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O LIVRO DE LEVÍTICO

1. RESUMO 

Levítico 1–7 Por meio de Moisés, o Senhor dá instruções quanto à oferta de vários


sacrifícios, inclusive holocaustos, ofertas de carne (ou refeição), ofertas de paz, ofertas
pelo pecado e ofertas pela transgressão.

Levítico 8–10 Aarão e seus filhos são lavados, ungidos, vestidos e consagrados em


preparação para servir a Israel no ofício de sacerdote. O Senhor envia fogo do céu para
consumir o sacrifício que Aarão oferece como expiação por si mesmo e por Israel.
Nadabe e Abiú, dois dos filhos de Aarão, oferecem sacrifícios indevidamente e o Senhor
os destrói com fogo.

Levítico 11–17 O Senhor revela as leis que determinam quais alimentos são limpos e
quais são imundos. Ele também dá instruções quanto à purificação das mulheres que
deram à luz, a todos os que tinham doenças ou estavam impuros ritualmente por
outras razões. Aarão e seus irmãos recebem instruções quanto ao sacrifício por
derramamento de sangue e o Dia da Expiação.

Levítico 18–22 O Senhor ordena que Israel se santifique. Ele dá leis que ajudarão o
povo a ser limpo sexualmente e a evitar práticas indignas. Ele também ordena que os
sacerdotes sejam santos e dá-lhes leis específicas para que permaneçam ritualmente
imaculados.

Levítico 23–27 O Senhor estabelece dias e festas solenes para Israel. São
estabelecidas leis para o acampamento de Israel, com orientações para que todas as
pessoas sejam tratadas com justiça e que a devida restituição seja feita às partes
ofendidas. O Senhor estabelece o ano Sabático e o ano do jubileu. O Senhor descreve
as maneiras pelas quais Ele abençoará os israelitas pela obediência e os punirá pela
desobediência aos Seus mandamentos. As leis quanto ao dízimo e à consagração da
propriedade são estabelecidas.

2. ANTES DE QUALQUER COISA

A primeira coisa que devemos ter em mente antes da leitura de Levítico é que ele é um
livro basicamente formado por normas, mandamentos. É um dos livros da Lei de Deus.
E como é um livro normativo, deve ser lido como tal. Não há mensagens simbólicas em
Levítico, por mais que alguns pregadores tentem “espiritualizá-lo”. É um livro que fala
de normas, conduta, ação e reação, cerimonial e etc.
Outra questão importante para ser observada antes da leitura é a temática central de
Levítico. Se pudéssemos reunir em um único versículo o principal conceito do livro, sem
dúvidas seria este: Lv 11:44ª Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês;
consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo.

Deus chama a atenção do homem para importância da santificação. O termo hebraico


(qadash) e suas flexões aparecem mais de 80 vezes em todo o livro de Levítico. Qadash
quer dizer “SANTO”. O texto de Levítico mostra como um pecador pode ter acesso ao
Deus que é santo, e a importância de buscar santidade por pertencer a um Deus santo.

Em terceiro plano, vem a questão de como deve ser a leitura de Levítico. Certamente
ele é um livro de leitura desafiadora, por ser um livro repleto de ritos de culto. Um dos
grandes segredos para uma leitura prazerosa de Levítico é usar a imaginação. Um bom
caminho é ir criando mentalmente os rituais conforme vamos lendo, exagerando nos
detalhes.

Por último, entender que o livro de Levítico faz parte de um conjunto, de uma obra
completa, que conhecemos por Pentateuco. Para tal elucidação, faremos um apanhado
geral e muito breve do que é o Pentateuco.

3. O PENTATEUCO E SUA RELAÇÃO COM LEVÍTICO

O Pentateuco são os cinco primeiros livros da Bíblia. Formam o Pentateuco os livros de


Genesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. São conhecidos também como os
livros da Lei, ou a Torah hebraica.

Apesar de serem cinco livros em abordagens e assuntos distintos, conseguem transmitir


uma unidade sem igual nos seus textos. O Pentateuco compreende o período histórico
da criação do mundo por Deus até a morte de Moisés no Monte Nebo, nas campinas de
Moabe.

