Você está na página 1de 87

P ovo s Tr a d i c i o na i s

e B i o d i v e r s i da d e n o B r as i l
Contribuições dos povos indígenas,
quilombolas e comunidades tradicionais
para a biodiversidade, políticas e ameaças
Organizadoras:
Manuela Carneiro da Cunha
Sônia Barbosa Magalhães
Cristina Adams

SEÇÃO 6
Biodiversidade
e Agrobiodiversidade
Como Legados
de Povos Indígenas
Coordenador:
Eduardo G. Neves
P ovo s Tr a d i c i o na i s
e B i o d i v e r s i da d e n o B r as i l
Contribuições dos povos indígenas,
quilombolas e comunidades tradicionais
para a biodiversidade, políticas e ameaças
Organizadoras:
Manuela Carneiro da Cunha
Sônia Barbosa Magalhães
Cristina Adams

SEÇÃO 6
Biodiversidade
e Agrobiodiversidade
Como Legados
de Povos
Indígenas
Coordenador:
Eduardo G. Neves

São Paulo, 2021


Povos Tradicionais
SBPC e Biodiversidade
no Brasil
Contribuições dos povos
indígenas, quilombolas
e comunidades tradicionais
para a biodiversidade,
políticas e ameaças
Publicado pela
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC
Rua Maria Antonia, 294 - 4º andar - Vila Buarque - 01222-010 São Paulo - SP - Brasil
Tel.: (11) 3259.2766 - http://portal.sbpcnet.org.br
- http://portal.sbpcnet.org.br

O presente trabalho foi realizado com apoio de

Capa, Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica


Carlos Bravo Villalba

Revisão e Normalização
Vera Carvalho

Apoio Técnico
Léa Gomes de Oliveira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


______________________________________________________________________

P869

Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil [recurso eletrônico] : contribuições dos povos


indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e
ameaças / Manuela Carneiro da Cunha, Sônia Barbosa Magalhães e Cristina Adams,
organizadoras ; Eduardo G. Neves, coordenador da seção 6. – São Paulo : SBPC, 2021.
85 p. : il. color., mapas color.

Vários colaboradores.
Disponível em: http://portal.sbpcnet.org.br/livro/povostradicionais6.pdf
Bibliografia: p. 62-85
Conteúdo: seção 6. Biodiversidade e agrobiodiversidade como legados de povos indígenas
ISBN 978-65-89883-01-2

1. Amazônia - diversidade biocultural. 2. Biodiversidade. 3. Povos indígenas - legados. 4.


Terras pretas antropogênicas - Amazônia. I. Cunha, Manuela Carneiro da (org.). II. Magalhães,
Sônia Barbosa (org.). III. Adams, Cristina (org.). IV. Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência. V. Biodiversidade e agrobiodiversidade como legados de povos indígenas.

CDD 333.9516
______________________________________________________________________
Ficha catalográfica: Rosângela P. Batista - CRB-8 01465/O
Este trabalho é dedicado aos povos indígenas,
quilombolas e comunidades tradicionais.

A P R E S E N TA Ç Ã O

Como os povos tradicionais contribuem para a biodiversidade do Brasil? Em


que medida as políticas públicas afetam esses povos e suas contribuições? São esses os
temas que esta obra aborda. Mais de duzentos pesquisadores entre acadêmicos, indígenas,
quilombolas, membros de comunidades tradicionais e técnicos de instituições públicas,
procuraram reunir, durante quatro anos (2018-2021), o que até hoje se sabe para
fundamentar as respostas.

Esses temas, em si, não são novos. A Convenção da Diversidade Biológica, de 1992,
pôs em relevo a importância dos povos indígenas e comunidades locais para a biodiversidade.
A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, a IPBES,
desde sua criação em 2012, se propôs a inclusão do conhecimento, práticas e inovações dos
povos indígenas e comunidades locais nos seus relatórios continentais ou globais.

O que é novo, portanto, não são os temas e as fontes a que recorremos, e sim o
âmbito e a especial atenção dada a povos indígenas, quilombolas e às muitas comunidades
tradicionais, que representam a megadiversa população tradicional que vive e atua em um
país biologicamente também megadiverso. O Brasil, por essas duas características, tem
uma responsabilidade ímpar no desenho de políticas públicas sociais e ambientais. O que
a Costa Rica representou em políticas de biodiversidade, o Brasil pode vir a se tornar nas
de sociobiodiversidade.

Seguimos nesta pesquisa a inspiração dos relatórios da Plataforma IPBES.


Os seus destinatários primários são os tomadores de decisão, o que não lhe diminui o
valor documental e de análise para especialistas diversos, entre eles os próprios povos
tradicionais e os historiadores das gerações futuras. Na linha do IPBES, trata-se de um
grande levantamento de dados e informações secundárias, compilados e analisados para
trazer elementos de respostas às perguntas propostas pelo projeto. Alguns capítulos,
entretanto, trazem informações primárias, incluindo mapas, produzidas especificamente
para este fim.
A Amazônia é o bioma sobre o qual se conseguiu reunir mais documentação, assim
como há maior volume de informações sobre povos indígenas. Esse viés é atribuível à
diferença no volume de fontes e de pesquisas. Por enquanto, são menos abundantes as
fontes disponíveis sobre quilombolas e comunidades tradicionais. Basta lembrar que a
população quilombola iria figurar, pela primeira vez, apenas no censo populacional que
estava previsto para 2020. Mas começam a se avolumar dados sobre a importância das
contribuições de povos tradicionais e de quilombolas para a biodiversidade, e a pesquisa
deverá prosseguir com novos pesquisadores.

A obra se agigantou ao longo do percurso. São seis partes, contendo 17 seções, cada
uma composta por vários capítulos. A última parte, trazendo três seções, é dedicada a
pesquisas interculturais realizadas especificamente para este projeto, a fim de evidenciar a
fecundidade da colaboração entre regimes distintos de conhecimentos sobre o ambiente,
as vidas e o funcionamento do mundo. Pareceu-nos mais razoável repartir a publicação em
volumes no portal da SBPC. Cada volume corresponde a uma seção temática, e não seguirá
no portal a ordem do plano geral da obra, que consta abaixo. Ao final, todos os volumes
serão juntados em uma única edição, acrescida de uma introdução geral.

São Paulo e Belém, 28 de março de 2021.

Manuela Carneiro da Cunha, Sônia Barbosa Magalhães e Cristina Adams

Povos Tradicionais
e Biodiversidade
no Brasil
Contribuições dos povos
indígenas, quilombolas
e comunidades tradicionais
para a biodiversidade,
políticas e ameaças
PLANO GERAL DA OBRA

POVOS TRADICIONAIS E BIODIVERSIDADE NO BRASIL


Contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais
para a biodiversidade, políticas e ameaças

PARTE I. TERRITÓRIOS E DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E


COMUNIDADES TRADICIONAIS
• SEÇÃO 1. QUEM SÃO, QUANTOS SÃO
• SEÇÃO 2. TERRITÓRIOS (Onde estão?)
• SEÇÃO 3. DIFICULDADES NA EFETIVAÇÃO
DOS DIREITOS TERRITORIAIS
• SEÇÃO 4. ALGUNS DIREITOS ESPECÍFICOS NA LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA

PARTE II. CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E


COMUNIDADES TRADICIONAIS À BIODIVERSIDADE
• SEÇÃO 5. OS TERRITÓRIOS INDÍGENAS E TRADICIONAIS PROTEGEM
A BIODIVERSIDADE?
• SEÇÃO 6. BIODIVERSIDADE E AGROBIODIVERSIDADE COMO
LEGADOS DE POVOS INDÍGENAS
• SEÇÃO 7. GERAR, CUIDAR E MANTER A DIVERSIDADE BIOLÓGICA
• SEÇÃO 8. CONHECIMENTOS ASSOCIADOS À BIODIVERSIDADE

PARTE III. POLÍTICAS PÚBLICAS DIRECIONADAS AOS POVOS INDÍGENAS,


QUILOMBOLAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
• SEÇÃO 9. INCENTIVOS AO USO DA TERRA E PRODUÇÃO
• SEÇÃO 10. POLÍTICAS EDUCACIONAIS, DE SAÚDE E DE PROTEÇÃO
SOCIAL

PARTE IV. POLÍTICAS PÚBLICAS QUE AMEAÇAM OS POVOS INDÍGENAS,


QUILOMBOLAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
• SEÇÃO 11. PROJETOS ECONÔMICOS E DE INFRAESTRUTURA
• SEÇÃO 12. CONFLITOS
• SEÇÃO 13. AMEAÇAS

PARTE V. AVALIAÇÕES INTERNACIONAIS


• SEÇÃO 14. AVALIAÇÃO DO CUMPRIMENTO DE METAS SUBSCRITAS
PELO BRASIL

PARTE VI. PESQUISAS INTERCULTURAIS


• SEÇÃO 15. POVOS INDÍGENAS
• SEÇÃO 16. COMUNIDADES TRADICIONAIS
• SEÇÃO 17. QUILOMBOLAS
Agradecimentos

O contexto: em 2011, o MCTI acolheu e colocou no plano plurianual


a proposta de testar um programa inovador. Tratava-se de apoiar pesquisas in-
terculturais, reunindo cientistas e membros de povos indígenas, quilombolas
e comunidades locais tradicionais em torno de temas de interesse mútuo, bem
como fortalecer pesquisas independentes empreendidas por povos tradicio-
nais. Com esse propósito, o MCTI encomendou e repassou ao CNPq as verbas
para dois projetos. O primeiro projeto se propôs estabelecer as bases de um tal
programa e realizar experiências-piloto. O segundo projeto, inspirado nos re-
latórios da Plataforma IPBES, criado em 2012, foi o que deu origem ao trabalho
que agora apresentamos.

São muitas as instituições e pessoas a que devemos agradecimentos:

ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que encomen-


dou a pesquisa; ao CNPq que a viabilizou (Processo CNPq 421752/2017-3); ao
generoso doador que quer ficar anônimo e à Plataforma Brasileira de Biodiver-
sidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) que fizeram aportes suplementares
ao orçamento do projeto; à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), que acolheu o projeto desde o início e o publica em seu portal; à Biblio-
teca Guita e José Mindlin da Universidade de São Paulo (USP), que se dispôs
a receber, conservar e abrir para consulta o conjunto da obra e o acervo docu-
mental que o acompanha; ao Instituto Socioambiental (ISA), grande fonte de
documentação e informações; à Universidade Federal do Pará e à Universidade
de São Paulo que acolheram a proposta em sua plataforma de projetos;

a Aline Santos Lopes, Aloizio Mercadante, Andréa Dias Victor, Bruno


Marangoni Martinelli, Eunice Fernandes Personini, Fábio Scarano, Helena Na-
der, Ildeu de Castro Moreira, Léa Gomes de Oliveira, Mercedes Bustamante;

e a todos os autores que colaboraram voluntariamente com este gi-


gantesco levantamento!
Seção 6
Biodiversidade e agrobiodiversidade
como legados de povos indígenas
Coordenador: Eduardo G. Neves

Autores:

André Braga Junqueira; Carolina Levis; Charles R. Clement; Denise Paul Schaan;
Diogo de Oliveira; Eduardo G. Neves; Jennifer Watling; Juliana Lins; Laura
Furquim; Manuel Arroyo-Kalin; Mariana Franco Cassino; Myrtle Shock; Priscila
Ambrósio Moreira; William Balée

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 7


Sumário

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................12
Eduardo G. Neves

6.1. O TESTEMUNHO DA ARQUEOLOGIA SOBRE A BIODIVERSIDADE,


O MANEJO FLORESTAL E O USO DO FOGO NOS ÚLTIMOS 14.000 ANOS
DE HISTÓRIA INDÍGENA............................................................................................................14
Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves
6.1.1. Ocupação das Américas e histórias indígenas de longa duração............................. 14
6.1.2. Biodiversidade de plantas durante o Holoceno.......................................................... 18
6.1.3. Paleoambiente, paleofogos e manejo agroflorestal no passado................................. 23
6.1.4. Uso de paisagens humanizadas por comunidades tradicionais do presente........... 31

6.2. AS TERRAS ANTRÓPICAS DA AMAZÔNIA:


MAIS QUE SOMENTE TERRAS PRETAS...................................................................................35
Manuel Arroyo-Kalin
6.2.1. A história das pesquisas sobre terras pretas................................................................ 38
6.2.2. Cronologia e distribuição regional de terras pretas antrópicas................................. 40
6.2.3. Fatores incidentais na formação dos solos antrópicos pré-coloniais....................... 41
6.2.4. Fatores intencionais que levam .................................................................................... 44
à formação de solos antrópicos na Amazônia....................................................................... 44
6.2.5. Ocupações intensivas e prolongadas, ou ambas?........................................................ 45
6.2.6. Conclusão: o legado antrópico da Amazônia pré-colonial........................................ 47

6.3. DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS E DE PAISAGENS............................................................... 49


Priscila Ambrósio Moreira, Carolina Levis, André Braga Junqueira, Mariana
Franco Cassino, Juliana Lins, Charles R. Clement
6.3.1. Populações de plantas domesticadas............................................................................ 51
6.3.2. Paisagens domesticadas.................................................................................................. 52
6.3.3. A geografia da diversidade biocultural no Brasil........................................................ 53
6.3.4. Conclusões....................................................................................................................... 55

6.4. FLORESTAS ANTROPOGÊNICAS E BIODIVERSIDADE...................................................... 58


William Balée, Denise Paul Schaan
6.5. A ANTROPOGENIA DA MATA ATLÂNTICA.......................................................................... 61
Diogo de Oliveira

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 8


BOXES

Box 1 – Das castanheiras aos castanhais................................................................................................ 22


Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves
Box 2 – A domesticação impressa: síndromes materiais da seleção nos vestígios
arqueológicos............................................................................................................................................. 25
Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves
Box 3 – De agrofloresta a pasto: o Acre após 500 anos de colonização............................................. 30
Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves
Box 4 – O passado e o presente da domesticação do açaí (Euterpe oleracea)
no estuário amazônico.............................................................................................................................. 55
Priscila Ambrósio Moreira, Carolina Levis, André Braga Junqueira, Mariana Franco
Cassino, Juliana Lins, Charles R. Clement

Bibliografia citada.................................................................................................................................... 64

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 9


6. Biodiversidade
e agrobiodiversidade
como legados
de povos indígenas
Coordenador: Eduardo G. Neves

Introdução
Eduardo G. Neves1

Os capítulos aqui apresentados trazem uma síntese do conhecimento atualmente


disponível sobre o papel das práticas de conhecimento dos povos indígenas no passado na
construção da agrobiodiversidade e parte da biodiversidade do Brasil contemporâneo. O
recorte cronológico não é rígido, mas o foco principal é o longo período de mais de 10.000
anos transcorrido desde a transição entre o Pleistoceno e o Holoceno, ao redor de 11.000
anos atrás, até o início da colonização europeia, há cerca de 500 anos. A maior parte das
discussões vem de estudos de caso da Amazônia, região onde pesquisas sobre o tema têm
sido mais avançadas nos últimos anos. Os capítulos foram escritos por arqueólogos, ecólo-
gos e antropólogos, o que demonstra o caráter transdisciplinar dessas pesquisas.

Das sínteses aqui apresentadas, merecem destaque algumas informações, abaixo


enumeradas:

1. Desde pelo menos 11.000 anos há evidências de consumo de algumas plantas


até hoje utilizadas no Brasil, dentre as quais a castanha-do-brasil, goiaba, ariá, mandioca e
palmeiras como o açaí, o tucumã, a bacaba, o murumuru e o buriti;

2. A Amazônia foi um importante centro de domesticação de plantas, bem como


do manejo de plantas importantes e não domesticadas;

3. Desde pelo menos 6.000 anos há evidência de intensificação no cultivo de algu-


ma dessas plantas, como a mandioca e o milho. Nesta mesma época surgem os primeiros
sinais de produção dos solos férteis e produtivos, resultado do manejo humano, conheci-
dos como “terras pretas de índio”;

4. Desde pelo menos 2.000 anos terras pretas de índio se disseminaram por gran-

1 Laboratório de Arqueologia dos Trópicos – Museu de Arqueologia e Etnologia – Universidade de São Paulo.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 10


des áreas da bacia amazônica, abrindo novas áreas para o cultivo que são utilizadas até o
presente;

5. Também a partir de pelo menos 2.000 anos se intensificou o uso do fogo para o
manejo de florestas, o que levou à alteração da composição florística original desses bos-
ques e à formação de matas antropogênicas com espécies hiperdominantes;

6. Este padrão disseminado de criação de paisagens ao redor de 2.000 anos atrás é


também visível no Bioma Mata Atlântica no litoral e planalto meridional do sul do Brasil;

7. Terras indígenas e unidades de conservação protegem as florestas e garantem a


reprodução da agrobiodiversidade;

8. Unidades de conservação devem incluir populações tradicionais;

9. Estratégias das populações tradicionais foram e são consistentemente baseadas


na diversificação agrobiológica.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 11


6.1. O testemunho da arqueologia sobre
a biodiversidade, o manejo florestal e o uso do fogo
nos últimos 14.000 anos de história indígena

Laura Furquim2, Jennifer Watling3, Myrtle Shock4, Eduardo G. Neves5

6.1.1. Ocupação das Américas e histórias indígenas de longa duração


A arqueologia é uma fonte privilegiada para o entendimento da longa história so-
cioambiental que envolve pessoas, plantas, animais e paisagens no Brasil antigo. Além dos
vestígios materiais que compõem as matrizes dos sítios arqueológicos, as plantas que re-
cobrem os sítios arqueológicos são artefatos vivos, manifestações de processos seculares
ou milenares de construção de paisagens compostas por florestas antropogênicas (BALÉE,
2008; CASSINO et al., 2019), florestas hiperdominantes (TER STEEGE et al., 2013) e plan-
tas domesticadas (CLEMENT et al., 2010). Este texto pretende explorar, a partir da expo-
sição de um quadro cronológico sobre a antiguidade da ocupação humana das terras bai-
xas da América do Sul, as continuidades e mudanças dos históricos de manejo ambiental,
acumuladas na forma de conhecimento entre populações tradicionais (SMITH, 2012) e
materializadas na biodiversidade da flora atual. Para isto, traremos estudos de caso arqueo-
lógicos, em especial da região amazônica, que servem de base para pensar o histórico de
manejo pretérito sul-americano.

O início da ocupação do continente, bem como as estratégias de produção de ali-


mentos e as práticas de manejo ambiental dos primeiros grupos que habitaram as terras
baixas, são temas ainda bastante controversos na literatura arqueológica (BUENO; DIAS;
STEEL, 2013; BOËDA et al., 2016; VIALOU et al., 2017; POSTH et al., 2018; entre ou-
tros). Sabe-se que a ocupação da América do Sul já havia se estendido até o Cone Sul do
continente em 14.147 cal. A.P.6, quando povos indígenas conviveram com mamíferos ex-
tintos (POLITIS et al., 2016), dentre os quais destacam-se espécies da megafauna como a
preguiça gigante (Megatherium americanum) e o cavalo americano (Equus neogeus). Nas
regiões tropicais do continente, algumas das espécies de plantas inicialmente consumidas e

2 Laboratório de Arqueologia dos Trópicos – Museu de Arqueologia e Etnologia – Universidade de São Paulo.
3 Laboratório de Arqueologia dos Trópicos – Museu de Arqueologia e Etnologia – Universidade de São Paulo.
4 Departamento de Arqueologia – Universidade Federal do Oeste do Pará.
5 Laboratório de Arqueologia dos Trópicos – Museu de Arqueologia e Etnologia – Universidade de São Paulo.
6 Todas as datas mencionadas nesta seção estão em anos calendáricos Antes do Presente (A.P.), que por convenção é 1950, ob-
tidos por calibração (cal.) com desvio padrão de 1 sigma.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 12


selecionadas por essa megafauna extinta – como o pequiá (Caryocar villosum), o cupuaçu
(Theobroma grandiflorum), o babaçu (Attalea speciosa) e o jenipapo (Genipa americana) –
foram e são até hoje consumidas por populações indígenas, motivo pelo qual alguns auto-
res sugerem que povos indígenas substituíram esses animais em seu processo de dispersão
(GUIMARÃES; GALETI; JORDANO, 2008).

No Brasil, a transição entre as épocas geológicas do Pleistoceno e Holoceno, ocor-


rida entre 12.000 e 10.000 anos A.P. foi definida por um padrão de povoamento aparente-
mente esparso, que não permite inferir rotas de migração ou dispersão, mas que se iniciou
através da ocupação recorrente de abrigos, vales e cachoeiras (BOWSER; ZEDEÑO, 2009).
Sítios distantes entre si, como a Toca do Sítio do Meio (PI), a Lapa do Boquete (MG) e a
Caverna da Pedra Pintada (PA) eram já povoados há 12.000 anos [2.440 ±230 A.P. e 11.145
±135 A.P. (ROOSEVELT et al., 1991; BOËDA et al., 2016; ARAUJO; NEVES; KIPNIS,
2012)]. Pouco mais de 1.000 anos depois, todos os biomas brasileiros já estavam ocupados
por grupos com distintas tecnologias de aquisição e processamento de plantas e animais,
sugerindo uma dispersão territorial rápida. Os vestígios associados incluem artefatos como
pontas de projéteis, anzóis, percutores, entre outros instrumentos utilizados para processar
alimentos e sustentar uma dieta generalista, não especializada, de amplo espectro, com
consumo de animais de pesca e de caça de médio e pequeno porte, tubérculos, palmeiras e
outras plantas (PEREIRA, 2016; ROOSEVELT et al., 1996; etc.).

A Caverna da Pedra Pintada (PA), localizada no bioma amazônico em um ambiente


de mosaico entre florestas e savanas, é o sítio arqueológico com ocupação mais antiga da re-
gião, habitada desde o final do Pleistoceno (13.566-12.308 cal. A.P). Seus habitantes tinham
uma dieta baseada na pesca, na caça de animais terrestres e aquáticos (como tartarugas e
peixes), e no consumo de frutas de diferentes espécies. Foi identificada grande quantida-
de de pericarpos de Arecaceae, como o tucumã (Astrocaryum vulgare), o buriti (Mauritia
flexuosa), a bacaba (Oenocarpus cf. bacaba), e outras menos utilizadas atualmente como
Attalea microcarpa, Attalea spectabilis, Acrocomia sp.7 (ver BOX 2). Eram também consumi-
dos o jutaí (Hymenaea parvifolia), a pitomba (Talisia esculenta), o murici (Byrsonima sp.) e
plantas do gênero Solanum. Esses vestígios foram encontrados em áreas de fogueira (antigas
áreas de cocção de alimentos), ou dispersos em áreas de descarte (ROOSEVELT et al., 1991;
ROOSEVELT, 1991, 1996; SILVA SANTOS, 2016) e representam usos concomitantes de
áreas florestadas e de áreas abertas.

7 As palmeiras possuem, em todo continente sul-americano, uma dispersão geográfica e cronológica bastante ampla, com pre-
sença em todos os sítios arqueológicos já estudados pela arqueobotânica (MORCOTE-RÍOS; BERNAL, 2001), além de serem
os vestígios mais abundantes em diversos desses locais. Concentrações de Arecaceae na forma de pomares (açaizais, caiauezais,
urucurizais, etc.) são fitoindicadores da presença humana pretérita, e demonstram a continuidade do manejo ao longo de mi-
lênios (BALÉE, 1999).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 13


Ecótonos e ambientes de transição entre florestas e savanas parecem ter sido locais
privilegiados para o manejo de plantas no início da ocupação humana da Amazônia e do
Cerrado, conforme sugerido anteriormente por Harris (1972) e Piperno e Pearsall (1998)
para a América do Sul. Há, em Pedra Pintada e em outros abrigos com datas ainda mais
antigas, como Santa Elina (MT), uma combinação de espécies típicas de ambos os biomas
(BACHELET; SCHEEL-YBERT, 2018; ROOSEVELT, 1996). Esses contextos teriam am-
pliado o leque de recursos disponíveis e provido o quadro ambiental para a experimenta-
ção e modificação das espécies utilizadas pelos grupos humanos do passado, uma vez que
o transporte de variedades de plantas para fora de seu habitat requer algum tipo de mo-
dificação e adaptação. Atualmente, porém, estes são os ambientes com maior fragilidade,
decorrente do avanço do desmatamento e de mudanças climáticas que fragilizam as áreas
de transição florestais e aumentam o risco de incêndios naturais ou artificiais (FLORES;
PIEDADE; NELSON, 2014).

