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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LAVRAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

PORTFÓLIO ACADÊMICO
PRESÍDIO FEMININO:
ARQUITETURA COMO FERRAMENTA DE RESSOCIALIZAÇÃO DE
MULHERES ENCARCERADAS NO BRASIL

KAROLINE SILVA CARVALHO

LAVRAS-MG
2020
UNILAVRAS
Centro Universitário de Lavras
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KAROLINE SILVA CARVALHO

PORTFÓLIO ACADÊMICO
PRESÍDIO FEMININO:
ARQUITETURA COMO FERRAMENTA DE RESSOCIALIZAÇÃO DE
MULHERES ENCARCERADAS NO BRASIL

Portfólio Acadêmico apresentado ao


Centro Universitário de Lavras, como
parte das exigências da disciplina
Metodologia da Pesquisa II, curso de
graduação em Arquitetura e
Urbanismo.

PROFESSORA
Profª. Drª. Luciana Aparecida Gonçalves Oliveira

ORIENTADORA
Profª. Ma. Bruna Resende Fagundes Pereira

LAVRAS-MG
2020
Ficha Catalográfica preparada pelo Setor de Processamento Técnico
da Biblioteca Central do UNILAVRAS

Carvalho, Karoline Silva.


C331p Presídio feminino: arquitetura como ferramenta de
ressocialização de mulheres encarceradas no Brasil/ Karoline
Silva Carvalho – Lavras: Unilavras, 2020.
110f.; il.

Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) –


Unilavras, Lavras, 2020.
Orientador: Prof. Bruna Fagundes.

1. Encarceramento feminino. 2. Ressocialização. 3.


Arquitetura penitenciária. I. Fagundes, Bruna (Orient.). II.
Título.
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KAROLINE SILVA CARVALHO

PORTFÓLIO ACADÊMICO
PRESÍDIO FEMININO:
ARQUITETURA COMO FERRAMENTA DE RESSOCIALIZAÇÃO DE
MULHERES ENCARCERADAS NO BRASIL

Portfólio Acadêmico apresentado ao


Centro Universitário de Lavras, como
parte das exigências da disciplina
Metodologia da Pesquisa II, curso de
graduação em Arquitetura e
Urbanismo.

Aprovado em ___/___/___

PROFESSORA
Profª. Drª. Luciana Aparecida Gonçalves Oliveira

ORIENTADORA
Profª. Ma. Bruna Resende Fagundes Pereira

LAVRAS-MG
2020
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Dedico à minha doce e querida mãe,


Valéria Helena Silva Carvalho (in
memoriam), que com toda sua
inteligência, bravura e amor, me
incentivou a buscar o conhecimento,
sempre dando ênfase de como o
mesmo é importante. Seu legado
sempre estará comigo.
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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo seu cuidado, sustento, e planos maravilhosos


para mim, especialmente durante todo o período de graduação.
Aos meus pais, Antônio Lemos de Carvalho e Valéria Helena Silva Carvalho,
por todo amor e carinho, e por terem se dedicado inteiramente à minha formação,
abrindo mão de conquistar muitas coisas para si mesmos, a fim de que eu
concluísse com êxito mais esta etapa.
Á Karine Silva Carvalho, irmã querida, que esteve comigo em todos os
momentos, ajudando e apoiando, com todo amor do mundo, lembrando-me nos
piores momentos, que sempre existe esperança, mesmo quando tudo parece
perdido.
Se hoje estou um passo mais perto de ser uma profissional, é por causa de
vocês. Serei eternamente grata.
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“Bem sei que tudo podes, e nenhum


dos Teus planos pode ser frustrado.”
Bíblia Sagrada (JÓ, 42:2)
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RESUMO

O aumento do encarceramento feminino no Brasil é uma realidade constante.


O número de mulheres presas cresce cada vez mais a cada ano. No entanto, as
demais instituições destinadas à aplicação de pena não estão preparadas para
receber essas mulheres, o que impossibilita o processo de ressocialização das
mesmas, diante da falta de estrutura básica adequada nas penitenciárias do país.
A problemática mencionada pode ser percebida na cidade de Lavras, em
Minas Gerais, que conta com apenas um presídio misto, sem um local adequado
para receber mulheres que irão cumprir processo de pena em privação de liberdade.
A fim de solucionar os problemas citados acima, promover o retorno “saudável”
dessa população para a sociedade e diminuir ao mesmo tempo, a reincidência
criminal, utilizou-se da arquitetura como principal ferramenta auxiliadora capaz de
mudar tanto realidade de vida dessas mulheres, quanto a realidade do espaço
prisional, elaborando uma proposta de um espaço que possa abrigar as
necessidades identificadas na cidade objeto desse estudo, favorecendo o campo de
pesquisa sobre encarceramento no Brasil e fomentando possíveis mudanças na
realidade brasileira.

Palavras-chave: Encarceramento feminino; ressocialização; arquitetura


penitenciária.
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LISTAS DE ABREVIATURAS

ADX Florence Administrative Maximum Facility


BR Rodovia Federal
INFOPEN Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias
Km Quilômetro
m² Metro quadrado
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vista superior – Prisão Storstrom. ............................................................ 37


Figura 2 – Arquitetura e área verde. .......................................................................... 39
Figura 3 – Planta Ala Tipo – Térreo. ......................................................................... 39
Figura 4 – Interior da edificação. Uso de cores vibrantes para quebrar a rigidez e a
monotonia do espaço penitenciário. .......................................................................... 40
Figura 5 – Interior da edificação. Uso de cores vibrantes para quebrar a rigidez e a
monotonia do espaço penitenciário. .......................................................................... 41
Figura 6 – Fachada principal. .................................................................................... 41
Figura 7 – Parte externa. Combinação de espaços verdes e áreas de convivência. 42
Figura 8 – Ambiente externo. Destaque para o uso de tijolos no revestimento das
paredes. .................................................................................................................... 42
Figura 9 – Uso de madeira ao estilo escandinavo..................................................... 43
Figura 10 – Fachada principal. Materiais e iluminação compõe um ambiente
confortável. ................................................................................................................ 43
Figura 11 – Interior de uma cela da Prisão Storstorm, com entrada de luz natural. .. 44
Figura 12 – Interior de uma cela da Prisão Storstorm em planta. Cela e banheiro. .. 45
Figura 13 – Banheiro do interior de uma cela da Prisão Storstorm. .......................... 45
Figura 14 – Espaço externo para atividades físicas. ................................................. 46
Figura 15 – Espaço externo para atividades físicas. ................................................. 46
Figura 16 – Espaço interno criado para momentos de reflexão e meditação dos
internos. .................................................................................................................... 47
Figura 17 – Interior da edificação – Capela. Aberturas de diferentes formas
possibilitam a entrada de luz natural e criam um ambiente harmônico. .................... 47
Figura 18 – Vista superior da Prisão Halden. ............................................................ 49
Figura 19 – Fachada principal. .................................................................................. 49
Figura 20 – Contraste entre a edificação e o entorno natural. .................................. 50
Figura 21 – Emprego de madeira e tijolo escuro na fachada. ................................... 51
Figura 22 – Madeira, tijolos escuros e vegetação. .................................................... 51
Figura 23 – Maquete eletrônica – Prisão Halden. ..................................................... 52
Figura 24 – Prisão de Halden – Edificação e paisagem do entorno. ......................... 52
Figura 25 – Prisão de Halden – Fachada principal.................................................... 53
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Figura 26 – Prisão de Halden - Interior de uma cela. ................................................ 53


Figura 27 – Prisão de Halden - Sala de estar compartilhada. ................................... 54
Figura 28 – Prisão de Halden - Laboratório de cozinha. ........................................... 55
Figura 29 – Prisão de Halden - Interior do supermercado. ........................................ 55
Figura 30 – Prisão de Halden - Detento preparando sua própria refeição. ............... 56
Figura 31 – Prisão de Halden - Sala de odontologia. ................................................ 57
Figura 32 – Prisão de Halden - Quadra de esportes. ................................................ 57
Figura 33 – Prisão de Halden – Muro com pintura. ................................................... 58
Figura 34 – Prisão de Halden – Espaço para leitura. ................................................ 59
Figura 35 – Prisão ADX Florence – Fachada Principal. ............................................ 60
Figura 36 – Prisão ADX Florence – Vista superior e perspectiva externa. ................ 60
Figura 37 – Prisão ADX Florence – Fachada Principal. ............................................ 61
Figura 38 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”. ........... 62
Figura 39 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”. ........... 63
Figura 40 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”. ........... 64
Figura 41 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”. ........... 65
Figura 42 – Prisão ADX Florence – Meios de comunicação dos detentos e materiais
empregados na composição arquitetônica das celas. ............................................... 66
Figura 43 – Prisão ADX Florence – Celas para atividades físicas. ........................... 67
Figura 44 – Prisão ADX Florence – Barra para atividades físicas. ............................ 67
Figura 45 – Prisão ADX Florence – Sala de visitas. .................................................. 68
Figura 46 – Interior de uma prisão brasileira ............................................................. 71
Figura 47 – Mapas de localização do Brasil e do estado de Minas Gerais. .............. 72
Figura 48 – População estimada da cidade Lavras - MG .......................................... 72
Figura 49 – Localização (vista superior) e fachada principal da penitenciária de
Lavras. ...................................................................................................................... 73
Figura 50 – Localização do presídio de Lavras na Avenida Matioli ........................... 73
Figura 51 – Mapa de Zoneamento de Lavras............................................................ 74
Figura 52 – Distâncias e tempo gasto do centro da cidade até a penitenciária de
Lavras. ...................................................................................................................... 74
Figura 53 – Mapa de localização de órgãos públicos próximos ao presídio da cidade.
.................................................................................................................................. 75
Figura 54 – Usos institucionais e comerciais no entorno imediato ao presídio ......... 75
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Figura 55 – Interior de uma prisão brasileira. ............................................................ 77


Figura 56 – Absorvente de miolo de pão usado pelas mulheres presas. .................. 78
Figura 57 – Superlotação no interior de uma cela. .................................................... 78
Figura 58 – Gravidez na prisão. ................................................................................ 79
Figura 59 – Penitenciária Feminina do Distrito Federal (Colmeia) / Crédito: Luiz
Silveira/Agência CNJ ................................................................................................. 80
Figura 60 – Mães e filhos na prisão .......................................................................... 81
Figura 61 – Rosa dos ventos..................................................................................... 84
Figura 62 - Localização do terreno em estudo. ......................................................... 84
Figura 63 - Localização do terreno – Vista superior. ................................................. 85
Figura 64 - Mapa de uso e ocupação do entorno imediato ao terreno. ..................... 86
Figura 65 - Classificação de vias do entorno imediato. ............................................. 87
Figura 66 - Distâncias entre o terreno em estudo e pontos importantes da cidade de
Lavras. ...................................................................................................................... 88
Figura 67 - Insolação e ventilação............................................................................. 89
Figura 68 – Setorização/Fluxos ................................................................................. 96
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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Total da população prisional feminina e masculina no Brasil em 2019. .. 19


Gráfico 2 – Evolução da população prisional segundo gênero. Brasil. 2000 a 2014. 21
Gráfico 3 – Evolução da população de mulheres no sistema penitenciário. Brasil.
2000 a 2014. ............................................................................................................. 22
Gráfico 4 – Encarceramento feminino anual, 2019. .................................................. 24
Gráfico 5 – Taxa de aprisionamento feminina por Unidade da Federação. .............. 24
Gráfico 6 – Total da população prisional feminina e masculina. Dezembro de 2019.25
Gráfico 7 – Faixa etária das mulheres privadas de liberdade no Brasil. .................... 26
Gráfico 8 – Taxa de aprisionamento da população feminina jovem e não jovem no
Brasil (por 100 mil). ................................................................................................... 26
Gráfico 9 – Etnia/ cor das mulheres privadas de liberdade e da população total. ..... 27
Gráfico 10 – Escolaridade das mulheres privadas de liberdade no Brasil. ................ 29
Gráfico 11 – Estado civil das mulheres privadas de liberdade no Brasil. .................. 29
Gráfico 12 – Número total de filhos daqueles que estão presos no Sistema
Penitenciário.............................................................................................................. 30
Gráfico 13 – Mulheres com deficiência física por situação de acessibilidade da
unidade prisional em que se encontram. ................................................................... 32
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução da população prisional por sistema. Brasil. 2000 a 2014. ........ 20
Tabela 2 – Tabela de pessoas privadas de liberdade no Brasil em junho de 2016
(homens e mulheres). ............................................................................................... 21
Tabela 3 – População prisional feminina. Junho 2016. ............................................. 23
Tabela 4 – Evolução da população de mulheres no sistema penitenciário. Junho de
2017. ......................................................................................................................... 23
Tabela 5 – Etnia/ cor das mulheres privadas de liberdade por cor de pele/etnia e UF.
.................................................................................................................................. 28
Tabela 6 – Pessoas com deficiência privadas de liberdade no Brasil. ...................... 31
Tabela 7 – Parâmetros Urbanísticos – Prefeitura de Lavras. .................................... 85
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LISTA DE SIGLAS

