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Pós-Graduação a Distância
Gestão Ambiental
MANEJO DE RECURSOS
HÍDRICOS
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
Os direitos de publicação dessa obra são reservados ao Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN),
sendo proibida a reprodução total ou parcial de acordo com a Lei 9.160/98.
Os artigos de sites e revistas indicados para a leitura foram registrados como nos originais.
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Pós-Graduação a Distância
Gestão Ambiental
MANEJO DE RECURSOS
HÍDRICOS
Fábio Régis de Souza
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
Apresentação da Docente
Fábio Régis de Souza é natural de Curitiba-PR. Formou-se em Técnico
em Agropecuária em 1998, em 2007 graduou-se em Engenharia Agronômica
pela Universidade Federal de Rondônia, obteve título de mestre em Agronomia
pela Universidade Federal da Grande Dourados em 2009 e Doutorando em
Agronomia pela mesma instituição, atuando nas áreas de manejo do solo e água,
demanda hídrica de plantas e evapotranspiração, é professor adjunto do Centro
Universitário da Grande Dourados-UNIGRAN, lecionando as disciplinas de
Agrometeorologia, Hidráulica, Irrigação e Drenagem, Nutrição Mineral de Plantas
e Bacias hidrográficas. Autor de artigos e resumos em congressos nacionais e
internacionais.
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Sumário
Apresentação........................................................................ 05
Introdução............................................................................... 09
Aula 01
Disponibilidade Hídricas no Brasil e Mundo.....................................11
Aula 02
Uso dos Recursos Hídricos no Brasil............................................... 25
Aula 03
Outorga Principais Aspectos.................................................................... 37
Aula 04
Ciclo Hidrológico..................................................................................... 83
Aula 05
Qualidade da Água.....................................................................113
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Introdução
A água, como todos nós sabemos, é elemento essencial para que a vida
exista na Terra, nenhum ser, animal vegetal sobrevive sem ela.
É assustador o crescimento populacional no mundo, uma conseqüência
trágica disso pode ser a redução de alimentos e água, as quais crescem linearmente
com o aumento da população mundial, entretanto as fontes de água na superfície
terrestre são escassas e sujeitas a contaminação diminuindo sua qualidade.
Os principais danos causados nos recursos hídricos são pela ação antrópica,
esse crescimento demográfico citado anteriormente, a expansão econômica com
os impactos que produz através do processo de industrialização, o aumento de
fronteiras agrícolas e o uso irregular de agrotóxicos, a ocupação irregular do solo,
tratamento sanitário irregular do lixo e a falta de conscientização do problema,
estão entre as principais causas da degradação dos recursos hídricos.
O uso múltiplo dos recursos hídricos brasileiros podem ser para uso na
agricultura pelos sistemas irrigados ou na aplicação de defensivos,na pecuária
para fornecimento de água aos animais, para pisciculturas, no turismo, na geração
de energia elétrica através de hidrelétrica, no transporte de alimentos, grãos e
outras matérias pela navegação fluvial normalmente mais barata que a rodoviária
e no uso domésticos.
Então a gestão de recurso hídricos de forma racional e sustentável são
primordiais para nossa sobrevivência e estão disciplinados juridicamente. Alem
disso o uso deve ser sempre respeitando os limites e potencialidades para que
possamos desenvolver uma sociedade ambientalmente equilibrada, sendo que
preconiza que o meio ambiente sadio é direito de todos.
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Aula
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RECURSOS HÍDRICOS
01
INTRODUÇÃO
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Fonte Unesco 13
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Fonte Unesco
Ufa!
Isso parece complicado,
mas na figura abaixo
está tudo explicadinho.
Vejam.
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hidrográfica, compreende parte dos estados de Bahia, Minas Gerais, Goiás, Piauí e
Maranhão. Sendo principalmente do tipo livre, ocorre recobrindo em grande parte
as rochas do Bambuí. As águas do sistema aqüífero Urucuia-Areado são de boa
qualidade, predominantemente bicarbonatadas cálcicas, pouco mineralizadas, com
condutividade elétrica média de 82,2 μS/cm, e com pH inferior ou igual a 7, média
de 6,75 (ANA e MMA, 2005).
Sistema aqüífero Furnas, com 0,9% de sua recarga na região hidrográfica,
correspondente a parte dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,
Paraná e São Paulo, e é explotado sob condição livre a confinada. Suas águas
enquadram-se na classe de águas bicarbonatadas sódicas a bicarbonatadas-cloretadas
potássicas a mistas, caracterizando-se ainda pelo baixo grau de mineralização, com
valor de sólidos totais dissolvidos situados entre 15 a 50 mg/L (Mendes et al., 2002;
apud ANA e MMA, 2005). Os usos são, principalmente, domésticos e industriais
(ANA e MMA, 2005).
Sistema aqüífero Itapecuru, com 5,0% de sua recarga na região hidrográfica,
aflora nos estados do Maranhão e Pará. É utilizado na pecuária e no abastecimento
humano no interior do Estado do Maranhão, e para abastecimento doméstico na
cidade de São Luís. Nesta cidade, o Itapecuru apresenta predominantemente águas
carbonatadascloretadas com predominância do tipo sódica (Sousa, 2000; apud
ANA e MMA, 2005).
Sistema aqüífero Bauru-Caiuá, com 0,2% de sua recarga na região
hidrográfica, ocorre recobrindo o sistema aqüífero Serra Geral e ocupa grande
parte do oeste do Estado de São Paulo, e é explotado sob condição poroso e livre a
semiconfinado. As águas são predominantemente bicarbonatadas cálcicas e cálcio-
magnesianas (Campos, 1988; apud ANA e MMA, 2005), com pH em torno de 7,0,
e sólidos totais dissolvidos médio de 143,06 mg/L (Barison e Kiang, 2004; apud
ANA e MMA, 2005). A evolução hidrogeoquímica regional no sentido nordeste-
sudoeste com águas fortemente bicarbonatadas cálcicas passando gradativamente
para bicarbonatadas cálciomagnesianas até atingir uma zona de águas fracamente
bicarbonatadas e cloretadas sódicas.
As principais fontes de contaminação são de origem antrópica difusa,
representadas pela aplicação de fertilizantes e insumos nitrogenados, utilização de
fossas negras, depósitos de resíduos sólidos, vazamentos das redes coletoras de
esgoto e influência de rios contaminados na zona de captação de poços (ANA e
MMA, 2005).
As águas subterrâneas, mais do que uma reserva de água, devem ser
consideradas como um meio de acelerar o desenvolvimento sócio-econômico não
apenas de regiões carentes mais do Brasil como um todo. Essa afirmação é apoiada
na sua distribuição generalizada, na maior proteção às ações antrópicas e nos
reduzidos recursos financeiros exigidos para sua explotação.
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direita do rio Paraná. O rio Paraná tem como principais formadores os rios Paranaíba
e Grande, no tríplice limite entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato
Grosso do Sul. A Região Hidrográfica do Paraguai em Mato Grosso do Sul ocupa a
área de 187.636,301 km², que representa 52,54% da área total do Estado. Destacam-
se nesta Região os rios Taquari, Miranda, Negro e Apa, à margem esquerda do rio
Paraguai. Nesta Região, que compreende o Pantanal Matogrossense, ”a dinâmica
das águas superficiais está vinculada a fatores como declividade e descarga dos
principais rios que atravessam a área, aliados ao regime climático, natureza dos
solos e suporte geológico.” (BRASIL, MME, 1982). O mapa abaixo exemplifica o
descrito anteriormente.
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ANOTAÇÕES
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Aula
USO DOS RECURSOS 02
HÍDRICOS NO BRASIL
Figura. Distribuição das demandas consuntivas por finalidade de uso por região hidrográfica.
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SANEAMENTO
IRRIGAÇÃO
Fonte Unesco
E os métodos de irrigação que mais usam água são os por inundação devido
principalmente ao cultivo de arroz irrigado, e o outro método que mais usa água é o
por aspersão onde inclui os métodos de aspersão convencionais e também o uso de
pivô centrais como mostra o gráfico abaixo.
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USINAS HIDRELÉTRICAS
TRANSPORTE
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VENEZUELA GUIANA
FRANCESA
COLÔMBIA SURINAME
GUIANA
PERU
BOLÍVIA
PARAGUAI
CHILE
ARGENTINA
URUGUAI
INDÚSTRIA
ecológicas dos cursos de água por estes motivos existam algumas preocupações em
relação ao consumo e uso da água pela industria. Além do efeito tóxico imediato, e
algumas vezes cancerígeno, de alguns poluentes, existe o perigo de bioacumulação
nos organismos com metais pesados. A disposição inadequada de resíduos sólidos
industriais constitui também fonte de poluição das águas subterrâneas.
