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FACULDADE CENTRO LESTE

JOYCE SILVA DE MIRANDA SETTE

MEMORIAL DE CÁLCULO
DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES:

VIGAS DE CONCRETO ARMADO

SERRA – ES
2021
2

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................3

2 OBJETIVO....................................................................................4

3 METODOLOGIA DE CÁLCULO...................................................5

3.1 Dimensionamento de Armaduras Longitudinais.....................6

3.1.1 Cálculo do vão efetivo em vigas................................................8

3.1.2 Esforços Solicitantes................................................................11

3.1.3 Posição da linha neutra............................................................13

3.1.4 Verificação do domínio.............................................................15

3.1.4 Cálculo do braço de alavanca..................................................16

3.1.5 Determinação da área de aço..................................................17

3.1.6 Verificação do máximo momento resistente..........................18

3.1.7 Cálculo da altura útil mínima...................................................19

3.1.8 Armadura Longitudinal: Detalhamento...................................20

3.1.8.1 Armadura mínima......................................................................20

3.1.8.2 Armadura máxima.....................................................................23

3.1.8.3 Armadura efetiva.......................................................................23

3.1.8.4 Ancoragem das Barras Longitudinais....................................26

3.1.8.4.1 Cálculo de ancoragem..............................................................27

3.1.8.4.1.1 Definição do gancho.................................................................31

3.1.8.4.1.2 Comprimento básico do gancho.............................................33

3.1.8.4.1.3 Comprimento real do gancho..................................................33

3.1.8.4.1.4 Comprimento total do gancho.................................................34

3.1.8.4.2 Emendas nas barras.................................................................35

3.1.8.4.3 Decalagem em vigas de concreto armado.............................37

3.1.8.4.4 Ancoragem da armadura longitudinal nos apoios extremos


45
4

3.2 Dimensionamento de armaduras transversais......................52

3.2.1 Verificação das bielas de compressão...................................52

3.2.2 Força cortante correspondente à armadura mínima.............55

3.2.3 Armadura transversal mínima.................................................56

3.2.4 Diâmetro do estribo..................................................................57

3.2.5 Espaçamento mínimo e máximo entre os estribos...............58

3.2.6 Espaçamento máximo entre ramos verticais dos estribos. .58

3.2.7 Ancoragem de estribos............................................................59

4 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO: ELS-DEF................................61

4.1 Características geométricas do estádio I...............................63

4.2 Momento de fissuração – Limite Estádio I e II.......................64

4.3 Características geométricas no Estádio II..............................65

4.4 Cálculo da Rigidez Equivalente para a seção no Estádio II. 66

4.5 Cálculo da Flecha Imediata......................................................67

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................69

6 ANEXOS.....................................................................................70
5

1 INTRODUÇÃO

As vigas desempenham um papel fundamental na estrutura de uma obra,


pois junto a outros elementos, servem de sustentação para o equilíbrio dos
pesos. Então basicamente, elas ficam apoiadas nas colunas e acima das
paredes. São estruturas retas e horizontais sobre as quais repousam o peso
de outras peças de forma perpendicular. São, portanto, elementos estruturais
e devem ser dimensionadas por um engenheiro capacitado e constar no
projeto estrutural da obra. Existem diversos tipos de vigas, sendo elas de
concreto armado, concreto protendido, estruturas metálicas, estruturas de
madeira, e etc.

Na maioria das vezes, elas são posicionadas entre duas colunas e acima das
paredes e possuem a mesma largura da parede sem revestimento e por isso
ficam escondidas quando a edificação fica pronta.

No entanto, a resistência de uma viga vai depender da sua altura, sendo que
quanto mais alta, mais resistente ela é. Não há como escapar das vigas, pois
elas estão presentes tanto em construções simples quanto nas mais
complexas.
6

2 OBJETIVO

Este documento visa descrever toda metodologia utilizada para desenvolver


um projeto final da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado 1” como título
de aprovação. A disciplina é ministrada pelo professor e coordenador Rodrigo
Machado, do curso de Engenharia Civil da Faculdade Centro Leste.

O projeto final consiste em mostrar todo o aprendizado adquirido durante esta


disciplina para realizar um dimensionamento de uma viga em concreto,
respeitando os critérios e as exigências da NBR 6118/2014 – “Projetos de
estruturas de concreto”.
7

3 METODOLOGIA DE CÁLCULO

O elemento a ser dimensionado que se encontra representado no projeto


estrutural, consiste numa viga V101 de concreto armado (armadura passiva) do
tipo contínua com dimensão de 7,60x0,25m, peso próprio ( p ) de 2,8Kn/m, carga
solicitante ( q ) de 48,3Kn/m e fck=35 Mpa.

Esta viga encontra-se apoiada sobre os apoios de segundo gênero, localizados


nos pilares P4-P5-P6, como mostrado na Fig.1 abaixo.

Fig.1 – Projeto estrutural V101.

Fonte: AutoCAD. 2021.

3.1 Dimensionamento de Armaduras Longitudinais

As armaduras longitudinais consistem em barras horizontais com


comprimentos variando de 6 a 12m e de diversas bitolas, sendo que, elas têm
por objetivo de resistirem a esforços de tração, podendo ser definidas como
armaduras positivas (tracionando as fibras de baixo) e negativas (tracionando
as fibras de cima).
8

Existem dois tipos característicos de aço mais utilizados na construção civil,


sendo o aço CA-50A para barras longitudinais e o CA-60B utilizado em
armaduras transversais (estribos).

A sigla “CA” tem como significado de “Concreto Armado”, e, o número que vem
junto a sigla, equivale a resistência do aço, como por exemplo, o aço CA-50A
possui resistência de 500 Mpa (Mega Pascal).

Neste projeto será utilizado aço CA-50A em barras longitudinais. Partindo desta
premissa, serão mostrados todos procedimentos utilizados para o cálculo desta
armadura longitudinal ao longo da viga V101.

Por último, será definido em qual classe de agressividade ambiental essa viga
se classifica de acordo com a classe do concreto, para determinar o valor do
cobrimento mínimo de armadura.

Tabela 1 – Classe de agressividade ambiental.

Fonte: NBR 6118/2014 “Projetos de estrutura de concreto”. 2014.

A classe do concreto definida neste projeto será ≥ C 30. Sendo assim, a viga
deste projeto está classificada na classe II. Com a classe de agressividade
definida, basta encontrar o valor de cobrimento mínimo da armadura por meio
da Tabela 2.
9

Tabela 2 – Valores de cobrimentos mínimos de armadura de acordo com a classe de agressividade, o


tipo de estrutura e o tipo de elemento.

Fonte: NBR 6118/2014 “Projetos de estrutura de concreto”. 2014.

Situada na classe II, a armadura da viga de concreto armado terá um


cobrimento mínimo de 30mm.

3.1.1 Cálculo do vão efetivo em vigas

O cálculo do vão teórico é de suma importância, pois, ao definir o vão efetivo


da estrutura, este mesmo valor será útil para determinar os esforços
solicitantes e que, o dimensionamento desta viga como um todo irá partir
através desses esforços. Logo, este será o primeiro passo a ser seguido.

De acordo com a NBR 6118/2014, o vão efetivo ( l 0 ¿ de uma viga, é a distância


entre as faces dos apoios, como mostrado na Fig.2.
10

Fig.2 – Representação do vão teórico em vigas.


Fonte: Capítulo 5, Volume 2: Cálculo de vigas – UFRG. 2017.

Dessa forma, este vão pode ser calculado através da Eq. 1, sendo:

lef =l 0 +a 1+a 2 Eq. 1

Onde,

lef =Vão efetivo

l 0=Distância entre as faces dos apoios

t1
a 1=Menor valor entre e 0,3∗h
2

t2
a 2= Menor valor entre e 0,3∗h
2

Os apoios desta viga possuem comprimento de 0,40m, e, a distância entre as


faces dos apoios é de 8,00m. Com isso, será realizado dois cálculos de vãos
efetivos lef ( 1 ) e lef ( 2 ) , para toda a extensão dessa viga contínua, logo:

l 0=760 cm
11

t 1 40
a 1= = =20 cm e 0,3∗h=0,3∗67=20,1 cm
2 2

a 1=20 cm

t 2 40
a 2= = =20 cm e 0,3∗h=0,3∗67=20,1 cm
2 2

a 2=20 cm

O menor valor para a1 e a2 será de 20cm. Sendo assim, como a viga possui
apoios de mesma dimensão, logo o vão efetivo lef ( 1 ) e lef ( 2 ) terão o mesmo
valor:

lef (1 e2) =l 0+ a 1+ a 2

lef (1 e2) =760+20+20

lef (1 e2) =800 cm ou 8,00 m

Portanto, a viga terá um vão efetivo de 8,00m. Para encontrar a altura H da


viga, basta utilizar o resultado dos vãos efetivos lef (1) e lef (2) e dividi-los por
12, como mostram as e Eq. 2 e 3:
l ef (1)
h(1)= Eq. 2
12

l ef (2)
h(2)= Eq. 3
12

A distância entre os eixos dos apoios de cada vão efetivo, equivale a 8,00m.
Desse modo, a altura da viga será:

8,00
h(1)= =h(1)=0,67 m
12

8,00
h(2)= =h(2)=0,67 m
12

A viga contínua de concreto armado terá uma altura h1 e h2 de 0,67m ou


67cm. Já a sua altura útil d (altura medida através do topo da viga de concreto
até o centro de gravidade da armadura), pode ser definida como:
12

d=0,90∗h Eq. 4

d=0,90∗0,67

d=0,60 mou 60 cm

Logo, a altura útil desta viga será de 60cm, e sua altura h de 67cm.