Plantas com populações domesticadas no presente (cf. CLEMENT et al.,1999b)


eram já consumidas nesse período, fossem estas de origem local ou de outras partes do
continente. No sítio Teotônio, localizado em um terraço às margens do Rio Madeira, ocu-
pações associadas à indústria lítica Girau ao redor de 9.000 A.P., composta por ferramentas
de pedra lascada, possuem vestígios de feijão (Phaseolus sp.), abóbora (Cucurbita sp.) – já
com indícios de domesticação – e ariá (cf. Calathea allouia) – um pequeno tubérculo pouco
consumido atualmente (WATLING et al., 2018). Em ocupações subsequentes no mesmo
sítio foram identificados grãos de amido de mandioca (Manihot sp.) presentes em pequenas
lascas de quartzo da indústria Massangana, ao redor de 6.000 A.P., que são interpretados
como dentes de ralador (WATLING et al., 2018). Esses contextos nos mostram que, além
do manejo de espécies arbóreas, havia também o cultivo de espécies sazonais herbáceas,
processadas através de diferentes tecnologias líticas de pedra lascada (Figura 1).

A transição para o Holoceno Médio (ca. 8.000-4.000 A.P.) foi marcada por uma
série de mudanças ambientais, como variações climáticas e alternância acentuada entre
períodos mais ou menos secos, e consolidação de alguns dos ecótonos que perduram até
o presente, como é o caso do Pantanal do Guaporé, na fronteira entre Brasil e Bolívia
(MAYLE et al., 2016; PESSENDA et al., 1998, 2001). Mudanças na composição florística
de alguns dos importantes biomas brasileiros foram acompanhadas por processos de
modificações ambientais antrópicas próximo aos sítios arqueológicos. Através de um
processo coevolutivo envolvendo indígenas e paisagens (RINDOS, 1984; CLEMENT et
al., 2010), do uso controlado do fogo – voltado à limpeza de pequenas áreas para mo-
radia e/ou cultivo – e do estímulo, favorecimento e introdução de espécies úteis, foram
formados sistemas agroflorestais que envolviam plantas de ciclo curto e de ciclo longo
(NEVES; HECKENBERGER, 2019).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 14


Figura 1. Plantas cultivadas no Holoceno Inicial e Holoceno Médio, sítio Teotônio, Alto Rio Madeira, Porto
Velho, RO. Fonte: Watling et al. (2018).

No Sambaqui Monte Castelo, localizado no Pantanal do Guaporé e ocupado de


6.000 A.P. até o presente (Figura 2, Monte Castelo), por diferentes populações indígenas
e não indígenas (MILLER, 2009; PUGLIESE; ZIMPEL; NEVES, 2017; FURQUIM, 2018)
houve, no Holoceno Médio, um consumo combinado de espécies exógenas e locais, que
envolveu um cultivo estacional e um manejo de áreas vicinais (FURQUIM, 2018). A ali-
mentação envolvia plantas cultivadas como o milho (Zea mays), a abóbora (Cucurbita sp.)
e o cará (Dioscorea sp.), que eram combinadas com espécies manejadas como a castanha
(Bertholletia excelsa), o Theobroma sp. (cacau/cupuaçu), o murici (Byrsonima sp.) e a goiaba
(Guava sp.) (FURQUIM, 2018; WATLING et al., 2018). Os habitantes da região utilizaram
uma variedade de arroz silvestre (Oryza sp.) selecionando indivíduos com grãos maiores,
a ponto de deixar marcas morfoanatômicas em estruturas de sílica (fitólitos) presentes nas
cascas dos grãos da espécie (HILBERT et al., 2017).

Em suma, os vestígios arqueológicos indicam: (1) a existência de plantas domes-


ticadas e cultivadas desde a transição Pleistoceno/Holoceno, entre 12.000 e 9.000 A.P., (2)
o início da modificação de solos decorrentes de atividades cotidianas no Holoceno Médio
entre 8.000 e 6.000 A.P., e (3) uma mudança no adensamento e na dispersão de áreas com
solos antrópicos e novas tecnologias de manejo hídrico e florestal a partir do Holoceno
Tardio ao redor de 3.000 A.P. Esses processos foram, porém, regionais e descontínuos, re-
flexo da alternância entre ciclos de maior e menor coalescência social e política, resultando
em distintas formas de interação com o ambiente (NEVES, 2012).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 15


Figura 2. Vista do sambaqui Monte Castelo, que é a ilha artificial construída a partir de 6.000 anos atrás em uma
área de transição entre campos alagados e florestas de terra firme na Bacia do Médio Rio Guaporé, Rondônia.
Foto: Eduardo G. Neves.

6.1.2. Biodiversidade de plantas durante o Holoceno


Um banco de dados arqueobotânico com compilação de resultados divulgados
em livros, artigos e relatórios de pesquisa relativos a 188 sítios arqueológicos dos Neo-
trópicos (FURQUIM, 2018) identificou 76 famílias e 240 espécies de plantas8, com base
no estudo de sementes, lenhos, fitólitos, grãos de amidos e de pólen preservados nos
sedimentos e artefatos arqueológicos (MORCOTE-RÍOS; BERNAL, 2001; SILVA et al.,
2016; CAROMANO, 2010; entre outros).

Os dados indicam um padrão manifestado em diferentes escalas: é notável o au-


mento gradual da agrobiodiversidade produzida por povos indígenas no passado e um
padrão resiliente composto pelo cultivo combinado de plantas silvestres e domesticadas,
com ciclos curtos e longos, incluindo espécies frutíferas, tubérculos, grãos, oleaginosas e
castanhas. Enquanto houve, durante o Holoceno Inicial, vestígios do uso de 46 gêneros
de plantas, o número passou a 75 gêneros no Holoceno Médio, e chegou a 134 gêneros
no Holoceno Tardio. Esses dados indicam um claro aumento na agrobiodiversidade, em

8 Distribuídas entre Belize, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Guia-
na Francesa, Honduras, México, Panamá, Peru, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela. Para a presente publicação
foi realizado um recorte geográfico que priorizou o bioma amazônico.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 16


um quadro no qual plantas atualmente utilizadas como bases da alimentação entre muitas
comunidades indígenas e ribeirinhas parecem ter sido componentes relativamente menos
importantes em sistemas de cultivos baseados na diversificação e não na especialização
(ROOSEVELT, 1996; HERMENEGILDO et al., 2017). Algumas dessas plantas (como abó-
bora e feijão) estão presentes na dieta dos povos indígenas dos Neotrópicos há cerca de
9.000 anos, anteriormente, portanto, ao surgimento das primeiras cerâmicas, ao estabele-
cimento difundido da vida aldeã, à formação das primeiras terras pretas e ao desenvolvi-
mento de técnicas agrícolas de modificação do solo, mostrando que o manejo e o cultivo
de plantas são práticas que compõem o conhecimento tradicional ameríndio desde o início
da ocupação humana da América do Sul.

Há um extenso debate acerca da construção de paisagens antrópicas, florestas an-


tropogênicas e do incremento da biodiversidade alfa (local) e beta (regional) por povos
indígenas no passado, bem como da relação entre biodiversidade e diversidade de plan-
tas úteis (BALÉE, 1999; JUNQUEIRA; SHEPARD; CLEMENT, 2011; NEVES, 2012, TER
STEEGE et al., 2013; CLEMENT et al., 2015; LINS et al., 2015; ARROYO-KALIN, 2017;
LEVIS et al., 2017; entre outros). Na Amazônia, esses processos se manifestam tanto na
criação de ilhas de florestas antrópicas próximas a sítios arqueológicos – nas quais a bio-
diversidade é mais elevada que em outros locais – quanto na construção de uma hiperdo-
minância florística, que foi ao menos parcialmente influenciada pelo manejo humano no
passado. Os efeitos desses processos são duradouros e parecem se dispersar em “ondas” de
antropização, tendo as áreas de acampamento e moradia como pontos centrais, espalhan-
do-se através de jardins, roçados, áreas de manejo e coleta, e em ambientes diversos, entre
beiras de rios, terraços, várzeas e terras firmes.

Florestas antrópicas são paisagens formadas pelo acúmulo de práticas e formas de


interação entre pessoas e plantas, que podem emergir através de diversos processos que in-
cluem, ou não, a ação humana direta, tais quais a sucessão vegetal, a quebra da dormência
de sementes através do fogo, a retirada da cobertura vegetal ou ainda o manejo de plantas
competidoras (LINS et al., 2015; CAROMANO, 2016; FAUSTO; NEVES, 2018) (Figura 3).

A Amazônia possui cerca de 390 bilhões de árvores agrupadas em 16.000 espécies,


das quais apenas 227 (ou seja, 1,4%) representam metade do total de árvores do bioma.
Tais espécies são conhecidas como hiperdominantes (TER STEEGE et al, 2013). Dentre as
espécies hiperdominantes há 85 com populações domesticadas/manejadas, cuja dispersão
e concentração foram possivelmente influenciadas pela ação humana no passado (LEVIS
et al., 2017). O gráfico abaixo apresenta 20 espécies hiperdominantes com maior ubiqui-
dade e com sinais de manejo e domesticação para explorar a antiguidade da história da
construção da floresta pelos povos indígenas.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 17


Figura 3. Apiário de meliponídeas em meio a açaizal, comunidade de Ponta da Castanha, Lago Tefé, Alvarães,
AM. Foto: Eduardo G. Neves.

Dentre as espécies de palmeiras hiperdominantes o açaí-do-pará (Euterpe precatória),


o açaí-do-mato (Euterpe oleraceae), o patauá (Oenocarpus bataua), e o murumuru
(Astrocaryum murumuru) são aquelas com maior população e concentração no presente.
Sua distribuição cronológica, porém, é bastante distinta. Apesar do uso do gênero Euterpe
sp. ser documentado desde o Holoceno Inicial, não é possível avaliar se uma das espécies
de açaí mencionadas está presente nos sítios com datas mais antigas. Sabe-se que o açaí (E.
precatoria e E. oleraceae) é manejado desde pelo menos 2.000 anos A.P., ligado a áreas de flo-
resta na Amazônia brasileira e colombiana em que há ocorrência de sítios com terras pretas.
O mesmo ocorre com a bacaba. Há evidências de que plantas do gênero Oenocarpus sp. são
consumidas desde 11.000 A.P., mas vestígios de Oenocarpus bacaba estão presentes apenas
a partir do Holoceno Médio. As demais palmeiras, como patauá (O. bataua), murumuru
(Astrocaryum murumuru), buriti (Mauritia flexuosa), inajá (Attalea maripa) e tucumã
(Astrocaryum aculeatum), são manejadas desde o Holoceno Inicial, há cerca de 11.000 anos A.P.,
e estão presentes em abrigos sob rocha e sítios a céu aberto, com ou sem solos antropogênicos.

Há informações menos precisas acerca de outras espécies de árvores frutíferas. O ta-


perebá (Spondias mombin) foi identificado no Médio Orinoco há c. 4.000 A.P. e no Médio
Solimões há c. 1.000 A.P. relacionado a terras pretas antropogênicas (TPA). Devido a dificul-
dades na resolução taxonômica na identificação de restos de plantas, não há até o momento

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 18


Figura 4. Dispersão geográfica (mapa) e cronológica (gráfico) das 20
espécies hiperdominantes com populações manejadas ou domesticadas
na Amazônia. No gráfico, linhas cheias correspondem ao uso contínuo,
e linhas pontilhadas correspondem a usos possivelmente contínuos,
inferidos a partir da estratigrafia dos sítios arqueológicos em que foram
identificados. Mantivemos, à direita do gráfico, os gêneros Astrocaryum,
Euterpe, Attalea e Theobroma, por indicarem possíveis usos para as
espécies correlatas. Adaptado de: Furquim (2018).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 19


evidências que comprovem a antiguidade do uso específico da seringueira (Hevea brasiliensis),
cacau (Theobroma cacao), cupuí (Theobroma subincanum), cacuí (Theobroma speciosum), abiu
(Pouteria caimito), pequiarana (Caryocar glabrum), bacupari (Garcinia macrophylla), ingá
(Inga edulis) ou da uva-da-amazônia (Porouma cecropiifolia). Conhecemos o uso do gênero
Theobroma sp. no sambaqui Monte Castelo há cerca de 4.500 A.P., e no sítio São João, locali-
zado no Médio Solimões e datado em cerca de 1.000 A.P. Sementes dos gêneros Caryocar sp. e
Spondias sp. possuem datas do Holoceno Tardio na Colômbia, Peru e Amazônia brasileira, ao
passo que Pouteria sp. e Inga sp. são datados de c. 10.000 A.P. no abrigo de Santa Elina (MT).

Estudos clássicos (POSEY; BALÉE, 1989; BALÉE, neste volume; POLITIS, 2007),
mostram como até pequenos grupos de caçadores-coletores podem chegar a mudar a con-
figuração de espécies úteis nos seus arredores e criar ambientes mais produtivos. Tais prá-
ticas, agrupadas sob o termo “agrofloresta” (DENEVAN, 2006), foram revisadas por Levis
et al. (2018) (ver MOREIRA et al., neste volume), indicando que a hiperdominância da
flora amazônica foi ao menos parcialmente construída em um processo coevolutivo entre
indígenas e plantas desde o início do Holoceno.

Box 1 – Das castanheiras aos castanhais

Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves

A castanheira é uma espécie heliófita, que se beneficia de clareiras abertas


na floresta para seu crescimento (MORI; PRANCE, 1990). A presença de
grandes e densos castanhais associados aos sítios arqueológicos é um padrão
constante ao longo de toda a calha amazônica, e vem sendo apontada por
diversos pesquisadores como um dos principais indicativos da presença hu-
mana no passado (BALÉE, 2008; SHEPARD; RAMIREZ, 2012; CASSINO
et al., 2019). Essa associação se deve a uma combinação cíclica entre práticas
de manejo de plantas e animais, nas quais a abertura de espaços destinados
aos roçados abre espaço também para o desenvolvimento de sementes de
castanha, provavelmente carregadas e enterradas por um de seus disperso-
res, as cutias (Dasyprocta leporina), atraídas às áreas de cultivo em função
da disponibilidade de alimentos, e que seriam, posteriormente, atraídas pela
presença do castanhal, que passa então a ser utilizado como área de caça pe-
los povos indígenas. O conhecimento desses ciclos de sucessão entre roças,
capoeiras e castanhais é difundido entre diversos grupos contemporâneos,
como os Wajãpi (AP), que reconhecem os castanhais como os roçados das
cutias (OLIVEIRA, 2016), e realizam atividades periódicas de manejo e lim-

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 20


peza da área, em uma espécie de “gestão compartilhada” dos mesmos.

A ampla dispersão geográfica das castanheiras parece ter ocorrido, porém,


durante o Holoceno Tardio, quando sua presença se disseminou por diversas
partes do bioma amazônico, nas Bacias dos Rios Negro, Solimões, Madeira e
Amazonas. Na Amazônia Central, alguns desses castanhais contemporâneos
(datados através da dendrocronologia) chegam a ter mais de 400 anos de an-
tiguidade (ANDRADE, 2017), confirmando a resiliência dessas paisagens.

Figura 5. Bertholletia excelsa. À esquerda: Bertholletia excelsa moderna carbonizada para a coleção de
referência arqueobotânica. À direita: B. excelsa arqueológica; Sítio Sol de Campinas do Acre. Fotos: Laura
Furquim, Myrtle Shock.

6.1.3. Paleoambiente, paleofogos e manejo agroflorestal no passado


O manejo de plantas e do fogo teve papel essencial na construção de paisagens e
nichos na história da ocupação humana nos Neotrópicos (PIPERNO; PEARSALL, 1998).
O uso do fogo no manejo ambiental já era praticado pelo Homo sapiens muito antes da
colonização das Américas, e compunha sistemas básicos de manejo de recursos naturais
(BOIVIN et al., 2016; ROBERTS et al., 2017). No presente, sistemas de manejo do fogo
utilizados pelos povos indígenas provêm a linha de base utilizada pela arqueologia para
identificar a presença de tais sistemas no passado (CASSINO et al, 2019).

Dentre as práticas de manejo agroflorestais pretéritas, o uso do fogo teve um papel


importante na abertura de roças, na adição de nutrientes ao solo, no extermínio de pestes e
ervas daninhas, ou na prevenção de incêndios mais severos (LEVIS et al., 2018). A própria
existência de plantas domesticadas pode ser utilizada como uma evidência indireta dessas
estratégias de manejo.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 21


Figura 6. Castanheira “mãe de todas”, a maior e provavelmente mais antiga do castanhal localizado junto à
comunidade de Ponta da Castanha, Lago Tefé, Alvarães (AM). Foto: Eduardo G. Neves.

Na Amazônia, Clement (1999, neste volume) identificou 122 espécies que exibem
algum grau de domesticação, ou seja, cujos fenótipos e genótipos foram modificados pela
seleção humana ao longo de milênios. Tais modificações foram realizadas e mantidas con-
comitantemente a um processo de domesticação da paisagem, em que populações inteiras (e,
consequentemente, seus fluxos gênicos) foram manejadas (CLEMENT, 1999a). A riqueza e
diversidade das plantas domesticadas, como resultado da coevolução entre indígenas, plantas
e paisagens antrópicas (RINDOS, 1984; CLEMENT et al., 2010) é um importante aspecto da
história do manejo ambiental no passado e no presente.

A arqueologia mostra, por exemplo, que a mandioca já era cultivada entre 10.000
e 6.000 anos atrás na região entre Rondônia, Mato Grosso e partes da Amazônia boli-
viana (LOMBARDO et al., 2020; WATLING et al., 2018). É importante lembrar que
a mandioca silvestre não se reproduz por clonagem, e que essa forma de reprodução

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 22


foi desenvolvida pelos indígenas para que outros traços vantajosos pudessem se tor-
nar perenes de forma mais eficaz, como a presença de raízes maiores e mais produtivas
(RIVAL; MCKEY, 1998). No início, então, a seleção envolvia a remoção e o isolamento
de indivíduos para evitar cruzamento com populações silvestres, operando mudanças
paisagísticas derivadas. Essas práticas formam a base dos sistemas agroflorestais de hoje
e já estavam em curso há 10.000 anos.

Embora a mandioca se reproduza através de sementes, a reprodução vegetativa ou


clonagem foi desenvolvida pelos povos indígenas para que modificações vantajosas per-
cebidas em alguns indivíduos (como a presença de raízes maiores ou com características
mais adequadas a algum tipo de processamento desejado) pudessem se tornar perenes. Tal
prática compõe sistemas de troca de estacas e variedades regionais entre aldeias até hoje,
como pode ser observado nos sistemas agrícolas tradicionais no Rio Negro (EMPERAIRE;
PERONI, 2007) e Amapá (OLIVEIRA, 2019). No início, portanto, o desenvolvimento de
uma espécie domesticada pode ter envolvido o isolamento de indivíduos silvestres. A sele-
ção, porém, envolveu a proliferação de variedades regionais a partir da clonagem, com as
quais as variedades reproduzidas por semente nos roçados ou capoeiras garantiria a fecun-
dação cruzada e a produção de novas variedades. Tais práticas formam a base de sistemas
agroflorestais prevalentes até hoje.

Box 2 – A domesticação impressa: síndromes


materiais da seleção nos vestígios arqueológicos

Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves

A domesticação das plantas é um conjunto de processos que, no contexto


das culturas humanas, modificam atributos morfológicos, bioquímicos e/ou
genéticos das espécies (FULLER et al., 2014; SERENO, 2008). Geralmen-
te, é possível observar diferenças entre variedades domesticadas e silvestres
de plantas, em função de suas dinâmicas de crescimento, do tamanho das
sementes, frutos, folhas ou tubérculos, de seus sabores e de suas toxinas.
Além desses parâmetros mais conhecidos de domesticação, a interação en-
tre humanos e plantas pode ter influências nas formas de se fazer mudas de
sementes e no tempo de germinação das mesmas, além de alterar os ciclos de
reprodução e disponibilidade de frutos (exemplo: plantas que passam a dar
mais frutos de uma só vez ao contrário de plantas que dão frutos de manei-
ra espaçada ao longo do ano). Nem todas essas mudanças, decorrentes dos
processos de domesticação, ficam gravadas no registro arqueológico, mas

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 23


alguns sinais podem sugerir o manejo de determinadas plantas no passado
(ZEDER, 2015).

Quando uma determinada planta é encontrada fora da região geográfica de


seus ancestrais, sugere-se implicitamente que a ação humana esteja por trás
do transporte, cultivo de sua dispersão. Isto foi o que ocorreu com o milho,
espécie domesticada inicialmente na Mesoamérica, e encontrada em diver-
sos locais da Amazônia (DICKAU et al., 2011; KISTLER et al., 2019). Outro
sinal importante de processos de domesticação perceptível no registro ar-
queológico é a modificação morfológica de diferentes partes da planta, como
as sementes, fitólitos, frutos e tubérculos (HASTORF, 1998; PEARSALL,
2015). No caso do arroz silvestre, essas modificações podem ser percebi-
das no aumento do grão que provocou um maior tamanho nos fitólitos da
sua casca (HILBERT et al., 2017). Em outros contextos arqueológicos onde
as sementes estão preservadas, é frequente compararmos as dimensões das
sementes arqueológicas com populações domesticadas e silvestres, a fim de
verificar se houve aumento ou redução intencional no tamanho das mesmas
(FULLER, 2007).

Ainda sobre o tamanho, é necessário também dizer que nem sempre a mu-
dança no tamanho é intencional. Nos casos da abóbora e da goiaba, por
exemplo, o interesse pela polpa do fruto desencadeou o crescimento de uma
semente maior (SMITH, 1997). No estado atual do estudo da domesticação
de plantas, a arqueologia pode contribuir com informações sobre as dimen-
sões, a morfologia e a distribuição de plantas, mas até agora não há ferra-
mentas para provar o registro direto de mudanças como o sabor, a presença
de açúcar ou toxinas e o aumento na polpa de uma fruta. Há também limita-
ções na determinação das áreas de início dos processos de manejo e domes-
ticação, em função de uma fragmentação do conhecimento sobre os sítios
arqueológicos na América do Sul. Por isso, o entendimento das diferentes
histórias de domesticação só pode avançar unindo elementos trazidos pela
arqueologia, etnologia, genética e linguística (ZEDER et al., 2006).

No sítio Teotônio (RO), a recuperação de sementes de palmeiras carbonizadas,


junto a vestígios de outras espécies frutíferas que possuem populações cultivadas no pre-
sente (por exemplo: castanha, pequiá, goiaba e biribá) em camadas de ocupação datadas
entre ca. 9.000 e 6.000 anos A.P. é outra evidência indireta de manejo agroflorestal desde
as primeiras ocupações da região (FURQUIM, 2018; WATLING et al., 2018) (Figura 7). A

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 24


presença de goiaba (Psidium sp.) pode sugerir o uso do fogo nesses sistemas, uma vez que
essa fruta é altamente associada a áreas perturbadas e florestas secundárias.

Como sistemas agroflorestais se estendem muito além das áreas habitadas, as evi-
dências de sua existência no passado também podem ser identificadas através de estudos
paleoecológicos que reconstroem a história da vegetação e do fogo para além dos sítios
arqueológicos, permitindo uma correlação entre presença humana e mudanças ecológicas
em maior escala (MAYLE; IRIARTE, 2014; WATLING et al., 2017).

A evidência mais utilizada para detectar fogo no passado é o carvão, que pode ser
quantificado e datado a partir de coletas de sedimento, solo e testemunhos lacustres. Identi-
ficar paleofogos antrópicos, porém, requer o estabelecimento de uma associação precisa com
áreas e atividades humanas, devido à possibilidade da ocorrência de focos de fogo naturais,
particularmente durante períodos climáticos mais secos e em regiões com vegetação de sava-
na. No cerrado do Brasil central, por exemplo, testemunhos do Lago Comínia contêm carvão
datados em ca. 32.000 anos A.P., anterior à presença humana na região (VERNET et al., 1994)
(mas ver também ARAUJO, 2013; VIALOU et al., 2017). É provável que muitas espécies do
cerrado tenham evoluído através das pressões colocadas por queimadas. A partir da chegada
dos povos indígenas, entretanto, o fogo provavelmente começou a ser usado para estimular a
produção de frutas comestíveis, controlar pestes e ajudar na caça (MISTRY, 1998).

