Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
0
Volume VIII
VOZES DA EDUCAÇÃO
Volume VIII
Ivanio Dickmann
(organizador)
1
Vozes da Educação
CONSELHO EDITORIAL
FICHA CATALOGRÁFICA
________________________________________________________
8 volumes.
ISBN - 9788593711206
CDD 370.1
_____________________________________________________
EDITORA DIALOGAR
dialogar.contato@gmail.com
2
Volume VIII
Ivanio Dickmann
(organizador)
VOZES DA EDUCAÇÃO
Volume VIII
Dialogar
São Paulo – SP
2018
3
Vozes da Educação
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 7
4
Volume VIII
5
Vozes da Educação
6
Volume VIII
APRESENTAÇÃO
7
Vozes da Educação
Com carinho.
Ivanio Dickmann
8
Volume VIII
RESUMO
Este texto defende a ideia de que a mediação da leitura leva ao
enleituramento. Para isso, lança mão de pesquisa bibliográfica e reflexões
sobre a prática docente da autora, tomando como base autores como
Freire, Orlandi e Macedo. Concordando com Freire, o enleituramento
diferencia leitura superficial – decodificação do código linguístico – e a
produção de leitura – aquela que considera a relação dialógica entre as
condições de produção dos sujeitos da interação, quais sejam: sujeito
autor, sujeito leitor, sem hierarquias – e estabelece que seu foco seja o
encaminhamento que é dado a essa ação, particularmente feita pela (o)
docente, no sentido de mediar o processo de diálogo entre o sujeito leitor
e o sujeito autor.
ABSTRACT
This text defends the idea that mediation of reading leads to underreading.
In order to do this, it uses bibliographical research and reflections on the
author's teaching practice, based on authors such as Freire, Orlandi and
Macedo. In agreement with Freire, the underreading differentiates
superficial reading - decoding of the linguistic code - and the production
of reading - the one that considers the dialogical relation between the
production conditions of the subjects of the interaction, which are: subject
author, subject reader, without hierarchies - and establishes that its focus
is the referral that is given to this action, particularly made by the teacher,
in order to mediate the process of dialogue between the reader and the
author.
9
Vozes da Educação
10
Volume VIII
11
Vozes da Educação
12
Volume VIII
13
Vozes da Educação
14
Volume VIII
importante mediação que deve ser feita pelo (a) docente na interação
sujeito leitor e sujeito autor, para que haja enleituramento.
Para que haja o não silenciamento, uma vez rompida a
circularidade do discurso pedagógico, como assevera Orlandi (2003), é
preciso que o discurso autoritário seja substituído pelo discurso polêmico,
no qual os interlocutores assumem seus papéis sem a hierarquia do
comando, sem um agente exclusivo do dizer, quando interlocutores
sentem-se à vontade para apresentar suas interpretações, conforme suas
vivências, suas histórias acumuladas, ou seja, o não-silenciamento ocorre
quando as opressões e resistências se anulam e quando o sujeito da
linguagem toma a palavra e produz um texto próprio, autônomo e crítico.
Mesmo considerando que todo texto é o resultado de outros tantos textos,
o sujeito não-silenciado faz a escolha consciente e crítica do texto ao qual
vai engajar-se.
Para que esse tipo de mediação ocorra, é preciso exercer a escuta
sensível, dar voz aos sujeitos de interação e perceber em seus
etnométodos4 os modos como resolvem as situações que se colocam para
entendimento, no caso em estudo, a produção de leitura de um texto em
sua materialidade, com suas nuances, sem precisar que a leitura seja ampla
e completa, dado a impossibilidade, por conta da característica de
incompletude da linguagem e da situação mesmo de sala de aula a que o
sujeito leitor está exposto.
O não silenciamento não é situação somente de falar, de interagir
verbalmente. Ele pode, também, se apresentar como o silêncio da
racionalização, do diálogo interno que provoca uma aprendizagem que
gera conhecimento que se transforma em ação, quando preciso. Freire
explicitava, sempre, que a educação não ocorre no abstrato, de forma
independente dos modos objetivos e concretos de vida social e coletiva, o
não silenciamento retrata bem essa fala de Freire (1967, p. 51-52), que
defende que quem se faz crítico, renuncia tanto ao otimismo ingênuo e
aos idealismos utópicos, quanto ao pessimismo e à desesperança e se torna
criticamente otimista. Isso acontece quando o sujeito torna-se capaz de
projetar-se e integra-se com seu tempo e seu espaço local e global,
15
Vozes da Educação
16
Volume VIII
17
Vozes da Educação
18
Volume VIII
19
Vozes da Educação
20
Volume VIII
21
Vozes da Educação
6Trato de forma mais a miúde desse assunto no livro: OLIVEIRA, Rosemary Lapa. (in)disciplina:
um modo de ser e estar na escola. Curitiba: CRV, 2017.
22
Volume VIII
23
Vozes da Educação
24
Volume VIII
25
Vozes da Educação
26
Volume VIII
Referências bibliográficas
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Trad. Maria Ermantina
Galvão Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel
Lahud e Yara Frateschi Vieira. 15. ed. São Paulo: Hucitec, 2009.
FÁVERO, Leonor Lopes. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino
de língua materna. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1967.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessário à prática
docente. São Paulo : Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se
completam. 50 ed. São Paulo: Cortez, 2009
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50 ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2011
GIROUX, Henry. Escola crítica e política cultural. Trad. Dagmar M. L.
Zibas. São Paulo: Cortez, 1987.
KLEIMAN. Angela. Texto e Leitor: aspectos cognitivos da leitura.
Campinas, SP: Pontes, 2004.
MACEDO, Roberto Sidnei. A etnopesquisa Crítica e Multirreferencial nas
ciências humanas e na educação. 2. ed. Salvador: EDUFBA, 2004.
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa. 4. ed.
Petrópolis- RJ: Vozes, 2010.
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa.4. ed.
Petrópolis- RJ: Vozes, 2011
ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e Texto: Formulação e Circulação
dos Sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2001.
ORLANDI, Eni Puccinelli. A Linguagem e seu Funcionamento: As
Formas do Discurso. 4. ed. Campinas, SP: Pontes, 2003.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no novimento dos
sentidos. 6ª. Campinas : UNICAMP, 2007.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 4. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2010.
27
Vozes da Educação
RESUMO
Os cursos de Engenharia no Brasil nas suas diversas modalidades sempre
foram e são necessários para formação de mão de obra qualificada de nível
superior e para o desenvolvimento sustentável do País. Estes cursos assim
como os demais da área tecnológica precisam ser bem estruturados
pedagogicamente com atualização constante de currículo, bons
investimentos em laboratórios específicos e/ou simuladores. O leitor
encontrará aqui diversas leituras realizadas facilitando o entendimento do
tema proposto. Este artigo delimita o tema trabalhado, apresenta o
objetivo geral: Mostrar que é possível Engenharia a distância e tem como
objetivo específico: Pesquisar cursos que já existem efetivamente na região
Norte do Brasil, afirmando a possibilidade de cursos de engenharia nas
demais regiões, respeitando o meio ambiente em que será inserido.
Mostrar a necessidade deste curso no Brasil e a importância de
investimento em laboratórios adequados e/ou simuladores para que
existam cursos com qualidade. O estudo foi realizado mediante consultas
bibliográficas e internet para apoio teórico. Nas considerações finais,
encontrará conclusão realizada depois de um diálogo com coordenador
em curso iniciado a distância no ano de 2015, no Brasil, na região norte,
com alguns resultados, mostrando que é possível Engenharia em EAD.
28
Volume VIII
ABSTRACT
The Engineering courses in Brazil in its various modalities have always
been and are necessary for the formation of a qualified upper level
workforce and for the sustainable development of the Country. These
courses as well as the others in the technological area need to be well
structured pedagogically with constant updating good investments in
specific laboratories and / or simulators. The reader will find here several
readings made facilitating the understanding of the proposed theme. This
article delimits the theme worked, presents the general objective: To show
that it is possible to do Distance Engineering and has as specific objective:
To search for courses that already exist effectively in the Northern region
of Brazil, affirming the possibility of engineering courses in other regions,
respecting the environment in which it will be inserted. Show the need for
this course in Brazil and the importance of investing in suitable
laboratories and / or simulators so that there are quality courses. The
study was carried out through bibliographical consultations and internet
for theoretical support. In the final considerations, you will find a
conclusion made after a dialogue with ongoing coordinator initiated in the
year 2015 in Brazil, in the northern region, with some results, showing that
Engineering in Distance Learning is possible.
Introdução
No Brasil, segundo Borba (2007), a EAD pode ser visualizada
em três gerações. A primeira delas surgiu em 1904, com o ensino por
correspondência, com ênfase na educação profissional em áreas técnicas,
como formação em marcenaria, cursos comerciais radiofônicos, entre
outros. A segunda geração da EAD foi demarcada pelo surgimento dos
cursos supletivos, nas décadas de 70 e 80, em que as aulas aconteciam
usualmente por satélite, e os alunos recebiam material impresso para o
estudo. Entre os recursos usados para a comunicação, encontravam-se o
rádio, a televisão e fitas de áudio e vídeo. A terceira geração, em 1996, após
a expansão da internet no âmbito universitário impulsionou a primeira
legislação específica para o ensino a distância em nível superior.
29
Vozes da Educação
30
Volume VIII
31
Vozes da Educação
32
Volume VIII
33
Vozes da Educação
Considerações finais
Os diferentes sujeitos do processo de ensino aprendizagem
devem apropriar-se dos materiais produzidos ao longo do curso de EAD,
não apenas como fonte de informação, mas também como mediações
construídas escolhidas e negociadas ao longo do processo, de acordo com
Corrêa (2007, p. 18), encurtando distanciamentos e dificuldades. Ainda de
acordo com Corrêa (2007, p. 102), a tutoria precisa reafirmar
procedimentos bem sucedidos e reformular aqueles que necessitam de
adaptações, implementando políticas de enfrentamento para os conflitos.
A idéia de co-realização em uma atividade de acordo com
Vygotsky, 1984 in (Valente, et al, 2007, p. 31), engloba ação e reflexão
entre pessoas ou de uma pessoa com as idéias de outrem, uma vez que o
pensamento humano se encontra imbricado com o ambiente social e
34
Volume VIII
Referências bibliográficas
Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED. Disponível em:
site: www2.abed.org.br, e-mail: abed@abed.org. Acesso em: 08/11/2014,
16h05min.
BORBA, Marcelo de Carvalho, MALHEIROS, Ana Paula dos Santos &
ZULATTO, Rúbia Barcelos Amaral. Educação a distância on-line. Belo
Horizonte: Editora Autêntica, 2007. (In Silva e Jr.)
35
Vozes da Educação
36
Volume VIII
RESUMO
Esse artigo aborda as diferentes concepções de formação moral e social
do ser humano e sua articulação com o sistema educacional. Tenta
responder como a escola pode contribuir de forma positiva ou negativa
nesse processo. Assim, buscamos entender como o sujeito se desenvolve
e como a sociedade com seus costumes, crenças e valores influencia esse
desenvolvimento, muitas vezes impossibilitando o alcance de uma
autonomia desse indivíduo em relação aos seus próprios desejos.
ABSTRACT
This article approaches the different conceptions of moral and social
formation of human beings and its articulation with the educational
system. It tries to answer how the school can contribute positively or
negatively in this process. Thus, we seek to understand how the human
beings develops and how the society with their customs, beliefs and values
influences development, often making it impossible to achieve autonomy
of this individual in relation to his own desires.
8Formanda do curso de Pedagogia da União das Faculdades dos Grandes Lagos (UNILAGO);
rosiramos@outlook.com.br.
9Psicanalista, Mestrando em Psicologia e Saúde. Pedagogo, Especialista em Libras – Língua
Brasileira de Sinais. Docente dos cursos de Licenciatura da União das Faculdades dos Grandes
Lagos – (UNILAGO)glaucio.camargos@hotmail.com
37
Vozes da Educação
Introdução
38
Volume VIII
nesse meio que nos formata, nos programa a repetir sempre as mesmas
atitudes, a sonhar sempre os mesmos sonhos, somos realmente
padronizados.
Nesse momento vamos nos concentrar em discutir a
padronização moral à qual nos submetem e como ela serve a interesses e
motivações ocultas. O objetivo é buscar definições possíveis para a
padronização moral e analisar se essa está relacionada ao que se chama de
índole ou caráter de cada sujeito.
A maneira como a sociedade e o ambiente escolar trabalham a
formação moral e social do aluno nada mais é que uma contribuição para
a construção de uma sociedade da desconfiança, afinal todo o
comportamento dos alunos e das pessoas em geral é controlado por
recompensas, castigos, monitoramento por meio de câmeras e agentes
fiscalizadores. Traçando um paralelo entre o momento em que as crianças
de uma determinada escola participam de seu intervalo, de seu momento
de interação entre os colegas e o comparamos ao chamado banho de sol
de presidiários, notamos inúmeras semelhanças. Nos dois momentos as
pessoas são vigiadas por câmeras de segurança e profissionais orientados
à observar a interação entre elas e agir a qualquer momento caso se faça
necessário.
Talvez essa comparação seja muito radical, mas também deve
nos levar à reflexão de como agimos de forma idêntica diante de contextos
tão distintos como é o caso da escolarização e da ressocialização do sujeito,
afinal “devemos ainda nos admirar que a prisão se pareça com as fábricas,
com as escolas, com os quartéis, com os hospitais, e todos se pareçam com
as prisões?” (FOUCAULT, 2003, p. 187)
Como educadores devemos colaborar para o desenvolvimento
de uma conscientização de nossos alunos em relação ao que realmente
seria uma boa convivência em sociedade, que ela seja pautada no respeito
aos seus semelhantes e a si próprio, caso contrário, estaríamos
contribuindo para a formação de uma sociedade de hipocrisia e
mediocridade, onde os bons gestos acontecem somente em situações e
ambientes em que o indivíduo esteja sendo observado, de modo que, caso
não exista essa fiscalização ele seja capaz de agir de forma totalmente
contrária ao que ele próprio diz.
39
Vozes da Educação
A construção da moral
Em seu livro O juízo moral na criança (1994), Piaget traz uma
afirmação muito importante no processo de aquisição da moral de um
indivíduo, “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda
moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por
essas regras”.
Para entender melhor esses processos vamos recorrer à teoria do
autor sobre os estados de desenvolvimento do sujeito e como a escola
pode contribuir de forma positiva com esse processo.
A criança nos seus primeiros anos de vida se encontra na fase da
anomia, onde ainda não é capaz de respeitar e compreender o sentido das
regras, age de acordo com suas vontades e necessidades e não se vê como
parte de uma sociedade, mas sim como o centro dela, é o que chamamos
de egocentrismo. À medida que essa criança vai se desenvolvendo e
convivendo em sociedade, vai percebendo que precisa respeitar algumas
normas e entendendo que a desobediência às mesmas pode trazer
consequências negativas e punições. Nesse momento a criança se encontra
na fase da heteronomia, em que o respeito às normas se dá somente pela
coação.
É nesse momento que se faz tão importante a mediação do
adulto para o sucesso na passagem dessa fase para a seguinte. No ambiente
familiar os responsáveis precisam se atentar às suas atitudes para que essa
criança em formação possa por meio de exemplos, compreender o
verdadeiro sentido das regras, caso contrário o que ocorrerá é a estagnação
nessa fase, onde o indivíduo não é capaz de respeitar os membros de sua
sociedade e age de acordo com sua conveniência e seus interesses.
Alguns exemplos muito comuns de contribuição para a
paralisação do indivíduo no estado da heteronomia se encontram no
ambiente familiar em situações que a criança apresenta um
comportamento inadequado e os responsáveis na intenção de modificar
essas atitudes, oferecem um estímulo positivo ou negativo que pode ser o
presente que a criança está aguardando ou mesmo a ameaça de um castigo.
Essas atitudes muitas vezes também estão presentes em sala de aula,
quando o professor argumenta que caso seus alunos não se comportem
bem ele irá aplicar uma avaliação difícil ou trazer mais exercícios. Além de
condicionar o aluno à ideia de que a avaliação é algo negativo, o professor
40
Volume VIII
41
Vozes da Educação
42
Volume VIII
43
Vozes da Educação
mesmas atitudes e aja da mesma forma que esse adulto, sem de fato
compreender o sentido e efeito de suas ações.
E para que esse ciclo de hipocrisia seja interrompido é preciso
conscientizar desde cedo esse sujeito para que seu comportamento não
dependa mais de atitudes e fatores externos a ele. É preciso torná-lo
senhor de si mesmo, para que dessa forma ele não seja mais um animal de
rebanho, conforme a expressão criada por Nietzsche.
44
Volume VIII
45
Vozes da Educação
46
Volume VIII
47
Vozes da Educação
Considerações finais
Aqui não tivemos a intenção de determinar o que é melhor ou
pior dentro do contexto escolar, antes, buscamos promover uma reflexão
em relação à importância do ato de educar e do papel do professor na
sociedade, nesse e em outros tempos. O objetivo é refletir sobre as
dificuldades encontradas em sala de aula no que diz respeito ao
comportamento apresentado pelos alunos desde os anos iniciais e como
muitas vezes essa dificuldade se estende à vida adulta.
Compreender os estágios de desenvolvimento moral da criança
descritos por Piaget com base em suas pesquisas contribui de forma muito
efetiva na compreensão desses processos.
Porém quando trazemos à tona as reflexões do filósofo
Nietzsche em torno dessa moral, levantamos questionamentos pertinentes
a essa prática de estipular desde muito cedo ao indivíduo o conceito de
certo e errado sobre tudo o que o cerca, afinal, de uma forma ou de outra
é isso que os valores morais nos impõem e consequentemente padronizam
um comportamento em busca de um bom convívio em sociedade.
De forma alguma buscamos desqualificar os conceitos de moral
enquanto orientadores de um bom convívio em sociedade. Sabemos o
quanto eles são importantes e também o quanto as pessoas tem dificuldade
em compreendê-los, respeitá-los e acima de tudo colocá-los em prática e
é essa dificuldade que nos fez buscar novos olhares em torno desses
48
Volume VIII
49
Vozes da Educação
Referências bibliográfica
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Tradução de Raquel Ramalhete. 27. ed.
Petrópolis: Vozes, 2003.
HUXLEY, A. Admirável Mundo Novo. Tradução de Lino Vallandro. 22.
ed. São Paulo: Globo, 2014.
NEUKAMP, E. As críticas do professor Nietzsche à educação de seu
tempo. Disponível em:
<http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/012e4.pdf >. Acesso em
12 de Nov. 2016.
NIETZSCHE, F. Humano, Demasiado Humano. Tradução de Paulo
César de Souza. São Paulo: Schwarcz S.A, 2017.
______. Crepúsculo dos Ídolos. Tradução de Paulo César de Souza. São
Paulo: Schwarcz S.A, 2017.
