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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

FACULDADE DE ENGENHARIA
ENGENHARIA INDUSTRIAL MECÂNICA
DISCIPLINA: SEGURANÇA

APOSTILA DE
SEGURANÇA
Sumário
1. Segurança e Higiene do Trabalho ...................................................................3
1.1. Introdução ................................................................................................3
2. Acidente do Trabalho.....................................................................................11
2.1. Definição.................................................................................................11
2.2. Por que o Acidente do Trabalho deve ser evitado..................................11
2.3. Identificação das Causas do Acidente ...................................................13
2.4. Classificação do Acidente ......................................................................15
3. Equipamentos de Proteção............................................................................16
3.1. Introdução ..............................................................................................16
3.2. Equipamento de Proteção Coletiva - EPC .............................................16
3.3. Equipamento de Proteção Individual - EPI ............................................16
4. Riscos Ambientais .........................................................................................20
4.1. Introdução ..............................................................................................20
4.2. Classificação dos Riscos........................................................................21
4.3. Fatores que colaboram para que os Produtos ou Agentes causem
danos à Saúde ..................................................................................................21
4.4. Vias de Entrada dos Materiais Tóxicos no Organismo ..........................22
4.5. Riscos Químicos ....................................................................................22
4.6. Riscos Físicos ........................................................................................24
4.7. Riscos Biológicos ...................................................................................43
4.8. Principais Medidas de Controle dos Riscos Ambientais ........................43
5. Riscos de Eletricidade ...................................................................................45
5.1. Introdução ..............................................................................................45
5.2. Riscos da Eletricidade ..........................................................................46
5.3. Principais Sintomas Causados pelo Choque..........................................47
5.4. Riscos Elétricos ......................................................................................48
5.5. Medidas Preventivas em Instalações Elétricas.......................................48
5.6. Aterramento Elétrico ...............................................................................49
6. Noções Básicas de Combate à Incêndio .......................................................50
6.1. Princípios Básicos do Fogo....................................................................50
6.2. Condições Propícias para a Combustão................................................53
6.3. Combustão .............................................................................................55
6.4. Combate à Incêndio ...............................................................................62
6.5. Tipos de Equipamento para Combate a Incêndios ................................64
7. Ventilação Industrial..........................................................................................68
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1. SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO

1.1. Introdução

O objetivo principal desta disciplina ‘segurança’ é o de transmitir e ensinar as principais


noções básicas e fundamentais relativas ao tema, bem como, preparar e motivar todos os
alunos a engajarem-se na busca de melhores condições de trabalho. A segurança deve
ser encarada como um elemento indispensável e importante instrumento de qualidade e
produtividade.
Desta forma, buscaremos obter uma visão global e uma introdução da Higiene e
Segurança do Trabalho, de modo a alicerçarmos uma base para uma atuação
responsável e construtiva nesta especialidade tão importante em nossa vida profissional.

É sabido que o brasileiro, tradicionalmente, não se apega à Prevenção, seja ela de


acidentes do trabalho ou não.

A nossa formação escolar não nos enseja qualquer contato com técnicas de Prevenção
de Acidentes, nem ao menos com a sua necessidade. Daí, a grande necessidade que a
empresa moderna tem de aplicar recursos, investir em treinamento, em equipamentos e
em métodos de trabalho para incutir em seu pessoal o Espírito Prevencionista e,
através de técnicas e de sensibilização, combater em seu meio o Acidentes do
Trabalho que, conforme tem sido demonstrado, atinge forte e danosamente a
Qualidade, a Produção e o Custo.

Várias siglas e só um objetivo: integridade do cidadão:


CLT- consolidação das leis do trabalho;
DORT – distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho;
EIA – Estudo prévio de impacto ambiental;
LER – Lesão por esforços repetitivos;
NR – Norma regulamentadora;
Pair – perda auditiva induzida pelo ruído;
PCA – Programa de conservação auditiva;
PCC – Programa de controle de colesterol;
PCMSO – Programa de controle médico de saúde ocupacional;
POA – Programa de orientação alimentar;
POO – Programa de prevenção oftalmológico-ocupacional;
PPAI – Programa de prevenção à Aids;
PPAL – Programa de prevenção ao alcoolismo;
PPCM - Programa de prevenção ao câncer de próstata;
PPD - Programa de prevenção às drogas;
PPF - Programa de prevenção ao fumo;
PPH - Programa de prevenção à hipertensão;
PPRA - Programa de prevenção de riscos ambientais;
PPS - Programa de prevenção ao stress;

1.2 A legislação sobre segurança do trabalho no Brasil

A Constituição é a legislação que estabelece as linhas gerais da organização do Brasil


em nível político, jurídico e de suas instituições, e ainda os direitos individuais e sociais
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dos cidadãos. Esta legislação constitucional pode ter aplicação imediata ou necessitar de
leis chamadas ordinárias que especificam e detalham os direitos assegurados pela
Constituição. As leis ordinárias, por sua vez devem ter a sua aplicação definida através
de regulamentos ou portarias estabelecidas pelos poderes públicos responsáveis.
A Constituição Brasileira, que entrou em vigor em 5 de outubro do 1988, estabelece em
seu artigo 6º. que são direitos sociais: a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, e em seu artigo 7º. direitos para os trabalhadores urbanos e rurais quanto
aos riscos no trabalho. Na alínea 22 desse artigo define-se o direito dos trabalhadores a
redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e
segurança. A alínea 23 assegura o direito ao adicionaI de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
Apesar destes direitos estarem definidos na Constituição Brasileira, já constavam da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – instituída pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (anexo I) em 1º. de maio de 1943 - o direito ao adicional de insalubridade para
aqueles que trabalham em atividades consideradas insalubres (que causam doenças) e o
adicional de periculosidade para trabalhadores sujeitos a atividades perigosas no
trabalho.
O artigo 39, parágrafo 2º, estende aos servidores públicos federais, estaduais e
municipais os direitos previstos nas alíneas 22 e 23 do artigo 7º.
A alínea 33, do mesmo artigo 7º., estabelece a proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre aos menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, exceto na condição de aprendiz. Também neste caso a CLT prevê a proibição do
trabalho do menor em condições insalubres ou perigosas (art. 405).
A legislação ordinária sobre a proteção dos trabalhadores diante dos riscos no trabalho
faz parte da legislação trabalhista e está contida na CLT, vez que abrange todos os
empregados em empresas privadas.
Não estão cobertos por esta legislação os funcionários públicos estatutários, isto é,
aqueles que estão submetidos aos estatutos do funcionalismo em nível federal, estadual
ou municipal. Entretanto, existem muitos órgãos púbicos que tem funcionários
contratados pelo regime da CLT, sendo, então, obrigados a cumprirem a legislação
celetista.
A redação atual do capitulo da CLT que abrange a parte de segurança e medicina do
trabalho (TÍTULO II, CAPÍTULO V, "DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO") foi
estabelecida pela Lei nº. 6514 de 22/12/1977 e se estende do artigo 154 ao artigo 201 da
CLT.
O detalhamento e a aplicação desta lei estão contidos em 31 Normas
Regulamentadoras (NR) estabelecidas pela Portaria nº. 3214, de 8 de junho de 1978, do
Ministério do Trabalho e Emprego. Estas Normas são bastante abrangentes e o seu
conteúdo, em determinadas Normas e partes delas, tratam de aspectos muito
especializados e que envolvem setores de trabalhos restritos. As Normas
Regulamentadoras, são:
⇒ NR-1 Disposições Gerais
⇒ NR-2 Inspeção Prévia
⇒ NR-3 Embargo ou Interdição
⇒ NR-4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho – SESMT
⇒ NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
⇒ NR-6 Equipamentos de Proteção Individual – EPI
⇒ NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO
⇒ NR-8 Edificações
⇒ NR-9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA
⇒ NR-10 Instalações e Serviços em Eletricidade
⇒ NR-11 Transportes, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
⇒ NR-12 Máquinas e Equipamentos
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⇒ NR-13 Caldeiras e Vasos de Pressão


⇒ NR-14 Fornos
⇒ NR-15 Atividades e Operações Insalubres
⇒ NR-16 Atividades e Operações Perigosas
⇒ NR-17 Ergonomia
⇒ NR-18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção
⇒ NR-19 Explosivos
⇒ NR-20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
⇒ NR-21 Trabalho a Céu Aberto
⇒ NR-22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
⇒ NR-23 Proteção Contra Incêndios
⇒ NR-24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
⇒ NR-25 Resíduos Industriais
⇒ NR-26 Sinalização de Segurança
⇒ NR-27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no
Ministério do Trabalho
⇒ NR-28 Fiscalização e Penalidades
⇒ NR-29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
⇒ NR-30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
⇒ NR-31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,
Exploração Florestal e Aqüicultura
⇒ NR-32 Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde.
Além destas 32 Normas Regulamentadoras, foram estabelecidas:
- Norma Regulamentadora (não numerada) referente a Segurança e Medicina do
Trabalho em Instalações Nucleares (Portaria MTb nº. 1, de 8/1/1982);
- Normas Regulamentadoras Rurais (as NRR-1, NRR-2, NRR-3, NRR-4 e NRR-5)
referente a Segurança e Higiene do Trabalho Rural (Portaria nº. 3067, de 12/4/1988),
que, gradativamente serão substituídas pela NR-31.
O capítulo V da CLT "Da Segurança e Medicina do Trabalho" e suas Normas
Regulamentadoras são o que podemos chamar de núcleo fundamental da legislação
brasileira voltada para a proteção do trabalhador diante dos riscos existentes nos locais
de trabalho.
O órgão público responsável pela fiscalização do seu cumprimento é o Ministério do
Trabalho e Emprego através das Delegacias Regionais do Trabalho e Emprego nos
Estados. A coordenação desse trabalho em nível nacional cabe a Secretaria de Inspeção
do Trabalho e sua execução à Diretoria de Segurança e Saúde no Trabalho.
As Normas Regulamentadoras podem ser alteradas a partir de portarias expedidas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, entretanto, essas mudanças não podem modificar
dispositivos que estejam fixados na lei, no caso a CLT. Para isto, são necessárias a
aprovação da mudança legal pelo Congresso Nacional e a sua sanção pelo Presidente
da República.
Mas, além das legislações citadas, existem muitas outras normas Iegais que dizem
respeito à questão de saúde do trabalhador e sua relação com os riscos nos ambientes
de trabalho. Por exemplo, dentro da própria CLT vamos encontrar passagens que tratam
da duração da jornada de trabalho e de aspectos do trabalho da mulher e do menor.
Existem nos Estados e Municípios códigos de obras e/ou códigos sanitários que
prevalecem sobre os códigos federais, desde que não o contradigam, pois estão voltados
para a realidade existente naquela região quanto ao ambiente de trabalho e por isso
devem ser cumpridos pela empresas.
A Previdência Social brasileira já passou por várias mudanças conceituais e estruturais,
envolvendo o grau de cobertura, o elenco de benefícios oferecidos e a forma de
financiamento do sistema. Na legislação previdenciária (Lei nº. 8213/91), estão incluídos
os temas relativos a indenização dos trabalhadores atingidos por acidentes do trabalho e
doenças profissionais.
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Enfim, o estabelecimento de normas relativas à saúde e segurança do trabalhador,


segundo as orientações da Organização Internacional do Trabalho – OIT, tem
despertado muito interesse junto aos trabalhadores, empresários e autoridades e tem
ganhado espaços crescentes nas negociações de várias categorias profissionais e
constam dos Acordos ou Contratos Coletivos de Trabalho.

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM SEGURANÇA E EM


MEDICINA DO TRABALHO – S.E.S.M.T.
O artigo nº. 162 da CLT e a Norma Regulamentadora nº. 4 (NR-4) obrigam todas as
empresas que possuam empregados regidos por regime de contrato de trabalho nos
termos da Consolidação das Leis do Trabalho a manterem SESMT, com a finalidade de
promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.
O dimensionamento do SESMT vincula-se à gradação do risco da atividade da
empresa, definido segunda sua classificação nacional de atividade econômica (CNAE) e
ao número total de empregados registrados e será composto por profissionais
especializados devidamente qualificados como:
• Engenheiro de Segurança do Trabalho
• Técnico em Segurança do Trabalho
• Médico do Trabalho
• Enfermeiro do Trabalho
• Auxiliar de Enfermagem do Trabalho
O SESMT deverá manter entrosamento permanente com a CIPA valendo-se dela
como agente multiplicador e deverão, juntos, estudar todos os problemas e propor
soluções corretivas e preventivas.

COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – C.I.P.A.


