideias que vão formar o que alguns
autores denominam de esfera pública, a qual contém a opinião pública. Isto é, os periódicos se
transformam em fóruns de opiniões e informações de interesse coletivo, de caráter político, portanto de
interesse público. Não mais o rei ou o clero monopolizava a opinião. Agora, os cidadãos poderiam se
informar e forma a própria opinião sobre os rumos da sociedade.
 A Revolução Gloriosa na Inglaterra (fundamentos das liberdades individuais), a Independência Norte-
Americana (1° emenda da Constituição proíbe a censura à imprensa) e a Revolução Francesa
(Declaração Universais do Direito do Homem apregoa a liberdade de imprensa) definiram os direitos de
cidadania na Modernidade e foram moldadas pelas ideias renovadoras e de oposição às monarquias
absolutistas, que definhavam por não conseguir dialogar com as demandas por mudanças.
 Os periódicos vão se moldando aos novos rumos, aos novos cenários culturais, os quais compreendem a
variedade de assuntos e demandas. É a era da diversificação temática, promovida pelas descobertas da
ciência, nas diversas especialidades também.
 A chegada da imprensa na América não é homogênea. A América do Norte, inglesa, registra os
primeiros periódicos ao final do século XVII. Na América espanhola, a imprensa chega em Lima, Peru, e
no México, em meados do século XVI. Na América portuguesa, a imprensa é inaugurada somente em
1800, com a chegada da Família Real ao Brasil.

EXPANSSÃO DO JORNALISMO NO MUNDO


 O capitalismo industrial atinge a produção jornalística. A máquina a vapor eleva a capacidade produtiva.
Jornais com tiragens baixas, de até 1.000 exemplares/dia, são sucedidos por jornais com impressoras
movidas a vapor com a capacidade de imprimir 1.100 exemplares/hora. Jornais saltam de uma tiragem
em torno de 1.000 exemplares/dia para 600 mil exemplares/dia até o final do século XIX.
 Consolida-se o modelo de notícia como mercadoria disputada num mercado competitivo.
 O século XIX moldou as bases do jornalismo impresso contemporâneo ao introduzir o planejamento
editorial em meio à competição mercadológica.
 A atenção às demandas do público, no qual a classe trabalhadora ascende à posição de classe média
consumidora, estimula a expansão da leitura dos jornais.
 As linhas e políticas editoriais de um jornalismo popular contrasta com os jornais destinados à elite
política e econômica. Novas linguagem são criadas. Inclusive a técnica do lead, a qual oferece as
informações mais importantes no primeiro parágrafo da notícia. O modelo de texto cronológico e
parnasiano, o qual misturava informação e opinião, é deixado para o passado.

IMPRENSA NA AMÉRICA ESPANHOLA


 A imprensa tipográfica chegou primeiro nas colônias espanholas do que no Brasil. Isso acontece porque
os espanhóis se depararam com povos de cultura mais intelectualizada do que aqueles que habitavam o
Brasil, visto que os maias, incas e astecas já dominavam a escrita, o que proporcionou maiores recursos
para implantar-se a tipografia naquelas regiões.
 Os cinco primeiros periódicos na América Espanhola:
• Gaceta de Lima – Peru – 1715 • La Gaceta de Habana - Cuba – 1782
• Gaceta de México – México – 1722 • El Papel Periódico – Colômbia – 1791
• La Gaceta de Guatemala - Guatemala – 1729
 Todos os periódicos eram oficias, tipo gazetas, com apoio dos governos coloniais.
IMPRENSA NOS ESTADOS UNIDOS
Cenário histórico - 1800
- Período pós-revoluções liberais e democráticas na Europa (Revolução Industrial e Francesa)
- Nascimento do sistema econômico capitalista e industrial.
- Ascensão das classes operárias, que passam a demandar a educação pública e gratuita.
- Invenção da máquina a vapor, que passa a ser utilizada na produção industrial.
- Demanda por ler e escrever para ler e escrever sobre os manuais das máquinas.
- Crescimento das cidades e as ondas de imigrantes que chegam à América, principalmente aos EUA.
- Acirramento da competição mercadológica entre os jornais norte-americanos e europeus.