CIA Agência Central de Inteligência


CRAS Centro de Referência da Assistência Social
DEPEN Departamento Penitenciário Nacional
EPTV Emissoras Pioneiras de Televisão
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índices de Desenvolvimento Humano
UF Unidade Federativa
UPA Unidade de Pronto Atendimento
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 29
CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA ............................................................ 17
1.1. Arquitetura penitenciária no Brasil ................................................................... 17
1.2. Gênero e prisão: O crescimento do encarceramento feminino no Brasil ......... 18
1.3. O perfil e a realidade das mulheres que estão inseridas no sistema prisional
brasileiro .................................................................................................................... 25
1.4. A importância da humanização na arquitetura penitenciária para o processo de
ressocialização da mulher dentro da prisão .............................................................. 34
1.5. A educação e atividades sociais internas como meios de ressocialização do
indivíduo .................................................................................................................... 35
CAPÍTULO II – ESTUDOS DE CASOS .................................................................... 37
2.1. Prisão Storstrom / C.F. Moller ......................................................................... 37
2.2. Prisão de Halden ............................................................................................. 48
2.3. Prisão ADX Florence ....................................................................................... 60
CAPÍTULO III – PROBLEMÁTICA ........................................................................... 70
CAPÍTULO IV – PROPOSTA.................................................................................... 82
4.1. Diretrizes projetuais ......................................................................................... 82
4.2. Conceito e partido arquitetônico ...................................................................... 83
4.3. Análise e diagnóstico do terreno ..................................................................... 84
4.4. Programa de necessidades e pré dimensionamento....................................... 89
4.5. Fluxograma e Setorização ............................................................................... 96
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 99
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INTRODUÇÃO

O sistema penitenciário foi desenvolvido e criado como um espaço que


possibilite o cumprimento da pena aplicada à indivíduos que se encontram em
desacordo com a lei. Sua função não se restringe somente em aplicar punição aos
mesmos. As instituições penais devem auxiliar também a ressocialização desses
indivíduos. No entanto, elas não têm cumprido bem esse papel, a medida em que
não atendem bem aos objetivos que propiciem a ressocialização do sujeito, além de
apresentarem espaços que não asseguram os direitos básicos humanos
(Medonecky, 2014).
O conceito de prisão e seu sistema de atuação frente a sociedade não são
recentes, pelo contrário, é dotado de uma longevidade substancial (Engbruch e Di
Santis, 2012).
Ao questionar-se a respeito da instituição penal e seu modo de atuação na
sociedade, faz-se necessário recapitular e definir o significado da mesma. O termo
“prisão” pode ser definido de acordo com o Dicionário Nacional da Língua
Portuguesa Michaelis (2020), como ato ou efeito de prender, apreensão, captura,
detenção, medida judicial ou administrativa de caráter punitivo e restritiva de
liberdade. Pode ser compreendido ainda, como estabelecimento onde se cumpre a
pena de prisão, cárcere e casa de detenção.
Já para Capez (2004), a prisão pode ser definida como a privação da
liberdade de se locomover, dada por ordem escrita da autoridade competente ou
ocorrência de flagrante delito.
Até o século XVIII, antes de chegar-se ao atual modelo prisional, o direito
penal era exercido e manifesto segundo Engbruch e Di Santis (2012), através da
aplicação de penalizações desumanas e cruéis e, somente a partir do século XVIII a
privação da liberdade do indivíduo foi atribuída como instrumento de condenação,
extirpando-se as antigas técnicas de tortura e violência contra o corpo humano.
Segundo Motto (2010), os espaços penitenciários dos séculos XVIII e XIX não
consideravam as necessidades básicas humanas como questões importantes e
determinantes para a produção de sua arquitetura. O principal ponto a ser pensado
era a construção, a arquitetura em si. Os presos eram um acessório. O tratamento
destinado as pessoas em cumprimento de pena e as carências das mesmas, não
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determinavam a arquitetura. Pelo contrário, a arquitetura é que havia de determinar


o tratamento oferecido aos condenados.
A criminalidade não se delimita nas fronteiras de gênero, idade e etnia dos
indivíduos. Homens e mulheres integram o sistema carcerário (Calixto, 2016).
Percebe-se então, de acordo com Santos et al. (2017), que as mulheres se
encontram em situações ainda menos favoráveis no que se diz respeito à sua
própria sobrevivência dentro de presídios. Diante disso, torna-se necessário
compreender a atual condição em que o gênero feminino se encontra, quando
inserido em situação de cárcere privado no Brasil.
O encarceramento feminino tem aumentado muito ao longo dos anos. De
acordo com o Departamento Penitenciário Nacional – Infopen (2019), que é o
sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro, as prisões
brasileiras apresentam a 4ª maior população carcerária feminina do mundo, com
cerca de 42 mil mulheres presas. No entanto, as instituições destinadas a receber
estas mulheres não estão preparadas para integrá-las em seu sistema , visto que, o
mesmo ainda apresenta uma grande carência no que diz respeito à infraestrutura
básica, vagas disponíveis e condições dignas para a habitação humana, situações
que dificultam o processo de reabilitação das presidiárias.
Lamentavelmente, as políticas penais não dispõem de um olhar que seja
voltado para a realidade feminina de acordo com Santos e Pereira (2018). Por isso,
quando essa realidade deixa de ser compreendida, muitos problemas são originados
e outros reforçados. No entanto, essa situação pode ser mudada.
O presente trabalho tem como objetivo expor as reais condições do sistema
penitenciário brasileiro, com foco nas instituições penais voltadas para o público
feminino, de modo com que esse estudo auxilie a criação de um projeto
arquitetônico que vise melhorias na esfera prisional feminina dentro da cidade
Lavras, Minas Gerais. Nele estão retratadas as formas de viver das presidiárias
brasileiras, e a realidade do espaço prisional em que as mesmas estão inseridas,
pois entende-se que o período de privação de liberdade não precisa limitar-se
somente ao objetivo de punir. Mais do que isso, o período de privação de liberdade
pode ser ressignificado, de forma a permitir com que a justiça seja exercida e
aplicada, mas em um contexto de humanização e mudança comportamental positiva
das detentas, e esta mudança pode começar com a arquitetura, visto que não há
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como negar a significativa influência positiva que o projeto arquitetônico representa


para a transformação de uma sociedade ou de um espaço, assim como afirma
Bestetti (2014).
A partir deste pensamento, propõe-se realizar um modelo de penitenciária
que promova a ressocialização e respeite as mulheres em sua singularidade,
despertando um olhar mais humano para este espaço e para esta população, um
tanto quanto desprezada e esquecida.
No capítulo 1, intitulado como “Arquitetura penitenciária no Brasil” são
apresentados os principais problemas encontrados dentro das penitenciárias
brasileiras de maneira geral e também a situação de presidiários (as) frente a esse
espaço.
O capítulo 2 “Gênero e prisão: O crescimento do encarceramento feminino no
Brasil” aponta os principais motivos que desencadeiam a prisão de mulheres no país
e fornece registros a respeito da evolução do crescimento do encarceramento de
mulheres no mesmo.
O capítulo 3 “O perfil e a realidade das mulheres que estão inseridas no
sistema prisional brasileiro” relata qual o perfil da mulher presidiária brasileira. Nele é
possível compreender qual é o público carcerário feminino predominante nas
penitenciárias, em relação a etnia, idade, estado civil, cor e outros.
O capítulo 4 “A importância da humanização na arquitetura penitenciária para
o processo de ressocialização da mulher dentro da prisão” retrata a importância da
inserção da humanização dentro do espaço prisional para que o indivíduo atinja com
êxito o seu processo de ressocialização, (que é considerado um dos principais
objetivos das instituições penais).
O capítulo 5 “Educação e atividades sociais internas como meio de
transformação de indivíduos” aponta a importância da existência de trabalhos sociais
dentro da prisão e também da educação, de forma com que ambos auxiliem a
transformação positiva da mulher dentro desse espaço.

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CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA

1.1. Arquitetura penitenciária no Brasil

O modelo prisional idealizado, soma aproximadamente, mil metros quadrados


de área construída, e ocupa um terreno de 11,7 mil metros quadrados. O espaço é
normalmente organizado em três setores, sendo eles, externo, intermediário e
interno. Esses setores compreendem a 19% (942,50m²), 37% (1.849,00m²), e 44%
(2.188,50m²) da área construída (Cristiano, 2017).
Em relação a distribuição do espaço prisional no país entre os gêneros,
enquanto 74% das unidades prisionais são destinadas aos homens, somente 7%
são destinadas ao público feminino e os outros 16% são caracterizados como
mistos, ou seja, abrigam tanto homens quanto mulheres dentro de uma mesma
unidade prisional (INFOPEN, Mulheres, 2018).
Dados apresentados pelo Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias INFOPEN Mulheres (2018), revelam que, a maioria dos
estabelecimentos penais foram projetados para o público masculino, sendo
posteriormente adaptados para a custódia de mulheres.
Observa-se que as instituições penais não contam com espaços que
respondam às particularidades das mulheres. Grande parte das instituições
destinadas à elas não apresentem condições adequadas que atendam às gestantes
e que ofereçam apoio aos cuidados de mães e filhos (DIUANA et al., 2016).
Para Guimarães e Machado (2014), a desestruturação do sistema prisional
acaba por prejudicar a reabilitação do condenado. Uma cela individual, por exemplo,
deve ter uma área mínima de 6 metros quadrados, no entanto, a maioria dos
presídios do Brasil não atendem a esse quesito. Alguns problemas como a falta de
mínimas condições de higiene nos demais ambiente é uma realidade constante
nesses locais.
Para melhor compreensão do contexto geral da situação em que se
encontram os presídios brasileiros, o exemplo da penitenciária do Rio Grande do
Norte será tomado adiante como exemplo.
Uma investigação realizada pelo Conselho Nacional do Ministério Público
(2016), a partir de um ofício que foi enviado pelo Conselho Nacional de Justiça,

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avaliou o sistema carcerário do Rio Grande do Norte, e constatou diversas


irregularidades após realizadas as inspeções no local. Foram detectadas grandes
falhas no que diz respeito aos direitos humanos dentro da instituição, e chegou-se à
conclusão, de que vários Centros de Detenção Provisória deveriam ser
imediatamente fechados, por apresentarem inúmeras violações em relação a esses
direitos, constatando a existência de estruturas físicas que lembravam masmorras,
em um estado completamente deplorável.
O conselho relatou ainda, a existência de celas úmidas e superlotadas (com
uma lotação de até mesmo 300%). Identificou-se a ausência de distribuição de
materiais básicos para higiene, e acesso à saúde. Detectaram-se também, casos em
que pessoas que cometeram crimes brandos dividiam cela com as que cometeram
crimes gravíssimos, e ainda, situações em que gestantes e mulheres que haviam
acabado de dar à luz, dividiam cela com suas crianças (BRASIL, Conselho Nacional
do Ministério Público, 2016).
Os problemas citados anteriormente são encontrados em diversas
penitenciárias espalhadas pelo Brasil.
Outro problema constante no cenário prisional brasileiro é a prática do desvio
de verba destinado às melhorias dos espaços prisionais. Segundo dados do
Ministério Público sobre o sistema prisional (2016), é comum no Brasil, que os
Estados façam convênios com a União, para que sejam realizados investimentos em
seus sistemas prisionais. No entanto, execução dos projetos não é realizada e a
verba investida não é devolvida a esses Estados.

1.2. Gênero e prisão: O crescimento do encarceramento feminino no Brasil

Faz-se necessário ressaltar, que segundo pesquisas realizadas pelo Infopen


(2019), o Brasil apresenta a maior população carcerária feminina do mundo e ocupa
o terceiro lugar no ranking dos países que mais encarceram pessoas, ficando atrás
somente de países como Estados Unidos, China e Rússia.
De acordo com o Guia a para a Reforma em Políticas na América Latina e no
Caribe (2015), as mulheres das Américas estão ingressando em prisões por delitos
que tem relação com o tráfico de drogas em um ritmo de grande alarme e que o

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aumento deste encarceramento supera junto com o da região da Ásia o de qualquer


outra região do mundo.
Para Calixto (2016), a evolução do encarceramento feminino pode estar
associada à necessidade de renda extra devido ao menor ganho de salário em
relação aos homens, exclusão social e desemprego. Alguns casos de prisão de
mulheres estão relacionados ao consumo e dependências de substâncias como
álcool e drogas ilícitas e, nesse caso, os crimes são cometidos para sustentar essas
dependências.
Esse aumento também pode estar ligado segundo dados do Ministério da
Justiça – Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN (2011), ao uso de
entorpecentes. Os entorpecentes tem ligação direta com a maior parte da ocorrência
das prisões entre mulheres, enquanto os demais crimes tiveram menor expressão.
Considerando o quanto o encarceramento feminino cresceu (252%) em relação ao
masculino (115%), é possível perceber como as drogas contribuem para que as
mulheres ingressem nas prisões.
Ferreira (2015) aponta um outro motivo que justifica o envolvimento das
mulheres nos crimes e que consequentemente aumenta o número de prisões deste
mesmo público, que é o relacionamento amoroso destas mulheres com parceiros
envolvidos com tráfico de drogas. Elas se tornam cúmplices e parceiras de negócio e
na maioria das vezes, são flagradas ao tentarem levar drogas para seus
companheiros que se encontram detidos.
O total de mulheres detidas no Brasil no ano de 2019 pode ser conferido no
Gráfico 1.
Gráfico 1 – Total da população prisional feminina e masculina no Brasil em 2019.

