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Jorge Pedro Sousa

Elementos de jornalismo
impresso

Porto
2001
6 Jorge Pedro Sousa

Prólogo
Porquê mais um manual de jornalismo impresso, depois de tantos
títulos disponíveis? Esta é uma questão pertinente. E é uma ques-
tão a que posso responder com brevidade. Vou fazê-lo em quatro
pontos.
Em primeiro lugar, este é um manual destinado, principal-
mente, aos estudantes de graduação em Ciências da Comunica-
ção, particularmente àqueles que pretendem vir a exercer o jor-
nalismo ou a assessoria de imprensa. Ora, quem dá os primeiros
passos no jornalismo numa escola, superior ou secundária, ainda
não sofreu o processo de formação, aculturação e socialização
na profissão e na empresa a que os neófitos são sujeitos, para o
bem e para o mal. Assim sendo, têm razão de ser os manuais
que auxiliem os candidatos ao exercício da profissão de jorna-
lista. São obras que aproximam esses jovens das práticas profis-
sionais, contribuindo, portanto, para o sucesso da sua integração
no mundo profissional. Quantos mais manuais existirem, maior
a pluralidade de perspectivas e opiniões sobre o mundo do jorna-
lismo. A diversidade permite escolhas. A diversidade enriquece.
No campo dos manuais de jornalismo, ainda estamos longe da
sobre-informação e da saturação.
Em segundo lugar, este pretende ser um manual com utilidade
pedagógica, orientado para o ensino das técnicas básicas de ex-
pressão jornalística no ensino superior e no ensino secundário,
dentro do contexto português. É, portanto, um manual orientado
para a prática profissional, razão pela qual não se prende significa-
tivamente com considerações teóricas. Não é um manual escrito
por jornalistas para jornalistas. Não é um manual para profissi-
onais. É antes um manual dedicado aos jovens que querem ser
jornalistas e que nutrem pelo jornalismo uma verdadeira paixão.
Não é, nem pretende ser, um livro de estilo1 . Também não é um
1
Os livros de estilo são os manuais que procuram regular, uniformizar e
tornar coerente e consistente a prática profissional dentro de um determinado
órgão de comunicação social, para que este assuma uma determinada persona-

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promisso com a realidade, da honestidade, da intenção de ver-


dade.

1.5 A sala de redacção (News room)


A redacção de um jornal é o seu coração. É na redacção que
entra a matéria-prima informativa e é dela que saem as notícias.
A redacção, metaforicamente, é uma unidade de transformação
de acontecimentos e outros assuntos em notícias.
Pode-se considerar a redacção como uma espécie de subsis-
tema do sistema produtivo jornalístico, entendendo por sistema
um conjunto organizado de elementos interactuantes e interde-
pendentes. Entre os elementos que fazem parte de uma redacção,
os jornalistas adquirem destaque, já que são eles os agentes mais
directamente envolvidos na produção das mensagens - especial-
mente as noticiosas - que configuram os discursos jornalísticos.
Em sequência, os jornalistas intervêm sobre as representações do
mundo disponíveis nas sociedades avançadas e sobre a outorga-
ção de sentidos a esse mesmo mundo, sendo peças não descon-
sideráveis no processo de construção social da realidade. Aliás,
recorde-se que é (principalmente) nas redacções que se concre-
tiza um processo fundamental para a enformação dos discursos
jornalísticos: o processo de construção da agenda dos órgãos de
comunicação social (agenda-building).
Os jornalistas são seres humanos em situação, seres humanos
em relação. Geralmente, o contexto envolvente dos jornalistas é
a sua organização noticiosa. Esta possuirá uma cultura específica,
independentemente dos traços transorganizacionais que a mesma
possa comportar, maneiras de comunicar, uma hierarquia deter-
minada, formas próprias, mais ou menos rotineiras, de dividir o
trabalho (segundo os moldes da produção industrial) e de estru-
turar (e constranger) o processo produtivo, objectivos a cumprir
(entre os quais, geralmente, o legítimo desejo de lucro, quando o
jornalismo se configura como actividade empresarial), uma polí-

