27/07/2009 - segunda-feira
Estudar pelo menos antes das aulas, pois a matéria é difícil, e não tem como estudar somente
na semana da prova. A coordenação quer que os alunos saibam principalmente conceitos, ou
seja, a matéria será conceitual e a prova será conceitual.
Cada bimestre deverá conter apenas 10 pontos (ou seja, não vai existir mais ponto extra).
A prova valerá 10 pontos (ou seja, não haverá trabalho). 7 questões objetivas e 3 discursivas
(conceituais e objetivas. Ex.: “O que significa seqüela?”). De consulta ao Código seco (sem
nenhuma anotação).
Haverá controle de presença todos os dias.
É importante possuir algum livro, os indicados pelo professor são:
• Carlos Roberto Gonçalves (Direito das Coisas) – Não possui linguagem fácil, mas possui
uma abordagem clássica.
• Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (Direito Real) – Mais adequada ao
enfretamento sociológico, obra mais questionadora, que instiga a leitura.
Tudo que for cobrado em prova vai ter sido dado em sala de aula. E as questões divergentes
serão evitadas em prova (nessas duas doutrinas não há grande divergência nos pontos
realmente relevantes).
29/07/2009 - quarta-feira
O registro (direito real) que faz com que o direito de propriedade nasça, mas para que haja o
registro a compra e venda (direito pessoal) é essencial. O direito real e o pessoal andam
juntos, ou seja, interagem, um auxilia e complementa o outro.
03/08/2009 - segunda-feira
05/08/2009 - quarta-feira
POSSE
No estudo da posse a primeira coisa é esquecer o campo jurídico, e dar atenção à aparência.
A posse não depende de propriedade. Tudo se processa no mundo fático.
Existem 2 teorias:
• Teoria Subjetiva (Savigny) – adota como ponto de partida de todo estudo
possessório a detenção. Todas as pessoas que estão com alguma coisa eram
detentoras, o que às fazia possuidoras era um elemento que ele denominou animus
domini (que é elemento subjetivo, é a vontade do sujeito em relação à coisa. Ele tem
que se considerar o dono, mesmo não o sendo). Para Savigny o ladrão é um possuidor,
pois ele tem esse elemento intencional (todavia, não é proprietário).
Detenção para Savigny é animus + corpus (diferente do animus domini), o fato de
que alguma pessoa quer ter a coisa para si/consigo (affectio tenendi). O corpus seria
caracterizado pela possibilidade de se exercer uma influência imediata/direta sobre a
coisa. Isso (animus + corpus) produzia a detenção (Detenção = Affectio tenendi +
corpus).
ELABORADA POR SUELEN CRISTINA MEDEIROS MENDES – suelencmm@hotmail.com
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Ele resolve com uma equação que é: Posse = animus (fato de que alguma pessoa
quer ter a coisa para si/consigo (affectio tenendi)) + corpus (possibilidade de se
exercer uma influência imediata/direta sobre a coisa) + α (animus domini, e alguns
entendem como possidendi).
A posse é uma detenção qualificada pelo elemento intencional animus domini.
A detenção é o núcleo objetivo da relação possessória. A detenção se constitui no
elemento objetivo da relação possessória.
Savigny tem um grande mérito – identificou vários efeitos sucessórios, mas depois de
identificá-los ele disse que os 2 grandes efeitos da posse são:
1. A proteção pelos interditos ou proteção ad interdicta – a posse está sendo
valorada apenas como posse, ou posse autônoma (animus domini). Autonomia
frustrada;
2. E a posse usucapião ou ad usucapionem – no início é posse, mas se transmuda
para um modo de propriedade.
• Teoria Objetiva (Ihering) – diz-se que essa teoria é a negação da tese de Savigny.
Para esta teoria tudo parte da posse. A posse se transforma em detenção através de
um fator de degradação (que será sempre um fator legal, ou seja, é a Lei que diz
quando considera posse e quando não considera, a pessoa não escolhe, se a Lei não
fala nada, obrigatoriamente, tem que considerar posse. Ex.: art. 1.198, CC).