A CLT nos artigos nº. 163 ao nº. 165 e a Norma Regulamentadora nº. 5 (NR-5)
obrigam todas as empresas privadas e públicas e órgãos governamentais que possuam
empregados regidos pela CLT, a organizar e manter em funcionamento, por
estabelecimento uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA.
A CIPA tem por objetivo desenvolver atividades voltadas não só para a prevenção
de acidentes do trabalho, mas também, à proteção da saúde dos trabalhadores diante
dos riscos existentes nos locais de trabalho.
A CIPA é composta por representantes indicados pelo empregador e por
representantes eleitos pelos trabalhadores, de modo paritário, isto é, as representações
têm cotas iguais de representantes. O número de participantes vai depender do total de
empregados da empresa e do grupo de risco a que pertença, conforme seus quadros I, II
e III.
A composição da CIPA deve ser feita de modo que se assegure a participação de
representantes do maior número de setores, em especial daqueles onde existem maiores
riscos. O Presidente da CIPA é indicado pela empresa entre os seus representantes
titulares. O Vice-Presidente será escolhido pelos cipeiros eleitos pelos empregados entre
os representantes titulares. Haverá tantos representantes suplentes quantos forem os
titulares do empregador e dos empregados, conforme determina o Quadro I da NR-5,
sendo que cada suplente não corresponde especificamente a um mesmo titular e não
precisam ser do mesmo setor na empresa.
A CIPA tem mandato de 12 meses a partir da sua Instalação e Posse, devendo
reunir-se, pelo menos. uma vez por mês, durante o expediente normal da empresa,
sendo que essas reuniões deverão ser lavradas em folhas próprias (ou livro) sob a forma
de ata redigidas por um Secretario ou seu respectivo substituto. Em caso de acidente
grave a CIPA se reunirá em caráter extraordinário no prazo máximo de 48 horas, após a
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ocorrência do acidente, podendo ser exigida a presença do responsável pelo setor onde
ocorreu o acidente, para avaliar o ocorrido e tomar outras providencias necessárias.
Enfim, a CIPA deverá ser entendida como um benefício para a empresa e seus
empregados, pois o empregador poderá contar com seus Cipeiros para disseminar a
prevenção de acidentes, qualidade e satisfação nas tarefas executadas, redução ou
eliminação de acidentes, tranqüilidade e aumento na produção e outros benefícios mais.
A NR-5 diz no seu item 5.16:
"5.16 A CIPA terá por atribuição:
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a
participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde
houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas
de segurança e saúde no trabalho;" (...)
Ministério do Trabalho e Emprego, ao fiscalizar Segurança e Saúde, antes de qualquer
ação, faz um levantamento dos riscos do local em inspeção.
Para controlar o perigo, necessário se faz conhecê-lo, suas causas, suas razões, seus
porquês.
E o que é risco e perigo? Segundo o Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa,
RISCO – perigo ou possibilidade de perigo; possibilidade de perda ou de
responsabilidade pelo dano.
PERIGO – circunstância que prenuncia um mal para alguém ou para alguma coisa; aquilo
que provoca tal circunstância; risco; estado ou situação que inspira cuidado; situação de
fato pela qual decorre o temor de uma lesão física ou moral a uma pessoa ou de uma
ofensa aos direitos dela.
O modelo adotado no Brasil é o "Modelo Operário Italiano", cujo princípio era o de não
delegar questões relacionadas à saúde do trabalhador a terceiros, sendo o Mapa de
Riscos a representação gráfica do conhecimento do trabalhador das áreas e substâncias
insalubres e perigosas, não apenas de determinada empresa e sim um mapa global, de
toda uma região.
Fazer o mapeamento de riscos na empresa, no setor ou local de trabalho é o
levantamento dos riscos daquele ambiente para posterior representação gráfica no mapa,
que se tornará de conhecimento público aos seus empregados, colaboradores e
visitantes.
O primeiro aspecto a ser analisado é a vontade, a participação do empregador, de vez
que cabe a ele permitir que o mapeamento dos riscos seja feito com liberdade e
independência. Ele, empregador, é o responsável pelos riscos no ambiente de trabalho e,
portanto, também responsável pela eliminação desses riscos.
O empregador precisa ter em mente que não é mais possível manter em segredo
substâncias e locais perigosos da empresa, portanto, é necessário que ele autorize os
membros da CIPA a deixarem seus locais de trabalho, a fim de que possam caminhar por
toda a empresa, conversar livremente com os demais trabalhadores, ir e vir de setor em
setor para o levantamento necessário.
O segundo passo é a preparação dos Cipeiros, bem como dos membros do SESMT para
que se tornem aptos a fazer o Mapa de Riscos, através da leitura e discussão da Norma
Regulamentadora nº. 5 (NR-5), da Portaria nº. 25, de 29 de dezembro de 1994 e, se
possível, através de treinamento especifico para tal fim.
Devidamente preparados, os membros da CIPA e do SESMT estabelecem o caminho e
os critérios a serem seguidos, quais as áreas onde os riscos serão mapeados
primeiramente, de que forma será feito este mapeamento, comunicarem aos
trabalhadores dos objetivos do trabalho a ser realizado enfatizando a importância do
levantamento correto, da responsabilidade deles em todo o processo e, finalmente,
solicitando a cooperação de todos para o bom desenvolvimento do processo de
elaboração do Mapa de Riscos na empresa.
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Todos os trabalhadores devem ter em mente que os riscos a serem levantados não se
constituem em críticas ou denúncias à empresa, mas uma constatação dos fatores que
prejudicam o bom andamento dos trabalhos na seção, e que, por isso, precisam ser
identificados, analisados e controlados.
Os riscos devem ser mapeados através da observação atenta e da avaliação sensitiva
dos colaboradores, sem a preocupação de diferenciá-los através de cores, de classificá-
los ou mesmo com a existência ou não de medidas de proteção, pois pode ser que
algumas dessas medidas não sejam mais adequadas. A preocupação deve ser em saber
como o trabalhador sente o risco, no quanto aquele risco o incomoda, se muito, mais ou
menos ou se pouco, portanto, cabe a ele – trabalhador – mensurar ou definir conceitos
de grande, médio ou pequeno; agirem com absoluta independência, com seriedade,
ouvindo e respeitando a opinião dos demais, afinal trata-se de um trabalho conjunto
visando a segurança coletiva.
É louvável que o mapeamento de riscos seja feito em duas etapas, onde na primeira
delas, os riscos sejam mapeados da forma mais livre possível, sem levar em conta
qualquer técnica de abordagem ou roteiros predeterminados. Uma vez apurados,
identificá-los em quais grupos se enquadram, para que depois sejam discutidos os
perigos de cada um deles, a razão e os porquês de estarem presentes. A segunda etapa
será, na verdade, uma checagem dos riscos nas diversas seções quando, então, os
Cipeiros poderão se munir de roteiro de abordagem.
Depois de analisados e discutidos todos os riscos, os mesmos são representados
graficamente no mapa, ou seja, numa planta baixa ou croqui do setor levantado.
Os riscos ambientais considerados pela Portaria nº. 25, de 29 de dezembro de
1994, foram divididos em cinco grupos, sendo a cada um deles atribuída uma cor
conforme quadro abaixo:

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5

Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos


Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos de Acidentes
verde vermelho marrom amarelo azul

Os riscos ambientais que compõem cada grupo de risco são:


• riscos físicos (grupo verde) – ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não-
ionizantes, frio, calor, pressões anormais, umidade.
• riscos químicos (grupo vermelho) – poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores,
substancias, compostos ou produtos químicos em geral.
• riscos biológicos (grupo marrom) – vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas,
bacilos.
• riscos ergonômicos (grupo amarelo) – esforço físico, levantamento e transporte
manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade,
imposição de ritmos excessivos, trabalhos em turnos e noturnos, jornada de trabalho
prolongada, monotonia e repetitividade, outras situações de "estress" físico e/ou
psíquico.
• riscos de acidentes (grupo azul) – arranjo físico inadequado, máquinas e
equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação
inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento
inadequado, animais peçonhentos, outras situações que poderão contribuir para
ocorrência de acidentes
A gravidade dos riscos é simbolizada por círculos de tamanhos pequeno, médio e
grande. O tamanho dos círculos não representa, necessariamente, o tamanho do risco
técnico e, por isso, alguns aspectos devem ser considerados:
a) o tanto que o risco incomoda – pode ocorrer de um risco incomodar muito aos
trabalhadores e na realidade não se tratar de um grande risco técnico;
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b) riscos pequenos – não costumam ser levados em consideração, entretanto é


pertinente que sejam simbolizados no mapa, pois sua retirada posterior é um
incentivo para trabalhadores e direção da empresa;
c) o excesso de círculos no mapa – naqueles ambientes onde há incidência de dois
ou mais riscos de igual gravidade, é consenso geral que os mesmos sejam
representados por um único círculo dividido igualmente pelo número de riscos e
pintado com as cores correspondentes. Na ocorrência de um único risco irradiar
por todo o ambiente fabril, poderá ser representado por um único círculo colocado
no meio do mapa tendo a sua volta setas indicando a direção da irradiação do
risco;
Concluída a representação gráfica dos riscos, o Mapa de Riscos deverá ser afixado em
local de movimentação dos trabalhadores, dos colaboradores e dos visitantes, para seu
conhecimento. Isto feito passará a incomodar, pois agora é real a existência e o
conhecimento dos riscos daquela área e isto poderá induzir a que medidas urgentes
sejam tomadas para a sua eliminação ou controle.
Cabe agora a CIPA, ao SESMT e aos trabalhadores recomendarem mudanças ao
ambiente para solução das deficiências. Normalmente as soluções propostas pelos
trabalhadores, de modo geral, são fantásticas, criativas e de baixo custo. Muitos dos
problemas poderão ser resolvidos de forma simples, sem sofisticação, com baixo custo.
Outros exigirão apoio técnico de especialistas, dos fabricantes, de outras entidades
especializadas ...
O item 5.7 da NR-5 diz que o mandato dos membros eleitos da CIPA terá duração de um
ano; ora, está claro, então, que como compete, também, a CIPA a elaboração do Mapa
de Riscos, entendemos que a cada ano deve ser elaborado novo levantamento e
mapeamento dos riscos ambientais. Embora nada impeça que à medida que os riscos
forem sendo eliminados ou minimizados naquela gestão, o Mapa de Risco seja refeito.
Cada círculo que deixa de existir ou que diminui de tamanho, representa uma vitória
alcançada pelos trabalhadores e pela empresa.
O Mapa de Riscos está intimamente ligado ao PPRA, tanto que a Norma
Regulamentadora nº. 9 (NR-9), no seu item 9.6.2, diz:
"9.6.2 O conhecimento e a percepção que os trabalhadores tem do processo de trabalho
e dos riscos ambientais presentes, incluindo os dados consignados no Mapa de Riscos,
previsto na NR-5, deverão ser considerados para fins de planejamento e execução do
PPRA em todas as suas fases."

HIGIENE DO TRABALHO
É fundamental prestar atenção apropriada à limpeza, higiene e demais fatores que
acondicionam os lugares de trabalho para evitar as doenças do trabalho.
Os ambientes de trabalho podem conter, dependendo da atividade que neles é
desenvolvida, um ou mais fatores ou agentes chamados riscos ambientais.
O controle dos riscos ocupacionais representa hoje um dos desafios mais importantes
para os profissionais do SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho, pois novas tecnologias geram novos produtos e exposições
adicionais que, combinados com processos e métodos de produção industrial, sintetizam
uma série crescente de situações que devem ser controladas para evitar reações
adversas às pessoas e ao meio ambiente. O trabalhador diretamente ligado ao processo
poderá dar sua contribuição, reconhecendo, mesmo que de forma subjetiva, os riscos do
ambiente do trabalho.
A Higiene do Trabalho é a ciência que se incumbe do estudo dos riscos ambientais dos
postos de trabalho que podem causar enfermidade ou prejuízo à saúde ou ao bem-estar
dos trabalhadores através dos agentes e de recomendar medidas de controle para
eliminação ou redução dos riscos em níveis aceitáveis.
Os artigos 157 e 158, dizem:
"Art. 157. Cabe às empresas:
SEGURANÇA 10

I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;


II – instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar
no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;" (...)
"Art. 158. Cabe aos empregados:
I – observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de
que trata o item II do artigo anterior;
II – colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo." (...)
A Norma Regulamentadora nº. 1 (NR-1), da Portaria nº. 3214, de 8 de junho de 1978, nos
itens 1.7 e 1.8, dizem:
"1.7 Cabe ao empregador:
a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho;
b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e medicina do trabalho, dando ciência aos
empregados, com os seguintes objetivos:
I – prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;
II – divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam conhecer e cumprir;
III – dar conhecimento aos empregados de que serão passíveis de punição, pelo
descumprimento das ordens de serviço expedidas;
(...)
VI – adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as condições
inseguras de trabalho;
c) informar aos trabalhadores:
I – os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;
II – os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa;
III – os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos
quais os próprios trabalhadores forem submetidos;
IV – os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.
d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos
preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho."
"1.8 – Cabe ao empregado:
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do
trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador;
b) usar o EPI fornecido pelo empregador;
c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras – NR;
d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR."
A Convenção nº. 155, da Organização Internacional do Trabalho – OIT, sobre Segurança
e Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente do Trabalho, adotada em Genebra, em
1981, recomenda no artigo 16, alínea 2, que "deverá ser exigido dos empregadores que,
na medida que for razoável e possível, garantam que os agentes e as substâncias
químicas, físicas e biológicas que estiverem sob seu controle, não envolvem riscos para a
saúde quando são tomadas medidas de proteção adequada".
A legislação vigente, por meio da Norma Regulamentadora nº. 9 (NR-9), em cumprimento
ao artigo 200 da CLT, incisos VI e VII, que por sua vez atende as recomendações do
artigo 11, alínea "f" da Convenção nº. 155 da O.I.T., estrutura, define e orienta a
elaboração do PPRA, que deve ter suas ações desenvolvidas no âmbito de cada
estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação
dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das
características dos riscos e das necessidades de controle.
E o que é PPRA? É o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais que toda empresa e
instituição que admita trabalhador como empregado é obrigada a elaborar e implementar,
visando a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos
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ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em


consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
O PPRA é parte integrante do conjunto das iniciativas da empresa na preservação
da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com outras
Normas Regulamentadoras, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional – PCMSO, previsto na NR-7.

