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Qual a reação dos nossos alunos quando o assunto é matemática? Essa inquietação me deixa
cada dia mais “inconformado” em relação ao ensino da matemática no contexto escolar, visto
que a mesma faz parte da nossa vida diária e, no entanto muitos de nossos alunos se julgam
incapazes de compreender essa ciência. Será pela forma que a mesa é trabalhada na escola,
será pelo mito de esta é difícil e quem a compreende é “gênio” ou será que o professor está
somente reproduzindo exercícios por ele já repetido em sua vida como docente, e as
universidades que são as agências formadoras desses profissionais como estão trabalhando
esta questão? Ou será que estão sendo “pagos” para reproduzir o que já está aí - ou seja,
manipulador para manipular.
Já detectamos alguns problemas com o ensino da matemática hoje, resta-nos agora tentar
solucionar, ou seja, se partirmos da Educação Infantil que é automaticamente a porta de
entrada da criança na escola muitos desses problemas certamente se extinguirão, pois
segundo Piaget é preciso “levar a criança a reinventar aquilo que é capaz, ao invés de se
limitar a ouvir e repetir.”
A criança deve ser estimulada para a descoberta ao invés de ser “ensinada” pelo professor e
todo e qualquer erro matemático que a criança cometer deverá automaticamente ser corrigido
por ela para que construa o conceito correto e jamais ser eliminado pelo professor porque a
ótica do professor não é a mesma do aluno.
Acredito que nós enquanto professores dessa ciência precisamos nos aprofundar mais, pois o
profissional de matemática não lê, não escreva somente repete símbolos por nós já vistos em
nossa vida escolar. Precisamos rever os conteúdos por nós trabalhados na escola se esses
vem ao encontro da nossa realidade escolar. Segundo Rangel (1992, p.17): “Os conteúdos
não organizados nem selecionados levando em consideração a forma como as crianças
constroem o seu pensamento, isto e, a sua maneira pré-lógica de pensar a realidade”.
Assim, o conteúdo a ser ensinado é tomado como absoluto e o ensino se dá como um fim em
si mesmo: não se respeitam e valorizam os “erros infantis”, ou seja, as manifestações da
criança em como está concebendo, naquele momento, a realidade na sua maneira de pensar.
Dessa forma fazemos com que a criança não se sinta bem no ambiente escolar dificultando
cada vez mais o processo de ensino aprendizagem.
Como trabalhar com todas essas diferenças se o profissional não se sente preparado para toda
essa realidade. Ao se tratar das agências formadoras desse profissional precisamos começar
automaticamente pelo magistério modalidade normal que certamente são esses profissionais
que irão trabalhar a base da matemática na escola nas séries iniciais estas que procuram o
curso de magistério que a matemática certamente não será mais “exigida” segundo Danyluk
(1991, p.21):
A maioria desses futuros professores confessava não saber ensinar matemática e não gostar
dessa ciência. Afirmavam que haviam escolhido o curso de magistério por acharem que, em tal
curso, “não teriam muito de matemática”. Eles mostravam não gostar de matemática e
achavam-se incapazes de entendê-la. Esses futuros professores consideram que quem "sabia"
matemática era um gênio.
Objetivo: Conhecer a história ciência da matemática e sua relação com os conteúdos para
crianças.
A ciência da matemática
Você já usou muitas vezes os números, mas será que já parou para pensar sobre como
surgiram os números? Como foram as primeiras formas de contagem?Como os números foram
criados, ou, será que eles sempre existiram?
Como exemplo, podemos citar a confecção de um cesto, que além da noção de contagem
exige a noção de forma, simetria, interior/exterior.
Existe na história o exemplo de como no pastoreio o pastor usava várias formas para controlar
o seu rebanho. Pela manhã, ele soltava os seus carneiros e analisava ao final da tarde, se
algum tinha sido roubado, fugido, se perdido do rebanho ou se havia sido acrescentado um
novo carneiro ao rebanho. Assim eles tinham a correspondência um a um, onde cada carneiro
correspondia a uma pedrinha que era armazenada em um saco. No caso das pedrinhas, cada
animal que saía para o pasto de manhã correspondia a uma pedra que era guardada em um
saco de couro. No final do dia, quando os animais voltavam do pasto, era feita a
correspondência inversa, onde, para cada animal que retornava, era retirada uma pedra do
saco. Se no final do dia sobrasse alguma pedra, é porque faltava algum dos animais e se
algum fosse acrescentado ao rebanho, era só acrescentar mais uma pedra. A palavra que
usamos hoje, cálculo, é derivada da palavra latina calculus, que significa pedrinha.
O homem, que até então conseguia sobreviver graças à eficiência de seus instrumentos e
armadilhas – e, em virtude dessa mesma eficiência, conseguia o aumento da população –,
começou a ter problemas porque a natureza não gerava o suficiente. Assim, esse homem
começou a cultivar plantas e a domesticar animais, diminuindo sua independência em relação à
natureza, e transformou-se em produtor, deixando sua característica de predador – nômade.
Com o início da agricultura e da pecuária deu-se origem a outro homem e a outro período
histórico, denominado Neolítico.
Para Rosa Neto (2002), devem-se levar em conta as etapas da evolução Matemática quando
se estuda o gênese do conhecimento da criança. Foi ele quem estabeleceu um paralelo entre a
história da Matemática e o desenvolvimento da criança. Rosa Neto ainda ressalta que é uma
excelente hipótese de trabalho desde que se considerem as diferenças regionais e que as
crianças de mesma idade podem estar em diferentes estágios do desenvolvimento.
Uma das formas utilizadas pelo professor é usar o cotidiano das crianças, a realidade na qual
vivem, associando-os com a matemática, pois elas precisam de conteúdos que lhe sejam
significativos. É fundamental que haja motivação por parte do educador para que o mesmo
possa despertar, na criança à vontade em participar, criar, desenvolver e construir, buscando,
assim a construção do conhecimento. Já que a história nos mostra que é a partir deste
despertar que há motivação para aquisição do conhecimento.
3
Objetivo: Descrever a origem das habilidades matemáticas na criança, como formam
inicialmente conceitos matemáticos a partir da teoría e experiencia prática.
Significado e Sentido
Pensamentos e ações determinam uma dada cultura; por sua vez, a cultura determina os
pensamentos e as ações resultantes. Os diferentes grupos sociais constituem culturas
específicas. Cada qual possui peculiaridades características às suas necessidades grupais. O
sujeito torna-se conhecedor das vivências históricas e culturais dos diversos parceiros do dia-a-
dia, participa ativamente dessas experiências e torna conscientes todos os valiosos momentos
de relação social. Futuramente, essas inúmeras oportunidades lhe proporcionarão a chance de
também usufruir do poder argumentativo, por vontade própria.
Se alguém nos perguntar o que quer dizer “meios de transporte”, tentaremos explicar o
significado da expressão de forma a levar o interlocutor a pensamentos objetivos e concretos,
tais que o deixe sem dúvidas ao final da explanação.
O trabalho biológico do neocórtex fez do ser humano a grande diferença para com os demais
organismos vivos. Oliveira (2005) confirma as afirmações com o seguinte excerto: “O
surgimento do pensamento verbal e da língua como sistema de signos é crucial no
desenvolvimento da espécie humana, momento mesmo em que o biológico transforma-se no
histórico [...]. O surgimento da língua é atribuído, por Vygotsky, à necessidade de intercâmbio
dos indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana” (p. 10).
O sujeito interage no/com o meio o qual lhe oferecerá os caminhos para adquirir o
conhecimento, ou seja, o meio apresentará as teorias. Cada indivíduo utiliza-se de estratégias
cognitivas, ou o “método”, de acordo com Morin, que lhe permitirão retornar ao meio com a
aprendizagem adquirida. O coletivo age sobre o individual e vice-versa. Este processo é
dinâmico, envolvendo o todo (coletivo) e as partes (individual), na aquisição do conhecimento.
Luria (1987) afirma que a palavra é a unidade mínima de linguagem para compreensão. O
estudo do “campo semântico encontrado na criança a partir do início da apresentação da fala”
inicia-se na centralidade da palavra, ao considerá-la como uma rede de significações,
apresentando multissignificação associativa (a palavra não se esgota em um único significado);
dependendo do contexto em que é expressa, o falante escolhe o seu “significado imediato”,
para compreensão do ouvinte.
A situação de observação ocorreu no horário inicial das atividades do dia, programado para
que cada criança trouxesse de casa um brinquedo, a ser partilhado entre todos. Um dos
sujeitos, aqui designado por Gil, foi transferido para o grupo recentemente e encontra-se em
processo de adaptação. Gil encantou-se por miniaturas plásticas, tais como: carrinhos,
caminhões e personagens de histórias infantis, trazidas por um colega, designado a partir de
agora como Leo. Ao ver a quantidade de miniaturas de Leo na mochila e certificando-se de
que não seria flagrado, Gil pegou um dos brinquedos – carrinho e, sozinho, começou a
movimentá-lo no parapeito da janela da sala. A brincadeira durou cerca de cinco minutos,
quando Leo apercebeu-se do fato e iniciou a disputa pelo brinquedo. Iniciou o diálogo:
Leo - Você. Pegou meu carrinho. Eu quero o meu carrinho.
Gil - Mas eu quero brincar um pouco, assim ó (mostrando 3 dedos de uma das mãos).
Leo - Mas não é assim, tem que ser 1-1; 2-2; 3-3 (alternando a ordem de quem devia brincar).
3 é muito pouco.
Gil Mas você já brincou assim (mostrando 4 dedos de uma das mãos).
A partir deste momento, chega o colega Teo que deseja ficar a par da situação. Teo aproxima-
se e pede um dos brinquedos para Leo; percebendo a divergência entre os colegas, acata Leo,
tentando tirar o brinquedo das mãos de Gil.
Gil (se desvencilhando dos colegas com as mãos). Chega Vitor, que pede a Leo um dos
brinquedos.
Leo Você quer esse? (mostrando o que estava na mão de Gil). Se você quer, tira dele.
Vitor - então tentou pegar o brinquedo da mão de Gil (dirigindo-se a Gil.) Por favor !(em tom
de voz alta).
Gil - Eu quero brincar isso, ó (mostrando novamente os 3 dedos de uma de suas mãos).
Gil - Não, eu quero isso. (mostrando 3 dedos de uma das mãos, novamente).
Leo - inconformado, viu a professora chegar e recorreu a ela para solucionar o problema.
No caso específico do diálogo ocorrido, para Gil, os numerais apresentados através dos dedos
das mãos têm relação direta entre quantidade e tempo. Leo participou do diálogo com a
mesma percepção, avaliando como pouco ou muito tempo, de acordo com o seu interesse. O
mesmo comportamento foi apresentado por Vitor durante sua intercessão, analisando a
quantidade 3 como pouco tempo e sugerindo a Gil que solicitasse a quantidade 5.
A contagem é uma das primeiras formas que a criança tem de entrar em contato com o sentido
de número e isto ocorre espontaneamente em brincadeiras do cotidiano infantil (Butteworth,
2005).
A fala das crianças nos transmite visivelmente o individualismo e a competição como presentes
em todos os momentos. Por trás do aspecto visível, encontra-se a consciência de cada um,
que lhes permite expressar parte do conhecimento individual da noção de quantificação.
Muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas a respeito da origem das habilidades matemáticas.
Estas pesquisas tornam-se relevantes para a reflexão dos professores na medida em que os
auxiliam a pensar como a criança desenvolve os conceitos matemáticos.
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Objetivo: Avaliar a contribuição da psicologia na prática pedagógica da educação matemática.
A psicologia é apenas uma entre as ciências que concorrem para a reflexão sobre a educação
escolar. Sendo uma das ciências que estudam o homem, a psicologia tem se ocupado de uma
grande variedade de temas: a afetividade, o desenvolvimento da criança, a velhice, a
aprendizagem, as relações sociais e institucionais, a deficiência mental, as relações de
trabalho, a saúde mental, entre outros.
Muitas das pesquisas e teorias psicológicas que têm servido à prática pedagógica não foram
elaboradas com esse objetivo. Assim, as questões e interesses dos psicólogos são às vezes
mais abrangentes e às vezes mais restritos do que aqueles colocados pelos agentes do
processo educacional. Esses dois âmbitos, o psicológico e o pedagógico, raramente coincidem;
portanto, não podem ser confundidos.
O que ensinar? Como a criança aprende? Essas são questões importantes quando se objetiva
construir uma prática pedagógica que possa garantir a todas as crianças um processo de
aprendizagem significativo. Todos nós já temos, em alguma medida, respostas a essas
questões. Se nos perguntarmos, por exemplo, como se aprende a fazer bolo, uma infinidade de
respostas pode aparecer: a gente aprende fazendo, seguindo uma receita, vendo outra pessoa
fazer, seguindo as orientações de alguém. Quando o primeiro bolo não dá certo, podemos
ainda dizer que "errando é que se aprende".
E ensinar, o que é? Como se ensina? Novamente uma série de respostas acaba emergindo:
ensinar é transmitir conhecimentos, técnicas, valores, é deixar o outro fazer, orientando,
explicando, "dando a receita", fazendo junto ...
Quando se trata de criança, as idéias que temos sobre aprendizagem quase sempre se
relacionam ao seu desenvolvimento, já que habitualmente admitimos que aprendizagem e
desenvolvimento são processos, de alguma forma, inter-relacionados.
Quando dizemos, por exemplo, que, para ensinar à criança uma coisa determinada, é preciso
esperar que ela amadureça ou atinja uma certa idade, estamos subordinando a aprendizagem
ao desenvolvimento. Ou seja, admitimos que para aprender é necessário determinado nível de
desenvolvimento. Por outro lado, sempre ouvimos dizer que o ensino deve promover o
desenvolvimento da criança.
Embora a gente conheça, em decorrência de nossa própria experiência, muita coisa sobre o
ensinar, sobre o aprender e suas relações com o desenvolvimento, quando se trata de
desenvolver uma ação educativa intencional, de escolher os métodos, um grande número de
questões acaba aparecendo.
Será que, se o professor explicar direitinho, a criança aprende? Como explicar as coisas para
uma criança? E se a deixarmos agir, montar quebra-cabeça, brincar com pedrinhas, estará
aprendendo? O que ela estará aprendendo? E, se a criança não aprende, será sinal de algum
distúrbio? Com quantos anos uma criança pode ser ensinada a ler? Quais são os pré-requisitos
para aprender a adição? A contribuição da psicologia na educação matemática é motivada por
questões como estas citadas acima.
Desde o início do século XX professores de matemática se reúnem para pensar o ensino dessa
matéria nas escolas. Na década de 70 surge na França, a didática da matemática enquanto
campo para a sistematização dos estudos a cerca do ensino da matemática. Os teóricos
envolvidos defendiam que cada área de ensino deveria pensar em sua própria didática,
reconhecendo que não poderia haver um campo de estudo único que atendesse as
especificidades de ensino de cada campo do conhecimento.
Até bem pouco tempo, existiam perguntas tais como: Como as crianças aprendem? Todas ao
mesmo tempo? Todas da mesma maneira? Por que aprenderam algumas coisas melhor que
outras? Como ensinar para obter um melhor aprendizado?
o pensamento evolui, passa por estágios; em cada estágio, a criança tem uma maneira
especial de compreender e explicar as coisas do mundo.
Vamos exemplificar esta última afirmação. Experimentemos mostrar a uma criança duas
bolachas iguais, uma inteira e a outra partida em quatro pedaços. Quase todas as crianças de
cinco anos de idade vão dizer que as quantidades de bolacha não são iguais. Muitas vão achar
que há maior quantidade na bolacha em pedaços. Já as crianças mais velhas reconhecerão
facilmente que as quantidades são iguais.
Esse exemplo mostra um fato comum: em certos estágios do pensamento as crianças pensam
que a disposição das partes altera a quantidade. Por isso, para as crianças pequenas, pode
parecer que a quantidade de bolacha aumenta se ela for partida em pedaços.
A Psicologia estudou também quais objetos ou atividades ajudam a aprender. Ela tem
mostrado que o pensamento e o aprendizado da criança desenvolvem-se ligados à observação
e investigação do mundo. Quanto mais a criança explora as coisas do mundo, mais ela é capaz
de relacionar fatos e idéias, tirar conclusões; ou seja, mais ela é capaz de pensar e
compreender.
Por exemplo, as crianças que tiveram oportunidade de praticar relações comerciais (compras,
pagamentos, trocas) costumam ser mais capazes de resolver problemas matemáticos
envolvendo esses assuntos do que crianças que não tiveram tais experiências. É justamente
esta última idéia que tem motivado os educadores a buscarem meios de fazer a criança
explorar o mundo à sua volta. No caso da matemática parece ser mais difícil fazer a criança
explorar o mundo à sua volta, porque as noções matemáticas nem sempre aparecem com
clareza nas situações do cotidiano. Por isso, procura-se criar um mundo artificial que facilita a
exploração pela criança.
Este trabalho envolve um trabalho de campo e tem 2 finalidades ser uma atividade dissertativa
e posteriormente gerar um artigo no final do módulo.
Escolha uma classe com alunos de 6 anos para observar durante um período de aula
(preferencialmente de matemática). Anote, em folhas de papel, a série observada, a
data, o horário do inicio e do termino da observação, o numero de alunos presentes à
aula, como está organizada a sala, que moveis e outros objetos há nela (por exemplo,
se as carteiras estão dispostas em círculos, grupos ou fileiras; a posição da mesa do
professor; se há armários, prateleiras, murais, etc.).
os conteúdos trabalhados;
os recursos utilizados pela professora;
interrupções dá aula;
Atividade Módulo 4
A observação foi feita em uma sala com 15 alunos de uma escola de Educação Infantil
localizada no Ipiranga. A escola e particular e atende crianças de classe média. A sala ‘e
comporta por crianças que completam sete entre os meses de junho e dezembro de 2009.
A atividade era para contar, ligar os pontos (um até 250) e formar um avião que deveria ser
colorido. As crianças estão agitadas, não paravam de falar e a professora dizia que precisavam
prestar atenção no número que estavam ligando.
A atividade foi muito pouco interessante, de forma que os alunos não participaram de maneira
ativa, eles não foram convidados a fazer algo prazeroso e interessante, ao contrario o
procedimento era mecânico e alienante.
Parece fundamental salientar que a proposta da aula observada não era dinâmica, os alunos
mostravam-se desmotivados e distantes da professora. Esta por sua vez não parou de reclamar
do comportamento das crianças. Neste ponto vale notar a estrita relação entre a indisciplina e
o pouco interesse na atividade ministrada. Os problemas de comportamento aparecem com
subprodutos de um planejamento que exclui o interesse e a participação dos alunos.
5
Objetivo: Abordar as contribuições Pedagógicas de Piaget na matemática
Ou seja, aquilo que a criança pode ou não aprender é determinado pelo nível de
desenvolvimento de suas estruturas cognitivas.
Segundo Piaget, tudo o que é transmitido à criança sem que seja compatível com seu estágio
de desenvolvimento cognitivo não é de fato incorporado por ela. A criança pode imitar
mecânica e externamente o adulto, mas não compreende (e, portanto, não conhece) o que está
fazendo. As formulações de Piaget têm tido grande influência sobre a prática pedagógica,
inclusive no Brasil. Ao destacarem o papel ativo da criança no processo de elaboração do
conhecimento, têm sido responsáveis por idéias como: o papel fundamental da escola é dar à
criança oportunidades de agir sobre os objetos de conhecimento; o professor não deve ser
aquele que transmite conhecimentos à criança, mas sim um agente facilitador e desafiador de
seus processos de elaboração; a criança é quem constrói o seu próprio conhecimento.
A escola tradicional, baseada na transmissão oral de conhecimentos, foi sempre muito criticada
por Piaget por considerar a crianças como um ser passivo e vazio onde se poderiam imprimir
os conhecimentos que o docente selecionasse. Ou seja, a concepção behaviorista,
marcadamente empirista, estaria na sua raiz, defendendo que a imitação de um modelo,
quando acompanhada de um reforço positivo, levaria à aprendizagem de uma resposta correta.
A posição de Jean Piaget era oposta a este tipo de ensino, contudo devem salientar se alguns
aspectos positivos como o exercício da memória, da atenção e a criação de hábitos de
trabalho, devido às repetições que necessita efetuar (MORGADO, 1986).
Piaget afirma que o ensino deveria formar o raciocínio, conduzindo à compreensão e não à
memorização, desenvolvendo um espírito criativo e não repetitivo. O professor deveria criar
situações que levem o discente a encontrar a solução correta, de acordo com o seu nível de
desenvolvimento psicogenético, através de trabalhos práticos individuais ou em grupo, de
diálogo entre colegas ou com o professor.