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tica editorial (em princípio explicitamente expressa num estatuto


editorial e no livro de estilo e implicitamente configurada pelos
critérios de noticiabilidade), etc. Apresentará, igualmente, um
sistema de sanções e de recompensas.
O facto de a maior parte dos jornalistas de uma organização
noticiosa trabalhar em conjunto numa redacção poderá tornar a
sua acção mais eficiente, já que podem partilhar ideias e informa-
ções e ajudar-se mutuamente. Assim, poderão também reduzir-se
as tensões que existem na redacção e que decorrerão, sobretudo,
da competição pelo espaço da notícia, da necessidade de se mos-
trar valor e de se ser reconhecido e da imprescindibilidade de se
cumprirem as horas de fecho.
Embora, na actualidade, a estrutura das redacções se esteja a
complexificar e a flexibilizar com base em princípios de autono-
mia, a generalidade dos órgãos da imprensa escrita, em Portugal,
vai mantendo redacções tradicionais. Estas redacções encontram-
se estruturadas ao redor de núcleos de pessoas ou de pessoas espe-
cíficas que exercem funções especializadas, em consonância com
uma lógica industrial de divisão do trabalho, que visa, no contexto
do jornalismo, optimizar o processo de produção de informação
de actualidade, mas que tem como um dos principais reveses, no
mesmo contexto, a burocratização da actividade jornalística, ape-
sar de o meio social se apresentar em constante mudança.
Entre as unidades que compõem o sistema redactorial, pode-
mos destacar a Direcção, a Chefia de Redacção, as editorias (coor-
denadas por um editor e pelas quais se distribuem os jornalistas),
a Secretaria de Redacção e o Centro de Documentação. Entre as
pessoas que integram o sistema redactorial, além dos jornalistas
em geral, há a considerar as figuras do director, do chefe de re-
dacção, dos redactores principais, dos cronistas e articulistas, dos
correspondentes, dos colaboradores e do secretário de redacção.
É de realçar que as denominações e as funções das unidades e
das pessoas aqui referenciadas podem variar de jornal para jornal,
excepto aquelas que estão consignadas na Lei Portuguesa, como
a figura do director.

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Director
O director dirige e coordena a publicação no seu conjunto, de
acordo com as instruções recebidas da Administração, a política
editorial da empresa e os documentos onde ela é expressa.
É o director que representa o jornal e também é ele que as-
sume as responsabilidades legais pelas peças não assinadas e a
co-responsabilidade legal pelas peças assinadas. O director é, por-
tanto, o máximo responsável legal pelo conteúdo da publicação.
É ele que faz a ponte entre a redacção e a Administração, por
quem é escolhido (com o acórdão do Conselho de Redacção, se
existir) e a quem presta contas. Por isso, o director tem responsa-
bilidades na gestão de custos e na gestão do pessoal da redacção.
Legalmente, cabe ao director designar os jornalistas com funções
de chefia e coordenação. A Lei de Imprensa estabelece ainda, no
seu artigo 20o , ponto 2, que o director tem direito a ser ouvido
pelos proprietários em tudo o que diz respeito à gestão dos re-
cursos humanos na área jornalística e a ser informado da situação
económica da empresa e da sua estratégia editorial.
Entre as tarefas do director inscreve-se, usualmente, a respon-
sabilidade de manter contacto com articulistas e colaboradores de
maior relevância e importância. Também costuma ser missão do
director redigir os editoriais, particularmente os mais sensíveis ou
os mais importantes. Poderá ainda supervisionar a realização de
trabalhos jornalísticos sensíveis ou de grande dimensão e definir
o perfil de cada número do jornal e a composição da primeira
página. Quando uma peça apresenta um conteúdo delicado, o di-
rector deve aconselhar-se com os advogados do jornal antes de
decidir da sua publicação. Dentro deste contexto, o director po-
derá inquirir o jornalista sobre a identidade das fontes anónimas
eventualmente utilizadas numa peça, para avaliar a sua credibili-
dade. Se cabe ao jornalista decidir se informa ou não o director
sobre a identidade das fontes, cabe ao director decidir se publica
as peças ou não.
Ao director cabe também manter um bom ambiente na redac-

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ção e zelar para que os processos de promoção e avaliação sejam


transparentes, justos e baseados nas qualidades pessoais dos jor-
nalistas, na sua competência e no seu mérito.
O director pode ser assessorado por subdirectores ou por direc-
tores-adjuntos, formando com eles a Direcção do órgão jornalís-
tico em causa. Os restantes membros da direcção substituem o
director durante os períodos em que este está indisponível.
O director pode ser ou não um jornalista de carreira. Quando
não o é, pode, no entanto, pedir a sua equiparação a jornalista
durante o tempo em que exerce funções. De qualquer maneira,
as administrações dos jornais e das revistas procuram tendenci-
almente figuras que pela sua projecção pública e pelo seu reco-
nhecido mérito e competência possam trazer uma mais-valia de
credibilidade e de aceitação ao órgão de comunicação social em
causa.
O director deve ser uma pessoa reconhecidamente competente,
íntegra, credível e digna aos olhos dos jornalistas. Só assim con-
seguirá ter êxito na sua função directiva e ser aceite pelos jorna-
listas como seu chefe máximo.