3.1.2 Esforços Solicitantes

Para determinar os esforços solicitantes sobre esta viga, é necessário


conhecer seu vão efetivo e sua carga distribuída. Conhecendo estes dados, os
mesmos serão utilizados no software de cálculo estrutural, denominado como
“Ftool” para se obter os valores de força cortante máxima ( Sd ¿ e momento fletor
máximo (M ¿, como também obter os diagramas de esforço cortantes e
momento fletor. Dessa forma, a carga distribuída q que atua ao longo dessa
viga, equivale a 48,3 Kn/m e seu vão efetivo é de 8,00m.

Para obter os resultados com êxito, primeiramente é necessário configurar o


programa inserindo os parâmetros do material, que envolvem o módulo de
elasticidade de acordo com o fck do concreto, que neste caso foi definido
anteriormente sendo de 35 Mpa. Através disto será possível obter o módulo de
elasticidade e o momento de inércia causado sobre a peça, tendo valores de
3300000 Mpa e 0,006266 m4 , respectivamente. As figuras 3 e 4 mostram a
obtenção destes resultados no programa de acordo com os parâmetros do
material e as propriedades de sua seção.
13

Fig.3 – Parâmetros do material.

Fonte: Ftool. 2021.

Fig.4 – Propriedades da Seção.

Fonte: Ftool. 2021.

Feito estes dois processos, o próximo passo será executar o programa para
obter os resultados finais, como o diagrama de esforço cortante (Fig.6) e
momento fletor (Fig.7).

Fig.5 – Estrutura V101 montada no Ftool.


Fonte: Ftool. 2021
14

Fig.6 – Diagrama de Esforço Cortante (DEC).

Fonte: Ftool. 2021.

Fig.7 – Diagrama de Momento Fletor (DMF).

Fonte: Ftool. 2021

Dessa forma, os pontos de cortante máximo e momento fletor máximo ocorrem


exatamente no meio da viga, tendo como valores de 241,50Kn 386,40Kn*m,
respectivamente.

3.1.3 Posição da linha neutra

A linha neutra é compreendida como um plano que separa duas regiões, sendo
a comprimida e a tracionada num mesmo elemento submetido a flexão. Dessa
forma, para calcular a linha neutra, é preciso aplicar o equilíbrio das forças:

∑ F=0
F c =F s

Onde,

F c =Força aplicada no concreto

F s=Força aplicada no aço


15

∑ M =M d
M d =Fc∗z

M d =F s∗z

Onde,

M d =Momento fletor de cálculo

O momento fletor de cálculo pode ser determinado por meio da Eq. 5:

M d =M∗γ c Eq. 5

Onde,

M =Carga de momento máximoobtido pelo DMF

γ c =Coeficiente de ponderação da resistência do concreto , sendo de 1,4

Conhecendo os valores do momento máximo obtido pelo diagrama de


momento fletor (Fig.7), fica evidente que o valor do momento fletor de cálculo
será de:

M d =M∗γ c

M d =386,40∗1,4

M d =540,96 Kn∗m

O momento de cálculo será utilizado na Eq. 6, para determinar o valor da linha


neutra:
M d =[ ( 0,85∗fcd )∗bw∗( 0,8 x ) ]∗[ 0,4 x−d ]

Manipulando a equação acima, tem-se:

M d =[ ( 0,68 x∗d−0,272 x ² ) ]∗bw∗fcd Eq. 6

Onde,

d= Altura útil
16

bw=Largura da seção

fcd=Resistência de cálculo á compressão do concreto

A resistência de cálculo do concreto é definida pela Eq. 7:

fck
fcd= Eq. 7
1,4

35000
fcd=
1,4

fcd=25000 Kn/ m ²

Logo, o valor da linha neutra será de:

M d =[ ( 0,68 x∗d−0,272 x ² ) ]∗bw∗fcd

M d =[ ( 0,68 x∗0,60−0,272 x ² ) ]∗0,25∗25000

M d =[ ( 0,408 x −0,272 x ² ) ]∗6250

M d =2550 x −1700 x 2

540,96=2550 x−1700 x 2

−1700 x 2+2550 x−540,96=0

Resolvendo a equação de segundo grau, o valor de x 1 e x 2 será:

x 1=0,26 m

x 2=1,24 m

Note que, o valor de x 2 é superior a altura útil da viga sendo de 0,60m, isto
significa que não seria possível uma altura da linha neutra fora da seção. E
com isso, a altura da linha neutra será de 0,26m.

3.1.4 Verificação do domínio


17

Para definir a posição limite da linha neutra, deve-se levar em conta dois
critérios: limite entre os domínios 3 e 4 (para evitar peças super armadas,
ductilidade mínima nas regiões de apoio e limites especiais para casos de
redistribuição de momentos.

 Momento no vão – positivo

x lim ¿=0,6283∗d ¿  CA−50

x lim ¿=0,585∗d ¿  CA−60

 Momento no apoio – negativo

fck ≤ 35 Mpa  x lim ¿=0,45∗d ¿

fck>50 Mpa x lim ¿=0,35∗d ¿

Trabalhando com o aço CA-50A, o valor de x limite será:

x lim ¿=0,6283∗d ¿

x lim ¿=0,6283∗0,60=0,3769 m ¿

Logo,
x ≤ x lim ¿¿

0,26 ≤ 0,37

E,

fck ≤ 35 Mpa  x lim ¿=0,45∗d=0,45∗0,60=0,27 m ¿

Portanto, o valor da posição da linha neutra no vão será de 0,26m e no apoio


terá um valor de 0,27m. Dessa forma, é válido dizer que a viga estará
trabalhando com armadura simples.

3.1.4 Cálculo do braço de alavanca

O braço de alavanca pode ser determinado pela seguinte equação:


18

z=d −0,4 x Eq. 8

Onde,

x= posição da linhaneutra(x )

d=altura útil da viga

Logo:

z=d −0,4 x

z=0,60−0,4∗(0,26)

z=0,50 m

3.1.5 Determinação da área de aço

A área do aço pode ser definida pela Eq. 9:

Md
A s= Eq. 9
z∗fs

Como pode-se observar, a área de aço depende exclusivamente do momento


fletor de cálculo, o braço de alavanca e a tensão de escoamento do aço.

Ao trabalhar-se com o aço CA-50, a deformação específica de escoamento


equivale a 2,07‰ e que o mesmo se situa no domínio 3, é válido dizer que a
tensão de escoamento do aço ( fs) é igual a tensão característica de
escoamento do aço ( fyk).

Partindo dessa premissa, fica mais fácil determinar a tensão de escoamento do


aço para inseri-la no cálculo da área do aço:

fyk
fs=fyd= Eq. 10
γs
Onde,

γ s =Coeficiente de ponderação da resistênciado aço , sendo de 1,15

A tensão característica do aço equivale a 500Mpa, logo:


19

fyk
fs=fyd=
γs

500
fs=fyd=
1,15

fs=fyd=434,78 Kn/m2 ou 43,478 Kn/cm ²

Portanto, a área de aço para a armadura longitudinal será:

Md
A s=
z∗fs

540,96
A s=
0,50∗43,48

A s=24,88 cm ²

3.1.6 Verificação do máximo momento resistente

Apesar de ter calculado a área de aço da armadura longitudinal, ainda sim será
necessário verificar o momento máximo resistente ( M ) na seção. Pois, será
analisado em qual posição na linha neutra se consegue o maior momento
resistente já conhecendo os valores das dimensões da seção transversal
(largura e altura), das características do aço e do concreto.

 Aço CA-50 ( yd=2,07 ‰)


x lim ¿=0,6283∗d ¿

x lim ¿=0,6283∗0,60 ¿

x lim ¿=0,3769m ¿

Esse x limite será utilizado para determinar um novo momento fletor de cálculo
( M d ) com o objetivo de encontrar o máximo momento resistente.

M d =( 0,68 x∗d−0,272 x ² )∗fcd∗bw Eq. 11

M d =( 0,68∗0,6283∗d∗d−0,272∗( 0,6283∗d) ² )∗25000∗0.25

M d =¿
20

M d =( 0,4272∗d ²−0,1073∗d ² )∗6250

M d =0,3199∗d ²∗6250

M d =0,3199∗0 ,60²∗6250

M d =719,77 Kn∗m

719,77
M=
1,4

M =514,12 Kn∗m

Portanto, o momento máximo resistente será de 514,12 Kn*m. Este resultado


mostra-se superior em relação ao momento solicitante que equivale a 386,40
Kn*m, isto significa que não há necessidade de adicionar armadura de
compressão.

