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CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE SERVIÇOS SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA
DE MÃO-DE-OBRA
COORDENAÇÃO GERAL - SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA MDO
RUA SANTA CATARINA, 480 - 6º ANDAR LOURDES BELO HORIZONTE CEP 30.170-081
NUP: 00688.001305/2020-17
INTERESSADOS: CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE SERVIÇOS
SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE MÃO-DE-OBRA
ASSUNTOS: CONTRATO DE LOCAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO LOCATÁRIA.
PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE VIGÊNCIA.
I. RELATÓRIO
1. A presente manifestação jurídica referencial tem por objetivo reunir em um único arrazoado
os entendimentos jurídicos homogêneos que esta unidade Consultiva emite em seus Pareceres sobre o
tema da prorrogação do prazo de vigência de contratos de locação em que a Administração Pública
figure como locatária.
2. O intuito é tornar dispensável o envio de processos versando sobre a matéria objeto desta
manifestação jurídica referencial, sem que isso implique em amesquinhamento da atuação consultiva ou
fragilização da prestação do assessoramento jurídico imposto por lei (art. 11, VI, da Lei Complementar n.
73/1993; art. 38, VI e parágrafo único, da lei n. 8.666/1993).
8. Ademais, a presente manifestação referencial pode ser considerada, sob certa perspectiva,
uma continuidade da política de tratamento conferida por esta e-CJU SSEM relativamente ao macrotema
da desburocratização e simplificação dos procedimentos de prorrogação do prazo de vigência
contratual iniciado pelo Parecer Referencial n. 00002/2020/COORD/E-CJU/SSEM/CGU/AGU. Como
visto naquela ocasião, o quantitativo de processos distribuídos acerca deste
macrotema representava cerca de 1/4 de toda a movimentação da e-CJU SSEM.
10. Não se está a dizer que esses processos jamais deverão ser encaminhados ao órgão jurídico
consultivo. Questões de natureza jurídica que eventualmente sobressaiam de um processo e que
suscitem dúvidas específicas no gestor público quanto a forma de proceder podem e devem
ser pontualmente submetidas à análise da unidade consultiva sempre que o órgão assessorado
entender necessário.
11. Pelo exposto , considerando que, a uma, todo o contorno jurídico que envolve o processo
de prorrogação do prazo de vigência desse tipo de contrato, com ou sem reajuste, já está contido no
presente Parecer Referencial; a duas, a pluralidade de processos com matéria jurídica idêntica
a impactar a atuação do órgão consultivo; e, por fim, a análise dos mesmos demandar mera atividade
burocrática de conferência documental, resta configurado que a situação objeto de análise se amolda às
diretrizes traçadas na Orientação Normativa n° 55/2014, dispensando-se a submissão
individualizada e obrigatória de processos versando sobre esta matéria à análise unidade
consultiva.
12. Por fim, registre-se que compete ao Órgão assessorado atestar que o assunto tratado no
processo corresponde àquele versado na manifestação jurídica referencial, para o fim de não
encaminhamento do mesmo. Decorre daí, que não se deve adotar como praxe o envio dos autos para a
e-CJU deliberar se a análise individualizada se faz necessária ou não, pois o escopo da manifestação
referencial é justamente eliminar esse trâmite.
II. ANÁLISE
14. Desta feita, caso o valor mensal da presente locação seja igual ou superior a R$10.000,00
(dez mil reais) por mês, mostra-se obrigatória, como condição necessária para a juridicidade da
prorrogação, a prévia obtenção e a consequente juntada ao processo da respectiva autorização do
Ministro de Estado ou da autoridade similar, conforme estatui o referido art. 5º do Decreto nº
10.193/2019, devendo o órgão assessorado providenciar a juntada aos autos da respectiva
autorização.
15. Recomenda-se, igualmente, que a área técnica do Órgão verifique a eventual existência de
outros atos normativos (Decretos, Portarias etc) no âmbito de sua estrutura organizacional que preveja
“limites”, "contingenciamento orçamentário" ou a "restrição ao empenho de verbas”, com efeitos
aplicáveis ao caso concreto.