Primeiros jornais
 Publick Occurrences both Foreign and Domestick: A primeira tentativa de um periódico mensário na
Nova Inglaterra, em Boston, em setembro de 1690. Seu criador, o tipógrafo Benjamin Harris, fugitivo
das prisões londrinas, livreiro e dono de um café/botequim, tentou publicar a segunda edição, mas foi
proibido pelas autoridades inglesas.
 O primeiro jornal dos EUA – Boston News Letter: 1704 - John Campbell lança o "Boston News - Letter"
considerado o primeiro jornal americano com periodicidade e aceitação pelas autoridades inglesas.
 The Pennsylvania Gazette (1728): Editado por Benjamin Franklin, foi, de fato, a primeira publicação nos
moldes do jornalismo moderno. Apesar dos textos opinativos, teve grande influência nos meios
intelectuais e políticos em favor da independência norte - americana.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_americano#:~:text=O%20fazer%20jornal%C3%ADstico
%20americano%20come%C3%A7ou,New%20England%2C%20por%20James
%20Franklin.&text=Em%201841%2C%20o%20c%C3%A9lebre%20jornalista,criou%20o%20New
%20York%20Tribune

O JORNAL POPULAR – The Sun


https://en.wikipedia.org/wiki/The_Sun_(New_York_City)
 Benjamim Day, impressor, lança em 1833 o primeiro jornal de massa dos EUA, voltado para a classe
trabalhadora e não a elite: o The New York Sun (The Sun), de Nova York.
 Ele adota uma linha editorial inovadora: a notícia de fatos mundanos como crimes, acidentes,
escândalos, fatos dos bastidores da alta sociedade novaiorquina. Eram temas do dia a dia da cidade,
voltado para circular entre a classe trabalhadora. Repórteres experientes são contratados para relatar a
vida da cidade.
 The Sun foi o primeiro jornal a relatar crimes e eventos pessoais, como suicídios, mortes e divórcios.
Mudou o jornalismo para sempre, tornando o jornal parte integrante da comunidade e da vida dos
leitores. Antes disso, todas as histórias nos jornais eram sobre política nacional e internacional, literatura,
artes, comércio, e se destinava à classe aristocrática e a elite, por isso eram de baixa tiragem e também
feitos por assinatura.
 Começou com 2.000 exemplares. Em seis meses atingiu 6.000 exemplares. Em 1837, tirava 30 mil
exemplares.
OBS: Tiragem – qntd. de exemplares impressos. N° de tiragem é sempre maior que o de circulação.
Circulação (audiência) – n° de exemplares de jornal consumido pelos leitores.
 Um penny (10 centavos) era o preço do exemplar, que permitia a emergente classe trabalhadora adquiri-
lo (os demais jornais eram mais caros e destinados apenas para as elites). Eram divulgados pelos
gazeteiros, crianças que gritavam as manchetes do jornal nas ruas, locais públicos e principais pontos de
movimento da cidade para vender os exemplares.
 1837 – quatro anos depois do lançamento, The Sun batia recorde de tiragem: 30 mil exemplares / dia.
Era um total maior do que a soma de todos os jornais diários novaiorquinos.
 O The Sun também aceitava os classificados (anúncios pessoais) e a publicidade, e dependia desses
anunciantes, ao contrário dos jornais concorrentes, que dependiam da venda e assinaturas. (The Sun foi o
jornal que demonstrou conclusivamente que um jornal poderia ser substancialmente sustentado por
anúncios e não por taxas de assinatura, e poderia ser vendido na rua em vez de entregue a cada
assinante).
 Artifícios Sensacionalistas: Para atrair mais leitores, Benjamim Day, dono do jornal, inventou uma
história sobre descobertas científicas acerca “da descoberta de vida na Lua” (1835). Os poucos textos
sobre política e economia eram superficiais. O The Sun era acusado de ser vulgar, sensacionalista e
ordinário. Mas vendia, e muito.

Expansão acelerada: Em 1820, os EUA abrigavam 512 jornais: 24 diários, 66 bi ou tri semanários, 422
hebdomadários. De 1808 a 1820, o Brasil tinha dois periódicos: Gazeta do Rio de Janeiro (1808) tri-
semanal; Idade D’Ouro (1811 / 1823 – Salvador, Bahia) – bi-semanal.

