FORMAÇÃO EM AYURVEDA 1º Ano

Bases Filosóficas

A India nos deixou como herança um vasto pensamento filosófico que pode ser
encontrado em 9 diferentes escolas.
As 3 primeiras não são teístas e não reconhecem nos Vedas a fonte da Verdade revelada.
São elas: Budismo, Jainismo e Carvaka (Materialismo)
O Ayurveda é uma ciência védica e baseia-se nas escolas filosóficas que reconhecem os
Vedas como fonte da Verdade revelada. Essas escolas são conhecidas como Darsanas e
são em número de 6. A palavra darsana significa ponto de vista. É aplicada a essas
escolas porque todas escolhem um tema dos Vedas para reflexão criando uma visão dos
Vedas a partir do estudo desse tema. São, portanto, 6 diferentes pontos de vista sobre
os Vedas. Abaixo a relação das escolas, seus objetos de estudo e seus sistematizadores.
SAMKHYA: Cosmogonia / Kapila
YOGA: Psicologia / Patanjali
VEDANTA: Teologia / Vyasa
MIMANSA: Liturgia / Jaimini
NYAYA: Lógica e Epistemologia / Gautama
VAISESIKA: Cosmologia / Kanada

O Ayurveda extrai conceitos para a construção de seu edifício teórico das diversas
escolas, especialmente do Samkhya que oferece as bases para o entendimento da
origem da Natureza e da dinâmica de suas manifestações.

SAMKHYA (Enumeração)

Descreve os 25 tatwas, os princípios que combinados dão origem a toda manifestação

do Universo.
Os 2 primeiros princípios são não criados, não tem origem, existem na Eternidade. São
eles o Purusha e a Prakrit.

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PURUSHA: princípio espiritual do Universo. Não possui qualidades, não produz efeitos,
não interfere, não se modifica, não deseja e não age. Eternamente em SAT- CIT –
ANANDA um estado de permanente plenitude e bem-aventurança. No Universo é
chamado Paramatma e sua presença em cada indivíduo é chamada de Jivatma, um dos
componentes de Ayu, a Vida.
PRAKRIT: princípio material ou Natureza. Afastada do Purusha é Aviakta (não manifesta).
Na presença do Purusha entra em atividade e dessa atividade emerge a manifestação
do Universo Material. Essa atividade uma vez iniciada é incoercível. Progride sempre de
um estado mais sutil (sukshma) para um estado mais denso (sthula) e é chamada de
Parinama Nityaya ou o eterno devir. Isso implica que a Natureza está em permanente
transformação (parinama). Nada no Mundo material é eterno ou duradouro, toda a
Realidade está sempre em movimento. O movimento da Natureza não é retilíneo e sim
ondulatório, portanto toda a Natureza é vibracional. O padrão desse movimento
depende da dominância de uma das 3 qualidades intrínsecas da Prakrit.
Triguna: A Prakrit possui 3 qualidades intrínsecas Satwa, Rajas e Tamas.Essas qualidades
se anulam umas às outras quando a Natureza está em estado imanifesto. Porém quando
a atividade se inicia pela presença do Purusha, essas qualidades passam a prevalecer
uma sobre as outras gerando um desequilíbrio na Prakrit que dá origem aos movimentos
e manifestação da Natureza (Vyatka)
Satwa: qualidade que exprime o movimento equilibrado. Quando há dominância de
Satwa observamos: bondade, pureza, inteligência, conhecimento, alegria, beleza,
harmonia.
Rajas: qualidade que exprime o movimento acelerado. Quando há dominância de Rajas
observamos: excitação, desejo de mudança, ambição, trabalho, esforço, dor, ira
Tamas: qualidade que exprime o movimento lento. Quando há dominância de Tamas
observamos: inércia, apatia, preguiça, resistência a mudança, sono, ignorância, niilismo,
apego, possessividade.
Da atividade de transformação da Prakrit emergem os demais 23 tatwas, todos causados
como produto dessa atividade:
BUDDHI: Consciência na Matéria. Funções: Dhi, trazer consciência e Viveka,
discernimento. Conjunto de ferramentas cognitivas que permitem a análise que permite
emitir um juízo sobre uma situação ou objeto.
AHAMKARA: Corresponde a Ego. Aquilo que permite a experiência subjetiva, única,
individual Quando Ahamkara se constitui toda realidade externa a ele torna-se objeto
da experiência. Ahamkara é a sede de Dhrit, a determinação para alcançar o que se
deseja e de Abhymana, o instinto de preservação e o amor-próprio. Toda experiência é

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vivida a partir do desejo em Ahamkara que busca nas experiências do Mundo recuperar
a plenitude perdida no momento que ele se separa do todo ao formar-se.
MANAS: A mente operacional que comanda a percepção e a ação. Recebe os estímulos
derivados dos objetos do mundo e os processa (Cintya). Registra as experiências que
poderão ser evocadas (Smrti).
Essas 3 estruturas são chamadas em conjunto de Antar Karana e correspondem ao
aparelho psíquico no Homem.
Para perceber os objetos do mundo usamos outros 5 tatwas, os Jnani Indryas, ou órgãos
do conhecimento que no homem correspondem aos 5 sentidos:
Karna: ouvidos; Tvak: pele; Chaksu: olhos; Jihva: língua e Nak: nariz
O que é percebido pelos sentidos são outros 5 Tatwas chamados Tanmatras, 5 atributos
da matéria presentes nos objetos que permitem que os conheçamos:
Sabda: som; Sparsha: tato; Rupa: cor e forma; Rasa: sabor e Gandha: aroma
Para agir no Mundo usamos de mais 5 tatwas, os karmi indryas ou órgãos da ação. São
eles:
Hasta, as mãos, responsáveis pela apreensão
Pada, os pés, responsáveis pela locomoção
Vaka, o aparelho fonador, responsável pela comunicação
Upasha: os genitais, responsáveis pela reprodução
Paku: ânus, responsável pela eliminação

Assim a Realidade do Mundo é percebida pelos 5 sentidos que levam informações para
Manas que as processa gerando ideias e conceitos que são apropriados pelo Ahamkara
que os oferece para a análise de Buddhi. Esta firma um juízo que é devolvido ao
Ahamkara que o transforma em desejo o qual vai impulsionar, através de Manas, os
órgãos da ação fechando assim o ciclo da experiência.
Portanto na visão do Samkhya a Vida é uma sucessão de experiências voltadas para o
aprendizado que permite a evolução de nossa Consciência.
Os últimos 5 Tatwas são os chamados Pancha Mahabuthas ou 5 elementos que
combinados compõe a natureza física do Mundo. São eles:
Akash (Éter); Vayu (Ar); Agni (fogo); Ap (água) e Prithvi (terra)

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