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Comentário 9
Teoria crítica, formação cultural e educação:
homenagem a Bruno Pucci
FORMAÇÃO HUMANA: campo de
força e autoformação
Cláudio A. Dalbosco
Luiz Guilherme de Lima e Souza
Passando por Adorno, Kant, Rousseau, Goethe e, especialmente, Pucci, o autor Cláudio A.
Dalbosco faz um diálogo com o ensaio “Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister e a questão
da Bildung em Theodor Adorno”, apresentado por Bruno Pucci em uma conferência em 2011, em
Passo Fundo, RS.
Dalboso afirma que, entre os aspectos que compõem a formação humana, para Kant verifica-se a
importância da iniciativa pessoal, uma vez que o engajamento para percorrer qualquer processo
formativo parte do próprio indivíduo. Esse aspecto faz brotar o conceito de que toda formação é,
antes de mais nada, uma autoformação, pois o sujeito é necessariamente protagonista do seu
desenvolvimento. No entanto, essa autoformação é influenciada por pressões externas, ou seja,
é articulada com o mundo que a envolve. Nessa compreensão se faz visível a tarefa do educador
no processo formativo, que é de intermediar os elementos externos conduzindo-os maneira
formativa para o educando.
No entanto, o conceito de formação é oriundo da tradição greco-latina, que era considerado uma
preparação: “Preparação tem a ver, isto sim, com o cultivo amplo de todas as capacidades
humanas, colocando o educando em situações éticas concretas, que exigem dele assumir a
postura do outro, desenvolvendo atitudes simpáticas e respeitosas” (p. 143). Essa tradição
influencia a concepção rousseauniana de formação como educabilidade:
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defronta-se imediatamente com a imprevisibilidade da existência humana (p.
143).
Dalboa evidencia a estruturação de Pucci no ensaio “Os anos de aprendizado de Wilhelm
Meister e a questão da Bildung em Theodor Adorno” sobre o conceito de Bildung (“formação
humana como autoformação, e formação, diferentemente da educação, como processo
espontâneo, criativo, que visa ao desenvolvimento de todas as capacidades humanas em todas
as direções” p. 140) da seguinte forma:
● Instrução de si mesmo:
○ Auto preparação do ser humano em todas as suas capacidades, visando o
autogoverno individual e público.
● Inclinação irresistível por uma formação harmônica:
○ Buscar harmonia entre as diferentes e conflitantes capacidades humanas.
● Inclinação pela poesia e por tudo o que está relacionado com ela:
○ A arte em geral e a poesia em especial são formas de refinamento da
sensibilidade humana;
○ Conhecer e dominar suas paixões, para dar-lhes finalidades formativas (éticas).
● Necessidade de cultivar o espírito e o gosto:
○ Formação da capacidade humana de julgar, a qual, por sua vez, exige a correta
participação tanto da capacidade cognitiva como da prático-moral, mediada pela
sensibilidade estética;
■ Formação como campo de força (influência da crítica de Adorno na
interpretação de Pucci):
● Dialética materialista;
○ Formação assume a forma das forças sociais em conflito.
● Capitalismo contemporâneo/Indústria cultural;
○ Expansão das relações capitalistas para a cultura.
● Melhoramento progressivo da espécie humana;
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○ Conquista da maioridade humana por meio de processos
formativos que deveriam iniciar-se já na infância.
● Teoria da semiformação;
○ Auto reflexão crítica para sobrevivência da cultura.
O texto lido traz importantes contribuições à compreensão da formação humana e suas nuances.
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