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O sistema elétrico do automóvel converte energia mecânica em energia elétrica, da qual tem
capacidade para armazenar uma parcela e ainda alimentar faróis, luzes internas, luzes de sinalização,
painel e outros mais componentes do veículo, incluindo o motor. Já o sistema de ignição é responsável
por fornecer energia à vela de ignição e deste modo iniciar e manter o motor em funcionamento.
Como o sistema elétrico provê energia ao sistema de ignição, foi julgado adequado apresentar neste
capítulo tanto o sistema de ignição como os componentes do sistema elétrico que são compartilhados.
7.1.1. BATERIAS
Se duas placas de chumbo forem dispostas em uma solução fraca de ácido sulfúrico em água
(eletrólito), e as placas ligadas a uma fonte de eletricidade adequada, uma corrente elétrica será
transmitida através do eletrólito, de uma placa para a outra. Após algum tempo, uma das placas se
torna eletricamente positiva e adquire uma cor marrom, enquanto que a outra se torna eletricamente
negativa e sua cor permanece inalterada, desenvolvendo assim uma diferença no potencial elétrico,
causando uma força elétrica (força eletromotriz) que pode ser medida em volts (ver figura 7-1).
Essa célula pode ser carregada e descarregada, podendo este ciclo se repetir diversas vezes, e é
denominada de célula secundária (baterias que não podem ser recarregadas são chamadas de
primárias). Como as baterias secundárias podem vivenciar diversos ciclos de carga e descarga, as
baterias automotivas são deste tipo. Existem dois tipos de baterias de veículos: um é ácido-chumbo e
o outro é alcalino-alcalino, sendo que a de chumbo-ácido é a mais usada.
A bateria mostrada na figura 7-2 é a usada tipicamente nos veículos modernos. A maioria dos veículos
leves usa baterias de 12 volts (nominais). Os 12 volts são obtidos conectando seis células de ácido-
chumbo em série, pois cada célula entrega 2 volts (ver figuras 7-2 e 7-3). Alguns veículos maiores,
tais como caminhões e ônibus, usam um sistema elétrico de 24 volts, voltagem que é obtida
conectando-se duas baterias de 12 volts em série. Baterias automotivas tem caixa ou invólucro em
material resistente a ácidos, sendo que o polipropileno é frequentemente empregado para este fim. Na
figura 7-2 pode ser visto que a estrutura interna da bateria mantém um espaço entre as células de
chumbo e o piso inferior da caixa, de modo que sedimentos podem se acumular nesse espaço inferior
sem causar curto-circuito nas placas. As placas são feitas na forma de uma grade, que é moldada em
chumbo. Para facilitar o processo de fundição, uma pequena quantidade de antimônio é adicionada
ao eletrodo. Em baterias livres de manutenção, o cálcio é adicionado ao chumbo porque isso reduz as
perdas causadas pela gaseificação.
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7-2
(a) (b)
Figura 7-3: (a) Disposição das placas em uma célula de bateria chumbo ácido; (b) placa de chumbo.
[Adaptado de A Practical Approach to Motor Vehicle Engineering and Maintenance, Allan Bonnick
e Derek Newbold]
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7-3
A figura 7-3 mostra uma placa de bateria. Durante o processo de fabricação, outros materiais são
adicionados ao chumbo. Na placa positiva, é adicionado peróxido de chumbo (uma substância
vermelho-acastanhada) e na placa negativa, chumbo esponjoso (cinza). As placas negativas e
positivas são montadas intercaladamente e impedidas de se tocarem por separadores feitos de material
poroso, o qual permite que o eletrólito faça o máximo contato com a superfície das placas.
7.1.2. ALTERNADOR
Alternador é uma máquina que transforma energia mecânica em energia elétrica. Versátil, é aplicado
em geradores de pequeno porte, automóveis, navios e até mesmo em usinas hidrelétricas ou
termoelétricas.
No caso do automóvel, o imã gerador de campo magnético é móvel (rotacional) e o corpo estático
imerso no campo é uma bobina na qual a corrente induzida é gerada (ver figura 7.4 item a). Observa-
se que a corrente induzida gerada é alternada (figura 7.4 item b).