3.1.7 Cálculo da altura útil mínima

Depois de calcular-se o maior momento já resistido pela seção, é observado de


que este momento ocorre quando a linha neutra está no limite entre os
domínios 3 e 4. Dentro disto, aproveita-se toda a resistência do aço e do
concreto.

De certa forma, fica evidente que a menor altura útil necessária para a seção
resistir a aplicação de um momento fletor também ocorrerá no limite entre
esses dois domínios, onde o momento aplicado será igual ao momento
resistente máximo. O cálculo da altura útil mínima exigida pela norma, pode ser
obtida pela Eq. 12:

Md
d mín =
√ bw∗fcd∗(0,68∗ξ−0,272∗ξ 2 )

M (Momento fletor de cálculo)∗1,4


d mín =
√ 0,25∗25000∗(0,68∗0,6283−0,272∗0,62832)

386,40∗1,4
d mín =
√ 0,25∗25000∗(0,68∗0,6283−0,272∗0,62832)
21

540,96
d mín =
√ 0,25∗25000∗(0,68∗0,6283−0,272∗0,62832)

d mín =0,52 m

Ao interpretar os resultados abaixo, obtém-se:

Se d >d mín = Armadura simples

Se d <d mín = Armaduradupla

Logo,

0,60 m>0,52 m

A viga V101 trabalhará com armadura simples. Essa verificação foi realizada
anteriormente no item 3.1.7. “Verificação do domínio”, e também se resultou
em armadura simples.

3.1.8 Armadura Longitudinal: Detalhamento

3.1.8.1 Armadura mínima

O cálculo de armadura mínima tem por função de evitar ruptura frágil quando
dá formação da primeira fissura. Primeiramente, é necessário calcular o
momento fletor mínimo ( M ¿¿ sd , mín)¿, dado pela equação:

M sd , min =0,8∗W 0∗fctk ¿ Eq. 13

Onde,

W 0 =Módulo de resistencia elásticoda seção bruta de concreto

fctk ¿=0,39∗√3 fck

O módulo de resistência elástico da seção bruta de concreto ( W 0 ) pode ser


obtido através da razão entre o momento de inercia da seção bruta e a
distância da linha neutra até a fibra mais tracionada da seção ( y t ), logo:

Ic
W 0= Eq. 14
yt
22

 Cálculo do momento de Inércia

Para b=0,25 m e h=0,67 m

b∗h ³
I x= Eq. 15
12

0,25∗0 , 67³
I x=
12

I x =6.2658 x 10−3 m4

No entanto, tem-se então o módulo de resistência elástico:

6,2658 x 10−3
W 0=
0,60

W 0 =10,443 x 10−3

Antes de dar continuidade ao cálculo do momento fletor mínimo M d , min, também


será necessário determinar o valor de fctk ¿:

fctk ¿=0,39∗√3 fck Eq. 16

Para fck=35 Mpa, tem-se:

fctk ¿=0,39∗√3 35

fctk ¿=1.14

Contudo, o valor do momento fletor mínimo da seção será de:

M sd , min =0,8∗W 0∗fctk ¿ Eq. 17

M sd , min =0,8∗10,443 x 10−3∗1.14

M sd , min =9,5241 x 10−3 Kn∗m

Para que este momento fletor mínimo seja considerado atendido, o mesmo
deverá respeitar as taxas mínimas de armaduras de flexão pra vigas. A
equação da taxa mínima de armadura, é dada por:
23

A s , min
ρmin = Eq. 18
Ac

Manipulando a equação acima, tem-se:

A s ,min = Ac∗ρmin Eq. 19

Onde,

A s ,min = Áreade aço mínima

Ac = Área brutada seção de concreto

Lembrando que, a taxa mínima de armadura por flexão está em função da


qualidade do concreto ( fck)e o tipo de seção.

Tratando-se de uma seção retangular com dimensões 0,67 mx 0,25 e fck sendo
de 35 Mpa, para encontrar a taxa mínima de armadura, basta consultar a
Tabela 3 (NBR 6118/2014).

Tabela 3 – Taxas mínimas para armaduras longitudinais de acordo com o tipo de seção.

Fonte: NBR 6118/2014 “Projetos de estruturas de concreto”. 2014.

O valor da taxa mínima de armadura para vigas com seções retangulares de


fck=35 Mpa, será de 0,201 %. Com isso, utilizando a Eq. 19, a taxa de armadura
será de:
24

A s ,min = Ac∗ρmin

(67∗25)∗0,201
A s ,min =
100

A s ,min =3,36 cm ²

A s> A s , min  Adota-se A s=24,88 cm ².

3.1.8.2 Armadura máxima

A NBR 6118 diz que, as somas das armaduras de tração e de compressão não
podem ter valor maior do que 4 %∗Ac , calculada na região fora da zona de
emendas, devendo ser garantidas as condições de ductilidade, como mostra na
Eq. 20:
A s+ A ' s ≤ 0,04∗A c

Onde,
A s= Áreada armadura de tração
A ' s= Áreada armadura de compressão

Como foi verificado anteriormente em que o momento máximo resistente é


superior ao momento solicitante, logo não há necessidade de utilizar armadura
de compressão.

No entanto, não havendo armadura máxima, será utilizado somente a área de


aço que equivale a 24,88 cm ².

3.1.8.3 Armadura efetiva

A armadura efetiva pode ser definida como a armadura final que será utilizada
ao longo da viga. Dessa forma, utilizando barras de 20mm para uma área de
aço de 24,88 cm ², será possível calcular a área desta barra para determinar
quantas barras com esse diâmetro será necessário utilizar nesta viga. Dessa
forma, tem-se:

 Barra ∅ 20 mm
25

a s=π∗r ² Eq. 21

a s=π∗1, 0²

a s=3,14 cm²

Sabendo a área de uma barra, basta calcular a razão entre a área desta barra
(a s ) e o valor da área de aço determinado anteriormente no item 3.1.6.
“Determinação da área de aço”, que equivale a 24,88 cm ², logo, a quantidade de
barras com bitola de 8mm, será de:

As
n s= Eq. 22
as

Onde,

A s= Áreado aço

a s= Áreade uma barra

24,88
n s=
3,14

n s=7,91

n s=8 barras

Com a quantidade de barras calculada, basta determinar o valor da armadura


efetiva e a posição das barras.

A s ,ef =n∗a s Eq. 23

A s ,ef =8∗3,14

A s ,ef =25,13 cm ²

Portanto, essa é a área de aço definitiva a qual será utilizada para esta viga,
com uma quantidade de 8 barras longitudinais (CA-50A) de ∅ 20 mm.

 Posição das barras


26

A posição das barras pode ser definida calculando os espaçamentos


horizontais e verticais mostrado na Fig.8, respeitando as exigências da NBR
6118/2014.

Fig.8 – Detalhe dos espaçamentos horizontais e verticais para posição das barras longitudinais.

Fonte: NBR 6118/2014 “Projeto de estrutura de concreto”. 2014.

Para encontrar esses espaçamentos, devem ser conhecidos o diâmetro


máximo característico do agregado graúdo (DMC) e a bitola da barra. Com
isso, tendo estes valores, será possível determinar o espaçamento mínimo
horizontal e vertical.

 Espaçamento horizontal (e h )

Utilizando um DMC=19 mm=brita 1, tem-se que:

2 cm

eh ≥ ∅=20 mm
27

1,2∗d máx=1,2∗1,9=2,28 cm

 Espaçamento vertical (e v )

2 cm

ev ≥ ∅=20 mm

0,5∗d máx =0,5∗1,9=0,95 cm

Portanto, o espaçamento horizontal e vertical, serão respectivamente, 2,28cm e


2cm.

3.1.8.4 Ancoragem das Barras Longitudinais

A NBR 6118/2014, diz que todas as barras das armaduras devem ser
ancoradas garantindo que os esforços a que estejam submetidas sejam
integralmente transmitidos ao concreto. Logo, são considerados dois tipos de
ancoragens:

 Aderência entre o concreto e a ferragem: A qual os esforços são


ancorados por meio de um comprimento reto ou com grande raio de
curvatura, seguido ou não de gancho.
 Dispositivos Mecânicos: Os esforços são transmitidos por meio de
dispositivos mecânicos acoplados a barra.

Para este projeto, foi definido a aderência entre o concreto e a ferragem, o qual
utiliza-se comprimento de ancoragem reto ou do tipo gancho. Agora, é
necessário verificar a classificação do tipo de aderência (boa ou má) em função
da altura da viga para o posicionamento das barras longitudinais durante a
concretagem. Para isso, será analisado se as seguintes condições estarão de
acordo com a viga em estudo:

 Deverá ser considerado inclinação maior do que 45° sobre a horizontal.


28

 Se as inclinações forem menores do que 45° sobre a horizontal, deve-se


considerar:
I – Elementos estruturais com h< 60 cm, que estejam localizados no
máximo 30 cm acima da face inferior do elemento ou da junta de
concretagem mais próxima.
II – Elementos estruturas com h ≥ 60 cm, que estejam localizados no
máximo 30 cm abaixo da face superior do elemento ou da junta de
concretagem mais próxima.