Os assuntos relevantes em cada livro são:


• Gênesis – Formação do mundo e dos patriarcas de Israel.
• Êxodo – Chamado de Moisés, libertação e a Lei Geral.
• Levítico – Lei Sacerdotal. Manual litúrgico.
• Números – O povo no deserto. Exortação para não perder a fé.
• Deuteronômio – Segunda leitura da Lei
Levítico, neste contexto, funciona em alguns casos como uma regulamentação da Lei
expressa nos outros livros, como o do Êxodo. É em Levítico 1-9 que os rituais do
Tabernáculo são normatizados. A instituição ocorre em Ex 25-40. O sacerdócio descrito
em Ex 29 tem em Lv 8-10 a liturgia de ordenação sacerdotal.

Citamos acima que o livro de Levítico é um livro da Lei, mas não é um livro de lei
simplesmente. Ele é um grande manual de liturgia para o povo hebreu. Algumas
pessoas se confundem e afirmam que a Lei está toda em Levítico. Isto é um grande
equívoco. Basta analisarmos alguns exemplos para verificarmos que tais fatos são
infundados. A lei da circuncisão está em Gn 17.9-14. A pena capital pela quebra do
Shabbat (Sábado) está em Nm 15.32-36. O maior exemplo, porém, são os Dez
Mandamentos que se encontram em Ex 20.2-17 e é repetido em Dt 5.6-21.

4. INFORMAÇÕES BÁSICAS DE LEVÍTICO

Nome do Livro – O nome Levítico é herança do título do mesmo livro na Septuaginta


(Antigo Testamento traduzido para o grego) e quer dizer levitas. Os levitas eram os
descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia, que foram separados por Deus para o cuidado
com trabalho religioso (culto) da nação de Israel. Existe muita confusão em relação aos
levitas e ao sacerdócio. O sacerdócio foi incumbido a Arão e seus descendentes e não a
todos os levitas. A confusão se dá porque Arão é descendente de Levi, mas isto não
inclui os seus irmãos levitas na herança do sacerdócio.

O interessante é observarmos o nome hebraico do livro de Levítico. Em todo


Pentateuco, os israelitas colocavam como nome do livro as primeiras palavras do
mesmo. No caso de Levítico é “ chamou o Senhor”. E é impressionante a riqueza de
entendimento que podemos ter apenas observando o nome em hebraico. Levítico é a
chamada do Senhor para a santidade, serviço e adoração, base de qualquer
relacionamento com Deus. O senhor chama para a santidade que só provem Dele (Lv
11.44-45)

Data – A data exata da compilação de Levítico é um tanto incerta. O certo é que ela
deva ter ocorrido durante a peregrinação o povo de Israel pelo deserto, nas últimas
décadas dos anos de 1.400 a.C. A confiança que temos é que foi dada a Moisés, pelo
próprio Deus, na Monte Sinai, quando o povo provavelmente acampou na região por
nove meses.

Autor – Como todo o Pentateuco, é comumente aceito a autoria de Moisés. O maior


indicativo desta tese é a própria Palavra de Deus. Em Neemias 8.1 há a menção ao
“Livro da Lei de Moisés”. Em Ne 13.1 e 2Cr 25.4, por exemplo, temos a citação de
“Livro de Moisés”. No NT apresentam citações similares em Mt12.5; Mc 12.26; Lc
16.16; Jo 7.19 e Gl 3.10).

Personagem Central
A figura central do texto recai sobre a figura do Sumo Sacerdote, pois é sobre ele que
incide as obrigações referentes ao culto de Israel. A relação do Sumo Sacerdote com
Levítico é fundamental por se tratar de um livro que expõe de maneira muito explícita o
conceito de pecado, sacrifício e expiação.

5. OS TRÊS GRANDES TEMAS DE LEVÍTICO

Já falamos acima que Levítico tem um tema central. A Santidade, de maneira geral,
é o ponto chave deste livro. No entanto esta abordagem pode ser entendida através
de três pilares que a sustenta.

Neste sentido, podemos observar que Deus deixa bem claro que ele se fez presente no
meio do seu povo. Da mesma maneira que Ele está presente, Deus é santo e porque
Ele o é, exige que o povo busque um estado de santidade. De sobremaneira, Deus
mostra que apesar do homem ter a possibilidade desta busca de santidade, ele é
pecador. A presença de Deus é incompatível com a presença do pecado, não há como
estas duas facetas, Deus e o pecado, coexistirem em um mesmo lugar. Para solucionar
tal impasse, Deus cria um sistema de expiação para este pecado. Vamos ver esta
dinâmica de maneira detalhada.

a. Deus está presente.