Posse = animus (affectio tenendi. O animus é tão pequeno para Ihering que alguns
doutrinadores entendem que posse é igual a corpus para ele, sem conter o animus) +
corpus (é o fato de a coisa possibilitar ao possuidor as vantagens econômicas que o
bem comporta. O corpus é materializado/objetivo. Exteriorização- uso regular da coisa
– finalidade – utilidade). O que era detenção para Savigny é posse para Ihering. Possui
uma carga de objetividade enorme.
Detenção para Ihering é mais simplificado, é animus + corpus – N (fator de
degradação. Ex.: art. 1.208, CC), ou seja, detenção é uma posse degradada, pois há um
fator legal que pegou o que achava que era posse e transformou em detenção, e não
há nada o que se fazer contra o fator de degradação, que quem determina é a Lei.
Posse é a exteriorização da propriedade.
A doutrina é uníssona em dizer que o primeiro Código a seguir a teoria de Ihering foi o
brasileiro de 1916 e o de 2002 continua influenciado por essa teoria (o Código Alemão
também adotou essa teoria). Outros foram muito influenciados pela teoria de Savigny
como o mexicano, o espanhol... e ainda, outros que ninguém identifica qual a teoria
adotada.
A posse deve estar atrelada à propriedade o que é uma sujeição declarada (e não uma
autonomia frustrada). Entende que a posse atua como defesa da propriedade.
10/08/2009 - segunda-feira
(complemento da explicação das 2 teorias)
Art. 1.228, CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Art. 1.196, CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. (posse plena é = a posse do proprietário.
A posse não é o exercício de fato, e sim, aquele que tem o exercício pleno ou não de algum
poder de propriedade. Pode ter uma posse não plena, e ela será, sem dúvida, a grande
incidência de posse existente. Ex.: servidão – ela é estabelecida entre prédios, pode usar a
propriedade do outro como passagem. Só pelo fato de possuir um dos direitos já configura
posse – nesta relação existe o dominante e o serviente – é o que serve o dominante. Ex.²:
Usufruto).
12/08/2009 - quarta-feira
POSSE
Ex.: Direito Pessoal = Locação: O Locatário tem a posse direta e o Locador tem a posse
indireta.
Hipotecária = O devedor Hipotecário conserva a posse do bem mais o credor hipotecário não
conserva a posse.
Ex.: Existência apenas no mundo Fático: Fulano pede para Rômulo guardar um objeto para
pegar depois. (É por tempo indeterminado, só vai ter termo se houver um contrato).
(Em Savigny não é possível, pois falta o animus domini, pois não há possibilidade de
desmembramento da posse).
OBS:
• VANTAGEM 1 DO DESMEMBRAMENTO: O Desmembramento gera uma melhor
utilização da posse = Toda vez que o locatário se assume como locatário mesmo que
ele receba o status de possuidor ele não pode usucapir.
• VANTAGEM 2: Há uma ampliação da defesa possessória, visto que o possuidor direto
pode conservar sua posse e defende-la perante terceiro, quanto também pode o
possuidor indireto.
• Toda vez que o desmembramento se concretiza por uma situação negocial, fica claro
que não pode usucapir, pois ele assume a condição de possuidor direto por meio pode
uma posse de um terceiro.
• Se o conflito for entre o Possuidor Direto e do Indireto = iremos ter uma situação mais
complicada. (A defesa possessória é recíproca entre eles).
Desmembramento sucessivo
Posse Direta é sempre única (é a conclusão que a doutrina chega).
Ex.: Nu-proprietário – usufrutuário e Locador – Locatário (desta forma o 1 e o 2 são
possuidores indiretos, e somente o Locatário é possuidor direto).
Inversão do título da posse – Mudar no curso da relação possessória a causa pela qual
você possui. Alguém que possui como locatário, com o tempo, passou a possuir como seu.