No caso dessa viga que possui uma altura de 67cm, a mesma está de acordo
com a segunda opção, classificada em boa situação quanto a aderência o
trecho dessas barras longitudinais que estejam nessa posição:

Fig.9 – Classificação da aderência de acordo com a posição das barras longitudinais.

Fonte: Material Didático da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado I” – UCL. 2021.

3.1.8.4.1 Cálculo de ancoragem

Para o cálculo do comprimento básico de ancoragem, primeiro será necessário


verificar as seguintes condições:

 O gancho só será obrigatório em caso de barras longitudinais lisas.


29

 Poderá dispensar o gancho nas barras que tenham alternância de


solicitação de tração e compressão.

 Não é recomendado gancho para barras que possuem bitolas superiores a


32mm ou para feixes de barras.

As barras longitudinais dimensionadas para a viga V101 são barras nervuradas


com resistência característica do aço sendo de 500Mpa. Além disso, o
diâmetro adotado para essas barras durante o cálculo de dimensionamento de
armadura longitudinal, é de 16mm.

No entanto, essas barras atendem à terceira condição acima, pois, a bitola das
barras é inferior a 32mm, o qual necessita do gancho. Logo, o tipo de
ancoragem para as barras longitudinais dessa viga, será o comprimento de
ancoragem reto com gancho nas extremidades, sendo necessário dimensiona-
lo. Para isso, o primeiro passo será calcular o comprimento de ancoragem
básico, que é dado pela fórmula:


∗fyd
4 Eq. 26
l b= ≥ 25∗∅
fbd

Onde,

fyd=Resistência de cálculo do aço

fbd=Resistência de aderência uniforme

A resistência de aderência uniforme pode ser obtida por meio da equação:

fbd=η 1∗η2∗η3∗fctd Eq. 27

Onde,

fctd=Resistênciade cálculo do concreto ao cisalhamento

A resistência de cálculo do concreto ao cisalhamento é dada pela seguinte


equação:
30

3
fctk , inf 0,7∗fctn 0,7∗0,3∗√ fck 2
fctd= fctd= fctd= Eq. 28
γc γc 1,4

Logo, com fck=35 Mpa, tem-se:

3
0,7∗0,3∗√ 352
fctd=
1,4

fctd=1,60 Mpa

Os termos η1, η2 e η3 estão expressos nas seguintes condições:

1,0 para barras lisas  CA-25/CA-60

η1
1,4 para barras entalhadas  CA-60

2,25 para barras nervuradas  CA-50

1,0 para situações de boa aderência

η2 0,7 para situações de má aderência

1,0 para θ<32 mm


η3
( 132−∅ )
, para θ<32 mm
100

Avaliando-se as condições acima em função do tipo de barra utilizada neste


projeto, os termos η1, η2 e η3 serão respectivamente 2,25, 1,0 e 1,0. Com isso,
tendo o valor de fctd=1,60 Mpa, basta calcular a resistência de aderência
uniforme para que se possa determinar o comprimento de ancoragem básico.

fbd=η 1∗η2∗η3∗fctd

fbd=2,25∗1,0∗1,0∗1,60

fbd=3,6 Mpa
31

Logo, o comprimento de ancoragem básico será:


∗fyd
4
l b= ≥ 25∗∅
fbd

Sendo que,

fyk 500
fyd= = =434,78 Mpa (Tensão de escoamento simplificada do aço)
1,15 1,15

Logo,

1,6
∗435
4
l b= ≥25∗1,6
3,6

l b=48,44 ≥ 40 cm

Portanto, as barras longitudinais de 16mm terão um comprimento de


ancoragem básico equivalente a 48,44cm. Além disso, a norma exige também
o cálculo do comprimento de ancoragem necessário, que pode ser calculado
pela equação:

α 1∗l b∗As ,calc


l b , nec = ≥ l b ,min Eq. 29
A s ,ef

Onde,

As ,calc =Área de armadura calculada para resistir ao esforço solicitante

A s ,ef = Áreade armadura existente

1,0 para barras sem gancho


1,0 para barras tracionadas com gancho, com
cobrimento no plano normal ao do gancho ≥ 3∗∅
α1 0,7 quando houver barras transversais soldadas
0,5 quando houver barras transversais soldadas e
gancho com cobrimento no plano normal ao do
gancho ≥ 3∗∅
32

0,3∗l b
l b , min >¿
10∗∅
100 mm

Analisando as condições de α 1, foi visto que o mesmo terá um valor de 1,0 o


qual significa que as barras longitudinais desta viga são tracionadas e possuem
cobrimento de 3cm. Além disso, as áreas de aço como A s ,calc e A s ,efe , referem-
se a área de aço responsável por resistir ao esforço solicitante, que tem como
valor de 24,1cm², e a área de aço de uma barra longitudinal.

Portanto, o diâmetro adotado para essas barras, é o de 16mm, e sua área


equivale a 2,01cm², como mostra o cálculo abaixo:

A s ,efe =π∗r ² Eq. 30

A s ,efe =π∗0 ,8²

A s ,efe =2,01 c m 2

No entanto, ao conhecer estes valores, basta determinar o comprimento de


ancoragem necessário exigido pela norma:

α 1∗l b∗As ,calc


l b , nec = ≥ l b ,min
A s ,ef

1,0∗48,44∗25
l b , nec = ≥l b , min
24,1

l b , nec =50,24 ≥l b , min

Comparando o valor do comprimento necessário ao comprimento mínimo de


ancoragem, tem-se:

0,3∗l b
0,3∗48,44=14,53 cm
l b , min >¿ 10∗∅ l b , min 10∗1,6=16 cm
10 cm
10 cm
33

Portanto,

l b , nec >l b , min

Dessa forma, o comprimento de ancoragem necessário que será utilizado,


equivale a 50,24cm.

3.1.8.4.1.1 Definição do gancho

Os ganchos das extremidades das barras da armadura longitudinal de tração


podem ser:

 Semicirculares: Com ponta reta de comprimento não inferior a 2∗∅ .


 Em ângulo de 45° (interno): Com ponta reta de comprimento não inferior
a 4∗∅.
 Em ângulo reto: Com ponta reta de comprimento não inferior a 8∗∅ .

Além disso, o diâmetro interno da curvatura dos ganchos das armaduras


longitudinais de tração deve ser pelo menos igual ao estabelecido na Tabela 3,
abaixo.

Tabela 3 – Diâmetro dos pinos de dobramento.

Fonte: NBR 6118/2014 – “Projetos de estruturas de concreto”. 2014.

No caso desta barra longitudinal da viga trabalhar com o aço CA-50 e ter bitola
de 16mm, logo, o diâmetro dos pinos de dobramento desse gancho será de
5∗∅. Logo, a representação dos ganchos será de 45° com ponta reta de
comprimento não inferior a 4∗∅, como mostra na Fig.10 abaixo.
34

Fig.10 – Representação do gancho com inclinação de 45°.

Fonte: Material Didático da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado I” – UCL. 2021.

3.1.8.4.1.2 Comprimento básico do gancho

Partindo da premissa anterior, será calculado o comprimento básico do gancho,


que é dado pela equação:

l b , gancho =0,7∗l b Eq. 31

Onde,

l b=Comprimento de ancoragembásico

Com l b=48,31 cm, tem-se:

l b , gancho =0,7∗48,44

l b , gancho =33,90 cm

Logo, 33,90cm será o valor do comprimento básico do gancho.

3.1.8.4.1.3 Comprimento real do gancho


35

Definido o comprimento básico do gancho, agora será necessário calcular o


comprimento real do gancho, pois, neste cálculo será necessário incluir o
diâmetro dos pinos de dobramento e o diâmetro da barra. O comprimento do
gancho é dado por:

π∗( 5∗∅+ ∅ )
lg = +8∗∅ Eq. 32
4

Onde,

5∗∅=Diâmetro dos pinos emfunção da bitola da barra utilizada e o tipo de aço

∅=Diâmetro da barra

Logo,

π∗( 5∗1,6+ 1,6 )


lg = + 8∗1,6
4

l g =20,34 cm

3.1.8.4.1.4 Comprimento total do gancho

Calculados os comprimentos básico e real do gancho, o próximo passo será


determinar o comprimento total do gancho, que é dado pela equação:

∅p
(
l t =l b , gancho +l g −
2 )
+ ∅ Eq. 33

Logo,

l t =48,44+ 20,34− ( 5∗1,6


2
+1,6 )

l t =63,18 cm

A seguir a representação do comprimento de ancoragem e do gancho para


essa barra de 16mm conforme apresentado na Fig.11 abaixo.
36

Fig.11 – Representação do gancho e do comprimento de ancoragem para a barra longitudinal Ø 16mm.

Fonte: AutoCAD. 2021.

3.1.8.4.2 Emendas nas barras

Como mencionado anteriormente, as barras longitudinais ou como chamadas


popularmente de “vergalhões”, possuem usualmente, comprimentos de 12m.
Em elementos estruturais como vigas e pilares, quando são superiores a 12m,
é necessário realizar a emenda nas barras. A NBR 6118/2014, apresenta
alguns tipos de emendas, sendo:

 Transpasse.
 Por luvas com preenchimento metálico, rosqueadas ou prensadas.
 Por solda.
 Por outros dispositivos devidamente justificados.
37

O tipo de emenda mais comum na engenharia e utilizada por engenheiros


calculistas, é a emenda por transpasse. Logo, este será o tipo de emenda
aplicada a viga V101.