O Senhor está presente. Ele está no meio do povo. No cap. 1.1 Ele chama Moisés na
tenda da congregação. Um Deus que habita no meio do povo é algo único. É
certamente uma grande dádiva. Muitos deuses da antiguidade sempre se mostraram de
forma distante e cruel para com os seus adoradores. O Senhor, Iavé, concede ao seu
povo estar junto deles, no Tabernáculos, na nuvem que dá sombra e na coluna de fogo
que ilumina (Ex 13.21) e no maná (Ex 16.11-35).

Algumas coisas são inerentes a essa presença divina no arraial dos hebreus. A primeira
delas é que existirá a necessidade de se cultuar Deus (Lv1. 2). A outra é que Deus
estará presente no Santos dos Santos, local dentro do Tabernáculo para a sua
habitação. O Santo dos Santos era separado do resto do Tabernáculos por um véu, que
só poderia ser transposto pelo Sumo Sacerdote, uma vez por ano, no Dia da Expiação
(Lv 16.17). Por último, Deus manifestava a Sua Glória no arraial através de vários atos.
O principal está descrito no cap. 9.23-24, quando da ordenação do sacerdote.

b. Santidade.

Com bem já falamos anteriormente, o ponto central de Levítico está nos versículos 44 e
45 do capítulo 11, que diz assim:
44Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou
santo. Não se tornem impuros com qualquer animal que se move rente ao chão. 45Eu
sou o Senhor que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus; por isso, sejam
santos, porque eu sou santo.

A grande mensagem está na expressão “…sejam santos, porque eu sou santo.”, que
aparece igualmente nos dois versículos. Deus chama o povo à santidade. Ele mostra
que será vital a vontade do povo em buscar esta santidade.

O texto é explícito em dizer que o alvo do povo israelita, nesta busca de santidade,
deveria ser o comportamento de Deus. O padrão de santidade não é humano, mas sim
aquele (padrão) que se manifesta na pessoa de Deus. O caráter de Deus tem que ser
imitado.
Para a busca de santidade, Deus mostra ao povo a necessidade de se abolir falhas. Veja
o texto:

Lv 1:3
Se o holocausto for de gado, oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à
entrada da Tenda do Encontro, para que seja aceito pelo Senhor,
A perfeição é a exigência de Deus para o seu culto. De igual maneira ao holocausto, o
sacerdote que apresentaria aquele ato de culto deveria ser livre de defeitos, não só
pecados, mas físicos também. Veja:

Lv 21.17-23
17″Diga a Arão: Pelas suas gerações, nenhum dos seus descendentes que tenha algum
defeito poderá aproximar-se para trazer ao seu Deus ofertas de alimento. 18Nenhum
homem que tenha algum defeito poderá aproximar-se: ninguém que seja cego ou
aleijado, que tenha o rosto defeituoso ou o corpo deformado; 19ninguém que tenha o
pé ou a mão defeituosos, 20ou que seja corcunda ou anão, ou que tenha qualquer
defeito na vista, ou que esteja com feridas purulentas ou com fluxo, ou que tenha
testículos defeituosos. 21Nenhum descendente do sacerdote Arão que tenha qualquer
defeito poderá aproximar-se para apresentar ao Senhor ofertas preparadas no fogo.
Tem defeito; não poderá aproximar-se para trazê-las ao seu Deus. 22Poderá comer o
alimento santíssimo de seu Deus, e também o alimento santo; 23contudo, por causa do
seu defeito, não se aproximará do véu nem do altar, para que não profane o meu
santuário. Eu sou o Senhor, que os santifico”.

Além da perfeição física, era exigida a mais importante característica da santidade


exigida ao hebreu. A santidade moral. Várias normas de conduta são estabelecidas por
Deus. Destaque aqui para o código de pureza sexual em Lv 18. Na lista de
comportamento condenáveis estão o incesto (v.6-18), adultério (v.20), a
homossexualidade (v.22) e a bestialidade, ou zoofilia (sexo com animais – v.23). Um
romper de águas na época de Levítico foi o código de ética em Lv 19.18.

c. Expiação.