Fonte: Levantamento de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário Nacional


- Infopen, Dezembro/2019.
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De acordo com registro de dados do Infopen (2019), o Brasil apresenta uma


população prisional de 748.009 pessoas. Deste número, 711.080 (95,06%)
representam pessoas do sexo masculino em sistema de privação de liberdade e,
36.929 (4,94%) representam pessoas do sexo feminino.
A fim de obter-se uma compreensão geral à respeito do aumento do
encarceramento feminino no Brasil, torna-se imprescindível apresentar e comparar
as informações obtidas pelo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias,
objetivando-se alcançar uma visão panorâmica a respeito do assunto, através de
dados que confirmam este aumento ao longo dos anos, mais especificamente de
2014 até 2019. A Tabela 1 evidencia o processo de evolução da populacional
prisional por sistema e auxilia no entendimento do mesmo.

Tabela 1 – Evolução da população prisional por sistema. Brasil. 2000 a 2014.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2014

Segundo dados registrados pelo Infopen Mulheres (2014), dos anos 2000 até
2014, a população carcerária masculina cresceu 220,2%, número equivalente a
542.401 homens, enquanto que, no mesmo período, o número de mulheres
encarceradas aumentou 567,4%, o equivalente à 37.380 mulheres em sistema de
privação de liberdade, ou seja, a população carcerária masculina no período em
questão, apresentou um dígito significativamente maior do que a feminina. Esse
crescimento da população prisional segundo gênero, pode ser compreendido
também por meio do Gráfico 2.

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Gráfico 2 – Evolução da população prisional segundo gênero. Brasil. 2000 a 2014.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - Ministério da Justiça. Dados do


Departamento Penitenciário Nacional -Infopen Mulheres, Junho/2014

Com base nos dados apresentados pelo Departamento Penitenciário Nacional


– Infopen Mulheres (2014), nota-se que a população carcerária, tanto feminina,
quanto masculina, cresceu expressivamente em um período de 14 anos, (dos anos
2000 até 2014). Em junho de 2014, a população prisional chegou a 579.787 mil
pessoas, (contabilizando homens e mulheres). Já em Junho de 2016, de acordo com
o Infopen mulheres (2014), esse número aumentou, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Tabela de pessoas privadas de liberdade no Brasil em junho de 2016


(homens e mulheres).

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - Ministério da Justiça. Dados do


Departamento Penitenciário Nacional -Infopen, Junho/2016
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Em Junho de 2016, segundo dados registrados pelo Infopen (2016), a


população carcerária brasileira (homens e mulheres) chegou a alcançar o total de
726.712 pessoas.
No ano de 2017, no mês de Junho, o número de presos apresentou uma
queda, totalizando 704.576 mil pessoas, segundo o Infopen (2017). No mesmo mês,
porém no de 2018, essa população voltou a crescer, totalizando 711.556 mil
pessoas em estado de privação de liberdade (Infopen, 2018).
Em Dezembro de 2019, (ano que a última atualização do Departamento
Penitenciário Nacional – Infopen foi registrada), o número de encarcerados no Brasil
cadastrou o número de 748.009 mil pessoas encarceradas (Infopen, 2019).
Ao analisar isoladamente o processo de crescimento da população prisional
feminina, observa-se que houve um aumento expressivo da mesma nos anos de
2000 até 2014 (Infopen, 2014). O Gráfico 3 exibe esse processo.

Gráfico 3 – Evolução da população de mulheres no sistema penitenciário. Brasil.


2000 a 2014.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, Ministério da Justiça. Dados do


Departamento Penitenciário Nacional - Infopen Mulheres, Junho/2014

Nota-se um substancial e gradativo aumento do número de mulheres que


ingressaram no sistema prisional, que representam no período de 2000 até 2014,
567% de toda a população feminina em situação de privação de liberdade (Infopen,
2014).
De acordo com o Infopen Mulheres (2014), no ano de 2014, haviam 37.380
mil mulheres presas. Já em 2016, segundo dados do Infopen Mulheres (2016), a
população prisional feminina aumentou, como demonstra a Tabela 3.

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Tabela 3 – População prisional feminina. Junho 2016.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, Ministério da Justiça. Dados do


Departamento Penitenciário Nacional - Infopen Mulheres, Junho/2016

Observa-se de acordo com a Tabela 2, que população prisional feminina em


sistema penitenciário chegou ao número de 41.087 mil, Infopen (2016). Já no ano de
2017, essa população diminuiu (Infopen, 2017). A Tabela 4 mostra confirma esse
dado.

Tabela 4 – Evolução da população de mulheres no sistema penitenciário. Junho de


2017.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, Ministério da Justiça. Dados do


Departamento Penitenciário Nacional - Infopen Mulheres, Junho/2017

Em Junho de 2017, haviam 36.612 mil mulheres privadas de liberdade em


sistema penitenciário. Infopen (2017). Em 2018, o número chega à
aproximadamente 42.000 mil presas. Infopen (2018). Com relação ao ano de 2019,
como dito anteriormente, foram registradas 36.929 mil mulheres encarceradas
(Infopen, 2019).
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Mesmo com a queda no número dessa população em alguns momentos, a


mesma continuou a subir, conforme o Infopen (2019). Esse crescimento é expresso
pelo Gráfico 4.

Gráfico 4 – Encarceramento feminino anual, 2019.

Fonte: Levantamento de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário Nacional


– Infopen Mulheres, Dezembro/2019

O encarceramento feminino aumentou significativamente ao longo dos anos


(Infopen Mulheres, 2019).
De acordo com o Infopen (2017), alguns Estados apresentam maiores taxas
de aprisionamento feminino em relação à outros, como pode ser notado na Gráfico
5.

Gráfico 5 – Taxa de aprisionamento feminina por Unidade da Federação.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional - Infopen Mulheres, Junho /2017.
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Compreende-se por meio de registros levantados pelo Infopen Mulheres


(2017), que o Estado do Acre é o que possui maior taxa de aprisionamento feminina,
com o total de 96,8%, seguido dos Estados de Roraima (93,4%) e Mato Grosso do
Sul (92,2%). Minas Gerais apresenta uma menor taxa (31,7%).
No Estado de Minas Gerais, a soma de pessoas presas totaliza 74.712,
segundo registros do Infopen (2019), assim como demonstra o Gráfico 6.

Gráfico 6 – Total da população prisional feminina e masculina. Dezembro de 2019.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, Ministério da Justiça. Dados do


Departamento Penitenciário Nacional - Infopen, Dezembro/2019

Desse total, 3.133 dessas pessoas presas, são mulheres, o que equivale à
4,19%, (Infopen, 2019).
De acordo com o Infopen (2019), na cidade de Lavras, o total de vagas no
presídio da cidade é de 122. Todas as vagas são destinadas ao público masculino.

1.3. O perfil e a realidade das mulheres que estão inseridas no sistema prisional
brasileiro

Com relação ao perfil das mulheres encarceradas no Brasil, faz-se necessário


reafirmar que em todos os estados brasileiros, a predominância de mulheres do
sistema prisional é do público jovem, de acordo com Infopen Mulheres (2017), assim
como aponta o Gráfico 7.
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Gráfico 7 – Faixa etária das mulheres privadas de liberdade no Brasil.

Fonte: Levantamento de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário Nacional


- Infopen Mulheres, Junho/2017

Segundo dados levantados pelo Infopen (2017), 25,22% possuem entre 18 a


24 anos, seguido de 22,66% entre 35 a 49 anos e 22,11% entre 25 a 29 anos.
Mulheres presas com até 29 anos de idade totalizam 47,33% da população
carcerária.
Com relação a taxa de aprisionamento por faixa etária, entende-se que a
maior parte de mulheres presas são jovens (INFOPEN, 2017). Essa taxa é exibida
no Gráfico 8.

Gráfico 8 – Taxa de aprisionamento da população feminina jovem e não jovem no


Brasil (por 100 mil).

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017
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A população jovem chega na marca dos cem mil, enquanto a não jovem
ultrapassa um pouco os vinte mil. (INFOPEN, 2017).
De acordo com dados levantados pelo Infopen (2017), em relação aos dados
sobre etnia e cor da população carcerária feminina no Brasil, o gráfico abaixo indica
que 48,08% das mulheres em situação de cárcere privado com informação sobre
raça/etnia no Brasil, são de cor/etnia pardas, seguido de 35,59% da população
carcerária de cor/etnia branca e 15,51% de cor/etnia preta, como mostra o Gráfico 9.

Gráfico 9 – Etnia/ cor das mulheres privadas de liberdade e da população total.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017

Quando somadas, as mulheres presas de cor/etnia pretas e pardas totalizam


63,55% da população carcerária nacional (INFOPEN, 2017)
O percentual de mulheres pretas e pardas se contrasta com as demais cores
ou etnias, em todos os estados (INFOPEN, 2017). A Tabela 5 exemplifica essa
questão.

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Tabela 5 – Etnia/ cor das mulheres privadas de liberdade por cor de pele/etnia e UF.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017

Observa-se que os estados do Amazonas, Acre e Sergipe concentram mais


de 85% de sua população prisional neste perfil, segundo o Infopen (2017).
Dados coletados pelo Infopen (2017), a respeito da escolaridade das
mulheres privadas de liberdade no Brasil, afirmam, que 44,42% destas possuem o
Ensino Fundamental incompleto, seguido de 15,27% com Ensino Médio incompleto
e 14,48% com Ensino 35 Médio completo, como exibe o Gráfico 10.
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Gráfico 10 – Escolaridade das mulheres privadas de liberdade no Brasil.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017

O percentual de custodiadas que possuem Ensino Superior completo é de


1,46% das presas. Mais da metade das mulheres que se encontram em custódia
possuem baixa escolaridade (INFOPEN MULHERES, 2017)
Segundo dados do Infopen Mulheres (2017), com relação ao estado civil das
custodiadas, é possível perceber, que se destaca o percentual de mulheres solteiras.
Já as presas que se encontram em união estável ou casadas, representam 32,6%
da população carcerária feminina, como mostra o Gráfico 11.

Gráfico 11 – Estado civil das mulheres privadas de liberdade no Brasil.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017
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As mulheres solteiras, representam 58,4% da população prisional, seguindo a


mesma tendência do segundo semestre de 2016. (INFOPEN, 2017)
A relação do número de filhos que as mulheres em sistema prisional
possuem, podem ser analisados no Gráfico 12.

Gráfico 12 – Número total de filhos daqueles que estão presos no Sistema


Penitenciário.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciária. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017

Entre as mulheres, 28,9% possuem um filho, acompanhado de 28,7% com


dois filhos e 21,7% com três filhos (INFOPEN MULHERES, 2017)
Com respeito ao percentual de mulheres em privação de liberdade com
deficiência, de acordo com Infopen Mulheres (2017), existem no Brasil 170 mulheres
com algum tipo de deficiência, como mostra a Tabela 6.

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Tabela 6 – Pessoas com deficiência privadas de liberdade no Brasil.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017

Do total de 170 mulheres, 15 são cadeirantes (INFOPEN, 2017).


Somente algumas instituições prisionais são adaptadas para receber
cadeirantes, de acordo com o Infopen Mulheres (2017), como mostra o Gráfico 13.

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Gráfico 13 – Mulheres com deficiência física por situação de acessibilidade da


unidade prisional em que se encontram.

Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Dados do Departamento Penitenciário


Nacional – Infopen Mulheres, Junho/2017

Apenas 8,2% das unidades são adaptadas para cadeirantes (INFOPEN,


2017).
Logo após a realização desse compilado de informações a respeito do perfil
da mulher brasileira encarcerada, surge a necessidade de ir um pouco mais a fundo,
a respeito do modo de sobrevivência das mesmas dentro destes espaços.
Para Risso (2019), as péssimas condições apresentadas pelo sistema
prisional brasileiro (com base na falta de estrutura e de um tratamento adequado
para as mulheres que se encontram em estado de privação de liberdade),
demonstram que os direitos humanos são constantemente “atacados” e não são
exercidos dentro desse sistema.
De acordo com Cerneka (2009), o sistema prisional brasileiro foi desenvolvido
por homens e para homens e, portanto, não atende às necessidades femininas, visto
que, homens e mulheres precisam de tratamentos diferentes, por serem indivíduos
naturalmente diferentes.
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As mulheres menstruam, tem filhos e são geralmente mais sensíveis que os


homens (PSICÓTER, 2010). Quando estas especificidades não são levadas em
conta, medidas desesperadoras são tomadas por partes das mesmas, como, por
exemplo, a utilização do miolo de pão como absorvente, devido à ausência de
fornecimento de kits básico de higienização (BRASIL, 2007).
Cruvinel (2018) afirma que os objetos de higiene pessoal e muitos outros
quesitos dentro dos presídios estão voltados para o público masculino, alegando
que, na história da estruturação do sistema prisional brasileiro, não houveram
preocupações com o bem estar da mulher e nem com o de sua família.
Para a autora, as detentas precisam de assistência médica especializada,
com alcance à exames e cuidados únicos referentes às condições biológicas
femininas, principalmente, devido ao fato de existir muitas lactantes e gestantes, que
precisam de um maior cuidado nutricional e médico, para o seu bem estar e também
de sua criança. Sendo assim, as mães precisam ter contato com seus filhos,
independentemente da idade destes.
De acordo com Varella (2015) a separação dos filhos é como um martírio para
as presas, pois para elas, o tempo que passam longe de seus filhos torna-se
irreparável. Elas não os podem ver crescer e esta é a dor mais pungente de todas.
Lopes (2004) citado por Zaninelli (2015), afirma que o desprezo é a resposta
institucional e também social para as mulheres que cometeram delitos, que ainda
são vistas como invisíveis dentro da sociedade.
Problemas como maus tratos, agressões e outros inúmeros tipos de violência
são praticados por agentes do Estados contra as mulheres encarceradas. No
entanto, espancamentos coletivos são menos comuns entre elas se comparado ao
público prisional masculino. O uso da força física ainda é um instrumento de poder e
autoridade, que somada às práticas relacionadas ao castigo, levam, muitas vezes, à
humilhação e exposição dessas detentas dentro dos presídios. Acontecem também,
violações gravíssimas contra as presas, não só quanto a integridade física, mas
também emocional (BRASIL, 2007).

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1.4. A importância da humanização na arquitetura penitenciária para o processo


de ressocialização da mulher dentro da prisão

Como relatado anteriormente, as penitenciárias brasileiras, especificamente


as que estão voltadas para o gênero feminino, se encontram em situações
extremamente desfavoráveis para a vivência humana, visto que, a maioria destes
espaços apresentam carências e lacunas, que devem ser preenchidas, nos mais
variados quesitos (CURY E MENEGAZ, 2017).
Santos (2007), pontua que a prisão, apesar de ter surgido como um modo de
punição mais humano, se apresenta de forma muito degradante e não exibe
condições que contribuam com uma integração social do preso de forma harmônica.
Diferente disso, coloca o indivíduo em uma questão de desonra, pois apesar de
“garantir” legalmente um tratamento humanizado, a prisão acaba por não cumprir
seu objetivo principal, que é o de corrigir os indivíduos desajustados.
O sistema prisional brasileiro precisa ser reformulado com urgência e para
isso, torna-se imprescindível a aplicação dos direitos humanos no sistema prisional,
principalmente diante de tantos problemas encontrados nestes ambientes, como
superlotação, estupros e rebeliões (NOVO, 2018).
Segundo Lima (2005), citado por Canter (1984), uma vez que todas as ações
do homem acontecem no espaço, cria-se uma ligação indissociável entre os
mesmos, que caracteriza a existência humana como espacial e, ao mesmo tempo,
racional, funcional e simbólica, incorporando expectativas, necessidades e desejos
humanos. Ainda segundo Lima, quando o homem desenvolve atividades no espaço,
ele cria lugares dotados de significados para si e a relação que ele desenvolve com
o mesmo pode afetar seu relacionamento social, interferindo nos demais eventos de
sua vida, de forma a facilitá-los, impedi-los ou condicioná-los.
De acordo com Silva (2017), conforme os anos vão se passando, o preso
tende a colecionar cada vez mais marcas negativas em seu psiquismo. Decorrente
disso, vem a necessidade de se humanizar o espaço penal, transferindo para ele o
espírito humano. Para o autor, a situação de aprisionamento em que o indivíduo é
inserido fere sua identidade, devido aos obstáculos que são impostos entre ele e o
mundo externo.

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O Ministério da Justiça (2011), recomenda, através da Resolução nº 9 de 18


de novembro de 2011, algumas regras gerais para humanização de espaços
penitenciários como, por exemplo, fazer o uso de áreas verdes visando humanizar o
ambiente diário da pessoa presa sem que as particularidades relacionadas à
segurança sejam deixadas de lado. Estas áreas verdes podem ser as mesmas
utilizadas para atender a taxa de permeabilidade do terreno, considerando ainda,
que, além das celas, deve-se existir áreas para lazer diário, pátio e refeitório.
Subsolos devem ser evitados por questão de salubridade. Devem ser evitadas
também, barreiras visuais que criem pontos cegos em áreas de segurança, entre
outros.
As diretrizes destinadas à elaboração de projetos penais incentivam o uso de
cores e o emprego de vegetação discreta na busca pela humanização do ambiente
penal. O cuidado com o design do mobiliário e também das cores podem contribuir
para que a permanência na prisão seja menos árdua, tanto para os presos, quanto
para os funcionários, além de permitir um laço positivo do indivíduo com o ambiente
(VIANA, 2009).

1.5. A educação e atividades sociais internas como meios de ressocialização do


indivíduo

De acordo com a Lei de Execução Penal, a sanção penal deve ter, além do
caráter retributivo, a função de “reeducar”, de forma a proporcionar, também,
condições que possibilitem a “harmônica integral social do condenado ou do
internado” (BRASIL, 1984).
É necessário proporcionar aos presos meios que possibilitem que os mesmos
saiam do estado de privação de liberdade melhores do que entraram. É de
responsabilidade do Estado promover instrumentos que ajudem aquele indivíduo,
que ora era criminoso, a viver em harmonia na sociedade, de forma a agir
corretamente de acordo com os preceitos sociais, legais e morais. A educação na
prisão não é benefício e sim um direito humano previsto na legislação internacional e
brasileira (JULIÃO, 2011).
Para Andrade et al. (2015), as instituições penitenciárias tem a função de
realizar um conjunto de atividades que se dirijam à reabilitação do apenado, criando
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assim, condições que auxiliem seu retorno ao convívio em sociedade, de forma com
que essas atividades promovam o “tratamento” penal baseado em assistências de
caráter jurídico, educacional, psicológico, religioso e também da saúde, trabalho e
profissionalização.
Esses serviços são essenciais para manter a ordem “dentro das grades”, pois
mantém os presos calmos, na medida em que não são isolados totalmente da
sociedade. É o meio pelo qual o preso se comunica com o mundo exterior. Essa
questão é fundamental e se caracteriza como o elo da instituição total com o
universo externo (SHELLA, 2007).
Segundo Cunha (2010), a produção de “saberes” realizada pelo papel da
normalização, também faz com que o sistema prisional por meio de sua ação
disciplinadora e reguladora, obtenha uma rede de “poderes” sobre o corpo e a vida
do interno.
Já o trabalho, de acordo com Cabral e Silva (2010), é a reeducação do preso
através do desenvolvimento de uma atividade, a fim de se atingir sua
ressocialização.
No entanto, apesar de existirem pressupostos normativos e legais, que tratam
das políticas de ressocialização, os ideais estabelecidos nas diretrizes institucionais
na realidade não são atendidos. Pelo contrário, o que se pode perceber no sistema
penitenciário do Brasil, é que as atividades exercidas pelos presos não atendem as
exigências socioeconômicas externas (GUIMARÃES, 2014).

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CAPÍTULO II – ESTUDOS DE CASOS

2.1. Prisão Storstrom / C.F. Moller

O projeto foi desenvolvido pelo escritório C.F.Moller, no ano de 2017 e está


situado na Dinamarca, na cidade de Gundslev, à aproximadamente 100 km da
capital Copenhagen. A Dinamarca apresenta um dos mais altos Índices de
Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo e um sistema eficiente de previdência
social.
Além disso, o Estado e outras autoridades públicas, desempenham um
serviço de inclusão para os cidadãos.
Diante desses dados, torna-se possível compreender o surgimento de
inspirações e propostas que “nortearam” o projeto arquitetônico e que possibilitaram
ainda, a construção de uma prisão de caráter exclusivamente humanitário.
A prisão Storstorm conta com uma área bastante ampla, de 32.000m², como
pode ser observado na Figura 22.

Figura 1 – Vista superior – Prisão Storstrom.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.
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O sistema penitenciário nórdico foi marcado por períodos de muitas


mudanças desde os séculos passados. Cabeças de prisioneiros eram amputadas.
Os mesmos também eram mantidos em calabouços, sendo forçados ao trabalho
escravo. No entanto, esses tratamentos não são mais realizados na Dinamarca, que
atualmente considera realizar o que é correto: implantar uma abordagem mais
humanitária no sistema penitenciário, não o tratando somente como um espaço que
aplique punições severas.
Diante disso, a ideia do projeto a ser realizado para o trabalho de conclusão
de curso com foco no sistema prisional para mulheres no Brasil muito se assemelha
a ideia de projeto da prisão Storstorm, que é a de criar um espaço penitenciário que
atenda ao público feminino, devolvendo, através da arquitetura, a dignidade e os
direitos humanitários dessas mulheres.
O arquiteto toma como inspiração e como solução de projeto, a criação de
uma estrutura como a de uma pequena cidade, inserindo quadras e ruas no espaço
para que o detento se sinta mais familiarizado com o local. O projeto busca a
integração com a paisagem e a ligação com as vilas situadas em seu entorno.
A prisão foi construída em uma comunidade pequena, onde na medida do
possível os detentos viviam uma vida normal. A construção ganhou o título de prisão
mais humanitária do mundo.
Todos os edifícios foram concentrados ao redor de um centro de atividades
conjuntas. Com capacidade para 250 prisioneiros, a construção se assemelha a uma
aldeia, e proporciona aos prisioneiros uma vida “normal”, como se não tivessem
encarcerados.
A arquitetura da prisão Storstorm contribui diretamente para a melhora dos
estados mentais e psicológicos tanto dos detentos, quanto dos funcionários, sem
deixar de levar em conta a segurança que uma instituição penal deve possuir. A
figura 2 ressalta essa afirmativa.

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Figura 2 – Arquitetura e área verde.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

As áreas verdes contribuem com as questões térmicas/ambientais e garantem


ao local um aspecto de vitalidade. Todo o projeto foi criado de forma dinâmica, como
pode se observar na Figura 3.

Figura 3 – Planta Ala Tipo – Térreo.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

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O partido e o conceito se originam a partir da ideia de levar esse mesmo


dinamismo para o cotidiano dos detentos. As formas geométricas utilizadas reforçam
esse conceito.
A penitenciária abriga 250 pessoas em estado de privação de liberdade em
um regime de segurança máxima. Essa questão foi considerada como um grande
desafio para o processo de concepção do projeto, pois a arquitetura precisou ser
pensada de forma a evitar a criação um espaço institucional sem autenticidade, em
que apenas a segurança fosse levada em conta. Para isso, empregou-se o uso de
cores, como visto na Figura 4.

Figura 4 – Interior da edificação. Uso de cores vibrantes para quebrar a rigidez e a


monotonia do espaço penitenciário.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

A Figura acima mostra o uso de cores quentes e vibrantes que quebram a


monotonia e o caráter “sombrio” do local, assim como na Figura 5.

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Figura 5 – Interior da edificação. Uso de cores vibrantes para quebrar a rigidez e a


monotonia do espaço penitenciário.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

As cores ajudam a romper com a rigidez do presídio de forma simples, porém,


muito eficaz. Materiais como o vidro, aço galvanizado e tijolos claros foram
empregados no projeto, assim como exibe a Figura 6.

Figura 6 – Fachada principal.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.
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O vidro além garantir um efeito mais leve à edificação, contrasta com a


robustez da mesma, como exibe a Figura 7.

Figura 7 – Parte externa. Combinação de espaços verdes e áreas de convivência.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

Parte da fachada é revestida de tijolos claros que se alternam com aço


galvanizado e concreto, como demonstra a Figura 8.

Figura 8 – Ambiente externo. Destaque para o uso de tijolos no revestimento das


paredes.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.
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Os materiais em questão têm uma durabilidade significativa. Não precisam de


muita manutenção e se adaptam bem às condições climáticas.
As áreas comuns foram projetadas ao estilo escandinavo, com uso de
madeira e luz natural, como mostra a Figura 9.

Figura 9 – Uso de madeira ao estilo escandinavo.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

A madeira ao estilo escandinavo contrasta com as cores frias e cria um


ambiente externo bastante confortável aos olhos.
Criam-se ambientes externos dinâmicos e agradáveis, como mostra a
Figura 10.