(a) (b)
Figura 7-4: (a) Desenho esquemático do funcionamento de um alternador automotivo. (b) Diagrama
mostrando a voltagem produzida em um ciclo completo relativo ao posicionamento do imã.
[Adaptado de A Practical Approach to Motor Vehicle Engineering and Maintenance, Allan Bonnick
e Derek Newbold]
Uma vez que a corrente alternada não é adequada para carregar uma bateria, é necessário converte-la
esta corrente contínua, o que é feito através de um retificador, normalmente uma ponte de diodos.
Um regulador mantém a tensão dentro dos limites estabelecidos no projeto do veículo, sendo
composto por um módulo eletrônico regulador de tensão, as escovas (as quais fornecem tensão para
o rotor) e um filtro capacitor. O regulador pode ser entendido, de modo simplificado, como uma chave
que se abre quando a corrente atinge um valor muito alto, e se fecha quando esta diminui, mantendo
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assim a corrente nos níveis aceitáveis. As figuras 7-5 e 7-6 mostram um alternador típico e seus
componentes.
Figura 7-5: Componentes típicos de um alternador automotivo. [Adaptado do Catálogo Valeo 2007
de alternadores, motores de partida e componentes]
Figura 7-6: Alternador automotivo típico. [Adaptado do Catálogo Valeo 2007 de alternadores,
motores de partida e componentes]
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7-5
Ao acionar a chave de partida, na maioria dos motores de partida automotivos o pinhão é deslocado
pelo solenoide (muitas vezes chamado de “automático”), avançando de modo a engajar a coroa
dentada do volante do motor (ver figura 7-7 item b). Somente após ocorrer este engajamento é que o
motor de partida é acionado, fazendo girar o volante do motor e consequentemente o eixo virabrequim
do motor do automóvel.
Após o motor do automóvel ser acionado, o pinhão do motor de partida recua, desacoplando-se do
volante do motor. Isto é necessário porque a rotação máxima do motor de partida (por volta de 100
rpm) é muito menor que a rotação mínima de funcionamento de um motor de combustão interna
automotivo, de modo que, se o motor de arranque não desacoplar este será destruído.
(a) (b)
Figura 7-7: (a) Motor de partida automotivo típico e (b) desenho esquemático do dispositivo de
avanço do pinhão. [Adaptado do Catálogo Valeo 2007 de alternadores, motores de partida e
componentes e de A Practical Approach to Motor Vehicle Engineering and Maintenance, Allan
Bonnick e Derek Newbold]
O sistema de ignição é responsável por fornecer uma centelha forte o suficiente para provocar, no
momento correto, a queima da mistura comprimida de ar e combustível disposta na câmara de
combustão. Isto significa que o sistema de ignição é típico de motores a combustão interna que
operam segundo o ciclo Otto.
A grande maioria dos sistemas de ignição automotivos atualmente em operação pode ser classificada
como sendo do tipo convencional ou dinâmico, com platinado ou do tipo eletrônico. Entretanto, o
sistema convencional não é mais aplicado em automóveis em produção no Brasil desde a década de
1990.
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7-6
O sistema convencional de ignição (figura 7-8) se tornou obsoleto devido a sua incompatibilidade
com o controle de emissão através de conversores catalíticos, obrigatório para todos dos veículos
produzidos no Brasil a partir de 1997. Entretanto, o entendimento do funcionamento deste sistema é
importante, pois este é a base do sistema eletrônico de ignição.
Figura 7-8: Sistema de ignição convencional ou dinâmico, com platinado. [Adaptado do Catálogo
Bosch de aplicações de tampas do distribuidor, rotores, bobinas e sistemas de ignição, 2012]
Enquanto a chave de ignição do automóvel não foi ainda acionada, o circuito elétrico de ignição está
aberto, ou seja, não há passagem de corrente no circuito. Ao ser girada a chave de ignição, o circuito
se fecha e a bobina é alimentada de eletricidade. A bobina amplifica a voltagem da corrente elétrica,
e o distribuidor direciona a corrente amplificada para as velas que devem ser acionadas, ou seja, velas
dos cilindros que estejam com mistura ar/combustível comprimida e pistões no ponto morto superior
(PMS) ou suficientemente próximos.