A norma de estruturas de concreto armado (NBR 6118/2014), diz que esse tipo
de emenda por transpasse só será admitida em barras longitudinais
tracionadas que possuem diâmetros de até 32mm.

No caso de tirantes e pendurais, não poderá ser utilizado esse tipo de emenda.
As barras a serem emendadas devem ficar próximas entre si, desde que a
distância não seja superior a 4∗∅ t.

O comprimento de transpasse para barras tracionadas deve estar


compreendido entre 0 e 4∗∅, podendo ser obtido pela seguinte equação:

l 0 t =α 0 t∗l b , nec ≥ l 0t ,min Eq. 34

Onde,

l b , nec =Comprimento de ancoragem necessário

α 0 t=Coeficiente função da porcentagem de barras emendadas na mesma seção

0,3∗α 0 t∗l b

15 ∅
l 0 t , min

20 cm

Os coeficientes α 0 t, podem ser obtidos segundo a Tabela 4, abaixo.

Tabela 4 – Valores do coeficiente α 0 t .


38

Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

Logo, o valor do coeficiente α 0 t será de 1,2 (20%) devido a questão da


proporção de barras emendadas. Pois a NBR 6118/2014 considera que, na
mesma seção transversal as emendas que se superpõem ou cujas
extremidades mais próximas estejam afastadas menos que 20% do maior
comprimento de transpasse, como representado na Fig.12.

Fig.12 – Emendas supostas na mesma seção transversal.

Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

Com isso, conhecidos os valores do comprimento de ancoragem necessário do


gancho calculado no item 3.1.9.5.1 e do coeficiente α 0 t, tem-se então de que o
valor do comprimento de transpasse será:

l b , nec =48,31 e α 0 t=1,2

l 0 t =1,2∗48,31≥ l 0 t ,min

l 0 t =57,97≥ l 0 t , min

Sendo que,

l b=33,82 cm

0,3∗1,2∗33,82=12,17 cm

l 0 t , min 15∗1,6=24 cm
39

20 cm
Com isso, tem-se:

l 0 t ≥l 0 t ,min

Logo, o comprimento de transpasse será de 57,97cm.

3.1.8.4.3 Decalagem em vigas de concreto armado

A decalagem ou o deslocamento, é um método que determina o comprimento


das barras tracionadas. Este método recomenda a translação do diagrama de
momento fletor aumentando a sua área.

Dessa forma, é possível compatibilizar o valor da força atuante na armadura


tracionada determinada no banzo tracionado da treliça Morsch com o valor da
força determinada, usando-se o modelo de barra fletida. Esse método é muito
utilizado na prática para o detalhamento da armação longitudinal de viga.

O primeiro passo a ser utilizado para o cálculo do deslocamento do momento


fletor na viga V101, será realizar um corte em cima do montante da mesma,
para analisar então as forças internas atuantes, como mostra na Fig.13.
40

Fig.13 – Representação das forças internas atuantes sobre a viga V101 longitudinal.

Fonte: AutoCAD. 2021.

Aplicando a condição de equilíbrio das forças, tem-se:

R∗2∗al−P∗al−Fsb∗z =0

Onde,

z=Braço de alavanca

al=Distância entre as bielas

Fsb=Força tracionada no aço

Aplicando o método de reciprocidade para calcular o momento fletor sobre a


viga:

M al =R∗2∗al− p∗al

M al =Fsb∗z
41

M al
Fsb=
z

Para área de aço em B:

MA
As , b=
z∗fyd

Além disso, tem-se no ponto C que:

Fsb=Fsc

Para área de aço em C:

MA
As , c=
z∗fyd

Portanto, ao retirar a área de aço da seção menos solicitada está sendo


calculada por uma seção deslocada. Ou seja, está sendo calculado a área de
aço em C utilizando o deslocamento em A. Com isso, será utilizado o modelo
de cálculo I para determinar esse momento deslocado, que no caso trata-se de
al.

Vsd ,máx
al=d∗
[ 2∗( Vsd ,máx −V c ) ]
∗( 1+cot α −cot α ) ≤d Eq. 35

Considerando os estribos verticais, que é o mais usual, pode-se então


simplificar a equação acima como:

Vsd ,máx
al =d∗
[ ]
2∗( Vsd ,máx −V c )
≤d

Onde,

Vsd ,máx =Cortante máximo

V c =Parcela de força cortante absorvida por mecanismos adicionaisao de treliça

d= Altura útil
42

α = Ângulo de inclinação da armadura de 45 a 90 graus

O momento deslocado depende da variável V c . No entanto, primeiro será


necessário calculá-la. Logo, a parcela de força cortante absorvida por
mecanismos adicionais ao de treliça, pode ser obtida por meio da equação
abaixo:

3
V c =0,09∗√ fck 2∗bw∗d Eq. 36

Com isso, conhecendo-se os valores da resistência característica do concreto,


largura e altura útil da viga, o valor de V c , será de:

Dados:

bw=0,25 m

d=0,60 m

3
V c =0,09∗√ fck 2∗bw∗d

3
0,09∗√ 35 2
V c= ∗25∗60
10

V c =144,44 Kn

Logo, analisando o valor de V c com o cortante máximo Vsd ,máx , tem-se:

Vsd ,máx =1,4∗V

Vsd ,máx =1,4∗241,50

Vsd ,máx =338,10 Kn

Vsd ,máx ≥ V c

338,10 Kn≥ 144,44 Kn

O cortante máximo é superior a parcela de força cortante. Com isso, será


prosseguido com o cálculo do momento deslocado al.
43

Vsd ,máx
al=d∗
[ ]
2∗( Vsd ,máx −V c )
≤d

338,10
al=d∗
[ 2∗( 338,10−144,44 )
≤d
]
al=0,87∗d ≤ d

Como o limite de al vale d, considera-se então de que o momento deslocado


será o valor de d, que equivale a 60cm. Feito isso, o próximo passo será
deslocar o diagrama de momento fletor no valor encontrado. Para isso, é
necessário exportar o arquivo do ftool para o AutoCAD. A seguir será
mostrado o passo a passo de como transformar um arquivo do ftool em DWG
(AutoCAD).

Passo 1: Abra o arquivo do ftool, e, no canto esquerdo da tela verá a opção


“File (Arquivo)”, clicando nessa opção, irá aparecer “Export Screen (Exportar
tela)”. Ao clicar na opção de exportar tela, aparecerá outra caixinha de opções
referentes ao formato do arquivo em que se quer exportá-lo. Logo, basta clicar
em “DxF” como mostra a Fig.14.

Fig.14 – Exportando o arquivo do ftool para o AutoCAD em formato DxF

Fonte: Autoria própria. 2021.


44

Passo 2: Ao selecionar este formato, irá aparecer uma nova janela para salvar
o arquivo exportado, como mostra na Fig.15.

Fig.15 – Opção de salvar o arquivo exportado.

Fonte: Autoria própria. 2021.

Observe caso o arquivo se encontra no formato que foi selecionado


anteriormente, sendo em DxF. Feito isso, basta selecionar o local de
preferência em que irá salvar esse arquivo.

Passo 3: Ao salvar o arquivo no local desejado basta procurá-lo, e verá que o


mesmo aparecerá com um símbolo com formato de uma letra “A” em maiúsculo
e na cor verde, este é o símbolo da Autodesk, o qual significa que este arquivo
está pronto para ser aberto no AutoCAD, como mostra a Fig. 16.
45

Fig.16 – Arquivo exportado no formato dxf com o símbolo “A” da Autodesk.

Fonte: Autoria própria. 2021.

Passo 4: Encontrado o arquivo, basta clicar sobre ele com o botão direito
mouse e selecionar a opção “abrir com”, como mostra na Fig.17.

Fig.17 –Opção para abrir o arquivo.

Fonte: Autoria própria. 2021.


46

Passo 5: Ao clicar na opção “abrir com”, aparecerá uma janela com a opção de
executar esse arquivo no programa AutoCAD. Lembre-se de marcar a caixinha
que contém a opção “Sempre usar este aplicativo para abrir arquivos.dxf”,
como mostra na Fig.18.

Fig.18 – Abrindo o arquivo no AutoCAD.

Fonte: Autoria própria. 2021.

Passo 6: Feito isso e clicando em “ok”, pronto! O programa irá executar o


arquivo em dxf com êxito!

Fig.19 – Arquivo dxf exportado do ftool sendo executado no AutoCAD.

Fonte: Autoria própria. 2021.


47

*Obs.: Caso aconteça uma situação em que, ao abrir o arquivo no AutoCAD,


o mesmo não aparecer de primeira na tela, basta usar o scroll (botão do
meio) do mouse para poder aproximar o desenho.

