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EVAPOTRANSPIRAÇÃO

Conceitos
 Evaporação

 Transpiração

 Evapotranspiração
Evaporação
 Oceanos, lagos, rios, poças d’água, água
interceptada na vegetação
 Evaporação direta do solo

Evaporação (E) – Processo pelo qual se transfere água do solo


e das massas líquidas para a atmosfera. No caso da água no
planeta Terra ela ocorre nos oceanos, lagos, rios e solo.
Transpiração

Transpiração (T) – Processo de evaporação que ocorre através


da superfície das plantas. A taxa de transpiração é função dos
estômatos, da profundidade radicular e do tipo de vegetação.
Evapotranspiração
 Normalmente os dois processos (evaporação
e transpiração) ocorrem juntos
 Em áreas relativamente grandes é difícil
saber cada parcela em separado
 O fluxo total de calor latente para a
atmosfera é a evapotranspiração
Processo de Transpiração no Sistema Solo Planta Atmosfera.

Evapotranspiração (ET)

Processo simultâneo de
transferência de água para a
atmosfera através da evaporação
(E) e da transpiração (T).

ET = E + T
Evaporação
 Evaporação ocorre quando o estado líquido da água é
transformado de líquido para gasoso.
 As moléculas de água estão em constante movimento, tanto no
estado líquido como gasoso.
 Algumas moléculas da água líquida tem energia suficiente para
romper a barreira da superfície, entrando na atmosfera,
enquanto algumas moléculas de água na forma de vapor do ar
retornam ao líquido, fazendo o caminho inverso.
 Quando a quantidade de moléculas que deixam a superfície é
maior do que a que retorna está ocorrendo a evaporação.
Energia e evaporação
 A quantidade de energia que uma molécula
de água líquida precisa para romper a
superfície e evaporar é chamada calor
latente de evaporação.

Portanto o processo de evaporação exige um fornecimento de energia,


que, na natureza, é provido pela radiação solar.
Condições para ocorrer evaporação

 Assim, para ocorrer a evaporação são


necessárias duas condições:
 que a água líquida esteja recebendo energia para
prover o calor latente de evaporação
 esta energia (calor) pode ser recebida por radiação ou por
convecção (transferência de calor do ar para a água)
 que o ar acima da superfície líquida não esteja
saturado de vapor de água.
Fatores que afetam a Evaporação (E)

 umidade do ar
 pressão atmosférica
 temperatura do ar
velocidade do vento
 radiação solar
Temperatura

 Quanto maior a temperatura,


maior a pressão de saturação do
vapor de água no ar, isto é, maior
a capacidade do ar de receber
vapor.

 Para cada 10oC, P0 é duplicada.

Temp. oC 0 10 20 30
P0 (atm) 0,0062 0,0125 0,0238 0,0431
Umidade do Ar
A umidade relativa é a medida do conteúdo de vapor de água
do ar em relação ao conteúdo de vapor que o ar teria se estivesse
saturado. Assim, ar com umidade relativa de 100% está saturado
de vapor, e ar com umidade relativa de 0% está completamente
isento de vapor.

w
UR  100. em %
ws
onde UR é a umidade relativa; w é a massa de vapor pela massa
de ar e ws é a massa de vapor por massa de ar no ponto de
saturação.
Umidade do Ar
A umidade relativa também pode ser expressa em termos de
pressão parcial de vapor. De acordo com a lei de Dalton cada gás
que compõe um a mistura exerce uma pressão parcial,
independente da pressão dos outros gases, igual à pressão que se
fosse o único gás a ocupar o volume. No ponto de saturação a
pressão parcial do vapor corresponde à pressão de saturação do
vapor no ar, e a equação anterior pode ser reescrita como:
e
UR  100. em %
es
onde UR é a umidade relativa; e é a pressão parcial de vapor no
ar e es é pressão de saturação.
Vento
 O vento renova o ar em contato com a superfície que está
evaporando (superfície da água; superfície do solo; superfície
da folha da planta).
 Com vento forte a turbulência é maior e a transferência para
regiões mais altas da atmosfera é mais rápida, e a umidade
próxima à superfície é menor, aumentando a taxa de
evaporação.

pouco vento muito vento


Radiação solar
 A quantidade de energia solar que atinge a Terra no topo da
atmosfera está na faixa das ondas curtas. Na atmosfera e na
superfície terrestre a radiação solar é refletida e sofre
transformações.
 O processo de fluxo de calor latente é onde ocorre a
evaporação. A intensidade desta evaporação depende da
disponibilidade de energia. Regiões mais próximas ao Equador
recebem maior radiação solar, e apresentam maiores taxas de
evapotranspiração. Da mesma forma, em dias de céu nublado, a
radiação solar é refletida pelas nuvens, e nem chega a
superfície, reduzindo a energia disponível para a
evapotranspiração.
Radiação Solar
Outros fatores
 Tipos de Solos: para evaporação direta do
solo
 Vegetação: diferentes vegetações podem
exercer mais ou menos controle sobre a
transpiração
 Tamanho do reservatório, ou lago
 O que existe em volta: efeito oásis
Solo

 Solos arenosos úmidos tem evaporação maior do


que solos argilosos úmidos.
Medição de evaporação

 Tanque classe A

 Evaporímetro de Piché
Tanque classe A
• O mais usado é o tanque classe A, que tem forma circular com
um diâmetro de 121 cm e profundidade de 25,5 cm. Construído
em aço ou ferro galvanizado, deve ser pintado na cor alumínio e
instalado numa plataforma de madeira a 15 cm da superfície do
solo. Deve permanecer com água variando entre 5,0 e 7,5 cm da
borda superior.