BOBINA DE IGNIÇÃO
A função deste componente é converter a tensão da bateria, que normalmente varia de 12 a 24 volts,
para uma alta tensão entre 8.000 a 15.000 volts. Esta alta tensão é conduzida pelos cabos de ignição
até as velas, onde é transformada em uma centelha, a qual dará início à queima da mistura ar /
combustível.
espiras do primário é o fator de multiplicação da tensão de entrada para a tensão de saída. Esta tensão
de saída é a responsável pela geração da centelha elétrica nas velas de ignição.
(a) (b)
Figura 7-8: (a) Exemplo de bobina comercial aplicável ao sistema de ignição convencional. (b)
Desenho explicativo do interior de uma bobina. [Adaptado do Catálogo Bosch de aplicações de
tampas do distribuidor, rotores, bobinas e sistemas de ignição, 2012]
DISTRIBUIDOR CONVENCIONAL
a) Distribuir os pulsos de alta tensão para as velas de ignição na sequência correta de operação do
motor.
b) Ajustar continuamente o momento de aplicação do pulso elétrico nas velas de ignição (atrasar ou
adiantar a ignição) de acordo com as variações na rotação do motor.
Neste caso, o eixo central do distribuidor é acionado normalmente pelo eixo comando (ou, mais
raramente, pelo eixo virabrequim). Ao girar, o eixo movimenta tanto um rotor como um conjunto de
excêntricos (ressaltos) conectados a um par de platinados. Ver figura 7-10.
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Os platinados são interruptores ligados ao primário da bobina (baixa tensão). Ao girar, o eixo do
distribuidor faz com que estes interruptores abram e fechem continuamente (até 150 vezes por
segundo). Toda vez que o circuito é fechado, uma corrente flui pelo primário da bobina e alimenta o
secundário, induzindo uma alta tensão no mesmo (figura 7-11).
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O braço do rotor (figura 7-13) é movimentado, passando em sequência por vários terminais que ficam
na tampa do distribuidor (figura 7-12). Ao passar por cada um destes terminais, o braço do rotor
alimenta com alta tensão uma das velas do motor. Esta alta tensão produz na vela a centelha que
inflama a mistura de ar e combustível.
A figura 7-14 reapresenta o sistema de ignição convencional, mostrando agora também o capacitor
do distribuidor e o reator da bobina.
(1) bateria,
(2) chave de ignição,
(3) bobina,
(4) distribuidor,
(5) capacitor do distribuidor,
(6) platinado,
(7) velas de ignição.
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De um modo simplificado, pode ser dito que o capacitor do distribuidor (também conhecido como
condensador do distribuidor) tem a função de uniformizar a descarga da corrente no secundário da
bobina, evitando picos de sobrecarga do circuito, o que diminuiria a vida útil dos componentes,
particularmente os platinados.
Em alguns modelos de automóveis, um reator é instalado na linha que abastece o primário da bobina
(ver figura 7-14). A função deste componente é aumentar a tensão da bobina quando na partida a frio.
Distribuidores automotivos são equipados com mecanismos de avanço e de atraso do ponto de ignição
(momento em que a vela recebe sua carga elétrica), normalmente sendo um mecanismo centrífugo
sensível à rotação do motor e um mecanismo controlado por vácuo, sensível às variações de pressão
no carburador.
O avanço ou atraso do ponto de ignição é um ajuste que otimiza o desempenho do motor em função
da utilização pretendida para o momento. O ponto de ignição ocorre um pouco antes do pistão atingir
o PMS, ponto morto superior (figura 7-15, item a). Quando ocorre muito antes, é dito que o ponto
está adiantado (figura 7-15, item b), e quando ocorre mais próximo, é dito que o mesmo se encontra
atrasado (figura 7-15, item c). Este avanço ou retardo do ponto de ignição tem grande influência sobre
a potência entregue pelo motor, assim como sobre o consumo e a emissão de poluentes.
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O avanço do ponto de ignição permite obter maior torque do motor com menor consumo, mas resulta
também no aumento na emissão de poluentes e na possibilidade de ocorrência de detonações espúrias,
muito prejudiciais ao motor. Reduz o desgaste do platinado em baixas rotações, baixa performance
em altas rotações.