16. Observa-se, ademais, que o art. 4º do Decreto n.º 10.193/2019 exige a observância, nos
contratos de locação, de "área útil para o trabalho individual a ser utilizada por servidor, empregado,
militar ou terceirizado que exerça suas atividades no imóvel [...] estabelecida em ato da Secretaria de
Coordenação e Governança do Patrimônio da União da Secretaria Especial de Desestatização,
Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia" . Portanto, o cumprimento dessa exigência está
condicionado à edição, pelo Ministério da Economia, do ato complementar mencionado no caput do art.
4º do Decreto n.º 10.193/2019, não havendo esta Consultoria logrado êxito em localizar, por ora, o
normativo. Sem embargo disso, deverá a Administração se certificar da existência, ou não, do referido
ato, atestando nos autos a informação obtida.
17. O art. 62, § 3º, da Lei de Licitações prevê, expressamente, que se aplicam aos contratos de
locação em que a Administração seja locatária o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 da Lei n.º 8.666/93:
18. A disciplina legal justifica-se pelo fato de que a locação é uma das modalidades de contrato
que a Administração Pública celebra, predominantemente, sob as normas de direito privado. Admite a
legislação, apenas, a incidência de determinadas normas de direito público, visando a resguardar a
observância do princípio da legalidade e o respeito ao interesse público.
19. Observe-se que o artigo 57 da lei 8.666/93 - que trata da duração e prorrogação dos
contratos administrativos -, não foi mencionado pelo art. 62, § 3º entre as regras aplicáveis aos
contratos de locação em que o Poder Público seja locatário. Ao contrário, a Lei nº 8.666/93 (artigo 62, §
3º, inciso I) expressamente afasta a norma do artigo 57 nos casos de locação em que a Administração é
locatária. Esse tipo de ajuste, conquanto regido por algumas regras de direito público, sofre maior
influência de normas do direito privado, aplicando-se, na essência, as regras de locação previstas na Lei
nº 8.245/91 (Lei no Inquilinato), que prescreve:
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a
renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos
escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.
§ 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores
da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá
ser exercido pelo sublocatário.
§ 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de
sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito
a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade.
§ 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica
sub - rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo.
§ 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e
sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os
pressupostos previstos neste artigo.
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano,
no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do
contrato em vigor.
21. Portanto, nos contratos de locação em que a Administração Pública figura como locatária, a
norma que disciplina a matéria da prorrogação do período de vigência do contrato é a lei nº 8.245/1991
(Lei do Inquilinato), não se sujeitando o ajuste ao limite máximo de 60 (sessenta) meses previsto no art.
57, II da Lei 8666/93.
22. Examinando os dispositivos legais pertinentes, a interpretação a eles conferida pelos órgãos
desta Advocacia-Geral da União acerca do tema, bem como precedentes do TCU, verifica-se que, no
tocante à prorrogação (renovação) de prazos de vigência dos contratos de locação nos quais a
Administração Pública figure como locatária, devem ser observados os seguintes requisitos, a saber:
23. Cada uma das exigências acima será melhor abordada nos tópicos específicos adiante.
24. Apesar da já aludida incidência predominante do regime privatístico, tem-se entendido que
o art. 47 da lei nº 8.245/1991 é inaplicável aos contratos de locação de imóvel para a Administração
Pública no ponto em que prevê o ajuste verbal e a prorrogação automática da avença por prazo
indeterminado. Nesse sentido já decidiu o TCU (Acórdão n.º 1127/2009 - TCU/Plenário):
25. Portanto, tanto o contrato inicial quanto as eventuais prorrogações firmadas pel o Poder
Público na condição de locatário devem ser necessariamente celebrados por escrito e com prazo de
vigência determinado, não se sujeitando a prazos fatais de duração, principalmente aquele declinado no
art. 57, II, da Lei n° 8.666/93.
26. Registre-se que embora deva ser determinado, o prazo da prorrogação não precisa ser
necessariamente pelo período fixo de 12 (doze) meses ou outro qualquer. Antes, deve ter ao menos uma
duração razoável, aferida no caso concreto, motivadamente, de acordo com as reais necessidades do
órgão contratante e com vistas a resguardar o interesse público e preservar a vantajosidade da
contratação para a Administração.