Conselho Editorial
O Conselho Editorial é um órgão consultivo que existe em algu-
mas publicações, sendo formado por personalidades prestigiadas,
que geralmente colaboram com a publicação. Tem por funções
aconselhar a Direcção e a Administração na definição da linha
editorial do jornal.
Não existe qualquer obrigatoriedade legal na formação de um
Conselho Editorial.

Provedor do leitor
O provedor do leitor é uma personalidade de reconhecido mérito,
eventualmente um jornalista de grande prestígio, que assume a
responsabilidade de acolher, processar e encaminhar as queixas

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dos leitores em relação aos conteúdos de um jornal e à actuação


dos seus jornalistas. Em Portugal, a figura do Provedor do Leitor
é relativamente recente. Público, Diário de Notícias e Jornal de
Notícias são alguns dos jornais que possuem provedores.

Chefe de Redacção
O chefe de redacção é o jornalista que coordena o trabalho redac-
torial e a fluidez comunicativa no seio da redacção, sob a supra-
coordenação do director, com quem deve estar sintonizado. Tal
como acontece com o director de uma publicação e com todos os
restantes jornalistas, o chefe de redacção possui como referentes
para o exercício da função a política editorial da empresa e os
documentos ou outros dispositivos onde a mesma é expressa.
É geralmente ao chefe de redacção que compete decidir so-
bre a distribuição de espaço redactorial às diferentes editorias,
embora, normalmente, o tenha de negociar com os editores em
reuniões editoriais por vezes competitivas5 .
Inscrevem-se também entre as funções mais comuns do chefe
de redacção a solicitação de colaborações regulares de média ou
pequena importância, a aceitação, rejeição ou reelaboração de tex-
tos enviados pelas editorias, a aceitação ou rejeição de fotografias
e infográficos enviados, respectivamente, pela Editoria de Foto-
jornalismo e pela Infografia, a revisão de certos materiais, a pla-
nificação da primeira página e o destaque a dar a cada tema (em
conjunto com os editores e, eventualmente, o director), a determi-
nação dos repórteres a serem destacados para deslocações prolon-
gadas ou para serviços mais difíceis ou melindrosos (igualmente
em conjunto com os editores), etc.
5
Neste campo, o contributo de Leon Sigal (1986) é relevante, pois o autor
descobriu, num estudo sobre as primeiras páginas do The New York Times,
que o número de artigos sobre a cidade, o país e o mundo tendia a manter-
se constante, hipoteticamente porque os editores dessas três áreas disputariam
o espaço da primeira página. O compromisso obter-se-ia devido à política
burocrática em vigor na redacção, da qual as reuniões seriam uma faceta.

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A supervisão da agenda e do seu cumprimento e a distribuição


pelas editorias de serviço das informações recebidas no órgão de
comunicação social são outras das funções mais usuais do chefe
de redacção.
O chefe de redacção é, frequentemente, coadjuvado por ad-
juntos ou subchefes, formando com eles a Chefia de Redacção.
O chefe de redacção é, normalmente, um jornalista de carreira
que exerce funções há já algum tempo no órgão de comunicação
que vai chefiar e que é escolhido pelo seu desempenho profissio-
nal, nomeadamente pelo seu desempenho anterior à frente de uma
editoria.

Secretaria de Redacção
A Secretaria de Redacção (por vezes também chamada de ”Agen-
da”), coordenada pelo secretário de redacção, faz a ponte entre
o sector administrativo e a redacção e assessora esta. Contudo,
tende a tornar-se num órgão auxiliar da Chefia de Redacção e dos
editores, com quem trabalha em conjunto, distribuindo serviço pe-
los jornalistas, contactando com colaboradores e correspondentes,
elaborando a agenda, controlando o parque automóvel e as des-
locações dos jornalistas, organizando as deslocações em trabalho,
disponibilizando dossiers de apoio aos jornalistas destacados para
a cobertura dos diversos assuntos (por vezes em colaboração com
o Centro de Documentação), organizando rubricas fixas da pu-
blicação (cinema, televisão, serviços, passatempos, etc.), distri-
buindo pelas editorias as informações que vão chegando ao órgão
de comunicação social, etc. É também a Secretaria de Redacção a
tratar dos aspectos mais burocráticos da vida na redacção (folgas,
férias, faltas, inscrição no Sindicato dos Jornalistas, organização
e instrução dos processos individuais dos jornalistas, etc.).