Figura 7. Estrutura de fogueira datada em cerca de 6.000 anos associada a camada de ocupação com terras pretas,
sítio Teotônio, Porto Velho, RO. Foto: Eduardo G. Neves.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 25


O registro paleoambiental pode também conter vestígios de queimadas provocadas
por práticas de cultivo e outras ações antrópicas. Testemunhos lacustres de diferentes partes
da Amazônia: Comprida (BUSH et al., 2000), Geral, Santa Maria, Saracuri (BUSH et al.,
2007), Curuá (BEHLING; COSTA, 2000), Crispim (BEHLING; COSTA, 2001), Tapajós
(IRION, 2006) e Caranã (MAEZUMI et al., 2018) no leste; Gentry e Parker (BUSH et al.,
2007), Chaplin e Bella Vista (BURBRIDGE; MAYLE; KILLEEN, 2004), Chalalán e Santa
Rosa (URREGO et al., 2013) e Rogaguado (BRUGGER et al., 2016) no sudoeste, registram
carvões desde pelo menos 8.000 cal. anos A.P., quando a maioria desses lagos se formou. Na
Amazônia, florestas dificilmente queimam naturalmente, mesmo em lugares com estações
secas mais prolongadas (NEPSTAD et al., 2004), razão pela qual a presença desses carvões é
atribuída à atividade humana (BUSH et al., 2007; MAYLE; POWER, 2008).

Ademais, os índices de carvão em muitos desses registros são mais frequentes duran-
te o Holoceno Médio (ca. 8.200-4.000 cal. A.P.) que durante o Holoceno Tardio (a partir de
4.000 cal. A.P.) – um padrão compartilhado no cerrado (VERNET et al., 1994) – o que pode
estar associado a um período de clima mais seco ao redor de 6.000 A.P., durante o qual as
queimadas antrópicas e naturais podem ter alcançado dimensões maiores, como visto muito
recentemente no Acre (ARAGÃO et al., 2007). Um padrão semelhante ocorre no Holoceno
Tardio, onde períodos mais intensos de El Niño se correlacionam com maior ocorrência de
carvão em lagos e solos amazônicos (BUSH et al., 2008, 2017). Quando acompanhados por
análises palinológicas é possível ver diretamente, em alguns desses registros, a abertura da
floresta para o plantio de cultivos (notavelmente milho) desde pelo menos 6.000 A.P. no su-
doeste (BUSH et al., 2016), e 4.500 A.P. no leste (BUSH, 2000) da Amazônia.

Evidências diretas de manejo de plantas de ciclo longo, porém, são mais escassas
no registro paleoecológico, já que a resolução taxonômica permitida por pólens fósseis é
muitas vezes restrita ao nível de gênero e é comum que um gênero que contenha espécies
utilizadas também contenha espécies não utilizadas. No entanto, um estudo paleoecológico
realizado em Santarém (PA) quantificou a abundância de gêneros econômicos anuais (mi-
lho, mandioca e abóbora) ao longo de 8.500 anos de história e mostrou que sua frequência
no registro aumentou com o uso de fogo na região a partir de 4.500 cal. A.P (MAEZUMI et
al., 2018). Estudos arqueobotânicos em sítios arqueológicos na região também mostraram
a intensificação desses sistemas agroflorestais ao longo do tempo (ALVES, 2016). No leste
do Acre, outro estudo detectou um aumento em focos regionais de fogo a partir de ca. 4.000
cal. A.P. e uma subsequente proliferação de palmeiras na paisagem, também interpretada
como uma proliferação de práticas de manejo no Holoceno Tardio, concomitante à ocupação
da região (WATLING et al., 2017). Em sítios arqueológicos localizados nessa região, como
Sol de Campinas, datado entre ca. 1.000 e 600 A.P., há vestígios do uso destas palmeiras – a
exemplo do urucuri (Syagrus coronata) – em fogueiras provavelmente relacionadas à cocção

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 26


e/ou a atividades cotidianas de moradia, associadas a grandes quantidades de grãos de milho
(NEVES et al., 2016) (Figura 8).

Fora da Amazônia, solos ou camadas estratigráficas antrópicas compõem diversos ti-


pos de sítios arqueológicos, como os sambaquis do litoral sul e sudeste e sedimentos acumu-
lados em sítios de abrigo na região de Lagoa Santa (MG), entre muitos outros sítios localiza-
dos em abrigos ou a céu aberto. Em Lagoa Santa, nos sítios Lapa do Santo, Lapa das Boleiras
e Lapa Grande de Taquaraçu, apenas as ocupações do Holoceno Inicial (ca. 11.500 a 8.500
cal. A.P.) acumularam camadas de cinzas com até 80 cm de espessura, resultantes de um uso
intenso de fogueiras (ARAUJO et al., 2008; VILLAGRAN et al., 2017). Dentre os vestígios de
carvões da Lapa das Boleiras, destaca-se a abundância de palmeiras (principalmente Syagrus
sp.), interpretada como relacionada a material de combustão e de consumo (NAKAMURA
et al., 2015). Os ocupantes do Holoceno Inicial, entre ca. 9.600 e 8.700 A.P. também utiliza-
vam frutas como jatobá (Hymenaea sp.), o araticum (Annona crassiflora) e o pequi (Caryocar
brasiliense), típicos das áreas de cerrado e/ou transição entre cerrado e floresta.

No planalto meridional (PR, SC e RS) sítios arqueológicos relacionados a populações


associadas aos ancestrais dos povos Kaingang e Xokleng Laklanõ, como casas subterrâneas e
estruturas circulares, começam a aparecer por volta de 2.000 anos atrás (IRIARTE; BEHLING,
2007; BITENCOURT; KRAUSPENHAR, 2006). Nessa região, registros de pólen indicam

Figura 8. Milho amarelo e amendoim processados em pilão de madeira para produção de chicha, Aldeia Palhal,
povo Tupari, Rio Branco, São Francisco do Guaporé, RO. Foto: Eduardo G. Neves.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 27


uma gradual transição entre campos e florestas em ca. 4.480-3.200 A.P., momento em que
o clima torna-se mais úmido, formando florestas de galeria marcadas pela presença de
araucária (Araucaria angustifolia). Modelos paleoambientais, porém, previram que as flo-
restas deveriam haver se retraído no final do Holoceno, resultando de uma tendência para
climas mais secos. A presença desses sítios arqueológicos e o manejo da araucária por
povos indígenas são apontados como os principais fatores de permanência da espécie re-
gistrada entre ca. 1.410 e 900 cal. A.P., momento de maior expansão e adensamento das
florestas na região (ROBINSON et al., 2018; IRIARTE; BEHLING, 2007).

Box 3 – De agrofloresta a pasto: o Acre após 500 anos de colonização

Laura Furquim, Jennifer Watling, Myrtle Shock, Eduardo G. Neves

O Estado do Acre possui um longo histórico de disputas territoriais, cen-


trado no debate acerca dos modelos de exploração e conservação ambiental
propostos por diferentes grupos. Dados de 2017 nos informam que cerca de
45% do total do território é composto por áreas protegidas, dentre as quais
14% são Terras Indígenas, e indicam que o efetivo de rebanhos bovinos e
áreas destinadas a cultivos temporários (em especial milho e cana-de-açú-
car) vem crescendo nos últimos anos (SEPLAN 2017). A retirada progressi-
va da cobertura vegetal revelou a presença de diversos sítios arqueológicos
com estruturas em terra como montículos, valas e estradas, cujos vestígios
arqueobotânicos e paleoambientais nos apontam para um longo histórico de
manejo agroflorestal.

O estudo de Watling e colaboradores (2017) revelou que as áreas onde atual-


mente se encontram os chamados geoglifos, ocupados desde ca. 2.500 anos
atrás (SCHAAN; SAUNALUOMA, 2012; SAUNALUOMA, 2012), encon-
travam-se cobertas por florestas de bambu (Guadua sp.). As intervenções
de derrubada de floresta parecem ter sido restritas às áreas de habitação,
porém, a presença humana está correlacionada ao aumento significativo de
palmeiras nos mesmos locais. Vestígios dessas florestas antrópicas podem
ser encontrados atualmente próximos a esses sítios arqueológicos, a exemplo
do geoglifo Três Vertentes (BALÉE et al., 2013).

Sol de Campinas, um sítio composto por montículos dispostos em formato


circular ao redor de uma praça central e ocupado de modo intermitente en-
tre 1.000 e 400 A.P., representa um modelo de uso do espaço pelos povos in-
dígenas que viveram na atual região leste do Acre. Assim como outros sítios

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 28


semelhantes, se encontra em um pequeno platô encaixado próximo a uma
nascente de água e ao encontro de dois riachos, e foi construído de modo a
aproveitar esse potencial hídrico. No local foi cultivada uma variedade de
milho com um grão pouco maior de 2 mm, utilizado em combinação com
espécies indicadoras de florestas secundárias, como o maracujá (Passiflora
sp.) e o murici (Byrsonima sp.), além de espécies perenes como a castanha
(B. excelsa), o tucumã (Astrocaryum vulgare), o urucuri (Syagrus coronata) e
outras palmeiras (NEVES et al., 2016; FURQUIM, 2017).

Em 1970, após a construção da BR-364, o Instituto Nacional de Coloniza-


ção e Reforma Agrária (INCRA) implementou o PAD Pedro Peixoto – o
segundo maior assentamento do Brasil – na área em que se encontram
diversos sítios como Sol de Campinas. Em função da baixa produtividade
do solo e da pouca experiência dos assentados com seu manejo (64% não
originários da região Norte), a vegetação vem sendo paulatinamente subs-
tituída pela pecuária e pela consequente substituição de áreas florestadas
por pastagens de braquiárias, que somam cerca de 40% da área do PAD
atualmente (BARBOSA, 2003).

Os registros paleoecológicos (WATLING et al., 2017) permitem uma


comparação entre práticas de cultivo de plantas no passado e no presente
mostrando que, enquanto o manejo indígena levou ao aumento da agrobio-
diversidade, as atuais práticas de uso da terra são caracterizadas por desma-
tamento em uma escala espacial e temporal nunca vista antes. Cerca de 500
estruturas arqueológicas já foram identificadas no leste do Acre, a grande
maioria localizada em área de pasto. A supressão das florestas parcialmente
antropizadas formadas há mais de 2.000 anos leva a uma rápida exaustão
do solo, que em pouco tempo fica improdutivo para a agricultura. Um olhar
para o passado pode não só valorizar a história indígena, como também
apontar para novas estratégias de manejo agroflorestal e hídrico que possi-
bilitaria o cultivo aliado à conservação ambiental.

6.1.4. Uso de paisagens humanizadas


por comunidades tradicionais do presente
As paisagens legadas pelos grupos indígenas que ocupam a Amazônia há milênios
são percebidas e incorporadas por comunidades tradicionais modernas, sejam estas in-
dígenas, quilombolas, extrativistas ou ribeirinhas, e integram parte de seu conhecimento
ecológico tradicional (SMITH, 2012) e de suas práticas de manejo e cultivo. Terras Pre-

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 29


Figura 9. Sítio Sol de Campinas do Acre, Senador Guiomard (AC), uma antiga aldeia composta por montículos
residenciais dispostos ao redor de uma praça central da qual saem caminhos lineares radiais. Foto: Deyvesson Gusmão

tas Antropogênicas, plantas e paisagens são frequentemente utilizadas como “recursos


arqueológicos” (ROCHA et al., 2014) na construção de roças, quintais, florestas e agro-
florestas modernas. A construção do conhecimento ecológico tradicional passa por uma
relação direta entre conhecedores e conhecedoras através de gerações, mas também por
um engajamento criativo que une tradição e inovação através de um aprendizado que se
constrói através de memórias inscritas no território. A agrobiodiversidade atual é positiva-
mente relacionada à história de ocupação humana e resulta da variabilidade sociocultural
no passado, ao mesmo tempo em que é favorecida pelo uso de solos antropogênicos ar-
queológicos no presente (Figura 10).

Estudos sobre a fertilidade do solo, a presença de materiais arqueológicos – incluin-


do a Terra Preta Antropogênica – e a agrobiodiversidade presente em quintais no baixo Rio
Madeira (AM), demonstraram que há uma correlação positiva entre esses três vetores (JUN-
QUEIRA et al., 2016a, 2016b). Do mesmo modo, inventários florísticos realizados em quin-
tais localizados em comunidades assentadas sobre TPA no Rio Urubu (AM), comprovam
que sítios ocupados ao longo do tempo por diferentes grupos suportam maior heterogenei-
dade e diversidade na sua composição vegetal (LINS et al., 2015). Ademais, espécies exóticas
são aquelas que mais necessitam das condições favoráveis das Terras Pretas Antropogênicas,
uma vez que não foram selecionadas para os solos amazônicos (JUNQUEIRA et al., 2016a e
2016b), e por isso os sítios arqueológicos são utilizados para seu plantio.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 30


Além de influenciar na hiperdominância de espécies de grande porte (DAP>10cm)
(TER STEEGE et al., 2013; LEVIS et al., 2017), a presença de sítios arqueológicos também
influencia na biodiversidade de espécies de pequeno porte, como herbáceas e lianas, em to-
dos os níveis da estrutura florística amazônica. A continuidade do manejo por populações
tradicionais e as escolhas culturais relacionadas são apontadas como os principais vetores
nesse processo (LINS et al., 2015; JUNQUEIRA et al., 2016a, 2016b).

Desde o início da colonização europeia, porém, tem ocorrido um gradual decrés-


cimo na agrobiodiversidade das terras baixas, resultante da diminuição drástica do tama-
nho da população indígena, de processos de emigrações de populações tradicionais e do
desmantelamento de extensas redes de troca que conectavam pessoas, plantas, territórios e
conhecimentos (CLEMENT, 1999a; SAMPAIO, 2010; UGARTE, 2003). Além disso, entre
os povos indígenas, a disseminação de espécies exóticas vem se ampliando desde a criação
do Serviço de Proteção ao Índio, no início do século XX. O aumento no cultivo de plantas
como a soja, o arroz asiático, o café e o dendê africano promove um direcionamento dos
investimentos de produtores de médio porte em seu cultivo, ao passo que desvaloriza a

Figura 10. Banana pacová, cará-roxo, batata doce, mamão, macaxeira, mandioca e mingau de banana,
Comunidade Ponta da Castanha, Lago Tefé, Município de Alvarães (AM). Com a provável exceção da banana,
todas são plantas nativas cultivadas há centenas ou milhares de anos que até hoje compõem a dieta de populações
tradicionais e urbanas dos neotrópicos. Foto: Eduardo G. Neves.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 31


cadeia produtiva de produtos tradicionais. O exame da localização dos sítios arqueológicos
(com ou sem TPA) datados dos últimos quinhentos anos anteriores à colonização e o mapa
dos territórios indígenas homologados pelo Estado nos mostram como diversas áreas tra-
dicionalmente ocupadas por povos indígenas são atualmente destinadas a outros usos, e o
quanto há poucas terras indígenas junto às calhas dos grandes rios, áreas que foram densa-
mente ocupadas no passado (Figura 11). Tais mudanças colocam em risco a continuidade
de um processo milenar de construção da biodiversidade e da agrobiodiversidade, essen-
ciais para a manutenção da segurança climática e alimentar do planeta.

Figura 11. Sítios arqueológicos datados dos últimos 500 anos antes da colonização (1.000-1.500). Fonte: Eduardo
Tamanaha (sítios arqueológicos); Funai (terras indígenas homologadas).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 32


6.2. As terras antrópicas da Amazônia:
mais que somente terras pretas9
Manuel Arroyo-Kalin10

As terras pretas antrópicas da Amazônia – conhecidas também como Terras Pretas


de Índio ou simplesmente Terras Pretas – são grandes áreas de solos que podem ser areno-
sos ou argilosos, escuros e profundos que variam em tamanho entre uma e várias dezenas
de hectares. Essas verdadeiras ‘ilhas edáficas’ são encontradas em diferentes regiões da
bacia amazônica, geralmente em terras não inundáveis próximas a grandes rios e lagos,
ou – menos frequentemente – em áreas interfluviais adjacentes a pequenos cursos de água.
Se caminharmos sobre uma delas, é improvável que saibamos – especialmente se a área
estiver coberta de vegetação – que pisamos sobre um solo com características especiais.
Por outro lado, os pequenos agricultores que vivem em sua vizinhança certamente saberão
sobre sua existência e suas características especiais: essas terras são extraordinariamente
férteis e, portanto, muitas vezes servem como substrato para a horticultura doméstica, a
agricultura de coivara ou, ainda, a monocultura intensiva. No contexto mais amplo dos
solos da Amazônia – que em geral perdem facilmente seus nutrientes e, quando despro-
vidos de cobertura vegetal, são muito suscetíveis à erosão – a fertilidade incomum das
terras pretas antrópicas poderia sugerir um fenômeno natural excepcional. No entanto,
como explicaremos a seguir, são o resultado centenário de processos de formação de solos
atuando em superfícies terrestres enriquecidas pelas práticas de assentamento das socieda-
des pré-colombianas da Amazônia. Portanto, as terras pretas antrópicas da Amazônia são
verdadeiros legados antrópicos de seus antigos habitantes (PETERSEN et al., 2001).

Se percorrermos uma área de terras pretas sem vegetação, várias características


atrairão nossa atenção. A primeira é a coloração escura do solo. A segunda, especialmente
perceptível se examinarmos um corte vertical – por exemplo, um barranco de estrada ou
o perfil exposto por uma escavação arqueológica (Figura 12) – é que o horizonte mineral
e orgânico superior (o que os pedologistas chamam de horizonte A) é notoriamente mais
espesso que o de outros solos na vizinhança. Essa característica revela uma maior densida-
de de matéria orgânica que se estabilizou vários decímetros abaixo da superfície. Estudos

9 Minha especial gratidão a Manuela Carneiro da Cunha pelo convite para participar desta obra, e ao colega Marcio Meira, que
revisou o português deste capítulo. Uma versão dele foi já publicada no livro “Las siete maravillas de la Amazonía precolombina”
(2017) organizado por Stéphen Rostain e Carla Jaimes Betancourt. As fotos das Figuras 12 e 13 foram tomadas como parte das
pesquisas do Projeto Amazônia Central, apoiadas pela FAPESP sob a coordenação de Eduardo Góes Neves e com auxílio de
uma bolsa da Wenner-Gren Foundation. As fotos das Figuras 14 e 16 foram tomadas ao longo de uma visita ao Rio Caquetá com
Gaspar Morcote-Ríos, apoiada pela Santander Universities e a University College London.
10 Institute of Archaeology, University College London.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 33


de química do solo ampliam nossa compreensão dessas propriedades excepcionais: em
comparação com as áreas vizinhas imediatas, as terras pretas antrópicas em geral apresen-
tam características químicas, tais como pH mais básico, uma maior capacidade de troca
de cátions, alta saturação de bases, e altas concentrações de – entre outros – cálcio, fósforo,
magnésio, potássio, bário, cobre, manganês, estrôncio, zinco e carbono (GLASER; BIRK,
2012. Este último – carbono – é principalmente orgânico e inclui uma proporção muito
alta de carvão vegetal (Figura 13), que está concentrada na fração mais fina do sedimento
(ARROYO-KALIN; NEVES; WOODS, 2009). De acordo com os marcadores moleculares,
esse carbono pirogênico pode alcançar densidades até 70 vezes maiores que os solos mais
próximos (GLASER et al., 2000). A partir desses dados, a alta fertilidade dessas terras não
é surpreendente: muitas plantas são sensíveis ao pH do solo e competem para capturar os
baixos níveis de nutrientes disponíveis. Nas terras pretas antrópicas, as altas concentrações
elementares e a capacidade de troca catiônica oferecem altos níveis de nutrientes em um
substrato com pH mais alto que os solos amazônicos comuns.

Figura 12. Sítio arqueológico Hatahara, Amazonas, Brasil. Através de escavações arqueológicas é possível
entender melhor os processos e a história de formação de uma área de terra preta. Nesta escavação, em primeiro
plano, observa-se uma feição arqueológica de formato circular, provavelmente um poço para armazenamento.
Na parede exposta pela escavação, na metade esquerda, observa-se a um buraco recente que foi preenchido com
o sedimento escuro da parte superior do depósito. A distribuição da cerâmica evidencia eventos específicos de
descarte e acumulação no passado. Foto: Manuel Arroyo-Kalin.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 34


Figura 13. Fotomicrografias
de lâminas delgadas
de terras pretas, sítio
arqueológico Hatahara,
Amazonas, Brasil. Foto
superior: fragmentos de
carvão (C) e (H) osso em
processo de fragmentação,
juntamente com fragmentos
arredondados de argila
queimada (A). Foto central:
fragmentos de carvão (C)
em um estado avançado
de fragmentação: observe-
se que a cor escura é
fortemente influenciada pela
presença deles. Foto inferior:
fragmento de cerâmica (P)
com antiplástico cauxi e
pequenos fragmentos de
osso (H). Fotos: Manuel
Arroyo-Kalin.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 35


Além de suas características edáficas, esses solos contêm grande quantidade de
vestígios arqueológicos: fragmentos de vasos cerâmicos e instrumentos de pedra, restos de
argila calcinada, pedaços de carvão, e – em alguns casos – fragmentos de ossos. O arranjo
deles, que pode parecer à primeira vista aleatório e caótico, geralmente marca a presença
de superfícies de antigas casas, estruturas de combustão, postes (Figura 12, acima), poços,
aterros e, até mesmo, enterramentos humanos. Ficará então fora de qualquer dúvida que
estamos diante de um sítio arqueológico com características muito particulares: não ape-
nas suas propriedades químicas incomuns ajudam a preservar os vestígios arqueológicos,
mas – como veremos – a própria terra é um artefato arqueológico sui generis: um solo
antrópico.

6.2.1. A história das pesquisas sobre terras pretas


A investigação científica dedicada ao estudo de terra antrópica escura na Amazô-
nia tem aumentado de forma constante desde o início deste milênio (GLASER; WOODS,
2004; LEHMANN et al., 2003; TEIXEIRA et al., 2009; WOODS et al., 2009). No entanto,
nossa primeira notícia data das últimas décadas do século XIX, quando cientistas como
o geólogo americano Frederick Hartt e o naturalista Herbert Smith registraram grandes
áreas de solos escuros e férteis que, naquele momento, estavam sendo cultivadas com mi-
lho, mandioca, cana, tabaco e guaraná por ribeirinhos, escravos libertos, e populações in-
dígenas (HARTT, 1885; SMITH, 1879). Esses estudiosos logo observaram o grande nú-
mero de artefatos indígenas visíveis nos mesmos solos, verificando sua presença a uma
profundidade de até dois metros. Percebendo que essas áreas de terra preta contrastavam
fortemente com os solos circundantes, entendendo que compunham superfícies lineares
em terraços altos com vista para os grandes rios, e comparando-as com os sedimentos es-
curos dos grandes aterros arqueológicos de Taperinha e da Ilha de Marajó, concluíram que
as terras pretas eram vestígios de antigos assentamentos indígenas.

As explorações desses solos foram continuadas por Curt Nimuendajú, que em


1920 registrou a distribuição de áreas de terra preta com vestígios arqueológicos associa-
dos – incluindo artefatos, aterros, poços e estradas – perto das bocas dos Rios Tocantins,
Tapajós, Arapiuns, Nhamundá, Trombetas e Monte Alegre no Brasil. Mesmo que Nimuen-
dajú (1949) também não tivesse dúvida de que esses solos indicavam a presença de assen-
tamentos pré-coloniais sedentários e densamente povoados, a comunidade científica da
primeira metade do século XX deu pouco crédito, inicialmente, a essa interpretação. Isso
levou à formulação de várias teorias “geográficas” sobre a origem desses solos. Em termos
gerais, essas teorias sugeriam que as áreas de terra preta teriam se formado a partir de
acumulações naturais de materiais orgânicos ou minerais de origem fóssil ou vulcânica.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 36


Os argumentos apoiando essas afirmações não eram exatamente robustos e logo foram
refutados pelo pedólogo holandês Wim Sombroek (1966), que mostrou que a composição,
variabilidade, e localização dessas terras não eram consistentes com um fenômeno natural.
Os estudos de Sombroek documentaram algumas das propriedades mais importantes do
solo (por exemplo, o seu elevado teor orgânico e a alta capacidade de troca de cátions) e
distinguiram dois tipos de terras escuras: as terras pretas propriamente ditas (solos escuros
e com grandes quantidades de artefatos) e as terras marrons, de cor marrom ou cinza, sem
artefatos, e com propriedades físico-químicas intermédias entre terras pretas e os solos da
região. Já na década de 1960, Sombroek sugeriu que as primeiras haviam se formado a par-
tir da decomposição do lixo em antigos assentamentos indígenas, enquanto que as últimas
marcavam áreas de queimadas frequentes associadas a antigas práticas agrícolas.