CONCORRÊNCIA
1835 – THE NEW YORK HERALD (EUA)
 James Gordon Bennet lança o New York Herald, para concorrer com B. Day.
 Fundou o jornal com apenas 500 dólares.
 Foi um sucesso de vendagem, fazendo com que o autor ficasse milionário. - 1837: 39 mil exemplares.
 Mesmo seus concorrentes mais difíceis reconheceram que Bennett tinha um instinto infalível para o que
interessava ao público e, sob sua direção, o Herald desenvolveu um estilo de reportagem de ênfase
sensacional, tom espirituoso e muitas vezes sarcástico, cínico ou mesmo malicioso (o jornal costumava
criticar uma ampla gama de pessoas). O Herald tinha uma equipe maior e publicou mais notícias do que
qualquer outro jornal da cidade de Nova York de sua época.
 Seu jornal publicava estupros, assassinatos e depravações e cobriu assuntos que não haviam sido
anteriormente considerados dignos de notícia ou haviam sido relatados de forma inadequada, como
finanças, esportes, eventos estrangeiros, assuntos da sociedade e teatro.
 Bennett também foi o pioneiro em métodos mais agressivos de coleta de notícias: ele desenvolveu a
entrevista como uma técnica de reportagem, contratou correspondentes estrangeiros e deu nova ênfase à
cobertura das artes e eventos culturais.

1873 - LLOYD’S WEEKLY NEWS (INGLATERRA)


 Foi um jornal de domingo.
 A mistura eclética de notícias, comentários, resenhas, extratos literários, informações práticas, conselhos
e publicidade ofereceu algo para interessar a todos os leitores.
 Produziu uma série de dramáticas reportagens sobre o caso Jack, o estripador:
https://www.casebook.org/press_reports/lloyds_weekly_news/18880930.html
 https://en.wikipedia.org/wiki/Lloyd%27s_Weekly_Newspaper
 https://www.edwardlloyd.org/lloydsweekly.php

1895 – THE NEW YORK JOURNAL (EUA)


 Willian R. Hearst lança o New York Journal.
 Logo alcançou uma circulação sem precedentes como resultado de seu uso de muitas ilustrações, seções
coloridas de revistas e manchetes gritantes; seus artigos sensacionais sobre crime e tópicos
pseudocientíficos; sua belicosidade nas relações exteriores; e seu preço reduzido de um centavo.
 O Journal publicou histórias e editoriais exagerados sobre as tensões políticas entre os Estados Unidos e
a Espanha que levaram o país a um ponto de histeria. Em 1898, forja notícias sobre um suposto atentado
contra um encouraçado norte - americano, o Maine, no porto de Havana.
 Hearst foi imortalizado no filme Cidadão Kane, de Orson Welles, de 1941, vencedor do Oscar.
 https://en.wikipedia.org/wiki/New_York_Journal-American
 https://www.britannica.com/topic/New-York-Journal-American

THE NEW YORK WORLD


 Joseph Pulitzer o criou.
 Política editorial ousada, sensacionalista, com temas políticas e histórias cotidianas dramatizadas.
 The World chegou a tirar 600 mil exemplares / dia.
 Investiu na qualidade editorial ao defender a formação acadêmica para os jornalistas. Assim, os
profissionais poderiam ser mais responsáveis e comprometidos com a veracidade do noticiário.
 Em testamento, doou US$ 1 milhão para a Universidade de Colúmbia criar um curso superior de
jornalismo.
 O New York World de Pulitzer e o New York Journal de Hearst envolveram-se em uma guerra de
circulação, e seu uso de esquemas promocionais e histórias sensacionais ficou conhecido como
jornalismo amarelo. As táticas usadas durante essa campanha aumentaram a circulação e influenciaram o
conteúdo e o estilo dos jornais na maioria das principais cidades dos EUA. Muitos aspectos do
jornalismo amarelo, como manchetes, histórias sensacionais, ênfase em ilustrações e suplementos
coloridos, tornaram-se uma característica permanente dos jornais populares nos EUA e na Europa
durante o século XX.
 Inovações:
 Impressão em cores, e muitas ilustrações.
 Lança os quadrinhos nos jornais.
o Criou um novo personagem jovem que usava uma camisola amarela. Conhecido como
Yellow Kid, esse cartoon tornou-se popular.
o Mutt & Jeff são os personagens da primeira tira em quadrinhos, publicada diariamente, a
discutir política (EUA). O autor é Harry Conway “Bud” Fischer.
 Hierarquização das notícias conforme o valor jornalístico.
o Antes, as seguiam um critério cronológico. Assim, as matérias feitas com as notícias que se
recebia de manhã iriam na capa e nas primeiras páginas do caderno de jornal; já as matérias
feitas com as notícias que se recebiam de tarde e noite, ficavam nas últimas páginas.
o Pulitzer inverte isso, adotando um valor novidade para hierarquizar: as notícias mais recentes
eram priorizadas. Ou seja, as matérias produzidas mais cedo iriam para as páginas finais do
caderno de jornal e as matérias produzidas mais tarde, ou seja, mais recentes, ocupariam a
capa e as primeiras páginas, criando a paginação (técnica de distribuição editorial das
reportagens e conteúdos nas páginas de caderno de uma edição) moderna.
o Assim, a informação mais relevante é a informação mais nova, atual. Quanto mais nova a
informação produzida, mais relevância jornalística ela tem.
https://spartacus-educational.com/USAnyworld.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/New_York_World