2. ACIDENTE DO TRABALHO

2.1. Definição

O Acidente é toda e qualquer ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não,


que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão.
Se tal ocorrência estiver relacionada com o exercício do trabalho, estará, então,
caracterizado o Acidente de Trabalho. Trocando o conceito em miúdos:
A ocorrência é imprevista por não ter um momento pré - determinado (dia ou hora) para
acontecer. É preciso distinguir previsto/imprevisto de previsível/imprevisível.
O "previsto" significa programa, enquanto o "previsível" sugere possibilidade. Assim,
pode-se dizer que o acidente é previsível em função de circunstâncias (uma escada de
degraus defeituosos, um mecânico esmerilhando sem óculos, por exemplo), isto é,
existe a possibilidade, clara, de ocorrer o acidente. No entanto, a ocorrência não está
prevista, por não estar programada.
O indesejável, é óbvio, é por não se querer o acidente. Daí, se alguém,
intencionalmente, joga, por exemplo, um alicate contra outro e o atinge, caracteriza-
se o acidente, apesar de o indivíduo ter desejado atingir o outro. Isso se dá porque
a ocorrência é caracterizada em função da vítima (ou vítima potencial) e é claro que
ela não queria ser atacada.
O "instantânea ou não" faz a diferença entre o acidente típico, como o conhecemos
(queda, impacto sofrido, aprisionamento, etc.) e a doença ocupacional ou do trabalho
(asbestose, saturnismo, silicose, etc.). Esclarecendo: o acidente propriamente dito é a
ocorrência que tem conseqüência (lesão) imediata em relação ao momento da
ocorrência (queda = fratura, luxação, escoriações). A Doença Ocupacional é
conseqüência mediata em relação à exposição ao risco (exposição ao vapor de chumbo
hoje, saturnismo após algum tempo).
O acidente, não implica, necessariamente em lesão, podendo ficar somente no risco de
provocá-la (acidente sem vítima). Assim, a queda de uma marreta, por exemplo, é o
acidente que pode ser com vítima (provoca lesão) ou sem vítima (não atinge ninguém).
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em sua NB18 (Norma Brasileira
no 18) focaliza o acidente sob os seguintes aspectos:

Tipo: Classifica o acidente quanto à sua espécie, como Impacto de Pessoa Contra
(que se aplica aos casos em que a lesão foi produzida por impacto do acidentado
contra um objeto parado, exceto em casos de queda); Impacto Sofrido (o movimento é
de objeto); Queda com Diferença de Nível (ação da gravidade, com o objeto de contato
estando abaixo da superfície em que se encontra o acidentado); Queda em
Mesmo Nível (movimentado devido à perda de equilíbrio, com o objeto de contato
estando no mesmo nível ou acima da superfície de apoio do acidentado); Atrito ou
Abrasão; Aprovisionamento, etc.

2.2. Por que o Acidente do Trabalho deve ser evitado

Sob todos os ângulos em que possa ser analisado, o acidente do trabalho apresenta
SEGURANÇA 12

fatores altamente negativos no que se refere ao aspecto humano, social e econômico,


cujas conseqüências se constituem num forte argumento de apoio a qualquer ações
de controle e prevenção dos infortúnios ocasionais.
Aspecto Humano
Bastaria a consulta as estatísticas oficiais, que registram os acidentes que prejudicam a
integridade física do empregado, para conhecimento do grande índice de pessoas
incapacitadas para o trabalho e de tantas vidas truncadas, tendo como conseqüência a
desestruturação do ambiente familiar, onde tais infortúnios repercutem por tempo
indeterminado.

Aspecto Social
Em referência a este aspecto, vamos analisar o acidente do trabalho e suas
conseqüências sociais, visando a estes dois aspectos:

• o acidente do trabalho como efeito;


• o acidente do trabalho como causa.

Pode-se considerar o acidente do trabalho como efeito quando ele resulta de uma ação
imprudente ou de condições inadequadas, isto é, quando ele resulta de uma
inobservância das normas de segurança; pode-se considerá-lo como causa quando se
tem em vista as conseqüências dele advindas.
Como se deduz, são imensuráveis, em termos de extensão e proporção, as
conseqüências dos acidentes do trabalho. Mas, o importante diante de todos os aspectos
que possam ser apresentados, é que as pessoas se inteiram dessa realidade,
interessando-se pela aplicação correta das medidas de prevenção do acidente, para não
se tornarem vítimas do mesmo.

Aspecto Econômico

Um dos fatores altamente negativos, resultante dos acidentes do trabalho, é o prejuízo


econômico cujas conseqüências atingem ao empregado, a empresa, a sociedade e, em
uma concepção mas ampla, a própria nação.
Quanto ao empregado, apesar de toda a assistência e das indenizações recebidas por
ele ou por seus familiares através da Previdência Social, no caso de acidentar-se, os
prejuízos econômicos fazem-se sentir na medida em que a indenização não lhe garante
necessariamente o mesmo padrão de vida mantido até então. E, dependendo do tipo
de lesão sofrida, tais benefícios, por melhores que sejam, não repararão uma invalidez
ou a perda de uma vida.
Na empresa, os prejuízos econômicos derivados dos acidentes variam em função da
importância que ela dedica à prevenção de acidentes. A perda ainda que de alguns
minutos de atividade no trabalho traz prejuízo econômico, o mesmo acontecendo com a
danificação de máquinas, equipamentos, perda de materiais etc. Outro tipo de prejuízo
econômico refere-se ao acidente que atinge o empregado, variando as proporções quanto
ao tempo de afastamento do mesmo, devido à gravidade da lesão.
As conseqüências podem ser, dentre outras: a paralisação do trabalho por tempo
indeterminado, devido à impossibilidade de substituição do acidentado por um elemento
treinado para aquele tipo de trabalho e, ainda a influência psicológica negativa que
atinge os demais empregados e que interfere no ritmo normal do trabalho, levando
sempre a uma grande queda da produção.
Em termos gerais, esses são alguns fatores que muito contribuem para os prejuízos
econômicos tanto do empregado quanto da empresa.
SEGURANÇA 13

2.3. Identificação das Causas do Acidente

A Análise das Causas dos Acidentes do Trabalho consta de estudos que nos levam ao
conhecimento de como e por que os acidentes ocorreram, facilitando a compreensão das
suas causas e possibilitando assim a atuação e a implantação de medidas preventivas
que protejam e impeçam a ocorrência de novos acidentes.

De um modo restrito as causas dos acidentes do trabalho são classificadas como:

I ) - ATOS INSEGUROS:

Os atos inseguros são geralmente definidos como causas de acidentes do trabalho que
residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução de
tarefas de forma contrária as normas de segurança.

Como por exemplo:

 Falta de atenção;

 Excesso de autoconfiança;

 Outros.

As causas dos atos inseguros por sua vez podem ser devidas:

A ) - Inadaptação entre o Homem e a Função

B ) - Fatores Constitucionais

 Idade, Sexo, Percepção, etc

C ) - Fatores Circunstanciais

 Problemas familiares, abalos emocionais


 Discussão com colegas, alcoolismo, doenças, etc.

D ) - Desconhecimento dos Riscos da Função e/ou Formas de Evitá-los

É comum um operário praticar atos inseguros por não ter conhecimento


adequado sobre a forma recomendada de executar a operação, ou
mesmo, por desconhecer os riscos a que está sujeito.

Cabe aos técnicos e encarregados orientá-lo sobre as formas


recomendadas e mais seguras de se realizar determinadas tarefas de
risco envolvidas na função.

II ) - CONDIÇÕES INSEGURAS:

São aquelas condições que, presente no local de trabalho, colocam em risco a


integridade física e mental do trabalhador, devido à possibilidade de o mesmo acidentar.
Tais condições apresentam e como deficiências técnicas.

Ex: Máquinas sem proteção, fiação elétrica exposta, piso defeituoso, etc.
SEGURANÇA 14

Além das causas primárias das ocorrências ligadas aos Acidentes do Trabalho como as
acima colocadas podemos identificar outros fatores que favoreceram a ocorrência e o
incremento dos acidentes do trabalho, os quais não podemos ignorar:

Exemplo disto ocorreu no Brasil na década de 90:

 Conjunturas Econômicas bastante desfavoráveis, como as ocorridas no Brasil na


década de 90, em conseqüência de períodos de crises da política e economia mundial.

Estas condições repercutiram negativamente em nossa economia, estimulando o


emprego de políticas econômicas não adequadas, impostas pelos credores
internacionais.

Como por exemplo, tivemos os casos de diversas privatizações realizadas no Brasil, as


quais foram bastante desvantajosas para o nosso país, como as que ocorreram com a
Cia. Vale do Rio Doce, com as Concessionárias de Telefonia e de Energia Elétrica e de
Gás Natural.

Estas privatizações, além causarem o desemprego em massa, causaram também o


advento de políticas de terceirização da mão de obra, executadas precariamente.

A terceirização por sua vez quase sempre veio acompanhada pela perda dos direitos por
parte dos trabalhadores, bem como, da diminuição do poder de negociação dos
Sindicatos, os quais tinham antes condições de lutar e defender os direitos dos
trabalhadores e atualmente encontram-se enfraquecidos, dado os elevados índices de
desemprego ainda existentes em nosso pais.

Sem generalizar, com raras exceções, podemos constatar que os índices de acidentes do
trabalho são mais elevados aonde o trabalho foi terceirizado.

Muitos trabalhadores terceirizados inclusive acabam trabalhando de modo informal, não


por sua própria escolha, mas devido as necessidades e circunstâncias impostas por um
mercado globalizado, competitivo, predatório e socialmente desestruturado.

Neste caso quando os acidentes ocorrem, dado a esta informalidade, acontece na


maioria das vezes da CAT – Comunicado de Acidente do Trabalho não ser emitida, o que
acaba distorcendo as estatísticas de acidentes de trabalho, prejudicando muito os
trabalhadores.

Além disto a política da “globalização” dos mercados, tida como o “supra sumo” da
economia mundial, revelou-se agora em sua face oculta e mais cruel, ou seja, a da
competividade desigual, a qual favorece sobretudo as potências economicamente mais
fortes, em detrimento dos povos e economias das Nações emergentes e em
desenvolvimento.

Isto tem levado ao agravamento do quadro econômico e social dos países em


desenvolvimento, como no caso do Brasil, contribuindo para a estagnação da economia,
terceirização da mão de obra e desemprego em massa, causando graves problemas
sociais, como a falta de moradias, a crise da saúde pública, da educação, além da falta
de infra-estrutura no pais.

Conseqüentemente, além do aumento dos índices de acidentes do trabalho, aumentaram


também os índices da violência e da criminalidade no Brasil.

 Condições Inseguras do Trabalho: - Conforme acima referido as condições


inseguras de trabalho são causadas na maioria das vezes por instalações irregulares
SEGURANÇA 15

e/ou obsoletas desrespeitando as recomendações ditadas pelas Normas Técnicas


vigentes de instalações, bem como, desobedecendo as exigências das Normas
Regulamentadoras, além de procedimentos impróprios executados na operação, na
produção e na manutenção.

Estas condições inseguras por sua vez, em grande parte são causadas pela falta de
investimentos que permitam a execução de manutenção adequada, de melhorias e de
modernização das instalações.

 Falta de uma fiscalização mais intensa , severa , contínua, preventiva e efetiva por
parte dos Órgãos Públicos e Privados e pelos Sindicatos e o conseqüente descaso e
desrespeito às leis específicas relativas Segurança no Trabalho por parte de empresas
sem estrutura e sem qualquer compromisso social.

Freqüentemente atua-se mais nas conseqüências do que na prevenção, na educação e


na eliminação das causas dos Acidentes do Trabalho;

 Despreparo educacional e profissional que atinge grande parte dos Trabalhadores,


principalmente os de menor qualificação e renda, despreparo este, causado por
conjunturas políticas, econômicas, social, trabalhista, educacional e da saúde ainda
deficientes para as necessidades de nosso país.

Alguns países desenvolvidos, por exemplo, tomam medidas mais adequadas no caso da
ocorrência do desemprego:

Ocorrendo o desemprego os trabalhadores recebem, além do seguro desemprego,


também cursos de especialização e de atualização profissional que os habilitam e
capacitam a voltar mais rapidamente ao mercado de trabalho.

 Morosidade da Justiça no que se refere à apuração, julgamento, e punição dos


responsáveis pelos acidentes do trabalho ocorridos, bem como, a indenização de direito
a ser recebida pelos trabalhadores e suas famílias, situações estas que, para não
prejudicar o trabalhador, não deveriam tardar para serem resolvidas.

2.4. Classificação do Acidente

O acidente pessoal, em termos de gravidade da lesão que provoca, é classificado de


duas maneiras:

1º Se o acidente provoca lesão tal que impeça o acidentado de retornar ao trabalho,


em suas funções, no dia imediato ao da ocorrência, ele é dito Com Lesão, Com
Afastamento, o conhecido CPT (Com Perda de Tempo). Mesmo que o acidentado
possa trabalhar, em suas funções, no dia seguinte ao da ocorrência, a lesão pode ser
classificada de "Com Afastamento" (CPT), desde que dela resulte uma incapacidade
permanente, por exemplo, a perda de uma falange (nó) de um dedo.

2º Se a lesão decorrente do acidente não impede o acidentado de trabalhar no dia


seguinte ao da ocorrência, temos o conhecido SPT (Sem Perda de Tempo), oficialmente
classificado de Lesão Sem Afastamento.

É importante frisar que tal classificação se refere unicamente à gravidade da lesão e


do acidente. Podemos ter acidentes até mesmo impessoais de alta gravidade.
SEGURANÇA 16

3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

3.1. Introdução

Os riscos devem ser neutralizados ou eliminados por meio da utilização dos


equipamentos de proteção, que oferecem:

Proteção Coletiva: beneficiam a todos os empregados indistintamente.

Proteção Individual: protegem apenas a pessoa que utiliza o equipamento.

Nota: A empresa é obrigada fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao


risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes
circunstâncias:
a) Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não
oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de
doenças profissionais e do trabalho;
b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c) Para atender situação de emergência.

3.2. Equipamento de Proteção Coletiva - EPC

São os que, quando adotados, neutralizam o risco na própria fonte.


As proteções em furadeiras, serras, prensas; os sistemas de isolamento de operações
ruidosas; os exaustores de gases e vapores; as barreiras de proteção; aterramentos
elétricos; os dispositivos de proteção em escadas, corredores, guindastes e esteiras
transportadoras são exemplos de proteção coletivas.

3.3. Equipamento de Proteção Individual - EPI

Definição
O equipamento de proteção individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual, de
fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
trabalhador.

Seleção do EPI
A seleção deve ser feita por pessoal competente, conhecedor não só dos equipamentos
como, também, das condições em que o trabalho é executado.
É preciso conhecer as características, qualidade técnicas e, principalmente, o grau de
proteção que o equipamento deverá proporcionar.