AGROPECUÁRIA
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RHs: Atlântico Leste, com 70% de seus principais rios classificados com situação
“muito crítica”, “crítica”, e “preocupante”; Atlântico Sul, com 59%; e São Francisco,
com 44%.
RECURSOS HÍDRICOS
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ANOTAÇÕES
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Aula
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OUTORGA - PRINCIPAIS 03
ASPECTOS
A outorga para o uso das águas é o documento legal, fornecido pelo Estado,
que autoriza e assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos. A
outorga não concede ao usuário a propriedade sobre a água. Tão somente dá o
direito de utilizá-la. Tanto é que em casos de escassez ou de desobediência dos
termos da outorga, a legislação prevê a suspensão da outorga.
A partir da Constituição Federal de 1.988, a União e os Estados passaram
a deter o domínio sobre as águas. Desta forma, para que as entidades particulares,
inclusive as pessoas físicas, e mesmo as públicas pudessem utilizar as águas, o
poder público instituiu a outorga para melhor controlar este uso. A outorga das
águas de rios federais é concedida pela Agência Nacional de Águas – ANA.
A outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos
da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecidos no inciso III, do art. 5º
da Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Esse instrumento tem como
objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o
efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
De acordo com o inciso IV, do art. 4º da Lei Federal nº 9.984, de 17
de junho de 2000, compete à Agência Nacional de Águas, ANA outorgar, por
intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de
água de domínio da União, bem como emitir outorga preventiva. Também é
competência da ANA a emissão da reserva de disponibilidade hídrica para fins de
aproveitamentos hidrelétricos e sua conseqüente conversão em outorga de direito
de uso de recursos hídricos.
Em cumprimento ao art. 8º da citada Lei 9.984/00, a ANA dá publicidade
aos pedidos de outorga de direito de uso de recursos hídricos e às respectivas
autorizações, mediante publicação sistemática das solicitações e dos extratos
das Resoluções de Outorga (autorizações) nos Diários Oficiais da União e do
respectivo Estado.
O número de outorgas emitidas no Brasil, de acordo com o levantamento
feito em 2007, é de 135.680, representando uma vazão outorgada total de
3.520,90m3/s.
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A região hidrográfica do Paraná é a que possui maior vazão outorgada
com 1.301,38 m³/s, correspondendo a 37% da vazão total outorgada no país. Em
seguida, vem a RH do São Francisco com 22% do total outorgado. Na Figura abaixo
são apresentada a distribuição das vazões outorgadas por região hidrográfica e por
principais finalidades de uso.
Em termos de vazão outorgada, nota-se que nas regiões Atlântico Sul, São
Francisco, Tocantins-Araguaia e Uruguai o uso predominante é a irrigação. Já as
RHs Atlântico Leste, Atlântico Sudeste e Paraná possuem maiores valores de vazão
outorgada para o abastecimento público.
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CAPÍTULO I
DOS FUNDAMENTOS
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo
humano e a dessedentação de animais;
IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
IV - a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural
ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional
de Recurso Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de
quantidade e qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários
e com os planejamentos regional, estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos
e zonas costeiras.
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CAPÍTULO IV
DOS INSTRUMENTOS
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes
da água,
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
SEÇÃO I
DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a
fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
e o gerenciamento dos recursos hídricos.
Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte
de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e
projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo:
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades
produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;
III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em
quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade
dos recursos hídricos disponíveis;
V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem
implantados, para o atendimento das metas previstas;
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção
dos recursos hídricos.
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por
Estado e para o País.
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SEÇÃO II
DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES,
SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA
Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água, vi sa a:
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem
destinadas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas
permanentes.
Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental.
SEÇÃO III
DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
exercício dos direitos de acesso à água.
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos
de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente
em um corpo de água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia
elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na
forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da
legislação setorial específica.
Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas
nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de
água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte
aquaviário, quando for o caso.
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Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso
múltiplo destes.
Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo
Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal
competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio
da União.
Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial
ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive
as decorrentes de condições climáticas adversas;
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de se atender a usos prioritários , de interesse coletivo, para os
quais não se disponha de fontes alternativas;
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo
de água.
Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não
ex cedente a trinta e cinco anos, renovável.
Art. 17. (VETADO)
Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis,
mas o simples direito de seu uso.
SEÇÃO IV
DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:
I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu
real valor;
II - incentivar a racionalização do uso da água;
III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções
contemplados nos planos de recursos hídricos.
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos
do art. 12 desta Lei.
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos
devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime
de variação;
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SEÇÃO V
DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS
SEÇÃO VI
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta,
tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos
e fatores intervenientes em sua gestão.
Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos.
Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações
sobre Recursos Hídricos:
I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações;
II - coordenação unificada do sistema;
III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade.
Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:
I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação
qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil;
II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de
recursos hídricos em todo o território nacional;
III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
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CAPÍTULO V
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE
INTERESSE COMUM OU COLETIVO
CAPÍTULO VI
DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO
Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao
Poder Executivo Federal:
I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do
Sistema de Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os
usos, na sua esfera de competência;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito
nacional;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade
responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob
domínio da União.
Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos
Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de competência:
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os
seus usos;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito
estadual e do Distrito Federal;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes
Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das
políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de
meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.
TÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS
HÍDRICOS
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
com os seguintes objetivos:
I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
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CAPÍTULO II
DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:
I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com
atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;
II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;
III - representantes dos usuários dos recursos hídricos;
IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.
Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não
poderá ceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos.
Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos
nacional, regional, estaduais e dos setores usuários;
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CAPÍTULO III
DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA
Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação:
I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;
II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de
tributário desse tributário; ou
III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
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CAPÍTULO IV
DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA
Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do
respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica.
Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês
de Bacia Hidrográfica.
Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos
mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos
seguintes requisitos:
I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;
II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em
sua área de atuação.
Art. 44. Compete às Agências de Água no âmbito de sua área de atuação:
I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área
de atuação;
II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com
recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à
instituição financeira responsável pela administração desses recursos;
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança
pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação;
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;
VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de
suas competências;
VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo
ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;
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CAPÍTULO V
DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE
RECURSOS HÍDRICOS
Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será
exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos
hídricos.
Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos:
I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de
Recursos Hídricos;
II - coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e encaminhá
-lo à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
__________
Nota:
Revogado pela Lei nº 9.984/2000
__________
III - instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;
IV - coordenar o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos;
__________
Nota:
Revogado pela Lei nº 9.984/2000
__________
V - elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e
submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
CAPÍTULO VI
DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos
hídricos:
I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidro gráficas;
II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos
hídricos;
IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos
e coletivos da sociedade;
V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos.
Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações
civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas.
TÍTULO III
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais
ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva
outorga de direito de uso;
II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação
ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique
alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mes mos, sem autorização dos
órgãos ou entidades competentes;
III - (VETADO)
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados
com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;
V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida
autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores
diferentes dos medidos;
VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos
administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos
ou entidades competentes;
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no
exercício de suas funções.
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 51. Os consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas
mencionados no art. 47 poderão receber delegação do Conselho Nacional ou dos
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, por prazo determinado, para o exercício
de funções de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não
estiverem constituídos.
Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regulamentado o Plano Nacional de
Recursos Hídricos, a utilização dos potenciais hidráulicos para fins de geração de
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS
Art 1º Esta Lei cria a Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, estabelecendo regras para a sua
atuação, sua estrutura administrativa e suas fontes de recursos.
CAPÍTULO II
DA CRIAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA E COMPETÊNCIA DA AGÊNCIA
NACIONAL DE ÁGUAS - ANA
Art 2º Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos promover a articulação
dos planejamentos nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários elaborados
pelas entidades que integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos e formular a Política Nacional de Recursos Hídricos, nos termos da Lei nº
9.433, de 8 de janeiro de 1997.
Art 3º Fica criada a Agência Nacional de Águas - ANA, autarquia sob regime
especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do
Meio Ambiente, com a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições,
a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Parágrafo único. A ANA terá sede e foro no Distrito Federal, podendo instalar
unidades administrativas regionais.
Art 4º A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e
instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e será desenvolvida em
articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cabendo-lhe:
I - supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento
da legislação federal pertinente ao recursos hídricos;
II - disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
§ 3º O prazo de que trata o inciso III poderá ser prorrogado, pela ANA, respeitando-
se as prioridades estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.
§ 4º As outorgas de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias e
autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica vigorarão por
prazos coincidentes com os dos correspondentes contratos de concessão ou ato
administrativo de autorização.
Art 6º A ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, com a
finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, observado
o disposto no art. 13 da Lei nº 9.433, de 1997.
§ 1º A outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se
destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o
planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos.
§ 2º O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a
complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de
três anos, findo o qual será considerado o disposto nos incisos I e II do art. 5º.