Ao realizar todo o procedimento seguido por etapas sobre como converter um


arquivo do ftool para DWG (AutoCAD), e tendo de posse esse gráfico de
momento já convertido, basta agora ajustá-lo no AutoCAD substituindo o valor
do momento obtido no DMF, o qual equivale a 386,40Kn*m pelo momento
deslocado, determinado neste mesmo item 3.1.8.6 “Decalagem de vigas em
concreto armado”, que possui um valor de d, sendo de 60cm. Com isso, será
necessário deslocar o diagrama de momento fletor 60cm para cada lado.

Diante disto, será adicionado dentro desse diagrama, as armaduras


longitudinais já acrescidas com o comprimento de ancoragem, que equivale a
48,44cm, como mostra a Fig. 20 abaixo.

Fig.20 – Momento deslocado representado na linha tracejada de cor amarela.

Fonte: AutoCAD. 2021.

3.1.8.4.4 Ancoragem da armadura longitudinal nos apoios extremos

O apoio extremo pode ser definido como o apoio onde não ocorre a
continuidade da viga, geralmente o primeiro e o último, como mostra a Fig.21.
48

Fig.21 – Definição de apoio extremo e interno de viga.

Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

Dessa forma, a ancoragem da armadura longitudinal positiva nos apoios


extremos de vigas simples ou contínuas é muito importante para a segurança
estrutural, devendo por isso ser cuidadosamente avaliada. A área de armadura
a ancorar no apoio é:
al
∗V sd
d Eq. 37
A s ,anc =
fyd
Onde,
al=Momento deslocado
d= Altura útil
V sd =Força cortante solicitante de cálculo no apoio
fyd=Resistência de cálculo do aço à tração

A armadura a ser ancorada nos apoios extremos, bem como também nos
apoios intermediários, deve ser composta por no mínimo duas barras,
geralmente as dos vértices inferiores dos estribos, da armadura positiva do vão
( A s ,vão ) A armadura a ancorar deve atender aos seguintes valores mínimos:

I – Se M apoio=0ou negativo de valor absoluto |M apoio|≤ 0,5∗M vão, então

1
A s ,anc ≥ ∗A s , vão
3
II – Se M apoio=¿negativo de valor absoluto |M apoio|> 0,5∗M vão , então

1
A s ,anc ≥ ∗A s , vão
4

Onde,
M apoio=Momento fletor no apoio extremo ou intermediário
M vão =Máximo momento fletor positivono tramo adjacente ao apoio
A s ,vão =Armadura longitudinal de tração do vão

A seguir, a Fig.22 e 23 mostra as hipóteses admitidas nas condições I e II.


49

A s , vão
Fig.22 – Representação da hipótese na condição I: .
3
Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

A s , vão
Fig.23 – Representação da hipótese na condição II: .
4
Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

A área de ancoragem será de:


50

al
∗V sd
d
A s ,anc =
fyd

Primeiramente, o valor de V sd , deverá ser obtido pela equação:

V sd =1,4∗V sk Eq. 38
Onde,
V sk =Força cortante solicitante de cálculo

Ao consultar o item 3.1.2 “Esforços Solicitantes”, o maior valor da força cortante


é de 144,90Kn. Com isso, tem-se:

V sd =1,4∗V sk
V sd =1,4∗241,50
V sd =338,1 Kn

Substituindo o valor de V sk na Eq. 37, a armadura de ancoragem nos apoios


será de:

60
∗338,1
60
A s ,anc =
43,5
A s ,anc =7,77 cm ²
A s ,anc =8 cm ²

Utilizando a mesma bitola, sendo de 16mm, a quantidade de barras


ancoradas/peça nos apoios extremos será de:
A s ,anc
n=
as
8
n=
2,01
n=3,97 c m2
Portanto, 4 barras de ∅ 16 mm.
51

Para verificar se a armadura de ancoragem atenderá as condições adotadas


anteriormente, é necessário calcular o momento causado no vão e no apoio
dessa estrutura.

Momento no vão:
M vão =217,35 Kn∗m (Obtido pelo diagrama de momento fletor – item 3.1.2
“Esforços Solicitantes”).

Momento no apoio:
M apoio=0 (Nos extremos)
M apoio=−386,40 Kn∗m (Intermediário)

*Obs.: Valores obtidos pelo diagrama de momento fletor – item 3.1.2 “Esforços
Solicitantes”. De posse aos valores da armadura de ancoragem, momentos nos
apoios e nos vãos, basta verificar a condição citada anteriormente. Com isso, a
armadura de ancoragem, se encontra na condição 1:

I – Se M apoio=0ou negativo de valor absoluto |M apoio|≤ 0,5∗M vão, então

1
A s ,anc ≥ ∗A s , vão
3

Para A s ,anc =8 cm ², A s ,vão =24,1 cm² (Calculada no item 3.1.8.3), M apoio=0 Kn∗m, e
M vão =217,35 Kn∗m, tem-se:

24,1
M apoio=0≤ 0,5∗217,35=108,68 Kn∗m , então 8 c m 2 ≥ =8,03 cm ²
3

Após ter calculado a armadura de ancoragem nos apoios, obedecendo os


valores mínimos dentro das condições requisitadas pela norma, essas barras
deverão ser convenientemente ancoradas a partir da face interna do apoio
(pilar), com o comprimento de ancoragem básico (l b), como mostrado na Fig.24
abaixo.
52

Fig.24 – Detalhe da ancoragem reta da armadura longitudinal de tração em apoio extremo.

Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

Dessa forma, primeiro estende-se essas barras com comprimento reto, e, para
que isso seja possível, primeiro é necessário calcular o comprimento de
ancoragem de efetivo no apoio, que pode ser obtido pela equação:
l b , efe=b−c Eq. 39

Onde,
b=dimensão do apoio que se deseja ancorar
c=Valor do cobrimento

O cobrimento de armadura equivale a 3cm e a largura do pilar 25cm, com isso,


o comprimento de ancoragem efetivo será de:

l b , efe=25−3
l b , efe=22 cm
Feito isso, deve-se então corrigir esse comprimento básico de ancoragem, e
depois verificar se este valor é ou não inferior ao comprimento de ancoragem
efetivo. O comprimento de ancoragem corrigido, pode ser obtido através da
equação:

l b∗A s ,anc
l b , corr = Eq. 40
A s ,efe

Onde,

l b=Comprimento básico de ancoragem


53

A s ,anc =Armadura de ancoragem

A s ,efe = Armaduraefetiva

Com isso, conhecendo a armadura de ancoragem e a armadura efetiva, logo


tem-se:

l b∗A s ,anc
l b , corr =
A s ,efe

48,44∗8
l b , corr =
24,1

l b , corr =16,07 cm

Logo,

l b , efe >l b , corr

Além disso, é necessário verificar se este comprimento de ancoragem corrigido


atende ao mínimo exigido pela norma:

r +5,5∗∅
l b , corr ≥
6 cm

A variável r é na verdade, o raio de curvatura dos ganchos, que pode ser


obtido dividindo o diâmetro da barra ancorada por 2. O diâmetro dos pinos de
dobramento para essa barra em específico foi obtido pela tabela 4 do item
3.1.8.5.1.1 “Definição do gancho”, e tem como valor de 5∗∅ para o aço CA-50.
Logo, o raio de curvatura será de:

D
r=
2

5∗∅
r=
2

r =2,5∗∅

Logo, aplicando o valor do raio na condição do comprimento de ancoragem


corrigido acima, tem-se:
54

2,5∗∅ +5,5∗∅=8∗∅=8∗1,6=12,8 cm
l b , corr ≥
6 cm

Portanto, o comprimento de ancoragem corrigido é superior aos valores


mínimos exigidos pela NBR 6118/2014.

3.2 Dimensionamento de armaduras transversais

As armaduras transversais são peças paralelas dispostas no sentido de maior


dimensão do elemento estrutural sendo denominadas como estribos. Os
estribos são peças dispostas transversalmente ao elemento estrutural, com o
objetivo de resistir aos esforços transversais decorrentes das forças de
cisalhamento (no caso de vigas), auxiliar a montagem e transporte das
armaduras (tanto para pilares quanto para vigas). Essas armaduras são
responsáveis por resistirem ao esforço cortante.

3.2.1 Verificação das bielas de compressão

Para o início do dimensionamento dos estribos, será utilizado o modelo de


cálculo I, sendo este o método mais aplicado no dimensionamento de
armaduras transversais pelos engenheiros calculistas.

De acordo com o esquema da treliça clássica de Ritter-Morch (θ=45 °),


mostrada na Fig.25, existem duas cargas atuando na viga e dois apoios logo
abaixo da mesma. Logo, existe um esforço de compressão atuando na biela
inclinada.
55

Fig.25 – Representação da biela comprimida na treliça clássica.

Fonte: NBR 6118/2014 “Projeto de estrutura de concreto”. 2014.

Logo, isto significa que, ao visualizar a carga entrando na estrutura, a mesma


irá comprimir a biela, sendo que a mesma irá descer até o banzo inferior da
treliça fazendo com que o estribo possa suspender a carga, e assim
sucessivamente em todas as barras diagonais desta treliça.