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Centro de Documentação
Com a informatização das redacções, verifica-se uma tendência
para a criação de bases de dados electrónicas a que o jornalista
pode ter acesso a partir do seu posto de trabalho, pelo que as fun-
ções futuras dos centros de documentação poderão vir a ser as
da manutenção dessas bases de dados. Por outro lado, a Internet
permite pesquisas de tal maneira latas e profundas que por vezes
secundarizam o papel dos centros de documentação. De qualquer
modo, hoje, tal como ontem, os centros de documentação prosse-
guem funções importantes na vida de qualquer jornal ou revista,
como sejam a manutenção de arquivos actualizados sobre “tudo e
mais alguma coisa” (pessoas, localidades, acontecimentos, etc.).
Os centros de documentação, ademais, devem estar preparados
para fornecer com rapidez as informações de serviço que os jor-
nalistas solicitarem.
Os arquivos ”tradicionais” dos centros de documentação basei-
am-se em recortes de jornais e revistas (arquivados em pastas), em
livros, prospectos, etc.
O arquivo fotográfico pode ou não estar ligado ao Centro de
Documentação. Actualmente, a maior parte dos órgãos da im-
prensa possui arquivos de imagem electrónicos. Porém, os jornais
mais antigos ainda conservam os arquivos de fotografias em papel
e os arquivos de negativos. O Diário de Notícias ainda possui no
seu arquivo fotografias em placa de vidro, usadas no século XIX.
No Centro de Documentação, os jornalistas podem também
consultar a colecção do seu jornal, pelo menos os números dos
anos mais recentes.
Frequentemente, os Centros de Documentação dos jornais são
acessíveis ao público.

Editor(es)
Os editores (por vezes designados por chefes de secção ou co-
ordenadores de secção, etc.) são os jornalistas responsáveis por

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uma determinada editoria (secção) dentro da redacção (Desporto,


Economia, Política, Sociedade, Fotografia, etc.). Compete-lhes
coordenar o trabalho dos jornalistas da sua editoria, rever ou até
reelaborar textos produzidos na editoria, decidir, a um primeiro
nível, sobre a publicação ou não desses textos, definir, em con-
junto com a Direcção, a Chefia de Redacção e a Secretaria de
Redacção, os temas a tratar pela editoria, estipular, em consonân-
cia com a Chefia de Redacção e a Direcção, o espaço que será
consagrado a esses temas, a sua disposição gráfica e as chamadas
à primeira página, etc. É ao editor que compete fechar as páginas
da sua editoria, prestando contas à Chefia de Redacção.
Enquanto os editores redactoriais usualmente trabalham em li-
gação directa com a Chefia de Redacção, o editor de fotografia e o
editor gráfico normalmente trabalham em associação com os edi-
tores redactoriais, devido à necessidade de combinação das tarefas
a executar (sintonia entre textos e imagens, paginação dos espa-
ços reservados a cada secção, etc.). Talvez se possa mesmo dizer
que enquanto as relações inter-editorias redactoriais são marcadas
por alguma competição por um espaço escasso, os laços entre as
editorias redactoriais e as editorias Gráfica e de Fotojornalismo
são de natureza essencialmente cooperativa.

Redactor principal
Aos redactores principais, que existem apenas em algumas publi-
cações, cumpre essencialmente elaborar artigos especiais ou de
maior profundidade, reelaborar textos em ordem a torná-los mais
atraentes, mais compreensíveis e mais conjugados com o estilo do
órgão de comunicação, sintetizar peças conforme as necessidades
de espaço, etc. Às tarefas de reelaboração de textos chama-se
rewriting.

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Grandes repórteres
Os grandes repórteres, que existem apenas em alguns órgãos de
comunicação social, são os jornalistas que se destacaram pela sua
competência, pela sua capacidade de comunicação e pela confi-
ança que neles pode ser depositada e que são convidados a tra-
balhar em grandes reportagens, gozando de elevada autonomia.
Frequentemente, os grandes-repórteres são jornalistas especiali-
zadíssimos num determinado campo (por exemplo, estratégia in-
ternacional, assuntos europeus, assuntos sociais, problemas das
minorias, etc.).

