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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

, devidamente qualificado nos autos em epigrafe


mencionados, representado por seu advogado infra firmado, vem,
respeitosamente perante este Douto Juízo, inconformado com r. acordão
do Agravo de Instrumento que extinguiu a ação de cumprimento de
sentença, interpor com fulcro no artigo 105, III, alínea “a” e “c” da
Constituição Federal, o presente RECURSO ESPECIAL, sustentando
violação aos artigos 509, § 2º e 513 e seguintes da Lei nº 13.105/2015.
Entendeu a Colenda Câmara Cível deste Egrégio Tribunal,
em síntese, decidiu modificar a decisão anulando a sentença, invalidando
os atos praticados, determinando a instauração de prévia liquidação de
sentença.
Agindo assim, a colenda Câmara ofendeu diversos
dispositivos legais, bem como divergiu de jurisprudência do Tribunal de
Justiça do Paraná, conforme a seguir se demonstrará, requerendo o
conhecimento e provimento do presente recurso.
Informa a parte Recorrente que, deixa de juntar as guias de
preparo de interposição do presente Recurso Especial eis que beneficiária
da justiça gratuita tacitamente.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo/SP, Friday, 10 de September de 2021


AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL

Colendo Superior Tribunal de Justiça,


Ilustres Ministros.

I DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, cumpre ressaltar a tempestividade do presente


recurso, sendo que o prazo é de 15 (quinze cinco) dias,.
Portanto, é tempestivo o presente Recurso apresentado
nesta data.

II DA DECISÃO RECORRIDA – DO CABIMENTO DO RECURSO


ESPECIAL

II.I – Contrariedade aos arts. 509, § 2º e 513 e seguintes, do Novo


Código de Processo Civil

Ao julgar a lide e. Tribunal de Justiça entendeu por bem


manter a sentença que extinguiu a ação de cumprimento de sentença por
carência de título executivo líquido.
Posicionou-se o acórdão recorrido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação civil pública com decisão
transitada em julgado. Expurgos inflacionários. Plano Verão.
Caderneta de poupança. Obrigatoriedade de liquidação da
sentença genérica, devido à necessidade de apuração da
titularidade da conta e existência de saldo positivo à época
dos fatos. Impossibilidade de supressão da fase liquidatória
e ajuizamento direto do cumprimento de sentença.
Inadequação do pedido executório. Ausência de interesse
processual. Provimento do agravo para anulara execução.
Recurso provido.
Ousamos divergir do julgado, uma vez que não é necessário
ao poupador o ajuizamento de ação de liquidação, não há falar em
ausência de liquidez do título executivo.
A determinação do valor da condenação, neste caso,
depende de simples cálculo aritmético, e, como nos ensina Araken de
Assis, in Manual da Execução, 12ª Ed. Revista dos Tribunais, 2009, pág.
161, verbis:
'Note-se que liquidez, nos títulos extrajudiciais e
judiciais, se traduz na simples determinabilidade do
valor (quantum debeatur) mediante cálculos
aritméticos. Como se infere do art. 475-B, caput, d
CPC, a liquidez se configurará mediante a simples
apresentação de planilha explicitando principal e
acessórios'.
Portanto, apresentado o demonstrativo do débito atualizado
até a data da propositura da ação, cumprindo o disposto no art. 798, do
Código de Processo Civil, não havendo que se falar na falta de liquidez do
título.
Portanto, o acórdão recorrido incorreu ofensa aos arts. 509,
§ 2º e 513 e seguintes, do Novo Código de Processo Civil, ao concluir que
o título executivo carece de liquidez para ajuizamento de cumprimento de
sentença.
Assim sendo, requer-se o conhecimento e provimento do
Recurso Especial, para modificar o acórdão de 2º grau, nesta parte.
Senão bastasse a ofensa à legislação federal, o acórdão
recorrido diverge sobre interpretação de legislação Federal dada por
outros Tribunais.

III SÍNTESE PROCESSUAL

Em breve relatado do trâmite deste feito, cumpre indicar


que se trata de feito executório da sentença coletiva do chamado Plano
Verão, instituído em 15 de janeiro de 1989, por meio da Medida Provisória
n. 32, convertida posteriormente na Lei n. 7.730, de 31.1.1989.
Decidiu o Douto Magistrado:
Posto isto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a
impugnação deduzida, tão somente para que a parte
exequente apresente nova planilha de débito, segundo os
parâmetros aqui apontados. Diante da sucumbência
preponderante experimentada arcará o executado com
honorária, que ora fixo em dez por cento do valor da
diferença entre o cobrado e o devido. No mais, prossiga-se a
execução,sem efeito suspensivo à impugnação apresentada.
O recorrido, inconformada, interpôs Agravo de instrumento
a fim de reformar a sentença de extinção do processo.
O Tribunal a quem, decidiu modificar a decisão anulando a
sentença, invalidando os atos praticados, determinando a instauração de
prévia liquidação de sentença, nos seguintes termos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação civil pública com decisão
transitada em julgado. Expurgos inflacionários. Plano Verão.
Caderneta de poupança. Obrigatoriedade de liquidação da
sentença genérica, devido à necessidade de apuração da
titularidade da conta e existência de saldo positivo à época
dos fatos. Impossibilidade de supressão da fase liquidatória
e ajuizamento direto do cumprimento de sentença.
Inadequação do pedido executório. Ausência de interesse
processual. Provimento do agravo para anulara execução.
Recurso provido.
Tal como já vem apontado à parte Recorrente ao longo do
processo, a suposta necessidade de liquidação da sentença determinado
no acórdão ora combatido ofende ao instituto da coisa julgada, além de
abrir divergência com diversos entendimentos sustentados por outros
Tribunais Justiça.

