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HABEAS CORPUS
com pedido liminar
1
I - DOS FATOS
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atos do processo e, se necessário for, para a execução da
sentença.”
3
Assim, não restou outra medida senão a impetração do presente
habeas corpus.
II - DO DIREITO
4
A interpretação ampliativa que permeia as normas citadas tem,
inclusive, previsão nos Tratados Internacionais (artigo 29, b, da Convenção
Americana de Direitos Humanos, e artigo 5, 2, do Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos). Dessa forma, infere-se que a condução da pessoa presa ao juiz
constitui uma garantia que se alia às demais previstas na Constituição da República
e nas leis processuais penais.
5
control judicial e inmediación procesal. Esto es esencial para la
protección del derecho a la libertad personal y para otorgar
protección a otros derechos, como la vida y la integridad
personal. El simple conocimiento por parte de un juez de que
una persona está detenida no satisface esa garantía, ya que el
detenido debe comparecer personalmente y rendir su
declaración ante el juez o autoridad competente.” (Caso Acosta
Calderón Vs. Equador. Sentença de 24/06/2005).
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O juízo de primeira instância converteu a prisão em flagrante em
prisão preventiva sem, contudo, elencar elementos concretos que fundamentem a
decisão. Apenas aduz genericamente à gravidade em abstrato do crime, pois
“fomenta a prática de outros delitos e atormenta a sociedade”, além de não ter
comprovado “ter ocupação lícita e vínculo com o distrito da culpa”. Sob tal manto,
decretou a prisão preventiva para garantia da ordem pública, para conveniência da
instrução processual e para assegurar a aplicação da lei penal
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E, explicitando seu ponto de vista, o professor (Presunção de
inocência ..., p. 67-68) explica que:
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“Quando se argumenta com razões de
exemplaridade, de eficácia da prisão preventiva na
luta contra a delinqüência e para restabelecer o
sentimento de confiança dos cidadãos no
ordenamento jurídico, aplacar o clamor público
criado pelo delito, etc., que evidentemente nada
tem a ver com os fins puramente cautelares e
processuais que oficialmente se atribuem à
instituição, na realidade se introduzem elementos
estranhos à natureza cautelar e processual que
oficialmente se atribuem à instituição,
questionáveis tanto desde o ponto de vista jurídico-
constitucional como da perspectiva político-
criminal. Isso revela que a prisão preventiva
cumpre ‘funções reais’ (preventivas gerais e
especiais) de pena antecipada incompatíveis com
sua natureza.” (Grifos nossos).
9
Duração. Rio de janeiro: Renovar, 1998, p. 156; Aury Lopes Jr., Introdução Crítica
ao Processo Penal – Fundamentos da Instrumentalidade Garantista. 3 ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 208.
Por tudo isso, não se acredita que exista eventual necessidade de prisão
preventiva do paciente, para “garantia da ordem pública”, mormente identificando-a
com a gravidade abstrata do delito, por ser equiparável aos crimes hediondos.
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Por outro lado, a tentativa de ressuscitá-la, na Lei dos Crimes
Hediondos, sob a vedação de qualquer forma de liberdade provisória (art. 2º, inc. II)
e, posteriormente, em dispositivo semelhante constante da Lei n. 11.343/2006, art.
44, caput, foi frustrada, vez que revogados tais artigos pela Lei n. 11.464, de 2 de
março de 2007, posto que incompatíveis com a presunção de inocência.
Não tem sido aceita a prisão decretada com base apenas na gravidade
abstrata do delito, mesmo quando se trate de crime hediondo ou, no caso, tráfico
ilícito de entorpecente, que se equipara a tais delitos por disposição legal. Nesse
sentido: STF, HC n. 90.862/SP, 2ª T., Rel. Min. Eros Grau, j. em 27/04/07. v.u.;
STF, HC n. 88.408/SP, 1.ª T. Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. em 22/09/06; STF,
HC n. 87.041/PA, 1.ª T., Rel. Min. Cezar Peluso, j. em 24/11/06 v.u.; STF, HC n.
81.126/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 08/03/02; STJ, RHC n. 11.755/RS, 6.ª T.,
Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. em 12/11/01. v.u.; STJ, HC n. 18.633/SP, 5.ª T.,
Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, j. 08/04/02 v.u..