Art 7º Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica
em corpo de água de domínio da União, a Agência Nacional de Energia Elétrica -
ANEEL deverá promover, junto à ANA, a prévia obtenção de declaração de reserva
de disponibilidade hídrica.
§ 1º Quando o potencial hidráulico localizar -se em corpo de água de domínio dos
Estados ou do Distrito Federal, a declaração de reserva de disponibilidade hídrica
será obtida em articulação com a respectiva entidade gestora de recursos hídricos.
§ 2º A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada
automaticamente, pelo respectivo poder outorgante, em outorga de direito de uso
de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber da ANEEL a concessão
ou a autorização de uso do potencial de energia hidráulica.
§ 3º A declaração de reserva de disponibilidade hídrica obedecerá ao disposto no
art. 13 da Lei nº 9.433, de 1997, e será fornecida em prazos a serem regulamentados
por decreto do Presidente da República.
Art 8º A ANA dará publicidade aos pedidos de outorga de direito de uso de recursos
hídricos de domínio da União, bem como aos atos administrativos que deles
resultarem, por meio de publicação na imprensa oficial e em pelo menos um jornal
de grande circulação na respectiva região.
CAPÍTULO III
DA ESTRUTURA ORGÂNICA DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS -
ANA
Art 9º A ANA será dirigida por uma Diretoria Colegiada, composta por cinco
membros, nomeados pelo Presidente da República, com mandatos não coincidentes
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
de quatro anos, admitida uma única recondução consecutiva, e contará com uma
Procuradoria.
§ 1º O Diretor-Presidente da ANA será escolhido pelo Presidente da República
entre os membros da Diretoria Colegiada, e investido na função por quatro anos ou
pelo prazo que restar de seu mandato.
§ 2º Em caso de vaga no curso do mandato, este será completado por sucessor
investido na forma prevista no caput , que o exercerá pelo prazo remanescente.
Art 10. A exoneração imotivada de dirigentes da ANA só poderá ocorrer nos quatros
meses iniciais dos respectivos mandatos.
§ 1º Após o prazo a que se refere o caput , os dirigentes da ANA somente perderão o
mandato em decorrência de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado,
ou de decisão definitiva em processo administrativo disciplinar.
§ 2º Sem prejuízo do que prevêem as legislações penal e relativa à punição de atos
de improbidade administrativa no serviço público, será causa da perda do mandato
a inobservância, por qualquer um dos dirigentes da ANA, dos deveres e proibições
inerentes ao cargo que ocupa.
§ 3º Para os fins do disposto no § 2º, cabe ao Ministro de Estado do Meio Ambiente
instaurar o processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comissão
especial, competindo ao Presidente da República determinar o afastamento
preventivo, quando for o caso, e proferir o julgamento.
Art 11. Aos dirigentes da ANA é vedado o exercício de qualquer outra atividade
profissional, empresarial, sindical ou de direção político-partidária.
§ 1º É vedado aos dirigentes da ANA, conforme dispuser o seu regimento interno,
ter interesse direto ou indireto em empresa relacionada com o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
§ 2º A vedação de que trata o caput não se aplica aos casos de atividades profissionais
decorrentes de vínculos contratuais mantidos com entidades públicas ou privadas
de ensino e pesquisa.
Art 12. Compete à Diretoria Colegiada:
I - exercer a administração da ANA;
II - editar normas sobre matérias de competência da ANA;
III - aprovar o regimento interno da ANA, a organização, a estrutura e o âmbito
decisório de cada diretoria;
IV - cumprir e fazer cumprir as normas relativas ao Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
V - examinar e decidir sobre pedidos de outorga de direito de uso de recursos
hídricos de domínio da União;
58
Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
DO PATRIMÔNIO E DAS RECEITAS
Art 19. Constituem patrimônio da ANA os bens e direitos de sua propriedade, os
que lhe forem conferidos ou que venha a adquirir ou incorporar.
Art 20. Constituem receitas da ANA:
I - os recursos que lhe forem transferidos em decorrência de dotações consignadas no
Orçamento- Geral da União, créditos especiais, créditos adicionais e transferências
e repasses que lhe forem conferidos;
II - os recursos decorrentes da cobrança pelo uso de água de corpos hídricos de
domínio da União, respeitando-se as forma e os limites de aplicação previstos no
art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997;
III - os recursos provenientes de convênios, acordos ou contratos celebrados com
entidades, organismos ou emrpesas nacionais ou internacionais;
IV - as doações, legados, subvenções e outros recursos que lhe forem destinados;
V - o produto da venda de publicações, material técnico, dados e informações,
inclusive para fins de licitação pública, de emolumentos administrativos e de taxas
de inscrições em concursos;
VI - retribuição por serviço de quaisquer natureza prestados a terceiros;
VII - o produto resultante da arrecadação de multas aplicadas em decorrência de
ações de fiscalização de que tratam os arts. 49 e 50 da Lei nº 9.433, de 1997;
VIII - os valores apurados com a venda ou aluguel de bens móveis e imóveis de sua
propriedade;
IX - o produto da alienação de bens, objetos e instrumentos utilizados para a prática
de infrações, assim como do patrimônio dos infratores, a apreendidos em decorrência
do exercício do poder de polícia e incorporados ao patrimônio da autarquia, nos
termos de decisão judicial; e
X - os recursos decorrentes da cobrança de emolumentos administrativos.
Art 21. As receitas provenientes da cobrança pelo uso de recursos hídricos de
domínio da União serão mantidas à disposição da ANA, na Conta Única do Tesouro
Nacional, enquanto não forem destinadas para as respectivas programações.
§ 1º A ANA manterá registros que permitam correlacionar as receitas com as bacias
hidrográficas em que foram geradas, com o objetivo de cumprir o estabelecido no
art. 22 da lei nº 9.433, de 1997.
§ 2º As disponibilidades de que trata o caput deste artigo poderão ser mantidas em
aplicações financeiras, na forma regulamentada pelo Ministério da Fazenda.
§ 3º (VETADO)
§ 4º As prioridades de aplicação de recursos a que se refere o caput do art. 22 da Lei
nº 9.433, de 1997, serão definidas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
em articulação com os respectivos comitês de bacia hidrográfica.
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art 22. Na primeira gestão da ANA, um diretor terá mandato de três anos, dois
diretores terão mandatos de quatro anos e dois diretores terão mandatos de cinco
anos para implementar o sistema de mandatos não coincidentes.
Art 23. Fica o Poder Executivo autorizado a:
I - transferir para a ANA o acervo técnico e patrimonial, direitos e receitas do
Ministério do Meio Ambiente e seus órgãos, necessários ao funcionamento da
autarquia;
II - remanejar, transferir ou utilizar os saldos orçamentários do Ministério do
Meio Ambiente para atender às despesas de estruturação e manutenção da ANA,
utilizando, como recursos, as dotações orçamentárias destinadas às atividades fins
e administrativas, observados os mesmos subprojetos, sub-atividades e grupos de
despesas previstos na Lei Orçamentária em vigor.
Art 24. A Consultoria Jurídica do Ministério do Meio Ambiente e a Advocacia Geral
da União prestarão à ANA, no âmbito de suas competências, a assistência jurídica
necessária, até que seja provido o cargo de Procurador da autarquia.
Art 25. O Poder Executivo implementará a descentralização das atividades de
operação e manutenção de reservatórios, canais e adutoras de domínio da União,
excetuada a infra-estrutura componente do Sistema Interligado Brasileiro, operado
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS.
Parágrafo único. Caberá à ANA a coordenação e a supervisão do processo de
descentralização de que trata este artigo.
Art 26. O Poder Executivo, no prazo de noventa dias, contado a partir da data de
publicação desta Lei, por meio de decreto do Presidente da República, estabelecerá
a estrutura regimental da ANA, determinando sua instalação.
Parágrafo único. O decreto a que se refere o caput estabelecerá regras de caráter
transitório, para vigorarem na fase de implementação das atividades da ANA, por
prazo não inferior a doze e nem superior a vinte quatro meses, regulando a emissão
temporária, pela ANELL, das declarações de reserva de disponibilidade hídrica de
que trata o art. 7º.
Art 27. A ANA promoverá a realização de concurso público para preenchimento das
vagas existentes no seu quadro de pessoal.