Naquela década começaram a ser publicados os resultados das pesquisas do ar-


queólogo alemão Peter Hilbert (1968), que documentou a presença de vestígios arqueo-
lógicos em terras pretas localizadas ao longo dos principais rios da metade ocidental da
Amazônia brasileira. Como Nimuendajú, Hilbert concluiu que as terras pretas sugeriam a
presença de assentamentos humanos de longa duração. Utilizando a técnica de datação por
radiocarbono, então recém-lançada, ele conseguiu balizar cronologicamente as ocupações
associadas a partir do primeiro milênio da era cristã. Contudo, mesmo que a nascente co-
munidade de arqueólogos amazônicos tivesse prestado atenção aos trabalhos de Hilbert,
ela levou ainda mais de duas décadas para entender a relevância de suas observações sobre
as terras pretas. Foi somente quando o geógrafo Nigel Smith (1980) apresentou um novo
inventário das terras pretas da Amazônia brasileira que as coisas começaram a mudar. Ele
acrescentou informações sobre sua distribuição, tamanho, e conteúdo de artefatos arqueo-
lógicos, mostrando que eram consistentes com a presença de grandes aldeamentos nas
beiras dos rios, como os registrados nas crônicas a partir do século XVI. Smith sugeriu
ainda que a cor escura era a consequência da incorporação de carvão e cinzas produzidos
pelas fogueiras nesses grandes assentamentos. Isto o levou a argumentar que a presença
das terras pretas permitia invalidar uma das pedras angulares do determinismo ecológico
que naquela época dominava a arqueologia amazônica: de fato as sociedades indígenas
pré-coloniais tinham alterado a fertilidade de maneira permanente e positiva. A capacida-
de de carga apontada pelos dados etnográficos, portanto, não poderia ser entendida como
um teto imutável e limitador do crescimento demográfico na época pré-colonial.

A partir da década de 1980, pesquisas arqueológicas voltaram a considerar a im-


portância do estudo das terras pretas. É preciso mencionar aqui as pesquisas no curso
médio do Rio Caquetá (ANDRADE, 1986; EDEN et al.,1984; HERRERA et al., 1992) na
Colômbia, as pesquisas em Oriximiná e Caxiuanã (KERN; KÄMPF, 1989; KERN, 1996)
no Brasil, as pesquisas na Guiana Francesa (VACHER et al., 1998), e a continuidade das

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 37


pesquisas na região de Santarém (WOODS; MCCANN, 1999). Esses estudos levantaram
algumas perguntas arqueológicas básicas: quando e como se formaram esses solos antró-
picos? Quais são os eixos de sua variabilidade e como se relacionam com as ocupações
arqueológicas? Foram intencionalmente formados pelos antigos habitantes para fins agrí-
colas, ou são resultado incidental de processos de formação do solo que atingem antigas
áreas de assentamento abandonadas? E, independente de uma ou outra possibilidade, as
áreas de terras pretas antrópicas foram usadas como áreas agrícolas no passado, como são
no presente? Além desses aspectos, outras perguntas que atualmente atraem a atenção da
comunidade científica são: qual é a distribuição regional das terras pretas antropogênicas
na Amazônia? É possível interpretar sua cronologia e sua variabilidade como resultado de
uma maior densidade populacional na era pré-colombiana? Como veremos, as investiga-
ções atuais continuam tentando responder a essas e a outras perguntas.

6.2.2. Cronologia e distribuição regional de terras pretas antrópicas


Nossas informações sobre a distribuição espacial e temporal das terras pretas ama-
zônicas têm aumentando à medida que avançam as pesquisas arqueológicas. De um modo
geral, tem sido documentada a existência de solos antropogênicos de terras pretas em di-
ferentes substratos, incluindo tanto áreas não inundáveis como alagadiças, e substratos
sedimentares terciários e quaternários. A distribuição conhecida de sítios arqueológicos
com solos antrópicos no bioma amazônico mostra que, embora sejam observados em pra-
ticamente todas as regiões da bacia amazônica, eles parecem menos comuns na Amazônia
ocidental, no Peru, Equador, Bolívia e oeste do Acre. Resta verificar se esse é um viés de
amostragem resultante da maior intensidade das pesquisas arqueológicas no Brasil nas
últimas três décadas ou, de fato, uma característica de sua distribuição que merece outras
explicações. De maneira similar, e considerando que a nossa informação sobre a localiza-
ção dos casos interfluviais é resultado fortuito dos padrões de desmatamento, é possível
que a densidade real dos solos antrópicos localizados nas áreas mais afastadas dos grandes
rios seja maior do que sabemos atualmente.

Em termos cronológicos e culturais, embora horizontes antrópicos melaniza-


dos sejam reportados nas ocupações humanas que remontam ao Holoceno inicial e mé-
dio (ARROYO-KALIN, 2010a), é aquele registrado na ocupação pré-cerâmica da fase
Massangana, na região do Alto Rio Madeira, Brasil, que foi datado de cerca de 3.500 a.C.
(MILLER, 1992; WATLING et al., 2018). No entanto, a grande maioria das ocupações
conhecidas é mais recente e está em torno do início da era cristã (HECKENBERGER;
NEVES, 2009). Embora não seja possível atribuir áreas de terra preta para uma única cul-
tura arqueológica, vários autores têm sugerido ligações entre a sua proliferação inicial e a

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 38


expansão de grupos ceramistas Barrancoides/Tradição borda incisa (ARROYO-KALIN,
2010b; MYERS, 2004; NEVES et al., 2014). Consideradas como um todo, as ocupações
arqueológicas em terras pretas tornam-se mais frequentes a partir de 500 d.C. e continuam
pelo menos até a época colonial; várias delas indicam ocupações prolongadas nos mesmos
locais (ARROYO-KALIN, 2008; EDEN et al., 1984; MORAES; NEVES, 2012; ROSTAIN,
2012; SCHMIDT et al., 2014).

A distribuição regional de terras pretas na Amazônia tem sido um parâmetro im-


portante nas recentes discussões sobre o impacto ambiental das sociedades pré-coloniais
(ARROYO-KALIN, 2012; CLEMENT et al., 2015; DENEVAN, 1992; MCMICHAEL et
al., 2014; WINKLERPRINS; ALDRICH, 2010). Nessas avaliações, bem como em outros
estudos sobre a fertilidade das terras pretas, o foco são as grandes áreas antropizadas com
terras pretas espessas e com abundantes fragmentos de cerâmica. Porém, as terras antrópi-
cas pré-coloniais apresentam uma variabilidade enorme, que de fato dificulta sua quantifi-
cação numa escala geográfica.

6.2.3. Fatores incidentais na formação dos solos antrópicos pré-coloniais


Como foram formados os solos antrópicos pré-coloniais da Amazônia? Wim Som-
broek e seus colegas (2002) elaboraram um modelo elegante e simples que sintetiza os
fatores que levariam a sua formação. O modelo das Lixeiras Domésticas (Kitchen-Midden
Model) sugere que as terras pretas seriam resultado da decomposição de resíduos alimen-
tares, resíduos domésticos, combustão de resíduos, e excrementos humanos concentrados
em lixeiras monticulares. As lixeiras já tinham chamado a atenção de Myers (1973), que
discutiu seu formato – anelar ou linear – em relação com a organização dos assentamentos:
áreas de descarte em volta das malocas, casas ao redor de praças, ou fileiras de casas na bei-
ra dos rios. Múltiplas observações etnográficas registraram práticas de descarte semelhan-
tes (DEBOER; LATHRAP, 1979; SILVA, 2003; ARROYO-KALIN, 2008; SCHMIDT et al.,
2014). Estudos de variabilidade química do solo associada às áreas de atividade em comu-
nidades indígenas, por sua vez, documentaram variações significativas nas propriedades
físico-químicas dos solos nos pátios centrais, casas e lixeiras (HECHT, 2003; SCHMIDT;
HECKENBERGER, 2006). Esse padrão com teores químicos diferenciados foi ainda medi-
do em sítios arqueológicos com terras pretas (COSTA; KERN, 1999; HECKENBERGER,
1998; SCHMIDT et al., 2014; COSTA; KERN, 2013; REBELLATO; WOODS; NEVES,
2009). Estudos pedológicos e geoarqueológicos integrando micromorfologia, química, e
susceptibilidade magnética de solos documentaram o tipo de resíduos responsáveis pe-
las variações, incluindo peças microscópicas de carvão, osso, cerâmica e argila queimada
(LIMA et al., 2002; SCHAEFER et al., 2004; ARROYO-KALIN; NEVES; WOODS, 2009,

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 39


ARROYO-KALIN, 2014b); estudos de marcadores lipídicos mostram a presença de ésteres
associados a resíduos humanos (BIRK et al., 2011); e estudos arqueobotânicos e zooar-
queológicos mostram vestígios de plantas cultivadas ou comestíveis (CAROMANO, 2013;
MORA, 2003; SHOCK, 2014) e ossos de fauna aquática (PRESTES-CARNEIRO et al.,
2016), resultados das práticas de alimentação pré-colonial.

Resumindo, as lixeiras domésticas são uma fonte óbvia de sedimentos enriquecidos


e escuros, semelhantes aos das grandes extensões de terras antrópicas pretas reconhecidas
por arqueólogos e geógrafos. No entanto, a presença nas terras pretas de enterramentos hu-
manos (MACHADO, 2005; RAPP PY-DANIEL, 2009) e uma alta densidade de inclusões
antropogênicas microscópicas na fração mais fina do sedimento, podem também sugerir
outros modelos para explicar sua formação. Um deles é o modelo de que terras pretas se
formaram a partir dos sedimentos acumulados no interior de malocas ocupadas por lon-
gos períodos: como é sugerido por vários estudos (STAHL; ZEIDLER, 1988; ZEIDLER,
1983). Nessa perspectiva, apesar das atividades de limpeza no interior das casas, o pisoteio
humano em superfícies que ficam protegidas das chuvas e de outros agentes, acabam enter-
rando uma fração artefatual pequena que é análoga àquela observada nos estudos geoar-
queológicos de terras pretas. Nesse modelo, as unidades domésticas tornam-se verdadeiras
‘armadilhas de sedimentos’ que concentram artefatos pequenos, restos de comida, cinzas
e carvão vegetal (Figura 14), além da fuligem acumulada nas folhas de palmeira usadas
tradicionalmente nos tetos das casas (ARROYO-KALIN, 2008). Outra hipótese foca nas
atividades associadas a áreas de produção intensiva de vasos cerâmicos, que tenderiam a
enriquecer a superfície com fragmentos de cerâmica, argila calcinada, carvão microscó-
pico, e cinzas (subprodutos da preparação de antiplásticos e da queima dos vasos). Nessa
hipótese, a queima de vasos num local pode ter ajudado a concentrar carvões e aumentar
os níveis de susceptibilidade magnética das superfícies de trabalho (ARROYO-KALIN;
NEVES; WOODS, 2009; SERGIO et al., 2006).

É evidente que os modelos apresentados não são incompatíveis entre si, mas, pelo
contrário, complementares. Como colocou Erickson (2003), as áreas de terras pretas são,
provavelmente, resultado de uma mistura de acumulação deliberada de lixo, remobilização
de sedimento enriquecido e solos antropogênicos já formados, e palimpsestos de ocupação
que envolvem sequências de diferentes distribuições de casas e outras instalações. Nesse
sentido, é essencial considerar a vasta gama de processos de modificação da paisagem – an-
trópicos e naturais – que necessariamente acontecem desde o início da ocupação humana
em uma localidade (no passado) até a descoberta de uma área de terra preta (no presente).
A formação de aldeias sempre teria sido precedida por práticas de queima e limpeza da
vegetação, expondo o solo ao intemperismo e à erosão (VACHER; JÉRÉMIE; BRIAND,
1998). Na época da ocupação, a construção de casas, a localização de áreas de atividade, e a

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 40


Figura 14. Maloca localizada no Rio Caquetá, Colômbia. Observe-se à direita a zona de consumo de ipadú
(mambeadero), bem como (à esquerda) a zona de queima de folhas para a produção de cinza. As mudanças
de cor visíveis na superfície estão relacionadas tanto à densidade de deposição de cinzas e carvão, quanto ao
derramamento de água durante as práticas diárias de limpeza. O teto de folhas de palmeira protege as múltiplas
deposições e pisoteio que acabam acontecendo dentro das moradias, de fato concentrando-os num sedimento
que é passível de se tornar um solo antrópico. Foto: Manuel Arroyo-Kalin.

formação de áreas de trânsito levam à formação do que Morgan Schmidt e colegas (2014)
chamam ‘paisagens de lixeiras’. Nessas paisagens antropizadas provavelmente se sucederam
práticas diversas que – na escala espacial do assentamento – levam à remoção de materiais
(por exemplo, descarte de objetos deteriorados), à extração de sedimentos (por exemplo,
escavação de buracos, poços e trincheiras), ao enriquecimento dos solos (por exemplo, en-
terramento de resíduos queimados), à mistura de sedimentos (por exemplo, trabalhos em
quintais e terreiros) e à realocação de sedimentos (por exemplo, para construção de plata-
formas e aterros). Após o abandono, a ação intensiva de processos erosivos (por exemplo,
os efeitos erosivos do escoamento da água seguido de regeneração da vegetação), deposi-
ção de sedimentos (por exemplo, o colapso de estruturas de argila queimada associadas à
cozinha ou fabricação de cerâmica; os sedimentos deslocados pela queda de árvores), e os
processos pedogenéticos (por exemplo, os efeitos da fauna do solo sobre as superfícies, a
estratificação, a ocupação, com mudanças na química do solo que afetam a preservação
arqueológica) conduzem à remodelação do relevo das superfícies de ocupação antrópi-
ca, formando as grandes áreas de terra preta (ARROYO-KALIN, 2014b; KERN; LIMA
DA COSTA; FRAZÃO, 2004; VACHER et al., 1998; WOODS, 1995). Se adicionarmos a

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 41


Figura 15. Modelo conceitual da formação de terras antrópicas nas paisagens do bioma amazônico. Em cima:
estabelecimento de assentamentos e ligeira modificação do solo com base nas atividades de manejo de vegetação,
eliminação de resíduos, cultivo. Observe-se a maior densidade de frutos comestíveis produto da antropização da
paisagem. No meio: formação de terras pretas e terras marrons a partir da reutilização dos mesmos espaços para
diferentes fins ao longo do tempo. Observem-se os legados bióticos na forma de uma maior densidade de árvores
frutíferas. Embaixo: abandono das áreas ocupadas e regeneração da floresta sobre um solo antrópico, ou seja,
modificado localmente pela atividade humana pretérita. Conceituação do autor. Adaptado de: ROBERTS et al.
(2017).

esse cenário dinâmico as transformações produzidas por sucessivas reocupações, além do


recente uso dessas áreas para fins agrícolas, podemos vislumbrar como grandes áreas de
ocupação acabaram sendo transformadas nas terras pretas atualmente visíveis (Figura 15).

6.2.4. Fatores intencionais que levam


à formação de solos antrópicos na Amazônia
Embora seja tentador assumir que áreas de solos antrópicos pretos foram reuti-
lizadas como terras agrícolas na época pré-colonial, várias observações (CARNEIRO,
1983; GERMAN, 2003; SMITH, 1879) sugerem que o cultivo em áreas de terra preta
pode levar ao mesmo tipo de invasões de ervas daninhas e formigas que obrigam muitas
comunidades amazônicas a relocar suas plantações. Alguns investigadores têm sugerido
que seria possível identificar adições de sedimentos de aluvião nesses solos antropogê-
nicos (HERRERA et al., 1992; LIMA et al., 2002), que geralmente são formados sobre

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 42


substratos do Terciário. Essas hipóteses, que não foram amplamente confirmadas, ba-
seiam-se na premissa de que os solos antrópicos expressariam tecnologias antigas para
o melhoramento do solo (ver também MYERS, 2004). Ao invés de assumir que as terras
pretas antrópicas são o resultado direto e imediato de um processo de intensificação
agrícola, parece mais apropriado entendê-las como uma consequência das práticas nos
assentamentos e nas áreas destinadas ao cultivo. A evidência que sugere isso é indireta,
mas tem se acumulado ao longo do tempo. Por um lado, dados etnográficos documen-
tam a queima deliberada de lixo doméstico nos quintais de casas (WINKLERPRINS,
2009). Por outro lado, a preparação e o transporte de materiais orgânicos produzidos a
partir de lixo doméstico para aterros e quintais próximos às casas foram bem documen-
tados etnograficamente (HECHT, 2003; MYERS, 2004; SCHMIDT, 2010). Finalmente,
voltemos para os solos antrópicos sem grandes quantidades de cerâmica e os de cor
marrom, as terras mulatas, ou melhor, marrons, identificadas por Sombroek (1966): os
estudos geoarqueológicos sugerem que elas resultariam de técnicas de cultivo com base
na queima frequente nas superfícies e no uso de adubo orgânico (ANDRADE, 1986; AR-
ROYO-KALIN, 2012; DENEVAN, 2004; WOODS; MCCANN, 1999). Assim, como foi
discutido acima ao tratar dos fatores incidentais que levam à formação das terras pretas,
os modelos anteriores não são contraditórios, mas de fato complementares. Por outro
lado, os efeitos decorrentes do cultivo nas proximidades de áreas de assentamento, das
técnicas de manejo do solo, e das mudanças que ocorrem no solo pelas próprias práticas
de cultivo, devem ter se intensificado na época pré-colonial, quando plantas ricas em hi-
dratos de carbono – como milho e mandioca – tornaram-se mais importantes nas dietas
dos diversos povos indígenas da Amazônia.

6.2.5. Ocupações intensivas e prolongadas, ou ambas?


É sabido que na Amazônia as acumulações de carvão em quintais (Figura 16) e
roças deixam a terra mais escura. Ou seja, as observações sobre práticas contemporâneas
já nos oferecem indicações importantes para entender a formação de solos antrópicos pré-
-coloniais. Mas, por que é raro observar a formação de terras antrópicas escuras como as
registradas pela arqueologia nos atuais assentamentos rurais? As razões são múltiplas. Em
primeiro lugar, o tempo de ocupação de aldeias ou comunidades atualmente não parece
ultrapassar os cem anos. Para aldeias indígenas, só recentemente a densidade populacio-
nal atingiu níveis comparáveis com os que são sugeridos pelas reconstruções arqueológi-
cas. Em segundo lugar, devemos considerar que a introdução de animais domésticos não
americanos, especialmente galinhas e cães, afetou significativamente o ciclo de descarte
de resíduos comestíveis nos atuais assentamentos. Terceiro, a produção atual de vasos de
cerâmica, que envolve o transporte de argila, assim como queimas fortes e recorrentes, é

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 43


Figura 16. Queima de folhas no quintal de uma maloca, Rio Caquetá, Colômbia. Atividades como essa podem
ser um dos primeiros passos para a formação de uma terra preta. A produção contínua de carvão a partir das
práticas de manutenção das áreas habitadas deve ter sido mais intensa no passado, quando não havia ferramentas
metálicas para capinar e mantê-las limpas e desmatadas. Foto: Manuel Arroyo-Kalin.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 44


infinitamente menor do que sugerem as pesquisas arqueológicas. Quarto, a disponibilida-
de de implementos de metal hoje facilita as tarefas de manejo de vegetação, seja em roças,
quintais ou assentamentos, o que de fato diminui a utilização do fogo como ferramenta
para manejo de vegetação. Todas essas práticas diminuem as concentrações de sedimentos
enriquecidos que sejam análogos àqueles que reconhecemos arqueologicamente como par-
te dos processos que levaram à formação das terras antrópicas pré-coloniais. Reiteremos,
porém, uma consideração fundamental: não são as ocupações humanas as que produzem
solos antrópicos. Em vez disso, as ocupações humanas geram depósitos de sedimentos
enriquecidos que são transformados, com a passagem do tempo (tanto por processos na-
turais como por práticas humanas), em solos antrópicos.

A arqueóloga Betty Meggers (1990) argumentou que grandes áreas contínuas de


terras pretas se formaram como resultado da sobreposição de ocupações curtas, inferiores
a uma década, já que, para ela, a exaustão do solo nas roças era um fator-chave que levava
a uma alta mobilidade residencial. Seus argumentos foram contestados por Deboer et al.
(1979) e por Heckenberger et al. (1999). Os dados arqueológicos que se acumularam des-
de então sugerem que terras pretas antropogênicas podem resultar de uma ou múltiplas
ocupações, em geral com duração bem maior do que previsto por Meggers. Para avaliar as
dimensões temporal e espacial do fenômeno de formação de terra preta, é útil contrastar as
diferentes dinâmicas de ocupação dos assentamentos no passado: dados de radiocarbono
mostram-nos como uma extensão relativamente pequena de terra preta, no sítio arqueo-
lógico Manduquinha, foi ocupada por um período de cerca de 300 anos antes do contato
europeu. A variabilidade horizontal das concentrações elementares medidas no solo evi-
denciam áreas de tráfego, aterros, lixeiras, habitações, e outros depósitos, sugerindo uma
organização espacial estruturada e relativamente constante durante a ocupação (KERN et
al., 2004). Em comparação, sítios arqueológicos que registraram um palimpsesto de ocu-
pações sedentárias durante um tempo longo (por exemplo, HILBERT, 1968; MORAES,
2006; NEVES, 2007) geralmente apresentam terras pretas de grande porte, com horizontes
A espessos, e sem uma visibilidade evidente do arranjo espacial das áreas de atividade
(ARROYO-KALIN, 2009; WOODS, 1995).

6.2.6. Conclusão: o legado antrópico da Amazônia pré-colonial


As terras antrópicas da Amazônia não apenas desafiam fortemente a ideia de que
a floresta amazônica – um ambiente que até recentemente era considerado impenetrável e
hostil – permaneceu inalterada por seus habitantes pré-coloniais. Elas também fornecem
um exemplo paradigmático de transformações antrópicas cumulativas da paisagem, envol-
vendo aspectos incidentais e intencionais (ARROYO-KALIN, 2016). A literatura recente

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 45


(GLASER; WOODS, 2004; LEHMANN et al., 2003; TEIXEIRA et al., 2009; WOODS et
al., 2009) algumas vezes enfatiza o caráter único e amazônico das terras antrópicas escuras.
No entanto, a pesquisa arqueológica mostra que mudanças semelhantes também ocorrem
em sedimentos arqueológicos em regiões fora do bioma amazônico, por exemplo, no norte
da Colômbia (ACEITUNO; CASTILLO, 2005), na Bacia do Orinoco (ARROYO-KALIN,
2014b) e em áreas subtropicais ao sul da bacia amazônica propriamente dita (PROUS,
1991). A variedade de situações em que ocupações arqueológicas estão associadas com
sedimentos escuros e enriquecidos é, de fato, muito ampla (ARROYO-KALIN, 2014a;
GRAHAM, 2006). Em seguida, é importante reiterar e resumir os fatores mais interessan-
tes do caso amazônico: as áreas de solos antropogênicos atingem tamanhos enormes, têm
teores elementares muito elevados e são fortemente alteradas pelos processos de formação
do solo. Essas modificações aumentaram significativamente o potencial de preservação de
vestígios arqueológicos e geraram ilhas edáficas mais férteis, geralmente localizadas em
áreas atrativas da paisagem. Como tal, os solos antrópicos provavelmente foram não só lu-
gares memoráveis para as sociedades pré-coloniais, mas pela sua vegetação especial, a cor
da terra, e a alta fertilidade, foram locais atraentes e disputados.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 46


6.3. Domesticação de plantas e de paisagens

Priscila Ambrósio Moreira11, Carolina Levis12, André Braga Junqueira13,


Mariana Franco Cassino14, Juliana Lins15, Charles R. Clement16

Quando os europeus chegaram no continente americano, estima-se que os po-


vos nativos do Brasil já manejavam intensivamente pelo menos 122 espécies nativas de
plantas domesticadas e 55 espécies domesticadas trazidas de outras partes das Américas
(CLEMENT, 1999a, 2001; LEVIS et al., 2017), além de utilizar para diferentes finalidades
pelo menos outras 3.000 espécies (REVILLA; CARDENAS, 2002). Ao produzir alimentos
em seus quintais e roças e manejar a fauna e flora, esses povos domesticaram florestas,
savanas e campos, incluindo áreas alagáveis, criando uma grande diversidade de paisa-
gens culturais (BALÉE, 2013; FURQUIM et al., neste volume; BALÉE; SCHAAN, neste
volume) e solos antrópicos com elevada fertilidade, chamados na Amazônia de terra preta
(GLASER; BIRK, 2012; ARROYO-KALIN, neste volume). Durante a colonização euro-
peia, muitas outras plantas e animais foram introduzidos da África, Ásia, Europa e Oceania
(SAUER, 1993; CARNEY; ROSOMOFF, 2011; MANN, 2011). Todas essas plantas, animais
e micro-organismos associados à atividade humana compõem a diversidade biocultural
brasileira (CLEMENT et al., 2016; EMPERAIRE, 2017; EMPERAIRE, volume 7). Nes-
te capítulo mostraremos como o reconhecimento do processo histórico de domesticação
pode ser relevante para as políticas públicas brasileiras. Para tanto, apresentaremos as de-
finições de domesticação de plantas e de paisagens, e mostraremos como povos indígenas
e comunidades locais possuem conhecimentos e práticas de manejo das plantas e da pai-
sagem responsáveis por criar e manter a diversidade biocultural, resultando em paisagens
mais produtivas e diversas.

