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Norma IEC 61439: maior segurança e

confiabilidade para os painéis elétricos de


baixa tensão
Com a nova revisão já vigente na Europa, a norma série da IEC 61439 que trata dos Conjuntos
de Manobra e Controle de Baixa Tensão, vem esclarecer e reforçar os requisitos indispensáveis
para a construção de painéis elétricos ensaiados e certificados.

Hoje, no Brasil, está em vigor a norma ABNT NBR IEC 60439 publicada em 2003, mas a norma
IEC 61439 encontra-se em processo de tradução e adaptação no Comitê Brasileiro de
Eletricidade – CB-03 e em breve o mercado brasileiro contará com a publicação dessa nova
série pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Durante cinco anos permanecerá a norma atual ABNT NBR IEC 60439 e a futura ABNT NBR IEC
61439 Parte 1 e Parte 2, como período de transição necessário, aos moldes do que ocorreu na
Europa.  As alterações entre as séries desta norma e os benefícios da norma IEC 61439 serão
abordados na sequência.

As Normas pelo mundo.

O objetivo das normas é desenvolver padrões capazes de garantir que os produtos ou serviços
atendam aos requisitos de mercado, estes cada vez mais rigorosos. Em suma, uma norma cria
referencial técnico e de qualidade a ser seguido.

A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC – International Electrotechnical Commission)) é a


organização internacional, não governamental e sem fins lucrativos, responsável pela
padronização das tecnologias elétricas, eletrônicas e relacionadas. E com exceção dos Estados
Unidos, do Canadá e do Japão, todos os demais países do mundo utilizam como referência
normativa as famílias da IEC.

As normas IEC são de uso voluntário, cabendo a cada país membro decidir se as adota como
normas nacionais ou não. Quando um país opta por adotar uma norma IEC, esta deve passar
por revisão em Comitês Nacionais e posteriormente a norma nacional deve permanecer com a
designação que tem na IEC, complementada com o código nacional. No Brasil, a ABNT tem
esse papel, e deve ficar claro que se trata da adoção na íntegra de uma norma IEC.

As alterações da Norma IEC 60439 para a Norma 61439.

A atualização de uma norma deve ser observada minuciosamente, pois as alterações devem
ser claras e garantir que os requisitos de um projeto sejam plenamente satisfeitos.

No que diz respeito à atualização da norma ABNT NBR IEC 60439-1, publicada em 2003, para a
norma IEC 61439-1 com publicação em 2009, as seguintes alterações técnicas são de extrema
importância.

 Foi abandonada a dupla função da norma ABNT NBR IEC 60439-1, que atuava como
norma de produto e como norma de regras gerais para Conjuntos de manobra e
controle de baixa tensão, e por consequência a IEC 61439-1 é uma norma que abrange
as “regras gerais” e a IEC 61439-2 passa a ser a norma de produto.

 Os conceitos TTA (Conjuntos com ensaios de tipo totalmente testados) e PTTA


(Conjuntos com ensaios de tipo parcialmente testados) são substituídos por
abordagem de verificação.

 Três tipos diferentes, porém equivalentes de verificação de requisitos são


introduzidos: verificação por ensaio, verificação por cálculo/medição ou verificação
pela satisfação de regras de projeto.

 Os requisitos relativos à elevação de temperatura estão mais bem esclarecidos.

 O fator de diversidade nominal (RDF) encontra-se mais detalhado.

 Requisitos para os invólucros vazios para Conjuntos (ABNT NBR IEC 62208) foram
incorporados.

A estrutura da Norma IEC 61439.

A norma IEC 61439 está estruturada da seguinte forma:

 IEC 61439-1: Regras gerais.

 IEC 61439-2: Conjuntos de manobra e controle de potência (Conjuntos MCP).

 IEC 61439-3: Quadros de distribuição (substitui a IEC 60439-3).

 IEC 61439-4: Conjuntos para canteiro de obra (substitui a IEC 60439-4).

 IEC 61439-5: Conjuntos para distribuição de energia elétrica (substitui a IEC 60439-5).

 IEC 61439-6: Linhas elétricas pré-fabricadas (substitui a IEC 60439-2).

 IEC / TR 61439-0: Guia para especificação dos Conjuntos.

A parte 1 da norma estabelece definições e indica as condições de funcionamento, requisitos


de construção, características técnicas e requisitos de verificação para os Conjuntos de
manobra e controle de baixa tensão.

E as partes 2 a 6 são normas específicas de produtos, cada qual especificando os requisitos de


um tipo genérico de Conjunto.

Para a fabricação de Conjuntos de manobra e controle em baixa tensão a IEC 61439-2 deve ser
lida em conjunto com a IEC 61439-1.

As principais funções da Norma IEC 61439.

As verificações propostas pela norma IEC 61439 contribuem para a obtenção de três valores
básicos: a segurança, a continuidade do serviço e o atendimento às necessidades do usuário
final da solução.

O primeiro passo na busca desses objetivos é definir claramente as responsabilidades dos


envolvidos com a fabricação do Conjunto de manobra e controle em baixa tensão: o fabricante
original garantindo o projeto da montagem do sistema e o fabricante do Conjunto responsável
por sua conformidade final do Conjunto, segundo a norma.

Para garantir a conformidade com a norma, o fabricante original deve realizar nove
verificações por ensaio:

– Resistência dos materiais e das partes.

– Grau de proteção dos invólucros.

– Distâncias de isolamento e escoamento.

– Proteção contra choque elétrico e integridade dos circuitos de proteção.

– Propriedades dielétricas.

– Limites de elevação de temperatura.

– Suportabilidade aos curtos-circuitos.

– Compatibilidade eletromagnética.

– Funcionamento mecânico.