Figura 10 – Fachada principal. Materiais e iluminação compõe um ambiente


confortável.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

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As fachadas e a cobertura apresentam diferentes formas e angulações.


No interior do presídio tem-se o cárcere que é dividido em unidades de quatro
a sete celas. Essas celas estão envoltas por um hall social. As unidades de celas
possuem acesso à uma cozinha compartilhada que possibilita que os presos
preparem seu próprio alimento e também tenham acesso à sala de estar. Todas as
áreas sociais são pintadas com cores vibrantes no objetivo afastar sentimentos
como, depressão, angústia e até mesmo, o de sentir-se em uma instituição penal. As
áreas sociais recebem obras de arte que são criadas com exclusividade para
decorá-las.
Cada cela possui duas aberturas para a entrada de luz natural de forma a
proporcionar o bem estar dos encarcerados, como mostra a Figura 11.

Figura 11 – Interior de uma cela da Prisão Storstorm, com entrada de luz natural.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

As janelas do chão ao teto foram implantadas em posições estratégicas, a fim


de não comprometer a privacidade dos prisioneiros. Essas aberturas proporcionam
uma interessante vista para o entorno imediato e para a paisagem natural. A planta
foi pensada de forma a criar espaços que beneficiem os usuários, assim como
demonstra a Figura 12.

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Figura 12 – Interior de uma cela da Prisão Storstorm em planta. Cela e banheiro.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

As celas contam também com banheiros bem iluminados, assim como exibe a
Figura 13.

Figura 13 – Banheiro do interior de uma cela da Prisão Storstorm.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.
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Os banheiros garantem uma boa comodidade ao usuário e são compostos


por cores afáveis.
Ainda com relação ao bem estar dos detentos, a prisão dispõe de ambientes
externos e também internos para atender esse quesito, além de espaços para jogos,
exercícios em geral e meditações, como demonstra a Figura 14.

Figura 14 – Espaço externo para atividades físicas.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

Um campo aberto permite que os detentos se “movimentem”. É considerado


uma ótima opção para lazer dos mesmos. Faz-se necessário ressaltar que as
atividades físicas diárias são muito importantes para manter a saúde física e mental
dos presos. A Figura 15 mostra mais um ambiente externo destinado ao lazer dos
internos.

Figura 15 – Espaço externo para atividades físicas.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.
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A figura acima mostra mais um espaço externo de lazer, com a presença de


pinturas no chão, boa iluminação e fechamentos para maior segurança.
A penitenciária Storstorm conta também com outros recintos, como os
destinados à reflexão e meditação dos internos, como mostram as Figuras 16 e 17.

Figura 16 – Espaço interno criado para momentos de reflexão e meditação dos


internos.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.

O espaço reservado para meditação dos detentos conta com aberturas que
permitem a entrada de luz natural e que geram uma sensação de bem estar e
aconchego. Outros ambientes contam esses mesmos recursos, como a capela, por
exemplo, assim como mostra a Figura 17.

Figura 17 – Interior da edificação – Capela. Aberturas de diferentes formas


possibilitam a entrada de luz natural e criam um ambiente harmônico.

Fonte: "Prisão Storstrom / C.F. Moller" 14 de Janeiro de 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 2 de Maio
de 2020. Fotografias: Torben Eskerod.
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Novamente tem-se o uso do vidro e de aberturas estrategicamente pensadas,


que possibilitam além de um ambiente bem iluminado, o bem estar dos usuários.

2.2. Prisão de Halden

A prisão de Halden é considerada a 2ª maior penitenciária norueguesa. Situa-


se em Halden, no condado de Ostfold, sudeste da Noruega e foi construída no ano
de 2010.
A penitenciária dispõe de estruturas e recursos eficazes. Se comparado com
a Noruega, o Brasil apresenta um cenário completamente oposto, à medida em que
é composto por um sistema de penitenciárias superlotadas e não dispõe de recursos
e estruturas adequadas para o funcionamento de um presídio, além de apresentar
pouco um nenhum estímulo no que diz respeito ao trabalho e educação dentro dos
espaços penitenciários.
No entanto, o sistema prisional norueguês tem sido alvo de críticas por ser
considerado brando demais, mas não se pode negar que esse sistema funciona.
Somente 20% dos ex- presidiários noruegueses voltam a cometer um delito
novamente, enquanto que, no Brasil, a taxa de reincidência é de aproximadamente
85% (MELO, 2012)
Projetada pela equipe de arquitetos dinamarquesa Erik Moller Architects e
pela equipe norueguesa HLM Arkitektur AS, a prisão de Halden comporta cerca de
245 detentos de alta periculosidade, ou seja, pessoas que cometeram crimes
considerados graves, como, estupros, assassinatos e outros (MELO, 2012)
O projeto simula uma aldeia. Esse partido arquitetônico pode ser explicado a
partir da intenção projetual que os arquitetos tiveram durante a concepção do
presídio. A prisão de Halden foi projetada com o intuito “quebrar” o sentimento de
exclusão que os detentos tem em relação à sociedade. Halden representa a síntese
do sistema judiciário norueguês, que é focado mais na reabilitação do que na
punição (SITE TERRA, 2020)
A penitenciária é composta por uma “coleção de edifícios” que são contidos
dentro de uma alta parede.
Situados em uma floresta, os blocos da prisão seguem um padrão de modelo
Minimalista, como pode ser observado na Figura 18.
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Figura 18 – Vista superior da Prisão Halden.

Fonte: “Prisão de Halden/ Erik Moller Architects e HLM Arkitektur AS” 14 de Agosto de 2016. Terrapin
Bright Green. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

Halden é cercada por uma floresta de pinheiros e mirtilos e apesar de ser um


fácil esconderijo para os detentos, os mesmos não utilizam o espaço dessa forma.
Os edifícios são revestidos externamente por materiais como tijolos, madeira
de lariço, e aço galvanizado no lugar de concreto, como exibe a Figura 19.

Figura 19 – Fachada principal.

Fonte: "Prisão de Halden / Erik Møller Arkitekter + HLM arkitektur - A prisão mais humana do mundo"
29 de julho de 2011. ArchDaily. Acessado em 15 de maio de 2020 .
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O aço, material “duro”, simboliza a detenção, enquanto o lariço (que é


considerado um material mais “suave”) representa o crescimento e a reabilitação.
Torna-se importante observar que os arquitetos não deixaram de levar em
conta o entorno do edifício, que é composto por uma vasta vegetação e rochas
naturais, como exibe a Figura 20.

Figura 20 – Contraste entre a edificação e o entorno natural.

Fonte: Prisão de Halden, Word Architecture New. Acessado em 15 de maio de 2020.

As cores e tons escolhidos para as fachadas possibilitam que a edificação


“converse” com a paisagem, como se já fizesse parte dela.
As fachadas se alternam (em relação aos materiais) dependendo do nível de
segurança que o local precisa.
Os materiais empregados na fachada garantem um visual mais leve, tirando o
aspecto rígido e obscuro de um presídio, como mostra a figura 21.

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Figura 21 – Emprego de madeira e tijolo escuro na fachada.

Fonte: Prisão de Halden, Word Architecture New. Acessado em 15 de maio de 2020.

As fachadas variam-se desde o tijolo escuro à madeira não tratada. São


utilizadas cores e materiais reiterados nas rochas e na vegetação da área, como
mostra a figura 22.

Figura 22 – Madeira, tijolos escuros e vegetação.

Fonte: "Prisão de Halden / Erik Møller Arkitekter + HLM arkitektur - A prisão mais humana do mundo"
29 de julho de 2011. ArchDaily. Acessado em 15 de maio de 2020.
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A simplicidade dos materiais empregados juntamente com as áreas verdes


conferem ao espaço um visual mais agradável e confortável.
Os edifícios apresentam formas simples como demonstra a Figura 23.

Figura 23 – Maquete eletrônica – Prisão Halden.

Fonte: "Prisão de Halden / Erik Møller Arkitekter + HLM arkitektur - A prisão mais humana do mundo"
29 de julho de 2011. ArchDaily. Acessado em 15 de maio de 2020.

As formas simples e monolíticas criam um interessante aspecto ao espaço.


Considerados os aspectos térmicos e visuais da prisão, nota-se que a
vegetação apresenta impactos positivos sobre os mesmos, assim como mostra a
Figura 24.

Figura 24 – Prisão de Halden – Edificação e paisagem do entorno.

Fonte: "Prisão de Halden / Erik Møller Arkitekter + HLM arkitektur - A prisão mais humana do mundo"
29 de julho de 2011. ArchDaily. Acessado em 15 de maio de 2020.
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As árvores que compõe a floresta (situada ao redor dos edifícios) contrastam


com os mesmos.
As janelas não tem grades para que os presos possam ter uma boa visão da
natureza, como mostra a Figura 25.

Figura 25 – Prisão de Halden – Fachada principal.

Fonte: Prisão de Halden. Pinterest. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

As aberturas além proporcionar aos detentos uma boa vista para a floresta
que rodeia o presídio, proporcionam também, de forma eficaz, a entrada de luz
natural.
Os interiores foram pintados para facilitar a diferenciação de ambientes como,
“casa”, escola e local de trabalho, como mostra a Figura 26.

Figura 26 – Prisão de Halden - Interior de uma cela.

Fonte: Prisão de Halden. The Story Institute. Acessado dia 15 de Maio de 2020.
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As celas são compostas por cama, estante de livros, televisão, uma geladeira
pequena, mesa com cadeira para estudo e banheiro privativo que contém uma pia,
sanitário e chuveiro. São aconchegantes e se remetem fortemente a um quarto
residencial, o que gera muito conforto aos usuários.
Salas de estar e cozinhas são compartilhadas a cada 12 células, como exibe
a Figura 27.

Figura 27 – Prisão de Halden - Sala de estar compartilhada.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

Os detentos podem utilizar a sala de estar para socialização e descanso,


após um dia de trabalho.
A penitenciária também oferece um espaço para a educação dos detentos
durante o período de cumprimento de pena, que funciona como uma escola.
Para que a monotonia do confinamento seja reduzida, várias atividades são
realizadas durante o dia. Espaços destinados aos mais diversos tipos de
aprendizado podem ser encontrados na prisão de Halden, como mostra a figura 28.

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Figura 28 – Prisão de Halden - Laboratório de cozinha.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

No laboratório de cozinha os reclusos realizam cursos que os preparam para


carreiras como as de chefs e garçons. Nesse espaço eles aprendem as noções
básicas de culinária e nutrição.
Existe também na prisão Halden um supermercado, como exibe a Figura 29.

Figura 29 – Prisão de Halden - Interior do supermercado.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

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Nesse supermercado os detentos podem comprar o que precisam para


cozinhar sua própria comida, como mostra a Figura 30.

Figura 30 – Prisão de Halden - Detento preparando sua própria refeição.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

A vida dentro da penitenciária muito se aproxima da realidade vivida “fora das


grades”. A principal premissa da prisão de Halden, (que é a de remeter o convívio
em cárcere ao convívio social em liberdade) é assegurada com êxito.
Presidiários noruegueses perdem o direito à liberdade fora da prisão, mas tem
seus direitos essenciais garantidos, como, por exemplo, acesso ao serviço de saúde
bucal, como mostra a Figura 31.

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Figura 31 – Prisão de Halden - Sala de odontologia.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

A penitenciária possui um pequeno hospital e também um consultório


odontológico que atende aos reclusos.
Foram projetados também, espaços para esportes, a fim de preservar a
saúde mental dos prisioneiros, como demonstra a Figura 32.

Figura 32 – Prisão de Halden - Quadra de esportes.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

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A quadra de esportes conta com um amplo espaço bem iluminado, cestas


para jogos de basquete e uma parede de escalada.
Para aliviar os danos psicológicos que a prisão causa aos detentos, os
planejadores da prisão de Halden investiram também em pinturas, como pode ser
observado na Figura 33.

Figura 33 – Prisão de Halden – Muro com pintura.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

As pinturas proporcionam um toque “divertido” para um ambiente que é


bastante controlado o tempo todo.
As autoridades da prisão afirmam que a arte exposta no local (juntamente
com oficinas de desenho e oficinas de madeira oferecidas aos detentos) podem
proporcionar a eles um sentimento de “ser levado a sério.”
A penitenciária de Halden é composta também por uma biblioteca, como
mostra a Figura 34.

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Figura 34 – Prisão de Halden – Espaço para leitura.

Fonte: Prisão de Halden, 20 de maio de 2014. Blog Marte é para os fracos. Acessado dia 15 de Maio
de 2020.

A biblioteca da prisão oferece aos reclusos um momento de reflexão e leitura,


não deixando de levar em conta a boa iluminação e conforto.
Não se pode negar que a visão humanitária que a penitenciária norueguesa
de Halden adota é essencial para a reabilitação dos detentos. O valor humanitário
deve ser inserido nas prisões independentemente da cidade, Estado ou país em que
elas se encontram. As prisões devem ser projetadas de forma a atender
principalmente as necessidades mais básicas, como, higiene e saúde.
No entanto, ao se pensar na aplicação de um sistema penitenciário como o da
prisão de Halden em um sistema prisional como o do Brasil, é necessário tomar
alguns cuidados, pois Noruega e Brasil apresentam realidades, culturas e políticas
completamente diferentes. Portanto, o que funciona bem em um país pode não
funcionar muito bem em outros.