29. A locação de imóveis por parte da Administração Pública já foi tema de manifestações da
Câmara Permanente de Licitações e Contratos Administrativos da Procuradoria-Geral Federal
(CPLC/PGF), mais especificamente por meio do Parecer nº 01/2013/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU e do
Parecer nº 02/2014/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU. No que interessa à situação em exame, tem-se que
o Parecer nº 02/2014/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, apresentou, dentre suas conclusões, o entendimento
quanto a necessidade da previsão de prazo de vigência contratual ser compatível com a
perspectiva de ocupação pela Administração:
30. É possível, por exemplo, que no caso concreto a fixação do prazo de doze meses não seja a
melhor opção, técnica ou economicamente. Assim, mediante justificativa e demonstração de alguma
peculiaridade presente no caso concreto, admite-se a fixação de prazo inicial distinto, bem como a
prorrogação por prazo diverso do original. A justificativa deve se fazer presente, em qualquer caso.
Observe-se nesse sentido a dicção da Orientação Normativa nº 38, de 13 de dezembro de 2011, da
Advocacia-Geral da União:
31. Assim, cumpre ao órgão estabelecer, caso a caso, um prazo de vigência que atenda a suas
necessidades, porém limitado e adequado à preservação do interesse público.
32. Vale relembrar também que, se o prazo estipulado for igual ou superior a dez anos, o órgão
assessorado deverá exigir vênia conjugal, se for o caso (art. 3º da lei 8.245/1991).
33. Tratando-se de contrato de locação que tenha sido firmado após prévio procedimento
licitatório, é imprescindível que a possibilidade de prorrogação tenha constado do ato convocatório e em
cláusula contratual.
34. A possibilidade de prorrogação é fator que pode influenciar no interesse e na decisão dos
competidores quanto à participação no certame, de modo que sua previsão expressa no edital (e na
minuta contratual que o tenha integrado) constitui-se requisito da prorrogação contratual. Nesse
sentido, vide a recente Orientação Normativa nº 65, de 29 de maio de 2020, da Advocacia-Geral da
União, que se aplica por analogia:
35. Destarte, em se tratando de contrato de locação oriundo de prévia licitação pública, caso
não haja previsão editalícia e contratual específica, reputa-se irregular a prorrogação, uma vez que,
nessas condições, o ato de prorrogar resultaria em violação aos princípios da isonomia e da vinculação
ao instrumento convocatório.
36. Tratando-se, porém, de contrato de locação resultante de contratação direta - por dispensa
ou inexigibilidade de licitação - não há que se falar em instrumento convocatório. Remanesce, porém, a
exigência de que a possibilidade de prorrogação do contrato esteja expressamente prevista em cláusula
contratual.
37. Tal entendimento decorre, contrario sensu , do teor da Orientação Normativa CJU-MG nº 29,
de 23 de março de 2009 - expressamente recepcionada por esta e-CJU SSEM (vide NUP
00688.001188/2020-83) -, que assentou o entendimento de que a prorrogação da vigência contratual
somente independe de previsão contratual expressa nas hipóteses em que o prazo de vigência original
do contrato seja superior a 5 anos (60 meses):
40. Tratando-se, por outro lado, de contrato que já sofreu prorrogações, faz-se importante
analisar cada um dos termos aditivos pretéritos, a fim de verificar se todos os prazos foram respeitados.
Verificando-se não ter havido solução de continuidade, a mesma recomendação descrita no parágrafo
anterior se torna aplicável aqui: o novo termo aditivo deverá ser assinado por ambas as partes até a
data prevista como termo final do ajuste.
41. Cumpre lembrar que a contagem dos prazos de vigência deve ser feita de data a data,
incluindo-se o dia da assinatura e o dia de igual número ao de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência. É o entendimento exarado no Parecer n.º 85/2019/DECOR/CGU/AGU:
42. Assim sendo, quando o prazo de vigência contratual for definido em meses ou anos, o prazo
expirará no dia de igual número ao de seu início ou, na falta de correspondência precisa, no dia
imediato.
43. Como o ajuste decorre de acordo de vontades das partes contratantes, é imprescindível
haver concordância prévia da Contratada quanto à prorrogação e seus respectivos termos.
e) Justificativa formal.
44. Conforme dispõe o § 2º, do artigo 57, da Lei nº 8.666/93, t oda prorrogação de prazo deverá
ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o
contrato.
“A prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela
autoridade competente do setor de licitações, devendo ser promovida mediante celebração
de termo aditivo, o qual deverá ser submetido à aprovação da consultoria jurídica do órgão
ou entidade contratante.”
