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INSERÇÃO DOS NEGROS NA UNIVERSIDADE

Há 15 anos, o conceito de ações afirmativas para inclusão de negros na educação


superior motivou intenso debate no meio universitário. Em junho de 2003, decisão
tomada pela Universidade de Brasília (UnB) de adotar o sistema de cotas raciais em
seu processo de seleção abriu caminho para uma mudança no paradigma de acesso à
universidade, antes fortemente baseado na meritocracia. O Plano de Metas para
Integração Social, Étnica e Racial aprovado pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão
da UnB previa que 20% das vagas do vestibular seriam reservadas para estudantes
negros, de cor preta ou parda. A política foi adotada a partir do vestibular de 2004, em
todos os cursos oferecidos pela universidade.

É claro que todo processo seletivo é passivel de fraude, A UnB tem investigado ao
menos 100 casos de possíveis fraudes. Em âmbito nacional, o Judiciário já se
manifestou de forma favorável ao estabelecimento de comissões para averiguar a
veracidade das declarações dos candidatos. Todo processo exige aperfeiçoamento e
qualquer mudança que nós temos na sociedade demanda um processo de
amadurecimento entre as pessoas.

Vale a pena ressaltar um dos marcos que precederam a adoção das cotas no Brasil
foi a 1ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e
as Formas Conexas de Intolerância, realizada em Durban, na África do Sul, em 2001. A
conferência motivou as personalidades negras brasileiras a reforçarem o debate das
ações afirmativas para negros no Brasil, que se tornou, na ocasião, signatário do
compromisso de combate a todo tipo de discriminação racial.
Isto posto...

Segundo dados do IBGE de 13/11/2109, pela primeira vez os negros são maioria nas
Universidades Públicas, na verdade para os institutos os negros são a soma dos negros
junto ao acréscimo dos estudantes pardos, e eles representariam 50,3% do total.
Conforme a Lei de Cotas sociais e raciais de 2012 que garante a reserva de vagas em
todas as universidades e institutos federais do país (o acompanhamento da
implementação da lei ficará a cargo de um comitê composto por membros do
Ministério da Educação, da Secretaria de Politicas de Pormoção de Igualdade Racial
(Seppir) e FUNAI).

Mesmo com a maioria na Universidade Pública, a população negra ainda esta sub-
representada já que a população de negros estimada no Brasil é de 55%. A chance de
ter um diploma aumentou quase 4 vezes para a população negra na última década no
Brasil, Aqui vão alguns números: o percentual de negros e pardos que concluíram a
graduação cresceu de 2,2%, em 2000, para 9,3% em 2017. Apesar dos números terem
aumentado, os negros ainda não alcançaram o índice de brancos diplomados. Entre a
população branca, a proporção atual é de 22% de graduados, o que representa pouco
mais do que o dobro dos brancos diplomados no ano 2000, quando o índice era de
9,3%. Os dados são do (IBGE).

Mais alguns dados, hoje os brancos com curso superior completo somam o total de
22,9% e os negros somam 9,3%, em comparação no ano de 2000 antes da
implementação do sistema de cotas os números eram brancos com ensino superior
completo 9,38% e os negros 2,22% (Fontes IBGE 2017 e Censo 2000). Número de
alunos negros que completaram a graduação de 2004 a 2018 são 3.422.
Ao mesmo tempo é necessário muita cautela ao analisar estes números pois existem
outros fatores como por exemplo o cenário político que estamos vivendo, que não tem
a menor intenção de dar prosseguimento a políticas públicas de inclusão da população
negra das universidades, muito pelo contrário. Portanto, seria até mesmo importante
ter cuidado com alardes que possam autorizar mobilizações que visem o fim dessa
política pública de cotas raciais nas universidades, baseando-se em interpretações
apressadas e acríticas. Outro fator é aobre a distribuição dos cursos, podemos, por
exemplo, de início questionar se esses dados estão considerando a cor dos cursos de
medicina, de engenharia da computação, de engenharia civil, de direito, de
odontologia, que historicamente são os cursos ocupados por brancos de classe média
alta e da elite de herança colonial.

Obs: É claro que a política de cotas tem feito seu papel na mudança de um cenário
anteriormente tão disforme com relação a população negra brasileira, mas o
questionamento é se pode parar por ai? Será que é o bastante? Ou apenas o inicio da
busca de um cenário mais ideal na equivalência das relações sociais.

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