Características e Classificação dos EPI


Pode-se classificar os EPI, agrupando-os segundo a parte do corpo que devem proteger:

Proteção da Cabeça
Capacete: Protege de impacto de objeto que cai ou é projetado e de impacto contra
objeto imóvel e somente estará completo e em condições adequadas de uso se composto
de:
SEGURANÇA 17

*Casco: é o capacete propriamente dito;


*Carneira: armação plástica, semi-elástica,
que separa o casco do couro cabeludo e tem a finalidade de
absorver a energia do impacto;
*Jugular: presta-se à fixação do capacete à cabeça.

O capacete de celeron se presta, também, à proteção contra radiação térmica.

Proteção dos Olhos


Óculos de segurança: Protegem os olhos de impacto de materiais projetados e de
impacto contra objetos imóveis. Os óculos de segurança utilizados na CST são,
comprovadamente, muito eficazes quanto à proteção contra impactos.
Para a proteção contra aerodispersóides (poeira), a CST fornece os óculos ampla visão,
que envolvem totalmente a região ocular. Onde se somam os riscos de impacto e intensa
presença de aerodispersóides (poeira), a afetiva proteção dos olhos se obtém com o uso
dos dois EPI - óculos de segurança (óculos basculavel) óculos ampla visão, ao mesmo
tempo.

Proteção Facial
Protetor facial: Protege todo o rosto de impacto de materiais projetados e de calor
radiante, podendo ser acoplado ao capacete. É articulado e tem perfil côncavo e
tamanho e altura que permitem cobrir todo o rosto, sem tocá-lo, sendo construído em
acrílico, alumínio ou tela de aço inox.
SEGURANÇA 18

Proteção das Laterais e Parte Posterior da Cabeça

Capuz: Protege as laterais e a parte posterior da cabeça (nuca) de projeção de


fagulhas, poeiras e similares. Para uso em ambientes de alta temperatura, o capuz é
equipado com filtros de luz, permitindo proteção também contra queimaduras.

Proteção Respiratória
Máscaras: Protegem as vias respiratórias contra gases tóxicos, asfixiantes e contra
aerodispersóides (poeira). Elas protegem não somente de envenenamento e asfixias,
mas, também, da inalação de substâncias que provocam doenças ocupacionais
(silicose, siderose, etc.).
Há vários tipos de máscaras para aplicações específicas, com ou sem alimentação de ar
respirável.

Proteção de Membros Superiores


Protetores de punho, mangas e mangotes: Protegem o braço, inclusive o punho,
contra impactos cortantes e perfurantes, queimaduras, choque elétrico, abrasão e
radiações ionizantes e não ionizantes.

Luvas: Protegem os dedos e as mãos de ferimentos cortantes e perfurantes, de calor,


choques elétricos, abrasão e radiações ionizantes.
Proteção Auditiva
Protetor auricular: Diminui a intensidade da pressão sonora exercida pelo ruído contra o
aparelho auditivo. Existem em dois tipos básicos:
*Tipo Plug (de borracha macia, espuma, de poliuretano ou PVC), que é introduzido
no canal auditivo.

*Tipo Concha, que cobre todo o aparelho auditivo e protege também o sistema auxiliar
de audição (ósseo).
SEGURANÇA 19

O protetor auricular não anula o som, mas reduz o ruído (que é o som indesejável a
níveis compatíveis com a saúde auditiva. Isso significa que, mesmo usando o protetor
auricular, ouve-se o som mais o ruído, sem que este afete o usuário.

Proteção do Tronco
Paletó: Protege troncos e braços de queimaduras, perfurações, projeções de materiais
particulados e de abrasão, calor radiante e de frio.
Avental: Protege o tronco frontalmente e parte dos membros inferiores - alguns modelos
(tipo barbeiro) protegem também os membros superiores - contra queimaduras, calor,
radiante, perfurações, projeção de materiais particulados, ambos permitindo uma boa
mobilidade ao usuário.

Proteção da Pele
Luva química: Creme que protege a pele, membros superiores, contra a ação dos
solventes, lubrificantes e outros produtos agressivos.

Proteção dos Membros Inferiores


Calçado de segurança: Protege os pés contra impactos de objetos que caem ou são
projetados, impactos contra objetos imóveis e contra perfurações. Por norma, somente é
de segurança o calçado que possui biqueira de aço para proteção dos dedos.

Perneiras: Protegem a perna contra projeções de aparas, fagulhas, limalhas, etc.,


principalmente de materiais quentes.

Proteção Global Contra Quedas


Cinto de segurança: Cinturões anti-quedas que protegem o homem nas atividades
exercidas em locais com altura igual ou superior a 2 (dois) metros, composto de
cinturão, propriamente dito, e de talabarte, extensão de corda (polietileno, nylon, aço,
etc.) com que se fixa o cinturão à estrutura firme.
SEGURANÇA 20

Guarda e Conservação do EPI


Quando na troca de usuário
De um modo geral, os EPI devem ser limpos e desinfetados, cada vez em que há troca de
usuário.
Guarda do EPI
O empregado deve conservar o seu equipamento de proteção individual e estar
conscientizado de que, com a conservação, ele estará se protegendo quando voltar a
utilizar o equipamento.
Conservação do EPI
O EPI deve ser mantido sempre em bom estado de uso.
Sempre que possível a verificação e a limpeza destes equipamentos devem ser
confiados a uma pessoa habilitada para esse fim. Neste caso, o próprio empregado pode
se ocupar desta tarefa, desde que receba orientação para isso.
Muitos acidentes e doenças do trabalho ocorrem devido à não observância do uso de
EPI. A eficácia de um EPI depende do uso correto e constante no trabalho onde exista o
risco.
Exigência Legal para Empresa e Empregado
O uso de equipamento de proteção individual, além da indicação técnica para
operações locais e empregados determinados, é exigência constante de textos legais. A
Seção IV, do Capítulo V da CLT, cuida do Equipamento de Proteção Individual em dois
artigos, a saber:

"Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,


equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam
completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados."

"Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado


com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho - CA.

Por outro lado, a regulamentação de segurança e medicina do trabalho em sua Norma


Regulamentadora 1 - item 1.8, cuida minuciosamente do Equipamento de Proteção
Individual, mencionando, entre outras coisas, as obrigações do empregado, que incluem
o dever de utilizar a proteção fornecida pela empresa.

4. RISCOS AMBIENTAIS

4.1. Introdução

Os ambientes de trabalho podem conter, dependendo da atividade que neles é


SEGURANÇA 21
SEGURANÇA 22

O quanto a substância é tóxica


Algumas substâncias são mais tóxicas que outras se comparadas em relação a uma
mesma concentração.

A forma em que o contaminante se encontra


Isto é, se em forma de gás, líquido ou neblina, ou poeira. Isto tem relação com a forma
de entrada do tóxico no organismo, como será visto adiante.

A possibilidade de as pessoas absorverem as substâncias

Algumas substâncias só são capazes de entrar no organismo por inalação ou, então,
pela pele.
Deve-se acentuar que é importante conhecer cada caso em separado. Havendo dúvida
quanto à existência ou não de perigo, o interessado deve procurar um membro da CIPA
ou do Serviço Especializado ou, ainda, o seu gerente.

4.4. Vias de Entrada dos Materiais Tóxicos no Organismo

Três são as formas pelas quais os materiais tóxicos podem penetrar no organismo
humano:

Por inalação
Quando se está num ambiente contaminado, pode-se absorver uma substância nociva
por inalação, isto é, pela respiração.
SEGURANÇA 23

As substâncias químicas podem estar na forma de gases, vapores, líquidos, fumos,


poeiras e névoas ou neblinas. Por exemplo:
Vapores
Emanados de solventes como o benzol, o toluol, "thinners" em geral, desengraxantes
como o tetracloreto de carbono, o tricloroetileno.
Gases
Monóxido de carbono, gases dos processos industriais como o gás sulfídrico.
Líquidos
Que podem ser corrosivos, como os ácidos e a soda cáustica, ou irritantes, causando
doenças da pele. Muitos líquidos também podem ser absorvidos pela pele, causando
prejuízo à saúde.

Névoas ou neblinas
Nos banhos de galvanoplastia, fosfatização e outros processos, onde se formam névoas
ou neblinas de ácidos.
Fumos
Nos banhos de metais fundidos como o chumbo. Os f
SEGURANÇA 24

tipografias).

Pneumoconiose
SEGURANÇA 25

Maior fluxo de sangue na superfície do corpo e aumento da temperatura da pele.


• Sudorese
• Doenças do calor
Se o aumento do fluxo de sangue na pele e a produção de suor forem insuficientes para
promover a perda adequada de calor, ou se estes mecanismos deixarem de funcionar
apropriadamente, uma fadiga fisiológica pode ocorrer. As principais doenças devido ao
calor são:
• Exaustão do calor- decorrente de uma insuficiência de sangue do córtex cerebral,
resultante da dilatação dos vasos sanguíneos. Uma baixa pressão arterial é o evento
crítico resultante.
• Desidratação – na fase inicial reduz o volume de sangue e promove a exaustão do
calor. Mas em casos extremos, produz distúrbios na função celular, provocando a
deterioração do organismo. Ineficiência muscular, redução da secreção, perda de apetite,
dificuldade de engolir, acúmulo de ácidos nos tecidos.
• Câimbras de calor – Ocorrem espasmos musculares, seguindo-se uma redução
do cloreto de sódio no sangue.
• Choque térmico – Ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal que põe
em risco algum tecido vital que permanece em contínuo funcionamento.

Fatores que influem nas trocas térmicas

• Temperatura do ar
• Umidade relativa do ar – Se a umidade é muito grande, dificulta a evaporação do suor
para o meio ambiente, neste caso, a perda por evaporação será reduzida.
• Velocidade do ar
• Calor radiante – isto é, próximo de fontes que estejam emitindo considerável
quantidade de radiação infravermelha, o organismo ganhará calor por radiação;
• Tipo de atividade física;

Avaliação do calor
Na avaliação do calor, deve-se levar em consideração todos os parâmetros que influem
na sobrecarga térmica a que estão submetiios os tra balhadores, conforme citado
anteriormente.
Os quatros primeiros são fatores ambientais e podem
SEGURANÇA 26

IBUTG=0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 tbs


Onde:
Tbn= temperatura de bulbo úmido natural
Tg= temperatura de globo
Tbs= temperatura de bulbo seco

Temperatura de bulbo úmido natural


A obtenção deste parâmetro é feita através do termômetro de bulbo úmido natural. Este
se constitui em um termômetro de mercúrio comum, que permite leituras de até 1/10 de
grau Celsius. Seu bulbo é revestido por um tecido que inicialmente é umedecido, e sua
extremidade alongada deve permanecer imersa em água destilada. O termômetro é
mantido na posição vertical e a ventilação natural do bulbo não pode ser alterada.
Uma vez calculado o IBUTG, a interpretação é feita através da tabela 1 levando em
consideração o tipo de atividade exercida pelo trabalhador, o que pode ser estimado
utilizando-se a tabela 2.

Regime de trabalho-descanso TIPO DE ATIVIDADE


no próprio local de trabalho
(por hora)
Trabalho contínuo leve moderada pesada
45 minutos trabalho Até 30 Até 26,7 Até 25,0
15 minutos trabalho
30 minutos trabalho 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
30 minutos trabalho
15 minutos trabalho 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
45 minutos trabalho
Não é permitido o trabalho, Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
sem a adoção de medidas
adequadas de controle

Desta forma determinam-se períodos de trabalho alternados por períodos de descanso,


que são realizados no próprio local de trabalho. O limite de tolerância para exposição ao
calor será considerado excedido, quando os valores obtidos na avaliação não forem
compatíveis com a tabela anterior.
Quando, observando-se os procedimentos de trabalho de um operário que atua junto a
uma fonte de calor, se verifica que o mesmo executa seu trabalho intercalado por
períodos de descanso em outro local termicamente mais ameno, a interpretação das
condições de exposição ao calor é feita pela tabela a seguir.

M (Kcal/h) Máximo IBUTG (ºC)


175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
SEGURANÇA 27

Onde:

M = M t .Tt + Md .Td
60

IBUTG = IBUTGt .Tt + IBUTGd .Td


60

MT - metabolismo no local de trabalho


Md - metabolismo no local de descanso
IBUTGt - valor de IBUTG no local de trabalho
IBUTGd - valor de IBUTG no local de descanso
Tt – soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho;
Td – soma dos tempos em minutos, em que se permanece no local de descanso.

Para valores de M, intermediários aos existentes na tabela anterior, recomenda-se


considerar, como limite, o máximo de IBUTG relativo
SEGURANÇA 28

Embora os mesmos fatores ambientais analisados e considerados no estudo do calor,


influam na intensidade da exposição ao frio, pouco se conhece sobre a sua quantificação e
controle. Não existem, até o momento, índices que p
SEGURANÇA 30

85 & 83 & 91 =
86 & 92 & 99 & 104 =

Uma outra maneira de somar os níveis de pressão sonora é de forma logarítmica.


Como podemos perceber, a escala em decibéis não é linear, mas sim logarítmica. Logo,
quando desejarmos saber qual o nível de pressão sonora resultante de duas ou mais
fontes funcionando simultaneamente, não poderemos somar os níveis individuais de cada
fonte linearmente.
Por exemplo: se um aspirador de pó produz sozinho nível de pressão sonora de 80 dB,
dois aspiradores idênticos e funcionando juntos não resultarão em um nível de 160 dB.
(N1 + N2 +.....Nn) dB = 10 log 10 [ 10 (N1) + 10 (N2) + 10 (Nn)]
10 10 10
É possível perceber que, com este processo, não há necessidade de se somar os níveis
dois a dois. O cálculo pode ser feito para quantos níveis forem necessários. Um exemplo
de cálculo de uma soma de níveis em dB é mostrado a seguir.
Duas fontes de ruído A e B diferentes produzem níveis de pressão sonora, quando
medidas isoladamente, de 56,4 e 61,7 dB respectivamente. Qual o valor previsto para o
nível de ruído total?
Substituindo-se os valores diretamente na fórmula, temos :

56,4 + 61,7 = 10 log 10 [ 10 (56,4/10) + 10 (61,7/10)]


= 10 log 10 [ 10 (5,64) + 10 (6,17)]
= 10 log 10 [436515,8 + 1470198,4]
= 10 log 10 [1915614,2]
= 10 x 6,28
= 62,8 dB
Atualmente este é o método mais utilizado, tendo em vista o avanço das máquinas
científicas que, em alguns modelos, possuem função para executar tal equação
diretamente, dando o resultado de forma bem mais confiável do que pelo método da
tabela de diferença em dB.
SEGURANÇA 31

Dose de Ruído

É outro parâmetro de medição importante, principalmente quando o objetivo é avaliar


ruído como fator de higiene ocupacional.
Trata-se de um parâmetro relativo, baseado no Leq, cuja fórmula de cálculo é :

Dose de ruído = Tempo de exposição a Leq_________ x 100


Tempo Máximo de exposição ao mesmo Leq
Os tempos máximos de exposição aos diversos níveis médios (Leq) são a referência para
o cálculo da dose, e eles podem variar de um país para outro, pois eles nada mais são do
que uma convenção. Porém existem 3 padrões de referência que são utilizados por
quase todo o mundo, inclusive para efeitos legais. São eles o da “International Standart
Organization” (ISO), o da OSHA e o padrão brasileiro prescrito na Norma
Regulamentadora 15 (NR-15), do Ministério do Trabalho.