Contraditio – O possuidor direito que até então se comportou como tal, passe a negar o
direito do possuidor indireto e a possuir a coisa como própria (como sua). É
fundamentalmente animus.
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17/08/2009 - segunda-feira
19/08/2009 – quarta-feira
Art. 1.200, CC. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Logo:
Posse Injusta – é a posse violenta (ameaça ou atos. Pode ser física ou moral. Ex.: quebrar o
portão, bater na pessoa, ameaçar... a violência pode ser dirigida a coisa – isso não é
unânime), clandestina (é feita às escondidas) e precária.
Art. 1.208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade. (Enquanto perdura a violência ou clandestinidade posse não
há, há apenas detenção).
Cessação da Posse Injusta (na realidade é um fator de degradação e não posse) – Estes
atos podem ser ratificados, dando-se pela cessação da violência ou clandestinidade.
Todavia, essa posse (mesmo cessando a violência ou clandestinidade) será sempre injusta em
relação ao desapossado. Pois em relação à terceiro, e à coletividade a posse é tida como
verdadeira.
a) Em quanto houver violência ou clandestinidade a posse violenta é autenticamente
mera Detenção, e não posse. (Só passa ser posse quando cessão os atos de violência
e clandestinidade).
b) Em relação ao desapossado, a posse violenta ou clandestina será sempre injusta.
c) Frente aos Terceiros é legítimo possuidor, frente ao Proprietário é Possuidor injusto
(Relativização dos Vícios Objetivos da Posse).
OBS: Art. 924 CPC. Cessa quando ocorre o decurso do prazo de ano e dia (No Brasil não, ainda
há possibilidade de ingressar com Ação Civil. O que determina é a situação fática).
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da
seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado
esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
Precariedade – Posse Precária, não é possível a ratificação, sendo sempre Detenção (a
inversão/intervenção do titulo da posse diz que pode transformar a detenção em posse. Pode
transformar a posse precária, ou seja, a detenção em posse, através da contraditio negando o
direito do possuidor anterior e este vendo a situação de contradição não adota nenhum tipo
de postura, ou seja, permanece inerte).
É a posse daquele que, tendo recebido a coisa das mãos do proprietário por título que o
obrigue a restituí-la, recusa-se injustamente a fazer a restituição e passa a possuir em seu
24/08/2009 - segunda-feira
Posse de boa-fé
A boa-fé de ignorância do vício (ignorância da violência, clandestinidade ou da precariedade.
Mas pode ser também uma nulidade ou anulabilidade, pois o sentido de vício é amplo) ou do
obstáculo (a doutrina associa obstáculo como atos de permissão ou tolerância) é uma boa-fé
subjetiva (não seria viável a boa-fé objetiva). A boa-fé é sempre presumida.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa.
Existem 2 teorias acerca da boa-fé:
• Teoria psicológica – basta que ignore o vício, ou seja, o simples estado de tolerância
convalida o vício. O grande problema é que isso se situa no íntimo de cada ser. Ou seja,
é praticamente impossível comprovar a boa-fé.
• Teoria ética – não basta que ignore o vício, é necessário que esta situação decorra de
um contexto em que aquele que adquire a posse da coisa se coloque em uma situação
de erro escusável. Além da ignorância, o desconhecimento do vício ou obstáculo ele
decorre de erro escusável (não sabia e tinha razões para não saber. Se aproxima da
culpa – ausência de um cuidado objetivo).
Art. 1.201. Parágrafo único - O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-
fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé. Alguns dizem que o justo
título é um documento, mas essa definição, apesar de não estar errada está aquém da
definição correta. Justo título é a justa causa possessionis.
É a causa hábil para constituir a posse, como o contrato de locação, de comodato, de
depósito, de compra e venda, de doação etc.