46. Quanto aos tópicos que devem constar da justificativa, pode-se tomar como modelo, por
analogia, o anexo IX da Instrução Normativa 05/2017 - SEGES/MPDG:
3. Nas contratações de serviços continuados, o contratado não tem direito subjetivo à
prorrogação contratual que objetiva a obtenção de preços e condições mais vantajosas
para a Administração, podendo ser prorrogados, a cada 12 (doze) meses, até o limite de 60
(sessenta) meses, desde que a instrução processual contemple:
a) estar formalmente demonstrado que a forma de prestação dos serviços tem natureza
continuada;
b) relatório que discorra sobre a execução do contrato, com informações de que os
serviços tenham sido prestados regularmente;
c) justificativa e motivo, por escrito, de que a Administração mantém interesse na
realização do serviço;
d) comprovação de que o valor do contrato permanece economicamente vantajoso para a
Administração;
e) manifestação expressa da contratada informando o interesse na prorrogação; e
f) comprovação de que o contratado mantém as condições iniciais de habilitação.
48. Cumpre-nos tão somente recomendar que a justificativa seja a mais completa possível,
elaborada e submetida à autoridade competente para autorização do aditamento, contendo, dentre
outas, as seguintes informações: a) demonstração da natureza continuada da necessidade pública; b)
informações sobre a execução contratual, inclusive atestando a regularidade no cumprimento das
obrigações do locador; c) demonstração do interesse da Administração na continuidade da locação; d)
demonstração da economicidade do preço do contrato; e) informação sobre o interesse do locador na
prorrogação da vigência contratual; f) informação sobre a manutenção das condições iniciais de
habilitação e qualificação pelo locador.
50. Ora, inexistiria qualquer fundamento lógico ou jurídico para se alugar um imóvel, tendo em
vista a evidente onerosidade da contratação, se a União dispusesse de um imóvel que de forma
equivalente fosse capaz de atender às necessidades administrativas atualmente atendidas pelo contrato
de locação em comento.
52. Mais recentemente, o Exmo. Sr. Advogado-Geral da União editou a seguinte Orientação
Normativa sobre o tema:
53. Ante o exposto, recomenda-se seja promovida consulta prévia à SPU do Estado onde o
órgão assessorado necessita da disponibilização do imóvel, a fim de que a prorrogação do contrato de
locação somente tenha prosseguimento caso seja certificada a inexistência de imóvel próprio da União
capaz de satisfazer a necessidade do órgão contratante.
54. Lado outro, na existência de imóveis em condições de atender à Administração, pode esta
justificar a continuidade do contrato em face das despesas que a Administração terá que arcar com a
mudança para outro imóvel, quando se revelarem estas superiores ao valor dispendido com a locação.
De todo modo, é necessário que o gestor avalie de forma racional um determinado prazo em que os
investimentos realizados no imóvel locado possam ser diluídos com o tempo, permitindo assim um
planejamento para a mudança para o imóvel próprio.
56. Nos termos do artigo 55, XIII, da Lei nº 8.666/93, a Contratada deverá manter durante a
contratação todas as condições de habilitação e qualificação que foram exigidas inicialmente.
58. Não obstante o acórdão tenha tratado da prorrogação de contratações diretas, a fixação do
entendimento de que cada prorrogação equivale a uma renovação contratual reafirma a necessidade de
que as condições de habilitação do certame sejam mantidas nesse momento.
61. Assim, cabe à autoridade verificar se a Contratada ainda atende às condições que foram
exigidas quando da realização da licitação ou contratação inicial, consignando tal fato nos autos.
63. Sobre o ponto, leciona Marçal Justen Filho que “ deverá verificar-se a compatibilidade do
preço exigido com aquele de mercado. A Administração não poderá pagar preço ou aluguel superior ao
praticado para imóveis similares” ( Comentários à lei de licitações e contratos administrativos . 12 ed.
São Paulo: Dialética, 2008, p. 308).
67. A renovação do contrato somente poderá ser levada a efeito uma vez comprovada ou
justificada a vantajosidade econômica da contratação para a Administração por força da compatibilidade
do valor atual da locação considerando as condições atuais do mercado.