Deus não habita onde existe pecado. Ele ama o pecador, mas é intolerante ao pecado.
Imbuído de promover santidade para o povo, Deus estabelece uma série de maneira de
livrar o povo do fruto do pecado (Rm 6.23) através de sacrifícios. Existem basicamente
cinco tipos de sacrifícios descritos no livro de Levítico, que estão distribuídos nos sete
primeiros capítulos. São eles :
1º. HOLOCAUSTO 
Levítico 1 Holocausto é um termo que deriva do vocábulo hebraico ‘olah, que significa
subir; o sacrifício que é queimado sobre o altar, cuja fumaça sobe a Deus. Esse
sacrifício se caracteriza pela combustão total da vítima, onde nada fica nem ao oferente
nem ao sacerdote.– Era a típica oferta hebraica, predominante ao longo de toda a
história do Antigo Testamento e provavelmente a forma mais antiga de sacrifício de
compensação.

O termo descreve uma “oferta de ascensão” ou uma oferta que sobe. O animal era
completamente queimado no altar, e a fumaça subia em direção aos céus. Levítico
exigia que o animal fosse um macho sem manchas. Vários animais eram permitidos, de
acordo com as possibilidades financeiras.

2º. OFERTA DE CEREAL 


são chamadas minhah, que significa ‘dom’. Levítico 2 fala de diversos tipos: óleo,
farinha. Um pouco da oferta é queimada e o resto pertence aos sacerdotes.
Os pães de oblação são mencionados em Lv 24,5-9. São 12 pães, que relembram as 12
tribos de Israel. Eram trocados a cada sábado e eram comidos pelos sacerdotes.

Levítico 2 – Originalmente, é possível que fosse um “presente”, pois exatamente isso


que o termo significa. Nas regras de Levítico, o cereal tinha um significado
compensatório. Ele freqüentemente acompanhava os sacrifícios queimados e as ofertas
pacíficas. Provavelmente servia como um tipo mais barato de sacrifício queimado para
aqueles que não podiam dispor de um animal

3º. OFERTA PACIFICA 


Os sacrifícios de comunhão são descritos em Lv 3: a vítima, que são as mesmas do
holocausto (exceto os passarinhos), é dividida em 3 partes: para Deus, para o
sacerdote e para o oferente. A Deus cabe as partes com banha, os rins, fígado e a cola,
que é queimada. O sacerdote fica com o peito e a cocha direita. O resto é da pessoa
que oferece a vítima. Às vezes esses sacrifícios são chamados nas traduções de
sacrifícios pacíficos ou de salvação.
Levítico 3 – Era a forma básica de sacrifício trazida nos dias de festa. Era uma oferta
comemorativa, consumida pelas pessoas. Era freqüentemente apresentada junto aos
sacrifícios queimados, que eram consumidos por Deus. Ao que parece, não era
compensatória, mas estava ligada a restauração e reconciliação. Tinha três subtipos:
sacrifício de ação de graças, sacrifício prometido e sacrifício de espontânea vontade.

4º. SACRIFÍCÍO DE PECADO 


Os sacrifícios expiatórios têm como intenção restabelecer a aliança com Deus, rompida
através do pecado. O característico desse sacrifício é o uso do sangue, que no ritual serve
para aspergir o altar.

A oferta pelo pecado, algumas vezes chamada de oferta pela culpa, era obrigatória. Tinha
como objetivo a expiação de pecados quando a restituição fosse impossível. Só podia ser feita
quando o ofertante não tivesse pecado deliberadamente, mas por ignorância ou negligência. A
classe do ofensor determinava o tamanho (valor) da oferta. Sacrifícios maiores eram
requeridos pelo pecado do sacerdote (v.3) ou de toda a congregação (v.13), visto que tais
pecados afetavam um círculo mais amplo do que aquele do príncipe (v.22) ou do povo comum
(v.27). Quando era feita uma oferta pelo pecado, o sangue era aspergido no tabernáculo na
frente do véu, colocado nos chifres do altar e derramado na sua base para representar a
ocultação do pecado. Esta oferta prefigurava nosso perdão por meio do sangue de Cristo
(Hebreus 9:12-14; 1 Joao 1:9). A parte maior da oferta era queimada fora do arraial,
lembrando-se de que o Senhor Jesus sofreu por nós fora da porta (Hebreus 13:12) quando Se
tornou a suprema oferta pelo pecado (2 Coríntios 5:21).

Levítico 4.1-5.13 – Era compensatório por uma ofensa contra Deus. Enfatizava o ato de
purificação. Envolvia profanação cerimonial, engano, apropriação indevida e sedução.
Variava de acordo com quatro classes de indivíduos: sacerdote, congregação,
governante ou individuo do povo.