Existem 3 concepções distintas de justo título:
• Clássica – apenas aquele que incute na pessoa a posição de proprietário, ou seja, a
escritura pública devidamente registrada (é possível que encontre duplicidade de
26/08/2009 - quarta-feira
EFEITOS DA POSSE
Savigny limitou 77 efeitos (depois reduziu para 2), mais a doutrina reconhece apenas 5 (mas
nós estudaremos 4).
FRUTOS
São acessórios que decorrem de uma lógica, que retirados do bem, não alteram
substancialmente a coisa. (É um rendimento da coisa).
A) Naturais – plantação
B) Industriais – na linha de produção a coisa ainda não é destacada do processo
industrial, quando retiro a linha de montagem continua a mesma.
C) Civis – tem um comportamento como rendimento. (Venda e compra de ações, o
capital que ganho é fruto) – Aluguel também é um fruto. É cobrado dia a dia.
OBS: A forma de colheita de A e B, reputam-se colhidos quando há o destaque da coisa
principal.
i- Fruto Pendente = O Fruto que ainda não colhi.
ii- Fruto Percebido = O que já colhi.
OBS: Já os FRUTOS CIVIS são feitos dia a dia.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são
separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Os Frutos podem ser colhidos de Boa e de Má Fé.
Se Alguém Demanda contra a POSSE
Boa Fé: tem direito aos frutos percebidos em quanto à posse durar pertence ao possuidor, e
os pendentes ao Reivindicante.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único - Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Cessada a Boa Fé perde o direito aos frutos (Ex: até a citação tudo é considerado de boa-fé,
mas depois da citação induz-se má-fé desde que seja vencido, devendo os frutos serem
restituídos, os frutos pendentes devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da
produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação).
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Má Fé:
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber (percipiendos – frutos que deveriam ter
sido colhidos, mas não foram), desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito
às despesas da produção e custeio.
BENFEITORIAS
OBS: (CAI NA PROVA) É diferente de Acessão, pois essa é quando não existe nada em um
lugar e é construído, semeado, criado. Já a Benfeitoria é quando melhorou uma coisa já
existente.
As benfeitorias podem ser (art. 96):
• Necessárias – conservação da coisa. Ex.: trocar o encanamento que tem infiltração...
• Úteis – a melhoria, otimização do bem. Ex.: fazer mais um banheiro...
• Voluptuária – mero deleite ou elevado valor. Ex.: piscina, quadra...
Boa Fé:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis.
Retenção – É uma forma de ao se prolongar na posse receber as benfeitoras que ele fez e
não foi indenizado. Permanecer no bem para por meio do aluguel que pagaria obter os
valores correspondentes as benfeitorias não indenizadas.
Deve-se apurar os valores das benfeitorias ainda na fase de conhecimento, para no final ficar
estipulado o valor da indenização, e possibilitá-lo de reter o bem por X tempo. (Se não fizer,
só vai receber em ação autônoma)
Má Fé:
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
O possuidor de má-fé só terá direito à indenização das benfeitorias necessárias, sem a
possibilidade de retenção. As benfeitorias úteis e voluptuárias serão utilizadas como uma
forma de compensação – um doutrinador entende que se assemelha a um aluguel que o
possuidor deveria pagar pela utilização da coisa. Mas o professor entende que é uma forma
de penalizar. (Para o Reivindicante recuperar algo proveniente pelo uso indevido do bem).
31/08/09 - segunda-feira
02/09/2009 – quarta-feira
Trabalho que vai estar no BLOG – tem haver com a coisa. Para entregar dia 09
(quarta feira) depois do feriado. Coisa é tudo aquilo que é concreto, material e
tangível. A posse recai sobre a coisa ou sobre o direito? É a posse do direito, posse
da coisa ou de ambos no direito brasileiro? Por exemplo, a posse que dá origem é a
do direito de usucapião. Tem que responder e justificar.
Em regra é posse da coisa, todavia em alguns casos se admite a posse de direito
(ex.: posse da linha telefônica).