País Nível Referência Fator de Dobra


EUA (ACGIH) 85 dB 3
BRASIL 85 dB 3
(FUNDACENTRO)
BRASIL (NR-15) 85 dB 5

AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA


SEGURANÇA 32

“slow” - resposta lenta - avaliação de níveis de ruído contínuos ou intermitentes.


“fast” - resposta rápida - avaliação de ruído de impacto com ponderação dB(C).
“impulse” - resposta de impulso - para avaliação de ruído de impacto com ponderação
linear.

DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE RUÍDO DE


FUNDO

Ruído de Fundo: É o ruído de fontes secundárias, ou seja, quando estamos estudando o


ruído de determinada fonte num ambiente, o ruído emitido pelas demais é considerado
ruído de fundo.
Existe um método prático para se determinar o nível de ruído de uma fonte quando existe
SEGURANÇA 33

dB(A) horas/diárias dia/horas


82 1,5 ---- ----
84 2 ---- ----
90 3 4 0,75
95 1,5 2 0,75
1,50
Soma das frações Cn/Tn

A exposição está acima do Limite de Tolerância, tendo em vista que o valor encontrado
de Cn/Tn,Cexcedeu a unidade

Exercícios de Dose de Ruído

,do
d(/)6.09787(T)--4.7777.84792.9410tExde
1)
SEGURANÇA 34

acústica total que o ruído real, flutuante, no mesmo período de tempo. Baseia-se no
princípio de igual energia. No caso dos limites de tolerância da NR-15, a fórmula
simplificada de cálculo é :
Lavg ou Leq = 80 + 16,61 log (0,16.CD/TM)

sendo:

TM = Tempo de amostragem (horas decimais)


CD = Contagem da dose (percentagem)

Outra maneira de se obter o Lavg ou Leq, com menor precisão, porém com mais
agilidade é através da utilização do nomograma.

Exemplo (sobre a fórmula):

Imaginemos que pelo método do cálculo de dose manual, chegamos ao resultado final da
SEGURANÇA 37

conforto acústico (NR-17 e decibelímetro + analisador de 2


NBR 10152) freq.

ANSI - American Standards Institute


IEC - Internacional Electrotechinical Co[[ission
SEGURANÇA 38
SEGURANÇA
SEGURANÇA 43
SEGURANÇA 45

Me
dida
tiv
la
re
s
SEGURANÇA 48

5.4. Risco
SEGURANÇA
SEGURANÇA 52
SEGURANÇA 53

Há casos de materiais em que a própria temperatura ambiente já serve como fonte de


calor, como o magnésio, por exemplo.

6.2. Condições Propícias para a Combustão

Além dos elementos essenciais do fogo, há a necessidade de que as condições em que


esses elementos se apresentam sejam propícias para o início da combustão.
Se uma pessoa trabalha em um escritório iluminado com uma lâmpada
incandescente de 100 watts e, além disso, ela fuma, haverá no ambiente:

Combustível: mesa, cadeira, papel, etc.;


Comburente: oxigênio presente na atmosfera;
Calor: representado pela lâmpada incandescente ligada e pelo cigarro acesso.

Apesar de esses três elementos estarem presentes no ambiente, só ocorrerá incêndio,


se, por distração da pessoa que está trabalhando, uma folha de papel, por exemplo,
encostar no cigarro aceso.
Neste caso, o calor do cigarro aquecerá o papel e este começará a liberar vapores que,
em contato com a fonte de calor (brasa do cigarro), se combinará com o oxigênio do ar
e entrará em combustão.
SEGURANÇA 54

IMPORTANTE: Somente quando o combustível se apresentar sob a forma de vapor (ou


gás), ele poderá, normalmente, entrar em ignição. Se esse combustível estiver no
estado sólido ou líquido, haverá necessidade de que seja aquecido, para que comece
a liberar vapores ou gases.

Esquematicamente, podem-se considerar vários casos:

aquecimento
a) sólido ----------------------------------> vapor
Exemplo: Papel
aquecimento aquecimento
b) sólido -------------------------> líquido --------------------------> vapor
Exemplo: Parafina
aquecimento
c) líquido ----------------------------------> vapor
Exemplo: Óleos combustíveis
d) gás (já se apresenta no estado físico adequado à combustão) Exemplo: Acetileno

Quanto ao oxigênio, ele deverá estar presente no ambiente, em porcentagens


adequadas.
Para cada combustível haverá a necessidade da presença de uma porcentagem mínima
de oxigênio, a partir da qual a mistura poderá entrar em combustão. A concentração
de oxigênio abaixo desse limite inviabiliza a combustão, pois a mistura combustível-
comburente estará muito "rica".

Reação em Cadeia
Toda reação química envolve troca de energia. Na combustão, parte da energia
desprendida é dissipada no ambiente, provocando os efeitos térmicos derivados do
SEGURANÇA 55

incêndio; o restante continua a aquecer o combustível, fornecendo a energia (fonte de


calor)) necessária para que o processo continue.
Didaticamente, representa-se a reação química da seguinte forma:

COMBUSTÍVEL + COMBURENTE FONTE DE IGNIÇÃO LUZ +


CALOR + FUMOS + GASES (vapor)

Essa reação vai ter uma velocidade de propagação relacionada com diversos fatores,
tais como temperatura, umidade do ar, características inerentes ao material combustível,
forma física desse material (sólido bruto ou particulado, líquido, etc.), condições de
ventilação aspectos que serão adiante analisados:

ER - Energia das substâncias reagentes


EA - Energia de ativação
EI = ER + EA = Energia do processo que desencadeia a reação
EP = Energia final dos produtos da reação
∆E1 = parte da energia desprendida que é reaproveitada no processo, continuando a
aquecer as substâncias reagentes;
∆E2 = parte da energia desprendida que é dissipada no ambiente.

Triângulo do Fogo
Os três elementos básicos para que um fogo se inicie são, portanto, o material
combustível, o comburente e a fonte de ignição ou fonte de calor. A representação
gráfica desse conjunto é tradicionalmente chamada de Triângulo do Fogo.

Conforme ao exposto no item anterior, a propagação do fogo vai depender da existência


de energia suficiente para manter a reação em cadeia.

6.3. Combustão

A combinação dos três elementos do triângulo do fogo sob condições propícias permite a
ignição e a continuação das reações químicas, as quais podem ser classificadas em:
SEGURANÇA 56

• oxidação lenta,
• combustão simples,
• deflagração,
• detonação,
• explosão.

O parâmetro empregado para classificar as combustões é a velocidade de propagação.

A velocidade de propagação é definida como a velocidade de deslocamento da frente


de reação, ou a velocidade de deslocamento da fronteira entre a área já queimada
(zona dos produtos da reação) e a área ainda não atingida pela reação (zona não
destruída).

Classificação
Oxidação lenta - A energia despendida na reação é dissipada no meio ambiente sem
criar um aumento de temperatura na área atingida (não ocorre a reação em cadeia). É
o que ocorre com a ferrugem (oxidação do ferro) ou com o papel, quando fica
amarelecido. A propagação ocorre lentamente, com velocidade praticamente nula.

Combustão simples - Há percepção visual do deslocamento da frente de reação,


porém a velocidade de propagação é inferior a 1 metro por segundo (m/s). Os incêndios
normais, como a combustão de madeira, papel, algodão, são exemplos de combustão
simples, onde a energia desprendida na reação é dissipada, indo parte para o ambiente e
sendo parte utilizada para manter a reação em cadeia, ativando a mistura combustível-
comburente.

Deflagração - A velocidade de propagação é superior a 1 m/s, mas inferior a 400 m/s.


Surge o fenômeno de elevação da pressão com valores limitados entre 1 e 10 vezes
pressão inicial. Ocorre a deflagração com a pólvora, misturas de pós combustíveis e
vapores líquidos inflamáveis.

Detonação - A velocidade de propagação é superior a 400 m/s. Pela descontinuidade


das ondas de pressão geradas, cria-se uma onda de choque que pode atingir até 100
vezes a pressão inicial. Ocorre com explosivos industriais, como a nitroglicerina, e, em
circunstâncias especiais, com mistura de gases e vapores em espaços confinados.

Explosão - O termo pode ser aplicado genericamente aos fenômenos onde o


surgimento de ondas de pressão produzem efeitos destrutivos, quando o ambiente
onde ocorre a reação não pode suportar a pressão gerada.

Comportamento do Combustível
Pelos efeitos possíveis de uma combustão em função da velocidade de propagação, fica
evidente a necessidade de se conhecerem os fatores que influem na velocidade de
propagação, para que o técnico prevencionista possa calcular os riscos oriundos de
determinada mistura combustível-comburente.

Estado Físico
Para avaliação do risco de incêndio, o estado físico do combustível é o primeiro aspecto a
ser analisado:
Combustível sólido - em condições normais, o aquecimento de um combustível no
estado sólido provoca inicialmente a vaporização da umidade, obtendo-se um resíduo
sólido (carbono fixo); posteriormente, pela ação do calor, são liberados compostos
SEGURANÇA 57

gasosos que reagirão com o oxigênio em presença do calor, até que seja consumida
toda a matéria combustível.

Combustível líquido - a combustão dos líquidos, de composição CN Hm, é decorrente


de dois processos:

Teoria da Hidroxilização
Os hidrocarbonetos pulverizados são decompostos, quando sob a ação do oxigênio e do
calor, em compostos hidroxilados (tipo aldeído) de cadeia menor. A ação contínua do
calor e do oxigênio acaba por transformar estes compostos em espécies químicas mais
simples, como monóxido de carbono e hidrogênio, que sofrerão nova combustão,
produzindo, finalmente, dióxido de carbono e água. Assim, a chama azul produzida no
Bico de Bunsem, indicativa de combustão de monóxido de carbono e hidrogênio, teria
explicação através desta teoria, pois no interior do Bico teríamos um gradiente de
temperatura e a conseqüente formação de compostos hidroxilados complexos.
Teoria do "Craking"
Os hidrocarbonetos pulverizados, em mistura com o ar, ao serem submetidos a um
aquecimento brusco, cindem, produzindo diretamente carbono e hidrogênio, que reagirão
com o oxigênio, resultando dióxido de carbono e água como produtos finais. Esta teoria
pode ser explicada através da queima de uma vela, pois a parafina liqüefeita, ao se
vaporizar no pavio, cinde diretamente em carbono e hidrogênio, quando em contato com
a chama. A presença do carbono pode ser facilmente detectada por meio de introdução
de uma superfície fria no interior da chama, o que implicará um deposito de fuligem
(carbono) sobre aquela.
Convém notar que na prática, esses dois processos ocorrem simultaneamente, com
predominância de um ou outro, dependendo do caso.

Combustível gasoso - em mistura com o oxigênio em proporções adequadas pode entrar


em combustão pela ação de um pequeno arco voltaico, ou faísca gerada por atrito.

Pelas teorias apresentadas, conclui-se que o combustível sólido ou líquido entra em


combustão somente após a vaporização ou produção de gás, a partir de sua
decomposição, resultante da ação do calor e do oxigênio.
No entanto, há substâncias que são excluídas da regra geral, como o carvão vegetal
e os metais piróforos, que, expostos ao oxigênio, entram espontaneamente em
combustão.
Temperatura
Todo material possui certas propriedades que o diferenciam de outros, em relação ao
nível de combustibilidade. Por exemplo, pode-se incendiar a gasolina com a chama de
um isqueiro, não ocorrendo o mesmo em relação ao carvão coque. Isso porque o calor
gerado pela chama do isqueiro não seria suficiente para levar o carvão coque à
temperatura necessária para que ele liberasse vapores combustíveis.
Cada material, dependendo da temperatura a que estiver submetido, liberará maior ou
menor quantidade de vapores. Para melhor compreensão do fenômeno, definem-se
algumas variáveis, denominadas:

• ponto de fulgor;
• ponto de combustão;
• temperatura de ignição.
SEGURANÇA 58

Ponto de fulgor - É a temperatura mínima em que um combustível começa a


desprender vapores que, se entrarem em contato com alguma fonte externa de calor,
se incendeiam. Só que as chamas não se mantém, não se sustentam, por não existirem
vapores suficientes. Se aquecermos pedaços de madeira dentro de um tubo de vidros de
laboratório, a certa temperatura a madeira desprenderá vapor de água; esse vapor não
pega fogo. Aumentando-se a temperatura, em certo ponto começarão a sair gases pela
boca do tubo. Aproximando-se um fósforo aceso, esses gases transformar-se-ão em
chamas. Por aí, nota-se que um combustível sólido (a madeira), a acerta temperatura,
desprende gases que se misturam ao oxigênio (comburente) e que se inflamam em
contacto com a chama do fósforo aceso.
O fogo não continua porque os gases são insuficientes, formam- se em pequena
quantidade. O fenômeno observado indica o "ponto de fulgor" da madeira (combustível
sólido), que é de 150ºC (cento e cinqüenta grau centígrados). O ponto de fulgor varia de
combustível a combustível: para a gasolina ele é de -42ºC (menos quarenta e dois graus
centígrados); já para o asfalto é de 204ºC (duzentos e quatro graus centígrados).