Art 28. O art. 17 da Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, passa a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 17. A compensação financeira pela utilização de recursos hídricos de que trata
a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, será de seis inteiros e setenta e cinco
centésimos por cento sobre o valor da energia elétrica produzida, a ser paga por
titular de concessão ou autorização para exploração de potencial hidráulico aos
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
TÍTULO I
Da Política Estadual dos Recursos Hídricos
CAPÍTULO I
Das Finalidades
Art. 2º - A Política Estadual dos Recursos Hídricos tem por finalidade:
I - assegurar, em todo o território do Estado, a necessária disponibilidade de água,
para os atuais usuários e gerações futuras, em padrões de qualidade e quantidade
adequados aos respectivos usos;
II - promover a compatibilização entre os múltiplos e competitivos usos dos recursos
hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - promover a prevenção e defesa contra os eventos hidrológicos críticos, de
origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais, que
ofereçam riscos à saúde e à segurança pública ou prejuízos econômicos ou sociais;
IV - incentivar a preservação, conservação e melhoria quantitativa e qualitativa dos
recursos hídricos;
CAPÍTULO II
Dos Princípios
Art. 3º - Para atendimento de suas finalidades, a Política Estadual dos Recursos
Hídricos baseia-se nos seguintes princípios:
I - a água é um recurso natural limitado, bem de domínio público e dotado de valor
econômico;
II - todos os tipos de usuários terão acesso aos recursos hídricos, devendo a
prioridade de uso observar critérios sociais, ambientais e econômicos;
III - adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de implementação
da Política Estadual dos Recursos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de
Gerenciamento dos Recursos Hídricos;
IV - a gestão dos recursos hídricos do Estado será descentralizada e deverá contar
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
CAPÍTULO III
Das Diretrizes
Art. 4º - São diretrizes básicas de implementação da Política Estadual dos recursos
hídricos:
I - a gestão dos recursos hídricos do Estado deve proporcionar o uso múltiplo
das águas, observando-se os aspectos de quantidade e qualidade adequadas às
diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das
regiões;
II - a integração da gestão das bacias hidrográficas com todos os processos do
ciclo hidrólogo, águas superficiais e subterrâneas em seus aspectos de qualidade e
quantidade;
III - a compatibilização da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento dos recursos hídricos com o dos setores usuários
e com os planejamentos regionais, estadual e nacional;
V - a articulação e integração especial com órgãos ou entidades regionais, nacionais
e internacionais;
VI - o estabelecimento de rateio dos custos das obras e aproveitamentos múltiplos,
de interesse coletivo ou comum, entre os beneficiários;
VII - a articulação da gestão dos recursos hídricos com a do uso do solo.
Art. 5º - O Estado, observados os dispositivos constitucionais relativos à matéria,
articulará com a União, outros Estados vizinhos e Municípios, atuação para o
aproveitamento e controle dos recursos hídricos em seu território, inclusive para
fins de geração de energia elétrica, levando em conta, principalmente:
I - a utilização múltipla dos recursos hídricos, especialmente para fins de
abastecimento urbano, irrigação, navegação, aqüicultura, turismo, recreação,
esportes e lazer;
II - o controle de cheias, a prevenção de inundações, a drenagem e a correta
utilização das várzeas;
III - a proteção da flora e fauna aquáticas e do meio ambiente.
CAPÍTULO IV
Dos Instrumentos
Art. 6º - São instrumentos da Política Estadual dos Recursos Hídricos:
I - o Plano Estadual dos Recursos Hídricos:
II - o enquadramento dos corpos d'água em classes, segundo os usos preponderantes
da água;
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO I
Do Plano Estadual dos Recursos Hídricos
Art. 7º - O Plano Estadual dos Recursos Hídricos tem por objetivo fundamentar e
orientar a implementação da Política Estadual dos recursos hídricos, contemplando
os seguintes aspectos:
I - observância das diretrizes da Política Nacional dos Recursos Hídricos;
II - diagnóstico da situação dos recursos hídricos do Estado;
III - avaliação de alternativas de crescimento demográfico, de evolução das
atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;
IV - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em
quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
V - metas de racionalização de uso, aumento de quantidade e melhoria da qualidade
dos recursos hídricos;
VI - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem
implantados, para o atendimento das metas previstas;
VII - prioridades para outorga de direitos de uso dos recursos hídricos;
VIII - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
IX - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vista à proteção
dos recursos hídricos;
X - programas de gestão de águas subterrâneas, compreendendo a pesquisa, o
planejamento e o monitoramento;
XI - programação de investimentos em pesquisas, projetos e obras relativos à
utilização, recuperação, conservação e proteção dos recursos hídricos;
XII - programas de monitoramento climático, zoneamento das disponibilidades
hídricas, usos prioritários e avaliação de impactos ambientais causados por obras
hídricas;
XIII - programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial de
valorização profissional e de comunicação social no campo dos recursos hídricos;
XIV - programas anuais e plurianuais de recuperação, conservação, proteção e
utilização dos recursos hídricos definidos mediante articulação técnica e financeira
com a União, Estados e países fronteiros, bem como com organizações não-
governamentais nacionais ou internacionais;
XV - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades
produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo.
Art. 8º - O Plano Estadual dos Recursos Hídricos será elaborado por bacia
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO II
Do Enquadramento dos Corpos de Água em Classes
Art. 9º - O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes, tem por objetivo:
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem
destinadas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas
permanentes;
III - fornecer elementos para a fixação do valor da outorga e cobrança pelo uso das
águas.
Parágrafo único - As classes de corpos de água serão estabelecidos pela legislação
ambiental.
SEÇÃO III
Da Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos
Art. 10 - O regime de outorga de direito ao uso dos recursos hídricos tem por
objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos das águas e o
efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
Art. 11 - Estão sujeitos a outorga pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Cultura e Turismo, dentre outros estabelecidos pelo Conselho Estadual dos Recursos
Hídricos, os seguintes usos do recurso:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento de potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente
em um corpo de água.
§ 1º - A outorga, nos casos de usos insignificantes, deverá ser substituída por
Comunicação de Obra ao Órgão Concedente, sempre que tiver formulário próprio
67
Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
assinado por responsável técnico, excetuados os casos de usos dos recursos hídricos
com potencial de grande interferência no meio ambiente.
§ 2º - O órgão fiscalizador disporá, no caso da Comunicação de Obra prevista no
parágrafo anterior, do prazo de 30 (trinta) dias para fiscalizar o empreendimento
ou exigir maiores providências, findos os quais, não havendo contradição oficial,
considerar-se-á o empreendedor autorizado a realizar a obra proposta.
Art. 12 - O regulamento estabelecerá os critérios e diretrizes do cadastramento e
outorga de que se refere o artigo anterior.
Art. 13 - A outorga e a utilização dos recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica e transporte hidroviário observará o disposto no § 2º do artigo 12 da
Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
Art. 14 - Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas
nos Planos dos Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de
água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte
aquaviário, quando for o caso.
Art. 15 - As Secretarias de Estado, por delegação de competência e anuência do
Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, poderão conceder outorga de direito de
uso dos recursos hídricos de domínio da União e poderão, ainda, descentralizar
suas ações, delegando esse e outros poderes aos seus representantes nos comitês e
subcomitês locais e regionais.
Art. 16 - A outorga de direito de uso dos recursos hídricos poderá ser suspensa
parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes
circunstâncias:
I - não-cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive
as decorrentes de condições climáticas adversas;
IV - necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais
não se disponha de fontes alternativas;
VI - necessidade de manutenção das características de navegabilidade do corpo de
água.
Art. 17 - A outorga de direitos de uso dos recursos hídricos far-se-á por prazo de até
35 (trinta e cinco) anos, renovável.
Art. 18 - A outorga não implica a alienação parcial das águas que são inalienáveis,
mas o simples direito de uso.
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO IV
Da Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos
Art. 19 - A cobrança pelo uso da água é um instrumento gerencial a ser aplicado
pela sua utilização e tem por objetivo:
I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu
real valor;
II - incentivar a racionalização do uso da água;
III - disciplinar a localização dos usuários, visando à conservação dos recursos
hídricos de acordo com sua classe de uso preponderante;
IV - incentivar a melhoria dos níveis de qualidade dos efluentes lançados nos
mananciais;
V - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções
contemplados nos planos dos recursos hídricos;
VI - promover a melhoria do gerenciamento das áreas onde foram arrecadados.
Art. 20 - A cobrança pelo uso dos recursos hídricos deverá ser implantada por bacia
hidrográfica, a partir de proposta dos correspondentes comitês, cujos valores serão
definidos, ouvidos os comitês locais, pelo Conselho Estadual dos Recursos Hídricos.
§ 1º - São considerados insignificantes e serão isentos da cobrança pelo direito
de uso da água as capacitações e derivações empregadas em processo produtivo
agropecuário, assim como os usos destinados à subsistência familiar rural ou
urbana, mantida, em todo os casos, entretanto, a obrigatoriedade de cadastramento
no órgão outorgante.
§ 2º - Serão adotados mecanismos de compensação e incentivos para os usuários
que devolverem a água em qualidade igual ou superior àquela determinada em
legislação e normas regulamentares.
§ 3º - As captações e derivações de que trata o parágrafo primeiro deste artigo,
quando devolvidas ao leito hídrico, deverão sê-lo em grau de pureza igual ou
superior ao captado ou derivado.
Art. 21 - Estão sujeitos à cobrança todos aqueles que utilizam os recursos hídricos.