A palavra “doméstico” vem do latim, é referente à casa, à vida familiar (FERREIRA,


2009) e à prática milenar pela qual, para atender às suas necessidades e preferências, pessoas
trazem plantas e animais para suas casas, quintais, jardins, roças e florestas manejadas,

11 Programa de Pós-Graduação em Botânica, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM.
12 Programa de Pós-Graduação em Ecologia, INPA; Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Federal de Santa
Catarina.
13 Instituto Internacional para Sustentabilidade, Rio de Janeiro (RJ); Institut de Cièncias i Tecnologia Ambientals, Universitat
Autònoma de Barcelona.
14 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Tefé, AM.
15 Instituto Socioambiental, São Gabriel de Cachoeira, AM.
16 Coordenação de Tecnologia e Inovação, INPA.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 47


num processo de seleção e propagação de indivíduos com características que lhes inte-
ressam. Tais atividades, ao longo do tempo, modificam a morfologia dos organismos e o
funcionamento das paisagens. Na Amazônia, estudos em roças, quintais, capoeiras e flo-
restas maduras (JUNQUEIRA et al., 2010a, 2010b, 2016a, 2016b; FRASER; JUNQUEIRA;
CLEMENT, 2011a; FRASER et al., 2011b; LEVIS et al., 2012; LINS et al., 2015; LEVIS et
al., 2017, 2018) mostram que as paisagens do presente carregam legados das práticas de
cultivo e manejo florestal indígenas exercidos desde muito antes da chegada dos europeus,
ao mesmo tempo que comunidades locais atuais contribuem para manter e expandir esses
legados (JUNQUEIRA et al. 2016a, 2017). O mesmo ocorre em todos os biomas brasileiros;
por exemplo, as florestas de araucária (Araucaria angustifolia) do sul do Brasil se expandi-
ram e são mantidas pelas atividades humanas passadas e atuais (BITENCOURT; KRAUSPE-
NHAR, 2006; IRIARTE; BEHLING, 2007; REIS et al., 2018; ROBINSON et al., 2018).

Não é por acaso que após o colapso populacional17 das sociedades indígenas entre
1600 e 1950 d.C., os novos colonos de origem europeia, africana ou mesmo brasileira reo-
cuparam antigas aldeias, onde encontraram solos ricos e florestas com alta concentração de
espécies úteis (CLEMENT et al., 2015; JUNQUEIRA et al., 2017). É comum que cidades e
comunidades do Brasil moderno estejam localizadas sobre antigos assentamentos indígenas,
principalmente na Amazônia. No início do período colonial, a economia extrativista depen-
dia principalmente de plantas previamente manejadas e paisagens domesticadas pelos povos
indígenas, baseando-se principalmente no comércio de cacau (Theobroma cacao), urucum
(Bixa orellana), guaraná (Paullinia cupana) e castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa)
(HOMMA, 2014; GOMES, 2018). Ao longo do período colonial, outras formas de se fazer
agricultura e de se transformar a paisagem (em geral com impactos maiores do que os
associados às práticas indígenas) foram introduzidas e se expandiram em diversas partes
do Brasil, baseadas inicialmente em mão de obra escrava importada da África (DEAN,
1995; SOUZA, 2009; MANN, 2011; WATKINS, 2015). Após a independência e a repressão
às rebeliões que surgiram em diversas regiões do Brasil, esses sistemas continuaram a se
expandir no Nordeste, Sudeste e Sul, mas na Amazônia o extrativismo continuou expres-
sivo com a crescente demanda por borracha, o que resultou na criação de seringais, que
formam paisagens enriquecidas com a seringueira (Hevea brasiliensis) (SCHROTH et al.,
2003). Após o colapso da economia da borracha, no início do século XX, o extrativismo
na Amazônia passou a se basear em peles (ANTUNES; SHEPARD JR.; VENTICINQUE,
2016), mas também em castanhas, e mais tarde no açaí, encontrados nas florestas trans-
formadas pelas populações pré-coloniais (HOMMA, 1993, 2003; ANTUNES et al., 2014).

17 Estima-se que houve uma redução de 90-95% da populção humana nas Américas com a chegada dos europeus nos primeiros
cem anos de contato (DENEVAN, 2014; KOCH et al., 2019), resultando no maior colapso populacional de que se tem notícia
na história da humanidade.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 48


Ao longo da segunda metade do século XX, o extrativismo praticado em paisagens do-
mesticadas gradualmente perdeu espaço na economia, mas continua importante para os
modos de vida de comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais em todo o território
nacional. Exemplos clássicos são os castanhais da Amazônia e as florestas de araucária da
Mata Atlântica Sul. Embora o extrativismo em paisagens domesticadas seja um modelo
promissor de manejo de recursos – dado que depende da manutenção da floresta em pé – a
viabilidade socioeconômica dessa atividade ainda é um grande desafio em diversas regiões
(CLEMENT et al., 2013).

A seguir, apresentaremos definições de domesticação de plantas e de paisagens,


fazendo ligações com outros capítulos que trazem exemplos desses processos de interação
entre humanos, plantas e paisagens.

6.3.1. Populações de plantas domesticadas


Durante milhares de anos, populações humanas vêm selecionando e propagando
plantas que possuem características de interesse. Os resultados são mudanças morfológi-
cas, químicas, ecológicas e genéticas das populações ao longo do tempo, que tornam as
plantas mais úteis aos seres humanos e melhor adaptadas às transformações humanas da
paisagem. Esse processo, chamado de domesticação, não ocorre no nível de espécie, mas
sim entre indivíduos em uma dada área (população). Por ser um processo em nível popu-
lacional, toda planta com populações domesticadas possui também populações ancestrais
selvagens, ou seja, que não sofreram modificações devido à seleção humana.

De acordo com o grau de modificação das populações de plantas, Clement (1999a)


distingue diferentes categorias de domesticação, que não representam uma escala progres-
siva, mas sim as diversas possibilidades de variação das populações das plantas que passa-
ram por algum grau de seleção e propagação pelos seres humanos. Assim, há populações
de espécies com um acúmulo maior de mudanças, como a mandioca (Manihot esculenta),
que passaram a depender dos seres humanos para sua reprodução; populações de espécies
com alterações significativas de seu genoma e morfologia, mas que mantêm a capacidade
de se reproduzir sem intervenção humana, como o cacau; e populações de espécies com
transformações mais sutis do genoma e da morfologia, o caso de um grande número de es-
pécies florestais economicamente importantes, como a castanha-do-brasil e o açaí-do-pará
(Euterpe oleracea) (CLEMENT, 1999a; CLEMENT et al., 2016).

Para entender como a domesticação de plantas vem acontecendo e quais as con-


sequências para os povos indígenas e comunidades locais atuais, é necessário conhecer as
práticas envolvidas nesse processo. As maneiras pelas quais os povos percebem as plantas e o

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 49


que fazem com elas são resultado de diferentes modos de vida, preferências, aprendizagens,
experimentações e transmissão de conhecimento ao longo de gerações (INGOLD, 2002;
TERRELL et al., 2003; KENNEDY, 2012; CARNEIRO DA CUNHA; MORIM DE LIMA,
2017; EMPERAIRE, nesta obra, Seção 7; MORIM DE LIMA; OLIVEIRA, nesta obra, Se-
ção 6). Populações de uma determinada espécie são influenciadas por tipos e intensidades
diferentes de seleção e propagação, o que molda a diversidade das populações das plantas
selecionadas ao longo da sua distribuição geográfica. O cacau, por exemplo, foi amplamente
disperso a partir do oeste da Amazônia; inicialmente foram selecionadas populações cujos
frutos apresentaram maior conteúdo de polpa; e na América Central populações com se-
mentes maiores e mais numerosas continuaram a ser selecionadas para se fazer chocolate
(CLEMENT et al., 2010; THOMAS et al., 2012; ZARRILLO et al., 2018). A distribuição da
toxicidade da mandioca, reconhecida pelos agricultores como variedades mansas e bravas,
difere ao longo do território brasileiro (EMPERAIRE; PERONI, 2007) e entre diferentes so-
los em comunidades ribeirinhas da Amazônia Central (FRASER et al., 2012; JUNQUEIRA
et al., 2016b). As cuias (Crescentia cujete), que dão origem a objetos de uso doméstico e sim-
bólico, apresentam grande diversidade de formatos e são reconhecidas por distintos nomes
no noroeste da Amazônia, o que contrasta com a menor diversidade morfológica no México,
onde a pressão de seleção foi intensa para frutos esféricos, tradicionalmente usados como
cuias tanto em rituais como no cotidiano (MOREIRA et al., 2017). A seleção para a diver-
sidade pode estar associada às diferentes preferências culturais, demandas utilitárias ou ao
gosto dos povos pela diversidade em si (RIVAL; MCKEY, 2008; CARNEIRO DA CUNHA;
MORIM DE LIMA, 2017). Essas transformações morfológicas em resposta à seleção feita
pelos povos indígenas e comunidades locais são a base sobre a qual a produção de alimen-
tos foi construída (VAVILOV, 1951; HARLAN, 1992; MILLER; GROSS, 2011).

6.3.2. Paisagens domesticadas


Além de domesticar populações de espécies vegetais, grupos humanos – por meio
de suas relações com as plantas, animais e ambiente – também domesticam paisagens
a fim de torná-las mais seguras e produtivas para seus modos de vida (RINDOS, 1984;
CLEMENT, 1999a, 2001). No momento da conquista europeia, havia uma enorme diversi-
dade étnica e cultural na América do Sul (NIMUENDAJÚ, 1981; ZARUR, 1981). Durante
milênios, os povos que habitaram as Américas se apropriaram das plantas e paisagens locais
das mais diversas formas, construindo assentamentos, desenvolvendo práticas agrícolas e
agroflorestais baseadas no cultivo de espécies herbáceas e arbóreas nos seus quintais e roças,
manejando florestas maduras e florestas secundárias (DENEVAN et al., 1984; GRENAND,
1992; NEVES, 2016; FAUSTO; NEVES, 2018; NEVES; HECKENBERGER, 2019; LEVIS et
al., 2018; WATLING et al., 2018). Tais sistemas de produção antigos e atuais são diversifica-

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 50


dos (MAEZUMI et al., 2018), pois são fornecedores de uma grande quantidade de espécies
vegetais alimentícias, medicinais, madeireiras, além de favorecer a caça (uma importante
fonte de proteína animal) ao constituírem ambientes atrativos para a alimentação de outros
animais (POSEY, 1985; DENEVAN; PADOCH, 1988; GRENAND, 1992; JUNQUEIRA;
SHEPARD JR.; CLEMENT, 2011). Frequentemente as paisagens domesticadas por povos
indígenas mimetizam a estrutura de ecossistemas complexos, com elevada diversidade,
eficiência energética e resiliência, características desejadas em sistemas agroecológicos
(ALTIERI; TOLEDO, 2011; YOUNG, 2017). Assim, as atividades agrícolas e extrativistas
pautadas na diversidade de modos de vida (RIVAL, 2007) resultam em um mosaico de pai-
sagens com diferentes graus de domesticação, que vão desde áreas intensamente transfor-
madas, como áreas cultivadas e assentamentos com solos antrópicos (NEVES et al., 2003;
WOODS, 2009; ARROYO-KALIN, neste volume), até áreas em que o manejo local promove
alterações mais sutis na flora e fauna de ecossistemas que podem parecer naturais (CLE-
MENT; CASSINO, 2018; LEVIS et al., 2018). Mesmo após séculos de abandono por conta do
colapso populacional ameríndio, os solos e as florestas antrópicas permanecem na paisagem,
evidenciando as tecnologias de manejo e domesticação praticadas por povos indígenas no
passado (BALÉE, 2013; BALÉE; SCHAAN, neste volume; FURQUIM et al., neste volume).
Os povos indígenas e outras comunidades tradicionais que vivem no Brasil são responsá-
veis pela criação e manutenção dessas paisagens domesticadas por meio de suas práticas de
manejo transmitidas de geração em geração (EMPERAIRE, volume 7; MORIM DE LIMA;
OLIVEIRA, volume 8; SMITH, volume 7).

6.3.3. A geografia da diversidade biocultural no Brasil


O processo histórico de domesticação de plantas e paisagens no Brasil constituiu
os chamados centros de domesticação de populações (Figura 17), onde há não só a con-
centração de diversidade genética e morfológica das populações de plantas domesticadas
(CLEMENT, 1999b; CLEMENT, 2001), mas também de paisagens domesticadas (LEVIS
et al., 2017; LEVIS et al., 2018). As paisagens domesticadas podem ser encontradas em
todo território nacional (Figura 17), dentre as bem conhecidas: castanhais, açaizais, serin-
gais, piaçabais (norte), fundos de pasto (Nordeste), faxinais, ervais e matas de araucária
(Sul). Muitas dessas paisagens estão associadas a antigos assentamentos humanos (LEVIS
et al., 2017), onde havia populações humanas mais densas, com longo tempo de ocupação
e maior diversidade cultural (FURQUIM et al., neste volume). A partir do intercâmbio
de sementes e propágulos, espécies e variedades de plantas domesticadas foram dispersa-
das por populações indígenas para todo o Neotrópico, e hoje podem ser encontradas nas
mais diversas paisagens e ecossistemas. Apesar da distribuição heterogênea das paisagens
e plantas domesticadas no espaço, o fato é que todas as populações indígenas e comunida-

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 51


des tradicionais, de todas as regiões do Brasil, do passado e do presente, tiveram e têm sua
contribuição na criação e manutenção da diversidade biocultural. Esse riquíssimo legado
de plantas e paisagens é parte do dia a dia de todos os brasileiros e é parte fundamental
dos modos de vida de centenas de povos indígenas e comunidades tradicionais espalhados
pelo vasto território brasileiro (ALMEIDA; FARIAS JÚNIOR, 2013). Parte dessas comuni-
dades e desses povos vive atualmente em unidades de conservação e terras indígenas, con-
tribuindo para conter o desmatamento (FERREIRA; VENTICINQUE; ALMEIDA, 2005;
GARNETT et al., 2018), principalmente no leste, sul e sudoeste da Amazônia (Figura 17).

Figura 17. Localização de centros de origem de domesticação de algumas plantas historicamente selecionadas
no país (indicadas em negrito). Esses centros de origem de domesticação concentram diversidade genética e
morfológica dessas plantas e estão localizados em diferentes tipos de paisagens domesticadas (os quadros laterais
oferecem exemplos), onde práticas de manejo e domesticação foram desenvolvidas por povos indígenas no
passado e são mantidas e expandidas por grupos humanos atuais. As unidades de conservação e terras indígenas
são possíveis soluções para conter o desmatamento que ameaça esse patrimônio cultural de importância social,
econômica e ambiental no Brasil. Fonte: Dados de desmatamento foram obtidos em projetos de monitoramento
via satélite. Para Amazônia Legal, dados de 2015, disponíveis em: http://www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/
programas/amazonia/prodes. Para as demais regiões, entre 2008-2009, disponíveis em: https://siscom.ibama.gov.
br/monitora_biomas.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 52


6.3.4. Conclusões
Populações indígenas e comunidades tradicionais têm um papel fundamental na
criação e manutenção da diversidade biocultural, bem como na produtividade das paisa-
gens. Políticas públicas, iniciativas de pesquisa e desenvolvimento, e a sociedade como um
todo devem zelar pela diversidade biológica e cultural associada a esses processos histó-
ricos de domesticação. Nesse sentido, devem contribuir para reverter o processo – já em
andamento – de desaparecimento e homogeneização de modos de vida, conhecimentos e
paisagens domesticadas. Isso inclui a manutenção da diversidade genética, que é conse-
quência de milhares de anos de inovação tecnológica dos povos indígenas e comunidades
locais. Desse modo, a relação da sociedade brasileira com a biodiversidade poderá ser so-
cial e ambientalmente justa.

Box 4 – O passado e o presente da domesticação


do açaí (Euterpe oleracea) no estuário amazônico

Priscila Ambrósio Moreira, Carolina Levis, André Braga Junqueira,


Mariana Franco Cassino, Juliana Lins, Charles R. Clement

Euterpe oleracea (açaí, açaí-de-touceira ou açaí-do-pará) é uma palmeira na-


tiva da porção leste da Amazônia, muito abundante no estuário do Rio Ama-
zonas, onde compõe a maioria das florestas alagáveis da região (DUCKE;
BLACK, 1954). Aves, macacos, seres humanos e a água dos rios são responsá-
veis pela dispersão de suas sementes (CYMERYS; VOGT; BRONDIZIO, 2011;
MOEGENBURG; LEVEY, 2003). As estratégias adaptativas dessa palmeira
ao ambiente de inundação, associadas ao seu favorecimento pelas pessoas
devido ao uso milenar de seus frutos, possibilitaram que a espécie ocupasse
amplamente a região do estuário do Rio Amazonas (Figura 18). A produção
de frutos saborosos, ricos em aminoácidos e óleos, ao longo de todo o ano,
tem atraído os seres humanos há pelo menos 2.000 anos (SCHAAN, 2016;
ROOSEVELT, 1991, FURQUIM et al., neste volume). O transporte e des-
carte de sementes pelos povos pré-colombianos ao longo das trilhas de des-
locamento contribuíram para ampliar a área de distribuição da espécie e sua
abundância na floresta (POSEY, 1997; NEVES et al., 2003; SMITH, 2015).
Como resultado desse manejo ao longo dos séculos, são encontrados aden-
samentos de 300-400 touceiras de açaí por hectare nos estuários amazônicos
(BRONDIZIO, 2008. Ver BRONDIZIO na Seção 7 desta obra).

Nas últimas décadas, o comércio da polpa dos frutos passou a atender não só

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 53


a demanda urbana regional, mas ganhou dimensão nacional e internacional,
valendo-se da difusão dos conhecimentos locais e práticas de domesticação
da paisagem tradicionais no estuário. Estas incluem plantio de sementes e
mudas de açaí nas áreas de roça, onde essa palmeira compõe a floresta secun-
dária no ciclo de agricultura de corte e queima (STEWARD, 2013; SMITH,
2015); retirada da vegetação de sub-bosque ao redor das touceiras e retirada
de perfilhos de cada indivíduo (WEINSTEIN; MOEGENBURG, 2004).

Diante da intensificação do manejo associada à forte e crescente demanda de


mercado, a abundância da palmeira em algumas regiões tem alcançado 1.200
touceiras/ha (BRONDIZIO, 2008; SHANLEY et al., 2011), comprometendo a
ocorrência de diversas outras espécies arbóreas nativas (FREITAS et al., 2015)
e prejudicando a manutenção e a diversidade das paisagens domesticadas
pelas populações tradicionais. Para contornar a erosão da biodiversidade lo-
cal e garantir a continuidade dos processos ecológicos que mantêm os ecos-
sistemas saudáveis, Freitas et al. (2015) sugerem a necessidade de se manter
áreas não produtivas no estuário e investir na produtividade dos indivíduos
já plantados, reduzindo a área ocupada com açaizais muito adensados. Ini-

Figura 18. A domesticação das florestas com açaí (Euterpe oleracea), entremeadas por outras espécies
nativas (buritizais ao fundo, Mauritia flexuosa), foi iniciada em tempos pré-colombianos, persiste até hoje e é
extremamente importante para o modo de vida de populações amazônicas, em particular na região do estuário
do Amazonas. Foto: Juliana Lins.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 54


ciativas como a certificação agroecológica no estuário vão ao encontro des-
ses objetivos, uma vez que promovem a manutenção de um mínimo de 50%
de espécies florestais nativas nos açaizais.

No entanto, os produtores locais reconhecem que a certificação só traz com-


pensação financeira se o açaí for vendido por meio de suas cooperativas dire-
tamente às indústrias distribuidoras, e não individualmente aos atravessadores
(PEPPER; ALVES, 2017). Assim, embora o açaí movimente uma economia
imensa (R$ 597 milhões anuais, segundo IBGE, 2017), as famílias ribeirinhas
que formam a base da produção, a partir do próprio conhecimento de manejo
da planta e da construção histórica da paisagem, não têm sido beneficiadas
proporcionalmente (BRONDIZIO, 2008; SIQUEIRA; BRONDIZIO, 2014).
Garantir benefícios aos produtores tradicionais pode ser a chave para man-
ter a diversidade e produtividade dos açaizais, bem como o modo de vida das
famílias ribeirinhas do estuário do Amazonas.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 55


6.4. Florestas antropogênicas e biodiversidade
William Balée18, Denise Paul Schaan19

Ficou cada vez mais óbvio, nas últimas duas décadas, que as atividades humanas no
passado tiveram um importante reflexo na floresta amazônica. No fim dos anos 1980, ba-
seado em inventários realizados em parcelas de florestas abandonadas pelos povos indíge-
nas, foi proposto que 11,8% das florestas de terra firme na Amazônia tiveram uma origem
cultural (BALÉE, 1987). A partir de então, arqueólogos e ecologistas históricos usaram es-
sas e outras observações correlacionadas (BALÉE, 1987; LEVIS et al., 2017; POSEY, 1985;
POSEY; BALÉE, 1989) para sustentar suas alegações de que as populações amazônicas
nativas eram, de fato, mais numerosas do que se pensava anteriormente (e.g. MANN, 2005;
CLEMENT et al., 2015) e que as ações de sociedades tradicionais tanto do passado quanto
contemporâneas na Amazônia contribuem para aumentar a biodiversidade em todo o bio-
ma. O termo ‘florestas antropogênicas’ foi usado como um sinônimo de floresta cultural
e o conceito da forma pela qual é aplicado na Amazônia foi logo adotado por antropólo-
gos (e.g., MORAN, 1993, p. 68-81), geógrafos (e.g., DENEVAN, 1992a, 2016) e biólogos
(WHITMORE, 1990, p. 160-161), bem como por arqueólogos (HECKENBERGER, 2005;
NEVES et al., 2003; SCHAAN, 2004, 2006).

Pesquisas em solos modificados por humanos – as conhecidas Terras Pretas da


Amazônia (TPA) (GLASER; WOODS, 2004; LEHMANN et al., 2003; WOODS et al.,
2009), que são frequentemente substratos das florestas antropogênicas – têm também con-
tribuído para desafiar postulados segundo os quais os impactos humanos no passado teriam
sido mínimos e irrelevantes para a biota. De fato, acumularam-se evidências que mostram
que alguns impactos humanos no meio ambiente resultaram no incremento da diversi-
dade local da flora e fauna devido ao manejo e uso indígena dos recursos (BALÉE,1993;
ERICKSON; BALÉE, 2006; POLITIS, 2001; RIVAL, 2002; ZENT; LÓPEZ-ZENT, 2004)
(FURQUIM et al., neste volume; ARROYO-KALIN, neste volume; MOREIRA et al., neste
volume).

A hipótese sobre as florestas antropogênicas foi inicialmente proposta nos anos


1990 para incluir os remanescentes biológicos das sociedades antigas da bacia amazônica.
À época esta era uma nova perspectiva, pois o senso comum supunha que as populações
tradicionais da região deveriam ter se adaptado às exigências ambientais e não o contrário.
O conceito sustentava especificamente que certas florestas que antes eram consideradas

18 Department of Anthropology, Tulane University, EUA.


19 Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal do Pará. A Professora Denise Schaan faleceu prematu-
ramente em 2018 e não pôde participar da revisão final deste texto.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 56


prístinas consistiam, de fato, em paisagens construídas pela atividade humana. A hipótese
propunha que, na realidade, essas paisagens e espécies de árvores deveriam ser entendidas
como conjuntos arqueológicos vivos que haviam sido transformadas através da ação de
sociedades e culturas antigas.