11
Não há de se cogitar da prisão preventiva para garantia da ordem
econômica. Com efeito, refere-se tal fundamento apenas às hipóteses de delitos
econômicos, crimes contra as relações de consumo ou crimes contra o sistema
financeiro nacional. À evidência, não se trata da hipótese em exame, posto que a
imputação que pesa sobre o Acusado tem por objeto o crime de trafico ilícito de
drogas. Sob esse aspecto, desnecessárias maiores considerações.
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na doutrina. Assim, não há nada no caso em tela que autorize, justifique ou exija a
decretação da prisão preventiva do acusado, ou, no caso, a manutenção de sua prisão
em flagrante delito.
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“A Turma concedeu a ordem de habeas corpus a paciente condenado
pelo delito de tráfico de entorpecentes a fim de garantir-lhe a
possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos, conforme orientação adotada pelo STF no HC
97.256-RS, julgado em 1º/9/2010, que declarou a inconstitucionalidade
dos arts. 33, § 4º, e 44 da Lei n. 11.343/2006”. (HC 163.233-SP, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 28/9/2010, publicado no
informativo 449, STJ, de 27 de setembro a 1º de outubro de 2010).
(Grifou-se.)
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sentenciado. Pelo que é vedado subtrair da instância julgadora a
possibilidade de se movimentar com certa discricionariedade nos
quadrantes da alternatividade sancionatória.
3. As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos
efeitos certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere.
Não é à toa que todas elas são comumente chamadas de penas
alternativas, pois essa é mesmo a sua natureza: constituir-se num
substitutivo ao encarceramento e suas seqüelas. E o fato é que a pena
privativa de liberdade corporal não é a única a cumprir a função
retributivo-ressocializadora ou restritivo-preventiva da sanção penal.
As demais penas também são vocacionadas para esse geminado papel
da retribuição-prevenção-ressocialização, e ninguém melhor do que o
juiz natural da causa para saber, no caso concreto, qual o tipo
alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo
tempo, recuperar socialmente o apenado, prevenindo comportamentos
do gênero.
4. No plano dos tratados e convenções internacionais, aprovados e
promulgados pelo Estado brasileiro, é conferido tratamento
diferenciado ao tráfico ilícito de entorpecentes que se caracterize pelo
seu menor potencial ofensivo. Tratamento diferenciado, esse, para
possibilitar alternativas ao encarceramento. É o caso da Convenção
Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias
Psicotrópicas, incorporada ao direito interno pelo Decreto 154, de 26
de junho de 1991. Norma supralegal de hierarquia intermediária,
portanto, que autoriza cada Estado soberano a adotar norma comum
interna que viabilize a aplicação da pena substitutiva (a restritiva de
direitos) no aludido crime de tráfico ilícito de entorpecentes.
5. Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o
óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da
expressão análoga “vedada a conversão em penas restritivas de
direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal.
Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc,
da proibição de substituição da pena privativa de liberdade pela
pena restritiva de direitos; determinando-se ao Juízo da execução
penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da
convolação em causa, na concreta situação do paciente.”
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(HC 97256 / RS. Relator(a): Min. AYRES BRITTO Julgamento:
01/09/2010. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Publicação 16-12-
2010)
16
(Processo HC 141360. Relator Ministro CELSO LIMONGI
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP) (8175) Órgão
Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 12/04/2011 Data
da Publicação/Fonte DJe 02/05/2011).
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situações em que, de fato e devidamente comprovado e fundamentando, não for
possível a substituição por outra medida cautelar, medidas estas previstas, agora, no
artigo 319 do Código de Processo Penal.
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ao prever um rol de medidas cautelares pessoais a serem aplicadas ao acusado ou
investigado, de forma a evitar, sempre que possível, a segregação social ao longo do
curso do processo.
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O novel diploma legal, ao estabelecer a imposição das medidas
cautelares a serem aplicadas de forma preferencial em relação à prisão temporária e
preventiva, demonstra o intuito do legislador de se evitar que a prisão processual
ganhe ares de “definitividade”, tornando-se uma verdadeira antecipação da eventual
pena a ser aplicada, de forma a violar entendimento já consagrado pela Corte Maior.
III – DO PEDIDO
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libertatis. Presente, portanto, seus requisitos, requer a concessão da medida liminar
com expedição alvará de soltura.
Termos em que,
Pede deferimento.
Patrick Cacicedo
Defensor Público
Bruno Shimizu
Defensor Público
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