______. Genealogia da Moral. Tradução de Paulo César de Souza. São
Paulo: Schwarcz S.A, 2017.
______. Verdade e mentira no sentido extramoral. Tradução e
apresentação de Noéli Correia de Melo Sobrinho. Disponível em:
<http://imediata.org/asav/nietzsche_verdade_mentira.pdf>. Acesso em
19 de Set. 2016.
OLIVEIRA, A.R. A Genealogia da Moral de Nietzsche. Disponível em:
<http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-genealogia-moral-
nietzsche.htm>. Acesso em: 4 de Ago. 2016.
PIAGET, J. O Juízo Moral na criança. Tradução de Elzon
Leonardon.4.ed. São Paulo: Summus, 1994.
SOUZA,R. As Nossas Virtudes – Análise do sétimo capítulo da obra
“Além do bem e do mal” de Friedrich Nietzsche. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/30102/as-nossas-virtudes-analise-do-
setimo-capitulo-da-obra-alem-do-bem-e-do-mal-de-friedrich-nietzsche>.
Acesso em: 4 de Ago. 2016.
Enciclopédia:
GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL. São Paulo, ed.
Nova Cultural. 1998
50
Volume VIII
RESUMO
Este artigo é resultado de um trabalho desenvolvido durante o Mestrado, para
composição do trabalho final, dissertação. O trabalho tem como meta explanar
teoricamente discussões recentes na área da Educação do Campo. Pesquisas
apontam a importância de fomentar nos processos de ensino e aprendizagem
o protagonismo dos educandos por meio de situações didáticas. Quando os
sujeitos vivenciam uma aprendizagem com significados social e culturalmente
contextualizados da Matemática amplia-se uma reflexão crítica, de modo a
favorecer o entendimento de conteúdos e de sua aplicabilidade na vida
cotidiana.
ABSTRACT
This chapter is the result of a work developed during the Masters, for composition
of the final work, dissertation. The work aims to explain theoretically recent
discussions in the area of Field Education. Researches point out the importance
of promoting in the teaching and learning processes the protagonism of learners
through didactic situations. When the subjects experience a learning with socially
and culturally contextualized meanings of Mathematics a critical reflection is
extended, in order to favor the understanding of contents and their applicability in
daily life.
51
Vozes da Educação
Introdução
A Educação do Campo é um processo histórico, fruto de lutas e
mobilizações dos movimentos sociais do campo por condições concretas
de subsistência no seu próprio espaço. Acrescentamos que a Educação do
Campo, como prática dos movimentos sociais camponeses, segundo o
dicionário da Educação do Campo (CALDART et al., 2012), busca
conjugar a luta pelo acesso à educação pública contra a tutela política e
pedagógica do Estado.
A Constituição de 1998 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
n. 9.394/96 muito contribuíram para novas perspectivas ao processo de
construção de políticas públicas de educação direcionadas para essa
modalidade. Com efeito, essas leis abriram procedentes legais, jurídicos e
políticos que viabilizam uma educação que respeita a identidade do sujeito
do campo.
O movimento da Educação do Campo é propiciado pela
Pedagogia da Alternância, em que a aprendizagem dos educandos é
mediada por momentos de estudos ao longo do Tempo Escola e Tempo
Comunidade. Essa metodologia teve iniciativa por camponeses da França
em 1935. Já no Brasil, a iniciativa chegou com os jesuítas.
Assim, a alternância tem como objetivo garantir uma atuação
pedagógica mediada pela teoria e prática, de forma a relacionar os
processos de aprendizagem tanto para a aquisição de conhecimentos
necessários à vida cotidiana quanto para a qualificação profissional. Trata-
se de uma práxis educativa.
Podemos afirmar que esse movimento nasce tomando posição
em relação à valorização do saber popular produzido no campo. Nesse
contexto, a educação assume um papel relevante. Como nos diz Freire
(2015), o povo se educa no enfretamento das condições de opressão.
Viver, perceber e enfrentar a situação em que vive, e não aceitar
silenciosamente a dominação social.
Olhar para a história, para o significado político e pedagógico dos
movimentos, põe em ação a luta pela transformação da sociedade e dos
sujeitos nela inseridos, e nos leva ao encontro da Pedagogia do Oprimido,
que destaca coragem e luta dos que acreditam na força da luta organizada
e na capacidade do oprimido de tomar a história em suas mãos e recriá-la.
52
Volume VIII
53
Vozes da Educação
54
Volume VIII
55
Vozes da Educação
Etnomatemática
Nesta secção, são apresentadas reflexões sobre o processo de
ensino e aprendizagem numa perspectiva Etnomatemática. É importante
ressaltar que cada sujeito é portador de um conhecimento prévio que está
ligado às suas raízes culturais. Porém, se sabe que na maioria das vezes os
saberes desses sujeitos não costumam ser considerados ou incorporados
ao Ensino de Matemática. A proposta da Etnomatemática é interligar a
disciplina com situações reais.
Para D’Ambrosio (2011, p. 76), contextualizar a Matemática é
essencial para todos. Freire (2015, p. 116), na obra Pedagogia do
Oprimido, enfatiza que “uma educação autêntica, não se faz de A para B
ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo”. O que
implica pontuar que o educador em essência é um intelectual orgânico que
atua na transformação social dos oprimidos.
A Etnomatemática é uma das tendências que busca a instalação
de um processo de valorização dos saberes matemáticos nos diferentes
contextos socioculturais. Para D’Ambrosio (2008), a Etnomatemática
tende a considerar o fazer de grupo cultural através de sua própria
vivência.
Discutindo e analisando atentamente como vem se apresentando
o processo de Ensino de Matemática nos contextos da Educação do
Campo, percebemos uma articulação com a vertente denominada
Etnomatemática.
A Etnomatemática passou a fazer parte de discussões de
pensadores e estudiosos na década de 1970. O termo foi constituído pelo
professor Ubiratan D’ Ambrosio. Conforme esse autor, a referida
expressão significa que há várias maneiras, técnicas, habilidades de
explicar, de entender, de lidar e de conviver com distintos contextos
naturais e socioeconômicos da realidade.
A Educação do Campo é uma perspectiva de formação que leva
em conta essa vivência da realidade sociocultural do aluno, entre os quais:
o ambiente em que ele vive e o conhecimento que ele traz de casa. Vem
ganhando forma, consistência e plenária ao ser amplificadamente ecoada
como uma alternativa de educação escolar pública para os espaços não
urbanos.
56
Volume VIII
57
Vozes da Educação
58
Volume VIII
Ghiradelli (2012, p. 23) em sua obra “As lições de Paulo Freire: filosofia, educação e política”
12
enfatiza que a expressão bancária adotada por Freire, significa basicamente, implica um professor
que deposita informações para os estudantes, os quais por sua vez guardam-nas “no cofre” da
memória.
59
Vozes da Educação
60
Volume VIII
Referências bibliográficas
ARROYO, Miguel G; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica
Castagna. Por uma educação do campo. 5 ed., Petrópolis: Vozes, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CALDART, Roseli Salete; PEREIRA, Isabel Brasil; ALENTEJANO,
Paulo; FRIGOTTO, Gaudêncio. Dicionário da educação do campo. 2 ed.,
Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio,
Expressão Popular, 2012.
D’ AMBROSIO, Ubiratan. Etonomatemática: elo entre as tradições e a
modernidade. 4 ed., Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
D’ AMBROSIO, Ubiratan. O programa etnomatemática: uma síntese.
Acta Scientiae, Canoas, v. 1, n. 1, p. 7-16, jan/jun. 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 56 ed., Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2015.
KNIJNIK, Gelsa. Educação matemática, culturas e conhecimento na luta
pela terra. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.
______ et al. Etnomatemática em movimento. Belo Horizonte: Autêntica,
2012. (Coleção Tendências em Educação Matemática).
MIRANDA, Sônia Guariza; SCHWENDLER, Sônia Fátima. Educação
do campo em movimento: teoria e prática cotidiana. Curitiba: Ed. UFPR,
v. 1, 2010.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17 ed.,
Petrópolis: Vozes, 2014.
61
Vozes da Educação
ABSTRACT
This article has the objective to present the results from a research realized in the
coast from Paraná, this research investigate the challenges from the public
currently enrolled in Educação de Jovens e Adultos (EJA) in the transition process
to the public higher education. Based on the aplication of questionnaires and
interviews, we examined this group path of life, the abandonment cases, the return
to the school life and in particular the admission in higher education and those
students difficulties to stay studying.The analysis starts with the problematising
about the last decade acess expansion to higher education in Brazil and in parallel
the limits to assure that the entering students finish their studies.
13Professora na rede Estadual de educação do Paraná (SEED PR) Graduada em Ciências Sociais, pelo
Instituto Federal do Paraná. Especialização em Metodologia do ensino de Filosofia e Sociologia pela
Faculdade de educação São Luís e Psicopedagogia Institucional pelo Instituto superior do litoral. O artigo
apresentado é resultado da pesquisa desenvolvida no Trabalho de Conclusão de Curso da Graduação
em Ciências Sociais.
14Docente do Instituto Federal do Paraná - Campus Paranaguá. Doutora em Educação (UNICAMP).
62
Volume VIII
Introdução
63
Vozes da Educação
64
Volume VIII
65
Vozes da Educação
66
Volume VIII
67
Vozes da Educação
68
Volume VIII
Gráfico 1: Em algum momento da sua trajetória escolas você frequentou a educação de jovens e
adultos?
FREQUENTOU O EJA
6%
94%
Sim Não
69
Vozes da Educação
70
Volume VIII
71
Vozes da Educação
1%
Feminino
44% Masculino
55%
Outros
Egressos da EJA
0% Feminino
40% Masculino
60%
Outros
72
Volume VIII
O cotidiano acadêmico
A chegada à universidade é a descoberta de um mundo, no qual,
antes de qualquer coisa, é preciso se situar, Coulon (2008) argumenta que
o público adulto quando migra para a universidade descobre uma realidade
de um mundo no qual ele não imaginava, o currículo acadêmico, as
cobranças, os novos companheiros de turma, além de outros problemas
enfrentado por esses alunos na universidade. Sendo assim:
Segundo os estudantes este mundo se manifesta de várias maneiras(...)
para se tornarem estudantes competentes, os estudantes devem
realizar certo número de novas aprendizagens: algumas dependem da
afiliação institucional, outras, de caráter cognitivo, podem ser
agrupadas sob a expressão de afiliação intelectual. (Coulon 2008
p.144)
O autor reforça que para o público adulto a entrada na
universidade marca uma ruptura com o domínio de seus hábitos, é a
descoberta de outro mundo, e para muitos esses momentos parecem ser
desestabilizador. Tal instabilidade, no caso de nossa pesquisa, se manifesta
ao longo do curso nos momentos em que os estudantes pensam em
desistir, conforme relataram 67 % dos entrevistados.
A questão da desistência nos remete ao questionamento sobre
situações que, na perspectiva de estudantes, dificultam a permanência no
curso, um dos aspectos centrais para a nossa pesquisa. Apresentamos no
questionário duas questões que se complementavam- a 1ª sobre as
dificuldades que a respondente enfrentava ao longo do curso - os itens
destacados foram de aprendizagem e de relacionamento com docentes,
ambos em um índice de 20%. A 2ª questão era sobre a opinião das mesmas
sobre o que dificultava a permanência de estudantes de um modo geral:
73
Vozes da Educação
Município de Pontal do Paraná e Paranaguá, em um percurso médio de uma hora custa R$ 5,20,
ou seja, a estudante deverá dispor de no mínimo R$ 10,40 diários para chegar até a Instituição.
74
Volume VIII
75
Vozes da Educação
76
Volume VIII
Considerações finais
Com esse trabalho buscamos identificar, analisar e discutir sobre
as dificuldades encontradas no ensino superior pelo público da EJA.
Tanto nas entrevistas quanto na aplicação de questionários encontramos
diversas situações no que se refere as dificuldades vivenciadas pelo aluno
oriundo da EJA no ensino superior, não apenas de ingresso nessa
modalidade de ensino, mas também para se manter.
No âmbito externo, questões como mobilidade, atribuições de
gênero, questões de classe social, ou até mesmo desinteresse pela área do
curso interferem na permanência dos estudantes no curso. A situação
econômica, condição social, a ausência de um capital cultural, o
preconceito racial, bullying, entre outras dificuldades vivenciadas na fase
de escolarização, refletem no ensino superior.
77
Vozes da Educação
78
Volume VIII
Referências bibliográficas
ARROYO, M.G. Operários e Educadores se identificam: que rumos
tomará a educação brasileira? Educação e sociedade. São Paulo. 1980
BRASIL. Lei nº. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases
para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 12 ago. 1971.
BERNARDIM, M. L. Educação e Trabalho na perspectiva de egressos do
ensino médio e estudantes universitários. São Paulo. 2013
BOURDIEU, Pierre. Escritos de educação. 9º ed. – Rio de Janeiro: Vozes,
2007.
_______. Resolução nº01, de 3 de Dezembro de 2013. Ministério da
educação. Conselho nacional da educação. Brasília, 2013. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=do
wnload&alias=14811-rceb001-13-pdf&category_slug=dezembro-2013-
pdf&Itemid=30192 >
DI PIERRO, Maria Clara. Notas sobre a redefinição da identidade e das
políticas públicas de educação de jovens e adultos no Brasil. Educação e
sociedade, Campinas, v. 26, n.92, p. 1115 -1139, 2005
DURHAM, Eunice Ribeiro. Ensino superior no Brasil e desenvolvimento.
Revista Interesse Nacional. Ano 3 – número 10. Jul. Set. 2010
HADDAD, S. Di Pierro, M.C. Escolarização de jovens e adultos. Revista
brasileira de educação, São Paulo
INEP. (1969), Ensino superior: coletânea de legislação básica. Brasília,
MEC/Inep. _______. (2011), Censo da educação superior: resumo
técnico. Brasília, Inep.
HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas na sociologia - 12.
ed. - Petrópolis, RJ, Vozes, 2010.
BISSANELLA, P.B.G. EJA e ensino superior: um estudo sobre trajetórias
de egressos e a transição para o ensino superior no município de Caxias
do sul. X AMPED, Florianópolis, 2014.
MOUTINHO, Simone Maria Bandeira. Um pouco da história. Disponível
em: <http://paulofreirefae.blogspot.com.br/p/eja-no-brasil.html. >
Acesso em 02/05/16.
79
Vozes da Educação
RESUMO
Fatores Neurotróficos Derivados da Glia (GNDF) e Fatores
Neurotróficos Derivados do Cérebro (GNDF) são proteínas secretadas
pelas células gliais que “amolecem” células ou organismos mortos. Sua
remoção é feita pelas Micróglias, células da glia responsáveis pela limpeza
dessa matéria inerte, abrindo espaço para a neurogênese e a renovação
natural das células da glia. A ética não permite a manipulação dos Fatores
qualitativamente deficientes, mas um ambiente agradável e desestressante,
aliado à apresentação de figuras, aumenta sua produção, compensando a
baixa qualidade com a alta quantidade. O aumento da produção melhora
o aprendizado.
Palavras-chave: apoptose, fatores neurotróficos, aprendizado.
ABSTRACT
Glia Derived Neurotrophic Factors (GNDF) and Brain Derived
Neurotrophic Factors (BDNF) are proteins secreted by glial cells that
"soften" dead cells or organisms. Its removal is done by microglia, glial
cells responsible for cleaning this inert matter, making room for
neurogenesis and natural renewal of glial cells. Ethics does not allow the
manipulation of qualitatively deficient Factors, but a pleasant and stressful
environment, combined with the presentation of figures, increases its
production, compensating the low quality with the high quantity.
Increased production improves learning.
Keywords: apoptosis, neurotrophic factors, learning.
80
Volume VIII
Introdução
81
Vozes da Educação
O cérebro
O cérebro realiza várias funções. Vamos falar um pouco das
estruturas do Sistema Nervoso Central e o que cada uma delas faz.
A - Os neurônios
As células nervosas que compõem o nosso cérebro são chamadas
neurônios e são mais ou menos em torno de 100 bilhões. Elas transmitem
sinais eletroquímicos como se fossem entradas e saídas de uma grande
rede de computadores. Esse aspecto eletroquímico faz com que os
neurônios transmitam sinais e mensagens a longa distância, de um para
outro.
Possuem três partes básicas: corpo celular, axônio e dentritos.
82
Volume VIII
83
Vozes da Educação
Disponível: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/nervoso2.php
84
Volume VIII
85
Vozes da Educação
86
Volume VIII
87
Vozes da Educação
88
Volume VIII
Conclusão
É de suma importância o conhecimento das descobertas das
neurociências por nós, educadores. Esse conhecimento facilita o nosso
trabalho na sala de aula, reconhecendo nos nossos estudantes sujeitos
cerebrais, cada um com suas especificidades e modelos de aprendizagem.
Através deste conhecimento é que foi possível chegar aos
estudos avançados das Neurociências e descobrir como os fatores
neurotróficos ajudam na aprendizagem. Com esse novo conhecimento
melhoramos nossa didática e damos oportunidades a todos os estudantes
de aprenderem.
Referências bibliográficas
DEHANE, Stanislas. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a
nossa capacidade de ler. Tradução: Leonor Scliar-Cabral.-Porto
Alegre:Penso, 2012.
GIL, Manuel Vázquez. O dom do autismo. Contagem, Quicelê, 2015
MAIA, Heber org. Neurociências e desenvolvimento cognitivo. Rio de
Janeiro,Wak editora, 2011.
PEREIRA, Rafael Silva. Programa de neurociências.Portugal, Psicosoma,
2014.
TAVARES, José. ALARCÃO, Isabel.Psicologia do Desenvolvimento e de
Aprendizagem. São Paulo:Ed:Almedina Brasil, 2005.
https://www.todamateria.com.br/neuronios/
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/nervoso2.p
hp
89
Vozes da Educação
RESUMO
O artigo retrata como o Brasil reproduz inúmeras intolerâncias e violências contra
a população LGBTTQI no campo da educação. Por meio da Teoria Queer,
propõe-se uma reflexão sobre os pilares da democratização da educação, da
invisibilidade da questão nos currículos, da ocupação do espaço escolar, da
diminuição progressiva de acesso aos níveis mais elevados de ensino, bem como,
a subnotificação dos números sobre acesso e evasão e da violência no interior das
escolas. Esses aspectos tornam o segmento invisível diante das lentes das
pesquisas censitárias e da proteção do Estado. O artigo aponta uma perspectiva
crítica de análise diante da organização escolar e do cotidiano das práticas
educativas.
ABSTRACT
The article shows how Brazil reproduces various intolerances and violence against
the LGBTTQI population in the field of education. Through the Queer Theory, a
reflection was proposed on the pillars of the democratization of education, the
invisibility of the issue in the curricula, the occupation of the school space, the
progressive reduction of access to higher levels of education, as well as
underreporting of numbers on avoidance and violence in schools. These aspects
make the segment invisible to statistical research and state protection. The article
points out a critical perspective of analysis before the school organization and the
day to day of educational practices.