5º. SACRIFÍCIO DE CULPA 


Levítico 5.14-6.7 – Era uma subcategoria do sacrifício de pecado. Compensatório,
porem dedicado a restituição e reparação. Geralmente tratava de profanação de artigos
sagrados e violações de natureza social.

Essa oferta de animais ou aves era apresentada pelos pecados, quer intencionais ou
não, pelos quais o ofensor podia fazer restituição caso necessário.  O pecador tinha
primeiro que reconhecer o seu erro. Depois, quando levava a oferta, devia apresentar
ao sacerdote o pagamento total do seu débito para com o ofendido, com acréscimo de
um quinto. Uma vez feito o pagamento, a divida ficava quitada e o ofertante recebia
pleno perdão.
Cristo e a nossa oferta pelo pecado (Isaías 53:10). Ele não só aceitou o castigo pelo
pecado, como também nos deu a Sua justiça (2 Coríntios 5:21).

A Oferta pela culpa era bem parecida com a oferta pelo pecado, mas a diferença
principal era que a oferta pela culpa incluía uma oferta em dinheiro para alguns
pecados relacionados à fraude ou à ignorância. Por exemplo, se alguém enganasse sem
querer a outrem, bastava o sacrífíco, ma se enganava, ainda que por ignorância, no
tocante às coisas sagradas, deveria acrescentar, ao sacrifício, a restituição em dinheiro.
Se o pecado fosse intencional (mediante dolo ou fraude)em dinheiro, negócios ou
propriedades, o sacrifício devia ser acrescido da quinta parte, em dinheiro, para o
ofendido. Então ele, além do sacrifício, reembolsava o que devia ao ofendido, mais
20%.
Lev 6:5-7 "Ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda
sobre isso acrescentará o quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. E a sua
expiação trará ao SENHOR: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação,
para expiação da culpa trará ao sacerdote. E o sacerdote fará expiação por ela diante do
SENHOR, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se culpada".

PAPEL DO SACERDOTE:
Para a execução de todos os sacrifícios, existia um personagem principal, um mediador.
O sacerdote. Vemos nos capítulos de 8-10 e 21-22 as disposições referentes ao seu
ofício. O sacrifício só poderia ser realizado através deles, na maioria dos casos
através do Sumo Sacerdote. Outro ponto fundamental na expiação são as festas, como
veremos mais a frente.
RESUMO
SACRIFÍCIO ELEMENTOS PROPÓSITO TIPOLOGIA
Holocausto  Bode, carneiro, boi, Ato voluntário de adoração; Cristo, nosso sacrifício
(Lv 1; 6.-8-13; pombinho (para os pobres); expiação pelos pecados perfeito, que se entrega
8.18-21; 16.24) totalmente queimado, sem involuntários em geral; expressão voluntariamente (Mt
defeito de devoção; compromisso e 27.35-36; Ef 5.2; Hb
completa entrega a Deus. 7.26; 9.14; 1 Jo 2.6)
Oblação  Grão, flor de farinha, azeite Ato voluntário de adoração; Destaca-se aqui a
(Lv 2; 6.14-23) de oliveira, incenso, bolo reconhecimento da bondade e das perfeita humanidade de
assado, sal; sem fermento provisões de Deus; devoção a Cristo, ressalta-se a
nem mel; acompanhava a Deus entrega de sua vida (1Jo
oferta queimada (holocausto) 2.6)
e a oferta de comunhão.
Oferta de Paz  Qualquer animal sem defeito Ato voluntário de adoração; ação Cristo, mediante a cruz,
(Lv 3; 7.11-34) tomado do rebanho; de graças e comunhão (incluía restaurou a comunhão
variedade de bolos uma comida de toda a do crente com Deus. Ele
comunidade) é nossa paz; fez cessar
as guerras
Oferta pelo 1. Para o sumo sacerdote e a Para expiação de pecado Cristo padeceu “fora da
pecado congregação: um bezerro específico e involuntário; confissão porta” (Hb 13.10-13)
(Lv 4.1 – 5.13; 2. Para os líderes um bode de pecado; perdão de pecado;
6.4-30; 8.14-17; 3. Para qualquer pessoa do limpeza da imundícia
16.13-22) povo: uma cabra ou um
cordeiro
4. Para os pobres: duas rolas
ou dois pombinhos
5. Para os muitos pobres: a
décima parte de um efa de
flor de farinha
Sacrifício de Carneiro (somente) Para expiação de pecados Cristo, mediante seu
restituição involuntários que requeriam sacrifício, pagou a culpa
(Lv 5.14 – 16.7; restituição; limpeza da imundícia; dos pecados atuais dos
7.1-6) fazer restituição; acrescentar 20% crentes (Rm 3.24-26; Gl
3.13; Hb 9.22)

Quando se apresentava mais de uma classe de oferta (como em Nm 7.16,17), em geral o


procedimento era como se segue:
1. A oferta pelo pecado;
2. O holocausto;
3. A oferta de paz e a oblação (junto com uma oferta de libação).