IUS POSSESSIONIS -> Direito de Posse – digo que fulano POSSUI. Não leva a causa que o
cidadão possui, e sim que ele possui. Não existe direito real.
IUS POSSIDENDI -> Leva em conta a propriedade, por isso ele possui. É em virtude de um
Direito Real.
09/09/09 - quarta-feira
REQUISITOS DA P.I.
Art. 282 + 927 do CPC
Art. 927. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho; (Para verificar de é de força nova ou velha)
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na
ação de reintegração.
AQUISIÇÃO DA POSSE
Aquisição Originária: O possuidor adquire sozinho, sem qualquer intermediário. (Sem
qualquer transmitente). (adquire a posse imune/sem a vícios possessórios. Os vícios
anteriores não contaminam a posse)
Aquisição Derivada: O possuidor adquire por um transmitente. (Sujeita a argüição de
vícios). Forma uma cadeia de transmissão de quem transmite e de quem adquire.
OBS: A Vantagem é que no âmbito obrigacional, é o fato da responsabilização, uma vez que
na originária se algo acontece com o bem não se pode imputar responsabilidade a alguém, ao
contrario da Derivada, que no caso de vícios da coisa a responsabilidade é do transmitente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que
foi adquirida. (se aplica a aquisição derivada).
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA por:
1 – Apreensão (Móveis) – é a melhor para usucapir;
2 – Uso (Imóveis);
3 – Exercício de um Direito (relativo aos bens móveis ou imóveis);
AQUISIÇÃO DERIVADA por:
1- Tradição (o criador desse sistema foi Teixeira de Freitas):
a. Material é a efetiva entrega (Móveis).
14/09/09 - segunda-feira
AQUISIÇÃO DA POSSE
Pode ser originária e/ou derivada.
• Originária – é uma posse imune a vícios. Abrem-se as portas para a posse de direito
(que é constituído sobre a propriedade, por exemplo). É uma aquisição de pouca
utilização (apesar de importante). Os mais importantes são: Usucapião e
Desapropriação. Pode se dar através da:
o Utilização da coisa – apreensão/uso; ou do
o Exercício do direito real;
• Derivada
o Tradição – efetiva (solene/não-solene) – ficta
Breve manu – se pratica com maior freqüência. É uma forma de tradição
ficta, não são todas que são de Breve mano, é o caso onde já tenho a
posse, e compro o bem, continuo com a posse, mas desta vez baseado na
propriedade. (Locatário que compra o bem locado). Se dá ao título de
locação, por exemplo. Tem haver com a extensão da posse (e não com a
natureza da posse). Subindo é tradicio de breve manu.
Longa mano – se dá ao título de propriedade. É praticada em uma
incidência maior que a de breve mano, pois as pessoas não costumam
adquirir bens que estão sob sua posse por outro motivo. Não possui a
posse do bem. Não é possível uma pessoa de uma vez só tomar posse de
toda a extensão da coisa possuída. Ex.: 300 alqueires.
o Constituto possessório – ele possibilita que no curso da atividade possessória
seja possível mudar a natureza/o caráter da posse. É uma espécie de tradicio da
breve manu (o professor acha que não é uma espécie, acha que é diferente).
Uns dizem que só pode ser expresso, mas a doutrina tem dúvidas/divergências.
Serve para demonstrar que a natureza da posse mudou. Como por exemplo,
uma pessoa que vende seu carro, e continua em sua posse direta como
locatário. Tem haver com a extensão da posse. Sempre que tem mediatização
da posse (posse mediata. Direta e indireta) sempre que ela aparecer
desmembrada há possibilidade de aparecimento do constituto. É muito mais
sério do que a tradicio de breve manu, pois o possuidor vai sempre sofrer uma
queda pela causa que ele possui. Descendo é constituto. (PROVA)
16/09/09 - quarta-feira
PERDA DA POSSE
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder
sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando,
tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente
repelido.