Contrariamente ao que se possa pensar, o professor não era encarado por Piaget como uma
"peça" desnecessária. Pelo contrário, desempenharia um papel fundamental na criação de
programas adaptados ao nível operatório dos alunos e de métodos de avaliação flexíveis
capazes de aferir o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Este deveria selecionar os materiais
e situações melhores adaptados, sintetizando os pontos fundamentais a reter no final de uma
discussão ou trabalho, respeitando a opinião das crianças e abstendo-se de tecer juízos de
valor. "O papel do professor é fundamental na perspectiva de uma pedagogia píagetiana, urna
vez que lhe cabe a tarefa de criar os programas adaptados ao nível operatório dos seus alunos,
bem como encontrar métodos de avaliação flexíveis que procurem analisar o desenvolvimento
intelectual e autônomo da criança." (MORGADO, 1986, p.90).
Outro ponto que, na sua opinião, também mereceria ser relevado seria o papel do
ensino pré-primário no desenvolvimento psicogenético.
Por último aponta "(...) a necessidade de, no desenvolvimento curricular respeitar a
sequência do desenvolvimento intelectual" (RAPOSO, 1980,p.138)
Kamii e Devries (1970, p.75) referem que "( ...) as implicações pedagógicas da teoria de Piaget
são mais vastas no domínio socio-afectivo que no domínio cognítivo." No que concerne ao
primeiro domínio enunciam três princípios gerais de ensino: incentivar a criança a ser
progressivamente mais autônoma perante os alunos; encorajá-Ias a interagir e solucionar os
seus conflitos; incentivá-Ias a serem independentes e curiosas, a terem iniciativa e confiança
nas suas capacidades, a exporem as suas opiniões convictamente e terminarem os seus
receios e angustias de modo construtivo.
Quanto ao domínio cognitivo, estas autoras concentram a sua atenção sobre quatro
princípios: "Ensinar, dentro do contexto do jogo da criança; Encorajar e aceitar as respostas
'erradas' da criança; pensar em que é que a criança pensa e ensinar segundo os três tipos de
conhecimento; ensinar tanto os conteúdos como os processos." (KAMII; DEVRIES, 1970, p.75).
Um exemplo, seria no campo da aritmética, que segundo Kamii (1986) quando duas crianças
obtivessem resultados diferentes numa soma, poder-se-ia pedir-lhes que descrevessem à outra
a forma como resolveram o problema. O diálogo estabelecido, desde que incentivado pelo
professor, levaria a que refletissem se uma e outra solução estariam adequadas. Isto seria
fundamental, não só para incentivar o raciocínio, mas também para desmistificar a idéia de que
a Matemática é arbitrária, incompreensível e só atingível pela memorização. Assim, o
"feedback" para o pensamento lógico-matemático residiria na própria criança e não nas outras
pessoas, sendo constituído pela coerência interna do seu sistema de pensamento.
Todavia, como já foi referida, a pedagogia piagetiana da aritmética defendia que um dos
objetivos principais da matemática seria a edificação da noção de número. Desta forma, seria
benéfico incrementar tarefas escolares que viabilizem esta aquisição. "Atendendo que a
criança só chega à noção de número através de uma síntese entre as operações de inclusão
de classes e de seriação, uma dessas formas de organização, por exemplo, consiste em fazer
preceder os exercícios de contagem de exercícios de agrupamentos de objetos com base nas
semelhanças e nas diferenças." (RAPOSO, 1980, p.137).
Para desenvolver a noção de número, Piaget (apud KAMII, 1993) reconheceu três conceitos
básicos importantes no processo de aprendizagem: a conservação, a seriação e a
classificação. Piaget também estabeleceu uma distinção fundamental entre três tipos de
conhecimentos considerando suas fontes básicas e seu modo de estruturação: conhecimento
físico, conhecimento lógico-matemático e conhecimento social. Mais detalhes no próximo
módulo com aplicações práticas.
Assim, segundo Vygotsky, o conhecimento do mundo passa pelo outro, sendo a educação "o
traço distintivo fundamental da história do pequeno ser humano. A educação pode ser definida
como sendo o desenvolvimento artificial da criança. Ela é o controle artificial dos processos de
desenvolvimento natural. A educação faz mais do que exercer influência sobre um certo
número de processos evolutivos: ela reestrutura de modo fundamental todas as funções do
comportamento" (1985: 45).
No entanto, destacava ele, nas situações de vida diária e mesmo na escola, era possível
perceber que as atividades que a criança realizava sozinha, por exemplo, comer com a colher,
amarrar os sapatos, montar uma torre com peças de tamanhos diversos, escrever, foram antes
compartilhadas com outras pessoas.
Observar a atividade compartilhada da criança possibilita olhar para o seu futuro, pois "o que é
o desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã - ou seja, aquilo
que a criança é capaz de fazer com assistência hoje ela será capaz de fazer sozinha amanhã"
(Vygotsky, 1985).
À distância entre aquilo que a criança conseguiria fazer por si só e aquilo em que necessita do
auxilio de outra pessoa caracterizar-se como Zona de Desenvolvimento Proximal.
(Nicolopoulou, 1993, p.8).
Apesar de considerar que a inteligência seria a capacidade de aprender, tendo por base
instruções, Vygotsky não defendia um ensino formal e mecânico, onde as crianças fossem
sujeitas a uma rotina desinteressante e a exames irrelevantes. Na realidade, colocou em relevo
mais o desenvolvimento intelectual que a aprendizagem processual, devendo o professor
desafiar a criança a atingir metas que de outra maneira não atingiria" (Sutherland, 1996, p.71).
Desta forma, a escola seria o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadearia o
processo ensino-aprendizagem. O professor deveria provocar avanços nos alunos interferindo
na sua ZDP. Outro fator relevante para a educação, decorrente das interpretações das teorias
de Vygotsky, seria a importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação
entre a cultura e o indivíduo, visto que o aluno não seria um mero sujeito da aprendizagem,
mas aquele que é capaz de aprender, junto ao outro, o que o seu grupo social produz, como:
valores, linguagem e o próprio conhecimento. Ao observar a zona proximal, o educador poderia
orientar o aluno no sentido de adiantar o seu desenvolvimento potencial, tomando-o real.
(Tudge & Rogoff, 1989, p.22)
7
A Matemática na educação infantil
A Educação Infantil é um período extremamente fértil em relação à construção de novos
conhecimentos, sejam eles sociais, afetivos ou cognitivos, sendo a criança dessa faixa etária
capaz de estabelecer relações complexas entre os elementos da realidade que se apresenta.
Assim, freqüentar uma classe de Educação Infantil significa, além da convivência entre pares,
ter acesso a muitas oportunidades para a construção de novos conhecimentos, graças às
ações que a criança exerce sobre o mundo real.
Conforme artigo escrito por Pannuti¹ não parece acertado qualificar esse ramo de atividade
como uma disciplina formalizada que deveria ser reservada aos anos seguintes da
escolaridade, uma vez que, desde a Educação Infantil, as crianças já sabem muito sobre
relações matemáticas, pois estão expostas todo tempo a esse gênero de conhecimento.
Em outras palavras, fazer matemática é expor idéias próprias, escutar as dos outros, formular e
comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar
validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros,
buscar dados que faltam para resolver problemas, entre outras coisas. Dessa forma as
crianças poderão tomar decisões, agindo como produtoras de conhecimento e não apenas
executoras de instruções. Portanto, o trabalho com a Matemática pode contribuir para a
formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver
problemas.
Tomando como base o Referencial Nacional Curricular (RCN), destacam-se três blocos de
conteúdos a serem trabalhados na Educação Infantil: “números e sistema de numeração”;
“grandezas e medidas”; “espaço e forma”.
Considera-se que para aprender sobre numeração as crianças devem lidar com os
números e com o sistema de numeração, trabalhando com resolução de problemas,
contagem e regras do sistema decimal. Assim, as crianças devem ser capazes de
pensar e discutir sobre as relações numéricas utilizando as convenções de nossa
própria cultura, tendo familiaridade com números e desenvolvendo as habilidades
matemáticas que capacitem o indivíduo a enfrentar as demandas práticas do dia-a-dia,
além de compreender informações matemáticas, tais como gráficos e tabelas.
Em relação à geometria, faz-se necessário considerar que a criança constrói o espaço
a partir de seu próprio corpo e de seus deslocamentos, construindo paulatinamente
noções geométricas mais complexas. Dessa forma, o trabalho envolvendo espaço e
forma não deve limitar-se ao reconhecimento e memorização de formas geométricas.
Há que se desenvolver propostas que considerem o espaço sob a perspectiva do
esquema corporal, da percepção do espaço, além das noções geométricas
propriamente ditas.
Por fim, não se pode deixar de considerar a importância de atividades tais como classificar,
ordenar, seriar e corresponder, as quais não se referem especificamente a nenhum conteúdo
da Matemática, mas que servem como organizadores do raciocínio lógico matemático. Essas
atividades visam desenvolver as operações intelectuais que permitem à criança estabelecer
relações entre os elementos da realidade.
Uma questão que merece atenção, frente às freqüentes críticas ao modelo de ensino de
Matemática vigente, é fundamentalmente pensar como torná-la significativa para os alunos.
Na Educação Infantil, a sala de aula deve ser um lugar de exploração dos elementos da
realidade que cerca os alunos. O educador deve estar constantemente preocupado em
desenvolver nas crianças a curiosidade e o interesse pela interpretação dos fenômenos que
ocorrem no meio em que estão. Assim, “experimentar e descobrir” podem ser uma maneira
muito rica e interessante de aprender. Para que isso ocorra, a criança deve ter a oportunidade
de agir sobre sua realidade.
Proporcionar à criança dessa faixa etária situações ricas e desafiadoras, as quais possam
gerar a necessidade de resolver um problema efetivo, parece ser fundamental. O papel do
professor é de grande importância nesse processo, uma vez que, além de deixar a criança livre
para manipular e experimentar os materiais, como também observar as reações decorrentes,
deve, em seguida, propor à criança problemas reais a serem resolvidos, criando, assim, uma
situação de aprendizagem significativa.
O trabalho de Matemática na Educação Infantil deve, dessa forma, garantir que as crianças
façam mais do que recitar números e decorar os nomes de figuras geométricas. É preciso que
possam, partindo dos conhecimentos prévios de cada uma, avançar em seus conhecimentos
mediante situações significativas de aprendizagem. Várias são as possibilidades para que isso
ocorra: as situações de jogos; as resoluções de problemas; as atividades lógicas etc. O que vai
garantir um aprendizado efetivo é que a criança possa ser o protagonista desse processo, ou
seja, um ser ativo que busca respostas a questões verdadeiras e instigantes.
Pode-se pedir que inventem símbolos para representar coisas, acontecimentos, emoções de
seu dia a dia, como por exemplo, um dia ensolarado, alegria etc. É interessante que se
converse com as crianças sobre os símbolos que inventaram, comparando as diversas
propostas e perguntando se conhecem outros símbolos. Como exemplos, podem ser citados
símbolos de canais de televisão, de trânsito, a bandeira e outros.
Uma criança que já tenha passado pelas experiências descritas anteriormente e entendido os
números poderá inventar símbolos para representá-los, sem que nenhum ensinamento lhe seja
dado. Um símbolo pode ter ou não semelhança figurativa com a coisa que ele representa. Em
geral, ao serem inventados pelas crianças, os símbolos dos números indicam a própria
quantidade, como os povos antigos os representavam. Assim, por exemplo, para representar
os números um, dois, três, quatro, etc., uma criança poderá fazer risquinhos: / // /// ////.
Neste momento, a criança já está preparada para aprender os símbolos que utilizamos
atualmente para representar os números. No entanto, devemos ter ainda alguns cuidados.
Em primeiro lugar, como já vimos na lição, quem conta, conta alguma coisa, portanto,
não faz sentido começar a ensinar a escrita dos números pelo zero, pois este não
representa quantidade. O símbolo para o zero só deve ser ensinado depois que as
crianças já sabem representar os nove primeiros números, a partir do um.
Em segundo lugar, é muito importante que o ensino da escrita do número dez e de
seus sucessores não seja precipitado, pois, da mesma forma que diversas atividades e
experiências podem ser propostas para que as crianças primeiro entendam os
números de um a nove, para só depois representá-los, é preciso que elas participem
de outras experiências e façam novas atividades que as ajudarão a compreender a
escrita dos números a partir do dez. Um bom recurso para isso é o uso do ábaco, pois
ele materializa as duas principais características do nosso sistema de numeração: o
caráter posicional e a base dez.
Agrupando e Reagrupando
De acordo com o Programa Educar (2007), para contar grandes quantidades, costumamos
agrupar os objetos. Para contar as bolinhas do desenho.
Podemos agrupá-las, por exemplo, de 3 em 3 ou de 5 em 5. Entretanto, nosso hábito é agrupá-
las de 10 em 10.
ou
Entretanto, o homem não se contentou só com suas mãos. Ele criou alguns instrumentos para
auxiliá-lo nos cálculos. Dentre esses instrumentos, destaca-se o ábaco, pela eficiência e
simplicidade e continua a ser usado até os dias de hoje, mesmo com as calculadoras atuais
dotadas com recursos poderosos.
A construção de um ábaco simplificado é muito fácil e barata, podendo ser feita pelas
próprias crianças. A base do ábaco pode ser um pedaço de isopor, ou de qualquer
material semelhante, como, por exemplo, uma caixa de ovos. As casas do ábaco
podem ser varetas, espetinhos de churrasco ou pedaços de arame grosso, que serão
espetados na base. As "contas" do ábaco podem ser arruelas, argolas de plástico,
tampas de garrafa de refrigerante furadas no meio, ou mesmo macarrão do tipo
"argolinha"
Após construir o seu ábaco você pode utilizá-lo em atividades que envolvam contagens e a
representação escrita dessas contagens.
Objetivo: Abordar a importância das proposta curriculares da educação infantil e suas
principais áreas.
Os domínios sobre os quais as crianças de zero a seis anos fazem suas primeiras incursões e
expressam idéias matemáticas elementares dizem respeito a conceitos aritméticos e espaciais.
Ter no mínimo alguma das cinco grandes capacidades de que habitualmente falamos quando
queremos caracterizar o desenvolvimento e o que configura uma pessoa (cognitivas, de
relação interpessoal, motoras, de atuação social e de equilíbrio pessoal).
Exceto em algum caso muito concreto, esses objetivos gerais fazem referência a mais de uma
capacidade geral. Isso é lógico, porque a pessoa é global e não pode compartimentar-se em
âmbitos.
Essas duas dimensões são inseparáveis na construção individual, por exemplo: as relações
interpessoais estão muito determinadas pelo equilíbrio emocional de uma pessoa e, ao inverso,
esse equilíbrio (ou desequilíbrio) é uma conseqüência de como ela se sente competente no
exercício das capacidades cognitivas ou motoras ou nos seus esforços para inserir-se
socialmente. De outro lado, se dermos atenção às capacidades que se quer alcançar no final
da etapa, veremos que se agrupam em volta dessas duas dimensões (o eu e o meio) e que
fazem aflorar também os instrumentos que permitem a relação e a interação constante entre o
eu e o meio, ou seja, as formas de comunicação e de representação: as linguagens. Esses
instrumentos, quando caracterizamos os cinco grandes tipos de capacidades, apresentam-se
envolvidos em todos eles conforme representado na figura abaixo:
Na etapa da educação infantil, fomentar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças
pequenas significa ajudá-Ias a progredir na definição da própria identidade, no conhecimento e
na valorização de si mesmas, tanto pelo que são capazes como por suas limitações. Não é
possível elaborar esse conhecimento sem a participação das outras pessoas, mas também é
preciso prová-lo autonomamente, em contextos diferentes dos habituais, o que propõe cami-
nhos diferentes e, portanto, novas possibilidades de conhecer-se e de valorizar-se. "Dar uma
olhada para dentro" conhecer-se a si mesmo e valorizar-se requer o contraste de uma "olhada
para fora", aos outros, às situações que se apresentam e de seu reflexo, como também a
outros contextos.
Assim se desenham os dois grandes âmbitos, o eu e o meio, configurado por outras pessoas,
pelos sucessos e pelos acontecimentos que são significativos na vida da criança, âmbitos que
se apresentam profundamente relacionados, já que é a própria interação que configura o que é
a criança em um dado momento de sua existência. Justamente a importância dessa interação
delimita um novo âmbito, aquele constituído pelos meios ou os instrumentos que permitem tal
interação entre as crianças e os agentes mediadores da cultura, na qual aprendem, entre
outras coisas, os próprios instrumentos de mediação.
Por sua vez, os êxitos e os fracassos que são experimentados nesse processo, a valorização
que se faz, a forma como os outros a vêem, aceitam-se e estimam-na fazem com que a criança
aprofunde seu próprio conhecimento e sua auto-estima.
Deparamo-nos, pois, com três âmbitos indissociáveis, importantes no decorrer de todo o ciclo
vital, mas que adquirem uma relevância especial no início da vida, período em que nos
formamos como pessoas.
Áreas curriculares
Podemos afirmar que o máximo enfoque globalizador (a realidade é aquilo que se deve
conhecer, e as disciplinas oferecem os métodos e os instrumentos conceituais que facili tam
esse conhecimento) tomado em um sentido mais profundo, nessa etapa, é a necessidade de
partir da realidade, da experiência e do meio da criança para ajudá-Ia a conhecer essa
realidade, a incidir nela e a conhecer-se a si mesma.
Em síntese, falamos dos três âmbitos que precisam ser tratados globalmente, sem negar tam-
bém que a maioria engloba aspectos de mais de uma área. Para o professor, a delimitação das
áreas ajuda a sistematizar, ordenar e planejar a ação educativa, mas, em alguns casos, não
supõe que seja trabalhado parceladamente. No próximo modulo, partindo dessa perspectiva,
vamos focar somente a área de Intercomunicação e Linguagens, que é a área que inclui a
linguagem matemática.
Intercomunicação e linguagens
Essa área inclui todas aquelas formas de representação da realidade que os seres humanos
são capazes de utilizar: linguagem verbal - oral e escrita -, linguagem matemática, música,
plástica e linguagem corporal.
Uma das suas peculiaridades é que acentua o caráter comunicativo e representativo desse
conteúdo e os apresenta de maneira conjunta. Cremos que é correto considerar essas áreas
na mesma dimensão da linguagem, de um instrumento/veículo que permite relacionarmo-nos
com as outras pessoas, e não somente como um objeto de conhecimento em si mesmo, como
uma matéria, como uma disciplina escolar.
Considerar tais aspectos como uma linguagem significa considerar importante que, na idade da
creche e da pré-escola, as crianças possam utilizá-Ia como um meio de comunicação,
expressão, representação, interpretação e modificação da realidade.
Nesse sentido, a experiência vai contribuir para uma otimização das relações entre o indivíduo
e o meio. As linguagens ou as formas de representação da realidade, cada uma a seu nível,
constituem instrumentos que possibilitam as interações, a comunicação, a representação e a
expressão do pensamento, dos sentimentos, das vivências, etc. Assim, entendemos que é
importar as crianças vivenciarem a manifestação da alegria representada de diferentes
maneiras e que todas são válidas em diferentes situações (através da música, de uma canção
alegre, rindo ou dançando em uma expressão corporal, fazendo um desenho plástico e dizendo
palavras com uso de linguagem verbal).
Essas e outras situações têm uma maneira melhor (mais ajustada, mais rápida, de mais fácil
compreensão) de ser representada, cujos aspectos irão ajudando à medida que a criança vai
aprendendo, na escola, maneiras mais afinadas e precisas de representar a realidade. Assim,
seria importante recordar a necessidade que a criança tem de adquirir experiências diversas,
em diferentes aspectos de representação que lhe permitam desenvolver a formação de
conceitos e o desenvolvimento geral de sua estrutura cognitiva.
Finalmente, em relação a esse primeiro aspecto, somente queríamos recordar que sobretudo a
linguagem verbal é uma ferramenta no processo de aprendizagem de outras áreas. Do mesmo
modo, cabe ressaltar os aspectos que unem as diferentes linguagens, o que é comum,
também, quando há elementos diferenciadores que serão expostos quando nos ocupamos de
maneira específica.
Assim, as linguagens servem para representar a realidade, para podermos criar, comunicarmo-
nos e divertimo-nos. É por isso que a experiência com as linguagens pode possibilitar às
crianças situações em que elas possam desfrutar: é preciso que lhes pareça interessante saber
como escrevemos as palavras; é preciso terem interesse em usar os números para contar; é
preciso que se divirtam com caretas e palhaçadas; é preciso que desfrutem desenhando o
brinquedo que lhes agrade, etc.