As verificações por ensaio são equivalentes aos ensaios de tipo da norma IEC 60439, e os
ensaios idênticos aos da ABNT NBR IEC 60439-1 não precisam ser repetidos na IEC 61439.

Além das verificações por ensaio, o fabricante original deve realizar  três verificações por regra
de projeto:

– Integração de dispositivos de manobra e de componentes.

– Circuitos elétricos internos e conexões.

– Conectores para condutores externos.

Cabe ao fabricante a conformidade final do Conjunto, realizando nove verificações de rotina:

– Grau de proteção dos invólucros.

– Distâncias de isolamento e escoamento.

– Proteção contra choque elétrico e integridade dos circuitos de proteção.

– Integração dos componentes incorporados.

– Circuitos elétricos internos e conexões.

– Conectores para condutores externos.

– Funcionamento mecânico.

– Propriedades dielétricas.

– Cabeamento, desempenho operacional e funcional.

Segurança.
Para obter a segurança das pessoas e do patrimônio ao redor do Conjunto de manobra e
controle em baixa tensão, os seguintes requisitos devem ser avaliados: suportabilidade às
sobretensões, capacidade de condução de corrente, suportabilidade das correntes de curto-
circuito, proteção contra choques elétricos e proteção contra riscos de incêndio ou explosão.

O Conjunto deve ter capacidade para suportar sobretensões temporárias, transitórias e de


longa duração. Este requisito é verificado por meio de ensaio de propriedades dielétricas e
medição das distâncias de isolamento e escoamento.

A verificação da capacidade de condução de corrente deve garantir proteção contra incêndios


através da limitação de temperaturas excessivas, nesse caso é aplicado o ensaio de elevação
de temperatura, ou a comparação com projeto de referência testado ou sob condições muito
restritas, cálculos com margem de segurança.

Os ensaios de suportabilidade aos curtos-circuitos comprovam a capacidade do Conjunto de


suportar os esforços térmicos e dinâmicos das correntes de curto-circuito em todos os
condutores e asseguram a atuação correta dos dispositivos de proteção contra curtos-
circuitos.

Para garantir a proteção contra choques elétricos, os elementos ou peças devem estar
dispostos de forma a facilitar a operação e manutenção por parte de pessoal qualificado e ao
mesmo tempo garantir a segurança necessária à instalação. Para tal, os ensaios de grau de
proteção, funcionamento mecânico, propriedades dielétricas e proteção contra choque
elétrico e integridade dos circuitos de proteção devem ser realizados.

O Conjunto de manobra e controle em baixa tensão deve ser projetado e operado de forma a
garantir a proteção das pessoas e instalações contra incêndios ou explosões, e é com o
objetivo de eliminar esses riscos que a norma IEC 61439 passa a exigir o ensaio de resistência
dos materiais e das partes, compreendendo o ensaio de fio incandescente.

Continuidade de serviço.

A capacidade de preservar a continuidade de serviço mantendo a segurança do pessoal


qualificado durante os trabalhos de manutenção e modificação ou ampliação de um conjunto
é assegurada pela norma por meio dos ensaios de grau de proteção e funcionamento
mecânico.

O ensaio de compatibilidade eletromagnética (EMC), por sua vez, garante o funcionamento


adequado e evita a geração de distúrbios eletromagnéticos quando na incorporação de
dispositivos eletrônicos de acordo com suas relativas normas de EMC e sua correta instalação.

Conformidade com os requisitos do usuário final.

O funcionamento correto do Conjunto de acordo com o diagrama elétrico e as especificações,


através da seleção e instalação de dispositivos de manobra apropriados, é garantido por meio
de inspeção e ensaio de resistência aos impulsos de tensão suportável das distâncias de
isolamento.

A correta instalação do Conjunto, levando em consideração a capacidade de adaptação às


limitações de manuseio, armazenamento e transporte, bem como a capacidade se ser içado e
acoplado, é avaliada por inspeção e pelo ensaio de içamento, de acordo com a ABNT NBR IEC
62208.

Com relação à proteção do Conjunto contra impactos mecânicos e condições atmosféricas


adversas, esta deve ser verificada pelos ensaios de grau de proteção do Conjunto e resistência
dos materiais e das partes.

A garantia de que todos os requisitos e condições do projeto, instalação, funcionamento e


alteração do sistema, caso necessário, foram plenamente atendidos é o objetivo final da
norma em pauta.

Conclusão.

Por fim, as melhorias implementadas na norma IEC 61439 vêm trazer maior confiabilidade aos
Conjuntos de manobra e controle em baixa tensão, com uma ampla gama de requisitos que
proporcionam proteção às pessoas contra quaisquer perigos que possam ser gerados pelo
Conjunto, controle das influências externas, otimização da operação e manutenção do
Conjunto e possibilidade de modificação e/ou ampliação do projeto inicial.

Tanto para o fabricante original e o fabricante do Conjunto, quanto para o usuário final, dispor
de uma solução ensaiada e certificada vai além do atendimento de requisitos técnicos, pois a
regulamentação no mercado brasileiro torna a norma de uso obrigatório.

Na NR-10, em 10.1.2, podemos constatar: “Nas instalações e serviços em eletricidade, devem


ser observados no projeto, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, as normas
técnicas estabelecidas pelos órgãos oficiais competentes e, na falta destas, as normas
internacionais vigentes”.

O Código de Defesa do Consumidor no seu Art. 39 – VIII, também aborda a necessidade de


atender às normas vigentes: “É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços colocar no
mercado de consumo qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas
pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO ”.

Portanto, conhecer as necessidades do mercado mundial e local e assegurar a conformidade


dos produtos e serviços em nível global são as principais vantagens competitivas que a norma
IEC 61439 proporciona ao mercado de painéis elétricos em baixa tensão.

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