CRIAÇÃO DO PRÊMIO PULITZER


 O Prêmio Pulitzer é um prêmio estadunidense outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência
na área do jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia,
em Nova York. Foi criado em 1917 por desejo de Joseph Pulitzer que, na altura da sua morte, deixou
dinheiro à universidade. Parte do dinheiro foi usada para começar o curso de jornalismo na universidade
em 1912.
 O primeiro Prêmio Pulitzer foi dado em 4 de Junho de 1917, e é anunciado sempre em abril. Os
indicados são escolhidos por uma banca independente.
 Os prêmios são anuais e divididos em 21 categorias. Em vinte delas, os vencedores recebem um prêmio
de dez mil dólares em dinheiro e um certificado. O vencedor na categoria Serviço público de Jornalismo
ganha uma medalha de ouro; o prêmio de Serviço Público é sempre dado a um jornal, não a um
indivíduo, mesmo que um indivíduo seja citado.
 Apenas matérias e fotografias publicadas por jornais nos Estados Unidos são elegíveis pelo prêmio de
jornalismo.
 No Brasil, um equivalente ao prêmio Pulitzer é o Prêmio Esso.
 https://www.infoescola.com/literatura/premio-pulitzer/
 https://www.taglivros.com/blog/como-surgiu-o-premio-pulitzer/

OBS: The Daily Mirror – LONDRES


Lançado em dezembro de 1903, em Londres, The Daily Mirror inovou no formato. Foi o primeiro tablóide
no mundo. As manchetes ficaram maiores, as histórias mais curtas e as ilustrações mais abundantes.
Originalmente dirigido ao leitor da classe média, foi convertido em jornal da classe trabalhadora depois de
1934, a fim de atingir um público maior.
https://en.wikipedia.org/wiki/Daily_Mirror
☺ OBS – FORMATOS (TAMANHOS) DE JORNAIS
https://www.tamanhosdepapel.com/tamanhos-de-jornal.htm
http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2013/09/um-futuro-compacto-para-os-jornais/
Formato Tablóide: cada página mede aproximadamente 43 x 28 cm. As notícias são tratadas num formato
mais curto e o número de ilustrações costuma ser maior do que o dos diários de formato tradicional. É
particularmente popular no Reino Unido.
Formato Standard: Possui cerca de 55 cm.

OBS NA AULA:
JORNAL NOTÍCIAS POPULARES (BRASIL) – TINHA MANCHETES ABSURDAS

LER URGENTE: RESUMO JORNAIS EUA E EUROPA -


https://www.britannica.com/topic/publishing/Growth-of-the-newspaper-business-in-the-English-
speaking-world#ref398218
https://www.britannica.com/topic/publishing/Era-of-the-popular-press#ref398253
HISTÓRIA DOS JORNAIS AMERICANOS
https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_American_newspapers

HISTÓRIA THE NEW YORK TIMES – NÃO ABORDADO EM AULA


https://pt.wikipedia.org/wiki/The_New_York_Times
https://history.uol.com.br/hoje-na-historia/e-fundado-o-new-york-times
https://veja.abril.com.br/mundo/o-sucesso-do-jornalismo-digital-do-the-new-york-times/
https://www.dn.pt/media/a-historia-do-the-new-york-times-num-minuto-5683088.html
HISTÓRIA MAIORES JORNAIS DO MUNDO – NÃO ABORDADO EM AULA

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