1- Dá para se adquirir a posse e se perder pela tradição. A tradição implica na aquisição
da posse e na perda da posse (só acarreta a perda da posse quando envolve a intenção
definitiva de transferi-la a outrem).
2- Perde-se a posse pela perda da própria coisa, deve ser definitiva (ou seja, não pode
perder dentro de casa, pois está dentro da esfera jurídica de atuação dela, mesmo que
não saiba em qual cômodo está. Tem por perdida a posse quando desiste de procurar,
e “assume” que perdeu).
3- Perde-se a posse pela Deterioração Absoluta da coisa = destruição total – e não a
parcial. (torna-se inaproveitável ou inalienável).
4- Perde-se a posse pela Inalienabilidade.
5- Perde-se a posse pelo Constituto possessório.
6- Pela posse de outrem, após ano e dia. (Não tem nada a haver com posse nova e posse
velha).
7- Também se perde a posse pelo abandono, que se dá quando o possuidor renuncia a
posse, manifestando-se voluntariamente a intenção de largar o que lhe pertence. Ex:
Atirar o que lhe pertence à rua.
EX: Cláusula de Inalienabilidade, o bem não está sujeitos a usucapião. (Regra)
28/09/09 - segunda-feira
PROPRIEDADE
Está apto a repelir qualquer interferência indevida em relação ao seu direito. O que mais
caracteriza a propriedade é a exclusividade.
Quando se fala em usar, gozar e dispor esta se guiando pelo conteúdo da propriedade e não
pelo conceito (mas é o que a doutrina diz que é). O conceito da doutrina majoritária é
baseado do art. 1.228 do Código Civil, que é: “propriedade é o direito de usar, gozar e dispor
da coisa, bem como de reivindicá-la de quem quer que injustamente a possua ou detenha”.
Art. 1.228, CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. (não tem nada
haver com posse injusta – aqui é uma concepção muito mais abrangente, é tudo, qualquer
coisa que seja contrária ao direito de propriedade. O “detenha” é que foi modificado pelo
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CC/02 – se detenha está no sentido de detenção ela revogou o art. 62, do CPC; e se não é
neste sentido é um sentido novo, que deve ser explicado).
***PROVA***
• Complexo – a propriedade é um direito complexo. Apresenta-se como a conjunção de
direitos. Vários direitos produzidos com a finalidade de gerar um direito.
• Unitário – A propriedade só tem explicação, só existe se todos esses direitos estiverem
enfeixados. Esses direitos são destinados a produzir um efeito prático, qual seja a
propriedade. É a reunião de direitos diversos.
• Exclusividade – Tem como atributo também a exclusividade (art. 1.231, CC). É um
poder de exclusão. Possui 2 atributos:
1º) Inerência – para cada direito real um titular;
2º) Nós temos a certeza absoluta de que o titular do direito real estará habilitado a
excluir qualquer intromissão indevida e que se revele contrária ao se direito.
Art. 1.231, CC. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
• Elasticidade – É elástica por que pode esticar/distender, de tal maneira que ela
cumpra para o titular finalidades diversas. Traduz-se pela possibilidade de constituição
de direitos reais sobre a propriedade. Ex.: pode ser garantia de um negócio. Ex.²:
alienação fiduciária. Ex.³: Servidão.
• Perpetuidade – é tida como perpétua por ser um direito imprescritível. Tem haver
com a imprescritibilidade. O não-uso não importa em extinção do direito de
propriedade. A usucapião é um meio originário de aquisição da propriedade, não
estamos falando de quebra da propriedade (não há espécie de negócio jurídico entre
ambos).
Para alguns autores existe ainda outra característica que é a de caráter absoluto. Mas o
professor não vai colocar, pois não vai achar em muitas obras, tendo em vista um discurso da
função social que diz que a propriedade é limitada e não absoluta. Todavia o professor não
concorda com isso, pois a propriedade sempre esteve limitada (ou seja, tem que respeitar o
direito alheio), nunca foi concebida realmente como um direito absoluto, ela sempre teve que
coexistir com o direito alheio (então se ela era absoluta antes, continua sendo agora).