17Profa Doutora pelo Programa de Educação e Saúde pela UNIFESP. Pedagoga; Especialista em
Educação Sexual, Direito Educacional e Gestão de Ensino. Docente no curso de Pedagogia e
Formação de Professores em EaD.
90
Volume VIII
Introdução
Democratização da educação
A democratização da educação compreende três aspectos
fundamentais nos quais a escola foi fundamentalmente afetada. Os
Pioneiros da Educação Nova elencaram em meados de 1932 uma grande
campanha pela democratização da educação. Definiram como ponto
crucial uma política de Estado que garantisse – obrigatoriedade, gratuidade
e laicidade na educação.
Nesse processo, a democratização se constituiu primeiro como
garantia no direito ao acesso – escola para todos com obrigatoriedade de
matrícula pelas famílias e oferta pelo Estado. Nesse momento crianças e
jovens de todas as classes, configurações familiares, idade, raça/etnia e
classe social tiveram o direito de matrícula assegurado. Com tantas
diferenças na escola, escassa formação de professores e concepções de
educação ainda excludentes, o acesso (escola para todos) passa a não ser
sinônimo de aprendizagem. Os níveis de repetência e evasão crescem e se
mostram por meio de uma dura realidade de exclusão das classes menos
favorecidas.
Novas políticas são pensadas e para concretizar a
democratização da educação foi necessário propor formas de
91
Vozes da Educação
Apesar de menos usual, o termo escolarização diz respeito ao tempo que o sujeito passa na
18
escola, ou seja, o termo se refere mais à relação entre sujeito/tempo de vida/instituição escolar
que ao processo de ensino-aprendizagem e formação (escolaridade).
92
Volume VIII
93
Vozes da Educação
94
Volume VIII
Teoria Queer
O que é uma teoria? Para Minayo (1994, p. 18) as teorias são
articulações entre ver e saber. “A teoria é construída para explicar ou
compreender um fenômeno, um processo ou um conjunto de fenômenos
e processos”. No entanto, a autora destaca que são explicações parciais, já
que nenhuma teoria é capaz de explicar todos os fenômenos e seus
processos. “Chamamos teoria a um conjunto intrer-relacionado de
princípios de definições que servem para dar organização lógica a aspectos
selecionados de uma realidade empírica” (MINAYO, 2002, p. 91). Exige-
se, portanto, da figura do investigador uma busca cada vez mais profunda
de significados e interconexões entre ideias, sobretudo, quando o objeto
estudado ainda é não familiar.
Assim, a busca pela compreensão é um aspecto fundamental da
existência humana, pois o encontro com o não-familiar sempre exige
a tentativa de fazer sentido, compreender. Todavia, o mesmo ocorre
com o familiar. Na verdade, como o estudo de textos geralmente
conhecidos, acabamos descobrindo que às vezes o familiar pode ser
visto como o mais estranho. Logo, não é de se surpreender que até
mesmo os chamados textos objetivos das pesquisas qualitativas são
interpretações, e não descrições livres de valores (KINCHELOE e
MCLAREN, 2007, p. 28).
Minayo (1994, p. 19) afirma que “[...] a teoria é um conhecimento
de que nos servimos no processo de investigação como um sistema
organizado de proposições, que orientam a obtenção de dados e a análise
dos mesmos, e de conceitos, que se veiculam seu sentido”.
O que é Queer? O Queer como afirma Miskolci (2015) tanto em
termos político como teórico surgiu das inúmeras críticas à ordem sexual
dos movimentos sociais emergentes na década de 1960, como dos
movimentos pelos direitos civis de negros do Sul dos EUA, do ideário
produzido pela segunda onda do movimento feminista e o movimento
homossexual. Na tradução para a língua portuguesa significa ‘estranho’.
A definição de um estatuto teórico se deu a partir de elementos dispersos
advindos dos movimentos sociais organizados, dos primeiros estudos
sobre os guetos/territórios e a partir de obras literárias e científicas na
França, Estados Unidos e Brasil. Sua cristalização política e teórica ocorre
em meados de 1980, tendo como conjuntura as especulações sobre a
AIDS e os denominados “grupos de risco”.
95
Vozes da Educação
e foi criado e usado pela primeira vez pela jurista afro-americana Kimberlé W. Crenshaw em 1989
no texto “Dermaginalizing the interseccion ofrace and sex: a black feminist critique of discrimation
doctrine, feminist theory anti racist politics” (HIRATA, 2014). Atualmente houve uma nítida
ampliação analítica do termo sendo cada vez mais utilizado, sobretudo, em estudos sobre
categorias identitárias que não podem ser analisadas de forma independente ou essencializadas.
96
Volume VIII
[...] Queer marca uma identidade que, definida como tal por um desvio
das normas relativas ao sexo e ao gênero pelo eu interior ou por
comportamentos específicos, está sempre mudando; a teoria queer e
os estudos queer propõe um enfoque não tanto sobre populações
específicas, mas sobre processos de categorização sexual e sua
desconstrução. Ou seja, cada termo acompanha seu próprio conjunto
de políticas (GAMSON, 2007, p. 347).
Para a Teoria Queer, o gênero só é “uma realidade literária”
(GAMSON, 2007, p. 354) e sendo a realidade mutável e transitória, o
gênero também o é. Dentro da Teoria Queer, é imprescindível perceber
como os discursos e experiências pessoais e de instituições transitam e se
fundem.
A Teoria Queer é um referencial que nos auxilia a compreender a
alocação dos diferentes desejos e práticas sexuais em contextos macro
(como a sociedade) e micro (como a escola).
Para Woordward (2014, p. 9) “a identidade é, assim, marcada pela
diferença”, contudo essa relação não é tão linear ou tranquila quanto
parece, caso contrário, estaríamos de volta a uma perspectiva binária do é
ou não é. Os binarismos nos impedem de ver a construção daquilo que é
na diferença do outro, negando certas aproximações e até mesmo
similaridades daquele que foi considerado diferente. Daí a complexidade
criada ao tratar das identidades.
Portanto, não há nenhuma essência, nada universalizante e
homogêneo na produção das identidades e das diferenças. Aliás,
profundamente, as identidades mais estão do que são.
Outra questão que se destaca na construção das identidades é o
seu aspecto de autorreferência. Nas políticas de cotas, identidade de
gênero e orientação sexual, por exemplo, esta questão é fundamental. Ser
negro, ser homem trans, mulher, queer, etc. é uma apropriação do próprio
sujeito (autodesignação) e não pode ser imposta como um carimbo sobre
os indivíduos.
O reconhecimento das identidades é um mecanismo de
empoderamento. A Teoria Queer e os movimentos pelos direitos sexuais
colocaram “o estranho” na ordem do dia, dando-lhe nome e visibilidade.
A própria sigla do movimento que até os anos de 1980 abarcava o GLS
(gays, lésbicas e simpatizantes) foi sendo estendida, incorporada em
97
Vozes da Educação
20Optamos por utilizar as siglas que mais pudessem representar segmentos identitários de forma
que o mal estar causado sobre o “sinta reconhecido nesse termo” fosse o menor possível.
Transgênero também pode dizer respeito a alguns aspectos da expressão andrógina que nada se
relaciona com identidade de gênero ou orientação sexual.
21Pansexualidade é a atração afetiva e ou sexual pela pessoa independente de sua identidade de
98
Volume VIII
22Usaremos conforme a ONU o termo homofóbico de forma generalizada para transfobia, bifobia,
lesbofobia e outras formas de violência que atinge as inúmeras identidades, expressões e
orientações sexuais.
99
Vozes da Educação
100
Volume VIII
In(segurança):
• 60% se sentiam inseguros/as na escola no último ano por causa de sua
orientação sexual.
• 43% se sentiam inseguros/as por causa de sua identidade/expressão de
gênero.
Comentários Pejorativos: Muito/as estudantes ouviram
comentários pejorativos sobre pessoas LGBT
48% ouviram com frequência comentários LGBTfóbicos feitos por seus
pares.
101
Vozes da Educação
Bem-estar:
Os/as estudantes LGBT que vivenciaram níveis mais elevados de agressão
verbal por causa da orientação sexual ou expressão de gênero
(frequentemente ou quase sempre) tinham 1,5 vezes mais probabilidade
de relatar níveis mais elevados de depressão (73,7% comparados com
43,6% [que sofreram menos agressão] no caso da orientação sexual; 67,0%
comparados com 45,3% no caso da identidade/expressão de gênero),
Acolhimento de estudantes LGBT:
102
Volume VIII
103
Vozes da Educação
104
Volume VIII
105
Vozes da Educação
106
Volume VIII
Considerações finais
Ao longo do texto os principais conceitos de democratização da
educação, da educação como direito ou privilégio foram apresentados para
dar suporte a ideia de que é preciso desnaturalizar a leitura sobre dados
censitários e da disseminação de respostas superficiais à demandas
complexas da sociedade.
Se a democratização da educação – acesso, permanência e
qualidade de ensino - falha em alguns desses elementos há direitos sendo
107
Vozes da Educação
108
Volume VIII
Referências bibliográficas
ABGLT. Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil -
2016. Disponível em:
< http://static.congressoemfoco.uol.com.br/2016/08/IAE-Brasil-Web-
3-1.pdf>. Acesso em: 23 mar 2018.
BALIEIRO, Fernando de Figueiredo. O queer e o conceito de gênero.
Disponível em <http://www.usfcar.br/cis/2011>. Acesso em: 15mai
2013.
BRASIL SEDH. Mediar conflitos: você é capaz?. Its Brasil, 2010.
Disponível em
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_conflitos/curso_m_co
nflitos_modulos_1_10.pdf, Acesso em 24 jul 2015.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Nacionais para a
Educação em Direitos Humanos. Brasília (DF), 2012. Disponível em
http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-
todos/pdf/ParecerhomologadoDiretrizesNacionaisEDH.pdf>. Acesso
em: 24 jul 2015.
FREIRE, Ana Maria Araujo. Educação para a paz segundo Paulo Freire.
Educação, n.2(59), p. 387-393, mai-ago, 2006. Disponível em: <
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/44
9/345>. Acesso em: 15 mai 2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 25ª. ed. Rio de janeiro, Paz e
Terra, 1996.
FEIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
GADOTTI, Moacir; FREIRE, Paulo; Guimarães, Sergio. Pedagogia:
Diálogo e Conflito. São Paulo: Cortez, 1996.
GAMSON, Joshua. As sexualidades, a teoria queer e a pesquisa qualitativa.
In: DENZIN, Norman K; Linconl, Yvonna S e cols. O planejamento da
pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2 ed. Trad. Sandra Regina Netz.
São Paulo: Artmed, 2007.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e
consubstancialidade das relações sociais. Tempo soc., São Paulo, 26 (1),
p. 61-73, 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
20702014000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 14 mai 2016.
109
Vozes da Educação
110
Volume VIII
111
Vozes da Educação
RESUMO
Concepção de currículo construído coletivamente na formação dos
professores e relato de experiência na gestão curricular de uma escola
pública de educação infantil, princípios e metodologia utilizados na
construção coletiva do currículo. Trago três exemplos de práticas do
cotidiano da escola que priorizam um currículo construído
democraticamente: um trabalho com literatura infantil, uma contação de
história simultânea com todas as turmas da escola, onde a criança escolhe a
história que quer ouvir; atividades matemáticas de jogos desafiadores e o self-
service na hora das refeições. Os desafios e tentativas na formação de
educadores para alcançar um currículo mais reflexivo.
ABSTRACT
Concepcion de currículo built collectively in the formation and report of
experience in the curricular management of public school of child education.
I bring three examples of evereday practices that priorize a democratically
constructed curriculum: a work with children’s literature, ludic mathematical
activities and the self-service at mealtime. Challenges and attempts to train
educators to achieve a more thoughtful curriculum.
e-mail: scardenuto@uol.com.br
112
Volume VIII
113
Vozes da Educação
114
Volume VIII
115
Vozes da Educação
116
Volume VIII
117
Vozes da Educação
118
Volume VIII
119
Vozes da Educação
120
Volume VIII
121
Vozes da Educação
122
Volume VIII
123
Vozes da Educação
124
Volume VIII
escolherão a história que querem ouvir. Sendo assim num dia o professor
leva as suas crianças que vão ouvir sobre as diferentes resenhas e a partir
dessa escuta escolher a história que quer ouvir. Ou seja, a criança vai
escolher a história que quer ouvir sem saber qual professor vai conta lá. A
contação deve ser marcada, pois nesse momento as crianças ouvirão a
história que escolheram e essa história não será contada necessariamente
pela sua professora. Pois ao ler as resenhas a professora da sala não diz qual
professor que contará a história. A criança escolhe de maneira espontânea a
partir do seu gosto. Na hora da contação simultânea o grupo classe será
misturado e cada criança vai com a professora que está com a história que
ela escolheu. Os grupos se misturam, a criança não fica com sua professora
necessariamente, pode até ficar, mas não é regra. A contação sempre deve
ocorrer num espaço fora da sala de aula, o professor deve escolher um
espaço externo para dar mais possibilidades a atividade e também para
incentivar o lúdico e o prazer em ouvir histórias. Enfim quantos aspectos da
educação tradicional são rompidos: o espaço sala de aula, o grupo classe, a
criança tem a autonomia de escolher a história que quer ouvir, os professores
trocam de crianças, naquele momento todas as crianças são de todos, o
professor precisa escrever a resenhar após a escolha do livro, então existe
um trabalho reflexivo sobre o livro infantil. Trabalho esse sobre o autor, a
história, as gravuras, a editora, o material do livro, a apresentação de forma
geral, o tamanho da história e sobre o tema do livro, será que desperta
interesse? É uma questão que os professores devem se fazer. O professor
na hora de escrever a resenha também exerce um hábito difícil para todos,
a ação de escrever de forma sistemática.
Esse trabalho acontecia de forma mensal, ou seja, era escolhido
um livro por mês por cada professor, porque cada história era contada três
vezes, então a criança ouvia três histórias com três professores diferentes.
Mas para ser sincera, os professores tinham uma certa resistência com esse
trabalho, aos poucos foi se tornando mais prazeroso por todos. Todos
começaram a perceber a importância da literatura infantil e as suas diferentes
formas para a sua utilização. Sempre fazendo uma relação muito próxima
entre o saber e o sabor.
Algumas vezes fazíamos algumas modificações no formato. Por
exemplo, fizemos com os pais esse trabalho e foi muito bom, eles gostaram
bastante. Fizemos também em vez de contação de história, as crianças
125
Vozes da Educação
126
Volume VIII
127
Vozes da Educação
128
Volume VIII
Referências Bibliográficas
Alves, Nilda. O espaço escolar e suas marcas. O espaço como dimensão
material do currículo. Rio de Janeiro: DP & A, 1998.
Cardenuto, Silvia Teixeira. Transgressão Curricular: Um estudo a partir da
atual transição paradigmática no contexto escolar/ Silvia Teixeira
Cardenuto; orientação de Elydio dos Santos Neto. São Bernardo do Campo:
UMESP. 2002.
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa/ Paulo Freire- São Paulo: Paz e Terra. 1996.
Paro, Vitor Henrique. Gestão Democrática da educação pública. São Paulo:
Cortez, 2016.
Sacristán, Gimeno. Currículo- Uma reflexão crítica sobre a prática. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1998.
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação
Técnica. Orientações curriculares: expectativas de aprendizagens e
orientações didáticas para Educação Infantil/ Secretaria Municipal de
Educação- São Paulo: SME/DOT.2007
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação Diretoria de Orientação
Técnica. Currículo integrador da infância paulistana. São Paulo:
SME/DOT.2015
129
Vozes da Educação
Simone Rosler24
Dieison Prestes da Silveira25
RESUMO
A Feira de Ciências aconteceu no Instituto Federal Farroupilha– Campus
Júlio de Castilhos, no segundo semestre do ano de 2017, a qual contou
com a participação de licenciandos em Ciências Biológicas. A professora
da disciplina de PeCC VI (Prática enquanto Componente Curricular) que
tem como tema a elaboração de uma Feira de Ciências, auxiliou os
acadêmicos na construção de saberes através de artigos científicos,
imagens e diálogos. Em seguida os mesmos foram designados a orientar
os alunos. Participaram do evento as turmas dos Cursos Técnicos
Integrados.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Componente curricular.
Interdisciplinar.
ABSTRACT
The Science Fair was held at the Farroupilha Federal Institute - Júlio de
Castilhos Campus, in the second half of 2017, which included the
participation of graduates in Biological Sciences. The teacher of the
discipline of PeCC VI (Practice as a Curricular Component), whose theme
is the elaboration of a Science Fair, assisted academics in the construction
of knowledge through scientific articles, images and dialogues. Then they
were assigned to guide the students. The classes of the Integrated
Technical Courses took part of the event.
Keyword: Teaching-learning. Curricular component. Interdisciplinary
130
Volume VIII
Introdução
131
Vozes da Educação
132
Volume VIII
Metodologia
A PeCC IV (Prática enquanto Componente Curricular) – Feira
de Ciências, aconteceu no Instituto Federal Farroupilha – Campus Júlio de
Castilhos, no segundo semestre do ano de 2017. Haja vista que a Feira de
Ciências está intrínseca ao componente curricular do curso, ela contou
com a participação dos licenciandos do quarto semestre do Curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas e as turmas dos cursos integrados ao
ensino médio da presente instituição mencionada, Curso: Técnico em
Informática e Técnico em Agropecuária.
Semanalmente, no horário da disciplina de PeCC VI, a
professora regente da turma explanava assunto relativos a construção de
Feira de Ciências através de artigos científicos, imagens e diálogos. Com
isso os acadêmicos garantiam um embasamento teórico preparatório para
a organização da Feira, bem como a explanação das turmas participantes
do evento.
Do ponto de vista metodológico, as feiras de ciências podem ser
utilizadas para repetição de experiências realizadas em sala de aula;
montagem de exposições com fins demonstrativos; como estímulo
para aprofundar estudos e busca de novos conhecimentos;
oportunidade de proximidade com a comunidade científica; espaço
para iniciação científica; desenvolvimento do espírito criativo;
discussão de problemas sociais e integração escola-sociedade.
(PAVÃO, 2016).
Desde o início da mesma, foram realizadas provocações visando
o pensar nas turmas, sendo registrados fatos e acontecimentos do evento
133
Vozes da Educação
Resultados e discussão
A Feira de Ciências proporcionou aos alunos a oportunidade de
divulgarem os trabalhos elaborados no decorrer do ano e/ou semestre
letivo, ainda a elaboração de inovações tecnológicas pelos participantes.