68. Lembra-se, contudo, que a vantajosidade poderá ser presumida no caso de aplicação de
índice oficial ou setorial de inflação conforme entendimento adotado pela Consultoria-Geral da União
externado no Parecer DECOR nº 0001/2019, cuja ementa transcreve-se:
69. Nesse caso, como bem explicitado no Parecer aludido, cabe ao gestor avaliar cada situação
em concreto e justificar estar o preço reajustado praticado em consonância com o mercado. Destaco
pontos do Parecer 0001/2019:
40. Percebido que, numa economia estável, o preço contratado recomposto pela álea
ordinária se apresenta como uma boa referência para ter-se um parâmetro do preço
transacional, bem como que a pesquisa de preços para a contratação de alguns serviços
possui pouca fidedignidade e alto custo administrativo, foi plenamente adequada a análise
descrita no bojo do Acórdão nº 1.214/2013, que merece novamente a transcrição:
184. (...) Ao mesmo tempo, importa lembrar que fazemos parte de uma economia estável,
em que a variação esperada é baixa e pode ser perfeitamente retratada mediante a
utilização de índices nacionais, tal como o INPC. Portanto, não há razão para efetuar
pesquisa de mercado todas as vezes que é necessária a realização de prorrogação
contratual, com todo o custo administrativo que representa.
(...)
192. É flagrante que o uso de índice específico e adequado, além de trazer significativo
benefício à Administração, será a forma mais apropriada para comprovar que o contrato
continua vantajoso no momento da prorrogação.
...
45. O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
presteza, perfeição e rendimento funcional, tendo relação direta com a concepção de
Estado Democrático de Direito, no qual as regras e a atuação administrativa buscam dar
garantias à coletividade, mas também protegem o indivíduo, inclusive de uma atuação
exageradamente onerosa ou ineficiente do Estado que ele sustenta, através dos tributos.
Como explica Humberto Ávila, para que a administração esteja de acordo com o dever de
eficiência, não basta escolher meios adequados para promover seus fins, pois a eficiência
exige mais do que mera adequação; assim, segundo o referido doutrinador, escolher um
“meio adequado para promover um fim, mas que promove o fim de modo insignificante,
com muitos efeitos negativos paralelos ou com pouca certeza, é violar o dever de eficiência
administrativa” (ÁVILA, Humberto. Moralidade, Razoabilidade e Eficiência na Atividade
Administrativa. Belo Horizonte: Revista Brasileira de Direito Público, ano 1, n. 1,
abr/jun.2003.)
47. Ademais, como bem observado no referido Parecer, a ausência de obrigatoriedade não
impede que o gestor, diante das especificidades existentes no caso concreto, opte pela
realização da pesquisa de preços para avaliar a vantajosidade econômica da renovação.
...
51. Nessas hipóteses de não realização da pesquisa de preços, deve o gestor atestar, em
despacho fundamentado, que o índice de reajuste aplicável ao contrato acompanha a
ordinária variação dos preços de mercado. Outrossim, deve o gestor apresentar
justificativa, seja de ordem econômica, administrativa ou outra pertinente, a ser indicada
como elemento de vantagem (vantajosidade) legitimador da renovação (prorrogação)
contratual.
72. Cabe também alertar para que, previamente à assinatura do termo aditivo, seja anexada a
declaração sobre a adequação orçamentária e financeira para fazer face às despesas, em conformidade
com as normas constantes dos arts. 16 e 17 da Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 (Lei
de Responsabilidade Fiscal).
74. Destaque-se ainda que o item 10, do Anexo IX, da IN nº 05/2017, determina que “nos
contratos cuja duração, ou previsão de duração, ultrapasse um exercício financeiro, deverá ser indicado
o crédito e respectivo empenho para atender à despesa no exercício em curso, bem como cada parcela
da despesa relativa à parte a ser executada em exercício futuro, com a declaração de que, em termos
aditivos ou apostilamentos, indicar-se-ão os créditos e empenhos para sua cobertura”, de forma que
além da declaração tratada neste tópico, também na minuta de Termo Aditivo deverá constar a
indicação do crédito e respectivo empenho para atender à despesa.