Resumindo, é preciso que, ao final da etapa, as crianças tenham tido boas experiências com os
trabalhos nessas áreas, o que representará o alicerce sobre o qual elas poderão ser
trabalhadas separadamente, consideradas como matérias sobre as quais será necessário fazer
um trabalho aprofundado, no decorrer de toda a etapa de ensino fundamental e médio.
Portanto, é objetivo da educação infantil que, ao final da etapa, as crianças tenham os
instrumentos de comunicação, expressão e representação necessários para poderem
compreender, criar e atuar no mundo que as envolve.
Já comentamos que as linguagens são úteis e que podemos usá-las com diferentes funções.
As funções que sintetizamos como prioritárias são:
Função comunicativa - a interação com o ambiente (social, cultural e físico: coisas e pessoas)
exige que tenhamos instrumentos que nos permitam relacionarmo-nos. Um meio rico em
linguagem não é suficiente por si só: é necessário entender as mensagens e o código com os
quais estão sendo usados para transmitir. Na função comunicativa, as linguagens são
utilizadas como instrumentos úteis. Por exemplo, a linguagem verbal interessa-nos para
podermos manifestar um temor, uma mensagem, cantar uma canção, etc., e não tanto como
um objeto de análise e de estudo (na linguagem verbal utilizamos as palavras formadas por
fonemas, um certo número de palavras são uma oração, há palavras de tipos diferentes, há
entonações interrogativas que expressam as dúvidas, etc.).
Também exige uma análise dos traços comuns, ou seja, é preciso generalizar e categorizar a
realidade, permitindo a formação de conceitos como comprido, redondo ou conceito de animal
que inclui os cachorros, etc.
Linguagem Matemática
A matemática pertence à nossa vida cotidiana e, portanto, antes de entrar na creche ou na pré-
escola, a criança terá vivenciado muitas situações que resultam de conhecimentos
matemáticos que lhe favorecem para: colocar os brinquedos nas suas caixas, pôr um copo
para cada pessoa quando ajuda a preparar a mesa, saber que ela tem menos balas do que o
irmão ou o amigo, etc. Os seus conhecimentos dependerão do meio mais ou menos rico em
que tenha vivido e da possibilidade que se oferece para buscar respostas aos problemas que
se apresentam, bem como da informação que se dá nesse sentido.
A criança tem preconceitos sobre muitos dos aspectos trabalhados na escola; é preciso encon-
trar a maneira de conhecer essas suas concepções informais do mundo, para partir e oferecer
situações que permitam constrastá-las com os seus conhecimentos, questioná-las e tomar
seus conceitos mais adequados. Por exemplo, devemos saber que, quando perguntamos a um
menino ou a uma menina de dois anos a cor de alguma coisa, e se ainda não sabe muito bem
o nome das cores, poderá responder uma cor qualquer, porém não com uma palavra qualquer.
Isso nos mostra o quanto já sabem sobre as cores, quer dizer, que existem várias palavras que
podem ser convenientes para responder a uma pergunta, como "De que cor é ... ?" e que há
outras que nunca o serão (p. ex., grande, pequeno, etc.).
Também podemos reconhecer que as crianças dessa idade utilizam mecanismos informais
para resolver as situações-problema que se apresentam, como as de contagem (utilização dos
dedos, de um em um) que, aos poucos, irão formalizando através da utilização do número. O
que poderá ir incorporando são os aspectos da linguagem matemática mais simbólica: signos,
números, etc.
A análise das propriedades dos objetos e das relações que podemos estabelecer
Nas escola, ocorre, muitas vezes, que as crianças aprendem a utilizar procedimentos de
comparação, classificação e ordenação. Assim, há uma aprendizagem de conceitos, de
semelhança e diferença, e começam a conceitualizar as formas, as cores, as propriedades dos
objetos. Por meio do trabalho com esses conteúdos, podem ser alimentadas atitudes de
interesse pelos objetos, pela investigação de suas características e do se funcionamento.
O início da quantificação
A resolução de situações-problema
As crianças devem aprender a identificar e a confrontar-se com situações nas quais possam
desenvolver procedimentos e estratégias de resolução de problemas: identificar os dados,
buscar a melhor estratégia para essa situação, utilizar procedimentos mais adequados,etc.
Esses aspectos estão muito relacionados com as aprendizagens de todas as áreas.
A medida
Assim, começam a dar-se conta de que existem coisas que podem ser medidas pelos seus
pés, pela sua capacidade, pela sua longitude; começam a utilizar algumas unidades de
medidas arbitrárias (o quilo, o quilômetro) como uma aproximação intuitiva ("Pesa mais do que
um quilo", "Aqui cabe menos do que um litro", etc.), ou unidades naturais (as mãos, os passos).
A representação do espaço
Também há numerosas situações nas quais é preciso encaminhar estratégias de relação entre
os objetos: fazer grupos na sala para diferentes tarefas a partir de diversos critérios de
classificação; comparar, ordenar os lápis e o material da sala; utilizar conceitos de medida
quando estão recortando papéis, fazendo caminhos para os carrinhos passarem, etc.
Isso não quer dizer que, às vezes, não se possa fazer exercícios com papéis e lápis, porém é
preciso considerar que o tipo de trabalho, em geral, representa mais uma avaliação dos concei -
tos para a professora do que um momento de aprendizagem para a criança. No caso do
trabalhocom papel e lápis, nesse tipo de conteúdo serve para exercitar alguns conteúdos que a
criança já conhece e que pode representar.
É preciso ter o cuidado para não centrar a aprendizagem dos conteúdos dessa área somente
nos aspectos mais abstratos e na linguagem mais simbólica. É importante fazer uso da ação,
da linguagem verbal acompanhada da ação, da linguagem verbal sozinha e também de lingua-
gens mais figurativas e simbólicas. É preciso avançar e retroceder no uso de diferentes lin-
guagens para ajudar a fazer um processo de abstração progressiva.
É muito interessante utilizar a linguagem verbal vinculadas à matemática, ou seja, solici tar que
as crianças verbalizem aquilo que fizeram, explicando como o planejaram, como verificaram os
resultados e que antecipem os diferentes resultados possíveis, por exemplo: antes de fazer
uma construção, quando vão ao supermercado, quando respondem uma pergunta da
professora; esse método ajuda as crianças a raciocinarem.
12
Crianças de 0 a 3 anos: objetivo e conteúdo
Nesta faixa etária aprofundam-se os conteúdos indicados para as crianças de zero a três anos,
dando-se crescente atenção à construção de conceitos e procedimentos especificamente
matemáticos. O objetivo é aprofundar os conteúdos que estão organizados em três blocos:
“Números e sistema de numeração”, “Grandezas e medidas” e “Espaço e forma”. A
organização por blocos, juntamente com as orientações didáticas visa a oferecer visibilidade às
especificidades dos conhecimentos matemáticos a serem trabalhados, embora as crianças
vivenciem esses conteúdos de maneira integrada.
O objetivo desta idade é criar oportunidades para que sejam capazes de:
reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as contagens orais e as
noções espaciais como ferramentas necessárias no seu cotidiano;
comunicar idéias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados
encontrados em situações-problema relativas a quantidades, espaço físico e medida,
utilizando a linguagem oral e a linguagem matemática;
ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade para lidar com
situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios.
jogos de esconder ou de pega, nos quais um dos participantes deve contar, enquanto
espera os outros se posicionarem;
O professor deve partir dessas práticas para propor situações-problema em que a criança
possa ampliar, aprofundar e construir novos sentidos para seus conhecimentos. As atividades
de culinária, por exemplo, possibilitam um rico trabalho, envolvendo diferentes unidades de
medida, como o tempo de cozimento e a quantidade dos ingredientes: litro, quilograma, colher,
xícara, pitada etc. A comparação de comprimentos, pesos e capacidades, a marcação de
tempo e a noção de temperatura são experimentadas desde cedo pelas crianças pequenas,
permitindo-lhes pensar, num primeiro momento, essencialmente sobre características opostas
das grandezas e objetos, como grande/pequeno, comprido/curto, longe/perto, muito/pouco,
quente/frio etc.
Entretanto, esse ponto de vista pode se modificar e as comparações feitas pelas crianças
passam a ser percebidas e anunciadas a partir das características dos objetos, como, por
exemplo, a casa branca é maior que a cinza; minha bola de futebol é mais leve e menor do que
a sua etc. O desenvolvimento dessas capacidades comparativas não garantem, porém, a
compreensão de todos os aspectos implicados na noção de medida.
O tempo é uma grandeza mensurável que requer mais do que a comparação entre dois objetos
e exige relações de outra natureza. Ou seja, utiliza-se de pontos de referência e do
encadeamento de várias relações, como dia e noite; manhã, tarde e noite; os dias da semana;
os meses; o ano etc. Presente, passado e futuro; antes, agora e depois são noções que
auxiliam a estruturação do pensamento.
O uso dos calendários e a observação das suas características e regularidades (sete dias por
semana, a quantidade de dias em cada mês etc.) permitem marcar o tempo que falta para
alguma festa, prever a data de um passeio, localizar as datas de aniversários das crianças,
marcar as fases da lua.
O dinheiro também é uma grandeza que as crianças têm contato e sobre a qual podem
desenvolver algumas idéias e relações que articulam conhecimentos relativos a números e
medidas. O dinheiro representa o valor dos objetos, do trabalho etc. As cédulas e moedas têm
um valor convencional, constituindo-se em rico material que atende várias finalidades didáticas,
como fazer trocas, comparar valores, fazer operações, resolver problemas e visualizar
características da representação dos números naturais e dos números decimais. Além disso, o
uso do dinheiro constitui-se uma oportunidade que por si só incentiva a contagem, o cálculo
mental e o cálculo estimativo.
Nas relações espaciais contidas nos objetos - podem ser percebidas pelas crianças por
meio do contato e da manipulação deles. A observação de características e propriedades dos
objetos possibilitam a identificação de atributos, como quantidade, tamanho e forma. É
possível, por exemplo, realizar um trabalho com as formas geométricas por meio da
observação de obras de arte, de artesanato (cestas, rendas de rede), de construções de
arquitetura, pisos, mosaicos, vitrais de igrejas, ou ainda de formas encontradas na natureza,
em flores, folhas, casas de abelha, teias de aranha etc. A esse conjunto podem ser incluídos
corpos geométricos, como modelos de madeira, de cartolina ou de plástico, ou modelos de
figuras planas que possibilitam um trabalho exploratório das suas propriedades, comparações e
criação de contextos em que a criança possa fazer construções.
Nas relações espaciais nos deslocamentos - podem ser trabalhadas a partir da observação
dos pontos de referência que as crianças adotam, a sua noção de distância, de tempo etc. É
possível, por exemplo, pedir para as crianças descreverem suas experiências em deslocar-se
diariamente de casa até a instituição. Pode-se também propor jogos em que elas precisem
movimentar-se ou movimentar um objeto no espaço. As estratégias adotadas, as posições
escolhidas, as comparações entre tamanhos, as características da construção realizada e o
vocabulário adotado pelas crianças constituem-se em objeto de atenção do professor.
Em geral, o conteúdo de “espaço e forma” envolve:
Lei do efeito: uma conexão recém estabelecida tem sua força aumentada se
acompanhada por uma sensação de satisfação.
Lei do exercício: quanto mais utilizada uma conexão, mais forte ela se torna.
Lei da prontidão: parte da idéia de que as conexões podem ou não estar prontas para
serem postas em prática, se uma conexão está pronta, seu uso gera satisfação, se não
está, seu uso gera desconforto.
Gestaltista - A Gestaltista é uma escola da psicologia, iniciada em 1910, que propõe uma
abordagem holística do pensamento humano. Baseia-se no pensamento de que a percepção
humana não pode ser explicada apenas por estímulos isolados e que se processam de forma
individualizada, mas que a ação existe na tentativa de encontrar o equilíbrio do organismo
como um todo. A aprendizagem se liga a capacidade de compreender estruturas e não de
decorar procedimentos.
Construtivista - Baseado principalmente nas idéias de Piaget. Tem como proposta de que a
mente é modelada como uma experiência organizativa de modo a lidar com um mundo real que
não pode ser conhecido em si. Envolve dois princípios: o conhecimento é ativamente
construído pelo sujeito cogniscente e não passivamente recebido do meio.
Conhecer é um processo adaptativo que organiza o mundo experiencial de cada um, não
descobre um mundo independente, pré-existente, exterior à mente do sujeito. Acredita que
cada ser humano constrói o significado para a linguagem que usa, no caso matemática, à
medida que vai construindo o seu mundo experiencial.
Fazer matemática é expor idéias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar
procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto
de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que
faltam para resolver problemas, entre outras coisas. Dessa forma as crianças poderão tomar
decisões, agindo como produtoras de conhecimento e não apenas executoras de instruções.
Portanto, o trabalho com a Matemática pode contribuir para a formação de cidadãos
autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas.
atividades pré-numéricas;
Em relação à prática do concreto ao abstrato existe uma concepção que dissocia a ação física
da ação intelectual, dissociação que não existe do ponto de vista do sujeito. Na realidade, toda
ação física supõe ação intelectual. A manipulação observada de fora do sujeito está dirigida por
uma finalidade e tem um sentido do ponto de vista da criança. Como aprender é construir
significados e atribuir sentidos, as ações representam momentos importantes da aprendizagem
na medida em que a criança realiza uma intenção.
Apesar das crenças que envolvem a brincadeira como uma atividade natural e auto-instrutiva,
algumas investigações sobre seu significado, seu conteúdo e o conteúdo da aprendizagem em
Matemática têm revelado a aproximação entre dois processos com características e alcances
diferentes. O jogo é um fenômeno cultural com múltiplas manifestações e significados, que
variam conforme a época, a cultura ou o contexto. O que caracteriza uma situação de jogo é a
iniciativa da criança, sua intenção e curiosidade em brincar com assuntos que lhe interessam e
a utilização de regras que permitem identificar sua modalidade. Apesar de a natureza do jogo
propiciar também um trabalho com noções matemáticas, cabe lembrar que o seu uso como
instrumento não significa, necessariamente, a realização de um trabalho matemático. A livre
manipulação de peças e regras por si só não garante a aprendizagem. O jogo pode tornar-se
uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto visando a
uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de conhecimento,
alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário haver uma intencionalidade
educativa, o que implica planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar
objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe são decorrentes.
² As provas piagetianas referem-se a tarefas utilizadas por Jean Piaget para verificar se a
criança construiu os conceitos de conservação, classificação e seriação.
De um lado, propõe-se que o jogo é necessário para que as crianças aproximem-se do mundo
dos adultos e para que testem comportamentos, papéis e habilidades que reconhecem nos
seus pais, nas suas mães, nos educadores e nas educadoras, o que lhes permitirá incorporá-
Ios. Outras posturas, totalmente opostas, afirmam que a criança recorre ao jogo precisamente
para escapar desse mundo pouco gratificante e estrito dos adultos.
Segundo Bassedas, Huguet, Sole (1999), as duas explicações são interessantes e parecem
complementares: no jogo das crianças de dois a seis anos, há tanto uma aproximação ao
mundo e ao papel das pessoas adultas como um afastamento momentâneo da realidade imedi-
ata que, por sua vez, pode parecer rotineira, se comparada com a fantasia e a ilusão que pode
ser desenvolvida no jogo. Entre esses dois modos contraditórios de conceituar a atitude das
crianças, existem outras interpretações que explicam e ampliam os motivos pelos quais todas
as crianças jogam e sentem-se tão gratificadas com tal atividade.
Outro aspecto importante, é que o professor precisa estar atento quando oportunizar um jogo,
para direcionar a atividade, respeitando o tempo de cada criança na construção dos conceitos
e os objetivos que deseja atingir durante esta atividade.
Conforme esta afirmação, fica claro que muitos professores ainda trabalham de forma
tradicional os conceitos matemáticos, não permitindo que o aluno possa através do lúdico
vivenciar os conceitos matemáticos, para desenvolver seu raciocínio lógico e sua capacidade
de transformar – se em seres criativos.
Para poder falar de jogo, primeiro necessitaremos entrar em acordo sobre quando uma criança
joga e em que nos baseamos para fazer tal afirmação. Acreditamos que se pode falar de jogo
em uma grande variedade de situações e, muitas vezes, é discutível e difícil afirmar com toda a
segurança. Por isso, consideramos útil apresentar alguns critérios ou alguns signos externos
que nos permitam conceituar como jogo a conduta de uma criança.
O jogo é uma atividade que proporciona prazer e diversão. Joga-se pelo prazer do momento,
para distrair-se e divertir-se não por uma obrigação ou para conseguir objetivos alheios.
O jogo não responde a uma finalidade externa, é feito sem nenhuma finalidade concreta e não
está submetido a exigências ou interesses alheios. Essa ausência de exigências externas
implica também, uma certa liberdade de equivocar-se e de não cumprir as expectativas, o que
estimula a iniciativa e a invenção.
O jogo tem sempre uma característica imediatista: a criança joga aqui e agora, e não se
planejam objetivos aIheios ou diferentes no tempo. Interessa a ela mais a conduta em si
mesma do que os resultados ou o produto da conduta. De certo modo, ela dá mais importância
aos meios e à atividade em si mesma do que às finalidades que deseja conseguir.
Isso não quer dizer que ela não tenha finalidade; muitas vezes, essa finalidade modificando ou
trocando, porque adapta aos novos meios que a criança vai descobrindo.
O jogo deixa um amplo espaço à livre iniciativa e à liberdade dos participantes. Trata-se de
uma liberdade relativa, já que, muitas vezes, são as crianças mesmas que impõem limites e
regras ou determinam normas claras na atividade lúdica. Porém, geralmente, esses limites são
demarcados pelas próprias crianças, que os aceitam como necessários para poder jogar: não
como uma limitação, mas como uma base que o possibilita.
O jogo caracteriza-se, muitas vezes, pela simulação, por um "fazer de conta", pela sua própria
condição de semi-realidade e para possibilitar um mundo de fantasia, no qual os desejos
podem ser realizados graças à simulação e à ilusão. No jogo, transformamos o mundo exterior
para adaptá-lo às nossas necessidades.
Mesmo que tenhamos tentado definir o jogo para diferenciá-lo de outros tipos de atividade,
seguidamente nos damos conta de que, na prática, isso é bastante difícil, pois continuamente
surgem situações que poderíamos qualificar como jogo e que não respondem estritamente aos
critérios mencionados. É bem verdade que a criança, e por sorte também os adultos, misturam
o jogo com o trabalho, as brincadeiras com as obrigações ou realizam suas tarefas brincando e
de uma maneira mais descontraída.
Também podemos destacar que, para as pessoas adultas, todo o trabalho criativo possui um
componente lúdico; nesse caso, as fronteiras entre o jogo e trabalho ficam mais diluídas. Esses
critérios, pois, servem como uma orientação e uma referência, com todas as dúvidas e os
matizes que, certamente, encontraremos na realidade.
Segundo Vygotsky, o jogo cria uma zona de desenvolvimento próximo na criança, de maneira
que, durante o período que joga, está sempre além da sua idade real. O jogo contém em si
mesmo uma série de condutas que representam diversas tendências evolutivas e, por isso, é
uma fonte muito importante de desenvolvimento.
Tal fato acontece porque se trata de uma atividade que possibilita espaço para ensaiar, provar,
explorar, experimentar e, ao final, interagir com as pessoas e com os objetos que estão ao
redor da criança e que são um motor constante para as suas próprias necessidades de co-
nhecimento e de ação.
À medida que a criança cresce e desenvolve-se, o jogo também vai mudando e evoluindo. Em
um primeiro momento, preponderam os jogos sensório-motores, de caráter manipulativo e
exploratório que, aos poucos, assumirá um papel estruturador, conforme se vinculam os meios
e os fins (jogos de construção, de simulação e de ficção). Mais adiante, desenvolve-se no
sentido de que a criança vai elaborando e assumindo regras (jogos regrados), coordenando a
sua própria ação com a dos companheiros de jogo e planejando metas e objetivos concretos
(jogos esportivos, de cooperação e de competição, etc.).
Em geral, quando falamos de jogos, nessa idade, não estamos nos referindo-nos ao jogo
sozinho, e sim ao “jogo com...”, ao "jogo perto de ..."; referimo-nos a situações de jogos com
outras pessoas, com adultos ou crianças, com tudo o que isso traz de possibilidades de
interação e de relação: desde as possibilidades de imitar o jogo de outra pessoa como uma
proposta de organização conjunta para jogar.