Esta seqüencia dá sentido ao sistema de sacrifícios. Em primeiro lugar, devia-se resolver o


problema do pecado (com a oferta pelo pecado). Em segundo lugar, o adorador se entregava
plenamente a Deus (com o holocausto e a oblação). Em terceiro lugar, estabelecia-se a paz ou
comunhão entre o Senhor, o sacerdote e o adorador.
SITE COM ESTUDO DE LEVÍTICO https://lisdaiane.wordpress.com/2017/08/05/estudo-da-biblia-livro-de-levitico-1-27/

6. OS QUATRO GRANDES BLOCOS DE LEVÍTICO


De uma maneira sistemática, o livro de Levítico pode ser dividido em quatro grandes bl
ocos de observação. Estes grupos podem ser observados no decorrer do texto de uma
maneira contínua. Cada tópico irá representar uma intenção de Deus na compilação
deste texto.

Esta sistematização é muito útil no momento da leitura do texto. É muito útil


observarmos esta divisão quando da leitura corrida do texto. O ideal é fazer a leitura de
Levítico como se fosse de quatro livros separados.

Abaixo apresentamos um excelente quadro extraído das notas da Bíblia Thompson .


Observe as divisões, conflite com o que você já conhece do texto. Acrescente as
informações passadas até agora pelo nosso estudo e você poderá notar que muitas
coisas irão clarear na sua compreensão do texto de Levítico.

I. A VIDA DE ACESSO A DEUS.

(1) Por meio de sacrifícios e ofertas. 


(a) Holocaustos, que significavam expiação e consagração, 1:2-9. 
(b) Oblações, que significavam ação de graças, 2:1-2. 
(c) Ofertas pelo pecado, que significavam reconciliação, cap. 4. 
(d) Ofertas pela transgressão, que significavam limpeza de culpa, 6:2-7. 
(e) Ofertas de paz, 7:11-15.

(2) Através da mediação sacerdotal. 


O sacerdócio humano: 
(a) seu chamado, 8: 1-5; 
(b) sua limpeza, 8:6;
(c) seus ornamentos, 8:7-13;
(d) sua expiação, 8: 14-34; 
(e) exemplos de sua vida pecaminosa, cap. 10.

II. LEIS ESPECIAIS QUE GOVERNAM A ISRAEL.

(1) Quanta ao alimento, cap. 11. 


(2) Quanta Ii limpeza, higiene, costumes, moral, etc., todas enfatizavam a pureza de
vida como condição para obter 0 favor divino, caps. 12-20. 
(3) Pureza dos sacerdotes e das ofertas, caps. 21-22.

III. AS CINCO FESTAS ANUAIS.

(1) A Festa da Páscoa, 23:5. 


(2) A Festa do Pentecoste (ou das semanas), 23: 15. 
(3) A Festa das Trombetas, 23:23-25. 
(4) O Dia da Expiação, cap. 16, e 23:26-32. 
(5) A Festa dos Tabernáculos, 23:39-43.

IV. LEIS E INSTRUÇÕES GERAIS

(1) O ano sabático. Um ano em cada sete a terra era deixada sem cultivo, 25:2-7. 
(2) O Ano do Jubileu. Um ano em cada cinqüenta era designado para que os escravos
fossem libertados, as dividas perdoadas e uma restituição geral tivesse lugar. 25:8-16. 
(3) Condições para as bênçãos e advertências acerca do castigo, cap. 26.

7. AS FESTAS DO POVO DE DEUS


As festas no cenário de Levítico representa uma moção do Senhor a fim de atender
objetivos religiosos e sociais. Em termos religiosos os sacrifícios tinham posição central.
Já em termos sociais, a assistência aos pobres e necessitados da nação tinham ações
práticas ao seu favor.