Ponto de combustão - Na experiência da madeira, se o aquecimento prosseguir, a


quantidade de gás expelida do tubo aumentará. Entrando em contato com a
chama do fósforo, ocorrerá a ignição, que continuará, mesmo que o fósforo seja
retirado. A queima, portanto, não para. Foi atingido o "ponto de combustão", isto é, a
temperatura mínima a que esse combustível sólido, a madeira, sendo aquecido,
desprende gases que, em contacto com fonte externa de calor, se incendeiam,
mantendo-se as chamas. No ponto de combustão, portanto, acontece um fato diferente,
ou seja, as chamas continuam.

Temperatura de ignição - Continuando o aquecimento da madeira, os gases,


naturalmente, continuarão se desprendendo. Em certo ponto, ao saírem do tubo,
entrando em contato com o oxigênio (comburente), eles pegarão fogo sem
necessidade da chama do fósforo. Ocorre, então, um fato novo: não há mais necessidade
da fonte externa de calor. Os gases desprendidos do combustível, apenas ao contato
com o comburente, pegam fogo e, evidentemente, mantêm-se em chamas. Foi atingida
a "temperatura de ignição", que é a temperatura mínima em que gases desprendidos
de um combustível se inflamam, pelo simples contacto com o oxigênio do ar. O etér
atinge sua temperatura de ignição a 180ºC (cento e oitenta graus centígrados) e o
enxofre a 232ºC (duzentos e trinta e dois graus centígrados).
SEGURANÇA 59

Uma substância só queima quando atinge, pelo menos, o ponto de combustão.


Quando ela alcançar a temperatura de ignição, bastará que seus gases entrem em
contacto com o oxigênio para pegar fogo, não havendo necessidade de chama ou de
outra fonte de calor para provocá-lo. Convém lembrar que, mesmo que o combustível
esteja no ponto de combustão, se não houver chama ou outra fonte de calor não se
verificará o fogo.
Grande parte dos materiais sólidos orgânicos, líquidos e gases combustíveis contêm
grandes quantidades de carbono e/ou de hidrogênio. Citamos como exemplo o gás
propano, cujas porcentagens em petracloreto de carbono, considerado não
combustível, tem aproximadamente, 82% de carbono e 18% de hidrogênio. O
tetracloreto de carbono, considerado não combustível, tem aproximadamente, em peso,
8% de carbono e 92% de cloro.
Ventilação
Quanto mais ventilado for o local onde ocorre a combustão, mais viva ela será, pois
haverá renovação do ar com a entrada de mais oxigênio, permitindo manter a reação em
cadeia.

É por esse motivo que se recomenda à pessoa cujas roupas estejam em chamas,
que não corra, pois, dessa forma, aumentará a ventilação e, consequentemente, as
chamas. A pessoa deve deitar-se e rolar pelo chão até abafarem-se as chamas.
Forma física
Quanto mais subdividido estiver o material, mais rapidamente entrará em combustão. A
figura mostra um exemplo clássico, pois a velocidade de propagação é muito maior na
serragem do que na madeira maciça, embora a composição seja a mesma.
Isso se deve a maior superfície de contato entre combustível e comburente.
Outro exemplo é o da gasolina em recipientes com aberturas de dimensões diferentes.
Na figura seguinte a queima será muito mais rápida e intensa no 2º caso, embora a
quantidade de líquido seja a mesma.

Comportamento do Comburente
Considerando genericamente a combustão como uma reação de oxidação, a
composição química das substâncias determinará o grau de combustibilidade do
material.Há substâncias que liberam oxigênio em certas condições, como o cloreto de
potássio. Outras podem funcionar como comburentes: por exemplo, uma atmosfera
contendo cloro. Tais casos são mais esporádicos e seu estudo envolveria uma
complementação de conhecimentos.Em condições normais, a maior fonte de comburente
é ao próprio ar atmosférico que em sua composição, possui cerca de 21% de oxigênio.
A partir de 16% de O2 (oxigênio) no ambiente, já pode haver combustão com
labaredas, e quanto maior a presença de oxigênio, mais via será essa combustão.Com a
presença de oxigênio numa proporção entre 8 e 16%, não haverá labaredas, e numa
proporção ainda menor, praticamente não haverá combustão.Em ambientes hospitalares
ou industriais, onde se manipule oxigênio puro (100%), deve ser feita uma análise de
SEGURANÇA 60

riscos mais severa.Na presença de gases combustíveis, como propano, butano, metano,
o limite inferior de concentração de oxigênio necessário para a combustão está próximo
a 12%, e para o hidrogênio esse limite está próximo a 5%.
Dessa forma, as medidas de prevenção devem ser intensificadas.

Fontes de Calor
As fontes de calor em um ambiente podem ser as mais variadas:

• a chama de um fósforo;
• a brasa de um cigarro aceso;
• uma lâmpada;
• a chama de um maçarico, etc.
A própria temperatura ambiente já pode vaporizar um material combustível; é o caso da
gasolina, cujo ponto de fulgor é de, aproximadamente, -40ºC. Considerando-se que o
ponto de combustão é superior em apenas alguns graus, a uma temperatura ambiente de
20ºC já ocorre a vaporização.
O calor pode atingir determinada área por condução, convecção ou radiação.
Condução
A propagação do calor é feita de molécula para molécula do corpo, por movimento
vibratório. A taxa de condução do calor vai depender basicamente da condutividade
térmica do material, bem como de sua superfície e espessura. É importante destacar
a necessidade da existência de um meio físico.
Convecção
É uma forma característica dos fluídos. Pelo aquecimento, as moléculas expandem-se e
tendem a elevar-se, criando correntes ascendentes a essas moléculas e correntes
descendentes às moléculas mais frias. É um fenômeno bastante comum em edifícios,
pois através de aberturas, como janelas, poços de elevadores, vãos de escadas, podem
atingir andares superiores.
Radiação
É a transmissão do calor por meio de ondas. Todo corpo quente emite radiações que
vão atingir os corpos frios. O calor do sol é transmitido por esse processo. São
radiações de calor as que as pessoas sentem quando se aproximam de um forno quente.

Classes de Incêndio
Os incêndios em seu início, são muito mais fáceis de serem controlados e extintos.
Quanto mais rápido for a ataque às chamas, maiores serão as possibilidades de reduzi-
las, de eliminá-las. E a principal preocupação, no ataque, consiste em desfazer, em
romper o triângulo do fogo. Mas que tipo de ataque se faz ao fogo em seu início? Qual a
solução que deve ser tentada? Como os incêndios são de diversos tipos, as soluções
serão diferentes e os equipamentos de combate também serão de tipos diversos.
É preciso conhecer, identificar bem o incêndio que se vai combater, para escolher o
equipamento correto. Um erro na escolha de um extintor pode tornar inútil o esforço de
combater as chamas ou pode piorar a situação, aumentando as chamas, espalhando-as
ou criando novas causas de fogo (curtos-circuitos). Os incêndios são divididos em quatro
(4) classes:
SEGURANÇA 61

Classe A - Fogo em materiais sólidos de fácil combustão, como tecidos, madeira,


papel, fibras, etc., que têm a propriedade de queimar em sua superfície e profundidade,
e que deixam resíduos.

Classe B - Fogo em líquidos combustíveis e inflamáveis, como óleos, graxas, vernizes,


tintas, gasolina, etc., que queimam somente em sua superfície, não deixando resíduos.
Classe C - Fogo em equipamentos elétricos energizados, como motores,
transformadores, quadros de distribuição, fios, etc.

Classe D - Fogo em elementos pirofóricos como o magnésio, o zircônio, o titânio, etc.


Os incêndios em equipamentos elétricos energizados (classe C) são fogos de qualquer
tipo de combustível em instalações elétricas o em suas proximidades. São classificados
separadamente pelo risco suplementar envolvido.
Atualmente, não são considerados como classe de incêndio pelas normas de alguns
países, exigindo-se apenas que substâncias extintoras que conduzam eletricidade não
sejam utilizadas em instalações elétricas.

Riscos Inerentes
A avaliação dos riscos deve considerar ainda características inerentes a cada substância.
As principais são:

Limite de Inflamabilidade ou Explosividade


São concentrações de vapor ou gás em ar, abaixo ou acima das quais a propagação
da chama não ocorre, quando em presença de fonte de ignição. O limite inferior é a
concentração mínima, abaixo da qual a quantidade de vapor combustível é muito
pequena (mistura pobre) para queimar ou explodir. O limite superior é a concentração
máxima acima da qual a quantidade de vapor combustível é muito grande (mistura rica)
para queimar ou explodir).

Intervalo de Inflamabilidade ou Explosividade


É o intervalo entre os limites inferior e o superior de inflamabilidade ou explosividade.

Densidade de Vapor ou Gás


É a relação entre os pesos de iguais volumes de um gás ou vapor puro e o ar seco, nas
mesmas condições de temperatura e pressão.
SEGURANÇA 62

Combustão Expontânea
Reação exotérmica que ocorre com algumas substâncias como os metais piróforos ou
pirofóricos, ao entrarem em contato com o oxigênio do ar ou com agentes oxidantes.
Por um processo de aquecimento espontâneo, ao atingir a sua temperatura de ignição,
entram em combustão.
Esse aquecimento, na maioria dos casos, processa-se lentamente, como, por exemplo,
em estopas embebidas em graxa. O controle de elevação da temperatura e a
armazenagem em recipientes de segurança são medidas recomendadas.

6.4. Combate à Incêndio

Quando, por qualquer motivo, a prevenção falha, os trabalhadores devem estar


preparados para o combate ao princípio de incêndio o mais rápido possível, pois quanto
mais tempo durar o incêndio, maiores serão as conseqüências.
Para que o combate seja eficaz, é necessário que:

• existam equipamentos de combate a incêndios em quantidade suficiente e


adequados ao tipo de material em combustão;
• o pessoal, que eventual ou permanentemente circule na área, saiba como usar
esses equipamentos e possa avaliar a capacidade de extinção.

Como já foi visto, o fogo é um tipo de queima, de combustão, de oxidação; é um


fenômeno químico, uma reação química, que provoca alterações profundas na
substância que se queima. Um pedaço de papel ou madeira que se inflama transforma-
se em substância muito diferente. O mesmo acontece com o óleo, com a gasolina ou
com um gás que pegue fogo.
A palavra oxidação significa também queima. A oxidação pode ser lenta, como no caso
da ferrugem. Trata-se de uma queima muito lenta, sem chamas. Já na combustão de
papel, há chamas, sendo uma oxidação mais rápida. Na explosão do dinamite, a queima,
a oxidação, é instantânea e violenta. Chama-se oxidação porque é o oxigênio que entra na
transformação, ajudando na queima das substâncias.
O tipo de queima que interessa a este estudo é o que apresenta chamas e/ou brasas.

Métodos de Extinção
Consideremos o triângulo do fogo:

Eliminando-se um desses elementos, cessará a combustão. Tem-se aí uma indicação


muito importante de como se pode acabar com o fogo. Pode-se eliminar a substância
que está sendo queimada (esta é uma solução que nem sempre é possível). Pode-se
eliminar o calor, provocando o resfriamento no ponto em que ocorre a combustão e a
queima. Pode-se, ainda, eliminar ou afastar o comburente (o oxigênio) do lugar da
SEGURANÇA 63

queima, por abafamento, introduzindo outro gás que não seja comburente.
O triângulo do fogo é como um tripé; eliminando-se uma das pernas, acaba a sustentação,
isto é, o fogo extingue-se.
De tudo isso, conclui-se que, impedindo-se a ligação dos pontos do triângulo, ou seja,
dos elementos essenciais, indispensáveis para o fogo, este não surgirá, ou deixará de
existir, se já tiver começado.
Quando num poço de petróleo que está em chamas é provocada uma explosão para
combater o incêndio, o que se deseja é afastar momentaneamente o oxigênio, que é o
comburente, um dos elementos do triângulo do fogo, para que o incêndio acabe, se
extinga.
Em lugares onde há material combustível o oxigênio, lê-se um aviso de que é proibido
fumar; com isso, pretende-se evitar a formação do triângulo do fogo, isto é,
combustível, comburente e calor. O calor, neste caso, é a brasa do cigarro. Sem este
calor, o combustível e o comburente não poderão transformar-se em fogo.
Basicamente, a extinção de um incêndio é feita por uma ação de resfriamento ou
abafamento, ou por uma união das duas ações.

Ação de resfriamento: diminui-se a temperatura do material incendiado a níveis


inferiores ao do ponto de fulgor ou de combustão dessa substância. A partir deste
instante, não haverá a emissão de vapores necessários ao prosseguimento do fogo.