§ 1º - A utilização dos recursos hídricos destinados às necessidades domésticas
de propriedades e de pequenos núcleos habitacionais, distribuídos no meio rural,
estará isenta de cobrança quando independer de outorga de direito de uso, conforme
legislação específica.
§ 2º - Os responsáveis pelos serviços públicos de distribuição de água não repassarão
a parcela relativa à cobrança pelo volume captado dos recursos hídricos aos usuários
finais enquadrados por estes serviços, como objeto de tarifa social.
§ 3º - Serão enquadrados na tarifa social todos os usuários domésticos, mediante
cadastro efetuado pelo serviço público de distribuição de água e critérios por estes
definidos.
69
Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO V
Do Sistema Estadual de Informações dos Recursos Hídricos
Art. 25 - A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, órgão
responsável pelo desenvolvimento, manutenção e atualização do Sistema Estadual
de Informações dos Recursos Hídricos, publicará bianualmente, em Relatório de
70
Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
TÍTULO II
Do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
CAPÍTULO I
Da Finalidade da Composição
Art. 28 - Fica criado o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
com a finalidade de promover a execução da Política Estadual dos Recursos Hídricos
e a formulação, atualização e aplicação do Plano Estadual dos Recursos Hídricos,
congregando órgãos estaduais, municipais e a sociedade civil, devendo atender aos
princípios constantes da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul; da Lei nº
9.433, de 8 de janeiro de 1997 e legislações decorrentes e complementares, bem
como desta Lei.
Art. 29 - Integram o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos:
I - o Conselho Estadual dos recursos hídricos;
II - os Comitês das Bacias Hidrográficas;
III - a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo e a Secretaria de
Estado da Produção;
IV - as Agências de Águas.
CAPÍTULO II
Da Organização
71
Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO I
Do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos
Art. 30 - Fica instituído o Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, órgão de
instância superior do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
Art. 31 - O Conselho Estadual dos Recursos Hídricos terá sua composição definida no
regulamento, assegurada a participação de 33% (trinta e três por cento) de membros
do Poder Público, 33% (trinta e três por cento) de representantes da Organizações
Civis dos recursos hídricos e 34% (trinta e quatro por cento) de representantes dos
usuários dos recursos hídricos.
Art. 32 - O Conselho Estadual dos Recursos Hídricos será gerido por:
I - um Presidente, que deverá ser escolhido por seus membros, entre os representantes
das Secretarias de Estado que o compõem;
II - um Secretário-Executivo, que deverá ser eleito entre e pelos próprios membros
do Conselho.
Parágrafo único - O Conselho Estadual dos Recursos Hídricos deverá,
obrigatoriamente, enviar à Assembléia Legislativa, para apreciação, relatório
semestral de suas atividades e dos Comitês de Bacia.
Art. 33 - Ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos compete:
I - exercer funções normativas, deliberativas e consultivas pertinentes à formulação,
à implantação e ao acompanhamento da política dos recursos hídricos no Estado;
II - promover a articulação do planejamento dos recursos hídricos com os
planejamentos nacional, regional e dos setores usuários;
III - aprovar os critérios de prioridades dos investimentos financeiros relacionados
com os recursos hídricos e acompanhar sua aplicação;
IV - arbitrar e decidir sobre conflitos entre os Comitês das Bacias Hidrográficas;
V - aprovar o Plano Estadual dos recursos hídricos, na forma estabelecida por esta
Lei;
VI - opinar na celebração de convênios, acordo e contratos com entidades públicas
ou privadas, nacionais ou internacionais, para o desenvolvimento do setor;
VII - estabelecer as normas e os critérios para outorga, cobrança pelo uso da água,
e o rateio dos custos entre os beneficiários das obras e aproveitamento múltiplo ou
interesse comum;
VIII - atuar como instância recursal nas decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica;
IX - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas e
estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;
X - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e a
Política Estadual dos Recursos Hídricos;
XI - deliberar sobre projetos de aproveitamento dos recursos hídricos que extrapolem
o âmbito do Comitê de Bacia Hidrográfica no território de Mato Grosso do Sul;
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO II
Dos Comitês de Bacia Hidrográfica
Art. 34 - Os Comitês de Bacias Hidrográficas, órgãos deliberativos e normativos,
no âmbito das bacias hidrográficas, serão instituídos em rios de domínio do Estado,
por meio de Resolução do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, mediante
indicação das comunidades locais da bacia respectiva.
Art. 35 - Compete aos Comitês de Bacias Hidrográficas:
I - propor planos, programas e projetos para utilização dos recursos hídricos da
respectiva bacia hidrográfica;
II - decidir conflitos entre usuários, atuando como primeira instância de decisão;
III - deliberar sobre formalização de projetos de aproveitamento dos recursos
hídricos;
IV - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a
atuação das entidades intervenientes;
V - aprovar o Plano dos recursos hídricos da bacia e acompanhar a sua execução;
VI - propor ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos as acumulações,
derivações, captações e lançamento de pouca expressão, para efeito de isenção da
obrigatoriedade de outorga de direitos de uso dos recursos hídricos, de acordo com
o domínio destes;
VII - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos e
sugerir os valores a serem cobrados;
VIII - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo,
de interesse comum e coletivo;
IX - aprovar o orçamento anual da Agência de Águas, na área de sua atuação e com
observância da legislação e das normas aplicáveis;
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SEÇÃO III
Da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo
Art. 38 - Compete à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo,
além das atribuições legais já conferidas:
I - implantar o Sistema Estadual de Informações sobre os Recursos Hídricos do
Estado de mantê-lo atualizado;
II - publicar, anualmente, dados sobre a situação quantitativa e qualitativa dos
recursos hídricos do Estado;
III - desenvolver estudos de engenharia, aspectos sócioeconômicos, ambientais e
no campo do Direito da Água para aprimorar o conhecimento do setor no âmbito
do Estado;
IV - promover o controle, a proteção e ações para a recuperação dos recursos
hídricos nas bacias hidrográficas;
V - fomentar a captação e coordenar a aplicação dos recursos financeiros;
VI - cumprir e fazer cumprir as legislações pertinentes a recursos hídricos e direito
das águas;
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
SEÇÃO IV
Das Agências de Águas
Art. 40 - As Agências de Águas exercerão a função de secretaria-executiva e terão a
mesma área de atuação dos respectivos Comitês de Bacias Hidrográficas.
Parágrafo único - A criação da Agências de Água será autorizada pelo Conselho
Estadual dos Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de
Bacias Hidrográficas.
Art. 41 - A criação da Agência é condicionada ao atendimento dos seguintes
requisitos:
I - prévia existência do Comitê de Bacia Hidrográfica;
II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em
área de atuação.
Art. 42 - Compete às Agências de Águas, no âmbito de sua área de atuação:
I - manter balanço atualizado da disponibilidade dos recursos hídricos;
II - manter o cadastro de usuários dos recursos hídricos;
III - efetuar, mediante delegação dos outorgante, a cobrança pelo uso dos recursos
hídricos;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com
recursos gerados pela cobrança pelo uso da água, encaminhando-os à instituição
financeira responsável pela administração desse recursos;
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança
pelo uso dos recursos hídricos em área de sua atuação;
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
CAPÍTULO III
Das Organizações Civis dos Recursos Hídricos
Art. 43 - Para os efeitos desta Lei, são consideradas organizações civis dos recursos
hídricos:
I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;
II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários dos recursos hídricos;
III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área dos recursos
hídricos;
IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos
e coletivos da sociedade;
V - outras organizações reconhecidas pelos Conselhos Nacional ou Estadual dos
Recursos Hídricos.
Art. 44 - Para integrar o Sistema Estadual dos Recursos Hídricos, as organizações
civis dos recursos hídricos devem ser legalmente constituídas.
TÍTULO III
Do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos
Art. 45 - Fica criado o Fundo Estadual dos Recursos Hídricos com o objetivo de dar
suporte financeiro à execução da Política Estadual dos Recursos Hídricos e ações
correspondentes, regendo-se pelas disposições desta Lei e seus regulamentos.
Art. 46 - Constituem recursos financeiros do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos:
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TÍTULO IV
Das Infrações e Penalidades
Art. 49 - Constitui infração das normas de utilização dos recursos hídricos
superficiais ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva
outorga de direito de uso concedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Cultura e Turismo;
II - iniciar a instalação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação
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efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53, 56 e
58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a
que der causa.
§ 3º - Da aplicação das sanções previstas nesta Lei caberá recurso à autoridade
administrativa competente, nos termos do regulamento.
§ 4º - Em caso de reincidência, a multa corresponderá ao dobro da anteriormente
imposta.