75. O requisito ora abordado aplica-se somente às hipóteses em que o contrato de locação
tenha sido firmado mediante contratação direta, seja por dispensa de licitação (art. 24, X, da Lei n°
8.666, de 1993) ou por inexigibilidade (art. 25 da Lei n° 8.666/93).
a) caso o contrato tenha sido formalizado com fundamento no art. 25, caput, da Lei
n° 8.666, de 1993, deve-se demonstrar nos autos que o imóvel permanece sendo o único
apto a atender as necessidades da Administração Pública;
b) caso o contrato tenha sido formalizado com fundamento no art. 24, X, da Lei n° 8.666,
de 1993, deve-se demonstrar nos autos que o imóvel locado permanece destinado ao
atendimento das finalidades precípuas da Administração, e que as necessidades de
instalação e de localização desta continuam condicionando a escolha e a permanência do
órgão contratante no imóvel locado.
II.3. REAJUSTE.
78. Via de regra, ressalvada a hipótese de dúvida jurídica pontual, não se exige parecer jurídico
específico para análise de reajuste, pela razão de que o mesmo pode ser realizado por simples apostila,
que não se inclui entre os atos de exame jurídico obrigatório nos termos do parágrafo único do artigo 38
da Lei 8.666/1993. Com efeito, reajuste não promove alteração no contrato, mas simples cumprimento
da cláusula contratual respectiva.
A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio
contrato, as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das
condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias
suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo,
podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.
No que toca à cláusula de reajuste, o regime jurídico próprio das locações prevê a
possibilidade de as partes definirem livremente os valores dos aluguéis e os
critérios que serão empregados para reajustá-los durante a vigência do contrato.
Essa é a disciplina constante do art. 18 da Lei nº 8.245/91, aplicável aos contratos de
locação em que a Administração figura como locatária: “é lícito às partes fixar, de comum
acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste”.
Em contratos dessa espécie, a rigor, adota-se um índice econômico (IGPM) como critério de
reajuste. Feito isso, a cada doze meses, o valor contratado será reajustado, segundo o
critério eleito, e, nesse caso, a formalização do novo valor poderá ocorrer por meio de
simples apostilamento, de acordo com o art. 65, § 8º, da Lei nº 8.666/93. (...) ” (Grifos
postos) (PRAZOS DE VIGÊNCIA E REAJUSTE NOS CONTRATOS DE LOCAÇÃO, in ORIENTAÇÃO
PRÁTICA - 1035/224/OUT/2012)
81. Se, todavia, por ocasião da assinatura do termo de aditamento de prorrogação contratual
houver, concomitantemente, cláusula de reajuste do valor do contrato, os tópicos que se seguem
deverão ser analisados pelo órgão assessorado.
82. Antes de passarmos à análise dos requisitos que devem ser observados para a concessão
do reajuste, cumpre-nos registrar desde logo uma recente mudança de entendimento acerca
da (im)possibilidade jurídica da preclusão lógica do direito ao reajuste contratual.
84. Tal cenário se alterou com o advento do Parecer nº 79/2019/ DECOR/CGU/AGU. Doravante,
via de regra o reajuste deve ser realizado automaticamente e concedido de ofício pela Administração
Pública. Por conseguinte, não há que se falar em preclusão lógica. Eventual assinatura de termo aditivo
de prorrogação do prazo de vigência do contrato administrativo sem que a contratada tenha
previamente suscitado seu direito ao reajuste ou promovido a ressalva do direito de assim proceder em
momento posterior em nada afeta o seu direito ao reajuste.
86. Portanto, com fulcro nos princípios que regem as contratações públicas - o da vinculação ao
instrumento convocatório (art. 3º e art. 41 da Lei de Licitações) e o da pacta sunt servanda (art. 66 da
Lei de Licitações), bem como o da garantia da manutenção das condições efetivas da proposta (art. 37,
XXI, CF/88) -, após certo período de execução contratual, a Administração Pública, de ofício, deve aplicar
o índice financeiro estabelecido contratualmente para reajustar o seu preço e reequilibrar sua equação
econômico-financeira.
88. O reajuste em sentido amplo se subdivide em duas espécies: o reajuste em sentido estrito
(atualização do valor contratual conforme índice estabelecido no contrato) e a repactuação (atualização
do valor contratual em razão da variação dos custos do contrato). No reajuste em sentido estrito há
apenas a incidência de um índice de variação de preços; na repactuação produz-se uma análise da
efetiva variação dos custos.