Sendo assim, para verificar se ocorrerá ou não o esmagamento da biela


comprimida, será calculado a força cortante máxima e a tensão compressão
para que no final seja que atendida a seguinte condição:

Se V sd ≤V Rd 2 , entãonão ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão

Segundo a norma NBR 6118/2014, existem equações simplificadas para V Rd 2


em função da resistência característica à compressão do concreto (fck ¿, como
mostra a Tabela 5, abaixo.
56

Tabela 5 – Equações simplificadas segundo o modelo de cálculo I para concretos do Grupo I.

Fonte: NBR 6118/2014 “Projeto de estrutura de concreto”. 2014.

A viga V101 contém um fckde 35Mpa, logo, a equação simplificada da tensão


de compressão da biela será:

V Rd 2=0,27∗α v∗fcd∗0,58∗bw∗d∗( 1+cot α ) Eq. 41

*Obs.: A inclinação da armadura transversal para esse modelo de cálculo deve


ser compreendida entre 45° e 90°. Então, fazendo α =90 °, para o estribo
vertical, a Eq. 41 ficará o seguinte:

V Rd 2=0,27∗α v∗fcd∗0,58∗bw∗d

Onde,
57

fck
(
α v = 1−
250 )
fcd=Resistência de cálculo à compressão do concreto

bw=largura da seçãotransversal

d=altura útil

fck
(
α v = 1−
250 )
35
(
α v = 1−
250 )
=α v =0,86

Dessa forma, os valores da força cortante máxima V sd e a tensão comprimida


da biela serão de:

V sd =1,4∗V Eq. 42

V sd =1,4∗241,50

V sd =338,10 Kn (Cortante máximo)

E,

V Rd 2=0,27∗0,86∗2,5∗0,58∗25∗60

V Rd 2=505,03 Kn (Tensão comprimida)

Portanto, tem-se:

V sd ≤ V Rd 2

338,10 ≤505,03

A biela de compressão resistirá ao esmagamento!

3.2.2 Força cortante correspondente à armadura mínima


58

Neste item, a força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a
força V sd ,min, para analisar as seguintes condições:

1 ¿ Se V sd ≤ V sd , min Utiliza−se armadura transversal mínima

2 ¿ Se V sd >V sd , min Calcula−se aramdura transversal para V sd

A força cortante mínima neste modelo de cálculo, pode ser obtida pela
equação:

3
V sd ,min =0,0137∗bw∗d∗ √ fck2 Eq. 43

Neste caso, a equação simplificada de V sd ,min, se encontra disponível na tabela


4 do item anterior e terá a seguinte forma:

3
V sd ,min =0,147∗bw∗d∗ √ fck2

Logo, o valor do cortante mínimo será de:

3
V sd ,min =0,147∗25∗60∗√352

V sd ,min =2359,32 Kn

Com V sd =338,10 Kn, o mesmo se encaixa na condição 1:

V sd ≤ V sd , min

338,10 ≤2359,32

Portanto, utiliza-se armadura transversal mínima.

3.2.3 Armadura transversal mínima

Verificado anteriormente em que o cortante máximo é menos que o cortante


mínimo resultando em ser utilizado amadura transversal mínima, basta agora
determina-la. Logo, a armadura transversal mínima A sw será dada pela
equação:
59

2,55∗V sd 3 2
A sw= −0,0,23∗bw∗√ fck Eq. 44
d

É importante salientar que, a equação simplificada para a armadura transversal


encontra-se na tabela 4 do item 3.2.1 “Verificação da biela de compressão”, e
com isso, a equação da armadura transversal será reescrita como:

2,55∗V sd 3 2
A sw= −0,25∗bw∗√ fck
d

Essa será então a equação utilizada para determinar a área de armadura


transversal para esta viga. Dando continuidade ao cálculo desta armadura, é
importante destacar que já estão incluídos o espaçamento normativo do estribo
que equivale a 100cm/m e a posição do mesmo sendo na vertical com um
ângulo α =90 °. Dessa forma, a área de aço para armadura transversal mínima
será de:

2,55∗V sd 3 2
A sw= −0,25∗bw∗√ fck
d

2,55∗338,10 3
A sw, 90= −0,25∗0,25∗√ 352
0,60

A sw, 90=1436.3 m2 /m

A sw, 90=14,363 c m 2 /m

3.2.4 Diâmetro do estribo

De acordo com a NBR 6118/2014, as prescrições para os diâmetros de estribo


são:

bw
5 mm ≤ ∅ t ≤ Eq. 45
10

 O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5𝑚𝑚,
sem exceder 1/10 da largura da alma da viga.

 Quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode ser superior a 12mm.
60

 Para estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser
reduzido para 4.2mm, desde que sejam tomadas as precauções contra a
corrosão dessa armadura.

Portanto, utilizando o aço CA-50 e ter encontrado que a barra possui


característica de nervura resultando em boa aderência, será utilizado o
diâmetro de 6.3mm para os estribos da V101, pois, além de atender a condição
exigida pela norma, também é o diâmetro mais usual para estribos.

3.2.5 Espaçamento mínimo e máximo entre os estribos

Segundo a norma, “O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o


eixo longitudinal do elemento estrutural, deve ser suficiente para permitir a
passagem do vibrador, garantindo um bom adensamento da massa.” Sendo
assim, a fim de evitar que uma fissura não seja interceptada por pelo menos
um estribo, os estribos não devem ter um espaçamento maior que um valor
máximo, estabelecido conforme as seguintes condições:

I - Se V sd ≤ 0,67∗V Rd 2, então smáx =0,6∗d ≤30 cm

II - Se V sd > 0,67∗V Rd 2, então smáx =0,3∗d ≤20 vm

Com V sd =338,10 Kn, V Rd 2=505,03 Kn e d=0,60 m, e analisando as condições


acima, verificou-se que o espaçamento máximo para os estribos da V101, será
de:

338,10 ≤ 0,67∗505,03

338,10 ≤338,37

smáx =0,6∗60 ≤30 cm

smáx =36 cm ≤30 cm

Como o resultado do espaçamento foi superior ao espaçamento máximo


exigido pela norma, logo será utilizado espaçamento de 30cm. Não foi
61

realizada a verificação na condição II, visto que o valor de V sd é inferior a 67%


de V Rd 2, o qual não se encaixa nesta condição.

Portanto, a viga V101 terá 27 estribos (desconsiderando os 5% de perda) de


6.3mm espaçados a cada 30cm.

3.2.6 Espaçamento máximo entre ramos verticais dos estribos

Geralmente em vigas de larguras menores do que 30cm, os estribos com dois


ramos verticais é o mais usual pelo fato de que estes são mais simples de
serem amarrados com barras longitudinais de flexão. O espaçamento
transversal ( St ) entre os ramos verticais sucessivos dos estribos não pode
exceder os seguintes valores:

≤ 0,20∗V Rd 2  St ,máx =d ≤80 cm


V sd
¿ 0,20∗V Rd 2  St ,máx =0,6∗d ≤35 cm

Ao analisar-se a condição acima, tem-se:

V sd =338,10>0,20∗V Rd 2

V sd =338,10>0,20∗505,03

V sd =338,10>101,06

Logo,

St ,máx =0,6∗d ≤35 cm


St ,máx =0,6∗60 ≤35 cm
St ,máx =36 cm≤ 35 cm

O espaçamento máximo entre os ramos dos estribos calculado foi superior ao


valor requisitado pela norma. Sendo assim, será utilizado o que a norma exige
nessa condição sendo de 35cm.
62

3.2.7 Ancoragem de estribos

Ao longo do comprimento de ancoragem de barras com diâmetro ∅ <32 mm


deve ser prevista armadura transversal (estribos) capaz de resistir a 25% da
força longitudinal de uma das barras ancoradas. A ancoragem dos estribos
deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras
longitudinais soldadas. Os ganchos dos estribos podem ser:

 Semicirculares (Fig.26) ou em ângulo interno de 45° (Fig.27), com ponta


reta de comprimento igual a 5∗∅ t , porém não inferior a 5 cm.
 em ângulo reto (Fig.28), com ponta reta de comprimento maior ou igual
a 10∗∅ t, porém não inferior a 7 cm (este tipo de gancho não deve ser
utilizado para barras e fios lisos).

Fig.26 – Representação do gancho Fig.28 – Representação do gancho


semicircular. em ângulo reto.
Fonte: Departamento de Engenharia
Fonte: Departamento de Engenharia
Civil “Estruturas de Concreto Armado
II” – UNESP. 2018. Civil “Estruturas de Concreto Armado
II” – UNESP. 2018.
63

Fig.27 – Representação do gancho com ângulo interno de 45°.

Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

Seguindo a analogia realizada anteriormente para ganchos nas extremidades


das barras longitudinais, a mesma será aplicada para determinar os tipos de
ganchos para os estribos.

De acordo com a Tabela 6, será definido o diâmetro dos pinos de dobramento


para estribos em função da bitola da barra longitudinal e o tipo de aço a ser
trabalhado.

Tabela 6 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos.


Fonte: Departamento de Engenharia Civil “Estruturas de Concreto Armado II” – UNESP. 2018.