O caráter absoluto diz que cabe ao proprietário dentro do seu íntimo decidir qual a destinação
que será dada à coisa. E neste contexto o proprietário tem poder absoluto sobre a coisa.
O proprietário pode além de usar, gozar, dispor e reivindicar, pode modificar, destruir, entre
outros (mas a maioria está incluso nas outras características do conceito)...
• O uso é dar à coisa a destinação regular que ela tem;
• Gozo é a retirada dos frutos, da aptidão que a coisa pode dar ao proprietário;
• Disposição está atrelada ao poder de aliená-la, mas é mais abrangente do que isso é
dar a destinação econômica que a coisa tem (de acordo com os interesses do
proprietário);
• Reivindicação significa o poder de reaver a coisa. Recolher o que lhe pertence;
30/09/09 - quarta-feira
DOMÍNIO PROPRIEDADE
X
Núcleo material da propriedade – quando a Núcleo formal da propriedade – Para adquirir
pessoa tem a titularidade dos poderes sobre a a propriedade basta a vontade.
coisa, ou seja, o uso e gozo, sem, porém, ter as Domínio não é mais sinônimo de propriedade.
formalidades da coisa, como o registro no RGI, a O domínio se transforma em propriedade
pessoa terá o domínio. Retrata o domínio material quando é formalizado.
da coisa, ou seja, o uso e o gozo em determinadas
Por exemplo, só falta a escritura, mas já foi
hipóteses em disposição. Ex.: quem completou
pago, já tem contrato.
o prazo para usucapir, é titular do domínio, Ex: promessa de compra e venda registrada.
mas não da propriedade. E passará a ser Usucapião registrada no RGI. Promitente
proprietário quando tiver a sentença. comprador que quitou a promessa de compra e
Propriedade que ainda não existe formalmente, venda e registrou o imóvel no RGI.
mas sim no âmbito material.
05/10/2009 - segunda-feira
SERÁ ATRIBUIDO 1 PONTO EXTRA A TODOS, MESMO QUEM NÃO FEZ OS TRABALHOS
(EM FUNÇÃO DAS NOTAS BAIXAS DA TURMA DA MANHÃ).
07/10/2009 - quarta-feira
19/10/2009 - segunda-feira
21/10/2009 - quarta-feira
26/10/2009 - segunda-feira
USUCAPIÃO (continuação)
Além da posse é necessário:
• Tempo – aumento o tempo de posse e com isso retira a necessidade/exigência de justo
título e boa-fé (usucapião extraordinária). Há presunção de justo título e de boa-fé,
basta que tenha o tempo determinado em Lei para não precisar do justo título. Na
nossa Lei esse prazo é de 15 anos.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu
um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no
Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único - O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de
04/10/2009 - quarta-feira
ILHAS
Correntes comuns/particulares
I – As ilhas formadas em rios ou águas oceânicas são públicas. Só vamos tratar das
águas/correntes comuns/particulares. O leito do Rio é chamado de “álveo” (por onde passa a
corrente). A “testada” é a margem. Quando uma ilha se forma no meio do leito faz uma linha
imaginária no meio do álveo e a ilha é dividida de acordo com a reta que fica o terreno da
pessoa.
II – Se a ilha for formada apenas de um lado da linha imaginária, o outro lado não é
proprietário da ilha, só quem possui o terreno do lado em que está a ilha, e cada um tem de
acordo com o fim do seu terreno.
III – quando é formado um “braço de rio” (a ilha toma parte do terreno de alguém, se formou
a custa desta pessoa), ainda que tenha excedido o limite de testada, a ilha será apenas
deste.
Acessão natural é quando a ilha passa a fazer parte da propriedade da pessoa (natural, pois
passou a existir pela natureza). Quando ocorre a acessão o registro determina sua extensão
até a ilha.