Inicialmente, evidências desse processo de construção de paisagens vieram indi-


retamente de plantas domesticadas, como a pupunha (cf. MORCOTE-RÍOS; BERNAL,
2001) e árvores dicotiledôneas, que deixaram de ser manejadas com o abandono do terri-
tório e das roças, mas que estavam anteriormente sob cultivo (CLEMENT, 1999a, 1999b).
Pode-se argumentar que, de fato, mesmo as castanheiras (Bertholletia excelsa) foram do-
mesticadas, dada a similaridade genética entre populações bastante afastadas entre si na
bacia amazônica. Visto que seu principal agente de dispersão hoje, as cutias, não pode-
ria ter transportado essas populações por áreas tão vastas, sua distribuição ampla pode
ser explicada também pelo transporte humano (SCOLES; GRIBEL, 2011; SHEPARD;
RAMIREZ, 2011). Nesse sentido, não é de surpreender que as sementes das castanheiras
germinem com maiores taxas de sucesso em roças em pousio do que em florestas maduras
(COTTA et al., 2008).

Para entender os efeitos humanos nos ambientes amazônicos, é necessário intro-


duzir os conceitos inter-relacionados de transformação primária e secundária da paisa-
gem. Transformação primária da paisagem envolve a transformação de substratos através
da construção de estruturas como caminhos elevados, montículos e até de reversão dos
cursos de rios, a fim de facilitar o transporte (RAFFLES, 2002), bem como em acumular
estoques de fauna aquática para consumo (ERICKSON, 2000, 2008; SCHAAN, 2008). A
transformação secundária da paisagem, por outro lado, não resulta em transformação ma-
ciça dos substratos, mas é vista em inúmeras florestas antigas (antropogênicas ou culturais)
da Amazônia (BALÉE, 1987, 1993, 1994; POLITIS, 2001; RIVAL, 2002; ZENT; LÓPEZ-
-ZENT, 2004) quando comparada às florestas altas e maduras que não foram submetidas
a essas transformações. Esse processo envolve uma substituição parcial e não completa de
espécies. Diante disso, o conhecimento indígena precisa ser levado em consideração antes
de se chegar a conclusões categóricas que classifiquem toda a Amazônia como um ambien-
te construído ou, pelo contrário, como selvagem, se esse conceito for entendido como uma
natureza sem nenhuma influência humana.

A floresta amazônica tem sido alterada pelos seres humanos há milhares de anos.
Através de pesquisas recentes fica claro que caçadores-coletores contemporâneos também
fazem alterações em seus locais de habitação que, em alguns casos, afetaram a composi-
ção da floresta (POLITIS, 2001; RIVAL, 2002; ZENT; LÓPEZ-ZENT, 2004), embora essas
transformações locais nas florestas sejam diferentes na intensidade e duração se compara-

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 57


das aos efeitos ocasionados pelas sociedades que exerceram uma transformação primária
no meio ambiente, como nos solos antrópicos e nos grandes aterros (e.g., ERICKSON,
2006, 2008; HECKENBERGER et al., 2003; HECKENBERGER, 2008).

As transformações mais significativas das paisagens amazônicas parecem ter ocor-


rido a partir da formação generalizada das Terras Pretas da Amazônia, com a consequente
disseminação da prática de manejo de recursos pelos indígenas, aproximadamente nos
últimos 2.500 anos (ARROYO-KALIN, neste volume, NEVES et al., 2014). Portanto, uma
diferença qualitativa no impacto humano pode ser discernida, e as implicações entre am-
bientes construídos ou não construídos, em termos de quão bem eles persistem na longa
duração, podem ser discutidas. É mais provável que as florestas culturais se encontrem
dentro de uma faixa de idade inferior a 2.500 anos, e que florestas maduras que tenham
sido habitadas há mais tempo do que isso sejam, para fins analíticos, florestas naturais e
primárias.

Outra evidência em apoio à hipótese de florestas culturais e que existe em diversas


áreas da bacia amazônica desde os tempos antigos até o presente é a distribuição e fre-
quência de conjuntos de espécies arbóreas. Muitas espécies de palmeiras, especialmente,
apresentam pré-adaptações a ambientes manipulados pelas populações humanas. Isto é,
as palmeiras são encontradas em ambientes onde os seres humanos impactaram a pai-
sagem. Uma revisão de restos botânicos em sítios arqueológicos no Novo Mundo sugere
que as palmeiras são bastante comuns, especialmente após 9.000 A.P. (MORCOTE-RÍOS;
BERNAL, 2001). A presença de vestígios de palmeiras em sítios arqueológicos da Ama-
zônia, como Acrocomia aculeata em 11.200 BP (MORCOTE-RÍOS; BERNAL, 2001, p.
337-338), já é um indicador da transformação humana do meio ambiente. Além dela, mui-
tas outras espécies de palmeira, como Astrocaryum vulgare, Mauritia flexuosa, e Attalea
spp. são encontradas em sítios arqueológicos na Amazônia (MORCOTE-RÍOS; BERNAL,
2001, FURQUIM et al., neste volume), incluindo sítios de caçadores-coletores datados em
11.200 A.P. (ROOSEVELT et al., 1996).

Paisagens amazônicas são compostas por características históricas e evolutivas. O


agrupamento dessas paisagens em categorias absolutas, seja como “primitivas”, seja como
“ambientes construídos”, não reflete a imensa variabilidade paisagística de biomas tão
diversos.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 58


6.5. A antropogenia da Mata Atlântica
Diogo de Oliveira20

Estudos sobre as florestas tropicais nas últimas décadas têm demonstrado que mui-
tas vezes as florestas secundárias manejadas possuem características que as tornam indis-
tinguíveis das florestas primárias. Tais estudos utilizam o termo “florestas antropogênicas”
para definir tais formações e apontam elementos da biodiversidade que são indicadores
de modificação pela interferência humana. A Ecologia Histórica observa que paisagens
sofrem modificações temporais e espaciais associadas às atividades humanas. Tais modi-
ficações se constroem através de sutis padrões de ação e comportamento que podem ser
verificados por meio de espécies-chave, podendo alterar a frequência e a riqueza de espé-
cies local e regionalmente. As relações dialéticas entre humanos e a natureza se manifestam
nas paisagens, de modo que ambientes naturais, uma vez modificados, jamais irão evoluir
da mesma forma como antes. Assim, estima-se que cerca de 11,8% das florestas continen-
tais da Amazônia brasileira podem ser consideradas antropogênicas, produto do histórico
manejo pelas populações nativas (BALÉE, 1998; POSEY, 1985; BALÉE; ERICKSON, 2006;
POSEY; BALÉE, 1989; CRUMLEY, 1994).

O modelo agroflorestal de cultivo praticado pelos Guarani, inferido a partir dos


registros arqueológicos, influenciou a composição florística das florestas existentes nas ro-
tas migratórias desses povos indígenas desde a Amazônia à costa atlântica, passando pelas
Bacias dos Rios Paraná e Uruguai (NOELLI, 1993; BONOMO et al., 2015). As práticas de
transportar, substituir e privilegiar algumas espécies florestais, em condições aproximadas
das dimensões das matas originais, verificadas na Amazônia (LEVIS et al., 2018; NEVES
et al, 2017) influenciaram também a composição da biodiversidade no litoral sul e sudeste
brasileiro. Identificou-se que as florestas litorâneas, consideradas primárias até o final do
século XX, são mosaicos resultantes do manejo das populações indígenas em sua dinâ-
mica de ocupação territorial no período pré-colonial. Os conhecimentos agroecológicos
associados aos Guarani remetem a técnicas de gestão territorial consolidadas ao longo
do tempo por meio da interação com o ambiente em seu vasto território de mobilida-
de tradicional. Tais conhecimentos promoveram ao longo dos séculos a configuração de
florestas manipuladas, de forma a garantir ou facilitar a reprodução dos modos de vidas
dessas populações. Esses fatores podem ser identificados nas aldeias guarani na atualidade,
principalmente pelas relações simbólico-culturais associadas ao uso e manejo dos recursos
naturais. O sistema produtivo guarani imita e reproduz processos naturais de sucessão flo-
restal, através da construção de sistemas agroflorestais análogos às florestas originais, sen-

20 Bel./Lic. Ciências Biológicas, Msc. Antropologia Social, Doutorando PPGAS/UFSC. Indigenista Especializado, Fundação
Nacional do Índio – FUNAI.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 59


do possível reconhecer objetivamente um sistema de coevolução por meio das interações
estabelecidas entre os indígenas e o espaço onde vivem, com conhecimentos perpetuados
por meio de mitos e práticas associados ao manejo da paisagem (CRIVOS et al., 2007;
CRIVOS, 2004; NOELLI, 2019).

A arqueologia e a linguística mostram que a Amazônia foi o centro de origem


dos grupos falantes de línguas da família Tupi-Guarani. Desde esse centro de origem
práticas de manejo do bosque tropical foram levadas a outras áreas de florestas tropicais,

Figura 19. Rotas migratórias dos Guarani baseadas nos sítios cerâmicos, com destaque para a área de influência
das Bacias dos Rios Uruguai e Paraná. Fonte: Iriarte et al. (2016).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 60


Figura 20.
Distribuição
geográfica de sítios
arqueológicos
Guarani (total 1.177)
nas Bacias dos Rios
Paraná, Uruguai,
Prata e litoral do
Atlântico Sul. Fonte:
Bonomo et al. (2015).

como a Mata Atlântica, através de movimentos migratórios (NOELLI, 1993, 2000, 2004,
2008; LATHRAP, 1970; BROCHADO, 1989; PRONAPA, 1970; EHRENREICH, 1891;
SCATAMACCHIA, 1995; RODRIGUES, 1964, ALMEIDA; NEVES 2015, IRIARTE et al.,
2017). Estudos da composição florística nas formações florestais no sul e sudeste do Brasil
identificaram uma lista de espécies indicadoras das rotas migratórias de plantas da Ama-
zônia em direção à costa atlântica (KLEIN, 1980; REITZ; KLEIN, 1964; RAMBO, 1951).
Parte dessas plantas compõe o conjunto de espécies incorporadas ao sistema de manejo
territorial guarani (MTG) (NOELLI, 2019), indicando a contribuição desse grupo indíge-
na para a formação da Mata Atlântica conforme a conhecemos na atualidade. Além disso,
sabe-se que durante o Holoceno tardio, cerca de 2.000 A.P., os povos falantes de línguas Jê
do Sul, ancestrais dos atuais Kaingang e Xokleng Laklanõ foram responsáveis pela expan-
são das matas de araucária nas regiões de maior altitude, em virtude do manejo de pinhão
e de rebanhos de fauna (BITENCOURT; KRAUSPENHAR, 2006; ver outras referências
em MOREIRA et al.; FURQUIM et al., neste volume). Sendo assim, a gestão agroflorestal
de subsistência e os esforços para a domesticação da paisagem, em maior e menor escala,
milenarmente empregados pelos Guarani e outros povos autóctones que coabitaram essa
região no período pré-colonial, influenciaram significativamente as características das flo-
restas tropicais sul-americanas (OLIVEIRA, 2009).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 61


Bibliografia citada

ACEITUNO, F. J.; CASTILLO, N. (2005). Mobility strategies in Colombia’s middle mountain range
between the early and middle Holocene. Before Farming, v. 2, p. 1-17.

ACRE. Secretaria do Estado de Planejamento. (2017). O Acre em números. Rio Branco: SEPLAN.

ALMEIDA, A. W. B.; FARIAS JÚNIOR, E. D. A. (2013). Povos e comunidades tradicionais: nova


cartografia social. Manaus (AM): Universidade do Estado do Amazonas Edições. 176 p.

ALMEIDA, F. A.; NEVES, E. G. (2015). Evidências Arqueológicas para a Origem dos Tupi-
Guarani no Leste da Amazônia, Mana, v. 21, n. 3, p. 499-525.

ALTIERI, M. A.; TOLEDO, V. M. (2011). The agroecological revolution in Latin America: rescuing
nature, ensuring food sovereignty and empowering peasants. The Journal of Peasant Studies, v.
38, n. 3, p. 587-612.

ALVES, D. (2016). Plant food consumption and the origin of Amazonian dark earth in the Lower
Tapajós Region. In: STENBORG, P. (org.). Beyond waters: archaeology and environmental history
of the Amazon inland. Gothenburg: University of Gothenburg.

ANDRADE, Á. (1986). Investigación arqueológica de los antrosolos de Araracuara (Amazonas).


Arqueología Colombiana, v. 31, p. 1-101.

ANDRADE, V. L. C. (2017). A história humana através dos padrões de recrutamento e


trajetórias de crescimento de Bertholletia excelsa em um castanhal na Amazônia Central. 2017.
Dissertação (Mestrado em Ciências de Florestas Tropicais) – Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, Manaus.

ANTUNES, A. P.; RACHEL M.; FEWSTER, R. M.; VENTICINQUE, E. M.; PERES, C. A.; LEVI,
T.; ROHE, F.; SHEPARD Jr., G. H. (2016). Empty forest or empty rivers? A century of commercial
hunting in Amazonia. Science Advances, v. 2, n. 10.

ANTUNES, A. P.; SHEPARD JR., G. H.; VENTICINQUE, E. M. (2014). O comércio internacional


de peles silvestres na Amazônia brasileira no século XX. Boletim do Museu Paraense Emílio
Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 9, n. 2, p. 487-518.

ARAGÃO, L. E. O. C.; MALHI, Y.; ROMÁN-CUESTA, R. M.; SAATCHI, S.; ANDERSON, L.;
SHIMABUKURO, Y. (2007). Spatial patterns and fire response of recent Amazonian droughts.
Geophysical Research Letters, v. 34, n. 7. Disponível em: https://doi.org/10.1029/2006GL028946.
Acesso em: 6 set. 2020.

ARAUJO, A. G. M. (2013). Geomorfologia e paleoambiente no leste da América do Sul:


implicações arqueológicas. In: RUBIN, J. C. R.; SILVA, R. T. (ed.). Geoarqueologia. Goiânia: PUC-
Goiás. p. 135-180.

ARAUJO, A. G. M.; FEATHERS, J.; ARROYO-KALIN, M.; TIZUKA, M. (2008). Lapa das Boleiras
rockshelter: stratigraphy and formation processes at a paleoamerican site in Central Brazil. Journal
of Archaeological Science, v. 35, p. 3138-3202.

ARAUJO, A.; NEVES, W.; KIPNIS, R. (2012). Lagoa Santa revisited: an overview of the
chronology, subsistence, and material culture of Paleoindian sites in Eastern central Brazil. Latin
American Antiquity, v. 23, p. 533-50.

ARROYO-KALIN, M. (2017). Amazonian dark earths. In: NICOSIA, C.; STOOPS, G. (ed.).
Archaeological Soils and Sediment Micromorphology. New York: Willey and Sons. p. 345-357.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 62


ARROYO-KALIN, M. (2010). The Amazonian formative: crop domestication and anthropogenic
soils. Diversity, v. 2, p. 473-504. Disponível em: https://doi.org/10.3390/d2040473. Acesso em: 6
set. 2020.

ARROYO-KALIN, M. (2012). Slash-burn-and-churn: landscape history and crop cultivation


in pre-Columbian Amazonia. Quaternary International, v. 249, p. 4-18. DOI: 10.1016/j.
quaint.2011.08.004. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/
S1040618211004496. Acesso em: 6 set. 2020.

ARROYO-KALIN, M.; NEVES, E. G.; WOODS, W. I. (2009). Anthropogenic dark earths of the
Central Amazon region: remarks on their evolution and polygenetic composition. In: WOODS, W.
I.; TEIXEIRA, W. G.; LEHMANN, J.; STEINER, C. WINKLERPRINS, A. M. G. A.; REBLLATO, L.
(ed.). Amazonian dark earths: Wim Sombroek’s vision. New York: Springer. p. 99-125.

ARROYO-KALIN, M. (2008). Steps towards an ecology of landscape: a geoarchaeological


approach to the study of anthropogenic dark earths in the Central Amazon region. 2008. PhD
(Amazonian Archeology) – Department of Archaeology, University of Cambridge, Cambridge.

ARROYO-KALIN, M. (2009). Steps towards an ecology of landscape: the pedo-stratigraphy of


anthropogenic dark earths. In: WOODS, W. I.; TEIXEIRA, W. G.; LEHMANN, J.; STEINER, C.;
WINKLERPRINS, A. M. G. A.; REBLLATO, L. (ed.). Amazonian dark earths: Wim Sombroek’s
vision. New York: Springer. p. 33-83.

ARROYO-KALIN, M. (2010a). The Amazonian Formative: crop domestication and anthropogenic


soils. Diversity, v. 2, p. 473-504.

ARROYO-KALIN, M. (2010b). A domesticação na paisagem: os solos antropogênicos e o


Formativo na Amazônia. In: PEREIRA, E.; GUAPINDAIA, V. (ed.). Primeiro Encontro
Internacional de Arqueologia Amazônica. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. p. 367-388.

ARROYO-KALIN, M. (2014a). Anthropogenic sediments and soils, Geoarchaeology. In: SMITH,


C. (ed.). Encyclopedia of Global Archaeology. New York: Springer, v. 1, p. 279-284.

ARROYO-KALIN, M. (2014b). The variability of Amazonian dark earths: comparing


anthropogenic soils from three regions of the Amazonian biome. In: International Meeting on
Amazonian Archaeology, 3rd, 2014, Quito. Before Orellana: Proceedings […]. Quito: IFEA/
FLACSO/US Embassy. p. 323-329. [Rostain, S. (ed.)].

ARROYO-KALIN, M. (2016). Landscaping, landscape legacies, and landesque capital in pre-


Columbian Amazonia. In: ISENDAHL, C.; STUMP, D. (ed.). The Oxford handbook of historical
ecology and applied archaeology. Oxford: Oxford University Press. p. 1-24.

BACHELET, C.; SCHEEL-YBERT, R. (2017). Landscape and firewood selection in the Santa Elina
rock shelter (Mato Grosso, Brazil) during the Holocene. Quaternary International, v. 431, part A,
p. 56-60.

BAILEY, R. C.; HEADLAND, T. N. (1991). The tropical rain forest: is it a productive environment
for human foragers? Human Ecololgy, v. 19, p. 261-285.

BALÉE, W. (1999). Footprints of the forest: Ka’apor ethnobotany – the historical ecology of plant
utilization by an Amazonian people. New York: Columbia University Press.

BALÉE, W. (1987). A etnobotânica quantitativa dos índios Tembé (Rio Gurupi, Pará). Boletim do
Museu Paraense Emilio Goeldi. Nova Série Botânica, Belém, v. 3, n. 1, p. 29-50.

BALÉE, W. (2013). Cultural forests of the Amazon: a historical ecology of people and their
landscapes. Tuscaloosa: The University of Alabama Press. 268 p.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 63


BALÉE, W. (1994). Footprints of the forest: Ka’apor ethnobotany-the historical ecology of plant
utilization by an Amazonian people. New York: Columbia University Press.

BALÉE, W. (1993). Indigenous transformation of Amazonian forests: an example from


Maranhao, Brazil. L’homme, v. 33, p. 231-254.

BALÉE, W. (1989). The culture of Amazonian forests. Advances in Economic Botany, v. 7, n. 1, p.


E21.

BALÉE, W. (ed.). (1998). Advances in historical ecology. Nova York: Columbia University.

BALÉE, W. (2008). Sobre a indigeneidade das paisagens. Revista de Arqueologia, v. 21, n. 2, p.


9-23.

BALÉE, W.; ERICKSON, C. L. (ed.). (2006). Time and complexity in historical ecology: studies in
the neotropical lowlands. Nova York: Columbia University Press.

BARBOSA, L. (2003). Projeto de Assentamento Dirigido Pedro Peixoto: uma análise


econômica dos custos de produção da atividade pecuária. 2003. Monografia (Graduação em
Economia) – Universidade Federal do Acre, Rio Branco.

BEHLING, H; COSTA, M. L. (2000). Holocene environmental changes from the Rio Curua
record in the Caxiuana region, Eastern Amazon Basin. Quaternary Research, Cambridge,
v. 53, p. 369-377. DOI: https://doi.org/10.1006/qres.1999.2117. Disponível em: https://
www.cambridge.org/core/journals/quaternary-research/article/holocene-environmental-
changes-from-the-rio-curua-record-in-the-caxiuana-region-eastern-amazon-basin/
EFFE34249FDB13F25CAADA8C8619CADC. Acesso em: 6 set. 2020.

BEHLING, H.; Costa, M. L. (2001). Holocene vegetational and coastal environmental changes
from the Lago Crispim record in northeastern Pará State, eastern Amazonia. Review of
Palaeobotany and Palynology, v. 114, p. 145-155.

BIRK, J. J.; NEVES, E. G.; TEIXEIRA, W. G.; GLASER, B. (2011). Faeces deposition on Amazonian
anthrosols as assessed from 5β-stanols. Journal of Archaeological Science, v. 38, n. 6, p. 1209-
1220.

BITENCOURT, A. L.; KRAUSPENHAR, P. M. (2006). Possible prehistoric anthropogenic effect on


Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze expansion during the late Holocene. Revista Brasileira de
Paleontologia, v. 9, n. 1, p. 109-116.

BOËDA, E.; ROCCA, R.; COSTA, A.; FONTUGNE, M.; CHRISTINE, H.; CLEMENTE-CONTE,
I.; SANTOS, J.; DE OLIVEIRA E LUCAS, L.; FELICE, G. D.; LOURDEAU, A.; VILLAGRAN,
X.; GLUCHY, M.; RAMOS, M. P.; VIANA, S.; LAHAYE, C.; GUIDON, N.; GRIGGO, C.; PINO,
M.; PESSIS, A.; GATO, B. (2016). New data on a Pleistocene archaeological sequence in South
America: toca do Sítio do Meio, Piauí, Brazil. PaleoAmerica: A Journal of Early Human
Migration and Dispersal, New York, Routledge, v. 247, p. 16-21.

BOIVIN, N. L. (2016). Ecological consequences of human niche construction: examining long-


term anthropogenic shaping of global species distributions. Proceedings of the National Academy
of Sciences, v. 113, p. 6388-6396. DOI: https://doi.org/10.1073/pnas.1525200113. Disponível em:
https://www.pnas.org/content/113/23/6388. Acesso em: 6 set. 2020.

BONOMO, M.; COSTA ANGRIZANI, R.; APOLINAIRE, E.; NOELLI, F. (2015). A model for
the Guaraní expansion in the La Plata basin and littoral Zone of Southern Brazil. Quaternary
International, v. 356, p. 54-73.

BOWSER, B.; ZEDEÑO, M. (2009). The Archaeology of Meaningful Places. Salt Lake City:

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 64


University of Utah Press.

BROCHADO, J. P. (1989). A expansão dos Tupi e da cerâmica da tradição policrômica amazônica.


Dédalo, São Paulo, v. 27, p. 65-82.

BROCHADO, J.; LATHRAP, D. (1982). Amazonian Archaeology. [Manuscrito não publicado].

BRONDIZIO, E. S. (2008). Amazonian caboclo and the açaí palm. New York: The New York
Botanical Garden Press. 389 p.

BRUGGER, S. O.; GOBET, E.; VAN LEEUWEN, J. F. N.; LEDRU, M.-P.; COLOMBAROLI,
D.; VAN DER KNAAP, W. O.; LOMBARDO, U.; ESCOBAR-TORREZ, K.; FINSINGER,
W.; RODRIGUES, L.; GIESCHE, A.; ZARATE, M.; VEIT, H.; TINNER, W. (2016). Long-
term man-environment interactions in the Bolivian Amazon: 8000 years of vegetation
dynamics. Quaternary Science Reviews, v. 132, p. 114-128. DOI: https://doi.org/10.1016/j.
quascirev.2015.11.001. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/
S0277379115301670?via%3Dihub%20-%20!. Acesso em: 6 set. 2020.

BUENO, L.; DIAS, A.; STEEL, J. (2013). The Late Pleistocene/Early Holocene archaeological
record in Brazil: a geo-referenced database. Quaternary International, v. 301, p. 74-93.