Com a bitola de ∅ 16 mm e aço CA-50 referente as barras longitudinais, o


diâmetro dos pinos de dobramento para os estribos dessa viga serão de 5∗∅ t .
Logo:
64

D p=5∗∅t Eq. 46

D p=5∗1,6

D p=8 cm

Esse resultado atende a primeira condição, que, para ganchos de curvatura 45°
e com ponta reta, o diâmetro dos pinos dobrados para estribos não deve ser
inferior a 5cm.

4 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO: ELS-DEF

Os estados limites de serviço são os critérios de segurança que estão


relacionados ao conforto para os usuários, durabilidade da estrutura, aparência
e boa utilização de um modo geral.

Na norma existem 7 tipos de estados limites de serviços, sendo eles:

 Estado limite de formação de fissuras (ELS-F).


 Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W).
 Estado limite de deformação excessiva (ELS-DEF).
 Estado limite de descompressão (ELS-D).
 Estado limite de descompressão parcial (ELS-DP).
 Estado limite de compressão excessiva (ELS-CE).
 Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE).

Dessa forma, o estado limite de serviço que será verificado neste projeto é o
Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF), em que as deformações
atingem os limites estabelecidos para a utilização normal.

Para os cálculos é necessário considerar a possibilidade de fissuração no


concreto, ou seja, de que estes elementos estejam trabalhando parcialmente
no estádio I (Fig.29) e parcialmente no estádio II (Fig.30).
65

Fig.29 – Estádio I.

Fonte: Material Didático da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado I” – UCL. 2021.

Fig.30 – Estádio II.

Fonte: Material Didático da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado I” – UCL. 2021.

A seguir, serão utilizados 6 procedimentos de cálculo para a verificação do


estado limite de serviço trabalhando sobre a viga V101.

4.1 Características geométricas do estádio I

Neste item serão determinados a resistência média à tração do concreto e o


momento de inércia, que são as características da peça de concreto trabalhada
no estádio I.

Antes disso, será necessário conhecer os dados como, largura e a metade da


altura da viga, e o módulo de elasticidade, que pode ser obtido por meio da
classe do concreto apresentado na Tabela 7 abaixo.
66

Tabela 7 – Valores estimados de módulo de elasticidade em função da resistência característica à


compressão do concreto (Considerando o uso de granito como agregado graúdo).

Fonte: Material Didático da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado I” – UCL. 2021.

Sendo que,

Eci =Módulo de deformação inicial do concreto no Estádio I

Ecs =Módulo de deformação da secante do concreto no Estádio II

O módulo de deformação inicial do concreto no estádio I de acordo com seu


fck=35 Mpa, equivale a 33 Gpa. Com isso, tem-se as características
geométricas desta viga sendo de:

I c =0,006266 m 4 (Obtido no Ftool+ e o item 3.1.8.1 “Armadura Mínima”)

3 3
fctm=0,3∗ √ fck2 =0,3∗ √ 352 =3.209 Mpa

Eci =33 Gpa

Eci∗I c =33000000∗0,006266=206778 Kn∗m 2

4.2 Momento de fissuração – Limite Estádio I e II

A separação entre esses dois comportamentos é definida pelo momento de


fissuração, dado pela equação:

α∗fctm∗I c
M r= Eq. 47
γt

Onde,

M r= Momento de fissuração

γ t =Distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada

fctm=Resistência média do concreto à tração


67

I c =Momento de Inércia da seção brutado concreto

α =1,5 para seções retangulares

Com isso, conhecendo as características geométricas da peça que foram


calculadas anteriormente, será possível determinar o valor do momento de
fissuração:

α =1,5
I c =0,006266 m 4
h 67
γ t = = =33,5 cm
2 2
fctm=3,21 Mpa

1,5∗3.210∗0,006266
M r=
0,335

M r=0,090 Kn∗m

M r=90 Kn∗m

O momento solicitante de cálculo equivale a 217,35Kn*m, sendo superior ao


momento de fissuração que equivale a 90,34Kn*m. Dessa forma, a seção
encontra-se fissurada. Feito isso, basta calcular as características geométricas
da peça no estádio II para que no final, seja possível determinar a flecha
imediata.

4.3 Características geométricas no Estádio II

Neste item serão determinados a posição da linha neutra x 2 e o momento de


inércia, os quais são as características da peça de concreto trabalhada no
estádio II.

bw=0,25 m

Es 2100000 Es 2100000 210.000


α e= = =α e = = = =7,486
E cs Ec =0,85∗Eci Ecs Ec =0,85∗E ci E c =0,85∗33
68

bw 25
α 1= = =12,5 cm
2 2

α 2=hf ∗( bf −bw ) + ( α e −1 )∗A ' s+ α e∗A s

Sendo que,

hf =0 e A' s =0 cm²

α 2=α e∗As =α 2=7,486∗24,1=α 2=180,41 cm²

α 3=−d '∗ ( α e−1 )∗A' s −d∗α e∗A s

Sabendo que d ' =0 e A' s =0

α 3=−d∗α e∗A s =α 3 =−60∗7,486∗24,1=α 3 =−10.824,75 cm ³

Calculando a posição da linha neutra, tem-se:

−α 2 ± √ α 22−4∗α 1∗α 3 −180,41 ± √ 180 , 41²−4∗12,5∗(−10.824,75 )


x 2= =x 2=
2∗α 1 2∗12,5

x 2=23,08 cm

Com a posição da linha neutra calculada, será possível determinar o momento


de inércia da peça no estádio II:

bw∗x 2 ³ 2 ' '


Ix 2= + α e∗A s∗( x 2−d ) + ( α e−1 )∗A s∗( x 2−d ) ²
3

Sendo que d ' =0 e A' s =0

bw∗x 2 ³ 2
Ix 2= + α e∗A s∗( x 2−d )
3

25∗23 ,08³
Ix 2= +7,486∗24,1∗ (23,08−60 )2
3

Ix 2=348.371 cm 4

4.4 Cálculo da Rigidez Equivalente para a seção no Estádio II

A rigidez equivalente pode ser obtida pela equação:


69

Mr 3 3
( EI )eq,t 0=Ecs∗
{( Ma )
∗I c + 1−
[ ( )] }
Mr
Ma
∗I 2 ≤ Ecs∗I c Eq. 48

Conhecido os valores do momento de inércia da peça, momento de inércia da


peça no estádio II, momento solicitante de cálculo, momento de fissuração e o
módulo de secante da deformação do concreto, a rigidez equivalente terá um
valor de:

Ecs =0,85∗5600∗√ fck=Ecs =0,85∗5600∗√ 35=28.160,53 Mpa

I c =0,006266 m 4
Ix 2=0.00000348379 m4

90 3 3
( EI )eq,t 0=28.160,53∗
{( 217,35 )
∗0,006266+ 1−
90
217,35 [ ( ) ]∗0,00000348379 }≤ 176,453
( EI )eq ,t 0=28.160,53∗{ 0,000448112 } ≤ 176,453

( EI )eq ,t 0=12,6190 ≤176,453

Logo, o momento equivalente será de:

( EI )eq,t 0
I eq= Eq. 49
Ecs

12,6190
I eq=
176,453

12,6190
I eq=
176,453

I eq=0 ,07151 m 4

4.5 Cálculo da Flecha Imediata


70

Para calcular a flecha imediata e a flecha elástica, é preciso primeiramente


consultar os deslocamentos elásticos de acordo com o tipo de vinculação e
carregamento sobre a viga apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 – Deslocamentos elásticos em vigas.

Fonte: Material Didático da disciplina de “Estruturas de Concreto Armado I” – UCL. 2021

A viga V101 possui um carregamento uniformemente distribuído, e sua


vinculação trata-se de apoios do segundo gênero. Dessa forma, o caso em que
71

essa viga se enquadra, é o caso 6. A equação correspondente a este caso


será:

5
∗pl 4
384 Eq. 50
E I eq

Utilizando o caso 6, o valor da flecha imediata no estádio II será de:


5
∗pl 4
384
E I eq
5
∗48,3∗8 4
384
α 2=
12,6190
α 2=0,0204
α 2=20,4 mm
E, o valor da flecha elástica será:
5
∗pl 4
384 Eq. 51
E c∗I c
5
∗48,3∗8 4
384
α 2=
176,453
α 2=0,014
α 2=0,014
α 2=14,59 mm
72

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNCIAS NBR 6118/2014


“Projetos de Estruturas de Concreto”. 2014. Disponível em:
<https://docente.ifrn.edu.br/valtencirgomes/disciplinas/construcao-de-
edificios/abnt-6118-projeto-de-estruturas-de-concreto-procedimento>. Acesso
em: 25 Mai. 2021.

“Decalagem de vigas em concreto armado”: Guia da Engenharia, blog. 2019.


Disponível em: <https://www.guiadaengenharia.com/decalagem-vigas-
concreto/>. Acesso em: 25 Jun. 2021.

FILHO MESQUITA, Julio. “Estudo das Vigas – Detalhamento de armaduras”


Apostila, Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia Ilha
Solteira – Universidade Estadual de São Paulo, UNESP. 2015. Disponível em:
<
https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/engenhariacivil/nepae/detalha
mento-das-armaduras-de-flexao.pdf>. Acesso em: 01 Jul. 2021.
73

6 ANEXOS

DESENHOS DE ENGENHARIA

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