Para que o jogo seja realmente um motor de desenvolvimento, pensamos que o fato de ser
social, de jogar com outras pessoas, é muitíssimo importante e necessário. Portanto, o jogo
proporciona benefícios no desenvolvimento e no crescimento das crianças pequenas. Favorece
as capacidades afetivas e emocionais, já que, através do jogo simbólico, com bonecos e
objetos variados - tal como explicam os psicanalistas -, as crianças revivem, reproduzem, ou
imaginam cenas ou situações da vida real. Essa simulação da realidade permite ir conhecendo,
aceitando ou testando novas maneiras de relacionar-se, de enfrentar os conflitos e situar-se no
seu contexto social e relacional.
Através do jogo, pode-se provar e ensaiar condutas e comportamentos, além de viver ou ver os
efeitos que os mesmos podem causar, sem as possíveis represálias.
Em todos esses jogos, a criança depara-se com pequenas situações nas quais precisa
resolver, relacionar e utilizar a linguagem como um motor autêntico do pensamento e do
conhecimento (fornecer e buscar informações, contrastar pontos de vista, antecipar
conseqüências das ações, planejar e coordenar ações, comprovar hipóteses, procurar soluções
e alternativas, etc.).
Atualmente, é bem aceito que, nas creches escolas, os meninos e as meninas jogam e
realizam atividades lúdicas diversas. Os motivos dessa aceitação, provavelmente, são
diferentes e nem todos coincidem na sua justificativa e necessidade; no item anterior, já
comentamos alguns benefícios dessa atividade ao desenvolvimento.
As professoras e as educadoras sabem que, se quiserem ter sucesso nas suas atividades,
deverão apresentá-las em forma de jogo para que as crianças se interessem e participem com
mais entusiasmo.
É por isso que muitas propostas didáticas dessa etapa estão baseadas no jogo, não porque
considera que ele tenha um valor em si mesmo, mas porque é um meio que permite alcançar
algumas finalidades educativas determinadas. Embora possamos aceitar que, enquanto a
criança pequena joga, ela aprende e desenvolve as suas capacidades, é conveniente que a
escola leve isso em consideração na hora de utilizar uma ou outra metodologia; por outro lado,
também pensamos que é melhor não abusar dessa utilização, para que o jogo não perca o seu
ingrediente de liberdade e de criatividade.
O brincar faz parte do universo da criança independente da realidade social, assim pensar em
utilizar as brincadeiras nas aulas de matemática é uma estratégia de ensino estimulante.
Segundo Smole, Diniz, Cândido (2000) que observando as crianças, lendo sobre como elas
aprendem, buscando formas de tornar mais significativa e prazerosa sua aprendizagem
matemática, convenceu-se cada vez mais da importância das brincadeiras e percebeu-se que
elas se constituíam na possibilidade de as crianças desenvolverem muito mais do que noções
matemáticas. Enquanto brinca, o aluno amplia sua capacidade corporal, sua consciência do
outro, a percepção de si mesmo como um ser social, a percepção do espaço que o cerca e de
como pode explorá-lo.
Brincar é tão importante e sério para a criança como trabalhar é para o adulto. Isso explica por
que encontramos tanta dedicação da criança em relação ao brincar. Brincando ela imita gestos
e atitudes do mundo adulto, descobre o mundo, vivencia leis, regras, experimenta sensações.
Antigamente, a brincadeira estava garantida pelo espaço nas casas, nas ruas, nos parques.
Hoje as crianças vêm sistematicamente perdendo o espaço, especialmente para o brincar
coletivo. Se eram comuns brincadeiras de corda, bola, bola de gude, pegador e outras, nas
ruas e quintais, atualmente elas já não têm lugar nos condomínios e apartamentos ou não
podem ser feitas por crianças que, fora da escola, têm que trabalhar cada vez mais cedo ou
realizar uma enorme quantidade de atividades extracurriculares.
Coincidência ou não, tem sido mais freqüente a reclamação por parte dos professores sobre
alunos que não conseguem se concentrar, não param quietos, são desorganizados e
desinteressados. Ainda que sem nenhuma pretensão de fazer uma justificativa formal, temos
pensado que alguns desses problemas podem diminuir se a escola, especialmente nas séries
iniciais, assumir que as brincadeiras sejam realizadas com freqüência pelos alunos.
Talvez na escola ainda não tenhamos atentado para o fato de brincadeiras e jogos como
amarelinha, pegador, corda terem exercido ao longo da história importante papel no
desenvolvimento das crianças e, por isso, ainda estejam tão distantes de todas as aulas.
De nossa parte, acreditamos também que brincar é mais que uma atividade lúdica, é um modo
para obter informações, respostas e contribui para que a criança adquira uma certa
flexibilidade, vontade de experimentar, buscar novos caminhos, conviver com o diferente, ter
confiança, raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que
haverá novas oportunidades para ganhar. Ao brincar a criança adquire hábitos e atitudes
importantes para seu convívio social e para seu crescimento intelectual e aprende a ser
persistente, pois percebe que não precisa desanimar ou desistir diante da primeira dificuldade.
Qualquer adulto que observe uma criança brincando percebe que esta situação contribui para
sua inserção social. Quando brincam, as crianças confrontam-se com uma variedade de
problemas interpessoais e sociais: "Quem vai ser o primeiro?"; "Por que não é minha vez
agora?"; "Ela não cumpriu o combinado".
Essas situações de conflito exigem que as crianças percebam que fazem parte de um grupo
que deve ser respeitado, ouvido; que devem ter respeito às regras; que precisam cooperar e
assumir suas responsabilidades com o sucesso ou o insucesso do que foi previamente
combinado. Brincar exige troca de pontos de vista, o que leva a criança a observar os aconte-
cimentos sob várias perspectivas, pois sozinha ela pode dizer e fazer o que quiser pelo prazer
e contingência do momento, mas num grupo, diante de outras pessoas, percebe que deve
pensar aquilo que vai dizer, que vai fazer, para que possa ser compreendida. A relação com o
outro, portanto, permite que haja um avanço maior na organização do pensamento do que se
cada criança estivesse só.
Todos esses aspectos que consideramos até aqui são essenciais para que a criança aprenda a
qualquer tempo, dentro e fora da escola.
A ação pedagógica em matemática organizada pelo trabalho em grupos não apenas propicia
troca de informações, mas cria situações que favorecem o desenvolvimento da sociabilidade,
da cooperação e do respeito mútuo entre os alunos, possibilitando aprendizagens significativas.
Acreditamos que uma das formas de viabilizar um trabalho assim é utilizar brincadeiras infantis.
Há ainda dois outros fatores que nos levam a propor as brincadeiras como estratégia de
trabalho em matemática, quais sejam, o reconhecimento de que atividades corporais podem se
constituir numa forma, numa rota para as crianças aprenderem noções e conceitos
matemáticos e que as aulas de matemática devem servir para que alunos de Educação Infantil
ampliem suas competências pessoais, entre elas as corporais e as espaciais.
A preocupação com a relação entre movimento corporal e aprendizagem, embora não muito
difundida em nossa sociedade, é antiga e pode ser encontrada em muitos pesquisadores do
desenvolvimento do conhecimento, tais como Celestin Freinet, Henri Wallon e Jean Piaget.
Piaget também apresentou uma análise da questão entre corpo e aprendizagem e estudou
amplamente as inter-relações entre a motricidade e a percepção. Para Piaget, o movimento
constrói um sistema de esquemas de assimilação e organiza o real a partir de estruturas
espaço-temporais. Em Piaget encontramos que as percepções e os movimentos, ao
estabelecerem relação com o meio exterior, elaboram a função simbólica que gera a
linguagem, e esta dá origem à representação e ao pensamento.
Piaget realça ainda a importância dos aspectos corporais na formação da imagem mental e na
representação imagética. Segundo ele, o vivido, integrado pelo movimento e, portanto,
introjetado no corpo do indivíduo, reflete toda uma relação com o meio que, valorizando as
regras e as representações psicológicas do mundo, dá lugar à linguagem.
Para esses autores os movimentos comunicativos dos gestos, da postura e das expressões
faciais são linguagens de sinais que as crianças aprendem a interpretar já nos primeiros anos
de vida e que podem aprimorar com o passar do tempo, se não forem inibidas pelas
imposições da linguagem oral.
A ampliação da noção de espaço faz com que a orientação corporal da criança evolua e a
possibilidade de estabelecer uma coerência entre os objetos e de poder efetuar operações com
eles - movimentá-Ios, situá-Ios, percebê-Ios espacialmente passa pela orientação do próprio
corpo, continuado por um sistema de eixos, vertical e horizontal. Estes eixos servem de base
para a constituição de um universo estável e exterior, no qual o sujeito se situa entre todos os
outros objetos.
Nesse sentido, poderíamos afirmar que não há espaço que se configure sem envolvimento do
esquema corporal, assim como não há corpo que não seja espaço e que não ocupe um
espaço. O espaço é o lugar no qual o corpo pode mover-se. O corpo é o ponto em tomo do
qual se organiza o espaço.
A imagem que a criança vai fazendo de seu próprio corpo configura-se pouco a pouco e é o
resultado e a condição da existência de relações entre o indivíduo e seu meio. A criança faz a
análise do espaço primeiro com seu corpo, antes de fazê-Ia com os olhos, para acabar por
fazê-Ia com a mente.
De fato, enquanto brinca, a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparação de
quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber
intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem de conteúdos relacionados ao
desenvolvimento do pensar aritmético.
Por outro lado, brincar é uma oportunidade para perceber distâncias, desenvolver noções de
velocidade, duração, tempo, força, altura e fazer estimativas envolvendo todas essas
grandezas.
No entanto, o eixo de conteúdos que pode ser mais ricamente explorado no trabalho com as
brincadeiras infantis é a geometria, que sempre estará presente nas atividades que requerem
noções de posição no espaço, de direção e sentido, discriminação visual, memória visual e
formas geométricas. Esse aspecto poderá ser percebido claramente na descrição das
brincadeiras, especialmente através das produções de crianças que em seus desenhos e
textos revelam a riqueza de percepções geométricas que desenvolvem dentro da situação de
cada brincadeira.
O brincar faz parte do universo da criança independente da realidade social, assim pensar em
utilizar as brincadeiras nas aulas de matemática é uma estratégia de ensino estimulante.
Segundo Smole, Diniz, Cândido (2000) que observando as crianças, lendo sobre como elas
aprendem, buscando formas de tornar mais significativa e prazerosa sua aprendizagem
matemática, convenceu-se cada vez mais da importância das brincadeiras e percebeu-se que
elas se constituíam na possibilidade de as crianças desenvolverem muito mais do que noções
matemáticas. Enquanto brinca, o aluno amplia sua capacidade corporal, sua consciência do
outro, a percepção de si mesmo como um ser social, a percepção do espaço que o cerca e de
como pode explorá-lo.
Brincar é tão importante e sério para a criança como trabalhar é para o adulto. Isso explica por
que encontramos tanta dedicação da criança em relação ao brincar. Brincando ela imita gestos
e atitudes do mundo adulto, descobre o mundo, vivencia leis, regras, experimenta sensações.
Antigamente, a brincadeira estava garantida pelo espaço nas casas, nas ruas, nos parques.
Hoje as crianças vêm sistematicamente perdendo o espaço, especialmente para o brincar
coletivo. Se eram comuns brincadeiras de corda, bola, bola de gude, pegador e outras, nas
ruas e quintais, atualmente elas já não têm lugar nos condomínios e apartamentos ou não
podem ser feitas por crianças que, fora da escola, têm que trabalhar cada vez mais cedo ou
realizar uma enorme quantidade de atividades extracurriculares.
Coincidência ou não, tem sido mais freqüente a reclamação por parte dos professores sobre
alunos que não conseguem se concentrar, não param quietos, são desorganizados e
desinteressados. Ainda que sem nenhuma pretensão de fazer uma justificativa formal, temos
pensado que alguns desses problemas podem diminuir se a escola, especialmente nas séries
iniciais, assumir que as brincadeiras sejam realizadas com freqüência pelos alunos.
Talvez na escola ainda não tenhamos atentado para o fato de brincadeiras e jogos como
amarelinha, pegador, corda terem exercido ao longo da história importante papel no
desenvolvimento das crianças e, por isso, ainda estejam tão distantes de todas as aulas.
De nossa parte, acreditamos também que brincar é mais que uma atividade lúdica, é um modo
para obter informações, respostas e contribui para que a criança adquira uma certa
flexibilidade, vontade de experimentar, buscar novos caminhos, conviver com o diferente, ter
confiança, raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que
haverá novas oportunidades para ganhar. Ao brincar a criança adquire hábitos e atitudes
importantes para seu convívio social e para seu crescimento intelectual e aprende a ser
persistente, pois percebe que não precisa desanimar ou desistir diante da primeira dificuldade.
Qualquer adulto que observe uma criança brincando percebe que esta situação contribui para
sua inserção social. Quando brincam, as crianças confrontam-se com uma variedade de
problemas interpessoais e sociais: "Quem vai ser o primeiro?"; "Por que não é minha vez
agora?"; "Ela não cumpriu o combinado".
Essas situações de conflito exigem que as crianças percebam que fazem parte de um grupo
que deve ser respeitado, ouvido; que devem ter respeito às regras; que precisam cooperar e
assumir suas responsabilidades com o sucesso ou o insucesso do que foi previamente
combinado. Brincar exige troca de pontos de vista, o que leva a criança a observar os aconte-
cimentos sob várias perspectivas, pois sozinha ela pode dizer e fazer o que quiser pelo prazer
e contingência do momento, mas num grupo, diante de outras pessoas, percebe que deve
pensar aquilo que vai dizer, que vai fazer, para que possa ser compreendida. A relação com o
outro, portanto, permite que haja um avanço maior na organização do pensamento do que se
cada criança estivesse só.
Todos esses aspectos que consideramos até aqui são essenciais para que a criança aprenda a
qualquer tempo, dentro e fora da escola.
A ação pedagógica em matemática organizada pelo trabalho em grupos não apenas propicia
troca de informações, mas cria situações que favorecem o desenvolvimento da sociabilidade,
da cooperação e do respeito mútuo entre os alunos, possibilitando aprendizagens significativas.
Acreditamos que uma das formas de viabilizar um trabalho assim é utilizar brincadeiras infantis.
Há ainda dois outros fatores que nos levam a propor as brincadeiras como estratégia de
trabalho em matemática, quais sejam, o reconhecimento de que atividades corporais podem se
constituir numa forma, numa rota para as crianças aprenderem noções e conceitos
matemáticos e que as aulas de matemática devem servir para que alunos de Educação Infantil
ampliem suas competências pessoais, entre elas as corporais e as espaciais.
A preocupação com a relação entre movimento corporal e aprendizagem, embora não muito
difundida em nossa sociedade, é antiga e pode ser encontrada em muitos pesquisadores do
desenvolvimento do conhecimento, tais como Celestin Freinet, Henri Wallon e Jean Piaget.
Piaget também apresentou uma análise da questão entre corpo e aprendizagem e estudou
amplamente as inter-relações entre a motricidade e a percepção. Para Piaget, o movimento
constrói um sistema de esquemas de assimilação e organiza o real a partir de estruturas
espaço-temporais. Em Piaget encontramos que as percepções e os movimentos, ao
estabelecerem relação com o meio exterior, elaboram a função simbólica que gera a
linguagem, e esta dá origem à representação e ao pensamento.
Piaget realça ainda a importância dos aspectos corporais na formação da imagem mental e na
representação imagética. Segundo ele, o vivido, integrado pelo movimento e, portanto,
introjetado no corpo do indivíduo, reflete toda uma relação com o meio que, valorizando as
regras e as representações psicológicas do mundo, dá lugar à linguagem.
Para esses autores os movimentos comunicativos dos gestos, da postura e das expressões
faciais são linguagens de sinais que as crianças aprendem a interpretar já nos primeiros anos
de vida e que podem aprimorar com o passar do tempo, se não forem inibidas pelas
imposições da linguagem oral.
A ampliação da noção de espaço faz com que a orientação corporal da criança evolua e a
possibilidade de estabelecer uma coerência entre os objetos e de poder efetuar operações com
eles - movimentá-Ios, situá-Ios, percebê-Ios espacialmente passa pela orientação do próprio
corpo, continuado por um sistema de eixos, vertical e horizontal. Estes eixos servem de base
para a constituição de um universo estável e exterior, no qual o sujeito se situa entre todos os
outros objetos.
Nesse sentido, poderíamos afirmar que não há espaço que se configure sem envolvimento do
esquema corporal, assim como não há corpo que não seja espaço e que não ocupe um
espaço. O espaço é o lugar no qual o corpo pode mover-se. O corpo é o ponto em tomo do
qual se organiza o espaço.
A imagem que a criança vai fazendo de seu próprio corpo configura-se pouco a pouco e é o
resultado e a condição da existência de relações entre o indivíduo e seu meio. A criança faz a
análise do espaço primeiro com seu corpo, antes de fazê-Ia com os olhos, para acabar por
fazê-Ia com a mente.
De fato, enquanto brinca, a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparação de
quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber
intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem de conteúdos relacionados ao
desenvolvimento do pensar aritmético.
Por outro lado, brincar é uma oportunidade para perceber distâncias, desenvolver noções de
velocidade, duração, tempo, força, altura e fazer estimativas envolvendo todas essas
grandezas.
No entanto, o eixo de conteúdos que pode ser mais ricamente explorado no trabalho com as
brincadeiras infantis é a geometria, que sempre estará presente nas atividades que requerem
noções de posição no espaço, de direção e sentido, discriminação visual, memória visual e
formas geométricas. Esse aspecto poderá ser percebido claramente na descrição das
brincadeiras, especialmente através das produções de crianças que em seus desenhos e
textos revelam a riqueza de percepções geométricas que desenvolvem dentro da situação de
cada brincadeira.
Pensamos que a brincadeira, para ser útil para as crianças, deve conter alguma coisa
interessante e desafiadora para elas resolverem; permitir que todos os jogadores possam
participar ativamente e desencadear processos de pensamento nas crianças possibilitando que
elas possam se avaliar quanto a seu desempenho. Deve ter um objetivo a ser alcançado e
permitir que as crianças usem estratégias, estabeleçam planos, descubram possibilidades, isto
é, a brincadeira deve ser permeada por diversas situações problema.
Talvez pudéssemos ter feito outra escolha, mas neste momento acreditamos que essas
brincadeiras são mais adequadas ao tipo de trabalho que desejamos fazer e mais diretamente
relacionadas a noções e conceitos que desejamos desenvolver. Brincar de faz-de-conta por
exemplo, deveria ficar exclusivamente destinado a outros momentos das atividades escolares.
As brincadeiras são apresentadas das variações mais simples até as mais comple xas e não
precisam ser esgotadas as de um mesmo tipo para se iniciar as de outro. O importante é que o
professor leia o trabalho todo e vá selecionando aquelas que são mais adequadas à sua turma,
podendo trabalhar com dois tipos de brincadeiras por semana.
É importante também que o professor abra espaço para brincadeiras que as próprias crianças
ou ele mesmo conheçam ou queiram inventar.
Enquanto brincam, muitas vezes as crianças não têm consciência do que estão aprendendo,
do que foi exigido delas para realizar os desafios envolvidos na atividade. Por isso, pedir que
alguma forma de registro seja feita após a brincadeira faz com que os alunos reflitam sobre
suas ações e permite ao professor perceber se eles observaram, aprenderam e se apropriaram
dos aspectos mais relevantes que foram estabelecidos como metas ao se planejar a
brincadeira escolhida.
A amarelinha é conhecida também como sapata, macaca, academia, jogo da pedrinha e pula-
macaco, e constitui-se basicamente em um diagrama riscado no chão, que deve ser percorrido
seguindo-se algumas regras preestabelecidas. A amarelinha é uma brincadeira que desenvolve
noções espaciais e auxilia diretamente na organização do esquema corporal das crianças.
A noção espacial que se forma a partir da relação da criança com o espaço está na base da
formação de aspectos importantes relacionados a localização espacial, coordenação motora e
lateralidade. Segundo Freire (1994), a criança saber orientar-se no jogo da amarelinha,
deslocando-se ora para um lado, ora para o outro, ora para a frente, ora usando as mãos, ora
os pés, significa ela poder desenvolver e utilizar sua inteligência corporal como resultado das
interações realizadas entre ela, criança, com seus recursos corporais, e os elementos do meio
onde brinca. Segundo Kamii (1991), a amarelinha propicia o desenvolvimento das crianças de
várias maneiras, pois é um jogo que:
exige que os jogadores pesquisem e descubram a quantidade de força que devem usar
ao jogar a pedra para acertar o alvo;
Para melhor aproveitamento da brincadeira antes de iniciar o jogo pela primeira vez a
professora deve fazer perguntas sobre ele aos seus alunos: Quem conhece a amarelinha?