Os grupos de alunos foram orientados pelos acadêmicos do quarto
semestre. Foi disponibilizado aos alunos salas de informática com
computadores que os auxiliavam em pesquisas para a construção dos
experimentos. Definindo o conceito de Feira de Ciências, tem-se a
seguinte definição:
A Feira de Ciências é um empreendimento técnico-científico-cultural
que se destina a estabelecer o inter-relacionamento entre a escola e a
comunidade. Oportuniza aos alunos demonstrarem, por meio de
projetos planejados e executados por eles, a sua criatividade, o seu
raciocínio lógico, a sua capacidade de pesquisa e seus conhecimentos
científicos. (MORAES, 1986, p. 20).
As análises das pesquisas eram realizadas pelos professores e
orientadores, cujos eram acadêmicos do Curso de Ciência Biológicas,
intentando não ocorrer repetições de experimentos. No decorrer das
orientações em sala de aula, foi criado um grupo numa rede social visando
a troca de saberes entre os participantes.
A Feira de Ciências aconteceu durante a tarde e os avaliadores
foram os servidores do Instituto Federal Farroupilha. Estavam presentes
os alunos das Ciências Biológicas e de outras escolas dos municípios de
Júlio de Castilhos e Tupanciretã que foram convidados a prestigiarem o
evento, promovendo a divulgação científica e tecnológica entre a
comunidade.
No momento das exposições dos trabalhos, os alunos
demonstraram apresentar domínio dos conteúdos pesquisados, ainda
obtiveram segurança e o público presente demonstrou satisfação pelo
evento.
É plausível relatar que para a realização da Feira de Ciências
ocorreram dificuldades, como por exemplo, pouca liberação dos alunos
134
Volume VIII
Conclusões
Atividade como essa é fundamental para o processo de ensino-
aprendizagem dos alunos, pois propicia a busca pelo aprendizado gerando
novos saberes, novas perspectivas e auxilia na interação aluno-professor e
aluno-aluno.
Para as instituições de nível Superior (IES) é importante o
desenvolvimento de projetos e eventos que interelacionem com o público
que as frequentam.
Conforme relato de alguns alunos, a Feira de Ciências foi
satisfatória, pois estava presente um público relevante para prestigiarem o
evento. Foi notável o empenho dos trabalhos dos alunos sendo que
haviam trabalhos inéditos o que garantiu sustentação científica e inovação
tecnológica.
Quando o professor tem uma visão holística frente aos alunos
pode-se contornar situações desafiadoras e promover o êxito final das
atividades E deste modo, o professor cria ideias para trabalhar com
conteúdo diferenciado, tendo em vista o aprendizado e a criatividade do
aluno.
Quando é instigado e incentivado o discente a pensar, a descobrir
suas habilidades, seus potenciais constroem-se o ambiente de aprendizado.
E através deste agregado, o desenvolvimento de novos conhecimentos
desenvolvendo novas práticas e conceitos pelo aluno.
As feiras de ciências, portanto, são um desafio acerca do papel
do professor orientar e acompanhar o aluno. Há um estímulo de
transformar a teoria em prática perfazendo as práxis. Nesta Feira de
ciências, os alunos sentiram-se satisfeitos em elaborarem trabalhos para
apresentar a comunidade.
Para o Curso de Licenciatura em Ciência Biológicas atividades
como estas estimulam os acadêmicos a desenvolverem o senso crítico,
ainda exercitar a profissão docente na elaboração de projetos que
direcionam a profissão didático-pedagógica. Sendo assim discorro a
necessidade de atividades como estas nos Cursos de Licenciaturas para
corroborar com a interdisciplinaridade no ensino e na aprendizagem.
135
Vozes da Educação
Referências bibliográfica
CAIADO, ELEN C. Feira de Ciências: a valorização do conhecimento.
Disponível em: < http://educador.brasilescola.com/orientacao-
escolar/valorizacao-feira-ciencias.htm > acesso em: 22 mar.
2018.PEREIRA, A.
CASTOLDI, R; POLINARSKI, C. A. A utilização de Recursos didático-
pedagógicos na motivação da aprendizagem. In: II SIMPÓSIO
NACIONAL DE ENSINO DE CIENCIA E TECNOLOGIA. Ponta
Grossa, PR, 2009. Disponível em:<
http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais/artigos/8%20Ensinodeciencia
snasseriesiniciais/Ensinodecienci asnasseriesinicias_Artigo2.pdf>.
Acesso em: 01/03/ 2018.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de
Janeiro: Imago, 1976.
MORAES, Roque. Debatendo o ensino de Ciências e as Feiras de
Ciências. Boletim Técnico do PROCIRS. Porto Alegre, V. 2, n. 5, 1986. p.
18-20.
MOREIRA, M.A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999
MOURA, D. G. "Feiras de Ciências: Necessidade de novas diretrizes."
(1995, p.1-7)
PARENTE, A. G. L. Práticas de investigação no ensino de ciências:
percursos de formação de professores. Tese de Doutorado. Educação para
Ciência/Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, 2012.
PAULA, M.M.C.M. Há necessidade de reflexão na formação do
professor? Revista Eletrônica Guavira on-line. 2: 73-85, 2005. Disponível
em: http://www.revistaguavira.com.br/guavira2.html. Acesso em:
10/03/2018
PAVÃO A.C. Feiras de Ciências: revolução pedagógica. Recife: Espaço
Ciência. 2004.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso
e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
PEREIRA, A. B.; OAIGEN, E.R.; HENNIG.G. Feiras de Ciências.
Canoas: Ulbra, 2000.
136
Volume VIII
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar uma ampla discussão e
verificação de teorias já apresentadas e aceitas pela Pedagogia e Psicologia,
porém vinculá-las a Neuroaprendizagem e suas contribuições para o
entendimento do processo de ensino aprendizagem. Para isso,
pesquisaram-se trabalhos anteriores sobre o tema com enfoque em
renomados pensadores da Educação, Vygotisky, Piaget, Wallon, e
Montessori, vinculando-os as pesquisas de autores que dissertam sobre a
neurociência. Nesta mesma proposta pretende-se apresentar uma linha de
pensamento claro e objetivo, inspirando a quem o lê, o pensar e o repensar
das práticas pedagógicas na visão da Neuroaprendizagem. Com exemplos
de metodologias já conhecidas, mas com o enfoque da
Neuroaprendizagem, inclusive, especificando as fases do desenvolvimento
humano, pesquisou-se como o cérebro responde aos estímulos por meio
das atividades propostas. Não é de agora as preocupações dos envolvidos
na Educação quanto ao desenvolvimento do ser humano na sociedade.
Diversos trabalhos vêm discutindo a temática de como o ser humano
aprende e como o cérebro está envolvido neste processo. A Neurociência
entra neste cenário como auxiliadoras nesta vinculação de aprendizagem e
na busca por uma educação de qualidade e de integração real do indivíduo
na sociedade, hoje, globalizada.
137
Vozes da Educação
ABSTRACT
The present work intends to present a broad discussion and verification
of theories already presented and accepted by Pedagogy and Psychology,
but to link them to Neurolearning and its contributions to the
understanding of the teaching-learning process. For this, previous work
on the theme was focused on renowned thinkers of Education, Vygotisky,
Piaget, Wallon, and Montessori, linking the researches of authors who talk
about neuroscience. In this same proposal we intend to present a clear and
objective line of thought, inspiring those who read, think and rethink
pedagogical practices in the vision of neurolearning. With examples of
methodologies already known, but with the focus of neurolearning,
including specifying the stages of human development, we investigated
how the brain responds to the stimuli through the proposed activities. It
is no longer the concerns of those involved in education regarding the
development of the human being in society. Several papers have been
discussing the theme of how the human being learns and how the brain is
involved in this process. Neuroscience enters this scenario as a helper in
this linkage of learning and in the quest for quality education and real
integration of the individual in today's globalized society.
Introdução
Esta pesquisa tem como objetos de estudos questionamentos
pertinentes ao aprender e como se explica a aprendizagem vinculada a
Neuroaprendizagem. È de suma importância que os profissionais da
educação entendam como a neurociência está implícita no que se refere
ao conhecimento, como se aprende, como se desenvolvem as habilidades
motoras, cognitivas e sociais. Neste sentido é necessário conhecer a
criança e mediá-la para que haja a aprendizagem, é preciso mostrar o
mundo, dar oportunidade para que ela explore, trabalhar em grupo com
foco no individual, percebendo a aprendizagem, e as interfaces dela.
138
Volume VIII
139
Vozes da Educação
140
Volume VIII
141
Vozes da Educação
caminho dessa estrada e para uns poucos- por que não admitir outros
tantos?- ela foi por causa disso bloqueada.
Destarte, compreendemos que isso se configura, no mundo atual,
num grande desafio à educação e ao educador. Desse modo refere-
se à formação profissional do professor, a qual deve estar atualizada
à luz das novas concepções, decorrentes do desenvolvimento do
campo da Ciência e da filosofia, ocorrido no século XX.
Cabe ressaltar que desde muito tempo o homem se questiona
sobre a convivência do aprendiz com seu tutor, sua vinculação afetiva faz
a diferença na aprendizagem e no resultado do sujeito.
A questão é: quais as metodologias e estratégias que podem ser
utilizadas para um aprendizado efetivo de cada fase, que fortaleça o
próximo aprendizado na próxima fase e a verificação desta efetivação ,
com possibilidade de perceber as dificuldades e distúrbios das deficiências
de aprendizagem e se necessário, retornar ou retificar em tempo hábil o
aprendizado? Oliveira ( 2011, p. 8 ) diz que a educação ganha quando é
comprovado que as estratégias pedagógicas são eficientes no processo de
ensino aprendizagem e reorganizam o sistema nervoso em
desenvolvimento produzindo novos comportamentos.
No entanto, dentro desta perspectiva, uma questão importante a
verificar é sobre o que é necessário para o educador saber em relação ao
cérebro e suas fases de desenvolvimento na criança? Assim também
Oliveira ( 2011, p. 39) disserta que dentre os profissionais envolvidos e
interessados na neurociências o educador tem percebido a necessidade de
compreender tais eventos biológicos que se relacionam com o
desenvolvimento e a aprendizagem. Portanto, é muito importante que tais
conhecimentos sejam apontados nas pesquisas sobre o tema para que
dêem um norte ao educador.
Mas que bom seria para os educadores se os cérebros infantis
fossem iguais? Conhecer cada fase do desenvolvimento da criança para
ensinar facilitaria o trabalho do educador e principalmente como o cérebro
se desenvolve neste processo de aprendizagem. Relvas (2012) em
entrevista fala deste importante órgão que permeia a vida humana na
aprendizagem:
A forma de aprender está relacionada ao recebimento de estímulos
que são captados pelos sentidos, considerados fiéis escudeiros e
selecionadores, chamados canais sensoriais. Esses estímulos
conhecidos como informações (som, visão, tato, gustação, olfação)
142
Volume VIII
143
Vozes da Educação
144
Volume VIII
145
Vozes da Educação
Jean Piaget
Psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget nasceu na Suíça em 1896 e
morreu em 1980. Suas idéias auxiliam os profissionais da educação
principalmente da educação infantil. Um apaixonado pelas questões do
cognitivo e da inteligência. Teve suas maiores investigações voltadas aos
estágios de desenvolvimento da criança e ao Construtivismo, explicando
que o conhecimento se constrói da interação entre o indivíduo e a
realidade que está inserido. Preste e Moro (2010, p. 248) dissertam que
146
Volume VIII
147
Vozes da Educação
148
Volume VIII
149
Vozes da Educação
imaginam que é sua própria imagem, mas que aos poucos passa a brincar,
dar beijos, fazer caretas e percebe que seu corpo sente o mesmo que ela
observa no espelho.
O adulto interferiu no estado de equilíbrio e o esquema de
assimilação, acomodação e o reequilíbrio se renova, pronto um novo
conhecimento esta inserido no processo de ensino. Novamente pode-se
visualizar a neuroplasticidade cerebral agindo na aprendizagem. Reafirma
Oliveira (2011, p.43): “Esta permanente plasticidade do cérebro sugere
que ele foi concebido para a aprendizagem e adaptações, que podem
provocar modificações em sua estrutura diante de novos desafios.”
Maria Montessori
Maria Montessori nasceu em 1870 na cidade Chiaravalle, na
Itália. Formou-se médica e pedagoga e faleceu em 1952, nos Países Baixos.
Ficou conhecida pela sua teoria de que a aprendizagem é algo que
podemos adquirir sozinhos, bastando ter os incentivos e condições
corretas. Têm seu marco na História da Educação quando se interessou
por crianças com problemas mentais, percebendo que estas com estímulos
podiam ser ensinadas.
Ferrari (2011):
Ela percebeu que aqueles meninos e meninas proscritos da sociedade
por serem considerados ineducáveis respondiam com rapidez e
entusiasmo aos estímulos para realizar trabalhos domésticos,
exercitando as habilidades motoras e experimentando autonomia. Em
pouco tempo, a atividade combinada de observação prática e pesquisa
acadêmica levou a médica a experiências com as crianças ditas
normais.
Steuck e Pianezzer (2013, p.23) dissertam que Montessori no ano
de 1898, em um congresso de Turim defendeu que os “deficientes e
anormais” precisavam de escolas e não de ser internadas, e com
observações e os método de Sèguin² se fossem aperfeiçoados
possibilitando até a formação de novos professores na área. 27
Montessori (1965, p. 33) apud Steuck e Pianezzer ( 2013, p. 24)
fala de suas conclusões quanto ao que se refere a resultados das suas
pesquisas:
27Pesquisador da época que estudou durante trinta anos pessoas com necessidades especiais-
termo da época: “deficientes e anormais”.
150
Volume VIII
151
Vozes da Educação
Henri Wallon
Henri Wallon tem seus estudos voltados a psicogenética no
campo do desenvolvimento humano vinculado ao desenvolvimento
cognitivo, emocional e social. Nascido em 1879 em Paris na França e
falecido em 1962 também e Paris. Considerava o ser humano como um
ser total, ou seja, não fragmentado, por isso seus estudos se baseavam na
contextualização das crianças.
Moro e Prestes ( 2010, p. 208) dissertam sobre Wallon:
Para Wallon as abordagens psicológicas que existiam na época
(aproximadamente 1920) eram insuficientes ara explicar a natureza
humana.: a psicologia introspectiva, idealista, considerava o sujeito à
parte do mundo material e objetivo; a psicologia de base biológica,
organicista, na qual o sujeito é visto exclusivamente como produto do
cérebro e, ainda a psicologia positivista, em que o sujeito é
considerado somente nas suas reações ao meio. Com isso ele buscou
o materialismo dialético tanto o fundamento epistemológico, como o
método de análise da sua teoria.
Refletindo temos o ser humano completo: cérebro, afeto,
movimento inteligência, personalidade. A teoria Walloniana tem seus
princípios atualizados em Relvas (2012) :
Em minha opinião, após muitas leituras e anos de vivência docente
nos diferentes ensinos ( fundamental, medi, superior, e pós), hoje não
é possível separar os estudos do corpo, mente, razão, emoção,
aprendizagem, sala de aula, da prática de ensino, da didática, da
Educação. O sujeito que aprende é o único em sua totalidade e isto
quer dizer o seguinte, ele é único em suas maneiras de assimilar
informações e transformá-la em conhecimento. E dentro deste
diálogo, de todos os tipos estão envolvidas, a saber: emoções trazidas
de casa, emoções dos meios de comunicação, emoções das relações
pessoais e interpessoais de ambos os atores educacionais.
No entanto, é preciso na aprendizagem observar como esse
conjunto se integra à medida que a criança se desenvolve. Nesse olhar de
desenvolvimento novamente entra a frase: Que bom seria se o
desenvolvimento psicossocial fosse igual para todos?E que fácil seria para
aprender? Wallon nos seus estudos também defendia a não
uniformidade da aprendizagem, pois para ele a interação social era
152
Volume VIII
153
Vozes da Educação
154
Volume VIII
155
Vozes da Educação
156
Volume VIII
157
Vozes da Educação
158
Volume VIII
159
Vozes da Educação
Brincadeiras
Nesta metodologia do brincar podem-se citar diversas atividades:
na psicomotricidade (brincadeiras e correr ,salta, pular, parar, lateralidade,
entre outras). Patel et.al ( 2012 p. 56- 57) diz que:
O educador tem que estar preparado para receber a criança, escutá-la
saber considerar suas vivências, ações e comportamentos, assim
como acolher suas produções, acompanhando a partir delas seu
processo de maturação.
[...]
Toda prática psicomotora tem que estar ligada a uma concepção
lúdica, em que a criança possa interagir praticando brincadeiras,
expressões corporais, através do movimento de forma muito
prazerosa.
Continuando nesta mesma linha das brincadeiras, referindo-se a
faixa etária das crianças, pode afirmar que todos os estágios que a criança
passa pode ser inserida a metodologia do brincar para o processo de
ensino aprendizagem. Melo (2011, p. 17) diz que além da diversão as
brincadeiras proporcionam o desenvolvimento da criança, construindo o
simbólico, auxiliando na estrutura do pensamento, estimulando a
linguagem, a coordenação motora ,interagindo com seus medos e
angustias, compreendendo a realidade vivenciada, reconstruindo
significados etc. Neurologicamente temos Bianchi (2015):
Então, estamos diante do simbolismo e imaginação da criança, que
nas etapas de maturação cerebral, terão seu significado e significante,
transformando signos, e estes se relacionando com aprendizado pelas
brincadeiras, jogos, brinquedos e relação do outro (adulto ou criança),
e vivenciaremos o aprendizado simbólico adaptado às múltiplas
habilidades funcionais do córtex cerebral.
Jogos
160
Volume VIII
Considerações finais
Aprender então está diretamente ligado ao cérebro, desde a
fecundação este órgão do ser humano se desenvolve preparando-se para
161
Vozes da Educação
162
Volume VIII
Referências Bibliográficas
BIANCHI. Lana Cristina de Paula. O Processo de Aprendizagem do Simbolismo
à Escrita. 2015.
<http://www.aprendercrianca.com.br/noticias-do-cerebro/136-> acesso em:
21.01.2017
CAVICCHIA, Durlei de. O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de
vida. Acervo digital da Unesp.Universidade Estadual Paulista.2010.
<www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf>
acesso em 22.01.2017
163
Vozes da Educação
164
Volume VIII
Susiéli Casonatto28
Tanara Terezinha Fogaça Zatti29
RESUMO
165
Vozes da Educação
Introdução
O Ensino Médio, nos últimos anos tem ocupado lugar de
destaque nas discussões da educação, tanto nos debates educacionais
quanto nas pesquisas acadêmicas, evidenciando que a forma que está
organizado não atende mais as demandas desses novos sujeitos. Sujeitos
esses, oriundos do mais diversos contextos sociais, filhos de trabalhadores
e na maioria das vezes o jovem é o próprio trabalhador.