IV DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO


ESPECIAL

O recurso especial é cabível contra julgado proferido


em única ou última instância, quando, ao solucionar questão de
direito legal federal, o tribunal regional federal ou tribunal local:
a) contrariar ou negar vigência a dispositivo de Lei Federal ou de
tratado; b) considerar válido ato de governo local contestado em face de
Lei Federal; c) atribuir a preceito de Lei Federal interpretação
divergente da conferida por outro Tribunal . É o que se infere do
artigo 105, inciso III, letras “a”, “b” e “c”, da vigente Constituição Federal,
alíneas que podem ser evocadas em conjunto ou separadamente.
No caso em apreço, o REsp em deslinde tem como suporte
legal as disposições das alíneas “a” “c” acimas negritadas.
Questão de direito é a controvérsia que envolve a validade,
a vigência, a interpretação, enfim, a aplicação das normas que integram o
ordenamento jurídico. Mas não é qualquer questão de direito que autoriza
o recurso: O especial só é cabível para a discussão de questão de direito
legal federal, exatamente como se apresenta in casu a discussão quanto
(in) aplicabilidade dos 502, 503 e 507, ambos do CPC/2015, que se
referem à coisa julgada.
É que o título judicial objeto do presente cumprimento de
sentença não necessita ser liquidado, não somente devido a causa de
pedir e o pedido inicial do Recorrente, assim como pela sentença não
ter sido reformada neste ponto em específico, sob pena de violação à
coisa julgada.

IV.I DO PREQUESTIONAMENTO
Percebe-se também que o acórdão combatido não
comporta naquele Tribunal JUSTIÇA mais nenhum recurso, sendo,
portanto, uma decisão de última instância.
Neste ponto merece destaque o PREQUESTIONAMENTO
no tocante a necessidade de que a matéria veiculada no Recurso Especial
tenha sido exaustivamente decidida pelo Tribunal de Origem. Necessita
que fique claro o enfretamento pelo Tribunal a quo da matéria recursal,
fazendo alcançar o real sentido da expressão legal “proferido em única ou
última instância”.
O cumprimento do prequestionamento, entretanto, não está
condicionado à menção expressa, no acórdão recorrido, do preceito
tido por violado pelo recorrente1
Por sua vez, o doutrinador BERNARDO PIMENTEL
expressa de forma bastante inteligente a correta compreensão e limites
do prequestionmento, em seu livro, Introdução aos Recursos Cíveis, 2011,
p. 632/633, in verbis:
“O que importa para a satisfação do prequestionamento
é ter sido a matéria jurídica alvo de discussão no
recurso dirigido ao tribunal superior previamente
solucionada no julgado recorrido. É, aliás, o que se
infere dos enunciados ns. 282 e 356 da Súmula do
Supremo Tribunal Federal, aplicáveis por analogia ao
recurso especial”.
Por tudo, é evidente o prequestionamento quando há
menção expressa ao preceito de regência da questão federal, no bojo da
decisão recorrida. Também há prequestionamento quando a questão
federal é resolvida no julgado recorrido, ainda que sem a menção ao
respectivo preceito legal de regência. Em contraposição, não há
prequestionamento quando a questão federal não é solucionada na
decisão recorrida, apesar de previamente veiculada em peças processuais,
por exemplo, na petição inicial, na contestação, nas razões recursais, nas
contrarrazões.
Conforme maiores detalhes abaixo transcritos, verificar-se-á
o equívoco quanto à aplicação dos o art. 783 e 803, I, do nCPC.

V DOS PRESSUPOSTOS PARA RECEBIMENTO DO RECURSO


ESPECIAL

V.I DO DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL

1
Em sentido idêntico, na doutrina: ATHOS CARNEIRO. Requisitos. 1999, p. 107 e 111; e EDUARDO
RIBEIRO. Prequestionamento. 1999, p. 248, 249 e 252. Assim, na jurisprudência: RE n. 234.979/SP
— AgRg, 2ª Turma do STF: “O prequestionamento prescinde da referência, no acórdão proferido, a
números de artigos, parágrafos, incisos e alíneas. Diz-se prequestionado certo tema quando o órgão
julgador haja adotado entendimento explícito a respeito”. Ainda no mesmo sentido: EREsp n.
162.608/SP, Corte Especial do STJ, julgado em 16 de junho de 1999. Também no sentido do texto:
EREsp n. 165.212/MS, Corte Especial do STJ
Com efeito, o Acórdão recorrido diverge de outros arestos,
notadamente, de acórdãos deste Egrégio Tribunal Superior e de outros
Tribunais, que servem de paradigma para os fins do presente Recurso, e
que se refere à lei federal invocada, estando presente a interpretação
divergente, ao passo que são adotados critérios e parâmetros diferentes
quanto a dispensa liquidação de sentença anterior ao ajuizamento da ação
de cumprimento de sentença, tendo em vista tratar-se de cálculos
meramente aritméticos e de fácil produção.
Assim, analisando o Acórdão impugnado que deu a Lei
Federal interpretação divergente daquelas que lhe foi emprestada em
outras decisões de outros Tribunais pátrios, com a permissa venia, estas
devem prevalecer também para a hipótese dos autos.