Quais os tipos de amarelinha que vocês conhecem? Desenhem essas amarelinhas que vocês
conhecem. Como vocês riscam a amarelinha? Com o que vocês jogam amarelinha?
Através desse questionamento será mais fácil direcionar o trabalho, partindo do pressuposto de
que ele permitirá um contato mais direto com o conhecimento prévio do aluno. [Smole] sugere
vários tipos de amarelinha, porém vamos focar a amarelinha tradicional.
Faremos alguns comentários gerais, tais como: quais problemas propor às crianças enquanto
jogam, a importância do desenho como registro da atividade, a função das regras e como
organizar a classe para jogar. De modo geral, as amarelinhas podem ser realizadas com
crianças de quatro anos em diante.
Os recursos necessários para o jogo são simples: uma pedrinha, rodela de borracha ou
tampinha de garrafa para cada criança e um diagrama riscado no chão de acordo com o tipo de
amarelinha.
As crianças devem ser divididas em pequenos grupos de no máximo seis e cada grupo joga em
um diagrama. Essa organização evita que os jogadores esperem muito pela sua vez e se
cansem da brincadeira.
Uma última observação antes de passarmos às sugestões de atividades é sobre o fato de que
pular amarelinha não é simples para as crianças, que precisarão coordenar muitas ações -
jogar a pedra, pular com determinados movimentos e posicionamentos dos pés, ir e voltar,
lembrar de pegar a pedra, não pisar na linha, seguir a seqüência numérica -; por isso, não é de
um momento para o outro que as crianças começarão a pular com facilidade.
Há professores que optam por ensinar alguns movimentos básicos no diagrama e, só então,
iniciar o uso da pedrinha, introduzindo as regras progressivamente. É nessa hora, para auxiliar
as crianças, que o professor pode entrar na brincadeira e pular, pois, ao verem um adulto pular
corretamente, as crianças ganham parâmetros, podem imitar ações e tirar dúvidas.
Desenvolvimento da brincadeira:
As crianças devem decidir a ordem dos jogadores, ficando a primeira de posse da pedrinha.
Cada jogador, ao chegar a sua vez, se coloca atrás da linha de tiro, de frente para o diagrama,
e atira a pedrinha na casa número 1. Aproxima-se, então, do diagrama, saltando num pé só
sobre a casa número 1, onde está a pedrinha, sem pisar nela, caindo com os dois pés no 2 e
no 3, com um pé só no 4 e repetindo essa seqüência até chegar ao 10. Na volta, sem entrar na
casa número 1 nem pisar nela, ele deve pegar a pedrinha para voltar ao lugar de onde a atirou
e iniciar novamente a jogada. Deve agora arremessar a pedra à casa número 2, repetindo o
mesmo processo, e assim sucessivamente até chegar à última casa ou até errar, quando então
cede a sua vez ao seguinte.
Constituem erros jogar a pedrinha fora da casa desejada ou sobre uma linha da figura; apoiar-
se com os dois pés no interior de uma mesma casinha; trocar o pé de apoio durante o percurso
e esquecer de pegar a pedrinha.
Depois de cada criança ter tido sua vez, o primeiro recomeça da casa onde estava ao errar, e
assim por diante, até alguém alcançar o 10.
Vence quem terminar a amarelinha toda primeiro.
Ao propor o jogo pela primeira vez aos seus alunos, o professor pode valer-se de alguns
recursos, tais como:
colocar a classe em círculo e ir jogando com as crianças, convidando uma de cada vez
para fazer o percurso sem a pedrinha;
repetir o procedimento anterior, agora com a pedra;
verificar no grupo quais as crianças que conhecem a amarelinha e pedir para que
pulem, ensinando as outras.
Estas problematizações devem ser feitas aos poucos e podem ser repetidas algumas vezes.
Sugerimos que não sejam feitas problematizações enquanto as crianças jogam, para que a
atividade não perca sua característica de brincadeira.
Segundo Smole, Diniz, Cândido (2000), os alunos comunicam suas percepções quando a eles
são dadas diferentes oportunidades para fazer representações, para discutir se as
representações refletem o que pensaram, o que compreenderam, como agiram ou que dúvida
tiveram. Os tipos de registros sobre a brincadeira que sugerimos podem ser na forma oral,
através de desenho ou texto.
Oportunidades para falar na classe dão aos alunos chance de conectar suas experiências
pessoais com as dos colegas, refletir sobre o significado das ações que realizaram, avaliar seu
desempenho, ao mesmo tempo que ampliam seu vocabulário e sua competência lingüística.
Este é o momento no qual, acabada a brincadeira, o professor senta em círculo com os seus
alunos e conversa com eles sobre a atividade: "Como foi brincar?", "Quem gostou e por quê?",
"O que foi fácil?", "O que foi difícil?", "Quem não gostou?", "Todos brincaram
adequadamente?", "O que poderia ser melhor?", "Todos respeitaram as regras?", "Quais eram
as regras?".
O professor aproveita para falar sobre cooperação, vencedor, perdedor, respeito ao que foi
combinado. Também é aqui que se propõe um plano de quando voltarão a brincar novamente.
Nesse momento é fundamental que todos sejam estimulados a falar e a ouvir quem fala, para
que o professor possa organizar ou registrar se a brincadeira foi prazerosa, se deve trocar por
outra, que crianças não se mostraram envolvidas e por quê.
Nessa hora podemos observar também se os alunos utilizam conceitos e noções que se
expressam através da linguagem, como a mais, a menos, longe, perto, rápido, lento. Dessa
forma, as crianças fornecem indícios de se e como estão se apropriando das noções
matemáticas envolvidas na brincadeira.
Um desenho da brincadeira
Este é um recurso adequado para podermos auxiliar a criança a registrar o que fez, o que foi
significativo, tomar consciência de suas percepções.
O desenho de uma experiência é uma atividade para documentar vivências e tudo que nelas
for significativo: alegrias, perdas, dúvidas, percepções. O desenho dará ao professor a percep-
ção de que aspecto da brincadeira cada aluno desenhista percebeu com mais força.
A criança desenha e cria porque brinca. Para ela, a mesma concentração de corpo inteiro
exigida no brincar aparece no desenhar. Nesse sentido, o corpo inteiro está presente na ação,
"concentrado na pontinha do lápis", e a ponta do lápis funciona como uma ponte de
comunicação entre o corpo e o papel.
Sabemos também que o desenho para registrar uma vivência é muito significativo para a
criança na Educação Infantil porque é a sua primeira linguagem de expressão e comunicação
de suas percepções do mundo.
Sabemos ser imprescindível que todos os alunos saiam da escola como pessoas que
escrevem e utilizam a escrita adequadamente. Para isso, uma das ações que podemos realizar
é criar situações de contato, exploração e reflexão envolvendo a produção de textos que
permitam aos alunos se apropriarem da escrita, de seus códigos e de suas funções.
Essa, sem dúvida, já seria uma razão para propormos a produção de textos como forma de
registro nas aulas de matemática, no entanto, há outras.
Escrever sobre uma atividade auxilia os alunos a organizar suas reflexões, registrar suas
dúvidas, incompreensões e aprendizagens. O texto elaborado após a atividade serve para
registrar suas percepções sobre as brincadeiras. Ele pode ser feito coletivamente ou, se os
alunos já escrevem, individualmente. Caso não saibam escrever, o professor assumirá o papel
de escriba, mas quem cria o texto são os alunos.
Primeiramente, o professor faz uma lista das idéias referentes à brincadeira realizada, que
servirá como fio norteador da escrita. Depois, convida as crianças para ajudarem na
elaboração do texto, durante a qual intervém propondo discussões sobre a organização das
idéias, a pontuação e a ortografia das palavras. Além disso, o professor deve estar atento para
que as informações que aparecem no texto sejam explicitadas de forma clara e coerente com a
ordem dos acontecimentos. Ao final, o texto é lido para que as crianças possam retomar o que
foi relatado, verificar se todas as informações já foram discutidas e se tudo que desejam relatar
aparece no texto.
Finalmente, é feita uma matriz do texto que cada criança assina. Posteriormente, são
distribuídas cópias para que todos se apropriem do texto, que será lido em grupo.
Exemplos detalhados de registros feitos pelas crianças estão comentados em cada brincadeira.
Participar é importante
Algumas vezes, ao propor uma brincadeira, é importante que o professor participe junto com os
alunos, pois, ao fazer isso demonstrando prazer, o professor será encarado pelas crianças
como um companheiro mais experimentado, além de servir como modelo para elas, já que ele
sabe como brincar.
Este será também um bom momento para que o professor possa ter maior conhecimento das
reações do grupo e de cada criança em particular. Poderá perceber os diversos
temperamentos infantis. Os dois tipos mais encontrados são o da criança tímida e o da criança
dominadora.
Para a criança dominadora, que sempre deseja o papel principal, deve-se propor brincadeiras
que exijam a ação conjunta, provocando nessa criança a necessidade de trabalhar em grupo
como parte de um todo, como brincadeiras de roda ou com bola.
Quanto à criança tímida, o professor não deve forçar nem propor situações. Em geral, ao ver
que todas participam, ela se sentirá impulsionada a experimentar e aos poucos se envolver na
atividade. Um outro fator que a ajudará a sentir-se mais encorajada será a repetição da
brincadeira e o seu envolvimento com os colegas.
Conversando sobre o jogo: após realizar pela segunda vez a brincadeira com crianças de
cinco anos, a professora. reuniu seus alunos para conversar sobre as regras, como foi jogar, o
que foi fácil, oque foi difícil e como poderiam melhorar nas próximas vezes em que jogassem.
Veja abaixo algumas das falas dos alunos:
Profa: Agora nós vamos conversar sobre como foi para nós pular a amarelinha.
Quem quiser pode falar. Vamos tentar ver o que achamos, o que foi fácil e o que foi difícil.
Marco: Eu vi a gente pulando, a gente pulava nos números, eu achava difícil jogar a massinha
para não errar.
Bianca: Eu achei difícil trocar de pé pra cá e pra lá. Quase caí uma vez.
Lucas: Eu sabia os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, daí não foi difícil pular, só tem que ficar
cuidando pra não pisar na linha e não esquecer a massinha quando voltar.
Desenhando o jogo: os desenhos da amarelinha feitos por uma mesma criança de cinco
anos em momentos diferentes mostram que as representações pictóricas realmente evoluem
se os alunos tiverem chance de brincar muitas vezes, conversar sobre a brincadeira e sobre
seus próprios registros. O aluno representa no desenho a ampliação da noção de espaço que
vai acontecendo enquanto brinca e como o desenho reflete uma maior consciência corporal.
Quando dominam completamente as regras do jogo, descobri-se como fazer para, no espaço
que o papel lhe permitia, representar o diagrama e as pessoas, melhorando sensivelmente a
ocupação do espaço para fazer seu desenho. São detalhes como estes que mostram ao
professor que a criança está ampliando sua consciência corporal e seu conhecimento do
espaço.
O professor poderia ter interferido e dizer diretamente à criança como colocar seu nome ou
como desenhar a amarelinha, mas isto tiraria a possibilidade dessa rica construção do
conhecimento espacial pela qual ela passou. Assim, a interferência feita foi possibilitar que, nas
várias vezes em que desenharam, as crianças conversassem sobre seus desenhos,
expusessem as representações que faziam, observassem e comparassem os desenhos uns
com os outros, além de brincar de amarelinha muitas vezes. Acreditamos que este
procedimento auxilia a criança a evoluir em suas percepções e sua representação sem, no
entanto, tolher suas construções individuais.
Abaixo temos um texto extraído do diálogo com as crianças. Nessa produção, à professora
coube o papel de escrita, mas isso não significa que ela foi a autora do texto. Os autores foram
os alunos, que, coletivamente, criaram o texto que foi sendo registrado por escrito na lousa.
Texto Resultante do diálogo: nós conversamos sobre como jogar amarelinha. Depois, um de
cada vez, conforme combinado, ia pulando a amarelinha. Descobrimos as regras do jogo:
Não se pode pisar fora da amarelinha e nem onde está a massinha. Não se pode pisar
com os dois pés em uma casinha.
Só posso jogar a massinha em uma casinha de cada vez e tem que ser primeiro no I
(um), depois no 2 (dois), no 3 (três), no 4 (quatro), no 5 (cinco), no 6 (seis), no 7 (sete),
no 8 (oito), no 9 (nove) e no 10 (dez).
Textos como este são comentados e produzidos rapidamente pelas crianças, já que para elas a
situação da brincadeira e as regras estão muito arraigados. O trabalho do professor é articular
todas as informações e colocar o texto oral, na forma escrita.
Em função de novos paradigmas, a avaliação do ensino situa-se como uma das áreas cruciais
para a efetivação de mudanças. Avaliação e ensino têm recebido tratamento dicotomizado
como se fosse uma coisa e avaliação outra, e não elementos de um mesmo processo-ensino-
aprendizagem. Como se pudesse dizer “agora eu ensino, agora eu avalio” com propósitos
focalizados em direções distintas. (ERN apud SEMINÁRIOS EM REVISTA, 1999,p.31)
Não se pode negar que a prática escolar está vinculada às condições sócio-históricas pelas
quais passa o país. É sabido que a falta de materiais, apoio, credibilidade e os baixos salários
se impõem como obstáculos aos ensaios para a mudança. Contudo, a transformação só será
possível mediante tomada de posição e entendimento da avaliação como processual e
contínua.
Ficar alienado frente às propostas tradicionais reforça esta atual conjuntura educacional que se
potencializou histórica e culturalmente.Percebe-se, em relação a muitos educadores, uma
significativa resistência à mudança frente às novas tendências educacionais.
Para Sacristán e Gómez (2000, p.295), a prática da avaliação é explicada pela forma como são
realizadas as funções que a instituição escolar desempenha e, por isso, sua realização vem
condicionada por numerosos aspectos e elementos pessoais, sociais e institucionais; ao
mesmo tempo, ela incide sobre todos os demais elementos envolvidos na escolarização:
transmissão de conhecimentos, relações entre professores/alunos, interações no grupo,
métodos que se praticam, disciplina, expectativas de alunos/professores/pais, valorização do
indivíduo na sociedade, etc. Portanto, auxilia definitivamente a configurar o ambiente educativo.
Andrade (2002) relata que, durante décadas, se conviveu com uma organização escolar
seriada e um sistema de avaliação classificatória, em nome da justiça e da precisão.
Paradoxalmente, na escola, o professor ignora o desenvolvimento do humano-aluno, quando
manifesta o julgamento, que não é de vida ou de morte, mas possibilita ou não a continuidade
do crescimento daquele humano cuja formação a ele foi confiada.
Essa situação indica a dificuldade que professores têm para perceberem, refletirem e
ressignificarem práticas pedagógicas incorporadas no dia-a-dia, bem como a inovação na
metodologia tradicional de conceber a construção das aprendizagens, a aplicação de provas e
a atribuição de notas e médias. Assim também toda sociedade vem se manifestando no
mesmo sentido, ou seja, reagindo quando se fala em abolir o sistema tradicional de realização
de provas e atribuição de notas como um padrão de segurança que se estabelece sem se
refletir por quê.
A avaliação não é uma medida pelo simples fato de que o avaliador não é um instrumento, e
porque o que é avaliado não é um objeto no sentido imediato do termo. Todos os professores
deveriam, portanto, ter compreendido definitivamente que a noção de “nota” verdadeira quase
não tem sentido. [...] deve-se requestionar a natureza e o sentido da atividade de avaliação. Ela
não é uma medida. (HADJI, 2001, p.34)
Para Hoffmann (2001,p.177) a nota permanece não porque a percebam justa e possível, mas
porque não se evoluiu, de fato, no sentido da constituição de uma escola que visa promover e
não selecionar, da formação de um educador comprometido com as aprendizagens individuais
em seu sentido constitutivo e evolutivo.
O problema da avaliação é complexo. Não basta mudar a forma de avaliar, pois se estaria
apenas trabalhando a causa. Faz-se necessário, inicialmente, mudar a forma como é vista a
avaliação e suas reais funções. Se ela não for mais utilizada para coerção e autoritarismo,
conseqüentemente mudam, também, a postura e as concepções da escola frente à proposta
de trabalho. Dessa forma, a avaliação perde seu caráter de instrumento de poder e controle, e
escola, professores e pais passam a entender a avaliação como importante processo que visa
promover o avanço das aprendizagens. Muda-se, então, o foco dos objetivos da escola, de
uma avaliação classificatória para uma avaliação formativa. Dessa forma, desloca-se o eixo
das preocupações do professor de transmissor e verificador, para sujeito mediador do processo
ensino-aprendizagem, rumo à construção de novos conhecimentos.
Ainda segundo Hoffmann (2001, p.181), a elaboração e o uso dos instrumentos de avaliação
revelam, portanto, concepções metodológicas. Evoluem com a evolução dos métodos. Assim,
não aceitam mais os estudiosos em avaliação que se possa acompanhar e analisar processos
de aprendizagem através de registros classificatórios, como graus numéricos, fichas de
comportamento, pareceres roteirizados. Ou que se possam interpretar as idéias construídas
pelo aluno apenas por provas objetivas e corrigidas por gabaritos – instrumentos
classificatórios que não condizem com a complexidade do conhecimento.
O professor tem que estar comprometido com os alunos, na condição de sujeito comprometido
com a alteração da lógica social, porque o grande problema é que essa lógica da avaliação
seletiva incorporada socialmente dá respaldo para a permanência, no interior da escola, da
avaliação classificatória. Essa realidade só poderá ser superada quando educadores partirem
para uma concepção dialética de educação.
Enunciar que o aluno alcançou um conceito regular numa tarefa não é a mesma coisa que
apontar a ele, através de anotações, os aspectos a melhorar em suas respostas ou registrar no
diário de classe as noções a trabalhar com o aluno através de novas situações propostas. Na
primeira situação não se estabelece, efetivamente, uma relação de saber. Essas e muitas
outras questões precisam ser levadas em conta quando se discutem instrumentos de
avaliação. (HOFFMANN, 2001, p.181)
Educar assim passa a ser muito mais que uma simples tarefa de repassar conteúdos e cobrar o
que o educando decorou. Avaliar, hoje, é entendido como parte integrante do processo
educativo, tendo como real função verificar e apontar como se dão os processos de construção
das aprendizagens. Somente por meio dessa avaliação, considerada processual e contínua,
educadores assumem o papel de investigadores envolvidos com a mediação significativa para
o avanço da construção das aprendizagens, sejam individuais ou coletivas.
Também se observa que, algumas vezes, os professores são orientados em preencher e seguir
roteiros padronizados para redigir os pareceres descritivos, elaborando textos nos quais
precisam comentar sobre todas as crianças em relação a situações idênticas. O que acontece
é que acabam por relatar o cotidiano dos professores para dar uma satisfação aos pais e
coordenadores das instituições sobre as atividades desenvolvidas.
Essa tarefa de registro exercida apenas como enfoque burocrático é aliada à ausência de
formação teórica para ter condições de analisar o que acontece com a criança ou, mesmo, à
falta de preocupação com a observação sistematizada.
Momentos de avaliação
Como já dito anteriormente a avaliação pode ser feita em diferentes momentos e pode ter
diversas finalidades. A seguir falaremos dos três tipos de avaliação que são considerados
necessários na escola: avaliação inicial, avaliação formativa e a avaliação somativa.
Pode ser realizada quando se inicia uma atividade didática, quando se começa um novo curso
escolar; também em situações que ajudem a explicitar o que as crianças já sabem sobre o que
se quer ensinar. Essa primeira avaliação serve para relacionar o que se ensina na escola e o
que se aprende fora dela, com a intenção de favorecer aprendizagens o mais significativas
possível.
A avaliação inicial compreende, desse modo, diversas funções: utiliza-se para externar
informações sobre o que os meninos e as meninas de uma mesma turma sabem ou o que não
sabem; é útil para planejar, programar e apresentar melhor a atividade ou a unidade a ser tra-
balhada, além de proporcionar às crianças a darem sentido ao que se faz na escola e
envolverem-se mais ativamente nas atividades da aula.
Muitos professores realizam essa avaliação de uma maneira mais ou menos intuitiva, porém,
no contexto da atual reforma educativa, atribui-se a ela um papel indispensável na regulação
dos processos de ensino-aprendizagem nas aulas.
A observação não é entendida como passiva, mas de uma maneira ativa: quando se está
perguntando, ajudando-os, propondo coisas diferentes às diferentes crianças e detectando,
dessa maneira, a sua capacidade de receber ajuda, de aceitá-Ia e de aproveitá-Ia.