89. No presente caso, importa-nos o reajuste em sentido estrito - espécie de reajuste nos
contratos de serviço continuado sem dedicação exclusiva de mão de obra -, que encontra fundamento
de validade nos arts. 40, XI, e 55, III, da Lei nº 8.666/93, e no artigo 2º, da Lei nº 10.192/01, sendo
também prevista no plano infralegal no art. 13 do Decreto 9.507/18, e na IN nº 05/2017, da Secretaria
de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, nos seus artigos 53 a 61:
IN Nº 05, de 2017
Art. 61. O reajuste em sentido estrito, como espécie de reajuste contratual, consiste na
aplicação de índice de correção monetária previsto no contrato, que deverá retratar a
variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou
setoriais.
§ 1º É admitida estipulação de reajuste em sentido estrito nos contratos de prazo de
duração igual ou superior a um ano, desde que não haja regime de dedicação exclusiva de
mão de obra.
§ 2º O reajuste em sentido estrito terá periodicidade igual ou superior a um ano, sendo o
termo inicial do período de correção monetária ou reajuste, a data prevista para
apresentação da proposta ou do orçamento a que essa proposta se referir, ou, no caso de
novo reajuste, a data a que o anterior tiver se referido.
§ 3º São nulos de pleno direito quaisquer expedientes que, na apuração do índice de
reajuste, produzam efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de periodicidade
inferior à anual.
§ 4º Nos casos em que o valor dos contratos de serviços continuados sejam
preponderantemente formados pelos custos dos insumos, poderá ser adotado o reajuste de
que trata este artigo.
90. Portanto, o reajuste de preços em sentido estritos é espécie de reajuste contratual que
deverá ser utilizada nas contratações de serviços continuados SEM dedicação exclusiva de mão de obra.
91. Pois bem. Feitas estas considerações iniciais, cumpre analisar os pressupostos fixados nos
citados diplomas normativos para a concessão da reajuste de preços nos contratos administrativos:
92. Cada uma das exigências acima será melhor abordada nos tópicos específicos adiante.
93. Impõe-se seja verificado se existe previsão expressa sobre o reajuste dos preços no
contrato e/ou também no edital, a fim de permitir a aplicação da majoração.
95. Os contratos de serviços sem dedicação exclusiva de mão de obra devem ser
preferencialmente reajustados por índices setoriais e específicos, ou, na falta destes, por índices gerais
de preços, com respaldo nos arts. 2º e 3º da Lei nº 10.192/2001, conforme reconhecido na Orientação
Normativa AGU nº 23/2009.
96. Na falta de índice setorial ou específico, ao adotar o índice geral de preços como critério de
reajuste, o gestor deve analisar o objeto contratual e optar por aquele que melhor reflita a evolução dos
custos que compõem o preço dos serviços.
97. No que toca à alteração dos valores, portanto, o setor competente do órgão assessorado
deverá atestar que se trata do correto índice previsto nos documentos que instruíram a contratação.
98. Recomenda-se, ademais, sejam os autos instruídos com a memória do cálculo resultante da
aplicação do índice de reajuste.
99. No que se refere à periodicidade do reajuste, veja-se o que prescreve o art. 61, § 2º, da IN
nº 05/2017:
Art. 61.
(...)
§ 2º O reajuste em sentido estrito terá periodicidade igual ou superior a um ano, sendo o
termo inicial do período de correção monetária ou reajuste, a data prevista para
apresentação da proposta ou do orçamento a que essa proposta se referir, ou, no caso de
novo reajuste, a data a que o anterior tiver se referido. (grifo nosso)
101. O termo aditivo deve conter as cláusulas mínimas necessárias para sua compreensão e
eficácia.