• O fator que relaciona a


evaporação de um
reservatório e do tanque
classe A oscila entre 0,6 e
0,8, sendo 0,7 o valor mais
utilizado.
Tanque classe A

Tanque "Classe A" – US Weather Bureau


Tanque Classe A

Fonte : Sabesp
Medindo a evaporação

Tanque classe A
Evaporímetro de Piché
O evaporímetro de Piché é constituído
por um tubo cilíndrico, de vidro, de
aproximadamente 30 cm de comprimento e
um centímetro de diâmetro, fechado na
parte superior e aberto na inferior. A
extremidade inferior é tapada, depois do
tubo estar cheio com água destilada, com um
disco de papel de feltro, de 3 cm de
diâmetro, que deve ser previamente
molhado com água. Este disco é fixo depois
com uma mola. A seguir, o tubo é preso por
intermédio de uma argola a um gancho
situado no interior do abrigo.
Evaporímetro de Piché
Comentários

 Piché é pouco confiável


Evaporação de reservatórios e lagos
 A evaporação da água de reservatórios é de
especial interesse para a engenharia, porque afeta
o rendimento de reservatórios para abastecimento,
irrigação e geração de energia.
 Reservatórios são criados para regularizar a vazão
dos rios, aumentando a disponibilidade de água e
de energia nos períodos de escassez.
 A criação de um reservatório, entretanto, cria uma
vasta superfície líquida que disponibiliza água para
evaporação, o que pode ser considerado uma perda
de água e de energia.
Evaporação de lagos e reservatórios
 A evaporação da água em reservatórios pode ser estimada a partir de
medições de Tanques Classe A, entretanto é necessário aplicar um
coeficiente de redução em relação às medições de tanque.
 Isto ocorre porque a água do reservatório normalmente está mais fria
do que a água do tanque, que tem um volume pequeno e está
completamente exposta à radiação solar.

 Elago = Etanque . Ft

 onde 0,6 < Ft < 0,8.


Evaporação em reservatórios

Assim, para estimar a evaporação em reservatórios e lagos


costuma-se considerar que esta tem um valor de
aproximadamente 60 a 80% da evaporação medida em Tanque
Classe A na mesma região, isto é:

Elago  Etanque  Ft
Onde Ft tem valores entre 0,6 e 0,8.
Sobradinho: um rio de água para a
atmosfera

 O reservatório de Sobradinho, um dos mais importantes do rio


São Francisco, tem uma área superficial de 4.214 km2,
constituindo-se no maior lago artificial do mundo, está numa das
regiões mais secas do Brasil.
 Em conseqüência disso, a evaporação direta deste reservatório
é estimada em 200 m3.s-1, o que corresponde a cerca de 10% da
vazão regularizada do rio São Francisco.
 Esta perda de água por evaporação é superior à vazão prevista
para o projeto de transposição do rio São Francisco, idealizado
pelo governo federal.
Exercício

 Um rio cuja vazão média é de 34 m3/s foi represado por uma


barragem para geração de energia elétrica. A área superficial
do lago criado é de 5000 hectares. Medições de evaporação de
um tanque classe A correspondem a 1500 mm por ano, adotar
Ft =0,7. Qual é a nova vazão média a jusante da barragem
após a formação do lago?
Solução

E(mm / ano )  A( km2


)
E(m / s) 
3
 1000
3600 . 24 . 365

E = 1500 x 0,7 mm/ano


E = 1,66 m3/s
Q = 34 – 1,66 = 32,34 m3/s
Redução de 4,9 % da vazão
Estimativa da evapotranspiração

 Medição

 Cálculo
Medição da evapotranspiração

 Lisímetro
 Peso
 Medir chuva
 Coletar água percolada
 Coletar água escoada
 Superfície homogênea
Medições de evapotranspiração
Lisímetro: depósito enterrado, aberto na parte superior, contendo o
terreno que se quer estudar. O solo recebe a precipitação, e é drenado para
o fundo do aparelho onde a água é coletada e medida.
ET = P - D - R
Lisímetro
Lisímetro
Medições
micrometeorológicas
Medições
micrometeorológicas
Balanço hídrico
 Método de estimativa simples com base nos dados
precipitação e vazão de uma bacia.