Esse tipo de observação participativa produz-se quando se ajuda uma menina a acabar um
quebra-cabeças; quando se diz a um menino que está tentando fazer uma casa para observar
um companheiro que também tenta fazer uma; quando se vai verbalizando as partes do corpo
a uma criança que está fazendo o desenho de uma pessoa e em muitos outros momentos, nos
quais se tenta verificar o que os alunos são capazes de fazer, quando são ajudados, ou quando
se faz uma atividade juntamente com eles.
Em situações como essas, não se avalia somente o que a criança sabe fazer sozinha, mas
também o que sabe fazer com a ajuda ou a interação de outras pessoas. Valoriza-se, como
disse Vygotsky, a "zona de desenvolvimento próximal" e o potencial de aprendizagem dos
alunos quando interagem com os outros ou recebem um pouco mais de ajuda.
É basicamente uma avaliação para emitir um juízo em relação ao aluno e aos seus progressos
em um momento determinado.
Conforme propusemos, também possui, evidentemente, uma função reguladora, pois serve
para replanejar o processo de ensino que foi realizado. Pode, dessa maneira, servir para
modificar a unidade didática que se havia planejado, quando se avalia que não foram atingidos
os objetivos previstos; ou pode alertar sobre a necessidade de retomar, em momentos
posteriores, determinados conteúdos trabalhados.
A avaliação somativa permite realizar uma valorização dos conhecimentos adquiridos pelos
alunos. Realiza-se ao final de uma atividade de ensino, seja um curso, um ciclo, uma quinzena
ou uma unidade didática. Permite estabelecer o grau de alcance de alguns objetivos
previamente estabelecidos sobre os quais supostamente se trabalhou no decorrer de um
espaço de tempo determinado. No final dos cursos da pré-escola, as atividades com lápis e
papel podem começar a ser um instrumento de avaliação somativa ao finalizar determinado
tipo de unidades didáticas.
Abaixo vamos pontuar uma pauta de observação geral de acordo com a idade referente à
linguagem matemática.
Agrupa objetos semelhantes: que critérios utiliza? (forma, medida, cor, uso, etc.). Consegue
fazer comparações a partir de semelhanças e/ou diferenças. Sabe descrever algum atributo de
determinado objeto/é preciso ajudá-la. Sabe diferenciar: muito/pouco, muitos/um/nenhum,
mais/menos. Consegue contar os objetos até.../agrada-Ihe contar. Sabe diferenciar:
grande/pequeno, comprido/curto. Reconhece: redondo, quadrado.
Linguagem matemática para grupo de 5-6 anos
Relações e medidas - tem interesse por explorar, comparar e relacionar os objetos e as suas
qualidades/não o demonstra. Às vezes/com freqüência/quase nunca/usa com exatidão o que
dizem as outras pessoas (descrição, comparação ou estabelecimento de relações entre os
objetos). Descreve propriedades e características dos objetos ou coleções com base em
diversos critérios/se for orientada. Pode reunir diversos objetos de maneiras diferentes,
trocando um critério do agrupamento. Pode ordenar um conjunto de objetos, utilizando diversos
critérios sucessivamente (forma, cor, medida, etc.).
Consegue construir até cinco ou seis elementos/equivoca-se e esquece o critério que deve
utilizar. Enumera diferenças e semelhanças entre os objetos: pela cor, pela forma, pelo material
e pela medida. Utiliza corretamente os conceitos grande/pequeno/médio; alto/baixo,
tudo/nada/algum, metade/dobro, comprido/curto, grosso/fino, muitos/ poucos/diversos/nenhum.
Pode comparar medida de três objetos/perde-se/somente o faz de dois em dois. A partir de um
conjunto dado, agrupa os elementos em dois ou três subconjuntos/esquece-se do
critério/mistura elementos.
Momentos de avaliação
Como já dito anteriormente a avaliação pode ser feita em diferentes momentos e pode ter
diversas finalidades. A seguir falaremos dos três tipos de avaliação que são considerados
necessários na escola: avaliação inicial, avaliação formativa e a avaliação somativa.
Pode ser realizada quando se inicia uma atividade didática, quando se começa um novo curso
escolar; também em situações que ajudem a explicitar o que as crianças já sabem sobre o que
se quer ensinar. Essa primeira avaliação serve para relacionar o que se ensina na escola e o
que se aprende fora dela, com a intenção de favorecer aprendizagens o mais significativas
possível.
A avaliação inicial compreende, desse modo, diversas funções: utiliza-se para externar
informações sobre o que os meninos e as meninas de uma mesma turma sabem ou o que não
sabem; é útil para planejar, programar e apresentar melhor a atividade ou a unidade a ser tra-
balhada, além de proporcionar às crianças a darem sentido ao que se faz na escola e
envolverem-se mais ativamente nas atividades da aula.
Muitos professores realizam essa avaliação de uma maneira mais ou menos intuitiva, porém,
no contexto da atual reforma educativa, atribui-se a ela um papel indispensável na regulação
dos processos de ensino-aprendizagem nas aulas.
A observação não é entendida como passiva, mas de uma maneira ativa: quando se está
perguntando, ajudando-os, propondo coisas diferentes às diferentes crianças e detectando,
dessa maneira, a sua capacidade de receber ajuda, de aceitá-Ia e de aproveitá-Ia.
Esse tipo de observação participativa produz-se quando se ajuda uma menina a acabar um
quebra-cabeças; quando se diz a um menino que está tentando fazer uma casa para observar
um companheiro que também tenta fazer uma; quando se vai verbalizando as partes do corpo
a uma criança que está fazendo o desenho de uma pessoa e em muitos outros momentos, nos
quais se tenta verificar o que os alunos são capazes de fazer, quando são ajudados, ou quando
se faz uma atividade juntamente com eles.
Em situações como essas, não se avalia somente o que a criança sabe fazer sozinha, mas
também o que sabe fazer com a ajuda ou a interação de outras pessoas. Valoriza-se, como
disse Vygotsky, a "zona de desenvolvimento próximal" e o potencial de aprendizagem dos
alunos quando interagem com os outros ou recebem um pouco mais de ajuda.
É basicamente uma avaliação para emitir um juízo em relação ao aluno e aos seus progressos
em um momento determinado.
Conforme propusemos, também possui, evidentemente, uma função reguladora, pois serve
para replanejar o processo de ensino que foi realizado. Pode, dessa maneira, servir para
modificar a unidade didática que se havia planejado, quando se avalia que não foram atingidos
os objetivos previstos; ou pode alertar sobre a necessidade de retomar, em momentos
posteriores, determinados conteúdos trabalhados.
A avaliação somativa permite realizar uma valorização dos conhecimentos adquiridos pelos
alunos. Realiza-se ao final de uma atividade de ensino, seja um curso, um ciclo, uma quinzena
ou uma unidade didática. Permite estabelecer o grau de alcance de alguns objetivos
previamente estabelecidos sobre os quais supostamente se trabalhou no decorrer de um
espaço de tempo determinado. No final dos cursos da pré-escola, as atividades com lápis e
papel podem começar a ser um instrumento de avaliação somativa ao finalizar determinado
tipo de unidades didáticas.
Abaixo vamos pontuar uma pauta de observação geral de acordo com a idade referente à
linguagem matemática.
Agrupa objetos semelhantes: que critérios utiliza? (forma, medida, cor, uso, etc.). Consegue
fazer comparações a partir de semelhanças e/ou diferenças. Sabe descrever algum atributo de
determinado objeto/é preciso ajudá-la. Sabe diferenciar: muito/pouco, muitos/um/nenhum,
mais/menos. Consegue contar os objetos até.../agrada-Ihe contar. Sabe diferenciar:
grande/pequeno, comprido/curto. Reconhece: redondo, quadrado.
Relações e medidas - tem interesse por explorar, comparar e relacionar os objetos e as suas
qualidades/não o demonstra. Às vezes/com freqüência/quase nunca/usa com exatidão o que
dizem as outras pessoas (descrição, comparação ou estabelecimento de relações entre os
objetos). Descreve propriedades e características dos objetos ou coleções com base em
diversos critérios/se for orientada. Pode reunir diversos objetos de maneiras diferentes,
trocando um critério do agrupamento. Pode ordenar um conjunto de objetos, utilizando diversos
critérios sucessivamente (forma, cor, medida, etc.).
Consegue construir até cinco ou seis elementos/equivoca-se e esquece o critério que deve
utilizar. Enumera diferenças e semelhanças entre os objetos: pela cor, pela forma, pelo material
e pela medida. Utiliza corretamente os conceitos grande/pequeno/médio; alto/baixo,
tudo/nada/algum, metade/dobro, comprido/curto, grosso/fino, muitos/ poucos/diversos/nenhum.
Pode comparar medida de três objetos/perde-se/somente o faz de dois em dois. A partir de um
conjunto dado, agrupa os elementos em dois ou três subconjuntos/esquece-se do
critério/mistura elementos.
Desse modo, nós, educadores, precisamos descobrir alternativas para lidar com situações
matemáticas de forma concreta e possibilitar à criança desenvolver autonomia para construir o
conceito de número.
Aprender os números não é uma tarefa fácil para as crianças, pois a combinação dos mesmos
é não aceitar regras e a seqüência é pouco flexível. Além dessas dificuldades, o número
apresenta diferentes funções, isto é, diferentes leituras podem ser feitas a partir dele. O número
pode se referir à quantidade de objetos, à representação de uma medida. Pode identificar uma
placa, um telefone. Portanto, para que a criança compreenda o conceito de número, é
necessário que o professor apresente situações do cotidiano que possibilitem a construção
desse conceito de modo natural, pois “devemos encorajar as crianças a pensarem sobre os
números e quantidades de objetos, quando estes forem significativos”. (KAMII & DEVRIES,
1991, p. 31)
Observando essa realidade, vemos que é preciso que a Educação Infantil oportunize a
manipulação de objetos como um recurso indispensável para a compreensão e construção do
número, como expressão de quantidade e de numeral como indicação de número. A criança,
inicialmente, precisa interagir com os objetos, estabelecer relações entre eles, em função de
suas qualidades (relação de semelhanças e diferenças) e qualificar coleções para,
posteriormente, ser capaz de realizar a operação mental que parte das noções ou proposições
simples para as mais complexas ou das partes para o todo, que permitem a consolidação da
estrutura do número. A criança, antes do período escolar, vivencia situações aritméticas
elaborando certas hipóteses a respeito de quantidades e de suas possíveis representações.
Desse modo, devemos encorajar as crianças a pensarem sobre quantidade quando sentirem
necessidade e interesse. É nessa fase entre 4 e 6 anos de idade que crianças demonstram
interesse em contar objetos e comparar quantidades.
Interpretando experiências realizadas por Kamii, podemos dizer que, nesse processo, a
colaboração do professor é fundamental para oferecer condições para que a criança possa
construir seu próprio conhecimento, ou seja, o professor pode criar um ambiente no qual a
criança desempenhe um papel importante e tenha a possibilidade de decidir por si mesma
como desempenhar a responsabilidade que aceitou livremente.
Nesse contexto, as crianças que são encorajadas a tomar decisões são também encorajadas a
pensar os conceitos matemáticos, como “primeiro”, “segundo”, “antes”, “depois”, “mais”,
“menos”. Isso é possível ser feito partindo das relações que as crianças criam autonomamente
na vida cotidiana quando participam de uma série de situações envolvendo números, relações
entre quantidades e problemas sobre espaço.
Nos estudos apresentados por Kamii (1992), fundamentados na teoria de Piaget, encontramos
que o nome e a escrita dos números se referem a um outro tipo de conhecimento: fazem parte
do conhecimento social. O mesmo autor ainda afirma que esse tipo de conhecimento é
adquirido por meio da transmissão social, e que desenvolver situações para as crianças
apenas memorizarem, relacionando o nome ao símbolo, saber escrever numerais, não dará
condições para que entendam os conceitos básicos para a sua compreensão da construção do
número.
Piaget (apud Kamii, 1991, p. 26) afirma que “o número é alguma coisa que cada ser humano
constrói através da criação e coordenação das relações”. Esta afirmação permite percebermos
que os alunos necessitam é de flexibilidade operatória de seus esquemas de assimilação e não
tanto de respostas aprendidas e de memorização. Se a criança construir a sua própria estrutura
lógica de pensamentos, tornar-se-á capaz de raciocinar logicamente em uma ampla variedade
de tarefas. Contudo, se ela for “treinada” a dar respostas corretas, não podemos esperar que
prossiga em direção a raciocínios matemáticos de níveis mais elevados. É essencial que a
criança aprenda a contar. Todavia, pesquisas demonstram que “a habilidade de dizer palavras
numéricas é uma coisa e o uso da aptidão é bem outra coisa” (KAMII, 1991, p. 51)
Nesse sentido, Piaget (apud BARROS, 1988, p. 87-95) classifica as estruturas cognitivas em
diversos estágios.
Cada estágio sustenta o estágio seguinte. Porém, o desenvolvimento não é linear nem
apenas quantitativo.
Há rupturas no modo de pensar, mudanças de qualidade provocadas pelo
desenvolvimento quantitativo de atividades. Por isso, as mensagens são interpretadas
de modos diferentes em cada etapa de desenvolvimento da criança. Entender esse
processo é fundamental para ensinar e aprender, considerando ser improdutivo e
inconseqüente desenvolver atividades com as crianças que ainda não estão no estágio
que favoreça as possibilidades para aprender.
Entendemos que somos seres diferentes e que não aprendemos todos ao mesmo
tempo. Cada criança tem o seu próprio tempo. É importante saber a necessidade de o
professor provocar situações que possam auxiliar a criança a progredir.
Segundo Louzada(1999) o trabalho educativo pode ser organizado de maneira que o currículo
leve em conta três aspectos:
1) Conceito de número conforme nos fala Piaget, a elaboração do conceito de número requer
compreensão por parte da criança da relação entre número e numeral. Isso significa que a
criança precisa construir conceitos numéricos ao interagir com materiais concretos e que
possibilitem a construção de conceitos de diferentes atributos: cor, forma, espessura, tamanho,
etc. Algumas atividades podem ser trabalhadas levando em consideração o conceito de
conservação, classificação, seriação. Nos módulos 22 e 23 aprofundaremos nestes conceitos
juntamente com exemplos de aplicação.
Um exemplo interessante para as crianças são as brincadeiras que envolvem contagem, tais
quais:
A galinha do vizinho
A pessoa que bóia faz a contagem até dez para que os demais participantes possam se
esconder.
Uma criança que assume o papel de fiscal faz a contagem e, num determinado tempo, pára de
contar e vira-se para verificar a melhor estátua.
Marcação de tempo por meio de calendários e pela rotina diária ao planejarem as atividades do
dia: qual o momento da atividade coletiva? Qual o momento da atividade diversificada? Que
horas vão ouvir histórias? Qual o horário do almoço? O que vem antes e depois de alguma
atividade? Quem chegou na escola primeiro e por último?
1. A brincadeira do barbante
Forma-se um círculo onde é entregue a uma criança um rolo de barbante. Essa criança deverá
escolher um colega para lançar o rolo e assim sucessivamente, formando, no final, uma grande
teia, que deverá ser desfeita pela criança, enrolando o barbante de volta no rolo e devolvendo o
rolo a quem lhe lançou.
No final do jogo, pede-se às crianças que representem a brincadeira numa folha de papel. O
que podemos observar com essa brincadeira?
Como as crianças se representarão no papel.
Como farão a entrega do barbante: correspondência um a um.
Piaget estabeleceu uma distinção fundamental entre três tipos de conhecimento considerando
suas fontes básicas e seu modo de estruturação: conhecimento físico, conhecimento lógico-
matemático e conhecimento social.
Assim, a fonte do conhecimento físico é externa à criança. Está no próprio objeto. Para
construir esse tipo de conhecimento, a criança irá focalizar uma determinada propriedade do
objeto e não dar atenção naquele momento às demais propriedades desse objeto (por
exemplo: focaliza-se na forma da bola, ignorando, naquele momento, para que serve, que cor
tem).
O conhecimento social refere-se ao nome e a escrita dos numerais, que é outro tipo de
conhecimento. Este conhecimento e é adquirido por meio da transmissão social, da utilização
da linguagem. São valores, normas sociais, regras, nomes dos objetos que a criança precisa
saber para se integrar com o meio. Desenvolver situações para as crianças apenas
memorizarem, relacionando o nome ao símbolo, saber escrever numerais, não dará condições
para que elas entendam os conceitos básicos e necessários para a compreensão da
construção do número. A compreensão do número exige um longo caminho a ser percorrido
pela criança.
Muitos adultos, inclusive professores, supõem que a habilidade de contar evidencia que a
criança possui condições de aprendizagem dos números e operações matemáticas. Porém, as
investigações de Piaget nos comprovam que a criança não pode conceituar adequadamente o
número até que seja capaz de conservar quantidades, tornar reversíveis as operações,
classificar e seriar.
Como abordado nas unidades anteriores, antes de nos preocuparmos com a leitura e escrita
dos números, faz-se necessário que a criança os compreenda e que por si própria descubra o
seu significado.
Cabe a nós, professores das séries iniciais, investigarmos e valorizarmos a forma de pensar
das crianças nas diferentes etapas de suas vidas para que possamos compreender a formação
dos mecanismos da mente e seu funcionamento no indivíduo; prepararmos atividades
adequadas às suas condições, as quais Ihes possibilitem a construção do conhecimento
através de ações físicas e mentais.
Como dito anteriormente, para desenvolver a noção de número, Piaget (apud KAMII, 1993)
reconheceu três conceitos básicos: a conservação, a seriação e a classificação. Nesta unidade
22 será abordado o conceito de CONSERVAÇÃO com sugestão de atividades para aplicar em
sala de aula. O conceito de SERIAÇÃO e CLASSIFICAÇÃO será em detalhes com atividades
no próximo módulo.
Exemplos de Atividades
Material:
Procedimentos
Variação - Entregar dois recipientes idênticos à criança e pedir-lhe que coloque a mesma
quantidade de líquido em ambos. Pedir que coloque quantidades diferentes.
Questionar: onde há mais? onde há menos? são diferentes ou parecem diferentes? como
posso fazer para torná-Ios iguais?
Material:
Procedimento
Propor a seguinte situação: se eu beber a quantidade que está no copo e você a que
está na taça, quem beberá mais? por quê?
Obs.: esta atividade poderá ser desenvolvida na hora do lanche, no momento em que o suco,
chá ou leite são servidos ou quando as crianças estão brincando na água ou na areia
(podemos substituir a quantidade de Iíquido por areia). Tornar a despejar o líquido da taça no
copo e discutir a situação com as crianças.
3 – Repartindo o bolo
Procedimento
Questionar:
- onde há mais massa: no bolo que vocês cortaram ou neste outro bolo?
- se eu comer este bolo inteiro e um de vocês comer todos os pedaços do bolo, feito pelo
grupo, quem comerá mais?
Material:
uma caixa vazia e tampinhas.
Procedimento
Questionar:
- o que podemos fazer para aumentar a quantidade de tampinhas na caixa? e para diminuir
esta quantidade?
Objetivo: perceber que uma mesma quantidade pode ser agrupada de diferentes formas.
Material:
Procedimento
Questionar:
Obs.: idem com outras quantidades; caso preferir não será necessário colar.
Material:
6 xícaras e 6 pires.
Procedimento
Apresentar o material.
Questionar se há pires para todas as xícaras.
Experimentar e justificar.
Empilhar os pires.
Questionar:
Material:
tampinhas de garrafa
Procedimento
Questionar:
Mas somente no período operatório (7-12 anos) percebe a inclusão de classes (quando inclui
subclasses numa classe), por exemplo num conjunto de seis maçãs e duas laranjas, há mais
frutas que maçãs, Dois todas são frutas.
1 - Salada de Frutas
Material:
frutas
Procedimento
Cada criança deverá colocar sobre uma mesa a fruta Que trouxe.
Observar.
Questionar:
Exemplos:
Obs.: a mesma atividade poderá ser realizada com flores, folhas de árvores, pedrinhas e
aproveitadas as situações ocorridas em aula.
Objetivo: determinar o tipo de material para realizar uma coleção para posteriormente
manipular os elementos e subdividi-Ios em coleções menores.
Material:
Procedimento
Conversar sobre coleções.
Questionar: quem já fez uma coleção? o que é uma coleção? como se faz?
3 – Classificando Materiais
Material
conjunto de botões
Procedimento
Exemplos
1) Critério: tamanho.
2) Critério: cor.
Obs.: outras atividades poderão ser realizadas substituindo botões por: caixinhas, latas,
tampas, vidros.
A seriação, como operação, ocorre aproximadamente aos 7 anos, quando a criança ordena os
elementos em uma série interruptamente, e, torna-se capaz de intercalar novos elementos e
compreende a transitividade - A < B, B < C, então, A < C: se o 1o. é menor que o 2o, o 2o
menor que o 3o, conclui que o 1o. é menor que o 3o.