VI DOS ACÓRDÃOS PARADIGMAS. ENTENDIMENTO DE DIVERSOS


TRIBUNAIS DE JUSTIÇA PELA DESNECESSIDADE DE LIQUIDAÇÃO
DA SENTENÇA

Como paradigma, para fins de comprovação da


divergência jurisprudencial a que alude a alínea “c” do inciso III
do artigo 105 da Constituição Federal, indica-se julgados, que
reconhecem a liquidez do título executivo proveniente de ação civil
pública:
EMENTAPROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE AGRAVO.
ESPÉCIE POR INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA.
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. REJEIÇÃO. COISA
JULGADA. OFENSA. INEXISTÊNCIA.
DESCONSTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE. VIA INADEQUADA.
ILEGITIMIDADE ATIVA. INOCORRÊNCIA. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. IDEC - INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. AÇÃO INTERPOSTA EM BRASÍLIA.
ABRANGÊNCIA NACIONAL DA DEMANDA.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO. TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL. LIQUIDEZ. PEDIDO INSTRUÍDO COM A
MEMÓRIA DISCRIMINADA E ATUALIZADA DO
CÁLCULO. EXEGESE DO ART. 475-B DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL.PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. 1. Coisa julgada.
Ofensa. Inexistência. Considerando que o presente
cumprimento de sentença tem por objeto a ação civil
pública proposta pelo IDEC em face do Banco do Brasil,
não há que se cogitar em ofensa à coisa julgada,
tampouco em prescrição, ainda que por vias
transversas. 2. Ilegitimidade ativa. Limite territorial. A
execução individual de ação civil pública proposta pelo
IDEC em face do Banco do Brasil S/A a qual foi julgada
pela 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial Judiciária
de Brasília - DF tem eficácia em todo o território
nacional, desde que corresponda a foro do beneficiário.
3. Título Executivo Judicial. Liquidez. Inexiste
iliquidez na sentença coletiva se, mesmo impondo
condenação genérica, indica o período e os
parâmetros para apuração dos valores a serem
restituídos, passíveis de aferição por simples
cálculos aritméticos. 4. Prequestionamento. Havendo
fundamento suficiente para a composição do litígio,
dispensa-se a análise de todas as razões adstritas ao
mesmo fim, pois a finalidade da jurisdição é compor a
lide e não discutir as teses jurídicas nos moldes
expostos pelas partes. É prescindível a citação expressa
dos dispositivos legais, a fim de atender-se o requisito
do prequestionamento.Recurso desprovido. (TJ-PR -
Ação Civil de Improbidade Administrativa: 9739277 PR
973927-7 (Acórdão), Relator: Jurandyr Souza Junior,
Data de Julgamento: 27/03/2013, 15ª Câmara Cível,
Data de Publicação: DJ: 1074 08/04/2013)
APELAÇÃO CÍVEL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
PROFERIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA - JURISDIÇÃO DO
TJDFT - EFEITO ERGA OMNES - EFICÁCIA NACIONAL -
RECONHECIMENTO DE DIREITO METAINDIVIDUAL -
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS - ÍNDICE DE JANEIRO DE
1989 - PLANO VERÃO - RESP nº 1.243.887/PR -
RECURSO REPETITIVO - EXEQUIBILIDADE DO
TÍTULO NESTE TJMG - PRECEDENTES DO STJ -
MÉRITO - PRECLUSÃO TEMPORAL - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - FIXAÇÃO - POSSIBILIDADE -
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO.
- O colendo Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do REsp nº 1.243.887-PR
(representativo da controvérsia), ao analisar a
questão da competência territorial para julgar a
execução individual do título constituído em ação
civil pública, decidiu que tanto a liquidação como
o cumprimento de sentença genérica produz
efeitos para além dos limites da competência
ratione loci do órgão prolator. - Se a parte
executada, oportunamente, não impugnou o
cumprimento de sentença, embora tenha sido
regularmente intimada, opera-se a preclusão temporal,
não se mostrando adequada a discussão da matéria em
sede de apelação. - "São cabíveis honorários
advocatícios em fase de cumprimento de sentença,
haja ou não impugnação, depois de escoado o prazo
para pagamento voluntário a que alude o art. 475-J do
CPC, que somente se inicia após a intimação do
advogado". Precedentes do STJ. - A sentença que
resolveu a lide dessa forma deve ser mantida e o
recurso não provido. (TJ-MG , Relator: Mariângela
Meyer, Data de Julgamento: 12/08/2014, Câmaras
Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL) (grifei)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO COLETIVA. INSTITUTO BRASILEIRO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). [...]  7.
Liquidação de sentença. Prescinde de prévia
liquidação de sentença a execução de título
executivo que fixou o percentual dos rendimentos
expurgados da remuneração das cadernetas de
poupança, além da inicial executiva anexar os
extratos bancários necessários para aferição do
débito. Apuração da dívida é de fácil confecção,
eis que o Tribunal de Justiça institui o simulador
de cálculo que é de extrema confiabilidade e
praticidade. Mera operação aritmética que afasta
a iliquidez do título . AGRAVO DE INSTRUMENTO
CONHECIDO EM PARTE E, NESTA, NEGADO
SEGUIMENTO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo
de Instrumento Nº 70057929614, Vigésima Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Claudemir José Colin Missaggia, Julgado em
20/12/2013) (grifei)
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXECUÇÃO INDIVIDUAL -
SENTENÇA COLETIVA - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS -
TÍTULO EXECUTIVO - APURAÇÃO DO "QUANTUM"
DEVIDO - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA -
DESNECESSIDADE - MEROS CÁLCULOS
ARITMÉTICOS - EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO -
IMPOSSIBILIDADE.- No caso da execução
individual de Sentença coletiva de expurgos
inflacionários em caderneta de poupança,
inexistindo necessidade de provar-se fato novo e
sendo suficiente para a apuração do quantum
debeatur a elaboração de cálculos aritméticos,
não há que se falar em extinção do feito
executivo, para que se proceda à liquidação de
sentença. - Deve-se aplicar à espécie o comando do
art. 475-B, do CPC, que permite a liquidação por
simples cálculos matemáticos. (Des. Roberto
Vasconcelos)  (TJMG -  Apelação Cível
1.0344.13.001697-7/001, Relator(a): Des.(a) João
Cancio , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
10/03/2015, publicação da súmula em 16/03/2015)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO
REVISIONAL - FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -
REMESSA DOS AUTOS Á CONTADORIA JUDICIAL -
JUSTIÇA GRATUITA. Cabível a remessa dos autos à
Contadoria Judicial para os cálculos da liquidação de
sentença, quando a parte litigar sob o pálio da justiça
gratuita.  (TJMG -  Agravo de Instrumento-Cv
1.0074.12.001585-9/002, Relator(a): Des.(a) Wagner
Wilson , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
04/03/2015, publicação da súmula em 13/03/2015)