Ação de abafamento: é resultante da retirada do oxigênio, pela aplicação de um


agente extintor que deslocará o ar da superfície do material em combustão.
Dependendo do tipo de agente extintor, ou da forma como alguns deles são
empregados, outros efeitos podem ser conseguidos, como a diluição de um líquido
combustível em água ou a interferência na reação química.
A retirada do material combustível (o que está queimando ou o que esteja próximo) evita
a propagação do incêndio, sem a necessidade de se utilizar um agente extintor.
Agentes Extintores
São considerados agentes extintores, em virtude da sua atuação sobre o fogo,
conforme os métodos expostos anteriormente, as seguintes substâncias:

• água;
• espuma;
• pó químico seco;
• gás carbônico;
• gases halogenados.
A água apresenta como característica principal a capacidade de diminuir a temperatura
dos materiais em combustão, agindo, portanto, por resfriamento, quando utilizada sob a
forma de jato. Pode também combinar uma ação de abafamento, se aspergida em
gotículas, isto é, sob a forma de neblina.
A espuma pode ser química, quando resultante da mistura de duas substâncias (p.
ex., bicarbonato de sódio e sulfato de alumínio, ambos em solução aquosa) ou mecânica
(extrato adicionado à água, com posterior agitação da solução para formação da
espuma). Sua ação principal é de abafamento, criando uma barreira entre o material
combustível e o oxigênio (comburente).
Outro agente que atua por abafamento é o gás carbônico, também conhecido por dióxido
de carbono ou CO2. É mais pesado que o ar; no entanto, não é eficiente em locais
abertos e ventilados.
O pó químico seco comum (bicarbonato de sódio) atua por abafamento; é preferível ao
CO2 em locais abertos. Quando se trata de pós-especiais, utilizados na chamada
"classe D", eles se fundem em contato com o metal pirofórico, formando uma "camada
protetora" que isola o oxigênio, interrompendo a combustão.
SEGURANÇA 64

6.5. Tipos de Equipamento para Combate a Incêndios

Os mais utilizados são:


• extintores;
• hidrantes.
Tipos de Extintor
É preciso conhecer muito bem cada tipo de extintor, pois para cada classe de incêndio
há um agente extintor mais indicado.
Extintor de espuma
Funciona a partir da reação química entre duas substâncias: o sulfato de alumínio e o
bicarbonato de sódio dissolvidos em água.

A figura mostra, de modo simplificado, esse extintor. Dentro do aparelho estão o


bicarbonato de sódio e um agente estabilizador de espuma, normalmente o alcaçuz; num
cilindro menor, é carregado o sulfato de alumínio. Ao ser virado o extintor, as duas
misturas vão encontrar-se, acontecendo a reação química.
O manejo do extintor de espuma é bastante simples:

• O operador aproxima-se do fogo com o extintor na posição normal;


• Inverte a posição do extintor;
• Ataca o fogo de classe A dirigindo o jato para a sua base, e o fogo de classe B,
dirigindo o jato para a parede do recipiente.
SEGURANÇA 65

Quando o agente estabilizador não é colocado, a espuma formada pela reação


rapidamente se dissolve, perdendo o seu efeito de abafamento. Esse tipo de extintor é
utilizado apenas em incêndios classe A, denominando-se "carga líquida".
No comércio, são vendidos extintores de 10 litros ou carretas de 50, 75, 100 e 150
litros. Embora simples, o extintor de espuma necessita de uma série de cuidados
para que, quando houver necessidade, ele possa ser eficazmente usado:

• A cada 5 anos, deverá sofrer um teste hidrostático, em firma idônea. É um teste


em que é usada a pressão da água para verificação da resistência do extintor à
pressão da água para verificação da resistência do extintor à pressão que se forma
dentro dele, quando em uso;
• A cada 12 meses, deverá ser descarregado e recarregado novamente;
• Semanalmente, deverá sofrer inspeção visual e o bico do jato deverá ser
desobstruído, ou desentupido, se for o caso.

É um extintor relativamente barato e dá boa cobertura, evitando que, num fogo já


dominado, recomece a ignição, ou seja, que voltem as chamas.

Extintor de água
O agente extintor é a água. Há dois tipos comerciais:
Pressurizado
É um cilindro com água sob pressão. O gás que dá a pressão, que impulsiona a água,
geralmente é o gás carbônico ou o nitrogênio. Existem alguns a ar.

O extintor de água pressurizada deve ser operado da seguinte forma:

• O operador leva o extintor ao local do fogo;


• Retira a trava ou o pino de segurança;
• Empunha a mangueira;
• Ataca o fogo (classe A), dirigindo o jato d' água para a sua base.
Pressurizar
Há uma ampola de gás e, uma vez aberto o registro da ampola, o gás é liberado,
pressionando a água. A ampola pode ser interna ou externa ao cilindro que contém a
água.
Sua manutenção é mais simples que a do anterior; porém devem ser tomados os
seguintes cuidados:

• Revisão e teste hidrostático a cada 5 anos;


SEGURANÇA 66

• Anualmente, deve ser descarregado.


São fornecidos extintores portáteis ou em carretas.
O extintor de água a pressurizar (água-gás) deve ser operado da seguinte forma:

• O operador leva o extintor ao local do fogo;


• Abre o cilindro de gás;
• Empunha a mangueira;
• Ataca o fogo (classe A), dirigindo o jato d' água para a sua base.

Extintor de gás carbônico (CO2)


O gás carbônico é encerrado num cilindro com uma pressão de 61 atmosferas.
Ao ser acionada a válvula de descarga, o gás passa por um tubo sifão, indo até o
difusor, onde é expelido na forma de nuvem. Como há possibilidade de vazamentos,
este extintor deverá ser pesado a cada 3 (três) meses, e toda vez que houver perda
de mais de 10% (dez por cento) no peso, deverá ser descarregado e recarregado
novamente (a norma técnica estabelece o prazo de 6 meses para a pesagem).
Como não deixa resíduos, é ideal para equipamentos elétricos comuns. São fornecidos
extintores portáteis de 1 kg até carretas de 50 kg ou mais.
Ao utilizar o extintor de gás carbônico (CO2), o operador:

• Leva o extintor ao local do fogo;


• Retira o pino de segurança;
• Empunha a mangueira;
• Ataca o fogo, procurando abafar toda a área atingida.

Extintor de pó químico seco


Utiliza bicarbonato de sódio não higroscópico (que não absorve umidade) e um agente
propulsor que fornece a pressão, que pode ser o gás carbônico ou o nitrogênio. É
fornecido para uso manual ou em carretas, e pode ser sob pressão permanente (pó
químico seco pressurizado) ou com pressão injetada (pó químico seco a pressurizar).
Estes extintores são mais eficientes que os de gás carbônico, tendo seu controle
feito pelo manômetro e, quando a pressão baixa, devem ser recarregados. São
semelhantes, no aspecto, aos extintores de água.
Os extintores de pó químico seco devem ser operados da seguinte forma:
SEGURANÇA 67

Pressurizado

• O operador leva o extintor ao local do fogo;


• Retira a trava ou o pino de segurança;
• Empunha a mangueira;
• Ataca o fogo procurando formar uma nuvem de pó, a fim de cobrir a área atingida.

Ao pressurizar
• O operador leva o extintor ao local do fogo;
• Abre o cilindro de gás;
• Empunha a mangueira;
• Ataca o fogo procurando formar uma nuvem de pó, a fim de cobrir a área atingida.
Há outros tipos de extintores de pó químico seco, que podem ser utilizados com
eficiência nos incêndios classe A. São chamados extintores de pó tipo ABC ou Monex.
SEGURANÇA 68

Utilização de Extintores

Tipos de Extintores
Casse de incêndio
Água Espuma CO2 Pó Químico
Seco
Papel
Madeira
"A" SIM SIM NÃO NÃO
Tecido
Fibras
Óleo
Gasolina
"B" Graxa NÃO SIM SIM SIM
Tintam GLP
Equipamentos
Elétricos
"C" Energizados NÃO NÃO SIM SIM
Magnésio
Zircônio SIM
"D" NÃO NÃO NÃO Obs: um pó
Titânio químico especial

NOTA: Variante para classe "D": usar o método de abafamento por meio de areia seca
ou limalha de ferro fundido.
* Não é utilizada como jato pleno, porém pode ser usada sob a forma de neblina.
** Pode ser usado em seu início.
*** Existem pós químicos especiais (tipo ABC)

Hidrantes
As empresas que possuem sistemas de hidrantes - instalações de água com
reservatórios apropriados - normalmente têm direito a descontos na tarifa de seguro-
incêndio. Para tanto, devem estar enquadrados nas especificações do IRB (Instituto de
Resseguros do Brasil) e posteriores recomendações da Susep.
Devem ser distribuídos de forma que protejam toda a área da empresa por meio de
dois jatos simultâneos, dentro de uma raio de 40 metros (30m das mangueiras e 10m do
jato).
Além da tubulação 1 1/2" ou 2 1/2"), dos registros e das mangueiras (30 m ou 15 m),
devem-se escolher requintes que possibilitem a utilização da água em jato ou sob a forma
de neblina (requinte tipo universal).

7. VENTILAÇÃO INDUSTRIAL
1. Objetivos da ventilação industrial

A ventilação industrial é em geral entendida como a operação realizada por meios


mecânicos que visem a controlar a temperatura, a distribuição do ar, a umidade e a
eliminar agentes poluidores do ambiente, tais como gases, vapores, poeiras, fumos,
névoas, microrganismos e odores, designados por “contaminadores” ou “poluentes”.
Podem se considerar também como contaminadores substancias que normalmente
existem na composição do ar normal quando elas excedem determinados teores ou
SEGURANÇA 69

índices de concentração, passando a oferecer risco maior ou menor a saúde daqueles


que se expõem durante tempo considerável ao ar que as contem.

Além de remover de um determinado local os elementos contaminantes, o controle da


poluição por meio da ventilação requer muitas vezes que os elementos poluidores, depois
de captados, sejam coletados, dando-se a eles, uma adequada destinação, de modo a
não contaminarem o ar exterior, ou rios e lagoas, caso venham a ser dissolvidos ou
misturados a água. A ventilação industrial, adequadamente projetada e operada,
consegue eliminar agentes nocivos à saúde humana, ou no mínimo consegue uma
redução na intensidade e na concentração dos agentes contaminantes a níveis de quase
total inocuidade e evita que esses agentes se dispersem na atmosfera, prejudicando um
número considerável de pessoas, afetando mesmo as condições ecológicas
indispensáveis à vida. Permite, outrossim, reduzir as temperaturas dos locais de trabalho
a níveis suportáveis e até mesmo a condição de relativo conforto ambiental.É necessário
insistir que a ventilação industrial não visa apenas a atender a condições favoráveis para
aqueles que trabalham no interior das fabricas ou nos limites das mesmas. Objetiva,
também, impedir que o lançamento na atmosfera, através de chaminés ou outros
recursos, de fumaças, poeiras, gases, vapores e partículas venha a contaminar o ar,
ameaçando a saúde e a vida da população das vizinhanças e até mesmo de locais
relativamente afastados.As indústrias siderúrgicas (calcinação, sinterização etc,)
petroquímicas e químicas são normalmente muito poluidoras. Lançam na atmosfera, em
certos casos, sem tratamento adequado, grande quantidade de material particulado e
poluente no estado de gases ou vapores. As estatísticas revelam números
estarrecedores para a massa de substâncias poluidoras lançadas na atmosfera, não
obstante o esforço que em muitos países vem sendo realizado para reduzir a poluição.As
conseqüências de uma poluição em larga escala, dependendo naturalmente do poluente,
podem manifestar-se sob a forma de graves doenças, entre as quais devem ser
mencionadas:

- enfisema pulmonar e outras afecções broncopulmonares;

- hipertensão arterial;

- doenças do fígado;

- doenças dos olhos e irritação das mucosas;

- doenças do sistema nervoso central;

- dermatites;

- câncer de pele (“pele de jacaré”);

- câncer do sangue (leucemia) num processo inexorável, que pode levar de 10 à 20 anos
até o desenlace;

- anomalias congênitas:

anencefalia (nascimento de crianças sem cérebro);

hidrocefalia (aumento da quantidade de líquido no encéfalo);

microencefalia (redução do tamanho do cérebro);

- alteração de fertilidade no homem e na mulher.


SEGURANÇA 70

Os conhecimentos da medicina estabelecem níveis de conforto e índice de poluição e


limites de tolerância do organismo humano a grande número de substâncias cuja
liberação no ar tem lugar no ambiente em que se vive, e, mais particular e intensamente,
em indústrias, processos extrativos, de beneficiamento, químicos, mecânicos,
siderúrgicos, perfuração de galerias de minas, de túneis, desmonte de pedreiras e tantos
outros.Cabe a engenharia encontrar a solução adequada, para que os limiares de
segurança sejam respeitados proporcionando condições ambientais a vida humana e a
preservação da fauna e da flora. Entre as “medidas de engenharia” relacionadas com a
ventilação industrial e controle da poluição, devem ser citados:

Projeto adequado, compatível com o grau de risco dos poluentes envolvidos nos
processos. A preocupação exclusiva com a economia pode conduzir a soluções paliativas
ou ilusórias. O projeto deve ser entendido como o do processo industrial em si, e o da
ventilação correspondente.

A substituição de materiais nocivos ou muito tóxicos por outros de menor nocividade,


quando for possível deve ser tentada.

Umidificação do ar. É muito usada quando há poeira. Aplicada na indústria de cerâmica,


perfuração de minas, aberturas de valas em pavimentação de ruas, estradas, britagem de
pedras, pátios de carvões etc.

Confinamento. Usado no jateamento de areia, em pintura, trituração, moagem de


cereais etc. A operação é realizada em compartimentos que impeçam o escapamento
das sustâncias poluidoras para outros ambientes.

Isolamento. Consiste na instalação do equipamento de uma unidade altamente poluidora


em um prédio separado do conjunto industrial. Recorrendo também à automação,
consegue-se que, na trituração, a poeira e, nas pinturas, a tinta só venham a alcançar os
poucos operários encarregados de sua “vistoria”, os quais nas vezes em que operarem,
irão devidamente protegidos.

Ventilação de ambientes, para assegurar condições de conforto adequadas, de modo a


remover do ambiente contaminantes provenientes de equipamento e processos químicos
e industriais.

É o que se pretende com a aplicação da técnica da Ventilação Industrial.

Separação e coleta dos poluentes, processando-se um tratamento, quando necessário,


e dando-se ao produto residual uma destinação que não prejudique as condições
ecológicas ambientais. É o objetivo do Controle da Poluição.

Classificação Sumária dos Sistemas de Ventilação

Os sistemas de ventilação se dividem em Sistemas de Ventilação Geral e em Sistemas


de Ventilação Local Exaustora. Vejamos em que consistem.

a) Sistema de ventilação geral

Realiza a ventilação de um ambiente, de modo global e geral.

Pode ser:

Natural, quando não são empregados recursos mecânicos para provocar o deslocamento
do ar. A movimentação natural do ar se faz através de janelas, portas, lanternins etc.
SEGURANÇA 71

Geral diluidora, quando se empregam equipamentos mecânicos (ventiladores) para a


ventilação do recinto. A ventilação geral diluidora pode realizar-se por meio de:

- insuflação

- exaustão;

- insuflação e exaustão combinada, constituindo o chamado Sistema Misto.