TÍTULO V
Disposições Gerais, Transitórias e Finais
CAPÍTULO I
Disposições Gerais e Transitórias
Art. 51 - Os consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas
mencionados no art. 43 poderão receber delegação do Conselho Estadual dos
Recursos Hídricos, por prazo determinado, para o exercício de funções de
competências das Agências de Águas, enquanto esses organismos não estiverem
constituídos.
Art. 52 - O Poder Executivo deverá estimular e desenvolver ações que visem à
educação ambiental no tocante ao uso dos recursos naturais e a divulgação ampla
do sistema de gerenciamento dos Recursos Hídricos.
Art. 53 - O Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, para
atendimento às disposições desta Lei, aplicará, quando e como couber, o regime
de concessão, permissões e autorizações previsto nas leis federais, sem prejuízo da
legislação estadual aplicável.
Art. 54 - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar Contrato de Gestão com
associação civil de usuários dos recursos hídricos, que se revestir das exigências
e condições estabelecidas nesta Lei, a qual vincular-se-á à Administração Pública
Estadual, por cooperação, no gerenciamento dos recursos hídricos da bacia
hidrográfica de domínio do Estado e em sub-bacias de rios de domínio da União
cuja gestão a ele tenha sido delegada.
Observa-se nos diversos dispositivos legais que os recursos hídricos devem ser
gerenciados levando-se em conta tanto o seu uso quanto a sua oferta, visando a
antecipar e dirimir conflitos entre demandas de diferentes setores econômicos e
garantir quantitativa e qualitativamente as demandas atuais e das gerações futuras,
considerando as intervenções nas bacias hidrográficas, o papel das diversas
instituições e a participação da sociedade. Assim, a execução da função gerencial
interinstitucional foi estabelecida pela Política Estadual de Recursos Hídricos sob o
princípio orientador da descentralização do gerenciamento, permitindo que ele seja
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Aula
CICLO HIDROLÓGICO 04
Ciclo hidrológico
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Precipitação
na encosta oposta;
Frontais : provêem da interação de massas de ar quentes e frias. Nas regiões
de convergência na atmosfera, o ar quente e úmido é violentamente impulsionado
para cima, resultando no seu resfriamento e na condensação do vapor de água, de
forma a produzir precipitações podem vir acompanhadas por ventos fortes com
circulação ciclônica. Podem produzir cheias em grandes bacias.
Observam-se diferentes formas de precipitações na natureza:
Chuvisco (neblina ou garoa): precipitação muito fina e de baixa intensidade;
Chuva: é a ocorrência da precipitação na forma líquida. A chuva congelada
é a precipitação constituída por gotas de água sobrefundida que congelam
instantaneamente quando se chocam contra o solo, formando uma capa de gelo.
Neve: é a precipitação em forma de cristais de gelo que durante a queda
coalescem formando blocos de dimensões variáveis;
Saraiva: é a precipitação sob a forma de pequenas pedras de gelo
arredondadas com diâmetro de cerca de 5 mm.
Granizo: quando as pedras, redondas ou de forma irregular, atingem
grande tamanho
(diâmetro ≥ 5mm);
Orvalho: nas noites claras e calmas, os objetos expostos ao ar amanhecem
cobertos por gotículas de água. Houve a condensação do vapor de água do ar nos
objetos que resfriam durante a noite. O resfriamento noturno geralmente baixa a
temperatura até ponto de orvalho; Geada: é a deposição de cristais de gelo, fenômeno
semelhante ao da formação de orvalho, mas ocorre quando a temperatura é inferior
a 0ºC.
Medidas de Precipitação: Os instrumentos utilizados na estimativa de
precipitação são chamados de pluviômetros ou pluviógrafos.
Pluviômetros
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Interceptação Vegetal
Refere-se à coleta de chuva sobre a superfície das plantas. Pode atingir até
25% da precipitação anual total.
Pela interceptação, a floresta causa uma diminuição no total de chuva que
atinge a superfície do solo. Conforme o tipo de vegetação, esta redução pode chegar
a cerca de 25 % da precipitação anual. Em regiões de clima úmido dos Estados
Unidos, por exemplo, as perdas por interceptação podem atingir 254 mm por ano.
Durante períodos sem chuva, a transpiração e a evaporação direta da água
do solo compõem o consumo total de água por uma superfície vegetada. Durante
períodos chuvosos, todavia, a interceptação também passa a fazer parte das perdas
de água pelo ecossistema.
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PE = Pi + Et.
onde:
S = capacidade de retenção da copa (quantidade de água que pode ser
retida temporariamente na copa antes do início dos processos Pi e Et)
E = evaporação da água retida na copa (inclui a evaporação que ocorre
durante a duração da chuva, e, cessada a chuva, a evaporação de S.
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Infiltração
A dimensão dos poros por onde a água irá infiltrar é influenciada pelo
tamanho, forma e natureza mineral das partículas e pelo modo como estas partículas
estão arranjadas (estrutura).
Entre os tipos de solos, aqueles com poros maiores, como os de textura
arenosa ou os argilosos com agregados estáveis e matéria orgânica, oferecem
melhor condição para a infiltração da água, já que a resistência à passagem através
da superfície tende a ser pequena.
Os poros grandes podem ser decorrentes da existência de partículas grandes
compondo o solo (fração areia) ou da estrutura, já que partículas pequenas (fração
silte a argila) podem ser aglutinadas em agregados maiores devido á presença de
substâncias cimentantes. A cobertura vegetal existente sobre a superfície, tanto
viva como morta (palha), ajuda bastante a infiltração da água, tanto por proteger
a superfície do impacto direto das gotas de chuva como também por reduzir a
velocidade do escoamento superficial, aumentando o tempo de oportunidade para
que a água infiltre.
Determinação da taxa de infiltração pelo método de anéis concêntricos com carga constante em cultivo de algodão
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
V= h.a
Onde:
V = volume infiltrado durante o tempo t, em cm3
a = área do cilindro interno, em cm3
h = altura da água infiltrada, em cm
Pode-se portanto obter:
h=V/a
F= 60.h/t
Escoamento superficial
Evaporação e Evapotranspiração
Conceitos de Evapotranspiração
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ETc = Kc * ETP
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EROSÃO
de prover benefícios à humanidade. Grande parte desta degradação (ao redor de 3,6
bilhões de ha) é devida à desertificação, o espalhamento das condições de deserto
que afetam ecossistemas semi-áridos e áridos (incluindo agro-ecossistemas). A
maior causadora da desertificação é o sobrepastoreio pelo gado, ovelhas e cabras,
um fator que pode contabilizar um terço de toda a degradação das terras. Da mesma
forma, a derrubada indiscriminada de florestas tropicais já degradou 0,5 bilhões de
ha nos trópicos úmidos. Somado a isto, práticas agrícolas não apropriadas continuam
a degradar terras em todas as regiões climáticas.
Interdependência Solo-Vegetação: Terras degradadas podem sofrer da
destruição das coberturas vegetativas naturais, redução de produtividades agrícolas,
diminuição na produção de animais, e da simplificação de ecosistemas naturais
com ou sem o acompanhamento da degradação do recurso solo. Em 2 bilhões dos 5
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
Figura. Degradação do solo como parte da degradação de terras golbal provocadas pelo sobrepastoreio,
desmatamento, práticas agrícolas incorretas, sobrexplotação de madeiras para combustível, e outras
atividades humanas.
de material incluindo o regolito. A erosão geológica pela água tende a ser maior
nas regiões semi-áridas onde a chuva é suficiente para provocar danos, mas não o
suficiente para suportar uma vegetação densa e protetora (Figura 3).
Figura. Relação geral entre a precipitação anual (annual rainfall) e a perda de solo pela erosão
geológica pela água (average annual sediment yield). Desert: deserto; Semiarid scrub: vegetação
do semi-árido; Soil under natural vegetation: solo sob vegetação natural; Subhumid grasslands:
pastos de regiões subtropicais e temperadas; Forested lands: florestas; If soil were bare: se o solo
tivesse descoberto.
gravidade e é retida por forças capilares formando uma delgada película em torno
das partículas do solo. Durante uma chuva, os espaços entre as partículas do solo
são cheios de água e as forças capilares diminuem de maneira que a velocidade
de infiltração começa alta no início da chuva, e diminui até o valor representado
pela máxima velocidade estável que a água pode atingir através do solo (Figura 4).
Este valor, capacidade de infiltração ou velocidade de infiltração final, corresponde
teoricamente à condutividade hidráulica do solo saturado. Na prática, no entanto, a
capacidade de infiltração é frequentemente menor que a condutividade hidráulica
do solo saturado, devido ao ar que fica aprisionado nos poros do solo ao avançar a
frente de molhamento em seu movimento descendente.
Diferentes trabalhos têm sido realizados para descrever matematicamente
a variação da velocidade de infiltração com o tempo.