1 – Organizando filas
Material:
próprios alunos.
Procedimento
Fixar uma delas e propor a introdução de um a um dos elementos da outra fila, sem
alterar a ordenação já efetuada.
2 – Ordenando materiais
Procedimento
Apresentar os objetos
Descrever o material
Brincar livremente
Ordenar o material
Apontar para um elemento e questionar: por que você colocou este elemento aqui?
Algumas perguntas são feitas quando refletimos com os professores de Educação Infantil sobre
sua prática de ensino de matemática.
Será que, mesmo antes de ser leitora, uma criança já é capaz de resolver proble mas
nas aulas de matemática?
Para uma criança, assim como para um adulto, um problema é toda situação que ela enfrenta e
não encontra solução imediata que lhe permita ligar os dados de partida ao objetivo a atingir. A
noção de problema comporta a idéia de novidade, de algo nunca feito, de algo ainda não
compreendido.
Vejamos um exemplo de como crianças de seis anos agem quando confrontadas com a
seguinte atividade: Repartir 27 objetos em 7 envelopes de maneira que não haja menos de 3
nem mais de 5 em cada envelope. Os primeiros processos que podemos observar nas
tentativas de resolução são muito diversos. Há crianças para as quais 27 é uma quantidade
grande, o que faz com que elas iniciem a resolução pensando em quantidades menores; há
crianças que distribuem os objetos um a um; outras põem o máximo de objetos nos primeiros
envelopes, outras dividem os objetos em montes de 3 ...
Na atividade de divisão apresentada, uma vez repartidos todos os objetos, certas crianças
verificam por si mesmas se há o número correto de objetos por envelope, ou notam que nem
todos os envelopes foram utilizados. Nesse caso, podem, entre outros métodos, recomeçar a
distribuição ou repartir os objetos em número excedente, ou fazer novos grupos de objetos e
utilizar para isso novos procedimentos.
Exemplo para crianças de 4 anos: repartir os lápis na hora de desenhar seria mais um fato
corriqueiro para a turma de 4 anos, se a professora não tivesse transformado o episódio em
uma situação de aprendizagem. Na hora de entregar o material ela pediu ajuda ao grupo
propondo a seguinte questão: Como fazer para que todos fiquem com quantidades iguais?
Alguém poderia ter sugerido colocar os objetos no centro da mesa ao alcance de todos em vez
de distribuir. Não seria uma saída? O importante é que as questões podem contemplar
diversas alternativas e todas devem ser acolhidas.
A decisão coletiva, porém, foi dar um objeto para cada um. As vezes, as crianças nem contam
com quantos cada um ficou, deduzindo que a divisão terminou quando não existe mais peça
sem dono. Da mesma forma que quando percebem que alguns ficaram com mais e outros com
menos, as crianças resolvem recomeçar o processo, dessa vez contando um por um. No fim às
vezes pode ocorrer uma surpresa: sobram lápis, e todos entram em contato com o conceito de
resto. Há casos que quem divide esquece de si mesmo e percebe que ficou sem nada. A
intervenção então deve ocorrer para que as crianças raciocinem sobre o que aconteceu e
procurem encontrar outros caminhos possíveis.
Exemplo para crianças de 5 e 6 anos: foi proposto a turma o jogo do boliche. O jogo tem
como objetivo derrubar o maior número de garrafas, lançando-se uma bola de uma certa
distância. O jogador faz pontos para cada garrafa derrubada.
De início, surgem vários problemas a partir das seguintes perguntas do professor: Como nos
organizaremos para jogar? Onde e como colocar as garrafas? Como marcar a posição do
jogador? Quem joga primeiro? Qual a ordem dos jogadores?
Frente a esse desafio, surgem diferentes estratégias para marcar os pontos feitos. As crianças
que não contam recorrem a um colega ou ao professor, algumas memorizam o total de
garrafas derrubadas, outras coletam palitos ou tampinhas em número igual ao de seus pontos
e outras ainda fazem registros mais elaborados, como traços no papel ou a grafia dos números.
Na classe, todos esses registros, que são sem dúvida respostas do problema proposto, são
socializados com o cuidado de valorizar igualmente todas as formas usadas pelas crianças.
Para organizar a marca dos pontos, o professor sugere uma tabela com o nome dos alunos
usando dois registros para marcar os pontos.
Os dados organizados desse modo favorecem várias problematizações que vão sendo
respondidas coletivamente ou por um aluno escolhido pelo professor: Quem fez mais pontos?
Quem fez quatro pontos? Quantas crianças fizeram dois pontos? E perguntas mais complexas,
como: Juntando os pontos de André e Mariana quantos pontos teremos? Quantos pontos
André fez a mais que Mariana? Quantos pontos Mariana precisa fazer para alcançar André?
Cada nova pergunta exige uma volta aos dados da tabela, contagens e compara ções de
quantidades.
Algumas perguntas simplesmente não fazem sentido para determinadas crianças; portanto,
essas perguntas não se constituem em um problema para elas. Isso pode ocorrer por vários
motivos, seja pela linguagem envolvida, pelo desinteresse da criança em relação à situação ou
pelos recursos de que ela dispõe para contar e operar com quantidades. De qualquer forma, o
professor observador pode retomar essas questões com outra linguagem, com atendimento
mais pessoal ou até em outra ocasião.
Essas questões, assim como as feitas durante a organização inicial do jogo, são problemas
que não possuem resposta única para as crianças e envolvem habilidades como formular
hipóteses, argumentar e avaliar a adequação de uma resposta, bem como o desenvolvimento
de atitudes como ouvir o outro, saber trabalhar de forma cooperativa e respeitar as regras
combinadas pelo grupo.
Uma outra observação, de natureza geral, diz respeito à proposição de problemas para alunos
não-leitores através da leitura do professor. Se o aluno não lê, o professor pode ler o problema
para ele e propor que, em uma folha, encontre um meio para expressar a solução. Também é
possível que algum aluno da classe faça a leitura e que todos discutam o problema oralmente.
Assim, ao ler o problema para os alunos, ou com eles, é preciso cuidar para que a leitura seja
isenta, isto é, o professor não pode tentar facilitar o processo, mas deve fornecer elementos
com os quais possam buscar, investigar, analisar e, por si mesmos, encontrar a solução para o
que foi proposto.
Uma última observação sobre a leitura dos problemas é que com freqüência, ao ler ou ouvir um
problema, o aluno encontra dificuldades porque não conhece os termos, ou palavras, que nele
aparecem. As dúvidas referentes a isso podem ser superadas com o uso de algumas
estratégias por parte do professor:
Levantar com o aluno as palavras desconhecidas, fazer uma lista e colocar ao lado de
cada uma o significado correspondente;
Dramatizar o problema;
Levar a classe a fazer uma leitura mais lenta do problema.
Com esse trabalho, acreditamos que o aluno irá formando hábitos de pensamentos que lhe
permitirão ganhar autonomia para a resolução de problemas ao mesmo tempo em que avança
na compreensão e no domínio dos processos de leitura. A última observação diz respeito à
freqüência desse trabalho em sala de aula. O ideal é que as problematizações sejam uma
constate nas aulas e que, no planejamento de toda semana haja uma situação-problema a ser
discutida e resolvida. Se desejamos que o espírito crítico dos alunos desenvolva-se juntamente
com a linguagem e os conhecimentos de natureza mais matemática, é preciso que os alunos
estejam regularmente envolvidos em momentos de trabalho que possibilitem atingir todas estas
facetas de sua aprendizagem.
Nesse ponto do trabalho explicitaremos os principais tipos de registros que podem ser
utilizados na Educação Infantil em atividades que envolvem a resolução de problemas. Ao
desenvolver processos de registro com os alunos, é importante destacar que uma das tarefas
básicas da escola é formar, em todas as áreas do currículo, crianças que sejam capazes de ler
e escrever com autonomia.
Assim, como já dissemos, ouvir, falar, ler e escrever são competências básicas para que os
alunos aprendam conceitos em qualquer tempo e servem tanto para leva-los a interagir uns
com os outros quanto para que desenvolvam uma melhor compreensão das noções envolvidas
em uma dada atividade, pois qualquer meio que sirva para registrar ou transmitir informação
incentiva a capacidade de compreensão e de análise sobre o que se está realizando. É nesse
contexto de valorização da comunicação nas aulas de matemática que [STOCCO] propõe
diversas possibilidades de registro em situações-problema.
O modo mais natural para a maioria dos alunos de Educação Infantil registrarem o que fizeram
ou pensaram é através da oralidade, porque quase todos chegam à escola com capacidade de
se expressar oralmente. Além disso, a linguagem oral é um recurso de comunicação simples,
ágil e direto, que permite revisões rápidas e que pode ser interrompido ou reiniciado assim que
se percebe uma falha ou inadequação.
Oportunidades para os alunos falarem nas aulas faz com que eles sejam capazes de conectar
sua linguagem, seu conhecimento, suas experiências pessoais com a linguagem da classe e,
progressivamente, com as expressões e o vocabulário específicos da área em que se está
trabalhando.
Particularmente em matemática, cada vez que se pede a um aluno para dizer o que fez e por
que, para verbalizar os procedimentos que adotou, para relatar enfim suas reflexões pessoais,
estamos permitindo que modifique conhecimentos prévios, reflita sobre o que fez e elabore
significados para as idéias e os procedimentos matemáticos envolvidos na situação que estiver
sendo trabalhada.
Na resolução de problemas, a discussão oral possibilita ainda que os alunos possam conhecer
diferentes processos de pensamento, testar hipóteses, explicitar o que sabem e quais dúvidas
apresentaram. Também estimula o exercício coletivo de escutar um ao outro, a confiança em si
mesmos, a capacidade de se exporem publicamente e discutirem diversos pontos de vista. No
caso específico da resolução de problemas, as resoluções orais fazem com que todos os
alunos tenham chance de, segundo seu próprio ritmo, compreender e resolver o problema
proposto.
Para estimular esse tipo de solução, o professor pode utilizar uma variedade de propostas; uma
delas é a caixa-surpresa, que consiste em o professor, ou um aluno, colocar um objeto dentro
de uma caixa fechada sem que os demais participantes vejam o que é. Ao resto do grupo cabe
tentar adivinhar o que há na caixa fazendo perguntas sobre o objeto, como, por exemplo: É de
comer? É de plástico? Serve para brincar? A pessoa que escondeu o objeto na caixa só pode
responder às perguntas da turma dizendo sim ou não. Com base nas perguntas feitas e nas
respectivas respostas, todos tentam descobrir o objeto escondido.
Nessas situações, é comum que algumas crianças falem mais que outras, que várias
estabeleçam relações e comecem a analisar a qualidade das perguntas feitas, que discutam
entre si as possíveis soluções para o desafio proposto. Assim, quanto mais estimuladas forem,
quanto mais curiosas ficarem, melhor serão as hipóteses levantadas e mais desafiador para
elas será encontrar a resposta.
Em uma classe de cinco anos que estava realizando a atividade da caixa-surpresa, uma
criança perguntou se o que havia na caixa era grande. Antes que a professora dissesse sim ou
não, uma segunda criança interferiu: Você acha que se fosse grande cabia aí nessa caixa?
Após esse tempo importante para que todos tenham a chance de pensar por si mesmos, o
professor pede que cada aluno diga como pensou e como propõe que o problema seja
resolvido.
Ao professor, cabe a tarefa de garantir a análise coletiva das respostas e a chance de que
todos que quiserem possam falar.
Veja algumas soluções apresentadas pelos alunos após pensarem algum tempo sobre a
solução:
Vai pela escada.
Senta e espera a luz voltar.
O registro escrito - em várias ocasiões nas quais os alunos de Educação Infantil resolvem
problemas, podemos propor o registro das soluções encontradas, ou do próprio processo de
resolução, em forma de texto escrito. Dissemos anteriormente que escrever em uma atividade
auxilia os alunos a organizarem suas reflexões, registrarem suas dúvidas e aprendizagens.
Assim, esse recurso em resolução de problemas aparece com muita importância quando, com
alunos de cinco ou seis anos, começamos a caminhar para registros mais sistemáticos da
resolução. O texto pode ser feito coletivamente, com o professor assumindo o papel de escriba,
ou individualmente, se os alunos já escrevem.
Podemos observar que traduzir por escrito os termos de um problema ou as relações entre os
números depende de uma aprendizagem que exige que tais relações tenham significado para a
criança. Esse significado, muitas vezes, é expresso por palavras ou desenhos antes de poder
ser traduzido por sinais.
Uma outra estratégia que podemos utilizar na Educação Infantil para ampliar a compreensão
dos alunos sobre a resolução de problemas é propiciar situações nas quais eles possam criar
seus próprios problemas nas aulas de matemática.
De modo geral, a formulação de problemas pelos alunos permite que desenvolvam habilidades
de comunicação oral e escrita e falem sobre o que lhes é significativo, estimulando sua
capacidade de analisar, interpretar e articular informações, uma vez que podem perceber o que
é importante na elaboração e na resolução de uma dada situação; que relação há entre os
dados apresentados, a pergunta a ser respondida e a resposta. Mais que isso, ao formular
problemas, os alunos sentem que podem participar das aulas de matemática não apenas como
resolvedores, mas também como pessoas que elaboram problemas.
Como em toda produção de texto, a elaboração de problemas necessita ser encara da como
algo desafiador e motivador. É preciso estimular a capacidade inventiva e questionadora dos
alunos, desenvolvendo na sala um clima de interação e respeito, no qual todos
possamparticipar e dar sua contribuição para produzir o texto.
As primeiras propostas de formulação de problemas devem ser planejadas com cuidado, uma
vez que as crianças podem demonstrar dificuldade em realizar tal tarefa por estarem
acostumadas apenas a resolver problemas e, também, por não serem escritoras.
Vejamos um exemplo de perguntas que os alunos elaboraram para uma gravura que contenha
uma sala de jantar com a mesa cheia de comida:
Vejamos as perguntas que crianças de seis anos elaboraram após terem resolvido, problema:
Cláudia tinha um gato e uma gata que estava grávida. Um dia, nasceram 8 gatinhos. Com
quantos gatos Cláudia ficou?
Criando um problema parecido - nessa atividade, após os alunos terem resolvido alguns
problemas de um mesmo tipo, o professor propõe que criem um problema parecido
coletivamente ou em grupos. Um exemplo disso são os problemas elaborados em grupo por
alunos de cinco anos após terem resolvido vários problemas do tipo O que é? O que é?
Individualmente. O que é? O que é? É vermelho, mas não é maça. Tem pintas pretas, mas não
é melancia?
João estava passeando de barco no rio. O barco furou e entrou muita água nele. Como
o João fez para se salvar?
Dada a proposta de elaboração, o professor organiza a classe para que todos apresentem suas
idéias, incentivando que falem, questionando quando necessário e registrando o texto de
acordo com o que é proposto pela classe, cuidando para discutir a escrita das palavras, a
ordem das idéias, onde vai a pergunta, etc.
Conforme percebe que seus alunos adquirem familiaridade e habilidade com a formulação de
problemas, o professor pode variar as propostas conforme indicamos a seguir.
Qual é a pergunta? - nessa proposta, o professor fornece alguns dados aos alunos, ou um
problema incompleto, e pede a eles que façam uma pergunta envolvendo os dados. Por
exemplo, o professor diz: Júlia estava sozinha na sala de aula e queria pegar um livro em cima
do armário. Os alunos são incentivados a criar perguntas para o problema.
É interessante que, ao ouvir e discutir com a classe as perguntas elaboradas, o professor anote
no quadro o texto juntamente com as respectivas questões e depois leia com a classe em voz
alta o problema completo.
Qual é o problema? - nesse caso, os alunos são incentivados a formular pequenos textos para
um problema a partir de dados fornecidos pelo professor ou, até mesmo, a partir de uma
resposta.
Por exemplo, o professor diz: Cachorro, quatro patas, três cachorros. Qual é o problema? A
partir daí, ele discute com a classe como fazer um problema. A classe pode criar um problema
como Um cachorro tem quatro patas, quantas patas têm três cachorros?
Uma outra possibilidade é dar aos alunos uma folha com desenhos ou recortes tirados de um
catálogo de brinquedos e, dada uma resposta, pedir que elaborem um. problema que tenha
aquela resposta. Por exemplo, ao mostrar a figura, o professor pode dizer: A resposta é 8
reais. Qual é o problema?
Vejamos alguns problemas desse tipo elaborados coletivamente por alunos de seis anos:
O grupo que conseguir um problema com informações da própria classe diz: Temos um
problema. Nesse momento, todos param para ouvir e resolver o problema, que será também
registrado por escrito no quadro.
Criando um história - o objetivo dessa atividade é que os alunos possam elaborar problemas
com textos mais longos e complexos, por isso a consigna diz que devem criar uma história que
é um gênero de texto familiar. Eles sabem que ela tem começo, meio e fim, é mais longa do
que uma frase. No entanto, como queremos que percebam o que é e como se elabora um
problema, dizemos aos alunos que nossa história deverá terminar com perguntas às quais
responderemos depois. A história pode ser criada a partir de uma figura, um teina ou um
assunto que seja de interesse dos alunos naquele momento.
Vejamos a seguir exemplos de dois problemas elaborados por crianças de cinco anos. Este foi
um dos primeiros problemas elaborados pelos alunos. Podemos notar que ele possui algumas
das características que marcam as histórias infantis, como começar com Era uma vez.
Notamos também que no texto há perguntas numéricas e outras não. Isso decorre do fato da
classe estar acostumada a resolver problemas desses dois tipos.
Nos dois exemplos anteriores, notamos que há perguntas que não podem ser respondidas
diretamente pelo texto e que exigirão discussões para serem respondidas. Nesse momento,
não há nada de errado em que isso aconteça e, mesmo em séries posteriores, os alunos terão
oportunidades de discutir a função das perguntas e sua relação com o problema.
Um dos aspectos que temos procurado enfatizar nessa proposta de resolução de problemas
para Educação Infantil é a importância da comunicação como forma de propiciar aos alunos
ampliarem sua compreensão a respeito de noções e procedimentos matemáticos. Ao
propormos que os alunos elaborem problemas, esse princípio não pode ser esquecido.
Os problemas formulados pelos alunos devem ser resolvidos pela classe, como propôs o
professor quando os alunos criaram o texto citado anteriormente: João estava passeando de
barco no rio. O barco furou e entrou muita água nele. Como o João fez para se salvar?
Eu tapava os buracos
eu pedia socorro pelo celular
Também é possível promover a troca dos problemas criados entre duas classes para que os
alunos resolvam problemas um dos outros. Os problemas podem ainda ser colocados em um
cartaz e expostos em local visível, reproduzidos para todas as crianças, ou mesmo formar um
pequeno livro de problemas elaborados pela classe ao longo do ano:
Esses procedimentos que criam um leitor para o problema elaborado, incentivam os alunos a
produzirem problemas cada vez melhores e mostram às crianças que" assim como ocorre com
a língua materna, os textos produzidos em matemática têm como função expor, registrar,
marcar uma posição e, por isso, é importante que sejam claros, precisos e bem elaborados.
Educação e Tecnologia
Com essas mudanças vertiginosas, mais importante que Aprender a Aprender é Aprender a
Desaprender. Só que aprender a desaprender é bem mais difícil. Crenças depois de
estabelecidas, não podem mais ser apagadas, só enfraquecidas. O mundo está se
transformando, novas descobertas acontecem e a distância entre o presente e o futuro se torna
cada vez menor.
É claro que a Tecnologia não é responsável por toda a transformação cultural que ela
impulsiona. A mudança tecnológica apenas cria novos espaços de possibilidades a serem,
então explorados, (no caso das novas tecnologias da informática seria, rede de computadores,
processamento de linguagem, inteligência artificial, hipertextos, multimídia...). O educador
precisa acompanhar a evolução tecnológica, para que o processo-ensino-aprendizagem ocorra
de forma eficaz.
É importante que esta tecnologia possa ser aplicada de maneira a contribuir para que o aluno
transforme seus pensamentos, desenvolva atividades criativas, compreenda conceitos, reflita
sobre eles e, conseqüentemente, crie novos significados. De nada adianta ter-se computadores
de última geração e programas moderníssimos, caso não se saiba como utilizá-los, e é o que
mais ocorre nas escolas.
O contato o com essas novidades amplia o horizonte dos educadores e acena como novas
possibilidades pedagógicas. A grande revolução que o computador promove é permitir uma
educação massificada no sentido de que há muita informação disponível e ao mesmo tempo
individualizada.
E, se levarmos em consideração que esses mesmos alunos hoje, serão profissionais no futuro,
em uma sociedade ainda muito mais informatizada, se faz imprescindível que a escola não a
ignore.