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2.3. Prisão ADX Florence

A penitenciária ADX Florence (Administrative Maximum Facility) situa-se nos


Estados Unidos, Condado de Fremont, Colorado e começou a funcionar no ano de
1994. É conhecida também como a Alcatraz das Montanhas Rochosas”, pois foi
construída no “coração” de um deserto montanhoso, como mostra Figura 35.

Figura 35 – Prisão ADX Florence – Fachada Principal.

Fonte: Prisão ADX Florence, 18 de julho de 2019. BBC New Brasil. Acessado dia 15 de Maio de
2020.

A fachada principal é revestida por tijolos e é composta também por


esquadrias espelhadas.
A penitenciária é dívida em vários blocos como exibe a Figura 36.

Figura 36 – Prisão ADX Florence – Vista superior e perspectiva externa.

Fonte: Prisão ADX Florence. Perimetral segurança. Acessado dia 15 de Maio de 2020.
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A prisão foi construída em um terreno bastante extenso. Vários caminhos dão


acesso aos diversos blocos da instituição.
Algumas torres de segurança se encontram espalhadas ao redor da
edificação como exibe a Figura 37.

Figura 37 – Prisão ADX Florence – Fachada Principal.

Fonte: Prisão ADX Florence, 18 de julho de 2019. BBC New Brasil. Acessado dia 15 de Maio de
2020.

As torres potencializam o sistema de segurança da prisão e permitem um


melhor monitoramento dos detentos (SALEM, 2019).
A ADX Florence é uma penitenciária de segurança máxima e foi projetada
para abrigar os presos “mais violentos e perigosos”, que se mostram “totalmente
indiferentes em relação a outros seres humanos”. Por esse motivo, a prisão tem um
rígido controle de segurança, visto que, a fuga de detentos na maioria dos casos é
considerada como uma ameaça à segurança nacional (SALEM, 2019).
A prisão é destinada ao público masculino e tem capacidade para 490
pessoas. A maioria dos detentos atualmente alojados na penitenciária Florence
passam cerca de 23 horas por dia isolados em celas individuais, com pouquíssimo
contato humano (SALEM, 2019).

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Não existe uma instalação designada para mulheres. As detentas que são
consideradas “mais perigosas” estão confinadas em Fort Wort, Texas, na unidade
administrativa do Federal Medical Center Carswell (SALEM, 2019).
Os prisioneiros vivem em celas de 3,6 por 2,1 metros. As paredes são de
betão, e bastante densas (SALEM, 2019). A figura 38 mostra o interior de uma
dessas celas.

Figura 38 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

As portas das celas são metálicas, deslizantes e não permitem que um


detento veja o outro, pois sua parte exterior é sólida. Os reclusos dormem em cima
de lajes de betão que são “cobertas” por colchões finos (SALEM, 2019).

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É possível notar que o espaço é bastante apertado, e não apresenta nenhum


tipo de conforto.
As aberturas são estreitas, e comprometem a ventilação e a iluminação do
ambiente. As celas possuem apenas uma abertura de um metro de altura e dez
centímetros de largura, que permitem que os detentos vejam uma pequena parte do
céu e nada mais (SALEM, 2019).
Existem também dentro desses espaços, (ao lado contrário à porta de metal),
uma porta de grades, como mostram as Figuras 39 e 40.

Figura 39 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.
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A figura acima mostra uma cela vista do lado de fora. Observa-se que ao
fundo existe uma porta metálica que tem a função de isolar um detento de outro. Ao
lado contrário, existe uma grade que permite aos detentos visualização daquilo que
acontece ao lado externo de sua cela. A Figura 39 mostra uma perspectiva interna
dessa mesma cela.

Figura 40 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

Essas portas permitem que os prisioneiros se comuniquem e acompanhem o


que acontece do lado de fora da cela.
A maioria dos “aposentos” disponibilizam para os detentos televisões com
rádios incorporados. Os detentos tem acesso também alguns materiais para
artesanato, revistas e livros.
Cada compartimento possui um sanitário, um lavatório e um chuveiro
automático, como exibe a Figura 41.
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Figura 41 – Prisão ADX Florence – Interior de uma cela de “unidade geral”.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

Nota-se que não existem preocupações com a estética e com o conforto dos
usuários. A iluminação é precária e nenhuma cor é empregada no intuito de quebrar
a rigidez do lugar. Esses compartimentos são criados com um único intuito, que é o
de “abrigar” o detento e nada mais. Os prisioneiros passam até 24 horas dentro
desses espaços, o que pode agravar ainda mais o quadro psíquico/emocional dos
reclusos (SALEM, 2019).
Como dito anteriormente, as celas são projetadas de forma a não permitir que
um preso tenha contato com o outro. No entanto, eles arranjam outros meios de se
comunicar. A Figura 42 exemplifica bem como isso acontece.
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Figura 42 – Prisão ADX Florence – Meios de comunicação dos detentos e materiais


empregados na composição arquitetônica das celas.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

A figura acima mostra os materiais empregados na composição arquitetônica


das celas. Materiais rígidos reforçam o isolamento dos detentos.
Os prisioneiros têm direito a 10 horas de exercícios semanais fora das celas e
alguns treinos são realizados em uma cela especifica para esse fim (SALEM, 2019).
A Figura 43 mostra o espaço destinado às atividades dos detentos.

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Figura 43 – Prisão ADX Florence – Celas para atividades físicas.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

Percebe-se que o sistema da prisão ADX Florence é completamente rígido e


até mesmo desumano se comparado a outros sistemas penitenciários, pois até
mesmo nos momentos de “relaxamento e descontração” (como nos momentos de
prática de exercícios físicos) os detentos permanecem “enjaulados.”
Alguns poucos equipamentos de academia são disponibilizados para os
presos, como demonstra a Figura 44.

Figura 44 – Prisão ADX Florence – Barra para atividades físicas.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.
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A zona de recreação fora do setor de “unidade geral” tem apenas uma barra
fixa.
Os prisioneiros podem ter seu direito de participação de treinos suspensa por
até três meses, ao cometer violação pequenas, como, por exemplo, dar migalhas
aos pássaros (SALEM, 2019).
As visitas são realizadas em uma sala pequena. Uma janela de vidro separa
os detentos dos visitantes (SALEM, 2019). A figura 45 mostra o espaço em questão.

Figura 45 – Prisão ADX Florence – Sala de visitas.

Fonte: Prisão ADX Florence, 25 de janeiro de 2016. IHODL.com. Acessado dia 15 de Maio de 2020.

O ambiente é pequeno, e é composto com uma bancada de cimento e um


banco também de cimento.
O estudo de caso em questão muito se assemelha em alguns aspectos com
as prisões brasileiras, ao não apresentar (aparentemente) preocupações
relacionadas à estética do lugar, ao bem estar dos detentos, ao cuidado com a
saúde mental dos mesmos e condições adequadas para habitação desses detentos.
Percebe-se que a intenção da prisão ADX Florence em relação ao detento é
totalmente direcionada para processo de punição do mesmo, onde qualquer tipo de

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liberdade lhe é negada, a fim garantir a segurança do lugar, diferentemente da


realidade encontrada no Brasil (onde percebe-se a existência de um real desprezo
pela sociedade carcerária). Essa sociedade vive em condições extremamente
precárias. Não existem em grande parte dos presídios brasileiros preocupações
relacionadas à estética, estrutura e bem estar dos detentos.

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CAPÍTULO III – PROBLEMÁTICA

Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN (2019), foi


registrado no Brasil, no ano de 2019, o número de 36.929 mulheres em situação de
privação de liberdade. Cabe ressaltar, que o crime de maior incidência entre as
mulheres presas é o tráfico de entorpecentes.
Muitas delas se envolvem com as drogas no intuito de ajudar seus cônjuges,
de forma a negociar, transportar e entregar essas substâncias à traficantes,
usuários, e até mesmo aos seus próprios parceiros que se encontram presos. O
envolvimento com tráfico de drogas também tem ligação direta com a tentativa de
fugir da realidade de sofrimento causada por maus tratos domésticos.
Além disso, muitas mulheres enxergam no tráfico de drogas uma saída para
resolver seus problemas, principalmente os financeiros. A falta de oportunidades
tanto trabalho quanto na vida, de modo geral, faz com que elas busquem a
sobrevivência através de meios "alternativos" e ilegais como o tráfico. Essa é a
realidade de muitas mulheres brasileiras que vivem à margem da pobreza e que
possuem pouco ou nenhum estudo. Sem qualificação ou emprego que permitam a
elas uma vida digna, o tráfico torna-se um forte “aliado” no “combate” aos problemas
cotidianos como a fome, que é enfrentada por grande parte de brasileiros e
brasileiras.
Nessa triste realidade, elas deixam assim, amigos e parentes para trás e
ingressam em penitenciárias que estão completamente despreparadas para recebê-
las. A Figura 46 reafirma essa questão.

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Figura 46 – Interior de uma prisão brasileira

Fonte: 16 de abril de 2019. Gecal Unb.com. Acessado dia 23 de Maio de 2020.

A imagem acima retrata o tipo de local em que as detentas passam seus dias.
Um ambiente hostil e desprovido de condições adequadas para habitação das
mesmas.
As prisões que "acolhem" mulheres no Brasil não foram projetadas para
atender as necessidades e peculiaridades femininas. É comum que as detentas
sejam alocadas em presídios que antes foram construídos para receber homens,
mas que depois foram “adaptados” para abrigar mulheres.
A execução penal cria poucas condições e alternativas para o cumprimento
de pena das presidiárias, uma vez que os contextos familiares/sociais dessas
mulheres são completamente ignorados.
Vários dos problemas citados anteriormente podem ser encontrados no
sistema penitenciário de Lavras, cidade brasileira localizada no estado de Minas
Gerais. Para uma melhor compreensão a respeito do contexto em que o presídio de
Lavras está inserido, torna-se imprescindível situar e analisar o local em que o
mesmo se encontra. A figura 47 exibe bem essa localização.

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Figura 47 – Mapas de localização do Brasil e do estado de Minas Gerais.

Fonte: Google Earth Pro. Imagens adaptadas. Acessado dia 25 de Maio de 2020. 2020.

A cidade de Lavras situa-se no Sul do estado de Minas Gerais, como mostra


a figura acima e possui uma população de mais de 100.000 habitantes como exibe a
Figura 48.

Figura 48 – População estimada da cidade Lavras - MG

Fonte: IBGE. Acessado dia 25 de Maio de 2020.

A população estimada para o ano de 2019 de acordo com o IBGE foi de


103.773 habitantes.
O presídio em estudo encontra-se na Avenida Matioli, no bairro de Santa
Efigênia. A Figura 49 mostra sua localização e sua fachada principal.

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Figura 49 – Localização (vista superior) e fachada principal da penitenciária de


Lavras.

Fonte: Google Street View e Google Earth. Imagens adaptadas. Acessado dia 25 de Maio de 2020.

A avenida Matioli é bastante extensa como pode ser observado na figura 50.

Figura 50 – Localização do presídio de Lavras na Avenida Matioli

Fonte: Mapa cadastral da prefeitura de Lavras. Mapa adaptado. 2018.

A mesma faz ligação com a BR 265.

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A área de estudo ocupa a Zona Mista, de acordo com o Mapa de Zoneamento


de Lavras, exibido pela Figura 51.

Figura 51 – Mapa de Zoneamento de Lavras

Fonte: Prefeitura Municipal de Lavras. Mapa adaptado. Acessado dia 25 de Maio de 2020.

Os usos das edificações do entorno são diversificados, com a predominância


de residências e comércios.
O tempo gasto para ao presídio tendo como ponto de partida o centro da
cidade varia de acordo com o tipo de transporte utilizado, como mostra a Figura 52.

Figura 52 – Distâncias e tempo gasto do centro da cidade até a penitenciária de


Lavras.

Fonte: Google Maps. Imagem Adaptada. Acessado dia 25 de Maio de 2020.

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A penitenciária está situada a 3,2km de distância do centro da cidade.


Alguns órgãos públicos do município ficam próximos ao presídio, como
demonstra a Figura 53.

Figura 53 – Mapa de localização de órgãos públicos próximos ao presídio da cidade.

Fonte: Mapa cadastral da prefeitura de Lavras. Mapa Adaptado. 2018.

Dentre esses órgãos podem ser citados: Justiça Eleitoral, Ministério Público,
Fórum, Prefeitura Municipal de Lavras e Cartório da 160º Zona Eleitoral de Lavras.
cidade.
Instituições e edificações comerciais também podem ser encontrados
próximos a penitenciária de Lavras, como demonstra a Figura 54.