Figura. Velocidades de infiltração em diferentes tipos de solo (segundo Withers & Vipond, 1974)
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
Figura . O processo de três etapas da erosão do solo pela água. (a) Gota de água acelerando em
direção ao solo, (b) Salpicamento resultante do impacto da gota contra um solo descoberto e
úmido, e (c) A gota de água afeta o desprendimento de partículas de solo, que são transportadas e
eventualmente depositadas em locais a jusante.
Transporte do solo
das partículas, uma chuva forte pode salpicar até 225Mg/ha de solo, algumas das
partículas salpicando até uma altura de 0,70m e uma distância de 2m na horizontal.
Se o terreno é ondulado ou se o vento esta soprando o salpicamento pode ser maior
numa direção, levando a um movimento neto de solo considerável.
Papel da água em movimento. A enxurrada é um dos fatores principais
no processo de transporte de partículas do solo. Se a chuva excede a capacidade
de infiltração do solo, a água começa a acumular em superfície e a se movimentar
morro abaixo. As partículas de solo desprendidas pelo impacto da gota de chuva vão
cair dentro da água fluindo na superfície, que as carregará morro abaixo. Enquanto
a água flui como uma lâmina fina (fluxo laminar), ela tem pouca força para separar
o solo. Não obstante, na maioria dos casos a água é rapidamente canalizada pelas
irregularidades do terreno e aumenta tanto em velocidade como em turbulência.
O fluxo em sulcos não só carrega partículas de solo salpicadas pelas gotas da
chuva, mas começa a separar partículas a medida que corta dentro da massa do
solo. Isto é um processo contínuo, já que a medida que o sulco se aprofunda, ele é
preenchido por volumes maiores de água. Tão familiar é a força da enxurrada de
cortar e carregar solo que o público atribui a este processo toda a culpa dos danos
provocados por uma chuva forte.
Três tipos de erosão do solo são geralmente reconhecidos: (1) laminar, (2)
sulcos, e (3) voçorocas (Figura abaixo). Na erosão laminar o solo é removido mais
ou menos uniformemente, com exceção de pequenas colunas que podem ficar se
o solo é pedregoso. Não obstante, a medida que o fluxo laminar se concentra em
pequeno canais a erosão em sulcos se torna dominante. Sulcos são dominantes em
terrenos nus recentemente plantados ou em pousio. Sulcos são canais de pequeno
tamanho que podem ser fechados pelas práticas culturais normais, mas o dano já
esta feito – o solo esta perdido. Quando a erosão laminar ocorre no espaço entre os
sulcos chama-se erosão entressulcos.
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
maior para microbacias hidrográficas que para grandes bacias, devido a que nas
grandes bacias ocorrem maiores possibilidades para a deposição dos sedimentos
em depressões no terreno ou no sopé de encostas, antes de chegar aos cursos de
água. Estima-se que 5 a 10% de todo o material erodido chega ao mar. O restante é
depositado em represas, leitos de rios, planícies fluviais, ou em terrenos mais planos
em posições topográficas mais elevadas que os cursos de água.
Erodibilidade
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
A erosão provoca danos no local onde ocorre mas também provoca efeitos
extrínsecos (ou seja fora do local de ocorrência) indesejáveis no meio ambiente.
Os custos dos efeitos extrínsecos se relacionam com os efeitos do excesso de
água, sedimento e produto químicos associados nos sopés de encostas e ambientes
fluviais. Apesar de que estes custos com qualquer um deste tipo de danos não são
imediatamente aparentes, eles são reais e crescem a medida que avança o tempo.
Donos de terras e a sociedade devem arcar eventualmente com os prejuízos.
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Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
elevada da água provoca a diminuição da penetração da luz solar que provoca uma
diminuição da fotossíntese e a sobrevivência da vegetação aquática submersa (VAS).
A morte da VAS degrada o habitat dos peixes e afeta a cadeia alimentar aquática. A
água barrenta também provoca o entupimento das brânquias dos peixes. Sedimentos
depositados no fundo dos rios podem ter um efeito desastroso sobre alguns peixes
que utilizam os seixos e as rochas para desovar. O depósito de sedimentos no fundo
do rio pode provocar uma elevação do nível do rio provocando enchentes mais
freqüentes e mais severas.
Um número de problemas maiores ocorrem quando as águas do rio chegam
aos lagos, estuários e represas. Nestes locais as águas perdem velocidade e soltam
a sua carga de sedimentos. Eventualmente represas, inclusive aqueles formados
por enormes diques, se convertem em áreas completamente assoreadas totalmente
preenchidas por sedimentos. Antes de ocorrer isto, a capacidade da represa de
estocar água para irrigação e sistemas de águas municipais é progressivamente
reduzida, assim como a capacidade de retenção de enchentes ou para geração de
energia hidroelétrica.
Custos estimados da erosão. Apesar de não existir dados precisos, taxas
médias de erosão pela água e vento tem sido utilizados para estimar o custo total
da erosão. Incluídos nestes cálculos estão os custos intrínsecos de reposição de
nutrientes e água perdidos pela erosão acelerada, assim como as reduções da
produtividade das culturas devido à reduzida profundidade do solo. Baseado
somente em suposições sobre o valor das perdas de nutrientes em sedimentos e
enxurrada, o valor total anual de custos intrínsecos tem sido estimados entre 4 e 27
bilhões de dólares.
Os custos extrínsecos da erosão são ainda maiores, especialmente devido
aos efeitos sobre a saúde de partículas carregadas pelo vento e ao valor reduzido
para a recreação de águas carregadas de sedimentos (pesca, natação e estética).
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ANOTAÇÕES
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Aula
Manejo de Recursos Hídricos - Fábio Régis de Souza - UNIGRAN
QUALIDADE DA ÁGUA
05
A qualidade da água, por sua vez, deve ser definida em termos de suas
características físicas, químicas e biológicas. A descrição quantitativa destas
características é feita através dos chamados parâmetros de qualidade de água.
Assim, têm-se: a) parâmetros físicos: cor, odor, sabor, turbidez, temperatura,
pH, condutividade, dureza, alcalinidade, sólidos totais dissolvidos, oxigênio
dissolvido; b) parâmetros químicos: referentes à presença de elementos, íons e
substâncias em solução na água, tais como cálcio, magnésio, ferro, alumínio,
fósforo, nitrogênio, compostos orgânicos etc.; c) parâmetros biológicos: presença
de microorganismos. Há, além destes, o parâmetro radiológico, que diz respeito à
presença de substâncias radioativas, principalmente o rádio-226 e o estrôncio-90,
originados de resíduos de exploração de minérios radioativos, produção de
radioisótopos para reatores, uso de radioisótopos na medicina, na pesquisa e na
indústria.
Os parâmetros físicos, na sua maioria, resultam da presença dos
constituintes iônicos e não iônicos em solução e em suspensão, os quais conferem
certas características à água.
Por esta razão os parâmetros assim chamados físicos podem, também,
ser referidos como propriedades da água.
113
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Parâmetros físicos
Temperatura – A temperatura influência marcante na velocidade das reações
químicas, acelerando ou retardando nas atividades metabólicas e na solubilidade de
substâncias.
Sabor e Odor – A origem está associada tanto a presença de substâncias
químicas ou gases dissolvidos
Cor – produzida por colóides finamente dispersos de origem orgânica ou
mineral (rio Negro)
Turbidez – medida pela alteração da penetração da luz devido à presença de
material em suspensão na água, sendo expressa em unidades de turbidez (unidades
nefelométricas)
Sólidos – a origem da presença pode ser natural (processos erosivos) ou
antropogênica (lançamento de lixo ou esgoto)
Parâmetros químicos
pH – o potencial de hidrogênio representa a intensidade das condições
ácidas ou alcalinas do meio líquido a partir da medição da presença de íons de
hidrogênio (H+) – valores ideais na vida aquática variam de 6 a 9.
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Micropoluentes
São elementos e compostos químicos que mesmo em baixas concentrações
conferem à água características de toxicidade, tornando-se assim imprópria para
grande parte dos usos (arsênio, cádmio, cromo, chumbo, mercúrio, níquel, prata,
zinco, cianetos e o flúor). Alguns destes são carcinogênicos e mutogênicos.
Parâmetros biológicos
A qualidade da água pode ser classificada também de acordo com a
presença ou ausência de microrganismos de importância sanitária capazes de
transmitir enfermidades:
Vírus (paralisia infantil, hepatite, infecciosa, gastroenterite)
Bactérias (cólera, disenteria bacilar, febre tifóide, salmonelose)
Protozoários (disenteria amebiana, giardíase) e
Vermes (verminose em geral).
Utilização dos chamados organismos indicadores (bactéria coliforme) para
correlacionar com a presença de organismos patogênicos.
As Bactérias coliformes habitam normalmente o intestino de homens e
animais, servindo portanto como indicadoras da contaminação de uma água por
fezes. Quanto maior a população de coliformes em uma amostra de água, maior a
chance de que haja contaminação por organismos patogênicos.