 A equação da continuidade
S(t+1)=S(t) + (P –E - Q)dt

 Desprezando a diferença entre S(t+1) – S(t)


Q= P- E

 Simplificação aceita para dt longos como o um ano ou


seqüência de anos.
Cálculo da evapotranspiração
por balanço hídrico
Exemplo:
Uma bacia recebe anualmente 1600 mm de
chuva, e a vazão média corresponde a 700 mm. A
evaporação pode ser calculada por balanço hídrico:

E=P-Q
E = 1600 - 700 = 900 mm/ano

P=Q+E

Atenção: Não estamos considerando o armazenamento!!!!


Balanço hídrico
 Exemplo:
Uma bacia com Precipitação média 1941 mm e Vazão
de 803 mm (valores médios de 10 anos). A evaporação real
é
E= 1941 – 803 = 1137 mm

O coeficiente de escoamento é a relação entre Q/P

C = 803/1941 = 0,41
ou 41% da precipitação gera escoamento.
Conversão de unidades

mm/ano m3/s

A = Área da bacia
Q = vazão

Q(mm / ano)  A(km2)


Q(m3 / s)   1000
3600 . 24 . 365
Cálculo da evapotranspiração

 Equações de evapotranspiração
 empíricas

 de base física
Equações de Cálculo da
evapotranspiração

 Usando apenas a temperatura


 Usando a temperatura e a umidade do ar
 Usando a temperatura e a radiação solar
 Equações de Penmann (insolação,
temperatura, umidade relativa, velocidade do
vento)
Thornthwaite
a
 10  T 
ET  16  
 I 
Para estimar evapotranspiração potencial mensal
T = temperatura média do mês (oC)
a = parâmetro que depende da região
I = índice de temperatura

12  T j 1,514 
I     
j 1  5  

a  6.75  107  I 3  7.71 105  I 2  1.792 102  I  0.49239
Exemplo
Calcule a evapotranspiração Mês Temperatura
potencial mensal para o mês de Janeiro 24,6
Fevereiro 24,8
Agosto de 2006 em uma região
Março 23,0
onde as temperaturas médias Abril 20,0
mensais são dadas na figura Maio 16,8
Junho 14,4
abaixo. Suponha que a
Julho 14,6
temperatura média de agosto de
Agosto 15,3
2006 tenha sido de 16,5°C. Setembro 16,5
Outubro 17,5
Novembro 21,4
Dezembro 25,5
Exemplo
O primeiro é o cálculo do coeficiente I a partir das
temperaturas médias obtidas da tabela. O valor de I é 96. A partir
de I é possível obter a= 2,1. Com estes coeficientes, a
evapotranspiração potencial é:
2,1
10.16,5 
E  16.   49,9 mm/mês
 96 
Portanto, essa é a evapotranspiração potencial estimada
para o mês de agosto de 2006
1.514
12
 Tj 
I   
j 1  5 

a  6.75  107  I 3  7.71 105  I 2  1.792 102  I  0.49239


a
 10  T 
ET  16  
 I 
Horas de sol
valores máximos considerando ausência de nuvens e relevo plano
Numero máximo de horas de sol por
dia
• A insolação máxima em um determinado
ponto do planeta, considerando que o céu
está sem nuvens, é dada pela equação abaixo.

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N  s

•  depende da latitude, da época do ano
s
Evapotranspiração

 Evapotranspiração potencial : é a evaporação do solo e a


transpiração das plantas máxima que pode ser transferida
para atmosfera. Com base nas condições climáticas e
características das plantas é possível estimar a EVT
potencial;

 Evapotranspiração real: é a o total transferido para a


atmosfera de acordo com a disponibilidade hídrica
existente (umidade do solo) e a resistência das plantas.
Relações
EVTr = evapotranspiração depende da umidade do solo

EVTp

EVTr

Umidade do solo Smx


Evapotranspiração potencial de
referência
 A evapotranspiração potencial é diferente para cada
tipo de vegetação.
 Para simplificar a análise freqüentemente se utiliza
o conceito da evapotranspiração potencial da
vegetação de referência.
 E, a partir desta, são calculados os valores de
evapotranspiração potencial de outros tipos de
vegetação, utilizando um ponderador denominado
“coeficiente de cultivo” (Kc).
Evapotranspiração potencial de
referência
 A vegetação de referência normalmente
adotada para os cálculos é uma grama, e a
sua evapotranspiração pode ser estimada a
partir de dados de um lisímetro ou usando
uma equação como a de Penman-Monteith.
Leituras adicionais
 Uma boa fonte de referência para ampliar os
conhecimentos sobre o processo de
evapotranspiração e sobre a estimativa da
evapotranspiração para diferentes tipos de
vegetação, especialmente os cultivos
agrícolas, é o FAO Irrigation and Drainage
Paper no. 56, de autoria de Richard G. Allen;
Luis S. Pereira; Dirk Raes; e Martin Smith,
que pode ser encontrado em formato PDF na
Internet.

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