VII DA INTERPRETAÇÃO DIVERSA DE LEI FEDERAL

O V. Acórdão recorrido diverge do proferido pelo Tribunal de


Justiça do Paraná, no julgamento do Agravo de Instrumento nº 973.927-7
em que foi Relator Jurandyr Souza Jr em 27.03.2013, comprovando-se
a divergência nos termos do artigo 255, § 1º, alínea “a”, do Regimento
Interno STJ, cujo inteiro teor segue em anexo.
a) Das transcrições
V. Acórdão recorrido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação civil pública com decisão
transitada em julgado. Expurgos inflacionários. Plano Verão.
Caderneta de poupança. Obrigatoriedade de liquidação da
sentença genérica, devido à necessidade de apuração da
titularidade da conta e existência de saldo positivo à época
dos fatos. Impossibilidade de supressão da fase liquidatória
e ajuizamento direto do cumprimento de sentença.
Inadequação do pedido executório. Ausência de interesse
processual. Provimento do agravo para anular a execução.
Recurso provido. (TJSP;  Agravo de Instrumento 2201814-
10.2015.8.26.0000; Relator (a): Flávio Cunha da Silva;
Órgão Julgador: 38ª Câmara de Direito Privado; Foro de São
Bernardo do Campo - 6ª Vara Cível; Data do Julgamento:
23/10/2018; Data de Registro: 25/10/2018)
V. Acórdão paradigma
EMENTAPROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE AGRAVO.
ESPÉCIE POR INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA.
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. REJEIÇÃO.COISA
JULGADA. OFENSA. INEXISTÊNCIA.
DESCONSTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE. VIA
INADEQUADA.ILEGITIMIDADE ATIVA. INOCORRÊNCIA.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IDEC - INSTITUTO BRASILEIRO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. AÇÃO INTERPOSTA EM
BRASÍLIA.ABRANGÊNCIA NACIONAL DA DEMANDA.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO.TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL. LIQUIDEZ. PEDIDO INSTRUÍDO COM A
MEMÓRIA DISCRIMINADA E ATUALIZADA DO
CÁLCULO. EXEGESE DO ART. 475-B DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL.PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS.1. Coisa julgada.
Ofensa. Inexistência. Considerando que o presente
cumprimento de sentença tem por objeto a ação civil
pública proposta pelo IDEC em face do Banco do Brasil,
não há que se cogitar em ofensa à coisa julgada,
tampouco em prescrição, ainda que por vias
transversas.2. Ilegitimidade ativa. Limite territorial. A
execução individual de ação civil pública proposta pelo
IDEC em face do Banco do Brasil S/A a qual foi julgada
pela 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial Judiciária
de Brasília - DF tem eficácia em todo o território
nacional, desde que corresponda a foro do
beneficiário.3. Título Executivo Judicial. Liquidez.
Inexiste iliquidez na sentença coletiva se, mesmo
impondo condenação genérica, indica o período e
os parâmetros para apuração dos valores a serem
restituídos, passíveis de aferição por simples
cálculos aritméticos.4. Prequestionamento. Havendo
fundamento suficiente para a composição do litígio,
dispensa-se a análise de todas as razões adstritas ao
mesmo fim, pois a finalidade da jurisdição é compor a
lide e não discutir as teses jurídicas nos moldes
expostos pelas partes. É prescindível a citação expressa
dos dispositivos legais, a fim de atender-se o requisito
do prequestionamento.Recurso desprovido. (TJPR - 15ª
C.Cível - AI - 973927-7 - Campo Mourão - Rel.:
Jurandyr Souza Junior - Unânime - - J. 27.03.2013)
Portanto, a questão controvertida é quanto a liquidez do
título executivo, e sua desnecessidade de realização de perícia contábil.