O termo poluição vem do verbo latino polluere que significa sujar, indica a
ocorrência de alterações prejudiciais no meio, seja ele água, ar ou solo.
A poluição das águas pode ocorrer de três formas:
Introdução de substâncias artificiais e estranhas ao meio - agrotóxicos
Introdução de substâncias naturais e estranhas ao meio - assoreamento
Alteração na proporção ou nas características dos elementos constituintes
do próprio meio – redução do teor de oxigênio – esgotos.
Os principais agentes poluidores dos corpos d`agua são a matéria orgânica
biodegradável (esgotos), sólidos em suspensão, levando a problemas estéticos,
depósitos de lodo e outros prejuízos, nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo,
conduzindo ao crescimento excessivo de plantas, patogênicos, provocando a
ocorrência de doenças, matéria orgânica não biodegradável (pesticidas, detergentes)
ocorrência de maus odores e condições tóxicas e metais pesados, produzindo
toxicidade e prejudicando o desenvolvimento da vida aquática.
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TRANSMISSÃO DIRETA
TRANSMISSÃO INDIRETA
Fonte: sabesp
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Classificação
Micronutrientes (essenciais)
Zn, Fe (0,3 mg/L), Mn (0,1mg/L), Cu, Mo, Co, metabolizados pelas
plantas e animais.
Micro-contaminantes ambientais
As, Pb, Cd, Cr, Hg, Al, Ni, Ag, Ti, Sn e W , são tóxicos e acumulam no
ambiente aquático (biomagnificação).
Princípios Estratégicos
A Conferencia Internacional sobre Água e Meio Ambiente, realizada em
1992 em Dublin, definiu um conjunto de princípios estratégicos para a questão da
oferta de água:
Soluções Mitigadoras
As soluções mitigadoras tem sua importância bastante ressaltada na
ausência de recursos suficientes para a implementação de soluções realmente
desejáveis.
Diagnóstico
O Diagnóstico servirá de base para elaboração do plano diretor e deve ser
elaborado a partir da definição de uma metodologia interdisciplinar que explicite
o eixo de integração entre os componentes físicos, bióticos, sociais, econômicos e
institucionais, capaz de identificar as relações entre as estruturas antrópicas e as do
meio natural.
Visando a reunião, organização e cruzamento das informações geradas
pelos estudos, deve-se prever a concepção e implantação de um banco de dados e
respectivos sistemas gerenciadores (SG).
Os estudos temáticos que compõem o diagnostico deverão ser apresentados
em formato digital e analógico (convencional em papel) em cores. A cartografia
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temática deverá ser produzida e digitalizada por item abordado no tema, com
formato DGN, DWG ou DXF. A escala de trabalho deverá ser 1:100.000, exceto
quando especificado em contrário nos TDR.
Clima
O clima da bacia deve ser caracterizado através de estimativas de
evapotranspiracao da elaboração de mapas de temperaturas e precipitações,
mensais e anuais, com base nas Normais Climatológicas do período disponível
pelas estações meteorológicas.
Deve ser apresentadas as direções predominantes dos ventos e as
velocidades para cada região da bacia.
A precipitação máxima provável (PMP), deve ser atualizada. Para conhecer
os processos de formação de precipitações na bacia, deve ser elaborado um modelo
numérico de mesoescala.
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Estudos de ictiofauna
Deve ser realizado o levantamento bibliográfico sobre o conhecimento
ictiico na bacia estudada.
Através dos mapas já existentes e da bibliografia analisada, deve ser
identificados os seguintes aspectos:
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Sócio-economia
- Os estudos sócio-econômicos deve promover a caracterização social e
econômica das comunidades inseridas na bacia a partir dos municípios
que as constituem, buscando abranger aspectos da infra-estrutura urbana e
rural e da economia local, por meio de uma análise exploratória de dados
secundários. Os seguintes aspectos devem ser abordados:
Economia
- Avaliação básica sobre finanças publicas dos municípios.
- Caracterização geral dos setores da atividade econômica, analisando a
principal base econômica.
- Identificação dos pólos regionais que exercem influencia sobre a bacia,
como e qual o grau de dependência dos municípios entre eles e em relação
aos pólos regionais.
- Análise da distribuição de emprego e renda por atividade da economia.
- Distribuição por extrato de área e uso por classe de atividade econômica.
- Análise prospectiva, avaliação de tendências e elaboração de cenários
possíveis.
População
- Apresentação de tabelas e análise da situação domiciliar da população; a
taxa média de crescimento da população por situação de domicílio; o grau
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Saúde
- Levantamento, junto á Fundação Nacional de Saúde (FNS), das doenças
endêmicas de veiculação hídrica nos municípios da bacia, sua localização
hidrográfica e municipal, medidas de controle de combate em vigor e os
motivos prováveis de sua ocorrência.
Educação
Devem ainda ser executadas as seguintes atividades:
- Levantar os planos de governo nas instancias federal e estadual, com as
áreas de atuação propostas como por exemplo as áreas com decreto de
lavra, expansão urbana, planos agrícolas, barragens projetadas.
- Apresentar uma carta com a espacialização dos planos e programas de
governo, como expressão das intenções futuras de desenvolvimento para
o território.
- Elaborar relatório sobre as tendências regionais com base nos mapeamentos
realizados e informações obtidas.
Participação Social
Face á importância da participação popular na elaboração do plano, deve ser
adotadas metodologia participativa e ações compartilhadas para que o movimento
de cidadania pela água seja implementado.
Assim sendo, a dimensão humano-social deve ser abordada no sentido
de identificar a estrutura de organização da população no processo decisório
do plano diretor. No sentido de identificar e assegurar á comunidade, por meio
de gerenciamento participativo, recursos hídricos em quantidade e qualidade de
modo de atender ás demandas atuais e futuras, deverão ser executadas as seguintes
atividades:
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Tecnologia de produção
Avaliar as tecnologias utilizadas na apropriação da água, pelos diversos
setores de atividades econômicas da região, analisando seus efeitos e indicando
alternativas tecnológicas para otimização do uso dos recursos hídricos, A partir das
informações geradas no cadastramento de usuários de água da bacia, deverão ser
abordados as seguintes aspectos:
a) Estudos Hidrometeorológicos
- Coleta e analise de dados disponíveis;
- Organização plantação de base de dados para processamento;
- Aspectos climatológicos gerais, análise pluviométrica da bacia e
estimativa mensal da evaporação;
- Caracterização flúvio-morfológica da bacia;
- Análise de consistência dos dados fluviométricos;
- Tratamento estatístico das informações;
- Caracterização do regime hídrico;
- Regionalização das curvas de permanência de vazões;
- Regionalização das vazões máximas, medias e mínimas;
- Análise das contribuições especificas dos principais afluentes;
- Caracterização e avaliação da qualidade das águas superficiais; e
- Usos da água/cadastro de usuários.
O cadastro de usuários deve ser realizado após uma análise das informações
existentes, inclusive as de comitês, consórcios e instituições.
A metodologia a ser adotada nos trabalhos de campo do cadastramento
deve ser previamente e discutida com a CONTRATANTE.
b) Estudos Hidrogeológicos
- Coleta e análise dos dados disponíveis;
- Organização e implantação da base de dados para processamento;
- Elaboração de mapa de localização dos poços e identificação e
mapeamento dos aqüíferos;
- Análise, processamento e interpretação dos dados;
- Caracterização dos aqüíferos e poços inventariados;
- Definição de modelo hidrogeológico – condições de recarga, escoamento
e descarga das águas subterrâneas;
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c) Estudos Sedimentológicos
- Coleta e análise dos dados sedimentológicos;
- Organização e implantação de base de dados para processamento;
- Análise do mapeamento das zonas de erosão e mineração;
- Avaliação da produção e transporte de sedimentos na bacia; e
- Medidas de contenção.
Sites consultados
http://www.ana.gov.br
http://www.brasildasaguas.com.br/
http://pbs.ana.gov.br
http://www.tratamentodeesgoto.com.br/principal.php
http://serla.rj.gov.br
http://www.inmet.gov.br/
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Disponibilidade e demanda de recursos hídricos
no Brasil. In: Caderno de Recursos hídricos. Maio, 2005. 134p.
MONTEIRO, A.B.; COSTA, W.D.; LIMA FILHO, M.; BARBOSA, P.L. 2002.
Hidrogeologia e gestão do aqüífero Barreiras nos bairros de Ibura e Jordão – Recife
– Pernambuco. XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, Florianópolis-SC,
2002. Cd-rom.
REICHADT, K; TIM, L.C. Solo, Planta e Atmosfera. São Paulo: Manole, 2003, 500 p.
UNESCO. The United Nations World Water Development Report. Water for people,
water for life. (Disponível em http://www.unesco.org/water/wwap).
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