Redactores
Redactores são os jornalistas que elaboram os textos que com-
põem o jornal. Habitualmente, trabalham numa determinada edi-
toria. Geralmente, especializam-se numa determinada área, pelo
menos nos jornais de referência, pois só assim estão habilitados
a transpor a descrição para passar à análise. Tanto quanto possí-
vel, devem dominar todos os géneros jornalísticos, em particular
a notícia, a entrevista e a reportagem.
O redactor tem por missão cumprir diligente e rapidamente os
serviços para que foi designado, respeitando escrupulosamente o
espaço que lhe foi destinado e as deadlines que lhe foram fixadas.

Foto-repórteres
Foto-repórteres são os fotojornalistas que fazem fotografia jorna-
lística para o jornal e que geralmente se encontram vinculados à
Editoria de Fotojornalismo.

Cronistas/articulistas/colunistas
Cronistas, articulistas ou colunistas são geralmente colaboradores
regulares de relevo público que em dias determinados possuem

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espaços próprios nos órgãos de comunicação social. Estes espa-


ços são preenchidos ou com crónicas ou com artigos de opinião
ou de análise, cujo tema fica geralmente ao critério do autor.
Cronistas, articulistas e colunistas fazem parte da “montra” de
uma publicação, isto é, pertencem à lista de atributos que tornam
essa publicação mais credível, aceitável e apetecível aos olhos do
público. No entanto, quer o jornal quer o colunista só devem acei-
tar a colaboração se a linha editorial do jornal satisfizer o colunista
e se as ideias deste se enquadrarem nessa linha.
Normalmente, os jornais de referência cultivam a tolerância
democrática, aceitando contributos de colunistas de várias ten-
dências, de forma a enriquecer o debate democrático.

Correspondentes
Os correspondentes são jornalistas ou colaboradores que perma-
necem junto de certas instituições ou de determinadas localida-
des, no país ou no estrangeiro, e que enviam, com regularidade,
informação em bruto ou já tratada para o seu jornal.
Os correspondentes podem ou não ser jornalistas do quadro.
Muitas vezes, os correspondentes de um órgão de comunicação
social são recrutados entre os jornalistas freelance especializados
que trabalham para vários órgãos de comunicação social.

Colaboradores
Jornalistas ou não, os colaboradores, quando são pagos, são-no
normalmente à peça ou por avença, sendo-lhes solicitado ou aceite
trabalho em função das necessidades da publicação.
Frequentemente, os colaboradores são jovens que pretendem
aceder ao jornalismo profissional e aos quadros de uma empresa
jornalística. Em casos mais raros, tratam-se de especialistas con-
tratados, por exemplo, para descodificarem informações de um
determinado campo.

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A maior parte dos colaboradores trabalha com regularidade


para o jornal.

Revisores
Tradicionalmente, aos revisores compete fazer a revisão dos tex-
tos e do produto final, em busca de erros ortográficos, falhas, etc.
Porém, a relevância dos revisores no processo de fabrico de in-
formação de actualidade tem vindo a decrescer, devido à infor-
matização do processo produtivo, que permite a verificação orto-
gráfica automática e as correcções on-line por parte dos editores
e dos chefes de redacção (inclusivamente à medida que as peças
vão sendo confeccionadas).

1.5.1 Um dia numa redacção


O dia num jornal começa sempre algum tempo antes, seja um
ou mais dias, semanas, meses ou até anos. De facto, as publi-
cações jornalísticas dependem da planificação (se a forma como
planificam é suficiente e adequada, é outra questão). A planifica-
ção expressa-se na agenda dos assuntos a cobrir. Esta, por sua
vez, é construída ao longo do tempo, em função das informações
que chegam à redacção (processo de agenda-building), que são
avaliadas e filtradas pela Secretaria de Redacção, pela Chefia de
Redacção e pelos editores, sob a supra-coordenação da Direcção
do jornal.
Em função dos recursos humanos e materiais disponíveis, a
agenda dos assuntos a cobrir é complementada com a distribuição
de serviço. O jornalista, consultando a agenda, fica a saber qual
a tarefa que lhe está atribuída, podendo ou não ter de se deslocar,
para contactar fontes, para ir ao local de um acontecimento, etc.
Se tiver um assunto a cobrir, deve fazer o seu trabalho rápida e
diligentemente, respeitando as deadlines.
Quando toma conhecimento de que tem um assunto agendado,
o jornalista deve documentar-se sobre ele, recorrendo aos dossiers

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