No entanto, o maior objetivo dos festas era que Deus e seus estatutos estivessem
sempre presentes na mente e no cotidiano do povo escolhido.
Um ponto a se destacar é quanto à questão da “Santa Convocação” (Lv. 23.2), que
consistia no chamado compulsório de Deus para as festas. Nos dias de santa
convocação não era permitido realizar nenhum tipo de trabalho, salvo os de preparação
da comida, como pode ser visto no texto em Êxodo:

Ex 12:16
Convoquem uma reunião santa no primeiro dia e outra no sétimo. Não façam nenhum
trabalho nesses dias, exceto o da preparação da comida para todos. É só o que poderão
fazer.

Eram sete as festas instituídas em Levítico, sendo que destas mesmas três eram
obrigatórias a todos os do sexo masculino: Páscoa (e conseqüentemente a dos Pães
Asmos), Pentecoste e Tabernáculos.

∟Páscoa/Pães Asmos – Era comemorada para lembrança do sofrimento e da libertação


da escravidão no Egito. As duas festas estavam intimamente ligadas.

∟Pentecoste – Também era conhecida como festa das Semanas ou da Colheita. Na


verdade, o nome Pentecoste só veio ser comumente usado por volta de 300 a.C.,
devido ao domínio e influência do império Grego e sua cultura. Pentecoste quer dizer
“50 dias depois”, pois a festa ocorria 50 dias passados da Páscoa. Eram ao todo sete
semanas de celebração, começando com a colheita da cevada; o encerramento
acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10).

∟Tabernáculos – Ocorria no sétimo mês e durava sete dias, fazendo jus ao


reconhecimento do número sete como o representante da perfeição nas Escrituras. A
festa tinha como objetivo lembrar os 40 anos de peregrinação no deserto. O povo devia
habitar sete dias em cabanas para que se lembrasse que o Senhor os fez habitar em
cabanas quando do êxodo (Lv 23.42-43). Por isso também era conhecida como a festa
das Cabanas.

∟ Trombetas – Comemorava o início do ano civil dos hebreus. O toque de uma


trombeta no 1º dia do mês tisri (7º mês) anunciava a festa. Provavelmente esta
trombeta era feita de chifre de carneiro, que era própria para as cerimônias solenes do
antigo Israel.
∟Dia da Expiação – Era o dia mais solene do ano. O povo devia cessar o seu trabalho e
“afligir a sua alma” (Lv. 23.27). Neste dia (10º dia do mês de tisri) o Sumo Sacerdote
entrava no Lugar Santíssimo do Tabernáculo, a fim de fazer a expiação do pecado de
todo o povo. Este era o único dia permitido por Deus para que alguém, e neste caso
somente o Sumo Sacerdote, entrasse no lugar mais sagrado do Tabernáculo.

∟Primícias – Ocorria nas festas dos Pães Asmos e no Pentecoste, e consistia da oferta
dos primeiros frutos da colheita. Representava a benção o Senhor sobre a fartura da
Terra Prometida.

8. CURIOSIDADES

1. Bode Expiatório – Uma das maiores curiosidades encontradas nos livro de Levítico é
certamente o da figura do bode expiatório (Lv 16.20-22). A curiosidade é pelo fato de
muitas pessoas, hoje e de muito tempo, usarem esta terminologia para designar
alguém que sofreu algum tipo de punição em lugar de alguém, sem ter tido culpa. O
bode expiatório é um mandamento cerimonial de Deus. No Dia da Expiação, o
sacerdote colocava sua mão sobre a cabeça de um bode, e lhe imputava, ou seja,
transferia através de confissão, os pecados de todo o Israel. Depois, este bode, que já
levava sobre si os pecados que não eram seus, era conduzido para o deserto a fim de
que as iniqüidades não estivessem mais na presença do Senhor.