Figura 54 – Usos institucionais e comerciais no entorno imediato ao presídio

Fonte: Mapa cadastral da prefeitura de Lavras. Mapa adaptado. 2018.


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A figura acima mostra onde estão situados alguns serviços no entorno


imediato ao presídio, como Serviço Social da Indústria (SESI), Supermercado ABC,
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Ecolândia da 6ª CIA da Polícia
Militar, Posto de gasolina Petrobrás, Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e praça
Bela Vista. Predominam os usos residenciais e comerciais.
A penitenciária de Lavras é voltada ao público masculino e tem a capacidade
máxima de 122 vagas, no entanto, já chegou a comportar 180 pessoas.
No ano de 2018 a Justiça de Lavras decretou a interdição parcial do presídio
da cidade. A decisão foi tomada pela juíza da 2ª Vara Criminal, e teve como base
um pedido do Ministério Público (JORNAL EPTV, 2018)
O presídio já havia sido interditado parcialmente no ano de 2015, por causa
das péssimas condições, e superlotação. O espaço carece de reformas no sistema
elétrico, hidráulico e também no sistema de combate a incêndio (JORNAL EPTV,
2018)
A situação da penitenciária contraria as exigências da legislação
infraconstitucional, pois não atende aos requisitos mínimos necessários em relação
a salubridade, aeração, insolação, e condicionamento térmico apropriado à
existência humana (LAROUZÉ, 2016).
Além dos problemas relatados anteriormente, existe também um outro
problema em relação ao sistema prisional na cidade de Lavras. Não há um espaço
na cidade reservado para comportar mulheres. Esse é um problema existente não só
na cidade de Lavras, mas em todo o Brasil, e esse fato precisa ser mudado. Para
isso, serão analisadas adiante, as condições de vida e a realidade das presidiárias
brasileiras, a fim de descobrir mais a fundo quais são suas reais necessidades
dentro do espaço prisional.
É possível dizer que a ótica masculina presente no cenário prisional tem sido
tomada como regra, visto que, não só as políticas, mas também os serviços
realizados nas instituições penais são voltados para homens.
Além de lidar com esses problemas, as mulheres precisam enfrentar durante
seu tempo de confinamento, outros diversos tipos de dificuldades, como, a ausência
de recursos básicos disponíveis, maus tratos por parte dos policiais. Os maus tratos
sofridos pelas detentas incluem na maioria dos casos, o espancamento, choques
elétricos, abusos sexuais, ameaças de morte, suborno e até mesmo afogamento. A
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superlotação e a falta de infraestrutura do local, também são problemas constantes


(MUSUMECI, 2001). A Figura 55 exemplifica essas questões.

Figura 55 – Interior de uma prisão brasileira.

Fonte: 16 de abril de 2019. Politize.com. Acessado dia 23 de Maio de 2020.

As detentas dividem celas sem o mínimo de conforto, iluminação e ventilação


necessários para um espaço habitável. Os lugares são sujos, mal planejados,
insalubres e carecem de instalações adequadas.
No que diz respeito à higiene, o sistema penitenciário é precário tanto em
relação às condições de higiene pessoal, quanto às condições de asseio do próprio
espaço. Por falta da distribuição de kits de cuidados básicos, as mulheres
improvisam soluções inusitadas e bastante desumanas, como forma de atender às
suas necessidades mais básicas. Um exemplo disso, é a utilização do miolo de pão
como substituto do absorvente, como simula a Figura 56.

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Figura 56 – Absorvente de miolo de pão usado pelas mulheres presas.

Fonte: 16 de abril de 2019. Politize.com. Acessado dia 23 de Maio de 2020.

Percebe-se a total ausência de aplicação da Lei 7.210 (11 de julho de 1984),


de execução penal, que garante um tratamento digno e humanizado para pessoas
em situação de cárcere.
Ainda em relação ao cotidiano vivido dentro das prisões, não existem camas
suficientes para que todas as detentas possam dormir, como exibe a Figura 57.

Figura 57 – Superlotação no interior de uma cela.

Fonte: 18 de setembro de 2017. Causa Operário.org.br. Acessado dia 23 de Maio de 2020.

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Para descansar durante o período da noite elas revezam as camas para


esticar as pernas. Este quadro piora ainda mais com a superlotação existente nas
prisões, não só nas destinadas a acolher mulheres, mas também nas penitenciárias
voltadas ao acolhimento do público presidiário masculino.
Além disso, essas pessoas não desfrutam de momentos de privacidade nem
durante ocasiões em que satisfazem suas necessidades fisiológicas. Os banheiros
não possuem portas suficientes para atender a todos aqueles que os utilizam. As
descargas não funcionam bem, o que contribui diretamente para a contaminação de
todo o ambiente, além do cheiro desagradável presentes nesses espaços que são
constantes. A limpeza desses ambientes também é precária.
Já em relação a alimentação, problemas como a falta de qualidade mínima
para a nutrição de um ser humano estão presentes em muitas prisões. Tudo isso
compromete a saúde das pessoas que vivem nesses locais.
Outra questão importante de ser abordada, é a de que muitas mulheres são
presas durante sua gravidez, como mostra a Figura 58.

Figura 58 – Gravidez na prisão.

Fonte: 22 de março de 2018. Exame.com. Fotografia: Mario Tama/Getty Images. Acessado dia 23 de
Maio de 2020.
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As gestantes sofrem os impactos de habitar uma prisão da forma mais


negativa possível. O quadro de sofrimento e falta de amparo são sentidos ainda
mais fortemente por mulheres que chegam grávidas às prisões. (VARELLA, 2017).
Apenas em 1988 a Constituição brasileira garantiu às mulheres presas o
direito de amamentarem seus filhos durante um período de seis meses e terem
acesso à creche e acompanhamento médico (MEROLA, 2017). A Figura 59 exibe o
cotidiano de mães e filhos nas prisões.

Figura 59 – Penitenciária Feminina do Distrito Federal (Colmeia) / Crédito: Luiz


Silveira/Agência CNJ

Fonte: 31 de dezembro de 2018. Jota. Fotografia: Silveira. Acessado dia 23 de Maio de 2020.

Embora a legislação assegure aos bebês o direito ao leite materno e a


companhia de suas mães durante os primeiros meses de vida, a maioria das
crianças nascidas nos espaços penitenciários são retiradas de perto de suas mães
um dia após as mesmas darem à luz.
As prisões não estão preparadas para receber as crianças e garantir a elas
um crescimento saudável em convívio materno. A figura 60 exemplifica essa
questão.

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Figura 60 – Mães e filhos na prisão

Fonte: 16 de abril de 2019. Gecal Unb.com. Acessado dia 23 de Maio de 2020.

A falta de infraestrutura e condições adequadas para receber as crianças


acentuam nas mesmas vários problemas de saúde, como por exemplo, sífilis,
bronquite e anemia.
De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo
Lewandowski (2018), somente 34% das prisões têm celas para gestantes, 30%
possuem berçários e apenas 5% têm creche.
Com relação à educação, como dito anteriormente, grande parte das
mulheres inseridas em penitenciárias não possuem boa escolaridade. Esse fato
contribui diretamente para o aumento da reincidência criminal, pois a reinserção das
mesmas no mercado de trabalho é dificultada pela baixa escolaridade e pela falta de
preparo para assumir um novo cargo fora da prisão.
A ressocialização se torna um desafio para as mulheres em situação de
privação de liberdade, pois muitas delas ao serem presas são completamente
desprezadas e esquecidas por suas famílias, companheiros e amigos, por se
tornarem motivo de vergonha para eles.
Diante de tudo isso, surgem alguns questionamentos como: É possível
oferecer espaços penais adequados que apresentem infraestrutura apropriada para
atender as mais diversas necessidades básicas, considerando as especificidades do
gênero feminino na cidade de Lavras? Como a arquitetura pode contribuir nesse
processo?
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CAPÍTULO IV – PROPOSTA

Nesse capítulo será apresentada a proposta do projeto juntamente com suas


diretrizes projetuais, conceito, partido arquitetônico, análise e diagnóstico de terreno
do projeto, programa de necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma e
setorização.

4.1. Diretrizes projetuais

Diante de todos os dados e problemática apresentados, surge a necessidade


de criar um espaço prisional exclusivo para mulheres. O principal objetivo do projeto
é desenvolver uma penitenciária feminina na cidade de Lavras, Minas Gerais, onde
observou-se a falta de um ambiente adequado para o público feminino. A fim de
alcançar o objetivo apresentado acima, busca-se apropriar-se da arquitetura de
forma a utilizá-la como principal ferramenta para a transformação da mulher
encarcerada. O espaço proposto visa atender a mulher dentro da instituição penal,
de modo com que o projeto arquitetônico seja desenvolvido para sanar problemas
relacionados à ausência de infraestrutura básica - que é uma realidade constante
nos presídios brasileiros e também no presídio existente na cidade de Lavras - ,
carências e necessidades das mulheres, tomando como foco a valorização da vida
humana.
O projeto da penitenciária feminina de Lavras será desenvolvido para atender
não somente a cidade de Lavras, mas também as cidades vizinhas, que também
não dispõem de locais adequados e destinados a mulheres em situação de privação
de liberdade.
Uma boa arquitetura para um espaço prisional pode acarretar mudanças
muito positivas na vida das detentas, além de contribuir diretamente para o processo
de ressocialização das mesmas. Desse modo, serão criados espaços que atendam
a mulher nas suas mais diversas e essenciais questões, como, maternidade, saúde,
lazer, higiene e capacitação profissional, que é mais uma das ferramentas
indispensáveis para o processo de ressocialização de indivíduos e também para seu
retorno ao convívio social, após o cumprimento de pena.

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4.2. Conceito e partido arquitetônico

Em relação ao conceito, o símbolo da rosa dos ventos será utilizado como


inspiração para o desenvolvimento do projeto arquitetônico. Esse símbolo tem seu
significado associado ao sentido de orientação, direção e necessidades de
mudanças, de forma a encontrar um caminho a seguir. É um dos símbolos da
navegação e representa o “rumo certo” e “bons ventos”.
A rosa dos ventos representou uma grande revolução para a navegação, já
que sua descoberta permitiu expandir os horizontes marítimos, mediante a
exploração de mares abertos, em quaisquer condições temporais.
O símbolo em questão foi escolhido como inspiração partindo do pressuposto
de que o entendimento de seu significado pode ser comparado à intenção projetual.
Assim como os navegadores exploravam os mares em quaisquer condições
temporais, as mulheres também podem “explorar” e viver de uma maneira melhor - e
mais digna -, o seu tempo de cumprimento de pena na prisão, mesmo que estejam
em circunstâncias desfavoráveis a seu bem estar, como, por exemplo, sua própria
condição de privação de liberdade, a falta de condições adequadas que atendam às
especificidades de seu gênero e também seu isolamento em relação à sociedade
que está por “fora das grades”. Fazendo uma analogia entre a rosa dos ventos e o
contexto prisional feminino, o projeto tem como intuito, promover a realização de
mudanças dentro desse mesmo contexto, de modo a permitir que um novo caminho
- em relação à realidade prisional feminina da cidade de Lavras - possa ser traçado,
através das mudanças que a arquitetura pode realizar no espaço.
Já em relação ao partido arquitetônico, o mesmo está associado à rosa dos
ventos e seu significado. Sua forma aponta várias direções, como mostra a Figura
61.

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Figura 61 – Rosa dos ventos

Fonte: 17 de setembro de 2018. Estudoprático.com. Fotografia: Depositphotos. Acessado dia 12 de


junho de 2020.

O símbolo acima aponta para diferentes rumos e a ideia do projeto é criar


blocos que não estejam completamente alinhados em relação uns aos outros. O
partido se materializa por meio da setorização e da distribuição dos espaços, que é
inspirada nas várias direções da rosa dos ventos.

4.3. Análise e diagnóstico do terreno

• Localização:
O terreno em análise situa-se na cidade de Lavras, Minas Gerais, no bairro
Ouro Preto, na Avenida Doutor Francisco Martins de Andrade, Zona Mista.
Figura 62 - Localização do terreno em estudo.

Fonte: Google Imagens e Google Maps. Adaptado.


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Os mapas acima mostram - por partes - a localização do terreno em estudo, a


começar pelo mapa de Minas Gerais, em que o ponto laranja marca a localização da
cidade de Lavras. Em seguida o mapa da cidade de Lavras situa através do ponto
roxo, o bairro em que o terreno está inserido e por fim, o último mapa mostra a
localização do terreno, que está inserido no bairro Ouro Preto.
Para facilitar a compreensão a respeito da localização do terreno, um ponto
de referência relevante no entorno imediato foi marcado, como mostra a Figura 63.

Figura 63 - Localização do terreno – Vista superior.

Fonte: Google Earth. Adaptada

A imagem acima mostra um ponto de referência do entorno imediato em


relação ao terreno. Esse ponto é o terminal rodoviário Dr. Maurício O. Souza.
A tabela 7, a seguir, apresenta mais informações a respeito dos parâmetros
urbanísticos que devem ser levados em conta na concepção do projeto nesse
espaço.