Este texto parte das reflexões iniciadas no curso de Mestrado
Profissional em Educação, da Universidade Federal da Fronteira Sul –
Campus Erechim, onde refletimos a respeito das temáticas de pesquisas e
discutimos a possibilidade de pensar o Ensino Médio e a formação de
professores, no contexto articulado pelo Pacto de fortalecimento do
Ensino Médio. Assim retomamos essas considerações frente ao novo
cenário instaurado de forma adversa pela Lei 13. 415 de fevereiro de 2017
que altera a Lei de Diretrizes e Bases, ressaltando a necessidade de revisitar
Paulo Freire, nesse momento de renascimento de ideias e posturas
conservadoras e neoliberais.
Metodologia
O ingresso no curso de Mestrado Profissional em Educação da
UFFS-Campus Erechim, nos aproxima de profissionais apaixonados pela
perspectiva freiriana, nos incentivam a buscar aprofundamento em sua
obra para dialogarmos diferentes aspectos de nossa realidade, entre elas, a
nossa própria formação e a de nossos pares. Nessa perspectiva, este
trabalho refere-se a um estudo bibliográfico e participação da formação
continuada proporcionada pelo Pacto, onde a partir de nossas discussões
e indagações, buscamos em Freire o aporte teórico para refletirmos o fazer
pedagógico frente a um cenário tão adverso que se instaura no país em
relação ao Ensino Médio.
Relacionamos assim, aspectos como formação docente,
alienação e atuação libertadora, norteadas pelas obras de Paulo Freire, dos
documentos legais (norteadores do Pacto e a Lei 13. 415/2017) e de
autores que dialogam sobre as problemáticas relacionadas Ciavatta (2012),
Freitas (2016), Carrano (2017).
166
Volume VIII
167
Vozes da Educação
168
Volume VIII
169
Vozes da Educação
170
Volume VIII
171
Vozes da Educação
172
Volume VIII
173
Vozes da Educação
174
Volume VIII
175
Vozes da Educação
Considerações
O Pacto apesar de seus aspectos contraditórios foi uma formação
importante para os professores do Ensino Médio. Muitos professores a
partir dessa formação despertaram para outras leituras, para o repensar das
práticas pedagógicas, para o planejamento numa perspectiva coletiva.
Em Medo e Ousadia, Freire faz uma contextualização de como
o golpe de 1964, o tornou consciente dos limites da educação na
transformação política da sociedade (FREIRE e SHOR, 2011, p. 59).
Concordamos que embora os golpes não sejam benéficos, nesse
momento, demonstram a necessidade de contextualizar a política
econômica que regulamenta as demais concepções, e embasadas nessa
consciência buscarmos dialogar as possibilidades de articulação de uma
nova perspectiva educacional.
Na educação, parece que estamos sempre recomeçando; as
formações precisam ser contínuas, acontecer de forma que o professor
queira estar nesse espaço e principalmente sentir-se parte da luta por uma
educação para todos de qualidade e que supere os padrões de uma escola
elitista.
Freire (2014), faz um alerta para os discursos ideológicos que nos
anestesiam, confundem a curiosidade e distorcem a percepção dos fatos e
acontecimentos, ao mesmo tempo em que nos instiga a assumir o
posicionamento que a educação é ideológica. Diante das reflexões, a
impressão que temos é que seguimos alienados da nossa própria práxis
pedagógica, não nos reconhecemos como sujeitos da transformação e, não
conseguimos constituir espaços de formações continuadas, que visem a
identificação teórica, que fundamenta nossa prática.
Acreditamos que a formação crítica, a retomada das discussões
dialógicas e da educação libertadora são aspectos fundamentais nesse
processo de desmantelamento vivenciado pós Medida Provisória 746/16.
Uma educação libertadora só pode ser efetivada na medida em que revele
um comprometimento com o todo, com a superação do processo de
alienação que nos “coisifica” e, favoreça um processo de empoderamento
que nos permita compreender as ferramentas necessárias a consolidação
de uma intervenção no mundo, na nossa própria formação e na nossa
realidade.
176
Volume VIII
Referências Bibliográficas
BRASIL. Emenda Constitucional nº 59/2009, de 11 de novembro de
2009. Brasília, 2009. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc
59.htm. Acessado: 19 de nov. 2015.
______. Portaria nº 1.149, de 22 de novembro de 2013. Institui o Pacto
pelo Fortalecimento do Ensino Médio e define suas diretrizes gerais.
Diário Oficial da União, Brasília, 25 de novembro de 2013.
______. Secretaria de Educação Básica. Ensino Médio e Formação
Humana Integral -etapa I – Caderno I/Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica; [autores: Carmen Sylvia Vidigal Moraes...et al.].
Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.
______. Lei nº 13.415, de 16 fevereiro de 2017. Altera as Leis nos 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 16 fev. de 217. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/L13415.htm>. Acessado em: 12/04/2017.
______. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes
e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996, p. 27833. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 12
jun. 2016.
177
Vozes da Educação
178
Volume VIII
RESUMO
Este artigo apresenta parte de um estudo sobre a linguagem teatral na
educação infantil. Ao longo da pesquisa, buscou-se refletir sobre a
linguagem teatral nessa etapa da educação. O artigo traz a pioneira dos
jogos teatrais, Viola Spolin, cujo princípio é o de que todos são capazes de
atuar. Apesar de apresentar esta técnica de improvisação, o presente
estudo não se detém exclusivamente nela, utilizando também a concepção
dos jogos dramáticos infantis explorados a partir de desafios de
dramatização às crianças, mas sem a preocupação com o acabamento e
com o produto final.
ABSTRACT
This article presents a study about the theatrical language in early
childhood education. Throughout the survey, the aim was to ponder on
the theatrical language at this stage of basic education. The article brings
the pioneer of theater games, Viola Spolin, whose principle is that
everyone is able to act. Despite presenting this improvisation technique,
the present study does not dwell exclusively on it, but uses the conception
of children's theater games exploited from dramatization challenges to
children, without worrying about its finishing and the final product.
pedagógica da Prefeitura Municipal de São Paulo em uma escola de educação infantil e tutora em
EAD no Centro Universitário São Camilo. talita.mestradoeducacao@gmail.com
179
Vozes da Educação
180
Volume VIII
181
Vozes da Educação
estão isoladas no mundo e que uns afetam aos outros, tanto de maneira
positiva quanto negativa. Por isso, apresentamos os jogos dramáticos e
teatrais como uma maneira de se colocar no lugar do outro por intermédio
da brincadeira. Além de possibilitar o vislumbre dos outros ao seu redor,
permite a comunicação de ideias a partir do gesto empregado, mas de
forma compartilhada, na qual todos podem ser plateia e atores. Crianças e
adultos dialogam e constroem significados a partir da dramatização.
Porém, temos de tomar cuidado para que o teatro em seu aspecto
formal não apareça simplesmente por acidente. Apesar de possuir um
valor no repertório cultural das crianças, brincar dramaticamente não é um
treinamento para o palco e não pode tornar-se um objetivo genérico.
Pouco a pouco, a criança poderá ser levada a compreender alguns
elementos que fazem parte de um espetáculo, sem que isto se apresente
como uma dicotomia à sua manifestação espontânea, ou seja, não
devemos apresentar uma proposta sem clareza e é preciso entender que
improvisação não é sinônimo de deixar livre, sem intenção.
A ideia principal é avançar desta brincadeira da criança para uma
situação organizada na qual a representação teatral possa acontecer,
considerando a aptidão natural das crianças e sem perder de vista que esse
espontaneísmo é necessário e pode ser qualificado e lapidado para uma
atuação mais intencional por parte da criança.
Na Educação Infantil, podemos aproveitar essa aptidão da criança
pela dramatização espontânea para provocar seu interesse pelo jogo
dramático que, acreditamos, pode ajudá-la a construir sua linguagem,
pela exposição a diversas narrativas fantasiosas que podem ser
dramatizadas. (SOUZA, 2012, p. 165)
As experiências propostas diferenciam-se do faz de conta infantil
devido à existência de regras organizacionais pré-estabelecidas negociadas
com as crianças, da delimitação de espaço e de uma preparação antecipada.
Apesar de haver a improvisação por parte do grupo que encena, as regras
e combinados são anteriores à ação. Destacamos a participação do adulto
como parceiro/organizador deste jogo, mas toda a organização pode ser
realizada em conjunto, com o grupo de crianças.
Essa “educação dramática” (COURTNEY, 2003) não é um
treinamento para o palco, como já falamos anteriormente, mas sim a
criança jogando e brincando. Ser outro faz parte do processo de viver: “A
imagem mais comum para esse processo é a ‘máscara e a face’: nosso
182
Volume VIII
183
Vozes da Educação
184
Volume VIII
185
Vozes da Educação
186
Volume VIII
187
Vozes da Educação
188
Volume VIII
teatro, que não será dirigido exclusivamente por um adulto, mas será
construído no âmbito relacional adulto-criança, de modo compartilhado.
Este tipo de intervenção não estabelece uma meta; não cabe a
nós fazermos juízo de valor sobre as criações infantis. O que este trabalho
permite às crianças são conquistas em sua compreensão sobre o fazer
teatral e que esta metodologia dê voz a elas e, a partir da observação e
escuta atenta, o professor possa interpretar seus avanços nesta construção.
Apesar de ser apresentada essa relação direta entre o faz de conta
infantil e a linguagem teatral, devemos ter cuidado para não entender estas
orientações apenas como um aperfeiçoamento do faz de conta da criança.
Se o professor compreende dessa maneira, não irá organizar
intencionalmente nem contextualizar as experiências sobre a arte teatral, e
quando organizar intencionalmente poderá restringir-se ao produto final
em detrimento dos processos que podem ser desenvolvidos com as
crianças.
A maioria das crianças tem seu primeiro e/ou único contato com
o teatro na escola ou por meio dela (FERREIRA, 2005). Sendo assim,
torna-se necessária a reflexão sobre a linguagem teatral, suas possibilidades
e intencionalidades no trabalho com crianças pequenas na escola. Estas
nuances do trabalho com jogos, dentro de suas distintas concepções,
referem-se ao potencial dramatúrgico infantil. Ao estarmos atentos aos
movimentos das crianças, tornamo-nos observadores de seus gestos, que
possuem “uma estética, uma energia que encenadores contemporâneos
pretendem” (MACHADO, 2010, p. 100).
Referências Bibliográficas
ALVES, Ana Claudia da Silva.; DIAS, Maria das Graças Bompastor
Borges.; SOBRAL, A. B. C. A relação entre a brincadeira de faz-de conta e o
desenvolvimento de habilidades na aquisição de uma teoria da mente. Psicol. estud.
[online]. 2007, vol.12, n.2, pp. 325-334. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413737
22007000200013&lng=pt&nrm=iso> .Acesso em 8 jul. 2013
189
Vozes da Educação
190
Volume VIII
INFLUÊNCIA ANDRAGÓGICA NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS31
RESUMO
Esse texto revela a necessidade de novos olhares sobre a forma de ensinar
o adulto durante a alfabetização em salas de Educação de Jovens e Adultos
(EJA) levantando questionamentos que provoquem os alunos a refletir
sobre o porquê de estarem aprendendo e de que forma esse aprendizado
poderá ser utilizado em benefício próprio. O objetivo desta pesquisa
consiste em mostrar o modelo andragógico apresentado por Malcolm
Knowles. Na investigação apresentamos também a necessária distinção
entre conceitos da Pedagogia e da Andragogia. A Concepção inovadora
de que nos referimos está intrinsecamente associada à ideia de mudanças
no processo de ensino-aprendizagem do cenário da EJA.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Andragogia.
Horizontalidade. Dialogicidade.
ABSTRACT
This text reveals the need for new perspectives on how to teach the adult
during literacy in Youth and Adult Education (EJA) rooms raising
questions that cause students to reflect on why they are learning and how
this can be used for their own benefit. The objective of this research is to
show the andragógico model presented by Malcolm Knowles. In the
investigation we also present the necessary distinction between concepts
of Pedagogy and Andragogy. The innovative conception of which we are
referring is intrinsically associated with the idea of changes in the teaching-
learning process of the EJA scenario.
Keywords: Youth and Adult Education. Andragogy. Horizontality.
Dialogicity.
191
Vozes da Educação
Introdução
192
Volume VIII
193
Vozes da Educação
194
Volume VIII
195
Vozes da Educação
196
Volume VIII
197
Vozes da Educação
198
Volume VIII
Modelo andragógico
O modelo pedagógico atribui ao professor total responsabilidade
por tomar todas as decisões sobre o que será aprendido, como isso será
aprendido, quando e se foi aprendido. Essa é a educação dirigida pelo
professor, que concede ao aluno apenas o papel submisso de seguir as
instruções definidas por ele.
No modelo andragógico, a aprendizagem é de responsabilidade
compartilhada entre professor e aluno. A andragogia fundamenta-se no
“aprender fazendo”.
O método andragógico é de fundamental importância no
processo de educação do adulto, por se tratar de pessoa já dotada de uma
consciência formada, com hábitos de vida e situações de trabalho que não
podem ser arbitrariamente modificados.
Segundo Aquino (2007), a andragogia, inicialmente definida
como a arte de ajudar os adultos a aprender, apresenta-se atualmente como
uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação centrada no aprendiz
para pessoas de todas as idades.
199
Vozes da Educação
200
Volume VIII
201
Vozes da Educação
202
Volume VIII
203
Vozes da Educação
204
Volume VIII
Considerações finais
Ao iniciar esta pesquisa, sabia-se das dificuldades que seriam
enfrentadas, por tratar-se de um tema, um tanto quanto desconhecido no
meio da comunidade escolar, diante da necessidade em demonstrar a
importância da Andragogia e sua aplicabilidade na EJA, procurou-se
fundamentação na bibliografia existente, uma forma de comprovar que a
educação não é feita somente da Pedagogia, e que existe um enorme
espaço ainda a ser ocupado pela aplicação da Andragogia.
A andragogia, apesar de pouco conhecida, é uma ciência que vem
provocando discussões ao longo do tempo: Galileu Galilei (1564-1642) já
dizia. “não se pode ensinar coisa alguma a alguém, pode-se apenas auxiliá-
205
Vozes da Educação
Referências bibliográficas
APOSTÓLICO, Cimara. Andragogia: um olhar para o aluno adulto.
Augusto Guzzo Revista Acadêmica. n.9. jul/dez.2012. Disponível em:
<http://www.fics.edu.br/index.php/augusto_guzzo/article/view/31>.
Acesso em: 17 jan. 2016.
BELLAN, Z. S., Andragogia em Ação: Como ensinar adultos sem se
tornar Maçante. Santa Bárbara d ’Oeste, SOCEP Editora, 2005.
206
Volume VIII
207
Vozes da Educação
RESUMO
Descrever movimento de EPS sobre os Modelos de Saúde e sua
imbricação com a Política Nacional de Promoção da Saúde, com
profissionais da ESF de um município do Rio Grande do Sul. Relato de
experiência sobre prática de Educação Permanente no âmbito da APS.
Realizaram-se dois encontros, com duração de quatro horas cada, com 10
profissionais. A proposta trouxe grande entusiasmo aos profissionais,
visto que buscou-se problematizar a realidade da equipe relacionadas ao
processo saúde-doença. A experiência mostrou-se importante no
aprimoramento profissional, a qualificação técnica e o comprometimento
são essenciais para o trabalho na APS.
Palavras-chave: Promoção da saúde; Educação continuada; Atenção
primária à saúde.
ABSTRACT
To describe the movement of EPS on Health Models and its imbrication
with the National Health Promotion Policy, with professionals from the
ESF of a municipality of Rio Grande do Sul. Report of experience on the
practice of Permanent Education in the ambit of the PHC. Two meetings,
Saúde da Universidade do estado de Santa Catarina (UDESC). Especialista em Saúde da Família pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Especialista em Urgências pela Universidade do
Contestado (UNC).
35Enfermeira. Doutora em Enfermagem, professora adjunta da graduação e Mestrado Profissional em
208
Volume VIII
lasting four hours each, were held with 10 professionals. The proposal
brought great enthusiasm to the professionals, since it was tried to
problematize the reality of the team related to the health-disease process.
Experience has proved to be important in professional improvement,
technical qualification and commitment are essential to work in PHC.
Introdução
Em 2004, o Ministério da Saúde (MS) instituiu a Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), compreendida
como aprendizagem no trabalho, na qual o aprender e o ensinar são
incorporados ao cotidiano das organizações e do trabalho. A Política
também abarca, conceitualmente, o referencial construtivista que
compreende a educação como prática libertadora. Dessa forma, tem como
objetivo transformar as práticas nos serviços de saúde, por meio de um
processo de aprendizagem significativa, a partir da análise coletiva dos
processos de trabalho com a participação das equipes multidisciplinares.
A PNEPS foi alterada posteriormente, em 2007, pela Portaria
1.996/07, mantendo como objetivo principal a formação e
desenvolvimento dos trabalhadores para o setor da saúde, com constantes
processos educativos voltados à realidade de trabalho e ao contexto social
destes sujeitos. Em 2009, com o Decreto 7508/2011 são criadas
Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES), que
participam da formulação, execução, acompanhamento e avaliação de
ações da Educação Permanente em Saúde (EPS), em nível regional.
Nesse contexto da saúde e da EPS, tem-se a Estratégia Saúde da
Família (ESF), como proposta de reorientação da Atenção Primaria
à Saúde (APS), abrangendo outras políticas públicas, como a Política
Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), que busca promover a saúde nas
comunidades ao garantir aos cidadãos os direitos de acesso equânime e
integral á esses serviços, de acordo com a Constituição Federal de 1988. A
ESF é uma estratégia do MS de intervenção em nível comunitário que se
caracteriza pela existência de uma equipe multiprofissional atuando em um
delimitado território, desenvolvendo ações de prevenção de agravos,
promoção da saúde e reabilitação, as quais incluem a educação dos
trabalhadores e da própria comunidade.
209
Vozes da Educação
210
Volume VIII
Metodologia
Trata-se de um relato da experiência sobre uma prática de EPS
no âmbito da APS, especificamente na ESF. Para tanto, foram realizados
encontros no mês de outubro de 2017, com duração de aproximadamente
quatro horas cada um, com a equipe da ESF de um município da região
noroeste do estado do RS. Participaram os seguintes profissionais:
Médico, Dentista, Técnica de Enfermagem, Auxiliar de Saúde Bucal
(ASB), Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Enfermeira e
coordenadora da equipe.
No primeiro encontro também houve a presença da
Coordenadora Municipal das equipes de ESF, totalizando 10 participantes.
As atividades deram início com um resgate histórico dos modelos
conceituais de Saúde, enfatizando os quatro principais: Modelo Mágico
211
Vozes da Educação
212
Volume VIII
213
Vozes da Educação
214
Volume VIII
215
Vozes da Educação
216
Volume VIII
217
Vozes da Educação
218
Volume VIII
219
Vozes da Educação
220
Volume VIII
Considerações finais
Constata-se que a EPS possibilita o compartilhamento das
vivências entre os profissionais da ESF, uma vez que se utilizam desse
momento para expor os problemas e dificuldades que enfrentam no dia a
dia de trabalho na APS. Por outro lado, percebe-se o compartilhamento
de estratégias individuais que utilizam para resolver ou minimar as
situações desfavoráveis à saúde da comunidade, oportunizando a trocas
de saberes entre os profissionais da equipe. Essa prática, por si, já se
configura como um potencial movimento de EPS.