A instituição escolar tem como função formar os indivíduos de maneira a tornarem-se cada vez
mais agentes sociais criativos dinâmicos, participantes das transformações do seu tempo. A
rapidez da evolução científica e tecnológica do mundo é apreendida pelas crianças e
adolescentes, direta ou indiretamente, através dos meios de comunicação, independente de
sua classe social ou situação sócio-cultural. Tal fato faz com que algumas vezes a escola
pareça parada no tempo ou voltada para o passado, enquanto seus alunos vivem intensamente
o presente e vislumbram no futuro novas exigências, possibilidades e necessidades às quais a
Escola parece não ter condições de atender.
A escola não pode ignorar o volume de informação proporcionado pelos meios audiovisuais, já
que praticamente, os saberes cotidianos socialmente significativos formam parte do contexto
sócio-cultural do aluno na compreensão de sua realidade.
Não se trata, portanto, de simplesmente inserir no currículo escolar aulas de informática com
sentido profissionalizante, nem tampouco utilizar o computador como “máquina de aprender”,
numa pretensa atividade de auto-ensino, mas de colocar à disposição do corpo pedagógico um
poderoso auxiliar didático.
A escola tem um novo desafio: usar a informática como facilitador no processo de aquisição de
conhecimento bem como meio para auxiliar do processo ensino/aprendizagem. Porém, a
metodologia adequada é aquela onde há uma planejamento integrado às disciplinas
curriculares.
Na permanente busca pela qualidade do ensino, o professor sempre será o agente orientador
desse "novo" processo de ensino-aprendizagem e, para tal, a informática deverá sempre atuar
como um instrumento facilitador do processo e não como orientador. Para que seja aplicado
corretamente, o professor tem que estar atento a algumas questões de como aplicar o uso do
computador potencializando este recurso em suas aulas.
Com isso, vem à tona uma questão que deve ser criteriosamente refletida por todos nós
educadores e que diz respeito à forma como esses recursos têm sido utilizados.
A questão básica para os professores da atualidade é saber como aplicar a tecnologia. Já que
ela possui objetivos pedagógicos, educacionais, culturais e científicas. (ZACHARIAS, acesso
em 26 nov. 2007).
O uso pedagógico da informática na educação requer muito mais que bons projetos. A
finalidade real é a de propiciar um ensino inovador. E pode contribuir para esse fim se não for
convertida em uma finalidade por si mesma, atendendo meramente a expectativas de mercado
e sim, como conseqüência de decisões tomadas a partir de uma determinada maneira de
conceber e levar a termo uma prática de ensino.
8
Informática Educacional
Se, por um lado, o avanço tecnológico trouxe progressos, por outro exige o desenvolvimento de
novas competências, as quais vão muito além do lidar com a máquina. A velocidade desse
avanço faz com que grande parte dos conhecimentos adquiridos por alguém no início de sua
vida profissional logo se torne ultrapassada.
O computador exige que o aluno tenha participação ativa. Há uma mudança no "estilo"
das aulas. O cenário no qual o professor tem papel ativo e o aluno passivo pode ser
alterado quando se utiliza o computador como ferramenta de aprendizagem, pois não é
o computador que ensina o aluno.
Ele é a ferramenta com a qual o aluno executa uma tarefa, desenvolve e comunica
uma idéia, elabora um texto, pesquisa em um banco de dados ou resolve problemas.
Cada aluno tem a possibilidade de trabalhar em seu próprio ritmo. Quando o computador é
usado do como ferramenta, a aula não é igual para todos. Cada aluno pode construir seus
conhecimentos segundo seu próprio estilo de aprendizagem, expressar suas idéias ou resolver
um problema de acordo com o seu grau de conhecimento e interesse, no seu ritmo.
Texto, imagem, som e movimento podem ser articulados, criando uma verdadeira trama de
combinações. São muitos os programas que permitem o uso simultâneo de texto, ima gem e
som.
O computador facilita o registro, o arquivamento e a troca de informações. Não há dúvidas
quanto à capacidade de arquivamento dos computadores. Milhões de informações podem ser
arquivadas com facilidade em um disquete. Arquivar, consultar, modificar e copiar os trabalhos
de todos os alunos de uma classe ou de uma escola torna-se uma tarefa possível e simples
quando se utiliza o computador.
Tarefas mecânicas e cansativas podem ser executadas rapidamente. De modo geral, toda
tarefa repetitiva pode ser realizada pela máquina, poupando o tempo do usuário. Desenhar
várias vezes um polígono, apagar um texto, recortar e colar, copiar, mudar parágrafos de lugar
ou passar a limpo podem ser, em determinados contextos, tarefas mecânicas e, nesses casos,
podem ser realizadas pela máquina.
Uma das maneiras de alterar essa situação é enfatizar a ação criativa. Os alunos passam de
meros receptores de informações a alimentadores da máquina, tornando-se criadores de
produtos que ficam armazenados e podem ser utilizados por qualquer pessoa, principalmente
se a escola conta com os recursos da internet. Portanto, é preciso saber como, quando, onde e
por que utilizar o computador.
Nesse contexto de utilização criativa dos computadores, é preciso levar em conta a internet
como mais um recurso de trabalho e fonte de informação, favorecendo o desenvolvimento de
habilidades e ajudando a tornar a aprendizagem um processo coletivo.
A internet tem uma organização própria, não sofre filtragem ideológica ou censura e o usuário
pode seguir sua intuição e curiosidade na busca de informações continuamente atualizadas.
Há, portanto, necessidade de habilidades como: selecionar, organizar e analisar essas
informações para utilizá-Ias adequadamente. Nesse momento, o professor desempenha um
papel fundamental, pois é ele quem planeja e coordena o trabalho.
A informática inserida na educação infantil permite que a criança conheça o fascinante mundo
da informática de maneira fácil e agradável, já que, ao mesmo tempo em que é divertida utiliza
métodos lúdicos para fixar o conhecimento em torno das novas informações.
As crianças em idade pré-escolar são os seres humanos com a maior qualificação para
aproveitar de plenamente os benefícios do uso do computador. Ao contrário dos adultos, que
precisaram adaptar-se ao computador, muitas vezes com dificuldade, as crianças têm
facilidade e gostam de usá-lo. Seymour Papert (1994) chama o computador de máquina das
crianças e diz que elas são a geração da informática. Esse fascínio e a necessidade de
diversificar recursos para atender diversas formas de aprender são fatores que não podem ser
desconsiderados.
Por outro lado, atividades que podem ser executadas com lápis e papel ganham nova vida
quando realizadas com o computador. Não se trata de substituir es recursos, e sim de utilizar a
máquina como ferramenta que complementa e facilita o ensino para alcançar a aprendizagem.
Por que não aproveitar o interesse que computador desperta nas crianças para torná-Io um
aliado nas tarefas de ensinar e aprender?
Se colocarmos um adulto e uma criança frente a um computador, sem que nenhum deles tenha
tido qualquer contato anterior com a máquina, passando a explicar e demonstrar praticamente
a utilização da mesma e de um programa específico, em mais ou menos meia hora, a criança
se mostrará familiarizada com o computador e o aplicativo (logicamente adequado a seu nível),
evidenciando uma atitude de confiança e segurança frente ao equipamento.
Enquanto isso, o adulto, pode ter certeza, estará apenas tratando de familiarizar-se com a idéia
de as vezes usar o teclado, as vezes o mouse, pensando em quando deve fazê-lo, além de
demonstrar uma atitude de insegurança, como que temendo estragar, ou desmontar alguma
coisa. Para a criança trata-se de uma característica natural, ou seja, trata-se de outra atividade
lúdica, outro objeto interessante para manipular, explorar e projetar seu interesse em pela
descoberta.
Já, os adultos, trazem consigo uma carga de experiências negativas adquiridas ao longo da
vida, que acarretam a necessidade do fazer certo, evitar o erro. É por isso que precisam de
horas de capacitação, apenas para recuperar a confiança e acharem que tornaram-se capazes.
Deste modo, as crianças não precisam de cursos de capacitação (na verdade para adquirir
confiança, no caso dos adultos) para familiarizarem-se com o equipamento, podendo aprender
seu uso com facilidade a partir de atividades que explorem o gosto pela descoberta, usando
temas de interesse próprios dessa faixa etária, tão bem conhecidos de nossos professores ao
preparar-lhes exercícios para sala de aula. Estarão aprendendo a usar o computador, sem ter
aulas de informática, concomitantemente com a realização de atividades significativas para
elas.
O uso do computador na educação infantil trás benefícios para alunos, pais e escola.
Aos pais, a alegria de verem seus filhos adentrando, desde cedo, no fantástico mundo da
informática, melhorando seu desempenho escolar e se preparando para o futuro.
Para que o resultado seja positivo nenhum elemento do sistema pode ser desprezado. Sendo
assim, para conseguir bons resultados é preciso possuir um elenco de competências
essenciais, veja abaixo:
Princípios que devem ser adotados pelos professores quanto à didática do uso do computador:
ser compreendido pelos docentes como mais uma ferramenta para realizar e/ou
complementar a construção de conceitos em quaisquer áreas de atividades, através de
uma abordagem lúdica.
permitir a livre exploração pela criança do computador, como ferramenta para resolver
problemas ou realizar tarefas como desenhar, pintar, analisar, classificar, seriar,
abstrair, estabelecer relações, escolher alternativas de ação etc.
ter o projeto da Informática Educativa dirigido por um profissional que tenha não só o
conhecimento da máquina e de seus programas, mas que saiba como o aluno constrói
o seu conhecimento, as etapas do desenvolvimento infantil, para que se possa realizar
escolhas dos softwares adequados.
A partir dos estudos de Piaget, Vygostsky e Freire defendemos a idéia de ser possível mudar a
forma como nossos alunos se relacionam com o aprender, em especial, com o aprender
matemático.
Não são interessantes as ferramentas que guardam características de métodos de ensino que
privilegiam simplesmente a transmissão de conhecimento. Tais ferramentas provocam a falsa
idéia de “medir” as habilidades de memorizar e reproduzir, sem que se evidenciar a
compreensão.
O laboratório de informática deve ser um ambiente criado com o intuito de reunir os elementos
de motivação das crianças e utilizá-los em atividades de preparo para a leitura, para os
números, conceitos de lógica que envolve seriação, classificação, ordenação etc. È papel do
professor estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, intervindo para levantar
problemas que levem-no a formular hipóteses sempre que necessário.
Precisamos estar cientes que o uso do computador é útil para a realização de determinadas
atividades, ou seja, quando aquilo que for ser feito através dele, não possa ser melhor
realizado por outros meios. Nada pode substituir a manipulação concreta dos objetos, a
exploração e observação do ambiente físico e social, do corpo, da linguagem oral, do jogo, da
vivência de experiências reais e as interações daí decorrentes.
Daí advém a importância dos softwares escolhidos e o tipo de atividades por eles propostas, as
quais devem apresentar situações apropriadas para serem trabalhadas neste tipo de mídia.
Devem auxiliar as crianças na compreensão de conceitos, colocando novos desafios e
questionamentos.
Uma grande parte dos produtos comerciais possuem características muito heterogêneas,
muitos são traduções de outros idiomas, sem adaptações às características de nossa
realidade; outros ainda, limitam-se a utilizar algum personagem da televisão ou cinema, de
sucesso entre as crianças pequenas.
A primeira tarefa é a identificar a concepção teórica de aprendizagem que está subjacente a
ele, pois, para que um software seja educativo, deve ter sido concebido segundo uma teoria de
como o sujeito aprende, de como se apropria do conhecimento.
A pergunta que sempre devemos fazer é "podem esses programas ser chamados de
educativos" em que vão poder ajudar para que os objetivos educacionais sejam atingidos, a
aprendizagem que se adquire com seu uso pode ser transferida para outras instâncias
educativas ou situações da vida real? Na escola, cabe ao professor em conjunto com a
coordenação pedagógica e àqueles que trabalham com informática aplicada à educação
determinar os "supostos benefícios" do material.
1º) Considerações sobre o produto: O primeiro cuidado é não se deixar envolver pela
apresentação do produto. A utilização de frases de impacto, cores vistosas, descrições que
lembram contos de fadas, não passa logicamente do uso dos ditames da publicidade, pois são
postos no mercado para vender e bem!
2º) Indicação para faixas de idade muito amplas: Não confundir o fato de que um bom
programa educativo deve ser adaptável a diferentes níveis de desenvolvimento com aqueles
que apregoam usos por crianças na faixa de "2 a 7 anos". Em muitos casos o que vai se
encontrar é que o software não foi construído para nenhuma idade determinada, pois se o
fosse, seria praticamente impossível abranger atividades que estivessem de acordo e fossem
interessantes para uma faixa tão ampla de idade.
3º) Identificação da Modalidade do software: Embora não haja um consenso sobre como
"categorizar" os software educacionais, há sempre um conjunto de características que definem
diferentes tipos como, por exemplo, tutoriais, simulação, modelagem, linguagem de
programação, jogos etc.
Procure identificar quais dos aspectos citados abaixo são enfatizados pelo software:
memorização de conteúdos; atenção / concentração; pensamento lógico; resolução de
problemas; combinação de vários aspectos.
Qual o tratamento que é dado ao erro? Permite que a criança aprenda com seus erros
ou apenas verifica se alguma coisa "passada" pelo professor foi assimilada?
Permite a intervenção do professor como agente de aprendizagem, ou seja, permite a
intervenção do professor ou se apresenta como autônomo?
Criativo, Aberto - Associado à criação de novos esquemas mentais, possibilita a interação entre
pessoas e tecnologias compartilhando objetivos comuns, levando a um aprendizado
participativo. Normalmente estes softwares permitem modificações e adaptações de acordo
com as necessidades do professor.
5º) Em relação ao conteúdo: Verificar se apresenta algum tipo de preconceito religioso, racial
ou de sexo; Apresenta condutas violentas ou promove atitudes contrárias aos valores do
projeto educacional da instituição onde vai ser utilizado? O conteúdo é adequado e atrativo à
idade a que se dirige o programa? Apresenta múltiplos caminhos para a solução do problema?
Apresenta diferentes alternativas de uso para que não se torne cansativo para o aluno em
pouco tempo? Trata de temas que não fiquem obsoletos em curto prazo? Os conteúdos e as
atividades respondem às necessidades de ensino-aprendizagem dos níveis e áreas do
conhecimento a que se dirige?
6º) Aspectos técnicos: As telas são bem diagramadas? Os recursos de animação são de boa
qualidade? Os recursos de som são bem utilizados? O tempo de resposta é satisfatório? Todas
as opções estão implementadas? As instruções são apresentadas claramente? Interface
amigável? Contém material de apoio para o professor?
Vemos que avaliar um software para uso educativo exige muito mais do que conhecimento
sobre informática exige conhecimentos sobre as teorias de aprendizagens, concepções
educacionais e práticas pedagógicas, técnicas computacionais e reflexões sobre o papel do
computador, do professor e do aluno no contexto educacional.
Muito do que escrevemos neste texto aplica-se a qualquer tipo de software educativo, não só
aos destinados à Educação Infantil. Como sua instituição está avaliando o software que
utiliza? É importante que conscientizemos as instituições e seus educadores que a escolha de
software educativo está intimamente relacionada à proposta pedagógica que é desenvolvida.
Se a instituição não estiver atenta a todos esses fatores, está usando o software tal como o
livro didático, que muitas vezes não tem nada de educativo, além de gastar muito dinheiro que
nada vai acrescentar aos seus propósitos pedagógicos.
Os jogos devem ter como objetivo principal estimular, nas crianças, a construção de esquemas
raciocínio lógico-matemático, tornando a atividade escolar um momento alegre, participativo
enriquecedor.
As atividades lúdicas têm cada vez mais, o seu lugar garantido no processo de ensino-
aprendizagem, pois estas aliam o lazer ao desafio, operando com todos os tipos de inteligência
(Gardner, 1991): Inteligência lógico-matemática: interesse por problemas que envolvam
seqüências e ordenação; Inteligência lingüística: facilidade do uso da linguagem oral e
escrita; Inteligência espacial: interesse em quebras cabeças (formas de figuras planas e
sólidos); Inteligência intra-pessoal e interpessoal: habilidade de relacionar-se no grupo;
Inteligência musical: domínio de sons, alturas e tonalidades; Inteligência corporal
cinestésica: capacidade de apreensão de grandes e pequenos movimentos.
1º) Considerações sobre o produto: O primeiro cuidado é não se deixar envolver pela
apresentação do produto. A utilização de frases de impacto, cores vistosas, descrições que
lembram contos de fadas, não passa logicamente do uso dos ditames da publicidade, pois são
postos no mercado para vender e bem!
2º) Indicação para faixas de idade muito amplas: Não confundir o fato de que um bom
programa educativo deve ser adaptável a diferentes níveis de desenvolvimento com aqueles
que apregoam usos por crianças na faixa de "2 a 7 anos". Em muitos casos o que vai se
encontrar é que o software não foi construído para nenhuma idade determinada, pois se o
fosse, seria praticamente impossível abranger atividades que estivessem de acordo e fossem
interessantes para uma faixa tão ampla de idade.
3º) Identificação da Modalidade do software: Embora não haja um consenso sobre como
"categorizar" os software educacionais, há sempre um conjunto de características que definem
diferentes tipos como, por exemplo, tutoriais, simulação, modelagem, linguagem de
programação, jogos etc.
Procure identificar quais dos aspectos citados abaixo são enfatizados pelo software:
memorização de conteúdos; atenção / concentração; pensamento lógico; resolução de
problemas; combinação de vários aspectos.
Qual o tratamento que é dado ao erro? Permite que a criança aprenda com seus erros
ou apenas verifica se alguma coisa "passada" pelo professor foi assimilada?
Permite a intervenção do professor como agente de aprendizagem, ou seja, permite a
intervenção do professor ou se apresenta como autônomo?
Criativo, Aberto - Associado à criação de novos esquemas mentais, possibilita a interação entre
pessoas e tecnologias compartilhando objetivos comuns, levando a um aprendizado
participativo. Normalmente estes softwares permitem modificações e adaptações de acordo
com as necessidades do professor.
5º) Em relação ao conteúdo: Verificar se apresenta algum tipo de preconceito religioso, racial
ou de sexo; Apresenta condutas violentas ou promove atitudes contrárias aos valores do
projeto educacional da instituição onde vai ser utilizado? O conteúdo é adequado e atrativo à
idade a que se dirige o programa? Apresenta múltiplos caminhos para a solução do problema?
Apresenta diferentes alternativas de uso para que não se torne cansativo para o aluno em
pouco tempo? Trata de temas que não fiquem obsoletos em curto prazo? Os conteúdos e as
atividades respondem às necessidades de ensino-aprendizagem dos níveis e áreas do
conhecimento a que se dirige?
6º) Aspectos técnicos: As telas são bem diagramadas? Os recursos de animação são de boa
qualidade? Os recursos de som são bem utilizados? O tempo de resposta é satisfatório? Todas
as opções estão implementadas? As instruções são apresentadas claramente? Interface
amigável? Contém material de apoio para o professor?
Vemos que avaliar um software para uso educativo exige muito mais do que conhecimento
sobre informática exige conhecimentos sobre as teorias de aprendizagens, concepções
educacionais e práticas pedagógicas, técnicas computacionais e reflexões sobre o papel do
computador, do professor e do aluno no contexto educacional.
Muito do que escrevemos neste texto aplica-se a qualquer tipo de software educativo, não só
aos destinados à Educação Infantil. Como sua instituição está avaliando o software que
utiliza? É importante que conscientizemos as instituições e seus educadores que a escolha de
software educativo está intimamente relacionada à proposta pedagógica que é desenvolvida.
Se a instituição não estiver atenta a todos esses fatores, está usando o software tal como o
livro didático, que muitas vezes não tem nada de educativo, além de gastar muito dinheiro que
nada vai acrescentar aos seus propósitos pedagógicos.
Vários softwares oferecem programas que atendem aos objetivos mencionados. A seguir,
relacionamos alguns detalhes referentes ao ensino da Matemática:
As atividades lúdicas têm cada vez mais, o seu lugar garantido no processo de ensino-
aprendizagem, pois estas aliam o lazer ao desafio, operando com todos os tipos de inteligência
(Gardner, 1991): Inteligência lógico-matemática: interesse por problemas que envolvam
seqüências e ordenação; Inteligência lingüística: facilidade do uso da linguagem oral e
escrita; Inteligência espacial: interesse em quebras cabeças (formas de figuras planas e
sólidos); Inteligência intra-pessoal e interpessoal: habilidade de relacionar-se no grupo;
Inteligência musical: domínio de sons, alturas e tonalidades; Inteligência corporal
cinestésica: capacidade de apreensão de grandes e pequenos movimentos.