104. À luz do quanto exposto, recomenda-se a utilização do seguinte modelo de minuta de termo
aditivo, com as alterações ou adaptações que se fizerem necessárias a cada caso concreto:
“PRIMEIRO (ou segundo, terceiro etc) TERMO ADITIVO AO CONTRATO Nº (...), CELEBRADO
ENTRE A UNIÃO, POR INTERMÉDIO DO ( ÓRGÃO PÚBLICO), E (NOME DO LOCADOR(A))
A União, por intermédio do (órgão público), inscrito no CNPJ sob o nº (...), com sede em
(endereço), neste ato representado pelo (nome e cargo do servidor), nomeado pela
Portaria (nº e data), publicada no DOU de (data), portador da Carteira de Identidade nº (...)
e inscrito no CPF sob o nº (...), doravante denominada LOCATÁRIA, e (nome do locador(a)),
inscrito(a) no CPF/CNPJ sob o nº (...), com domicílio/sede em ( endereço), doravante
designado(a) LOCADOR(A), neste ato representado(a) por (nome do representante),
portador da Carteira de Identidade nº (...) e inscrito no CPF sob o nº (...), tendo em vista o
que consta no Processo Administrativo nº (...), e em observância às disposições da Lei nº
8.245, de 18 de outubro de 1991, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 e do Contrato
nº (...), resolvem celebrar o presente Termo de Aditamento Contratual, mediante as
cláusulas e condições a seguir enunciadas.
___________________________________________________
Assinatura do representante legal da LOCATÁRIA
___________________________________________________
Assinatura do(a) LOCADOR(A) (ou seu representante legal)
TESTEMUNHAS:
(discriminar assinatura, RG e CPF de cada uma)”.
105. Por fim, recomenda-se a publicação do termo aditivo, “como condição indispensável para
sua eficácia”, na forma do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993.
106. Deverá o órgão assessorado informar, sempre que solicitado, a relação dos processos, com
NUP, em que a presente manifestação jurídica referencial foi adotada, bem como recomenda-se juntar
nos autos a presente declaração:
Processo: __________________________
Objeto: Contrato de locação. Termo Aditivo de Prorrogação de Vigência
Valor estimado (Valor de referência): R$__________________________
Atesto que o presente processo, referindo-se ao termo aditivo acima descrito, adequa-se à
manifestação jurídica referencial correspondente ao PARECER REFERENCIAL n.
00004/2020/COORD/E-CJU/SSEM/CGU/AGU, cujas recomendações restaram plenamente
atendidas no caso concreto, e a instrução dos autos está regular, de acordo com o que está
consignado na lista de verificação juntada aos autos.
Fica, assim, dispensada a remessa dos autos para exame individualizado a cargo da
Consultoria Jurídica da União Virtual Especializada em Serviços sem Dedicação Exclusiva de
Mão-de-Obra ou à Consultoria Jurídica da União do Estado, conforme autorizado pela
Orientação Normativa nº 55, da Advocacia-Geral da União.
__________________________________________________
Identificação (nome e matrícula)e assinatura
III. CONCLUSÃO
108. Reiteramos que eventuais dúvidas jurídicas específicas que surgirem a partir da aplicação
da presente manifestação referencial aos casos concretos devem ser submetidas ao crivo do órgão
consultivo da AGU.
109. Submeto o presente Parecer Referencial à apreciação do Exmo. Sr. Coordenador da e-CJU
SSEM, a fim de que, concordando com os termos, dê amplo conhecimento aos órgãos assessorados,
comunicando-lhes a desnecessidade de envio de processos por ela abrangidos para análise
individualizada.
(assinado eletronicamente)
DANIEL LIN SANTOS
ADVOGADO DA UNIÃO
Coordenador Substituto da Consultoria Jurídica da União Especializada Virtual (e-CJUs)
de serviços sem dedicação exclusiva de mão-de-obra
Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br
mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 00688001305202017 e da chave de
acesso 4e177f37
Documento assinado eletronicamente por DANIEL LIN SANTOS, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 550230523 no
endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): DANIEL LIN
SANTOS. Data e Hora: 14-12-2020 13:45. Número de Série: 17381121. Emissor: Autoridade Certificadora
SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE SERVIÇOS SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA
DE MÃO-DE-OBRA
COORDENAÇÃO GERAL - SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA MDO
RUA SANTA CATARINA, 480 - 6º ANDAR LOURDES BELO HORIZONTE CEP 30.170-081
DESPACHO n. 00040/2020/COORD/E-CJU/SSEM/CGU/AGU
NUP: 00688.001305/2020-17
INTERESSADOS: CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE SERVIÇOS
SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE MÃO-DE-OBRA
ASSUNTOS: PRORROGAÇÃO
4. Após, arquivem-se.
Documento assinado eletronicamente por ANDERSON MORAIS DINIZ, de acordo com os normativos
legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código
551839353 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a):
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