b) Da comprovação analítica do dissídio pretoriano

Como se verifica pelas transcrições, ora feitas, é evidente a


identificação entre o caso trazido à colação e a hipótese decidida nos
autos.
Entretanto, as soluções apresentam-se totalmente
divergentes. O paradigma decidiu no sentido de: “Não há que se cogitar
em iliquidez da sentença coletiva se, mesmo impondo condenação
genérica, indica o período e os parâmetros para apuração dos valores a
serem restituídos, passíveis de aferição por simples cálculos aritméticos.”
Por sua vez o Recorrido, decide que: “Considerando que não
foi promovida a prévia liquidação de sentença, não há título líquido a
amparar o presente cumprimento de sentença”.
Ou seja, são de lides com mesmo objetivo o que demonstra
a similitude dos fatos.
Ocorre que o acórdão paradigma assim decidiu:
10. Diante do reconhecimento do direito individual
homogêneo e por se tratar de sentença genérica, há
necessidade de se individualizar em posterior
liquidação, o direito alcançado por cada um na
sentença, como também identificar a titularidade do
crédito que pretende requerer em sede de cumprimento
sentença, para conseguir a satisfação do crédito.
E por sua vez o Recorrido, decide assim:
Em suma, inarredável a fase de liquidação com cognição
exauriente acerca do titular da obrigação e da prestação
devida. Nada obstante seja despicienda, em tese, a
propositura de processo de execução autônomo, ante o
encadeamento de fases do processo que se inicia com a
cognição, segue com a liquidação e encerra-se com bom
termo da execução, é induvidoso que a instauração do
cumprimento de sentença exige que haja um título judicial
apto a gerar atos materiais que atingirão a esfera
patrimonial do executado.
São decisões extremantes, cabendo ao Superior Tribunal de
Justiça pacificar a celeuma.
Assim, não merece prosperar o acórdão de extinção ora
Recorrido, pois, tendo sido apresentado cálculo aritmético do débito
exequendo, nos termos do art. 509, §2, do Novo Código de Processo Civil,
mostra-se perfeitamente possível o emprego da liquidação por simples
cálculo.
Mesmo porque, sequer é necessário o ajuizamento de
incidente de liquidação, pois diante dos parâmetros fixados na
decisão da ação coletiva, basta ao poupador ou ao Banco a
realização de mero cálculo aritmético para apuração da quantia
devida.
Nelson Nery Júnior ao enfrentar questão atinente ao cálculo
aritmético, aduz que:
“Quando a liquidez da sentença depender de mero
cálculo aritmético, o credor deverá, desde logo,
requerer o cumprimento da sentença, nos termos do
CPC 475-I, fazendo seu requerimento ser acompanhado
da planilha de cálculo, isto é, da demonstração de como
chegou ao valor que pretende haver do devedor (CPC
475-B e 614 II). O credor poderá fazer o demonstrativo
dos cálculos no próprio requerimento da execução
(cumprimento da sentença). O devedor poderá
impugnar o valor por meio do instituto da impugnação
ao cumprimento da sentença (art. 475-L V).”
Em suma, de posse da decisão da ação coletiva, não é
necessário ao poupador o ajuizamento de ação de liquidação, pois, ao
contrário do que afirma o ministro, o titular do crédito é certo (e se prova
mediante simples juntada de extrato da época), e a quantia devida
depende de simples cálculo aritmético, conforme reiteradas decisões
jurisprudenciais.
A título de exemplo:
EMENTAPROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE AGRAVO.
ESPÉCIE POR INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA.
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. REJEIÇÃO.COISA
JULGADA. OFENSA. INEXISTÊNCIA.
DESCONSTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE. VIA
INADEQUADA.ILEGITIMIDADE ATIVA. INOCORRÊNCIA.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IDEC - INSTITUTO BRASILEIRO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. AÇÃO INTERPOSTA EM
BRASÍLIA.ABRANGÊNCIA NACIONAL DA DEMANDA.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO. TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL. LIQUIDEZ. PEDIDO INSTRUÍDO COM A
MEMÓRIA DISCRIMINADA E ATUALIZADA DO
CÁLCULO. EXEGESE DO ART. 475-B DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL.PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS. 1. Coisa julgada.
Ofensa. Inexistência. Considerando que o presente
cumprimento de sentença tem por objeto a ação civil
pública proposta pelo IDEC em face do Banco do Brasil,
não há que se cogitar em ofensa à coisa julgada,
tampouco em prescrição, ainda que por vias
transversas. 2. Ilegitimidade ativa. Limite territorial. A
execução individual de ação civil pública proposta pelo
IDEC em face do Banco do Brasil S/A a qual foi julgada
pela 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial Judiciária
de Brasília - DF tem eficácia em todo o território
nacional, desde que corresponda a foro do beneficiário.
3. Título Executivo Judicial. Liquidez. Inexiste
iliquidez na sentença coletiva se, mesmo impondo
condenação genérica, indica o período e os
parâmetros para apuração dos valores a serem
restituídos, passíveis de aferição por simples
cálculos aritméticos. 4. Prequestionamento. Havendo
fundamento suficiente para a composição do litígio,
dispensa-se a análise de todas as razões adstritas ao