A Ventilação Geral tem por finalidade:

a) Manter o conforto e a eficiência do homem. Para isto, procura realizar:

- o restabelecimento das condições ambientais do ar, alteradas pela presença do homem;

- a refrigeração do ar em climas quentes;

- o aquecimento do ar em climas frios;

- o controle da umidade do ar.

Estes objetivos são conseguidos da forma mais perfeita nas denominadas instalações de
ar condicionado.

b) Manter a saúde e a segurança do homem. Visa a conseguir:

- reduzir a concentração de aerodispersóides e particulados nocivos, até um nível


considerado compatível com as exigências de salubridade;

- impedir que a concentração de gases, vapores e poeiras inflamáveis ou explosivas


ultrapassem limites de segurança contra a inflamabilidade ou a explosão.

c) Conservar em bom estado materiais e equipamentos (subestações elétricas em


interiores; “locais” de compressores, de motores a diesel e de geradores e motores
elétricos).

B) Sistema de ventilação local exaustora

Realiza-se com um equipamento captor de ar junto à fonte poluidora, isto é, produtora de


um poluente nocivo à saúde, de modo a remover o ar do local para a atmosfera, por um
sistema exaustor, ou a tratá-lo devidamente, a fim de ser-lhe dada destinação
conveniente, isto é, sem riscos de poluição ambiental.

Ventilação Geral

A ventilação geral consiste na movimentação de quantidade relativamente grandes de ar


através de espaços confinados, com a finalidade de melhorar as condições do ambiente
graças ao controle da temperatura, da distribuição e da pureza do ar, em certos casos,
também da umidade. Costuma-se classificar a ventilação geral em:

Ventilação geral para manutenção do conforto e eficiência do homem


SEGURANÇA 72

Restabelece, para isso, as condições desejáveis para o ar, alteradas pela presença do
homem; pelo aquecimento devido a equipamentos ou a condições climatéricas; ou pelo
resfriamento do ar devido a certas instalações ou ao clima. É designado também como
ventilação geral de ambientes normais.

Ventilação geral visando a saúde e a segurança do homem

Controla a concentração ambiental de gases, vapores e partículas. É o que se pretende


nos ambientes industriais para diluir contaminantes gerados em um recinto quando não é
possível capturar o contaminante antes que o mesmo se espalhe, e, por isso, é
conhecida com ventilação geral diluidora, ou ventilação por diluição.

Pode-se realizar a ventilação geral por um dos seguintes métodos:

- admissão e exaustão naturais do ar;

- insuflação mecânica e exaustão natural;

- insuflação natural e exaustão mecânica;

- insuflação e exaustão mecânica. É o sistema misto.

Estes métodos consistem em:

2.2 Entrada de Ar e Exaustão Naturais

A ventilação natural consiste em proporcionar a entrada e a saída do ar de um ambiente


sob uma forma controlada e intencional graças a aberturas existentes para esse fim,
como é o caso de janelas, portas e lanternins.

A ventilação natural é objeto das considerações que se fazem na elaboração do projeto


de arquitetura e se baseia nas constatações de que:

a) O fluxo de ar que penetra ou sai pelas aberturas de um prédio por ventilação natural
depende:

- da diferença entre as pressões existentes no exterior e no interior do prédio ou recinto;

- da resistência oferecida à passagem do ar pelas aberturas.

b) A diferença de pressão é uma conseqüência da ação direta do vento sobre as paredes


e coberturas e da diferença entre as densidades do ar no exterior e no interior do prédio
(efeito de chaminé).

As posturas municipais em geral estabelecem algumas exigências mínimas para


orientação do projeto arquitetônico, entre as quais citamos:
SEGURANÇA 73

- A superfície iluminante natural dos locais de trabalho deve ser no mínimo de um sexto
ou um quinto do total da área do piso (conforme o município).

- A área de ventilação natural deve corresponder no mínimo a 2/3 da superfície


iluminante natural.

Denomina-se ventilação por gravidade o sistema de ventilação natural pelo qual o


deslocamento do ar é provocado por aberturas situadas na parte superior do ambiente ou
da edificação (lanternins, p. ex.) e pela diferença de densidade do ar. Aplica-se a edifícios
industriais, ginásios desportivos, garagens, salas de aula e até mesmo a edifícios
públicos e habilitações.

Quando não for possível adotar os sistema de ventilação natural, seja pelas
características das atividades, presença de poluentes, exigência de que o ambiente seja
fechado, seja por imposição arquitetônica, que não aceite lanternins, brise-soleil e outras
aberturas, tem-se que adotar a ventilação mecânica.

Observações:

- Qualquer que seja o sistema de ventilação que se aplique, deverá prever a remoção do
ar contaminado do recinto, mas de modo a não causar prejuízo à vizinhança.

- A diferença de elevação entre a altura média das tomadas e das saídas de ar (janelas)
em relação ao piso do prédio deve ser a máxima possível, para que o resultado obtido
seja bom.

Pode-se dividir o estudo da ventilação natural em três partes:

- ventilação devida à ação do vento;

- ventilação devida à diferença de temperaturas;

- ventilação pela ação combinada da ação do vento e da diferença de temperaturas.

Conforme o projeto, a localização e a posição do prédio, dependendo das condições


atmosféricas e climáticas, poderá haver predominância da ação do vento ou do
movimento do ar decorrente da diferença de temperatura. Sob certas condições, estas
ações se somam. O projeto de localização de aberturas como brise-soleils, janelas e
lanternins deve ser feito procurando conseguir que os efeitos favoráveis à ventilação
devido à ação do vento e da diferença de temperaturas se somem e não se
contraponham.

Vejamos os três casos acima referidos:

Movimento do Ar devido ao Vento

Para que se possa tirar partido da ação do vento devem-se projetar as aberturas de
entrada do vento voltadas, evidentemente, para o lado dos ventos predominantes (zona
de pressão positiva).
SEGURANÇA 74

As saídas de ar devem ser colocadas em regiões de baixa pressão exterior, como por
exemplo:

-nas paredes laterais à fachada, que recebe a ação dos ventos predominantes;

-na parede oposta aquela que recebe a ação dos ventos predominantes.

As saídas podem consistir em lanternins e clarabóias ventiladas, colocadas em locais dos


telhados e coberturas onde a pressão e mais baixa, por ser maior aí a velocidade do
vento.

As chaminés representam a solução para a saída de gases ou ar em temperatura tal que


sua densidade menor permita sua elevação até a atmosfera exterior.

Como se sabe, as condições do vento não são sempre as mesmas, variando de


intensidade e direção ao longo do ano e mesmo no decurso das 24 horas diárias. Por
isso, a ventilação natural pela ação do vento não oferece garantia de uniformidade, o que
não invalida sua adoção em muitos casos, desde que o ar interno não contenha
poluentes. Conhecendo-se a velocidade média sazonal dos ventos locais e adotando-se
50% de seu valor como base para cálculo, pode-se determinar a vazão Q de ar (pés
cúbicos por minuto) que entra em um recinto através de aberturas de área total A (pés
quadrados), quando a velocidade do vento for igual a ν (pés/min). Para o cálculo de:

Q=∂.A.ν

A grandeza ∂ é um fator que depende das características das aberturas. Pode-se adotar:

∂ = 0,5 a 0,6, considerando ventos perpendiculares à parede onde estão as aberturas, e

∂ = 0,25 a 0,35, quando os ventos forem diagonais em relação à empena.


SEGURANÇA 75

Exemplo:

Qual a vazão de ar que penetra em um recinto perpendicularmente a uma parede onde


existem quatro aberturas de 4m x 1,5m, sendo a velocidade média sazonal do vento de
2,0 m/s ?

Solução:

Movimento do ar nos recintos em virtude da diferença de Temperaturas

A menor densidade do ar quente faz com que o mesmo se eleve e tenda a escapar por
aberturas colocadas nas partes elevadas, em lanternins etc. Esse escoamento se realiza
pelo chamado efeito de chaminé e proporciona uma vazão dada por:

Qc = 9,4 . A . Vh(Ti – Te)

Sendo:

Qc = vazão de ar (pés cúbicos/min – cfm)


SEGURANÇA 76

A = área livre das entradas ou saídas supostas iguais (pe²)

h = distância vertical entre as aberturas de entrada e saída = diferença de alturas (pé)

Ti = Temperatura média do ar interior à altura das aberturas de saída (ºF)

Te = Temperatura do ar exterior (ºF)

9,4 = constante de proporcionalidade, incluindo o valo correspondente a 65% para levar


em conta a efetividade das aberturas. Deve-se reduzir este valor para 50% (a constante
passa a ser 7,2) se as condições de escoamento entre a entrada e a saída não forem
favoráveis.

Combinação dos efeitos da Ação do Vento com o Efeito de Chaminé

No livro livro Fan Engineering, de R. Jorgensen, encontra-se o gráfico da Fig. 4.4,


aplicável à correção para efeitos combinados.

Calculam-se as vazões devidas à ação do vento e devidas à diferença de temperaturas.


Somam-se as duas vazões e obtém-se Qt. Acha-se a relação Qt, vazão produzida pela
diferença de temperatura, e Qt, vazão total. Entrando-se no gráfico com esse valor da
relação, acha-se o fator pelo qual se deve multiplicar a vazão devida ao efeito de
temperatura para se obter a vazão real dos efeitos combinados.

QT = Qv + Qt

Ventiladores

As instalações de ventilação por insuflamento e/ou por exaustão de ar necessitam do


ventilador como veículo para criar o gradiente energético que permite o desejado
escoamento do ar.

Definição

Ventiladores são turbomáquinas geratrizes ou operatrizes, também designadas por


máquinas turboninâmicas, que se destinam a produzir o deslocamento dos gases.
Analogamente ao que ocorre com as turbobombas, a rotação de um rotor dotado de pás
adequadas, acionado por um motor, em geral o elétrico, permite a transformação da
energia mecânica do rotor nas formas de energia que o fluido é capaz de assumir, ou
seja a energia potencial de pressão e a energia cinética. Graças à energia adquirida, o
fluido (no caso o ar ou os gases) torna-se capaz de escoar em dutos, vencendo as
resistências que se oferecem ao seu deslocamento, proporcionando a vazão desejável
de ar para a finalidade que se tem em vista.

Já tivemos necessidade de nos referirmos aos ventiladores nas instalações de renovação


de ar por insuflamento e por exaustão e por ambas. É imprescindível que nos
detenhamos a estudar, embora sem grande profundidade, essas máquinas usadas nas
indústrias não apenas em ventilação e climatização, mas também em processos
industriais, como na indústria siderúrgica nos altos-fornos e em sinterização; em muitas
SEGURANÇA 77

indústrias nas instalações de caldeiras; em pulverizadores de carvão, em queimadores,


em certos transportes pneumáticos e em muitas outras aplicações.

O ventilador é estudado como uma máquina de fluido incompreensível, uma vez que o
grau de compressão que nele se verifica é tão pequeno, que não é razoável analisar seu
comportamento como se fosse uma máquina térmica. Quando a compressão é superior a
aproximadamente 2,5 kgf . cm-², empregam-se os turbocompressores, cuja teoria de
funcionamento, em princípio, é a mesma que a dos ventiladores, havendo porém
necessidade de levar em consideração os fenômenos termodinâmicos decorrentes da
compressão do ar e os aspectos inerentes ao resfriamento dessa máquinas.

Classificação

Existem vários critérios segundo os quais se podem classificar os ventiladores.


Mencionaremos os mais usuais.

a) Segundo o nível energético de pressão que estabelecem, os ventiladores podem


ser de:

- baixa pressão: até uma pressão efetiva de 0,02kgf . cm-² (200mmH2 O).

Ex., Ventilador Higrotec Radial TIP série 1.800 e 4.800 IRT. Pressões de 125 a
890mmH2O;

- alta pressão: para pressões de 0,08 a 0,250 kgf . cm-² (800 a


2.500mmH2O).

Ex., Ventilador Higrotec PA-série 2.300. Pressões de 125 a 2.413 mmH2O e vazões
até 101.000 m³/h;

- muito alta pressão: para pressões de 0,250 kgf . cm-² a 1,00kgf . cm-² (2.500 a
10.000 mmH2O). São os turbocompressores.

b) Segundo a modalidade construtiva:

- centrífugos, quando a trajetória de uma partícula gasosa no rotor se realiza em uma


superfície que é aproximadamente um plano normal ao eixo (figura 3.2 a), portanto,
uma espiral;

- hélico-centrifugos, quando a partícula em sua passagem no interior do rotor


descreve uma hélice sobre uma superfície de revolução cônica cuja geratriz é uma
linha curva (figs. 3.2 b e c);

- axiais, quando a trajetória descrita por uma partícula em sua passagem pelo rotor é
uma hélice descrita em uma superfície de revolução aproximadamente cilíndrica (fig.
3.2 d).
SEGURANÇA 78

c) Segundo a forma das pás:

- pás radiais retas (fig a);

- pás inclinadas para trás, planas (fig. e) ou curvas (fig. b). Podem ser de chapa lisa
ou com perfil em asa (airfoil) (fig. b);

- pás inclinadas para frente (fig. c);

- pás curvas de saída radial (fig.d).


SEGURANÇA 79

d) Segundo o número de entradas de aspiração no rotor:

- entrada unilateral ou simples aspiração;

- entrada bilateral ou dupla aspiração.

e) Segundo o número de rotores:

- de simples estágio, com um rotor apenas. É o caso usual;

- de duplo estágio, com dois rotores montados num mesmo eixo. O ar, após passar
pela caixa do 1º estágio, penetra na caixa do 2º estágio com a energia proporcionada
pelo 1º rotor (menos as perdas) e recebe a energia do 2º rotor, que se soma à do 1º
estágio. Conseguem-se assim pressões elevadas, da ordem de 3.000 a
4.000 mmH2 O
SEGURANÇA 80

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