BURBRIDGE, R. E.; MAYLE, F. E.; KILLEEN, T. J. (2004). Fifty-thousand-year vegetation and


climate history of Noel Kempff Mercado National Park, Bolivian Amazon. Quaternary Research,
Cambridge, v. 61, 215-230. DOI: https://doi.org/10.1016/j.yqres.2003.12.004. Disponível em:
https://www.cambridge.org/core/journals/quaternary-research/article/fiftythousandyear-
vegetation-and-climate-history-of-noel-kempff-mercado-national-park-bolivian-amazon/81A6B8
E7F951C7DB13FE54D4B651CD0C. Acesso em: 6 set. 2020.

BUSH, M. B.; CORREA-METREO, A.; MCMICHAEL, C.; SULLY, S.; SHADIK, C.; VALENCIA,
B.; GUILDERSON, T.; STEINITZ-KANNAN, M.; OVERPECK, J. (2016). A 6900-year history
of landscape modification by humans in lowland Amazonia. Quaternary Science Reviews, v.
141, p. 52-64. DOI: https://doi.org/10.1016/j.quascirev.2016.03.022.Disponível em: https://www.
sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0277379116300919?via%3Dihub. Acesso em: 6 set.
2020.

BUSH, M. B.; CORREA-METREO, A.; WOESIK, R.; SHADIK, C.; MCMICHAEL, C. (2017).
Human disturbance amplifies Amazonian El Niño – Southern Oscillation signal. Global Change
Biology, v. 23, p. 3181-3192. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/
gcb.13608. Acesso em: 6 set. 2020.

BUSH, M. B.; MILLER, M.; OLIVEIRA, P.; CONLIVAUX, P. (2000). Two histories of
environmental change and human disturbance in eastern lowland Amazonia. The Holocene, v. 10,
p. 543-553.

BUSH, M. B.; SILMAN, M.; TOLEDO, M.; LISTOPAD, C.; GOSLING, W.; WILLIAMS, C.;
OLIVEIRA, P.; KRISEL, C. (2007). Holocene fire and occupation in Amazonia: records from two
lake districts. Philosophical Transactions of the Royal Society of London B: Biological Sciences,
London, v. 362, p. 209-218.

BUSH, M. B.; SILMAN, M.; MCMICHAEL, C.; SAATCHI, S. (2008). Fire, climate change and
biodiversity in Amazonia: a Late-Holocene perspective. Philosophical Transactions of the
Royal Society of London B: Biological Sciences, London, v. 363, p. 1795-1802. DOI: https://
doi.org/10.1098/rstb.2007.0014. Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/
rstb.2007.0014. Acesso em: 6 set. 2020.

CALDARELLI S. B.; KIPNIS R. (2017). A ocupação pré-colonial da Bacia do Rio Madeira: novos
dados e problemáticas associadas. Especiaria: Cadernos de Ciências Humanas, v. 17, n. 30, p.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 65


229-89.

CARNEIRO DA CUNHA, M.; MORIM DE LIMA, A. G. (2017). How Amazonian indigenous


peoples contribute to biodiversity. In: BAPTISTE, B.; PACHECO, D.; CARNEIRO DA CUNHA,
M.; DIAZ, S. (ed.). Knowing our lands and resources: indigenous and local knowledge of
biodiversity and ecosystem services in the Americas. Paris: UNESCO. p. 62-80. (Knowledges of
Nature, 11).

CARNEIRO, R. L. (1983). The cultivation of manioc among the Kuikuru of the upper Xingu. In:
HAMES, R. B.; VICKERS, W. T. (ed.). Adaptive responses of native Amazonians. New York:
Academic Press. p. 65-112.

CARNEY, J. A.; ROSOMOFF, R. N. (2011). In the shadow of slavery: Africa’s botanical legacy in
the Atlantic World. Berkeley: University of California Press. 296 p.

CAROMANO, C. (2010). Fogo no mundo das águas. Antracologia no Sítio Hatahara,


Amazônia Central. 2010. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e
Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

CAROMANO, C. (2013). Revealing fires and rich diets: macro and micro-arcahebotanical analysis
at the Hatahara site, Central Amazonia. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of
Lowland South America, v. 11, n. 2, p. 40-51.

CAROMANO, C.; CASCON, L.; MURRIETA, R. (2016). A roça Assurini e o fogo bonito de Aí.
Habitus, v. 14, n. 1, p. 131-140.

CASSINO, M. (2018). Manejo e uso de recursos florísticos em períodos pré-coloniais na


Amazônia: um estudo de caso na RDS Amanã. Instituto de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá, Relatório Final de Atividades.

CASSINO, M.; ALVES, R.; LEVIS, C.; WATLING, J.; JUNQUEIRA, A.; SHOCK, M.; FERREIRA,
M.; ANDRADE, V.; FURQUIM, L.; COELHO, S.; TAMANAHA, E.; NEVES, E.; CLEMENT, C.
(2019). Ethnobotany and Ethnoecology Applied to Historical Ecology. In: ALBUQUERQUE,
L.; CRUZ, A. (ed.) Methods and Techniques in Ethnobiology and Ethnoecology. New York:
Springer, Human Press.

CLEMENT, C. R. (1999a). 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. I. The relation
between domestication and human population decline. Economic Botany, v. 53, n. 2, p. 188-202.

CLEMENT, C. R. (1999b). 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. II. Crop
biogeography at contact. Economic Botany, v. 53, n. 2, p. 203-216.

CLEMENT, C. R.; DE CRISTO-ARAÚJO, M.; D’EECKENBRUGGE, G. C.; PEREIRA, A. A.;


PICANÇO-RODRIGUES, D. (2010). Origin and domestication of native Amazonian crops.
Diversity, v. 2, n. 1, p. 72-106.

CLEMENT, C. R.; DENEVAN, W. M.; HECKENBERGER, M. J.; JUNQUEIRA, A. B.; NEVES, E.


G.; TEIXEIRA, W. G.; WOODS, W. I. (2015). The domestication of Amazonia before European
conquest. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, London, v. 282, n. 1812.

CLEMENT, C. R.; JUNQUEIRA, A.; MOREIRA, P. A.; LINS J.; LEVIS, C. (2016). Ecologia
histórica e a criação da agrobiodiversidade na Amazônia: lições para a agroecologia. In: SANTILLI,
J.; BUSTAMANTE, P. G.; BARBIERI, L. (ed.). Agrobiodiversidade. 1. ed. Brasília: Embrapa. p. 27-
50. (Coleção Transição Agroecológica, v. 2).

CLEMENT, C. R.; LINS, J.; JUNQUEIRA, A. B.; JAKOVAC, A. C. C.; CABRAL, T. S.; LEVIS, C.;
ALVES-PEREIRA, A.; VIEIRA, I. C. G. (2013). Uma Revolução Beckeriana para a biodiversidade

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 66


brasileira. Jornal da Ciência e-mail, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, n. 4.683.

CLEMENT, C. R. (2001). Melhoramento de espécies nativas. In: NASS, L. L.; VALOIS, A. C. C.;
MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C. (ed.). Recursos genéticos e melhoramento: plantas.
Rondonópolis: Fundação MT. p. 422-441.

CLEMENT, C. R.; CASSINO, M. F. (2018). Landscape domestication and archaeology. In:


SMITH, C. (ed.). Encyclopedia of Global Archaeology. New York: Springer. DOI: https://
doi.org/10.1007/978-3-319-51726-1_817-2. Disponível em: https://link.springer.com/
referenceworkentry/10.1007%2F978-3-319-51726-1_817-2. Acesso em: 6 set. 2020.

CLEMENT, C. R. (1999a). 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources in the relation
between domestication and human population decline. Economic Botany, v. 53, n. 2, p. 188-202.

CLEMENT, C. R. (1999b). 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources II: crop
biogeography at contact. Economic Botany, v. 53, n. 2, p. 203-216.

CLEMENT, C. R.; DE CRISTO-ARAÚJO, M.; D’EECKENBRUGGE, G. C.; PEREIRA, A. A.;


PICANÇO-RODRIGUES, D. (2010). Origin and domestication of native Amazonian crops.
Diversity, v. 2, n.1, p. 72-106. DOI: https://doi.org/10.3390/d2010072. Disponível em: https://www.
mdpi.com/1424-2818/2/1/72. Acesso em: 6 set. 2020.

CLEMENT, C. R.; DENEVAN, W. M.; HECKENBERGER, M. J.; JUNQUEIRA, A. B.; Neves,


E. G.; Teixeira, W. G.; Woods, W. I. (2015). The domestication of Amazonia before European
conquest. Proceedings of the Royal Society B. Biological Sciences, London, v. 282. DOI: https://
doi.org/10.1098/rspb.2015.0813. Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/
rspb.2015.0813. Acesso em: 19 out. 2020.

COSTA, M. L.; KERN, D. C. (1999). Geochemical signatures of tropical soils with archaeological
black earth in the Amazon, Brazil. Journal of Geochemical Exploration, v. 66, n. 1-2, p. 369-385.

COSTA, J. A.; COSTA, M. L.; KERN, D. C. (2013). Analysis of the spatial distribution of
geochemical signatures for the identification of prehistoric settlement patterns in ADE and TMA
sites in the lower Amazon Basin. Journal of Archaeological Science, v. 40, p. 2771-2782.

COTTA, J. N.; KAINER, K. A.; WADT, L. H. O.; STAUDHAMMER, C. L. (2008). Shifting


cultivation effects on Brazil nut (Bertholletia excelsa) regeneration. Forest Ecology and
Management, v. 256, n. 1-2, p. 28-35.

CRIVOS, M. (2004). Nature and domestic life in the Valle del Cuñapirú (Misiones, Argentina):
reflections on Mbyá-Guaraní ethnoecology. Agriculture and Human Values, v. 21, n. 2-3, p. 111-
125.

CRIVOS, M.; MARTÍNEZ, M. R.; POCHETTINO, M. L.; REMORINI, C.; SY, A.; TEVES, L.
(2007). Pathway as “signatures in landscape”: towards and ethnography of mobility among the
Mbya-Guaraní (Northeastern Argentina). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 3, n. 2.
Disponível em: http://www.ethnobiomed.com/content/3/1/2. Acesso em 03/01/2019.

CRUMLEY, C. L. (ed.). (1994). Historical ecology: cultural knowledge and changing landscapes.
Albuquerque: School of American Research Press.

CYMERYS, M.; VOGT, N.; BRONDIZIO, E. (2011). Açaí. Euterpe oleracea Mart. In: SHANLEY, P.;
CYMERYS, M.; SILVA, M.; MEDINA, G. (ed.). Fruit trees and useful plants in Amazonian life.
Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). p. 157-168.

DEAN, W. (1995). With broadax and firebrand: the destruction of the Brazilian Atlantic Forest.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 67


Berkeley: University of California Press. 482 p.

DEBOER, W. R.; LATHRAP, D. W. (1979). The making and breaking of Shipibo Conibo ceramics.
In: KRAMER, C. (ed.). Ethnoarchaeology: implications of ethnography for archaeology. New
York: Columbia University Press, p. 102-138.

DENEVAN, W. M. (2014). Estimating Amazonian indian numbers in 1492. Journal of Latin


American Geography, v. 13, n. 2, p. 203-217.

DENEVAN, W. M.; TREACY, J. M.; ALCORN, J. B.; PADOCH, C.; DENSLOW, J.; PAITAN, S. F.
(1984). Indigenous agroforestry in the Peruvian Amazon: Bora Indian management of swidden
fallows. Interciencia, v. 9, n. 6, p. 346-357.

DENEVAN, W. M.; PADOCH, C. (ed.). (1988). Swidden-fallow agroforestry in the Peruvian


Amazon. 5 ed. New York: New York Botanical Garden, Advances in Economic Botany.

DENEVAN, W. M. (2006). Pre-European forest cultivation in Amazonia. In: BALÉE, W.;


ERICKSON, C. L. (ed.). Time and complexity in historical ecology. New York: Columbia
University Press, p. 153-164.

DENEVAN, W. M. (2016). After 1492: nature rebounds. Geographical Review, v. 106, n. 3, p. 381-
398.

DENEVAN, W. M; WILLIAM, M. (1992). The pristine myth: the landscape of the Americas in
1492. Annals of the Association of American Geographers, v. 82, n. 3, p. 369-385.

DENEVAN, W. M. (2004). Semi-intensive pre-European cultivation and the origins of


anthropogenic dark earths in Amazonia. In: GLASER, B.; WOODS, W. I. (ed.). Amazonian dark
earths: explorations in space and time. Berlin; London: Springer. p. 135-143.

DICKAU, R.; BRUNO, M. C.; IRIARTE, J.; PRÜMERS, H.; BETANCOURT, C. J.; HOLST, I.;
MAYLE, F. E. (2011). Diversity of cultivars and other plant resources used at habitation sites in
the Llanos de Mojos, Beni, Bolivia: evidence from macrobotanical remains, starch grains, and
phytoliths. Journal of Archaeological Science, v. 39, p. 357-370.

DUCKE, A.; BLACK, G. A. (1954). Notas sobre a fitogeografia da Amazônia brasileira. Boletim
Técnico do Instituto Agronômico do Norte, v. 29, p.1-62.

EDEN, M. J.; BRAY, W.; HERRERA, L.; MCEVAN, C. (1984). Terra preta soils and their
archaeological context in the Caquetá basin of southeast Colombia. American Antiquity, v. 49, n.
1, p. 125-140.

EHRENREICH, P. (1891). Die Einteilung und Verbreiterung der Völkerstämme Brasiliens nach dem
gegenwärtingen Stande unserer Kenntnisse. Petermanns Mitteilungen, Göttingen, v. 37.

EMPERAIRE, L. (2017). Saberes tradicionais e diversidade das plantas cultivadas na Amazônia.


In: BAPTISTE, B.; PACHECO, D.; CARNEIRO DA CUNHA, M. da; DIAZ, S. (ed.). Knowing our
lands and resources: indigenous and local knowledge of biodiversity and ecosystem services in the
Americas. Paris: UNESCO. (Knowledges of Nature, v. 11, cap. 4, p. 41).

EMPERAIRE, L.; PERONI, N. (2007). Traditional management of agrobiodiversity in Brazil: a


case study of manioc. Human Ecology, v. 35, n. 6, p. 761-768.

ERICKSON, C.; BALÉE, W. (2006). The historical ecology of a complex landscape in Bolivia.
In: BALÉE, W.; ERICKSON, C. (ed.). Time and complexity in historical ecology. Nova York:
Columbia University Press. p. 165-186.

ERICKSON, C. L. (2008). Amazonia: the historical ecology of a domesticated landscape. In: The

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 68


handbook of South American archaeology. New York: Springer. p. 157-183.

ERICKSON, C. L. (2000). An artificial landscape-scale fishery in the Bolivian Amazon. Nature, v.


408, n. 6809, p. 190.

ERICKSON, C. L. (2006). The domesticated landscapes of the Bolivian Amazon. In: BALÉE,
W.; ERICKSON, C. (ed.). Time and complexity in historical ecology. Nova York: Columbia
University Press. p. 78.

ERICKSON, C. L. (2003). Historical ecology and future explorations. In: LEHMANN, J.; KERN,
D.; GLASER, B.; WOODS, W. Amazonian dark earths: origins, properties and management.
Dordrecht: Kluwer Press. p. 455-500.

FAUSTO, C.; HECKENBERGER, M. (2007). Time and memory in indigenous Amazonia:


anthropological perspectives. Gainesville: University Press of Florida.

FAUSTO, C.; NEVES, E. (2018). Whas there ever a Neolithic in the Neotropics? Plant
familiarization and biodiversity in the Amazon. Antiquity, v. 92, n. 366, p. 1604-1618.

FERREIRA, A. B. D. H. (2009). Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4. ed. Curitiba:


Editora Positivo. 2120 p.

FERREIRA, L. V.; VENTICINQUE, E.; ALMEIDA, S. (2005). O desmatamento na Amazônia e a


importância das áreas protegidas. Estudos Avançados, v. 19, n. 53, p. 157-166.

FLORES, B.; PIEDADE, M.; NELSON, B. (2014). Fire disturbance in Amazonian blackwater
floodplain forests. Plant Ecology and Diversity, v. 7, n. 1-2, p. 319-327.

FRASER, J. A.; ALVES-PEREIRA, A.; JUNQUEIRA, A. B.; PERONI, N.; CLEMENT, C. R. (2012).
Convergent adaptations: bitter manioc cultivation systems in fertile anthropogenic dark earths and
floodplain soils in Central Amazonia. PLOS ONE, v. 7, n. 8. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.
pone.0043636. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.
pone.0043636. Acesso em: 19 out. 2020.

FRASER, J. A.; Junqueira, A.; Kawa, N.; Moraes, C.; Clement, C. (2011b). Crop diversity on
anthropogenic dark earths in Central Amazonia. Human Ecology, v. 39, n. 4, p. 395-406.

FRASER, J. A.; JUNQUEIRA, A. B.; CLEMENT, C. R. (2011a). Homegardens on Amazonian dark


earths, non-anthropogenic upland, and floodplain soils along the Brazilian middle Madeira River
exhibit diverging agrobiodiversity. Economic Botany, v. 65, n. 1, p. 1-12.

FREITAS, M. A. B.; VIEIRA, I. C. G.; ALBERNAZ, A.L. K. M.; MAGALHÃES, J. L. L.; LEES,
A. C. (2015). Floristic impoverishment of Amazonian floodplain forests managed for açaí fruit
production. Forest Ecology and Management, v. 351, p. 20-27.

FULLER, D.; DENHAM, T.; ARROYO-KALIN, M.; LUCAS, L.; STEVENS, C.; QIN, L.; ALLABY,
R.; PURUGGANAN, M. (2014). Convergent evolution and parallelism in plant domestication
revealed by expanding archaeological record. Proceedings of the National Academy of Sciences,
v. 111, n. 17, p. 6147-6152.

FURQUIM, L. P. (2017). Nem tudo que reluz é milho: manejo agroflorestal no interflúvio Purus –
Madeira (Acre, Brasil). Encuentro Internacional de Arqueología Amazónica (EIAA), IV, Trinidad,
Bolívia, 2017. Anais [...]. Trinidad, Bolívia.

FURQUIM, L. P. (2018). Arqueobotânica e mudanças socioeconômicas durante o Holoceno


Médio no sudoeste da Amazônia. 2018. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Museu de
Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 69


GARNETT, S. T.; BURGESS, N. D.; FA, J. E.; FERNÁNDEZ-LLAMAZARES, A.; MOLNÁR,
Z.; ROBINSON, C. J.; WATSON, J. E. M.; ZANDER, K. K.; AUSTIN, B.; BRONDIZIO, E. S.;
COLLIER, N. F.; DUNCAN, T.; ELLIS, E.; GEYLE, H.; JACKSON, M. V.; JONAS, H.; MALMER,
P.; MCGOWAN, B.; SIVONGXAY, A.; LEIPER, I. (2018). A spatial overview of the global
importance of indigenous lands for conservation. Nature Sustainability, v. 1, n. 7, p. 369.

GERMAN, L. A. (2003). Historical contingencies in the coevolution of environment and


livelihood: contributions to the debate on Amazonian Black Earth. Geoderma, v. 111, n. 3-4, p.
307-331.

GLASER, B.; WOODS, W. I. (ed.). (2004). Amazonian dark earths: explorations in space and
time. Berlin; London: Springer.

GLASER, B.; BIRK, J. J. (2012). State of the scientific knowledge on properties and genesis
of anthropogenic dark earths in Central Amazonia (Terra Preta de Índio). Geochimica et
Cosmochimica Acta, v. 82, p. 39-51.

GLASER, B.; BALASHOV, E.; HAUMAIER, L.; GUGGENBERGER, G.; ZECH, W. (2000). Black
carbon in density fractions of anthropogenic soils of the Brazilian Amazon region. Organic
Geochemistry, v. 21, p. 669-678.

GOMES, C. V. A. (2018). Ciclos econômicos do extrativismo na Amazônia na visão dos viajantes


naturalistas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 13, n. 1, p.
129-146.

GRAHAM, E. (2006). A neotropical framework for terra preta. In: BALÉE, W.; ERICKSON, C. L.
(ed.). Time and complexityin historical ecology: studies in the neotropical lowlands. New York:
Columbia University Press. p. 57-85.

GRENAND, P. (1992). The use and cultural significance of the secondary forest among the Wayapi
Indians. In: PLOTKIN, M.; FAMOLARE, L. (ed.). Sustainable harvest and marketing of rain
forest products. Washington: Island Press. p. 27-40.

GUIMARÃES, P.; GALETI, M.; JORDANO, P. (2008). Seed dispersal anachronisms: rethinking
the fruit extinct megafauna ate. PLOS ONE, v. 3, n. 3. doi:10.1371/journal.pone.0001745.
Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0001745. Acesso
em: 6 set. 2020.

HARLAN, J. R. (1992). Crops & man. 2. ed. Madison: American Society of Agronomy & Crop
Science Society of America. 284 p.

HARRIS, D. (1972). The origins of agriculture in the tropics: ecological analysis affords new
insights into agricultural origins and suggests a fresh evaluation of the limited archaeological
evidence. American Scientist, v. 60, n. 2, p. 180-193.

HARTT, C. F. (1885). Contribuições para a ethnologia do Valle do Amazonas. Arquivos do Museu


Nacional do Rio de Janeiro, v. 6, p. 1-94.

HASTORF, C. (1998). The cultural life od early domestic plant use. Antiquity, v. 72, n. 278, p. 773-
782.

HEADLAND, T. N.; BAILEY, R. C. (1991). Introduction: Have hunter-gatherers ever lived


in tropical rainforest independently of agriculture? Human Ecololgy, v. 19, p. 115-122. Doi:
https://doi.org/10.1007/BF00888742. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/
BF00888742. Acesso em: 6 set. 2020.

HECHT, S. B. (2003). Indigenous soil management and the creation of Amazonian dark

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 70


earths: implications of Kayapó practices. In: LEHMANN, J.; KERN, D.; GLASER, B.; WOODS,
W. Amazonian dark earths: origin, properties, management. Dordrecht: Kluwer Academic
Publishers. p. 355-372.

HECKENBERGER, M. J. (1998). Manioc agriculture and sedentism in Amazonia: the upper Xingu
example. Antiquity, v. 72, n. 277, p. 633-648.

HECKENBERGER, M. J. (2005). The ecology of power: culture, place, and personhood in the
southern Amazon, A.D. 1000-2000. New York: Routledge.

HECKENBERGER, M. J. (2008). Amazonian mosaics: identity, interaction, and integration in the


tropical forest. In: The handbook of South American archaeology. New York: Springer. p. 941-
961.

HECKENBERGER, M. J.; KUIKURO, A.; KUIKURO, U. T.; RUSSELL, J. C.; SCHMIDT, M.;
FAUSTO, C.; FRANCHETTO, B. (2003). Amazonia 1492: pristine forest or cultural parkland?
Science, v. 301, n. 5640, p. 1710-1714.

HECKENBERGER, M. J.; NEVES, E. G. (2009). Amazonian Archaeology. Annual Review of


Anthropology, v. 38, p. 251-266.

HECKENBERGER, M. J.; PETERSEN, J. B.; NEVES, E. G. (1999). Village size and permanence in
Amazonia: two archaeological examples from Brazil. Latin American Antiquity, v. 10, n. 4, p. 353-
376.

HENDERSON, A. (1995). The palms of the Amazon. Oxford: Oxford University Press.

HERMENEGILDO, T.; O’CONNELL, T.; GUAPINDAIA, V.; NEVES, E. G. (2017). New evidence
for subsistence strategies of late pre-colonial societies of the mouth of the Amazon based on
carbon and nitrogen isotopic data. Quaternary International, v. 448, p. 139-149.

HERRERA, L. F.; CAVELIER, I.; RODRIGUEZ, C.; MORA, S. (1992). The technical
transformation of an agricultural system in the Colombian Amazon. World Archaeology, v. 24, n.
1, p. 98-113.

HILBERT, K.; NEVES, E. G.; PUGLIESE, F.; WHITNEY, B. S.; SHOCK, M.; VEASEY, E.; ZIMPEL,
C. A.; IRIARTE, J. (2017). Evidence for mid-Holocene rice domestication in the Americas. Nature,
Ecology and Evolution, v. 1, p. 1693-1698.

HILBERT, P. P. (1968). Archäologische Untersuchungen am mittleren Amazonas: Beiträge zur


Vorgeschichte des südamerikanischen Tieflandes. Marburger Studien zur Völkerkunde, Berlin, n.
1.

HOMMA, A. K. O. (2014). Extrativismo vegetal na Amazônia: história, ecologia, economia e


domesticação. Brasília: Embrapa. 467 p.