mesmo fim, pois a finalidade da jurisdição é compor a
lide e não discutir as teses jurídicas nos moldes
expostos pelas partes. É prescindível a citação expressa
dos dispositivos legais, a fim de atender-se o requisito
do prequestionamento.Recurso desprovido. (TJ-PR -
Ação Civil de Improbidade Administrativa: 9739277 PR
973927-7 (Acórdão), Relator: Jurandyr Souza Junior,
Data de Julgamento: 27/03/2013, 15ª Câmara Cível,
Data de Publicação: DJ: 1074 08/04/2013)
APELAÇÃO CÍVEL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
PROFERIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA - JURISDIÇÃO DO
TJDFT - EFEITO ERGA OMNES - EFICÁCIA NACIONAL -
RECONHECIMENTO DE DIREITO METAINDIVIDUAL -
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS - ÍNDICE DE JANEIRO DE
1989 - PLANO VERÃO - RESP nº 1.243.887/PR -
RECURSO REPETITIVO - EXEQUIBILIDADE DO
TÍTULO NESTE TJMG - PRECEDENTES DO STJ -
MÉRITO - PRECLUSÃO TEMPORAL - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - FIXAÇÃO - POSSIBILIDADE -
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO.
- O colendo Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do REsp nº 1.243.887-PR
(representativo da controvérsia), ao analisar a
questão da competência territorial para julgar a
execução individual do título constituído em ação
civil pública, decidiu que tanto a liquidação como
o cumprimento de sentença genérica produz
efeitos para além dos limites da competência
ratione loci do órgão prolator. - Se a parte
executada, oportunamente, não impugnou o
cumprimento de sentença, embora tenha sido
regularmente intimada, opera-se a preclusão temporal,
não se mostrando adequada a discussão da matéria em
sede de apelação. - "São cabíveis honorários
advocatícios em fase de cumprimento de sentença,
haja ou não impugnação, depois de escoado o prazo
para pagamento voluntário a que alude o art. 475-J do
CPC, que somente se inicia após a intimação do
advogado". Precedentes do STJ. - A sentença que
resolveu a lide dessa forma deve ser mantida e o
recurso não provido. (TJ-MG , Relator: Mariângela
Meyer, Data de Julgamento: 12/08/2014, Câmaras
Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL) (grifei)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO COLETIVA. INSTITUTO BRASILEIRO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). [...]  7.
Liquidação de sentença. Prescinde de prévia
liquidação de sentença a execução de título
executivo que fixou o percentual dos rendimentos
expurgados da remuneração das cadernetas de
poupança, além da inicial executiva anexar os
extratos bancários necessários para aferição do
débito. Apuração da dívida é de fácil confecção,
eis que o Tribunal de Justiça institui o simulador
de cálculo que é de extrema confiabilidade e
praticidade. Mera operação aritmética que afasta
a iliquidez do título . AGRAVO DE INSTRUMENTO
CONHECIDO EM PARTE E, NESTA, NEGADO
SEGUIMENTO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo
de Instrumento Nº 70057929614, Vigésima Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Claudemir José Colin Missaggia, Julgado em
20/12/2013) (grifei)
Vale observar que tal procedimento não implica em prejuízo
processual, uma vez que o Banco Recorrido poderá impugnar o pedido de
cumprimento, caso venha a discordar do valor apresentado, oportunidade
que lhe caberá demonstrar planilha onde fique evidenciada sua
discordância.
Excelências, não se mostra necessário realizar a liquidação
da sentença, frente à norma esculpida no art. 509, §2º, do Novo Código
de Processo Civil e o pacífico entendimento da Jurisprudência de que a
execução da sentença de correção do saldo da poupança/expurgos
inflacionários deve ser feita por mero cálculo aritmético, senão
vejamos:
Art. 509.  
§ 2o  Quando a apuração do valor depender
apenas de cálculo aritmético, o credor poderá
promover, desde logo, o cumprimento da
sentença.
A sistemática do Código de Processo Civil, depois de
diversas reformas no instituto da Liquidação de Sentença, estabeleceu que
o credor ao requerer a execução da sentença deve apresentar memória
discriminada do débito. E, isto, significa exercer pretensão executiva pelos
valores apresentados.
Na hipótese vertente, desnecessária se mostra a liquidação
de sentença, porquanto possível que a ação prossiga a partir da análise
dos extratos que são suficientes para embasar o pleito acompanhado da
respectiva planilha de cálculos. Sobre o tema, já decidiu Tribunal de
Justiça Mineiro:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXECUÇÃO INDIVIDUAL -
SENTENÇA COLETIVA - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS -
TÍTULO EXECUTIVO - APURAÇÃO DO "QUANTUM"
DEVIDO - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA -
DESNECESSIDADE - MEROS CÁLCULOS
ARITMÉTICOS - EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO -
IMPOSSIBILIDADE.- No caso da execução
individual de Sentença coletiva de expurgos
inflacionários em caderneta de poupança,
inexistindo necessidade de provar-se fato novo e
sendo suficiente para a apuração do quantum
debeatur a elaboração de cálculos aritméticos,
não há que se falar em extinção do feito
executivo, para que se proceda à liquidação de
sentença. - Deve-se aplicar à espécie o comando do