Art. 1.249, CC. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem
aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos
ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que
dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos
aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
ELABORADA POR SUELEN CRISTINA MEDEIROS MENDES – suelencmm@hotmail.com
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III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer
aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
ALUVIÃO EM SENTIDO PRÓPRIO
É um acréscimo produzido nas propriedades ribeirinhas de maneira imperceptível
(normalmente é formado com a ajuda da “curva dos rios”). Deve ser observado o limite de
testada de cada um.
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e
aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas,
pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único - O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários
diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga
margem.
ALUVIÃO EM SENTIDO IMPRÓPRIO
Não é mais tratada no código, mas é importante. É formada pela retração das águas, e o leito
fica mais contido no meio do álveo. Não possibilita a aquisição da área.
AVULSÃO
É o fenômeno que indica quando parte considerada de terra se desprende de uma
propriedade e arroja-se a outra, provocado pela força da natureza (alguns entendem que se
encaixa também no caso de desmoronamento). A aquisição é mediante indenização (o
problema é o valor da indenização, então quem vai dizer é o juiz). Essa indenização é por
causa do enriquecimento sem causa (não é como punição, pois a pessoa não teve culpa). O
problema é quando a pessoa beneficiada com a terra desprendida não quer adquirir a terra
(ela pode fazer o que quiser com o que estiver na terra). A inércia da parte que perdeu a terra
pode gerar a usucapião.
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um
prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o
dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único - Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se
juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
ABANDONO DE ÁLVEO
O rio pode tomar um novo curso, diz-se que esta terra pertencerá aos proprietários
ribeirinhos. Os proprietários das terras que passaram a ser ocupadas pelo rio não podem
requerer indenização de ninguém, pois foi uma opção da natureza. Todavia, esse novo curso
pode ser determinado pela pessoa política responsável, neste caso, o proprietário que sofre
com o novo curso das águas terá direito a indenização, todavia, as terras que forem
desocupadas pelo rio, passam a ser do estado/união... como forma de restituir o valor pago
como indenização aos que sofreram com a mudança do rio.
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas
margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem
novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
11/11/09 - quarta-feira
16/11/2009 - segunda-feira
SERVIDÃO (continuação)
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio
serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos
proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Servidão aparente – É aquela que se coloca visível tanto ao dominante quanto ao serviente.
Tudo decorrer que se a servidão é aparente ou não. Servidão de vista (contínua) é sempre
uma servidão não aparente. Deve se ler que a usucapião se dá em 15 anos (apesar do Código
falar que é 10 anos para a ordinária e 20 anos para a extraordinária; pois, se para usucapir o
prazo é de 15 anos, por que para a servidão seria 10 ou 20?).
Súm. 415, STF - Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela
natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção
possessória. (servidão de trânsito é descontínua, mas quando realiza obras ela é aparente, e
o STF levou em conta só a aparência).
O fato da servidão estar ligada a outro prédio retrata uma característica marcante da
servidão, qual seja: acessoriedade (ela sempre se coloca em uma posição de acessoriedade
do prédio dominante).
Uma garantia ao serviente é a indivisibilidade:
Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos
imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a gravar
cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a certa
parte de um ou de outro.
A servidão deve ser sempre interpretada restritivamente:
Art. 1.385. Restringir-se-á o exercício da servidão às necessidades do prédio dominante,
evitando-se, quanto possível, agravar o encargo ao prédio serviente.
§ 1º Constituída para certo fim, a servidão não se pode ampliar a outro.
§ 2º Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, e a menor exclui a mais
onerosa. (quem tem servidão para passar de carro, pode passar a pé ou a cavalo, mas que
tem servidão para passar a pé não pode passar de carro).
§ 3º Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem à
servidão maior largueza, o dono do serviente é obrigado a sofrê-la; mas tem direito a ser
indenizado pelo excesso.