A prática possibilitou a reflexão sobre a importância da
Promoção da Saúde, na sua dimensão pedagógica e política, com vistas ao
fortalecimento da APS. Nesse sentido, a inter-relação entre propostas de
EPS e de PS com a ESF revelou-se como uma proposição bastante
profícua e que, em certa medida, vem acontecendo no cotidiano das
equipes.
Ao final dessa experiência de EPS, observa-se a importância de
promover momentos de aprendizado e aprimoramento profissional em
saúde às equipes de ESF, visto que os profissionais da APS necessitam de
atualização constante a respeito das Políticas Públicas, Resoluções,
Protocolos, bem como sobre novas evidencias em saúde, para qualificar
sua conduta ante às demandas de saúde da população que assistem.
Referências Bibliográficas
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 198, de 13 de fevereiro de 2004.
Institui a política nacional de educação permanente em saúde como
estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o
desenvolvimento de trabalhadores para o setor e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília: 2004.
Moraes KG, Dytz JLG. Política de Educação Permanente em Saúde:
análise de sua implementação. ABCS Health Sci. 2015; 40(3):263-269-
DOI: http://dx.doi.org/10.7322/abcshs.v40i3.806
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1996, de 20 de agosto de 2007.
Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de
Educação Permanente em Saúde. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília: 2007.
221
Vozes da Educação
222
Volume VIII
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-
20160056.pdf
Tajra I. Roda de Conversa como Instrumento para Criação de Grupos de
Interação Social e Educacional em Saúde [Relato de experiência de
monografia]. Educação Permanente em Saúde em Movimento.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS; 2015.
SALA DE CONVIDADOS; Promoção da Saúde [vídeo]. São Paulo (SP):
FIOCRUZ /Ministério da Saúde; 2013.
Araujo JS, Xavier MP. O Conceito de Saúde e os Modelos de Assistência:
Considerações e Perspectivas em Mudança. Revista Saúde em Foco. 2014
jan/jul [acesso em: 22 dez 2017]; v. 1, n. 1, art. 10, p. 137-149. Disponível
em:
http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/saudeemfoco/article/vie
wFile/326/382&gws_rd=cr&ei=ycB-WJeGNMebwASnrrrwAg
Barros JAC. Pensando o processo saúde doença: a que responde o modelo
biomédico? Saude soc. [Internet]. 2002 jul [acesso em 15 out 2017]; v.
11, n. 1, p. 67-84. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
12902002000100008&lng=pt&nrm=iso>.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902002000100008.
Pinto AC, Marchesini SM, Zugno PI, Zimmermann KG, Dagostin VS,
Soratto MT. A Importância da Espiritualidade em Pacientes com Câncer.
Ver Saúde Com. 2015 [acesso em 03 dez 2017]; 11(2): 114-122. Disponível
em: http://www.uesb.br/revista/rsc/v11/v11n2a02.pdf
Ballarin MLGS, Moreira CEFAA, Tannus LMN, Casacio GBP.
Espiritualidade e saúde no contexto da Terapia Ocupacional. Rev Ciênc
Méd. 2016 set/dez [acesso em: 15 out 2017]; 25(3):135-144. Disponível
em: https://seer.sis.puc-
campinas.edu.br/seer/index.php/cienciasmedicas/article/view/3777/24
88
World Health Organization (WHO). Health promotion evaluation:
recommendation stopolicy-makers. Copenhagen: WHO Regional Office
for Europe, 1998 [acesso em: 12 out 2017]. Disponível em:
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/108116/1/E60706.pdf.
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Módulos de Princípios de
Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo 2: Saúde e
223
Vozes da Educação
224
Volume VIII
RESUMO
A pesquisa analisa a participação da juventude rural no processo produtivo e
tomada de decisão familiar, em um grupo de famílias camponesas, localizada
no assentamento Padre Ezequiel em Mirante da Serra/RO. As famílias
analisadas são produtoras/es agroecológicos, assentados e vem
desenvolvendo uma agricultura para sustento familiar. O maior desafio para
permanência dos jovens no campo gira em torno da geração de renda. As
unidades produtivas são pequenas, reduzidas a produção de leite e alguns
grãos, com pouca renda financeira, não satisfazendo as demandas da
juventude, indo a mesma procurar remuneração na cidade.
Palavras-Chave: Juventude rural, Agroecologia, geração de renda.
ABSTRACT
The research analyzes the participation of rural youth in the productive
process and family decision making, in a group of peasant families, located in
the Padre Ezequiel settlement in Mirante da Serra / RO. The analyzed families
are agroecological producers, settlers and have been developing an agriculture
for family sustenance. The greatest challenge for young people to stay in the
field revolves around income generation. The productive units are small,
reduced to the production of milk and some grain, with little financial income,
not satisfying the demands of the youth, going to the same look for
remuneration in the city.
Keywords: Rural youth, Agroecology, income generation.
225
Vozes da Educação
Introdução
A pesquisa aqui realizada tem como foco a vivência da juventude
do assentamento Padre Ezequiel, município de Mirante da Serra/RO,
cujas famílias, ao receber a terra, definiram trabalhar de forma responsável
com o solo. Essas famílias produzem alimentos para abastecer o mercado
local e buscam o sustento da casa. A proposta da pesquisa é conhecer as
relações que se estabelecem entre essas famílias com a juventude e saber
como isso impacta na decisão de sair ou permanecer no campo. Todo o
histórico organizativo das politicas públicas do Brasil nos leva a perceber
que a saída da juventude do campo é um resultado, e não um processo
desconectado do que acontece na sociedade.
O período compreendido como juventude, assim como os
demais períodos da vida possui muitas particularidades, é feito de desejos,
vontades e ações que são próprias desta fase. No Brasil, há poucas e frágeis
politicas públicas pensadas para melhorar a vidas dos jovens,
principalmente nas áreas rurais, faltam condições para geração de renda,
lazer, formação, enfim, condições para a juventude se estabelecer no
campo com qualidade.
O momento em que vivemos permite ao jovem estabelecer uma
conexão com o resto do mundo, as redes sociais ampliaram
sistematicamente o lugar. Pensar políticas públicas em pleno Século XXI,
para este segmento social, requer considerar esta realidade de ampliação
das interações e relações dos jovens com o entorno e em como articular
com a vida no campo.
O processo de ocupação das terras produtivas pelo agronegócio
no Brasil gera um deslocamento das famílias camponesas, que foram
obrigadas a deixar suas comunidades de origem, muitas foram para as
áreas urbanas virar força de trabalho barata, cumprindo o propósito das
politicas capitalistas, outras, atraídas pela propaganda do governo que,
querendo ocupar o território Amazônico, criou condições para que
famílias sem espaço nas regiões mais desenvolvidas aventurassem para o
território novo, enfrentando doenças e animais, e também conflitos com
indígenas, ribeirinhos e seringueiros que já ocupavam esse território.
Em Rondônia o processo migratório se intensifica a partir da
década de 1970, em que o Governo Militar disponibilizou terras, com a
coordenação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –
226
Volume VIII
INCRA para assentar famílias sem terras, principalmente das regiões Sul e
Sudeste do Brasil, os assentamentos disponibilizados pelo Governo
Militar não foram suficientes, porém atraídos pela propaganda, famílias
continuaram a chegar a Rondônia na expectativa de acessarem terra para
trabalhar. Com a negativa, muitas famílias se juntaram aos núcleos urbanos
que foram se formando, ou avançando sobre as terras indígenas.
A partir da década de 1990, o eixo da BR364, que liga
Cuiabá/MT a Porto Velho/RO, já desbravado pelas famílias camponesas,
começa a ser ocupado pelo agronegócio, iniciando pela região sul do
estado, implantando uma agricultura com alto uso de máquinas, adubos e
agrotóxicos, que expulsa as famílias do campo, polui as águas, solo e ar e
produz exclusivamente para atender as demandas para exportação. Para
Nóbrega (2013, p. 79) Além disso, através de incentivos fiscais, em pouco
tempo os latifúndios “improdutivos” de outrora, tornam-se espaços de
realização de monoculturas de soja, eucalipto e cana-de-açúcar. Isso tudo
acompanhado de recentes mudanças importantes no Código Florestal que
favoreceram alterações na própria concepção do que são “terras
produtivas e improdutivas”, além da anistia aos crimes ambientais
cometidos pelos fazendeiros até pouco tempo.
Junto com o agronegócio, começa a modernização das cidades,
tornando-as mais atrativas para receber as famílias de camponeses/as e
principalmente a juventude. Nesse mesmo período, começou a se
organizar no estado os Movimentos Sociais de ocupação de terras, dentre
eles o Movimento Sem Terra-MST. Já em 1988 o MST havia feito sua
primeira ocupação no Município de Espigão do Oeste (RO), conquistando
a terra para cerca de 300 famílias.
Os anos de 1990 a 2001 foram de muitas lutas e muitas
conquistas, para as famílias camponesas de Rondônia, formaram-se
acampamentos e tiveram várias conquistas, dentre elas o assentamento
Padre Ezequiel. O Assentamento Padre Ezequiel, fez seu processo de
organização e ocupação em 1996, no Município de Mirante da Serra, onde
as famílias foram assentadas em 2001, depois de quatro anos de muita luta
embaixo de lonas, como acampados em vários locais, até chegar a terra
tão desejada.
Assim, as duzentas (200) famílias assentadas se estabelecem em
suas áreas, como produtoras de alimento, abastecendo a população local
227
Vozes da Educação
228
Volume VIII
Materiais método
Para a obtenção das informações, compreensão e reflexão do
tema em questão, a pesquisa se caracteriza pela abordagem qualitativa. Na
coleta das informações, prioriza-se a pesquisa de campo e entrevistas semi-
estruturadas, complementada com pesquisa bibliográfica e observações do
pesquisador.
A produção e execução da pesquisa se deram em todo primeiro
semestre do ano de 2017, foram realizadas entrevistas com oito famílias,
sendo quatro jovens, dois dirigentes e dois técnicos que realizaram
assistência técnica no assentamento em períodos recentes.
Utilizou se como critério para selecionar essas famílias o sistema
de produção praticado por elas, sua participação na feira de agroecologia
do município de Mirante da Serra, e o fato de estarem morando no
Assentamento e terem filhos presentes ou não na unidade produtiva.
Todas as famílias pesquisadas passaram pelo processo de acampamento e
de diversas atividades de formação política, além disso, são dirigentes em
suas igrejas, associações, cooperativas, times de futebol e da Feira de
Agroecologia do município. Os dirigentes foram escolhidos de acordo
com sua atuação no assentamento, desde o processo de acampamento até
os dias atuais e os técnicos de acordo com o trabalho que desenvolvem no
assentamento juntos as famílias.
A metodologia foi baseada em: Pesquisa bibliográfica, consulta nos
autores que tratam do tema relacionado à pesquisa, dialogou-se e debateu
com as principais obras com cuidado de interpretar bem o que os autores
querem passar para melhorar suas contribuições na dissertação; e Pesquisa
de Campo, com visitas de identificação das famílias e aplicação do
questionário, assim como conversas para levantamento de informações
preliminares, essa parte se constituiu de observação dos jovens, de
aspectos do dia a dia com a família, lazer, relação de trabalho, expressões,
entre outros fatores que surgiram.
Para levantamento das informações foram feitas entrevistas semi
estruturadas com as famílias que compõem o grupo de produtores/as
229
Vozes da Educação
230
Volume VIII
que se estendem por décadas. Essa pratica do grande capital, tem colocado
frente a frente, posseiros e indígenas na disputa direta por terras.
Entre as famílias camponesas, busca-se acompanhar as
demandas de mercados locais, até porque no estado não existe uma
política de preço mínimo que dá ao produtor/a uma garantia que seu
produto terá mercado. A demanda aberta no estado é a produção de leite
e carne bovina, o acesso a laticínios e frigoríficos é facilitado, inclusive pelo
escoamento da produção feito pelas empresas.
Para as famílias camponesas que possuem pequenas áreas de
terras, os chamados “chacareiros”, restam atender a demanda de alimentos
locais. Eles são feirantes, vendedores ambulantes ou atendem aos
pequenos comércios servindo produtos de base agrícola, esse formato de
mercado se faz muito importante para a região, já que atende a demanda
local de alimentos básicos das famílias, principalmente nas áreas urbanas.
O campesinato no estado acontece nesse formato de produção,
famílias que buscam oferecer uma alimentação de qualidade aos
consumidores, porém a construção do espaço rural rondoniense em sua
maioria se deu a partir da agricultura convencional, incentivado por um
modelo de produção consumidor de recursos naturais e sintéticos. Para
Ferreira (2016 p. 333)
O espaço do campesinato foi produzido no período de 1970 a 1995,
a partir da política de colonização agrícola. Contudo, com a
espacialização da soja e a expansão da pecuária de corte a coerência
regional se fragmenta em dois processos geográficos: I) a soja exclui
o campesinato de seu espaço local, subalternizando-os na economia
regional, onde o agronegócio dos grãos se territorializa; II) na
pecuária, a participação camponesa comparece na condição de
produtor de mercadoria com a criação de gado, ao passo que os
médios e grandes pecuaristas compram o rebanho bovino dos
camponeses, fazendo o processo de recria e engorda e, por fim,
comercializando-os com os grandes frigoríficos.
As famílias camponesas por não produzirem em quantidade
suficiente para buscar mercados maiores, se sujeitam aos atravessadores
para comercializar suas produções. E Mirante da Serra, um município
pequeno, distante geograficamente dos maiores centros urbanos os
chamados atravessadores, ficam como a única opção de comércio.
231
Vozes da Educação
232
Volume VIII
233
Vozes da Educação
234
Volume VIII
235
Vozes da Educação
236
Volume VIII
Considerações finais
As conclusões tiradas a partir das reflexões acerca das temáticas
que sustentam a pesquisa aqui descrita aprofundaram um pouco mais a
realidade da agroecologia, da juventude e sua relação, trazendo para o
texto a realidade da juventude do Assentamento Padre Ezequiel em
Mirante da Serra. As considerações finais abordarão os principais pontos
da pesquisa, trazendo as evidências sobre a realidade em que se encontram
as famílias que definiram como política de vida a produção de alimentos
limpos e como essas famílias tem conseguido envolver os jovens nas
atividades rurais.
A ocupação do espaço compreendido do município de Mirante
da Serra se deu a partir de migrantes vindos das regiões Sul, Sudeste e
Centro Oeste. No período da grande ocupação do espaço Rondoniense,
décadas de 1970 e 1980, os municípios de Rondônia que não estavam às
margens de BR364 receberam muitas famílias camponesas que, chegando
a Rondônia, não tiveram acesso a terra através dos Projetos de Integrados
237
Vozes da Educação
40No inicio dos anos 70, o INCRA deu início à implantação de Projetos Integrados de Colonização-
PIC, com investimentos de valores para a demarcação e distribuição de lotes de terras rurais,
abertura de estradas, construção de pontes, implantação de infra-estrutura básica e atendimento
aos colonos, com recursos do POLONOROESTE. “Os núcleos agrícolas foram organizados com
lotes de 25 hectares, sendo 500m de frente por 500m de extensão, constituindo minifúndios
voltados para culturas anuais: arroz, feijão, milho e mandioca. O objetivo declarado era o
enraizamento do colono (seringueiros, soldados e os índios “civilizados”) por meio da pequena
propriedade” (SOUZA, 2002, p.38).
238
Volume VIII
239
Vozes da Educação
240
Volume VIII
241
Vozes da Educação
242
Volume VIII
Referências bibliográficas
ALTIERI, Miguel A. AGROECOLOGIA, Bases científicas para una
agricultura sustentable, Miguel A. Altieri-1999, Para esta edición, Editorial
Nordan–Comunidad, Montevideo, Paraguay. 325p.
Articulação Nacional de Agroecologia (Brasil), Olhares agroecológicos:
Análise econômico-ecológica de agroecossistemas em sete territórios
brasileiros/[Organização: Flávia Londres, Paulo Petersen e Gustavo
Martins].-1ª ed. – Rio de Janeiro: AS-PTA, 2017, 192p.
BOF Alvana Maria, A educação no Brasil rural / Alvana Maria Bof (org);
Carlos Eduardo Moreno Sampaio. [et al.]. – Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006. 236 p.
Comissão Pastoral da Terra, Conflitos no Campo – Brasil 2016
[Coordenação: Antônio Canuto, Cássia Regina da Silva Luz, Thiago
Valentim Pinto Andrade - Goiânia]: CPT Nacional – Brasil, 2016. 232
páginas: fotos, tabelas Vários autores.
CAPÒRAL, Francisco Roberto, COSTABEBER, José Antonio,
Agroecologia e desenvolvimento Rural Sustentável: Perspectiva para uma
nova extensão rural, Porto Alegre, 2000, EMATER/RS-ASCAR
(Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural), 22p.
CARNEIRO, Fernando Ferreira (org), Dossiê ABRASCO: um alerta
sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde/ Organização de Fernando
243
Vozes da Educação
244
Volume VIII
RESUMO
O objetivo deste artigo é refletir sobre a Ficha de Comunicação de Aluno
Infrequente – FICAI, instrumento criado com o objetivo de dar efetividade
ao artigo 56 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e artigo 5º, §
1o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Para que de fato a FICAI, seja
um instrumento eficaz e cumpra os objetivos propostos, o trabalho com a
rede de proteção torna-se necessário. Manter a criança e o adolescente na
escola é dever de todos e a sua permanência envolve muitos desafios e olhar
atento para as situações de violações dos direitos fundamentais que necessitam
de intervenções dos órgãos do Sistema de Garantia de Direitos, bem como
das diversas políticas públicas.
Palavras-chave: Rede de proteção, políticas públicas, direitos fundamentais.
ABSTRACT
This article aims to discuss about the Ficha de Comunicação de Aluno
Infrequente - FICAI, an instrument created with the aim to make the article
56 from 'Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)' and the article artigo
5º, § 1o from 'Lei de Diretrizes e Bases da Educação' more effective. In order
for FICAI to be an effective tool and fulfill the proposed objectives, working
with the safety network becomes necessary. Keeping children and adolescents
at school is everyone's duty and their permanence there involves many
challenges and a careful look at situations of fundamental rights violations,
which require interventions by the organs of the Rights Guarantee System as
well as public policies.
Keywords: Safety network, public policies, fundamental rights.