art. 475-B, do CPC, que permite a liquidação por
simples cálculos matemáticos. (Des. Roberto
Vasconcelos)  (TJMG -  Apelação Cível
1.0344.13.001697-7/001, Relator(a): Des.(a) João
Cancio , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
10/03/2015, publicação da súmula em 16/03/2015)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO
REVISIONAL - FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -
REMESSA DOS AUTOS Á CONTADORIA JUDICIAL -
JUSTIÇA GRATUITA. Cabível a remessa dos autos à
Contadoria Judicial para os cálculos da liquidação de
sentença, quando a parte litigar sob o pálio da justiça
gratuita.  (TJMG -  Agravo de Instrumento-Cv
1.0074.12.001585-9/002, Relator(a): Des.(a) Wagner
Wilson , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
04/03/2015, publicação da súmula em 13/03/2015)
Neste sentido a jurisprudência:
Cumprimento de sentença. Expurgos inflacionários.
Liquidação de sentença. Se o valor da condenação
(diferenças de correção monetária relativas a
expurgos inflacionários) pode ser calculado
mediante simples cálculos aritméticos, não é
necessária liquidação de sentença para apurá-lo.
Agravo provido. (Acórdão n.848563,
20140020313615AGI, Relator: JAIR SOARES, 6ª Turma
Cível, Data de Julgamento: 11/02/2015, Publicado no
DJE: 24/02/2015. Pág.: 234)
DIREITOPROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EM
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS.QUESTÕES RELATIVAS À
INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS
REMUNERATÓRIOS. PRECLUSÃO. OCORRÊNCIA. 1. As
questões relativas à ilegitimidade ativa do exequente, à
suspensão da ação originária e à nulidade da fase de
cumprimento de sentença, encontram-se preclusas,
porquanto já apreciadas em outro Agravo de
Instrumento. 2. Não há necessidade de liquidação
por arbitramento, uma vez que, por se tratar de
aplicação de correção monetária e juros sobre
depósitos de cadernetas de poupança, a apuração
do valor da condenação depende tão-somente da
realização de cálculos aritméticos. 3. Não merece
censura a r. decisãoa quo, com relação à aplicação de
juros remuneratórios de 0,5% ao mês, uma vez que,
nos termos do § 3º, do art. 12, do Decreto-Lei n.
2.284/86, “a taxa de juros incidente sobre os depósitos
de cadernetas de poupança será, no mínimo, de 6%
(seis por cento) ao ano, podendo ser majorada pelo
Conselho Monetário Nacional.” 4. É cabível a fixação de
honorários advocatícios na fase de cumprimento de
sentença, nas hipóteses em que o devedor não vem a
cumprir espontaneamente a obrigação, no prazo legal.
5.Agravo de Instrumento conhecido e não provido.
(Acórdão n.838211, 20140020099297AGI, Relator:
NÍDIA CORRÊA LIMA, 3ª Turma Cível, Data de
Julgamento: 03/12/2014, Publicado no DJE:
11/12/2014. Pág.: 137)
AGRAVO DE INSTRUMENTO – IMPUGNAÇÃO A
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA – ALEGAÇÃO DE
ILIQUIDEZ DO TÍTULO – DESNECESSIDADE –
APURAÇÃO MEDIANTE SIMPLES CÁLCULOS
ARITMÉRICOS – EXCESSO DE EXCECUÇÃO – AUSÊNCIA
DE DECLARAÇÃO DO EXECUTADO COM O VALORES
QUE ENTENDE CORRETO – CONSEQUÊNCIA –
REJEIÇÃO LIMINAR DA IMPUGNAÇÃO – DECISÃO
MANTIDA. 1) – Mostra-se desnecessária a
liquidação de sentença quando o valor do débito –
diferenças de expurgos inflacionários – é passível
de apuração mediante simples cálculos
aritméticos, nos termos do artigo 475-B, caput,
do CPC. 2) - Conforme o disposto no parágrafo 2º do
artigo 475-L do CPC, versando a impugnação sobre
excesso de execução, deve o executado declarar de
imediato o valor que entende correto, sob pena de sua
rejeição liminar. 3) – Recurso conhecido e desprovido.
(Acórdão n.810123, 20140020128865AGI, Relator:
LUCIANO MOREIRA VASCONCELLOS, 5ª Turma Cível,
Data de Julgamento: 06/08/2014, Publicado no DJE:
15/08/2014. Pág.: 103)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS
JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA.
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR - IDEC. COMPETÊNCIA
TERRITORIAL. EFICÁCIA ERGA OMNES E
ABRANGÊNCIA NACIONAL. O pedido de
cumprimento de sentença pode ser interposto no
domicílio do consumidor, ainda que distinto do foro da
ação coletiva, considerando a eficácia erga omnes e
abrangência no âmbito nacional atribuída pela
sentença. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. CÁLCULO
ARITMÉTICO. O credor ao requerer o
cumprimento de sentença exerce pretensão
executiva pelos valores apresentados na memória
discriminada do débito elaborada a partir dos
extratos de poupança juntados aos autos que
tornam desnecessária a liquidação de sentença.
JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL. O
descumprimento de obrigação pecuniária sujeita
o devedor ao pagamento dos juros moratórios
previstos no Código Civil tendo por termo inicial o
ato citatório à ação civil pública. (...) (Agravo de
Instrumento Nº 70052618667, Vigésima Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João
Moreno Pomar, Julgado em 27/12/2012) 
Ademais, a doutrina representada por Antônio Carlos Marcato,
assevera que:
(...) No que tange à liquidez, é preciso abandonar
posições extremadas e formalistas: se o título não
estampar o valor exato do crédito, mas permitir,
por meros cálculo aritméticos, que se chegue ao