2. Sementes para os Pobres – Os Israelitas não tinham, certamente, um programa de


assistência social para ajudar os pobres nos tempos do Antigo Testamento, mas Deus
se mostra meticuloso ao cuidar dos pobres. Os agricultores deviam deixar sementes de
cereais da borda do campo e as que ficassem para trás na colheita para que as pessoas
pobres e viajantes pudessem ter algo para comer. Veja o texto:
Levítico 19.9-10.
9″Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua
lavoura, nem ajuntem as espigas caídas de sua colheita. 10Não passem duas vezes
pela sua vinha, nem apanhem as uvas que tiverem caído. Deixem-nas para o
necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.
A história que encontramos em Rute 2.2-9 mostra como o cumprimento dessa lei foi
fundamental para a provisão alimento para os forasteiros.
3. A Morte de Nadabe e Abiú – O Sumo Sacerdote Arão tinha quatro filhos, que foram
consagrados ao sacerdócio (Nm 3.2). Os dois mais velhos, Nadabe e Abiú foram
consumidos pelo fogo do Senhor (Lv 10.2), por apresentarem “fogo estranho” perante
Deus. Ninguém sabe ao certo o que é este “fogo estranho”. O mais provável é que as
instruções para a oferta do incenso não foram seguidas a risca. Alguns comentaristas
acreditam que os dois estavam embriagados no momento da oferta, mas tudo é
especulação. Não há nada de concreto.

4. Purificação Depois do Parto – No capítulo 12 é descrito algo semelhante com a dieta,


que se recomenda a toda gestante do nossos dias, faça depois do parto. O interessante
da história é que a purificação variava conforme o sexo da criança. Se o fruto do parto
fosse um menino, a purificação duraria sete mais trinta e três dias. Porém, se fosse
uma menina a purificação duraria duas semanas mais sessenta e seis dias. Outra fato
importante é que a mulher nesse período não podia ter contato com nada que fosse
santo.

9. O LIVRO DE LEVÍTICO E OS NOSSO DIAS


Muitos dos interpretes críticos das Escrituras, senão a maioria, não vê aplicabilidade nos
textos do AT, principalmente os do livro de Levítico. Isto é um tremendo equivoco e
perda de uma chance muito grande de edificação pessoal. Além de que o texto de
Levítico traz muitas fundamentações teológicas que se baseia o cristianismo.

Como todo o AT, Levítico é um pano de fundo, um cenário para o desenrolar da fé


cristã. Como em uma peça de teatro, o cenário (neste caso Levítico) tem por função
ambientar a ação dos protagonistas. O que pretendemos fazer aqui é entender por que
este “pano de fundo” é importante para a Igreja de Cristo nos dias atuais.

A primeira grande contribuição de Levítico é quanto à conscientização da gravidade que


o pecado tem para Deus. O capítulo 10 é rico em descrever tal fato. Deus nos mostra
em Levítico que o pecado é algo que impede o seu relacionamento conosco, que é
intolerável, mas que pode ser apagado através da expiação. E mais, quando Deus
indica que esta expiação deveria ser feito inclusive pelos pecados dos Sumo Sacerdote,
revela que o pecado é algo universal, inerente a toda a humanidade(Mt 7.21-23; Rm
3.23).
Através do rigor da Lei litúrgica de Levítico, temos noção do poder que envolve a
pessoa de Cristo.

O Sumo Sacerdote era o único que tinha acesso direto a Deus. E isto só ocorria uma
vez ao ano. Jesus é o sacerdote por excelência. É o sacerdote perfeito (Hb 7.28) que
nos dá acesso direto ao Pai, por meio do Seu sangue, não uma vez, mas
constantemente. Por isso a sua morte rompeu o véu do Templo (Mt 27.51 – Hb 10.19-
20).

Parar finalizar ressaltamos Deus como fonte de vida e que habitou no meio de nós, em
Levítico no Tabernáculo e nas suas manifestações miraculosas, e na Nova Aliança na
pessoa de Jesus Cristo como relata o texto na tradução Almeida revista e atualizada:
Jo 1:14
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai.

Jesus, o Deus encarnado, refletiu em sua vida aquilo que Deus prefigurava quando
exortava o povo à santidade. Jesus refletia esta santidade e por causa dela pode ser o
sacrifício perfeito e definitivo:
2 Co 5:21

Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos
tornássemos justiça de Deus.

Graças a estes paralelos podemos entender a profundidade do ministério de Jesus


Cristo.

10. CONCLUSÃO

A partir do estudo mais aprofundado de Levítico temos noção de muito que Deus espera
da nossa vida, e o que tem a oferecer a ela. Através deste estudo, acredito que
possamos entender um pouco mais que a Graça do Senhor é melhor que tudo, é
“melhor que a vida”.
Tendo a busca por santidade, o crescer em graça, na fé, como objetivo maior descrito
em Levítico, mas nos moldes da Nova Aliança em Jesus Cristo, o crente certamente terá
a verdadeira alegria e vida abundante que só vem de Deus.

“… eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.”


Jo 10.10

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