245
Vozes da Educação
Introdução
Segundo Rizzini, a primeira iniciativa de política pública voltada
para a infância no Brasil surge em 1901, através do Instituto de Proteção
e Assistência à Infância, replicado em diversos países. Em 1919, foi criado
o Departamento da Creança que previa o atendimento à família pobre,
ofertando cursos educativos voltados aos cuidados com as crianças,
realização de campanhas de vigilância sanitária nas escolas e organização
de congressos voltados à higiene infantil e puericultura42.
Ao final do século XIX, identificava-se a criança, filha da pobreza
– material e moralmente abandonada – como um problema social
gravíssimo, objeto de uma magna causa, a demandar urgente ação
(RIZZINI, 2011).
Infelizmente surge nesse período, o termo “menor” a toda
criança proveniente de família pobre, justificando a criação de um aparato
médico-jurídico-assistencial que tinha como objetivo a prevenção, a
educação, a recuperação e a repressão de crianças e adolescentes. O foco
era vigiar, moldar, reabilitar, através do trabalho e da “instrução” e caso
fosse necessário, a repressão ao menor delinqüente43, em nome da paz, da
ordem e do futuro da nação. Educar a criança era cuidar da nação;
moralizá-la, civilizá-la. Cuidar da criança e vigiar sua formação moral era
salvar a nação (RIZZINI, 2011, 27).
O discurso da elite letrada que dominava a arena política da época
estava centrado na proteção a infância, evitando assim danos à sociedade
no futuro. Tal argumento contribuiu para implementação de políticas
públicas que impunham a tutela aos filhos dos pobres pelo Estado,
246
Volume VIII
247
Vozes da Educação
248
Volume VIII
249
Vozes da Educação
250
Volume VIII
contra a exclusão social e defesa dos direitos dos alunos que estão
infrequentes. Torna-se necessário uma nova cultura profissional, torna-se
imprescindível uma redefinição dos sistemas de ensino e das instituições
escolares.
Gadotti, ressalta que essa redefinição não virá de cima, do
próprio sistema, ele é por essência, conservador. A mudança do sistema
deve partir do professor e de uma nova concepção do seu papel.
Nesse sentido, no contexto atual, podemos identificar e confrontar
duas concepções opostas da profissão docente: a concepção
neoliberal e a concepção emancipadora. A primeira, amplamente
dominante, concebe o professor como um profissional lecionador,
avaliado individualmente e isolado na profissão (visão individualista);
a segunda considera o docente como um profissional do sentido, um
organizador da aprendizagem, uma liderança, um sujeito político
(visão social) (GADOTTI, 2011, p.37).
O promotor de justiça, em seu artigo “Evasão Escolar: não basta
comunicar e as mãos lavar” enfatiza que foi somente após a criação da Lei nº
10.287/2001, que as instituições de ensino passaram a encaminhar as listas
de alunos infrequentes. A lei altera os dispositivos contidos na Lei nº
9.394/96 em relação à notificação ao conselho tutelar referente à
freqüência escolar. Ressalta ainda que:
A evasão é um problema crônico em todo Brasil, sendo muitas vezes
passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino,
que chegam ao cúmulo de admitirem a matrícula de um número mais
elevado de alunos por turma do que o adequado, já contando com
“desistência” de muitos ao longo do ano letivo (DIGIÁCOMO
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-825.html, acesso em
22/03/2018).
A rede de proteção de Porto Alegre elaborou um documento que
estabelece fluxos e responsabilidades de todos os envolvidos, em relação
à FICAI. O objetivo dessa iniciativa é diminuir os elevados índices de
infrequência e evasão.
Torna-se de fundamental importância identificar as causas da
infrequência e evasão que podem ser em decorrência do trabalho infantil;
baixa qualidade do ensino que desestimula o aluno a frequentar;
dificuldades de relacionamento, tanto com alunos, como professores. É
preciso que essa identificação seja realizada antes que os alunos atinjam os
limites permitidos, para que seja realizado um trabalho efetivo e
preventivo, não comprometendo o ano letivo.
251
Vozes da Educação
252
Volume VIII
nível municipal, estadual ou federal, e/ou entidades da sociedade civil e organizações não
governamentais. Mais especificamente, significa articulação entre os órgãos do sistema de
garantia de direitos de crianças e adolescentes (Orientações Técnicas Gestão do Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil, 2010, pag.148).
253
Vozes da Educação
254
Volume VIII
255
Vozes da Educação
256
Volume VIII
Considerações finais
Mészaros, 2008, enfatiza que o papel da educação é soberano,
tanto para elaboração de estratégias apropriadas e adequadas para mudar
as condições objetivas de reprodução, como para a automudança consciente
dos indivíduos chamados a concretizar a criação de uma ordem social
radicalmente diferente.
Constata-se, porém que este desafio não é tarefa de poucos, mas
de todos os atores que compõem a rede de proteção. Torna-se necessário
a construção de um projeto comum com uma visão crítica da realidade.
Façamos a data da virada, do redescobrimento necessário: No lugar
de macho, branco, dono de gado e gente, o sujeito coletivo-feminino-
masculino-plural que se reconhece na longa marcha, aos sons das
violas caipiras, dos atabaques vigorosos, das beberagens nativas que
curam, na defesa do direito à dignidade, caetaneando Maikovski
(1893-1930): gente é pra brilhar, não pra morrer de fome (GENTILI
e ALENCAR, 2003, p.59).
Segundo, Gadotti, a maioria das escolas continua preocupada em
ensinar e não param para pensar o que é ensinar, como se aprende, porque
se aprende. “Dar aulas” na maioria das vezes tem-se constituído na única
preocupação da escola.
Embora as condições não pareçam favoráveis, não há motivo
para protelar. A maioria da humanidade não possui os mínimos
necessários para uma vida digna: sem emprego ou subempregada, sem
alimentação, sem moradia e sem condições de frequentar a escola.
É necessário romper com o ciclo da pobreza, através de uma
intervenção efetiva no sistema político, econômico e nas políticas públicas,
com destaque para a política de educação, que sejam capazes de
estabelecer prioridades e definir as reais necessidades da população.
Quem não lê sabe menos e nossas elites querem é isso mesmo: no
máximo, aquele mínimo de adestramento técnico. Nada de desafios e
257
Vozes da Educação
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394. Brasília, 1996.
______. Constituição Federal, Brasília, 1988.
______. Lei nº 10.287, Altera dispositivo da Lei de Diretrizes e Bases.
Brasília, 2001.
______, Lei 8.069. Estatuto da Criança e do Adolescente, Brasília, 1990.
______. Política Nacional de Assistência Social, Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Brasília, 2004.
BRASIL. Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome,
Brasília, 2009.
258
Volume VIII
259
Vozes da Educação
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo principal analisar a concepção que
o educador apresenta sobre a temática da sexualidade infantil,
considerando as abordagens sociológicos acerca da criança, bem como a
contribuição desses conceitos para a compreensão da infância na
sociedade contemporânea. Por fim, os resultados apontaram que para
alguns profissionais da educação, a sexualidade infantil ainda soa como um
objeto desconhecido, e por isso se faz necessário ampliar a discussão em
torno do assunto, a fim de dar melhor condição para que a escola seja de
fato um lugar de desenvolvimento da criança em toda a sua plenitude.
ABSTRACT
The main objective of this study is to analyze the conception that the
educator presents on the theme of child sexuality, considering the
sociological approaches about the child, as well as the contribution of
these concepts to the understanding of childhood in contemporary
society. Finally, the results pointed out that for some education
professionals, child sexuality still sounds like an unknown object, and
therefore it is necessary to broaden the discussion around the subject, in
order to give a better condition for the school to be in fact a place of
development of the child in all its fullness.
260
Volume VIII
Introdução
261
Vozes da Educação
262
Volume VIII
263
Vozes da Educação
264
Volume VIII
265
Vozes da Educação
266
Volume VIII
assunto, no entanto, não faz restrição quanto o acesso aos mais variados
meios de informações. Meios suscetíveis a apresentar informações
desregradas de maneira a trazer sérios riscos ao desenvolvimento da
sexualidade.
Em vista disso o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil – RCNEI orienta professoras e professores a
trabalharem com as crianças os seguintes aspectos: conhecer o próprio
corpo e diferenciarem-se do outro a fim de elaborar sadiamente a
autoidentidade; exprimir sua sexualidade a fim de construir uma boa
relação com o prazer, explorar o corpo criando consciência de suas
necessidades, habilidades, sensações, capacidades, possibilidades
expressivas, limites e da autoimagem corporal.
Faz- se relevante preparar a criança para que ela possa entender
as funcionalidades e as mudanças do corpo e assim enfrentá-las com mais
segurança e naturalidade quando chegar à fase da puberdade, pois é na
adolescência que se intensifica o desenvolvimento sexual quando os
adolescentes “se valem de suas próprias experiências corporais,
hormonais, psicológicas e da interação com o mundo exterior para
desenvolver sua sexualidade” (CANELA, 2009, p.82).
Desde a infância toques e atividades com o próprio corpo e os
corpos de outras pessoas proporcionam prazer e ganham uma
especificidade erótica crescente, até alcançarem o prazer genital, a partir
da adolescência. No entanto, sexualidade não é apenas sensação física; é,
sobretudo, o conjunto de significados atribuídos pelo indivíduo às
experiências corporais prazerosas (ANDRADE, 2005). Certamente
quando a sexualidade for compreendida considerando esse conjunto de
significados, facilitará o diálogo e a forma de ensinar e aprender a
sexualidade nos espaços escolares e familiares.
No diálogo entre a escola e as famílias, pretende-se que a sexualidade
deixa de ser tabu e, ao ser objeto de discussão na escola, possibilite a
troca de idéias [ideias] entre esta e as famílias. O apoio dos pais aos
trabalhos desenvolvidos com os alunos é um aliado importante para
o êxito da Orientação Sexual na escola (BRASIL, 1988, p.304).
A escola por sua vez, precisa estar preparada para dialogar com
os pais e/ou responsáveis pela formação das crianças, apresentando a elas
a necessidade da orientação sexual para o fazerem-se indivíduos
sexualmente saudáveis. A cumplicidade entre as duas instituições de
267
Vozes da Educação
Metodologia da pesquisa
A pesquisa se caracteriza como uma forma de investigação que
se utiliza de observações e análises com o propósito de responder
perguntas e resolver problemas. Desse modo, contribui com possíveis
mudanças e melhorias da realidade estudada. “Na condição de princípio
científico, a pesquisa apresenta-se como a instrumentação teórico
metodológica para construir conhecimento” (DEMO, 2000, p.33). O
estudo realizado se apoia nos suportes paradigmáticos: descritivo e
exploratório, utilizados para entender a natureza das ciências sociais. A
natureza dessa pesquisa é, pois, qualitativa.
É apoiada no paradigma descritivo porque “tem como objetivo
primordial a descrição de características de determinada população ou
fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 1999,
p.44). O método utilizado na pesquisa é o fenomenológico que tem como
fim a busca de significado da experiência. Poderá buscar uma
compreensão idealista a fim de alcançar a essência ou uma compreensão
mundana no mais alto grau de criticidade, sem a pretensão de encontrar
respostas definidas do fenômeno observado. É de caráter descritivo e visa
apresentar os fatos tal qual eles são apresentados.
A presente pesquisa foi desenvolvida na cidade de Jeremoabo no
estado da Bahia. O município está localizado na Zona fisiográfica do
Nordeste, totalmente incluído no “Polígono das Secas”. De Salvador,
capital do estado da Bahia, em direção à sede municipal medem-se 371 km
de distância.
Os sujeitos da pesquisa foram o diretor da Unidade Escolar e
sete professoras de séries iniciais do Ensino Fundamental, , os quais serão
citados através de codinomes. A pesquisa foi realizada na Escola
Municipal João Paulo II, situada no Bairro João Paulo II, na cidade de
Jeremoabo-Ba. Foi usado como instrumento para coleta de dados, o
questionário contendo perguntas fechadas que, para Richardson (1999), é
um instrumento utilizado para o pesquisador que deseja descrever as
268
Volume VIII
269
Vozes da Educação
270
Volume VIII
Perda do sono
271
Vozes da Educação
Considerações finais
Conforme apontaram as discussões, a concepção que se tem da
infância hoje, é fruto de um processo histórico construído cultural e
socialmente. Em cada tempo era atribuído um sentimento. A princípio,
observe-se que a criança, no contexto pesquisado por Ariès, era vista como
um adulto em miniatura, participando de todas as atividades inclusive das
relacionadas à sexualidade e ao sexo.
Com o surgimento das instituições de ensino, a formação era
voltada para o preparo profissional pensando a criança como um sujeito
que viria a ser. A infância por sua vez, deixava de ser analisada como uma
272
Volume VIII
Referências Bibliográficas
ANDRADE, F. C. B. Do saber desejar ao desejar saber: contribuições da
psicanálise à educação escolar. In: SALES, V; MONTE, M; BATISTA, J.
Psicologia na Educação: um referencial para professores. 2ª Ed. João
Pessoa: Ed. UFPB, 2005.
ARIÈS, Philippe. A História social da criança e da família. 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 1973.
ARIÈS, Philippe. A História social da criança e da família. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1978.
273
Vozes da Educação
274
Volume VIII
275
Vozes da Educação
Vanessa Galoni 48
RESUMO
Buscou-se neste estudo relatar e refletir sobre aspectos do
desenvolvimento infantil necessários à formação de professores da
Educação Infantil. As crianças que inspiraram este estudo e que estiveram
presentes durante a investigação tinham idade entre três e cinco anos.
Procurou-se compreender o valor da brincadeira na Educação Infantil em
seu papel mediador do conhecimento sobre si e sobre o mundo para as
crianças desse nível de ensino, além de refletir sobre a brincadeira e a
imaginação como funções constitutivas do psiquismo da criança.
ABSTRACT
This research is about the aspects of child development which are
necessary for teacher training of early childhood education. Children aged
between 3 - 5 years have inspired this research and have participated in
the investigation. The research has provided the understanding about the
play’s importance and also the play’s role as a mediator of knowledge
about themselves and about the world for children who are in this
education level, and it was made reflections about play and imagination as
constitutive functions of the child psyche.
Terapia, além de mestrado em Educação. Tem experiência na área da Educação como professora
de educação infantil e como coordenadora pedagógica de ensino fundamental I e II.
276
Volume VIII
49Dos estudos de Milton Santos (2007) depreende-se que o conceito de periferia é relacional:
pressupõe a existência de um centro e concentra relações de poder e tensões, transformando-se
no tempo e no espaço. A partir dos anos 1960-1970, com a metropolização, a periferia passa a
ser um espaço de exclusão por excelência, de acesso precário aos direitos de pertencimento às
cidades.
277
Vozes da Educação
278
Volume VIII
279
Vozes da Educação
280
Volume VIII
281
Vozes da Educação
282
Volume VIII
283
Vozes da Educação
284
Volume VIII
285
Vozes da Educação
286
Volume VIII
287
Vozes da Educação
288
Volume VIII
289
Vozes da Educação
290
Volume VIII
291
Vozes da Educação
Considerações finais
Que este estudo possa contribuir para a formação de professores
de Educação Infantil no que se refere ao desenvolvimento infantil e ao
brincar, visando a participação efetiva do professor, compreendendo seu
papel de mediador que significa e dá significado às manifestações de afeto,
292
Volume VIII
293
Vozes da Educação
294
Volume VIII
Referências Bibliográficas
CRUZ, M. N.; SILVA, N. B. A interação adulto-criança em práticas de
cuidado em creche: implicações para o trabalho e a formação de
professores de educação infantil. In: XI Congresso Estadual Paulista sobre
Formação de Educadores e I Congresso Nacional de Formação de
Professores. Anais. São Paulo: Pró-Reitoria de Graduação da UNESP/
TecArt Editora, 2011. p. 01-14.
FONTANA, R.; CRUZ, N. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo:
Atual, 1997.
GALONI, V. O Brincar na Educação Infantil: Reflexões de uma
professora pesquisadora. Dissertação de Mestrado – PPGE. Universidade
Metodista de Piracicaba. Piracicaba, SP: [s.n.], 2014.
GOFFMAN, Ervin. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade
deteriorada. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 1988.
LEONTIEV, A.N. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros
Horizontes, 1978.
______. Os princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-escolar. In:
VIGOTSKI, L. S. LURIA, A. R. LEONTIEV, A. N. Linguagem
Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da
Universidade de São Paulo, 1988, p. 119-142.
MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo: Hucitec, 1996.
OLIVEIRA, Z. R. Jogo de papéis: Um olhar para as brincadeiras infantis.
São Paulo: Cortez, 2011.
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Edusp, 2007.
SMOLKA, A.L.B. Ensinar e significar: as relações de ensino em questão
ou das (não) coincidências nas relações de ensino. In: NOGUEIRA,
295
Vozes da Educação
296
Volume VIII
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo analisar a implantação da Educação de
Surdos e suas implicações pedagógicas na cidade de Porto Seguro BA. Para
tal, foi preciso identificar e estudar documentos escritos, fotográficos e
testemunhos; foi feito um levantamento dessa clientela caracterizando sua
real situação educacional quanto à escolaridade, evasão escolar, trabalho e
apropriação - tanto da Língua Brasileira de Sinais como da Língua
Portuguesa. Registra-se, nesse estudo, o preconceito que os mesmos têm
passado por falta da oralização e do Português escrito. Da parte da pessoa
surda sentem-se indecisos entre os dois mundos: da surdez e do ouvinte.
ABSTRACT
This essay aims to annalyse the implantation of Deaf Students’ Education
and its pedagogical implications in the city of Porto Seguro BA. For that,
it was necessary to identify and study written documents, photos and
testimonials; it was made a survey of this group characterizing their real
educational situation regarding their scholarity, school dropout, work and
appropriation - of both Brazilian Sign Language and Portuguese. It
registers, in this study, the prejudice they have been through due to the
lack of oralization and the written Portuguese. From the part of the deaf
person they feel undecided between two worlds: of the deafness and the
hearing one.
297
Vozes da Educação
298
Volume VIII
299
Vozes da Educação
300
Volume VIII
301
Vozes da Educação
Espaço de Ensino e Aprendizagem para alunos de diferentes séries numa mesma sala.
51
302
Volume VIII
303
Vozes da Educação
304
Volume VIII
Atividade não fixa, mas rotativa, cada dia em uma escola diferente.
52
305
Vozes da Educação
306
Volume VIII
307
Vozes da Educação
308
Volume VIII
309
Vozes da Educação
56Recursos, metodologias e serviços para proporcionar à pessoa com deficiência e/ou mobilidade
reduzida, a participação nas atividades, visando sua autonomia, qualidade de vida e inclusão.
Portaria nº 142 de 16/11/2006.