valor devido, estará por certo implementada a
condição legal para a propositura da demanda
executiva. (...)" (in Código de Processo Civil
Interpretado, 2004, pg. 1736).
O presente cumprimento de sentença tem fincas em sentença
transitado em julgado, tendo a ora parte Recorrente trazido a baila prova
que tinha crédito em sua conta de poupança, junto ao Banco Recorrido,
com apresentação dos valores devidos nos precisos termos da decisão
proferida nos autos da ação civil pública, mediante planilha de cálculos.
Noutro passo, o Código de Processo Civil, dispõe
expressamente que se douto magistrado entender que a exordial contém
elementos que impedem o julgamento do mérito da questão, deverá o
magistrado determinar que a parte Recorrente a emenda da inicial.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não
preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o
autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a
complete, indicando com precisão o que deve ser
corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o
juiz indeferirá a petição inicial.
Desta feita, permissa máxima vênia, deveria o douto julgador
ter determinado a emenda da exordial, a fim de que fosse oportunizado a
parte Recorrente a correção do procedimento escolhido, em homenagem
aos modernos princípios constitucionais da economia processual, da
instrumentalidade das formas e da celeridade.
Sendo assim, não poderia o juiz “a quo” ter julgado extinto o
processo, mas sim determinado a conversão do cumprimento de sentença
em liquidação, a fim de agilizar o processo de conhecimento, bem como
garantir a efetividade da tutela concedida, priorizando, assim, a celeridade
processual e o interesse da parte, sem deixar de observar o devido
processo legal. Inexistindo qualquer ilegalidade ou impropriedade técnica
no procedimento adotado.
Nesse sentido:
(...) SENTENÇA QUE EXTINGUIU A AÇÃO SEM
JULGAMENTO DE MÉRITO COM ARRIMO NOS INCISOS
IV E VI DO CPC. NÃO POSSIBILITADA A EMENDA DA
EXORDIAL, ENTRETANTO, EMBORA RECEBIDA PELO
JUÍZO. Ainda que violados os incisos IV e VI do
art. 267 do CPC, não tendo o juízo oportunizado
prazo para emendar a ação, não há falar em
extinção do processo sem apreciação do mérito.
PRINCÍPIOS DA ECONOMIA, EFETIVIDADE E
INSTRUMENTALIDADE. Em atendimento aos
princípios da economia, da efetividade e da
instrumentalidade do processo, admite-se a emenda da
petição inicial considerada inepta, ainda que contestada
a ação. SENTENÇA CAÇADA. RECURSO PROVIDO. (TJ-
SC - AC: 20120252651 SC 2012.025265-1 (Acórdão),
Relator: Gilberto Gomes de Oliveira, Data de
Julgamento: 05/03/2014, Segunda Câmara de Direito
Civil Julgado).
O próprio Código de Defesa do Consumidor criado para
atender à necessidade dos consumidores considerados hipossuficientes
nas relações de consumo estabelece em seu art. 4º que: “A Política
Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios (...)”.
Não é outra a intenção do Poder Judiciário ao criar
mecanismos como o presente, sem deixar, no entanto, de resguardar o
devido processo legal.
Desta forma, não há que se falar em título ilíquido, até por
que a decisão desta Corte Julgadora contraria a jurisprudência dominante,
e caso fosse necessária a liquidação que fosse dada a oportunidade da
parte regularizar o feito, com a sua intimação pessoal.
O Banco Recorrido certamente procura todos os meios para
procrastinar os pagamentos, ou mesmo não efetuá-los. Como o direito
hodierno tutela a boa-fé, a função social da propriedade, com os extratos
sendo trazidos aos autos, a questão passa a ser meramente contábil para
aqueles que virão a liquidar o decidum: demonstrado o extrato, em
processo de cognição exaurente que demonstrará realmente os danos
sofridos, quantificará o valor, podendo passar aos pagamentos
(execução). E sendo assim, havendo milhares de lesados,
indubitavelmente as situações das poupanças de cada um dos lesados
pelo Banco Recorrido não comportarão situações iguais, até mesmo como
ocorrido na época, em que alguns tiveram prejuízos maiores e outros,
menores.
Com efeito, resta indubitável que o presente pedido de
cumprimento de sentença é viável, sendo o título executivo (sentença da
ação civil pública) líquido, não sendo necessário o ajuizamento de
liquidação de sentença para apuração dos valores.
Portanto, decidindo assim a v. Acórdão deu a legislação
federal, artigos 509, § 2º e 513 e seguintes, interpretação divergente da
que lhe haja atribuído outro, Tribunal, possibilitando o conhecimento e
provimento do Recurso Especial, nos termos do artigo 105, inicio III,
alínea “c”, da Constituição Federal de 1988.

IX DO REQUERIMENTO

ANTE O EXPOSTO, a Recorrente confia em que Vossas


Excelências admitam o presente recurso, ordenando seu processamento e
posterior remessa ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, para o efeito
de que conheça do mesmo, dando-lhe total provimento, reformando
totalmente o respeitável Acórdão recorrido, para dar prosseguimento ao
cumprimento de sentença, por ser medida de inteira justiça.

PEDEM JUSTIÇA!

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo/SP, Friday, 10 de September de 2021

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