O atraso no ponto de ignição, por sua vez, permite uma redução na emissão de poluentes ao custo de
um aumento no consumo em função do torque, além de aumentar a temperatura dos gases de exaustão
(o que pode danificar o motor). Melhora performance em altas rotações, aumenta desgaste dos
platinados em baixas rotações.
VELAS DE IGNIÇÃO
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Como esta função deve também ser garantida sob condições extremas (partida a frio, carga plena), a
vela desempenha um papel decisivo na performance e na confiabilidade do motor que atenda o ciclo
Otto.
Exigências de uma vela de ignição [Catálogo de Velas e Cabos de Ignição Bosch 2015-2016]:
Requisitos elétricos: funcionar mesmo a altas tensões de até 40.000 volts e ter alta capacidade
de isolação elétrica mesmo a temperaturas de quase 1.000 C.
Requisitos mecânicos: resistir a oscilações de pressão de até 100 atm na câmara de combustão e
ter alta resistência mecânica para uma operação segura.
Requisitos térmicos: resistir a choque térmico (exaustão quente – admissão de mistura fria) e ter
boa condução de calor no isolador e eletrodos para operação confiável.
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O grau térmico é importante, pois uma temperatura mínima (temperatura de autolimpeza) precisa ser
alcançada para prevenir carbonização e falhas de ignição associadas. Por outro lado, uma temperatura
máxima (faixa de pré-ignição) não deve ser excedida para prevenir a ocorrência de pré-ignições.
[Catálogo de Velas e Cabos de Ignição Bosch 2015-2016]
A instalação de uma vela fria em um motor que exija uma vela quente resulta em falhas de ignição.
Por outro lado, a instalação de uma vela quente em motor que exija uma vela fria acaba por levar à
ocorrência de ignição por incandescência, ou seja, ignição fora do ponto (ver figura 7-18).
Figura 7-18: Aplicação incorreta de uma vela de ignição. [Adaptado da Tabela de Aplicação NGK
2018/19]
De um modo simplificado, pode ser afirmado que o sistema eletrônico de ignição (figura 7-16) tem
operação similar ao sistema convencional, diferindo principalmente pelo fato dos platinados serem
substituídos pela ação da ECM (Electronic Control Module) ou Unidade de Comando Eletrônico do
motor.
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Além disso, a precisão do trabalho da ECM permite uma tensão de ignição mais constante, garantindo
que o ponto de ignição esteja sempre ajustado assim como mais potência na centelha em altas
rotações.
As Velas Aquecedoras são utilizadas em motores a diesel para aquecer a câmara de combustão,
facilitando a partida e permanecendo em funcionamento até que o motor atinja sua temperatura ideal
de funcionamento. São muito comuns em ônibus, caminhões, furgões, tratores ou outros tipos de
motores de todas as marcas.
Diferentemente dos motores a gasolina ou a álcool que usam velas de ignição, as velas de
aquecimento são usadas nos motores a diesel, para elevar a temperatura do ar ao ponto de combustão
espontânea do combustível, em sua taxa de compressão.
As Velas Aquecedoras são usadas em dois momentos: no pré-aquecimento do motor, quando esse
ainda não está em funcionamento e no pós-aquecimento, quando o motor já está em funcionamento,
mas se a temperatura exterior estiver for muito baixa.
Este processo reduz o nível de poluentes e fumaça no meio ambiente, além de diminuir o consumo
de combustível, no caso o diesel, gerando economia e permitindo um desempenho mais suave do
motor.
VELAS AQUECEDORAS
Extraído da publicação Bosch 6008CT1226_Folder_Velas_Aquecedoras.pdf
http://br.bosch-
automotive.com/media/parts/download_2/diesel/6008CT1226_Folder_Velas_Aquecedoras.pdf
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Mitsubishi L200 L300 Pajero 2.5 8v 94/08 Dodge Dakota 2.5 8v Turbo Diesel 1998-2001
Frontier 2.5 08/12 Pathfinder 05/09 GLP235 Conjunto de velas aquecedoras NGK 2019
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