310
Volume VIII
311
Vozes da Educação
312
Volume VIII
313
Vozes da Educação
314
Volume VIII
reflexão desse percurso. Onde estão os alunos surdos que por volta de
2009 foram retirados da APAE e da sala especial? Refletindo sobre a
criação da sala onde todos pudessem ser alfabetizados em Libras e em
Português escrito foi extinta por não atender as diretrizes da escola num
perspectiva inclusiva, se fosse nesse ano seria chamada de tentativa ousada
de uma classe bilíngue. Entretanto o objetivo era enquanto o professor se
capacitava os alunos também aprendiam sua língua para se tornar
majoritária em detrimento do Português. Professor e alunos estavam no
processo de aprendizado de Libras. O aluno aprendiam Libras
e Português ao mesmo tempo. Alguns anos depois foi feito a inserção nas
classes regulares em pequenos grupos que facilitou a convivência com os
demais adolescentes da comunidade. Hoje alguns estão no Ensino Médio,
outros terminaram a Educação Básica. Nenhum na faculdade. Percebe-se
que eles ficaram presos nos dois mundos. Da surdez e do ouvinte. O
déficit nas Políticas Públicas de letramento comprometeu o aprendizado,
bem como a falta de escola e estimulação na primeira infância, pais
ouvintes, falta de uma referência de língua. Ênfase foi dada para a Libras
L1 e na nossa realidade eles não se apropriaram devidamente do Português
escrito L2. A sociedade não os considera letrado sem o domínio do
Português. O acesso ao trabalho inclui supermercados no cargo de
embaladores, repositores e trabalhos domésticos.
A outra experiência mais recente faz parte do contexto atual de
dois alunos pequenos que ao ter acesso ao implante coclear os pais
optaram por Português falado e com ajuda de fonoaudióloga e do
professor bilingue do AEE em salas regulares conseguiram se apropriarem
do Português falado. Agora em 2017 no Ensino Fundamental II elas
iniciaram o aprendizado de Libras, com a aceitação dos pais.
Essas são realidades distintas questionáveis, mas atendendo a
oportunidade dos alunos, aos desejos dos pais que muitas vezes recebe
influências ainda oralistas. Os professores se identificaram com Libras se
tornam bilingues sem a formação específica para o letramento em
Português.
Considerações finais
O movimento inclusivo tem como diretriz principal a Educação
Para Todos. Com base nas pesquisas realizadas, percebe-se que essa não é
315
Vozes da Educação
Referências Bibliográficas
ALVEZ, Carla Barbosa. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar: abordagem bilíngue na escolarização de pessoas com surdez.
Carla Barbosa Alvez, Josimário de Paula Ferreira, Mirlene Macedo
Damazio Brasília. MEC. Secretaria de Educação Especial de Fortaleza
Universidade Federal do Ceará, 2010.
ARANHA, Maria Salete Fábio. Projeto Escola Viva: garantindo o acesso
e permanência de todos os alunos na escola : necessidades educacionais
especiais dos alunos - Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial,
2005.
BRASIL. Decreto nº 5626 de 22/12/2005. MEC, BRASILIA. 2005.
CERQUEIRA, Maria Tereza Almeida. Currículo Funcional na Educação
Especial para o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual de
316
Volume VIII
317
Vozes da Educação
RESUMO
O ensino de Física carece de metodologias que conduzam o educando a uma
aprendizagem significativa. Para amenizar esse problema é imprescindível que
novas formas de ensinar sejam postas em ação. Assim, o objetivo desse trabalho
foi de proporcionar aos educandos, do primeiro ano do ensino médio, uma
maneira diferente de aprender o conceito de velocidade escalar média pela
observação da natureza e associação ao seu cotidiano. Em face das atividades
desenvolvidas eles puderam notar o quão importante é o ato de medir e como eles
podem interferir no resultado. O desfecho evidencia a necessidade de que mais
ações como essas aconteçam.
Palavras-Chave: Ensino; Aprendizagem; Observação; Velocidade escalar média.
ABSTRACT
Physics teaching lacks methodologies that lead the learner to meaningful learning.
To mitigate this problem it is imperative that new ways of teaching are put into
action. Thus, the objective of this work was to provide the learners, from the first
year of high school, a different way of learning the concept of average scalar
velocity by observing nature and associating with their daily life. In the face of the
activities developed they could see how important the act of measuring and how
they can interfere in the result. The outcome evidences the need for more actions
like these to happen.
Keywords: Teaching; Learning; Note; Average scalar velocity.
57Este trabalho é parte de uma pesquisa desenvolvida durante o Mestrado Nacional Profissional
em Ensino de Física, entre os anos de 2016 e 2017, no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus Sobral, com dados apresentados na dissertação do próprio autor,
Farias (2018).
58Professor de Física no ensino médio do quadro efetivo da rede pública do Estado do Ceará;
59Docente/pesquisador do Departamento de Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e
318
Volume VIII
Introdução
O modelo clássico em que o professor ministra aulas, o aluno
transcreve e memoriza para aplicação em provas, ainda é bastante
praticado nas escolas, instigando uma aprendizagem mecânica
(MOREIRA, 2017). objetivo desse trabalho foi de proporcionar aos
educandos, do primeiro ano do ensino médio, uma maneira diferente de
aprender o conceito de velocidade escalar média pela observação da
natureza e associação ao seu cotidiano, aliado à aula teórica e resolução de
atividades.
Esse tema normalmente é trabalhado em duas aulas no currículo
do ensino médio, razão pela qual procurou-se manter esse tempo. Muitas
vezes o professor procura inovar sua prática, mas se perde no
gerenciamento das tarefas em meio a desenvoltura e limitações dos
estudantes. “É comum a preocupação do professor com a atividade a ser
realizada, contudo, nem sempre há a mesma inquietação com a maneira
como a interação com os alunos vai se estabelecer” (MONTEIRO et al,
2012, p. 1009). Diante do número de aula reduzido, que a disciplina de
Física ocupa nessa modalidade de ensino, é imprescindível que o professor
tenha esse cuidado sem deixar de lado a qualidade.
Trazer o cotidiano do estudante para o espaço onde a
aprendizagem se desenvolve, proporciona uma melhor aceitação a respeito
da matéria de ensino. A natureza sempre fascinou o homem desde a sua
existência, os primeiros cientistas “aplicaram a razão ao que viam em volta
deles e chegaram a teorias para explicar suas observações” (ROONEY,
2013, p. 17). Nessa mesma linha, propor observação na natureza é sem
dúvida uma ação instigadora, que desperta a curiosidade do indivíduo.
A teoria de aprendizagem em destaque foi a aprendizagem
significativa de David Ausubel, posto que o professor, ao iniciar esse
trabalho, deveria se deter a diagnosticar os conhecimentos prévios dos
estudantes, para então passar a direcionar suas explanações tendo como
base aquilo que o estudante já detém de informação. Ausubel chamou isso
de subsunçores e Moreira (2015) destacou que na falta desses a
aprendizagem mecânica passa a ser necessária. Ela atua até que algumas
partes do conhecimento existam na estrutura cognitiva de forma relevante
e associada as novas informações e, então, possam servir de subsunçores
que se tornarão cada vez mais elaborados à medida que a aprendizagem
319
Vozes da Educação
Material e métodos
Este trabalho foi desenvolvido em duas aulas de 50 minutos cada.
Nos primeiros 25 minutos da aula foi investigado por meio do diálogo
quais os conhecimentos prévios os estudantes apresentavam sobre o tema
velocidade média e concomitantemente foi apresentado aos mesmos o
conceito de velocidade escalar média com as resoluções de duas questões
relativas ao tema (Quadro 1). Em seguida, os estudantes, em grupos de
quatro, foram orientados a procurar nas proximidades da escola corpos
em movimento, para que eles pudessem estimar suas velocidades escalares
médias. Para tanto, foi feito uso dos seguintes materiais: cronômetros, fitas
métricas e blocos de anotações.
320
Volume VIII
321
Vozes da Educação
(B) 1,4.
(C) 1,5.
(D) 2,0.
(E) 3,0.
2. O professor de Física aplicou um projeto sobre velocidade escalar média aos seus
alunos. Um dos objetivos era encontrar, no entorno da escola, algo dotado de movimento
para que eles pudessem estimar a velocidade escalar média do que foi observado. Na
prática, uma equipe de estudantes notou que uma formiga percorreu 60,0 cm em 9,0 s.
Outra equipe verificou que uma lagarta percorreu 40,0 cm em 7,0 s. Do observado, a mais
rápida ao longo do trajeto foi:
(A) A lagarta, com velocidade escalar média de 6,7 cm/s.
(B) A lagarta, com velocidade escalar média de 5,7 cm/s.
(C) A formiga, com velocidade escalar média de 6,7 cm/s.
(D) A formiga, com velocidade escalar média de 5,7 cm/s.
(E) Ambos apresentam a mesma velocidade escalar média.
3. A viagem entre Cruz e Sobral, cidades do Ceará separadas por uma distância de 120,0
km por rodovias, normalmente é feita de carro no tempo de 1h e 40min. Entretanto, Hangel
adicionou a esse tempo 20,0min, devido a um incidente que o fez parar. Assim,
considerando esses tempos como os praticados por Hangel, qual foi a velocidade escalar
média empregada nesse trajeto? Expresse esse valor em m/s e em km/h.
Fonte: FARIAS (2018, p.60-62).
Resultados e discussão
A abordagem sobre velocidade escalar média em sala pelo
professor proporcionou aos estudantes a sintonia entre a teoria e a prática
sugerida em seguida. A busca por objetos em movimento levou os
estudantes a indagações repletas de revelações típica da ciência, como a
constatação de que o ato de medir não é uma tarefa tão simples. Ao longo
322
Volume VIII
323
Vozes da Educação
Gráfico 1 – Resultado das duas aplicações das três questões sobre velocidade escalar média.
4,3
2ª aplicação 5,8
1ª aplicação 5,6
6,3
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Gráfico 2 – Resultado da pergunta: Mediante a abordagem, que foi empregada no decorrer das aulas, sobre
velocidade média, a atividade proposta pelo professor, o deixou motivado a resolvê-la?
NÃO 54,0%
23,2%
PARCIALMENTE 25,5%
33,8%
SIM 20,4%
43,0%
324
Volume VIII
Gráfico 3 – Resultado da pergunta: Ao final da condução desse tema, você considera que
aprendeu o conceito de velocidade escalar média?
NÃO 45,2%
18,3%
PARCIALMENTE 23,4%
19,7%
SIM 31,4%
62,0%
Considerações finais
Em face das observações os estudantes puderam notar o quão
importante é o ato de medir, como ele pode interferir no resultado obtido
e como a persistência em repetir um experimento deve fazer parte desse
processo. O estímulo em participar de uma aula em que eles possam
perceber como a experimentação acontece, proporcionou aos envolvidos
uma compreensão de como a observação é importante para a ciência.
Além disso, a quantidade de estudantes que passaram a interagir nessa
atividade, com perguntas e empenho na realização da tarefa, foi
notoriamente maior quando comparada a aulas tradicionais, em que o
estudante pouco interage demonstrando desinteresse nas atividades
sugeridas. Tal comparação foi feita a partir da análise das atividades
realizadas nas diferentes turmas, utilizando da metodologia tradicional e
da proposta neste trabalho.
325
Vozes da Educação
326
Volume VIII
Referências Bibliográficas
327
Vozes da Educação
RESUMO
Este artigo é resultado da pesquisa de mestrado cujo objetivo foi analisar
as causas geradoras da indisciplina por estudantes do ensino médio, numa
escola estadual, na perspectiva dos professores e o que estes têm feito para
minimizá-las no processo de ensino-aprendizagem. Os dados coletados
indicaram que as causas geradoras de indisciplina por estudantes do ensino
médio, foram: desinteresse, uso de celular em momento de aula e
conversas paralelas. Quanto ao fazer dos professores para minimizar essas
causas geradoras de indisciplina no processo ensino-aprendizagem,
observou-se que os mesmos tem procedido de forma isolada, cada um
agindo a sua maneira em sala de aula.
Palavras chave: Aprendizagem. Ensino Médio. Indisciplina.
ABSTRACT
This article is the result of the master's research aimed to analyze the
generating causes of indiscipline by high school students in a public
school, from the perspective of teachers and what they have done to
minimize them in the teaching-learning process. The data collected
indicated that the generating causes of indiscipline by high school
students, were: lack of interest, cellphone use in class time, parallel
conversations. How to make teachers to minimize those causes create
Educação/POSMEX – UFRPE
63Doutora em Ciências da Educação, Professora da Educação Superior na Faculdade de Ciências
328
Volume VIII
Introdução
Este artigo é resultado da pesquisa realizada para a dissertação de
mestrado que aborda sobre as causas geradoras de indisciplina e o fazer
do professor para minimizá-la no processo ensino-aprendizagem.
A problemática da indisciplina em sala de aula é algo que vem
ocorrendo em níveis da educação básica como no superior. Essa
realidadee vem comprometendo as Redes de Ensino e incitando àqueles
que trabalham com educação à investigação a este respeito em busca de
respostas as atitudes descomedidas dos estudantes.
Então, com o intuito de atender ao objetivo proposto, analisar as
causas que geram a indisciplina dos estudantes do ensino médio numa
escola estadual do município do Cabo de Santo Agostinho na perspectiva
dos professores e o que estes têm feito para minimizá-las no processo de
ensino-aprendizagem, fez-se necessário desenvolver uma metodologia
com análise descritiva e de abordagem qualitativa, tendo como método o
estudo de caso e como referencial teórico analítico a Análise de Discurso
(AD). Como instrumento para a coleta de dados foi construído um roteiro
resultante da técnica de observação estruturada em duas turmas de 1º ano
do ensino médio e entrevistas semiestruturadas com professores das
referidas turmas.
Os motivos que integram e direcionam este estudo estão
relacionados ao período em que uma das pesquisadoras exercia a função
de Gerente de Ensino na Secretaria de Educação no município do Cabo
de Santo Agostinho/PE, Brasil. Na ocasião, houve a oportunidade de
receber vários professores e gestores apreensivos quanto à indisciplina em
sala de aula nas escolas em que exerciam suas funções educativas.
Colocavam-se como impotentes diante da realidade e se questionavam a
respeito do rendimento escolar daqueles estudantes.
Diante desta realidade em que se encontra a escola, foram
necessários novos estudos sobre as causas da indisciplina levando em
329
Vozes da Educação
330
Volume VIII
331
Vozes da Educação
332
Volume VIII
A indisciplina na escola
O que a escola pode fazer para enfrentar a indisciplina diante da
realidade posta e, muitas vezes, os educadores se sentem impotentes para
solucioná-la? Aquino (2003), tratando da temática indisciplina, fazendo
um contraponto com escolas democráticas, coloca como alternativa, que
a saída para tais problemas deve estar nas estratégias que serão traçadas,
de forma democrática, para solucionar o problema em questão. A escola
precisa mudar sua postura de detentora do saber e poder, atribuindo ao
aluno esta responsabilidade de coparticipante, não só na construção do
conhecimento, mas da solução de problemas no interior da escola.
Segundo o mesmo autor, a indisciplina percebida, com muita
frequência, nas escolas, afetando consequentemente o processo ensino-
aprendizagem, deve-se à falta de normas que tenham sido construídas
pelas classes interessadas e que estas, ao serem estabelecidas, sejam
flexíveis, dependendo da necessidade do grupo envolvido. Aquino (2003)
acrescenta que a escola, desenvolvendo uma postura democrática, de
escuta ativa, facilitará a aproximação entre professor, estudante e a
comunidade do seu entorno.
A partir desta reflexão, outros questionamentos advêm sobre a
problemática da indisciplina: até que ponto a escola tem atendido aos
anseios dos estudantes? Esta instituição estaria possibilitando aos
333
Vozes da Educação
334
Volume VIII
335
Vozes da Educação
336
Volume VIII
337
Vozes da Educação
338
Volume VIII
339
Vozes da Educação
Considerações finais
Diante dos resultados pode-se concluir que as causas geradoras
de indisciplina devem-se a metodologia adotada por alguns professores
para ministrarem suas aulas não atendendo aos interesses dos estudantes;
a ausência do professor no espaço da sala de aula contribui para essa
indisciplina, uma vez que, aquele professor que está na escola, busca
atender ao mesmo tempo duas turmas; a falta de regras disciplinares em
que na sua construção ocorra a participação do aluno e professor.
A respeito dos tipos de indisciplina dos estudantes foi desvelado
o seguinte comportamento: desinteresse, uso de celular, fone no ouvido
no momento em que o professor ministrava a aula, conversas paralelas,
gritos entre outros. E quanto ao que tem feito o professor para resolver a
indisciplina, foi comprovado que cada um trabalha de forma isolada para
resolver o problema da indisciplina. E por fim, ficou explícito que a
indisciplina em sala de aula contribui para o pouco aproveitamento no
processo ensino-aprendizagem dos estudantes do ensino médio.
340
Volume VIII
Referências Bibliográficas
AQUINO, Júlio Groppa. Indisciplina: o contraponto das escolas
democráticas. 1ª ed. São Paulo, Moderna, s. v. 2003. (Coleção cotidiano
escolar)
____. Relação professor-aluno: do pedagógico ao institucional. 4ª. ed. São
Paulo: Summus, v. 42. 1996a. – (Novas buscas pela educação)
____. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 15ª ed. São
Paulo: Summus, s. v. 1996b.
ANTUNES, Celso. Professor bonzinho = aluno difícil: a questão da
indisciplina em sala de aula. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, s. v. 2002
BECHARA, Evanildo. Minidicionário da língua portuguesa. S ed. Rio de
Janeiro: Editora Nova Fronteira, s. v. 2009.
BOCCHI, Ketey Cristine Bonfogo. Indisciplina em sala de aula:
posicionamento dos professores e avaliação de uma proposta de
formação. 2007. 285 f. Tese (Doutorado em Educação: Psicologia da
Educação) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007.
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
>. Acesso: 23 set.2010.
BRANDAO, Carlos da Fonseca. O ensino médio no contexto do Plano
Nacional de Educação: o que ainda precisa ser feito. Cad. CEDES [online].
2011, vol.31, n.84, pp. 195-208. ISSN 0101-3262. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v31n84/a03v31n84.pdf>. Acesso:
07 fev.2012.
BRASIL. Ministério de Educação. Lei de Diretrizes e Base da Educaçãonº
9.394/96/ Ministério de Educação, 1996.
BRASIL, Lei nº 13.145, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Leis nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional.
CARMO, João S. Práticapedagógica: algumas contribuições da
pedagogiacomportamental. Caderno Científico de Filosofia e Ciências
Humanas, Belém, v. 13. 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática
educativa. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra, s. v.1996. (coleção leitura)
GARCIA, Joe. Indisciplina, incivilidade e cidadania na escola. www.google
acadêmico.com.br. Disponível em:
<http://www.fe.unicamp.br/revista/index.php/etd/article/viewArticle/
2138>. Acesso, 19 jul. 2010.
GUIMARÃES, Áurea M. Indisciplina e Violência: a ambiguidade dos
conflitos escolares. In AQUINO, Júlio Groppa. (Org.) Indisciplina na
341
Vozes da Educação
342
Volume VIII
343