Tabela 7 – Parâmetros Urbanísticos – Prefeitura de Lavras.


AFASTAMENTOS
TESTADA AFASTAMENTO
USO TO(%) TP(%) LATERAIS E DE GABARITO
MÍNIMA FRONTAL
INSTITUCIONAL FUNDOS

360/12 60 20 5,00 1,50 2

Fonte: Prefeitura de Lavras – Lei de Uso e Ocupação do Solo. Tabela adaptada. Acessado em 23 de
Junho de 2020.

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A tabela 7 apresenta os parâmetros urbanísticos para uso institucional e


atribui afastamento frontal de 5,00m, afastamentos laterais e de fundos 1,50m,
gabarito de no máximo 2 pavimentos, entre outros.
• Uso e Ocupação
Com relação ao uso e ocupação tem-se a seguinte situação representada
pela Figura 64.

Figura 64 - Mapa de uso e ocupação do entorno imediato ao terreno.

Fonte: Mapa cadastral da prefeitura de Lavras. Mapa Adaptado. 2018.

A partir da figura apresentada acima, é possível notar a predominância de


lotes vagos seguidos pelos usos comerciais e residenciais.
• Classificação de vias, acessos e escolha do terreno.
O terreno está localizado próximo às vias de arteriais e de trânsito rápido,
como mostra a Figura 65.
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Figura 65 - Classificação de vias do entorno imediato.

Fonte: Mapa cadastral da prefeitura de Lavras. Mapa Adaptado. 2018.

As vias mais próximas ao terreno em estudo são as de trânsito rápido, arterial


e coletora.
Com relação ao local de escolha do terreno, foram considerados os acessos,
a relação de uso e ocupação do entorno e sua localização dentro da cidade. Como o
terreno está situado em uma esquina, é possível observar através do mapa acima
que o mesmo possui três acessos. Dois laterais e um frontal, através da Avenida
Doutor Francisco Martins de Andrade.
A predominância em relação aos usos das edificações que circundam o
terreno – como mostrado anteriormente – facilita a implantação de um presídio, pois
o bairro não é predominante residencial, e de acordo com as Diretrizes projetuais
utilizadas como referência para este trabalho, é importante levar esse fator em
consideração. O terreno está próximo às vias de acesso à saída da cidade, no
entanto, ainda está localizado dentro da cidade de Lavras. É importante que os
presídios não sejam construídos em locais totalmente isolados da cidade, sem
acesso a outros tipos de serviço. Para exemplificar essa questão, a Figura 66
mostrará as distâncias do local escolhido para o projeto, em relação à alguns pontos
importantes da cidade.

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Figura 66 - Distâncias entre o terreno em estudo e pontos importantes da cidade de


Lavras.

Fonte: Google Maps. Adaptado. Acessado dia 25 de Junho de 2020.

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Figura 67 - Insolação e ventilação.

Fonte: Google Earth. Imagem adaptada. Acessado dia 25 de Junho de 2020.

A imagem com o título “insolação” mostra a trajetória solar, marcando o norte


em relação ao terreno. De acordo com a trajetória solar, faz-se necessário pensar na
edificação proposta de modo a localizar ambientes de maior permanência em
orientações onde o sol incida de maneira mais amena, como, por exemplo, leste.
Já na parte da ventilação é possível perceber que a corrente de vento
predominante está à leste em relação ao terreno.

4.4. Programa de necessidades e pré dimensionamento

O programa de necessidades foi retirado do documento “Diretrizes básicas


para arquitetura penal”, pelo Ministério da Justiça, elaborado no ano de 2011. O
programa será apresentado em módulos, de forma semelhante à disposição dos
dados presentes no documento original disponibilizado pelo Ministério da Justiça.
Serão exibidos a seguir 14 módulos distribuídos de acordo com a afinidade de uso
dos espaços que a penitenciária deve conter, começando pelo módulo da guarda
externa.

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1- Módulo da guarda externa e agentes penitenciários:


• Vestiário masculino e feminino- 12,00m² (cada)
• Comando da guarda – 11,75m²
• Sala de armas – 7,25m²
• Copa/cozinha – 6,00 m²
• Banheiro masculino e feminino – 10,00m²
• Quartos – 9,60m² (cada)
• DML – 3,44m²

2- Módulo de recepção de visitantes:


• Recepção de visitantes – 39,50m²
• Banheiros masculino e feminino – 14,30m²
• Banheiro PCD – 3,45m²
• Atendimento à família – 11,00m²
• Guarda de pertences de visitantes – 10,75m²
• Setor de revista de visitantes – 39,60m²

3- Administração:
• Secretaria – 13,30m²
• Arquivo – 7,56m²
• Sala vice-diretor – 8,95m²
• Banheiro diretor – 2,90m²
• Sala diretor- 15,60m²
• Administração equipe técnica – 13,40m²
• Copa/cozinha – 12,90m²
• Sala para descanso – 9,70m²
• Sala de reuniões – 18,60m²
• Central de monitoramento – 23,12m²
• Administração – 14,75m²
• Almoxarifado – 10,72m²
• DML – 2,50m²
• Banheiro masculino e feminino – 2,75m²
• Banheiro PCD – 4,12m²
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4- Módulo de triagem/inclusão:
• Desembarque detentas – 39,75m²
• Setor revista de detentas – 29,45m²
• Guarda de pertence de detentas – 23,20m²
• Espera biométrica – 15,20m²
• Identificação biométrica – 14,55m²
• Refeitório – 15,52m²
• DML – 2,40m²
• Banheiro PCD – 3,65m²
• Cozinha – 10,50m²
• Lixo – 4,40m²
• Cela de espera – 7,00m²
• Solário cela de espera – 6,95m²
• Cela de espera PCD – 12,80m²
• Solário cela de espera PCD – 12,42m²
• Posto de controle da guarda – 11,45m²
• Sala de agentes – 21,22m²
• Chefia de agentes – 13,50m²
• Copa/cozinha – 11,30m²
• Estar agentes – 9,00m²
• Arquivo – 10,42m²
• Banheiro PCD masculino e feminino
• DML – 4,20m²

5- Módulo de Assistência à Saúde:


• Sala de recepção e espera – 25,07m²
• Banheiro recepção – 2,65m²
• Banheiro recepção PCD – 3,87m²
• Depósito – 13,90m²
• Ginecologia – 11,70m²
• Odontologia – 13,25m²
• Consultório multiprofissionais – 12,45m²
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• Raio X – 10,90m²
• Farmácia – 6,90m²
• Lixo – 4,10m²
• Expurgo – 9,42m²
• Esterilização – 9,90m²
• Curativo/suturas – 12,30m²
• Consultório médico – 10,55m²
• Internação – 43,55m²
• Banheiro PCD internação – 9,00m²
• Cozinha/copa funcionários – 9,95m²
• Banheiro feminino e masculino – 3,22m²
• Banheiro PCD – 5,30m²
• DML – 2,95m²

6- Módulo de tratamento penal:


• Recepção/espera – 23,30m²
• Banheiro masculino e feminino – 9,15m²
• Banheiro PCD – 5,23m²
• Defensoria – 9,42m²
• Atendimento em grupo – 25,30m²
• Atendimento psicológico – 11,28m²
• Serviço social – 11,30m²
• Atendimento jurídico – 11,55m²
• Reconhecimento e acareação – 17,70m²
• Sala interrogatório e audiência – 30,70m²
• Copa/cozinha – 10,25m²
• DML – 2,40m²

7- Módulo de serviços detentas: cozinha e lavanderia


• Vestiário – 13,57m²
• Lixo – 5,30m²
• Lava louças – 18,95m²
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• Higienização de carnes – 11,45m²


• Frigorífico – 13,62m²
• Higienização de alimentos – 14,33m²
• Cozinha – 85,00m²
• Despensa – 13,80m²
• DML – 4,35m²
• Banheiro PCD – 3,42m²
• Refeitório – 155,63m²
• Horta/ jardim sensorial – 94,72m²
• Pesagem de roupas – 14,60m²
• Coleta de roupas – 10,35m²
• Rouparia – 23,22m²
• Costura – 11,23m²
• Distribuição – 11,23m²
• Lavagem – 16,45m²
• Secagem – 16,45m²
• DML – 3,80m²

8- Módulo de vivência individual:


• Cela individual – 7,00m²
• Solário cela individual – 7,80m²
• Cela PCD – 13,30m²
• Solário cela PCD – 6,21m²
• Banho – 21,65m²
• Controle/descanso da guarda – 19,55m²
• Banheiro controle/descanso da guarda – 3,70m²
• DML 01 – funcionários – 4,20m²
• DML 02 – detentas – 4,00m²
• Salas de aula - sala 01: 27,78m², sala 02: 24,85m²
• Visita íntima – 9,70m²
• Banheiro visita íntima – 4,55m²
• Monitoramento de vídeo – 19,62m²
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• Área de trabalho das detentas – 36,30m²


• Estoque – 12,45m²
• Oficina de cerâmica – 29,15m²
• Oficina multiuso – 25,35m²
• Salão de beleza – 27,60m²
• Banheiro PCD salão de beleza – 4,20m²
• Parlatório – 20,62m²
• Revista de presas – 19,72m²

9- Módulo de vivência coletiva:


• Cela coletiva – 28,00m²
• Solário cela coletiva – 15,82m²
• Banho – 24,93m²
• Controle/descanso da guarda – 26,30m²
• Banheiro controle/descanso da guarda – 3,45m²
• DML 01 – funcionários – 3,32m²
• DML 02 – detentas – 3,75m²
• Salas de aula - sala 01: 35,27m², sala 02: 32,00m²
• Visita íntima – 11,00m²
• Banheiro visita íntima – 4,50m²
• Monitoramento de vídeo – 22,83m²
• Área de trabalho das detentas – 67,40m²
• Estoque – 22,83m²
• Oficina de cerâmica – 47,54m²
• Oficina multiuso – 35,30m²
• Salão de beleza - 21,21m²
• Banheiro PCD salão de beleza – 4,20m²
• Parlatório – 25,85m²
• Revista de presas – 22,84m²

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10- Módulo materno infantil


• Controle/descanso da guarda – 19,00m²
• Banheiro controle/descanso da guarda – 3,70m²
• Revista detentas – 22,85m²
• Refeitório – 22,90m²
• Cozinha preparo refeição detentas – 13,60m²
• Despensa – 3,10m²
• DML - 2,15m²
• Lixo – 2,50m²
• Copa/cozinha funcionários – 13,55m²
• Quarto das cuidadoras – 10,80m²
• Banheiro quarto de cuidadoras – 4,40m²
• Brinquedoteca – 28,92m²
• Consultório multiprofissional da saúde – 13,35m²
• Atendimento psicológico – 13,35m²
• Banheiro masculino e feminino – 2,75m² e 3,90m²
• Visita familiar – 18,25m²
• DML – 3,20m²
• Celas mães e bebês – 21,10m²
• Solário celas – 9,65m²
• Pátio de sol – 108,30m²

11- Módulo de esportes:


• Quadras poliesportivas: vôlei e peteca
• Academia: 140,80m²

12- Estacionamento:
• Estacionamento para visitantes: 26 vagas
• Estacionamento para funcionários: 36 vagas

13- Praça: 815,88m²

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14- Loja/palestras:
• Loja venda de artigos produzidos por detentas: 42,85m²
• Banheiro: 2,52m²
• Banheiro PCD: 3,60m²
• Estoque: 14,82m²

4.5. Fluxograma e Setorização

Conforme o programa de necessidades apresentado acima os ambientes


foram dispostos de acordo com o partido arquitetônico divido em blocos para melhor
funcionalidade e uso dos espaços, como mostra a Figura 68.
Figura 68 – Setorização/Fluxos

Fonte: autoral.
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O projeto será divido em setores, a começar pelo setor externo, até chegar no
mais íntimo, onde estarão abrigadas as detentas, que é o setor interno.

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CONCLUSÃO

As pesquisas realizadas durante o presente trabalho, assim como os debates


levantados, reafirmam a ausência de locais que disponham de infraestrutura básica
adequada, impossibilitando o processo de cumprimento de pena nos espaços
prisionais que são dedicados à esse fim. Desse modo, é preciso que esses debates
fomentem novas discussões a respeito do tema, a fim de favorecer tais estudos que
ainda necessitam de atenção e novas alternativas de solução.
Esses espaços não atendem aos requisitos mínimos e às necessidades
básicas dos encarcerados, principalmente, quando se tratam de instituições
prisionais destinadas às mulheres. Na cidade de Lavras, Minas Gerais, esse
problema não é diferente, o que levou a pensar na arquitetura como um essencial
objeto de transformação dessa realidade, visto que a mesma tem ligação direta com
o estado psíquico de uma pessoa e, quando bem trabalhada, pode gerar muitas
influências positivas na vida de seus usuários, ao permitir a ressocialização e
principalmente, a humanização do espaço.

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