HOMMA, A. K. O. (1993). Extrativismo vegetal na Amazônia: limites e oportunidades. Brasília:


EMBRAPA-SPI. 202 p.

HOMMA, A. K. O. (2003). História da agricultura na Amazônia: da era pré-colombiana ao


terceiro milênio. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. 274 p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). MINISTÉRIO DO


PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO. (2017). Produção Extrativista Vegetal e
da Silvicultura, Rio de Janeiro, v. 32, p. 1-8.

INGOLD, T. (2002). The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill.
London: Routledge. 480 p.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 71


IRIARTE, J.; BEHLING, H. (2007). The expansion of Araucaria forest in the southern Brazilian
highlands during the last 4000 years and its implications for the development of the Taquara/
Itararé Tradition. Environmental Archaeology, v. 12, p. 115-127.

IRIARTE, J.; SMITH, R. J.; SOUZA, J. G.; MAYLE, F. E.; WHITNEY, B. S.; CÁRDENAS, M. L.;
SINGARAYER, J.; CARSON, J. F.; ROY, S.; VALDES, P. (2016). Out of Amazonia: Late-Holocene
climate change and the Tupi-Guarani trans-continental expansion, The Holocene, v. 27, n. 7, p.
967-975.

IRIARTE, J.; DEBLASIS, P.; DE SOUZA, J.; CORTELETTI, R. (2017). Emergent complexity,
changing landscapes, and spheres of interaction in Southeastern South America during the Middle
and Late Holocene. Journal of Archaeological Research, v. 25, n. 3, p. 1-63.

IRION, G. (2006). A multiproxy palaeoecological record of Holocene lake sediments from the Rio
Tapajós, eastern Amazonia. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 240, p. 523-
535.

JUNQUEIRA, A. B.; KAWA, N. C.; FRASER, J. A.; CLEMENT, C. R. (2010a). Explorando a


relação entre agrobiodiversidade e solos antrópicos no médio Rio Madeira, Amazonas, Brasil.
In: MING, L. C.; AMOROZO, M. C. M.; KFFURI, C. W. (ed.). Agrobiodiversidade no Brasil:
experiências e caminhos da pesquisa. Recife: NUPEEA, v. 6, p.137-160. (Série Estudos & Avanços).

JUNQUEIRA, A. B.; LEVIS, C.; BONGERS, F.; PEÑA-CLAROS, M.; CLEMENT, C. R.; COSTA,
F.; TER STEEGE, H. (2017). Response to Comment on “Persistent effects of pre-Columbian plant
domestication on Amazonian forest composition”. Science, v. 358, n. 6361, p. eaan8837.

JUNQUEIRA, A. B.; SOUZA, N. B.; STOMPH, T. J.; ALMEKINDERS, C.; CLEMENT, C. R.;
STRUIK, P. (2016a). Soil fertility gradients shape the agrobiodiversity of Amazonian homegardens.
Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 221, p. 270-281.

JUNQUEIRA, A. B.; STOMPH, T. J.; CLEMENT, C. R.; STRUIK, P. (2016b). Variation in soil
fertility influences cycle dynamics and crop diversity in shifting cultivation systems. Agriculture,
Ecosystems & Environment, v. 215, p. 122-132.

JUNQUEIRA, A. B.; SHEPARD JR, G. H.; CLEMENT, C. R. (2011). Secondary forests on


anthropogenic soils of the middle Madeira River: valuation, local knowledge, and landscape
domestication in Brazilian Amazonia. Economic Botany, v. 65, n. 1, p. 85-99.

JUNQUEIRA, A. B.; SHEPARD JR.; G. H.; CLEMENT, C. R. (2010b). Secondary forests


on anthropogenic soils in Brazilian Amazonia conserve agrobiodiversity. Biodiversity and
Conservation, v. 19, n. 7, p. 1933-1961.

JUNQUEIRA, A. B. (2015). Anthropogenic soils in central Amazonia: farmers’ practices,


agrobiodiversity and land-use patterns. 2015. Tese (Doutorado em Ecologia de Produção e
Conservação de Recursos) – Centre for Crop Systems Analysis, Wagenigen University, Wagenigen.

JUNQUEIRA, A. B.; SHEPARD, G. H.; CLEMENT, C. R. (2010). Secondary forests on


anthropogenic soils in Brazilian Amazonia conserve agrobiodiversity. Biodiversity and
Conservation, v. 19, p. 1933-1961. Doi: https://doi.org/10.1007/s10531-010-9813-1. Disponível
em: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10531-010-9813-1. Acesso em: 6 set. 2020.

JUNQUEIRA, A. B. (2016b). Soil fertility gradients shape the agrobiodiversity of Amazonian


homegardens. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 221, p. 270-281.

JUNQUEIRA, A. B. (2016a). Variation in soil fertility influences cycle dynamics and crop diversity
in shifting cultivation systems. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 215, p. 122-132.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 72


KENNEDY, J. (2012). Agricultural systems in the tropical forest: a critique framed by tree crops of
Papua New Guinea. Quaternary International, v. 249, p. 140-150.

KERN, D. C.; KÄMPF, N. (1989). Antigos assentamentos indígenas na formação de solos com
terra preta arqueológica na região de Oriximiná, Pará. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.
13, n. 2, p. 219-225.

KERN, D. C. (2003). Distribution of antropogenic dark earths. In: LEHMANN, J.; KERN, D. C.;
GLASER, B.; WOODS, W. (ed.). Amazonian dark earths: origin, properties, management. 1. ed.
Norwell: Kluwer Academic Publishers. p. 51-76.

KERN, D. C.; LIMA DA COSTA, M.; FRAZÃO, F. J. L. (2004). Evolution of the scientific
knowledge regarding archaeological black earths of Amazonia. In: GLASER B.; WOODS, W. I.
(ed.). Amazonian dark earths: explorations in space and time. Berlin; London: Springer. p. 19-28.

KERN, D. C. (1996). Geoquímica e pedogeoquímica em sítios arqueológicos com terra preta na


floresta nacional de Caxiuanã (Portel-PA). 1996. Tese (Doutorado em Geologia e Geoquímica) –
Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém.

KISTLER, L.; MAEZUMI, Y.; DE SOUZA, J; PEZELOMSKA, N.; COSTA, F.; SMITH, O.;
LOISELLE, H.; RAMOS-MADRIGAL, J.; WALES, N.; RIBEIRO, E.; MORRISON, R.; GRIMALDO,
C.; PROUSS, A.; ARRIAZA, B.; GILBERT, M.; FREITAS, F.; ALLABY, R. (2019). Multiproxy
evidence highlights a complex evolutionary legacy of maize in South America. Science, v. 362, p.
1309-1313.

KLEIN, R. M. (1980). Ecologia da flora e vegetação do Vale do Itajaí. Sellowia, Itajaí, v. 32.

KOCH, A.; BRIERLEY, C.; MASLIN, M.; LEWIS, S. (2019). Earth system impacts of the European
arrival and great dying in the Americas after 1492. Quaternary Science Reviews, v. 207, p. 13-36.

LATHRAP, D. (1970). The Upper Amazon. Ancient people and Places. London: Thames and
Hudson.

LEDRU, M.-P. (2002). Late Quaternary history and evolution of the cerrados as revealed by
palynological records. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. (ed.). The Cerrados of Brazil:
ecology and natural history of a neotropical savanna. New York: Columbia University Press. p. 33-
50.

LEHMANN, J. SILVA JR.; J. P.; STEINER, C.; NEHLS, T.; ZECH, W.; GLASER, B. (2003).
Nutrient availability and leaching in an archaeological Anthrosol and a Ferralsol of the Central
Amazon basin: fertilizer, manure and charcoal amendments. Plant and Soil, v. 249, n. 2, p. 343-
357.

LEHMANN, J.; KERN, D.; GLASER, B.; WOODS, W. (2003). Amazonian dark earths: origins,
properties and management. Dordrecht: Kluwer Press.

LEVIS, C.; SOUZA, P. F.; SCHIETTI, J.; EMILIO, T.; VEIGA PINTO, J. L. P.; CLEMENT, C.
R.; COSTA, F. R. C. (2012). Historical human footprint on modern tree species composition in
the Purus-Madeira interfluve, central Amazonia. PLOS ONE, v. 7, n. 11. DOI: 10.1371/journal.
pone.0048559. Disponível em: https://science.sciencemag.org/content/355/6328/925. Acesso em:
19 out. 2020.

LEVIS, C.; FLORES, B. M.; MOREIRA, P. A.; LUIZE, B. G.; ALVES, R. P.; FRANCO-MORAES,
J.; LINS, J.; KONINGS, E.; PEÑA-CLAROS, M.; BONGERS, F.; COSTA, F. R. C.; CLEMENT, C.
R. (2018). How people domesticated Amazonian forests. Frontiers in Ecology and Evolution, v. 5,
p. 171.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 73


LEVIS, C.; COSTA, F. R. C.; BONGERS, F.; PEÑA-CLAROS, M.; CLEMENT, C. R.; JUNQUEIRA,
A. B.; NEVES, E. G.; TAMANAHA, E. K.; FIGUEIREDO, F. O. G.; SALOMÃO, R. P.; CASTILHO,
C. V.; MAGNUSSON, W. E.; PHILLIPS, O. L.; GUEVARA, J. E.; SABATIER, D.; MOLINO, J.-F.;
CÁRDENAS LÓPEZ, D.; MENDOZA, A. M.; PITMAN, N. C. A.; DUQUE, A.; NÚÑEZ VARGAS,
P.; ZARTMAN, C. E.; VASQUEZ, R.; ANDRADE, A.; CAMARGO, J. L.; FELDPAUSCH, T. R.;
LAURANCE, S. G. W.; LAURANCE, W. F.; KILLEEN, T. J.; MENDONÇA NASCIMENTO, H. E.;
MONTERO, J. C.; MOSTACEDO, B.; AMARAL, I. L.; GUIMARÃES VIEIRA, I. C.; BRIENEN, R.;
CASTELLANOS, H.; TERBORGH, J.; VEIGA CARIM, M. J.; GUIMARÃES, J. R. S.; COELHO, L. S.;
MATOS, F. D. A.; WITTMANN, F.; MOGOLLÓN, H. F.; DAMASCO, G.; DÁVILA, N.; GARCÍA-
VILLACORTA, R.; CORONADO, E. N. H.; EMILIO, T.; LIMA FILHO, D. A.; SCHIETTI, J.;
SOUZA, P.; TARGHETTA, N.; COMISKEY, J. A.; MARIMON, B. S.; MARIMON JR., B.-H.; NEILL,
D.; ALONSO, A.; ARROYO, L.; CARVALHO, F. A.; SOUZA, F. C.; DALLMEIER, F.; PANSONATO,
M. P.; DUIVENVOORDEN, J. F.; FINE, P. V. A.; STEVENSON, P. R.; ARAUJO-MURAKAMI,
A.; AYMARD C., G. A.; BARALOTO, C.; AMARAL, D. D.; ENGEL, J.; HENKEL, T. W.; MAAS,
P.; PETRONELLI, P.; CARDENAS REVILLA, J. D.; STROPP, J.; DALY, D.; GRIBEL, R.; RÍOS
PAREDES, M.; SILVEIRA, M.; THOMAS-CAESAR, R.; BAKER, T. R.; SILVA, N. F.; FERREIRA, L.
V.; PERES, C. A.; SILMAN, M. R.; CERÓN, C.; VALVERDE, F. C.; DI FIORE, A.; JIMENEZ, E. M.;
PEÑUELA MORA, M. C.; TOLEDO, M.; BARBOSA, E. M.; MATOS BONATES, L. C.; ARBOLEDA,
N. C.; SOUSA FARIAS, E.; FUENTES, A.; GUILLAUMET, J.-L.; JØRGENSEN, P. M.; MALHI, Y.;
ANDRADE MIRANDA, I. P.; PHILLIPS, J. F.; PRIETO, A.; RUDAS, A.; RUSCHEL, A. R.; SILVA,
N.; VON HILDEBRAND, P.; VOS, V. A.; ZENT, E. L.; ZENT, S.; CINTRA, B. B. L.; NASCIMENTO,
M. T.; OLIVEIRA, A. A.; RAMIREZ-ANGULO, H.; RAMOS, J. F.; RIVAS, G.; SCHÖNGART,
J.; SIERRA, R.; TIRADO, M.; VAN DER HEIJDEN, G.; TORRE, E. V.; WANG, O.; YOUNG, K.
R.; BAIDER,; CANO, A.; FARFAN-RIOS, W.; FERREIRA, C.; HOFFMAN, B.; MENDOZA, C.;
MESONES, I.; TORRES-LEZAMA, A.; MEDINA, M. N. U.; VAN ANDEL, T. R.; VILLARROEL,
D.; ZAGT, R.; ALEXIADES, M. N.; BALSLEV, H.; GARCIA-CABRERA, K.; GONZALES, T.;
HERNANDEZ, L.; HUAMANTUPA-CHUQUIMACO, I.; MANZATTO, A. G.; MILLIKEN, W.;
CUENCA, W. P.; PANSINI, S.; PAULETTO, D.; AREVALO, F. R.; COSTA REIS, N. F.; SAMPAIO, A.
F.; URREGO GIRALDO, L. E.; VALDERRAMA SANDOVAL, E. H.; VALENZUELA GAMARRA,
L.; VELA, C. I. A.; TER STEEGE, H. (2017). Persistent effects of pre-Columbian plant domestication
on Amazonian forest composition. Science, v. 355, n. 6328, p. 925-931.

LEVIS, C.; FLORES, B. M.; MOREIRA, P. A.; LUIZE, B. G.; ALVES, R. P.; FRANCO-MORAES,
J.; LINS, J.; KONINGS, E.; PEÑA-CLAROS, M.; BONGERS, F.; COSTA, F. R. C.; CLEMENT, C.
R. (2017). How people domesticated Amazonian forests. Frontiers in Ecology and Evolution,
v. 5. DOI: https://doi.org/10.3389/fevo.2017.00171. Disponível em: https://www.frontiersin.org/
articles/10.3389/fevo.2017.00171/full. Acesso em: 6 set. 2020.

LEVIS, C.; SILVA, M. S.; SILVA, M. A.; MORAES, C.; NEVES, E. G.; TAMANAHA, E.; FLORES,
B.; CLEMENT, C. R. (2014). What do we know about the distribution of Amazonian dark
earth along tributary rivers in Central Amazonia? In: Encuentro Internacional de Arqueologia
Amazónica, III, Quito, 2014. Antes de Orellana. Actas [...]. Quito.

LIMA, H. N.; SCHAEFER, C. E. R.; MELLO, J. W. V.; GILKES, R. J.; KER, J. C. (2002).
Pedogenesis and pre-Colombian land use of “Terra Preta Anthrosols” (“Indian black earth”) of
Western Amazonia. Geoderma, v. 110, n. 1-2, p. 1-17.

LIMA, L. (2011). Feições: vestígios antrópicos na Amazônia Central (Relatório de Iniciação


Científica). São Paulo: FAPESP-USP.

LINS, J.; LIMA, H. P.; BACCARO, F. B.; KINUPP, V. F.; SHEPARD JR., G. H.; CLEMENT, C.
R. (2015). Pre-columbian floristic legacies in modern homegardens of central Amazonia. PLOS
ONE, v. 10, n. 6, p. 1-10. DOI: e0127067. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/
article?id=10.1371/journal.pone.0127067. Acesso em: 19 out. 2020.

LOMBARDO, U. IRIARTE, J.; HILBERT, L.; RUIZ-PÉREZ, J.; CAPRILES, J. M.; VEIT, H. (2020).

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 74


Early Holocene crop cultivation and landscape modification in Amazonia, Nature, v. 581, p. 190-
193.

MACHADO, J. S. (2005). A formação de montículos artificiais: um estudo de caso no Sítio


Hatahara, Amazonas. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e
Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

MAEZUMI, S. Y.; ALVES, D.; ROBINSON, M.; SOUZA, J. G.; LEVIS, C.; BARNETT, R. L.;
OLIVEIRA, E. A.; URREGO, D.; SCHAAN, D.; IRIARTE, J. (2018). The legacy of 4,500 years of
polyculture agroforestry in the eastern Amazon. Nature Plants, v. 4, n. 8, p. 540.

MAEZUMI, S. Y. (2018). The legacy of 4,500 years of polyculture agroforestry in the eastern
Amazon. Nature Plants, v. 4, p. 540-547. DOI: https://doi.org/10.1038/s41477-018-0205-y.
Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41477-018-0205-y. Acesso em: 6 set. 2020.

MANN, C. (2005). 1491: novas revelações das Américas antes de Colombo. Rio de Janeiro:
Objetiva.

MANN, C. C. (2011). 1493: uncovering the new world Columbus created. New York: Alfredo A.
Knopf. 535 p.

MATOS, C. (2015). Análise micromorfológica dos depósitos arqueológicos do sítio Conjunto


Vilas, Tefé (AM). 2015. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro.

MAYLE, F. LANGSTROTH, R. P.; FISHER, R. A.; MEIR, P. (2016). Long-term forest-savannah


dynamics in the Bolivian Amazon: implications for conservation. Phylosophical Transaction of
the Royal Society B, v. 362, p. 291-307.

MAYLE, F. E.; IRIARTE, J. (2014). Integrated palaeoecology and archaeology – a powerful


approach for understanding pre-Columbian Amazonia. Journal of Archaeological Science, v.
51, 54-64. DOI: 10.1016/j.jas.2012.08.038.Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/
article/abs/pii/S0305440312003913?via%3Dihub. Acesso em: 6 set. 2020.

MAYLE, F. E.; POWER, M. J. (2008). Impact of a drier Early-Mid Holocene climate upon
Amazonian forests. Philosophical Transactions of the Royal Society of London B: Biological
Sciences, v. 363, p. 1829-1838.

MCMICHAEL, C. H.; PALACE, M. W.; BUSH, M. B.; BRASWELL, B.; HAGEN, S.; NEVES, E.
G.; SILMAN, M. R.; TAMANAHA, E. K.; CZARNECKI, C. (2014). Predicting pre-Columbian
anthropogenic soils in Amazonia. Proceedings of the Royal Society B. Biological Sciences, v.
281, n. 1777. DOI: 20132475. Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/
rspb.2013.2475. Acesso em: 6 set. 2020.

MEGGERS, B. J. (1954). Environmental limitation on the development of culture. American


Anthropologist, v. 56, n. 5, p. 801-824.

MEGGERS, B. J. (1990). Reconstrução do comportamento locacional pré-histórico na Amazônia.


Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Antropologia, Belém, v.6, n. 2, p. 183-203.

MILLER, A. J.; GROSS, B. L. (2011). From forest to field: perennial fruit crop domestication.
American Journal of Botany, v. 98, n. 9, p. 1389-414.

MILLER, E. T. (1992). Archaeology in the Hydrolectric projects of Eletronorte. Brasília:


Eletronorte.

MILLER, E. T. (2009). A cultura cerâmica do tronco Tupi no Alto Ji-Paraná, Rondônia,


Brasil: algumas reflexões teóricas, hipotéticas e conclusivas. Revista Brasileira de Linguística

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 75


Antropológica, v. 1, n. 1, p. 35-136.

MISTRY, J. (1998). Fire in the Cerrado (savannas) of Brazil: an ecological review. Progess in
Physical Geography, v. 22, n. 4, p. 425-448.

MOEGENBURG, S. M.; LEVEY, D. J. (2003). Do frugivores respond to fruit harvest? An


experimental study of short‐term responses. Ecology, v. 84, n. 10, p. 2600-2612.

MORA, S. (2003). Early Inhabitants of the Amazonian Tropical Rain Forest: a Study of Humans
and Environmental Dynamics. University of Pittsburgh Latin American Archaeology Reports,
Pittsburgh, v. 3.

MORA, S. (2003). Archaeobotanical methods for the study of Amazonian dark earths. In:
LEHMANN, J.; KERN, D.; GLASER, B.; WOODS, W. (ed.). Amazonian dark earths: origins,
properties and management. Kluwer Press, Dordrecht. p. 205-225.

MORAES, C. P.; NEVES, E. G. (2012). O ano 1000: Adensamento populacional, interação e


conflito na Amazônia Central. Amazônica, v. 4, n. 1, p. 122-148.

MORAES, C. P. (2006). Arqueologia na Amazônia central vista de uma perspectiva da região


do Lago do Limão. 2006. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e
Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

MORAN, E. F. (1993). Deforestation and land use in the Brazilian Amazon. Human Ecology, v.
21, n. 1, p. 1-21.

MORCOTE-RÍOS, G.; BERNAL, R. (2001). Remains of palms (Palmae) at archaeological sites in


the New World: A review. The Botanical Review, v. 67, n. 3, p. 309-350.

MOREIRA, P. A.; AGUIRRE-DUGUA, X.; MARIAC, C.; ZEKRAOUI, L.; COUDERC, M.;
DORIANE, P. R.; CASAS, A.; CLEMENT, C. R.; VIGOUROUX, Y. (2017). Diversity of treegourd
(Crescentia cujete) suggests introduction and prehistoric dispersal routes into Amazonia. Frontiers
in Ecology and Evolution, v. 5, p. 150.

MORI, S.; PRANCE, T. (1990). Taxonomy, ecology, and economy botany of Brazil nut (Bertholletia
excelsa Humb. e Bonpl.: Lecythidaceae). Advances in Economic Botany, v. 8, p. 130-150.

MYERS, T. P. (1973). Towards the reconstruction of prehistoric community patterns in the


Amazon basin. In: LATHRAP, D. W.; DOUGLAS, J. (ed.). Variation in anthropology: essays in
honor of John C. McGregor. Illinois Archaeological Survey, Urbana. p. 233-259.

MYERS, T. P. (2004). Dark earth in the upper Amazon. In: GLASER, B.; WOODS, W. I. (ed.).
Amazonian dark earths: explorations in space and time. Berlin; London: Springer. p. 67-94.

NAKAMURA, C.; MELO JR., J. C. F.; CECCANTINI, G. (2010). Macro-restos vegetais: uma
abordagem paleoetnobotânica e paleoambiental. In: ARAÚJO, A. G. M.; NEVES, W. A. (org.).
Lapa das boleiras: um sítio paleoíndio do carste de Lagoa Santa, MG, Brasil. São Paulo:
Annablume, p. 158-177.

NEPSTAD, D.; LEFEBVRE, P.; LOPES DA SILVA, U.; TOMASELLA, J.; SCHLESINGER, P.;
SOLÓRZANO, L.; MOUTINHO, P.; RAY, D.; BENITO, J. G. (2004). Amazon drought and its
implications for forest flammability and tree growth: a basin-wide analysis. Global Change Biology,
v. 10, p. 704-717. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1529-8817.2003.00772.x. Disponível em: https://
onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1529-8817.2003.00772.x. Acesso em: 6 set. 2020.

NEVES, E. G. (2012). Sob os tempos do equinócio: oito mil anos de história na Amazônia
Central (6.500 a.C.-1.500 d.C.). 2012. Tese (Livre Docência) – Museu de Arqueologia e Etnologia,
Universidade de São Paulo, São Paulo.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 76


NEVES, E. G.; PUGLIESE JR., F. A.; SHOCK, M. P.; FURQUIM, L. P.; ZIMPEL NETO, C. A.;
CARNEIRO, C. G. (2016). Pesquisa e Formação nos sítios Espinhara e Sol de Campinas do
Acre. (Relatório IPHAN, Processo n. 01423.000413/2012-28).

NEVES, E. G.; Guapindaia, V.; Lima, H.; Costa, B.; Gomes, J. (2014). A tradição Pocó-Açutuba e
os primeiros sinais visíveis de modificações de paisagens na calha do Amazonas. In: Encuentro
Internacional de Arqueología Amazónica, III, 2014, Quito. Anais [...]. Quito: Ministerio
Coordinador de Conocimiento y Talento Humano/IKIAM. p. 137-158. [Rostain, S. (ed.)].

NEVES, E. G.; Petersen, J. B.; Bartone, R. N.; Silva, C. A. (2003). Historical and sociocultural
origins of amazonian dark earth. In: LEHMANN, J.; KERN, D.; GLASER, B.; WOODS, W. (ed.).
Amazonian dark earths. Leiden: Springer. p. 29-50.

NEVES, E. G. (2003). Historical and socio-cultural origins of Amazonian dark earths. In:
LEHMANN, J.; KERN, D.; GLASER, B.; WOODS, W. (ed.). Amazonian dark earths: origins,
properties and management. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers. p. 29-50.

NEVES, E. G. (2007). El formativo que nunca terminó: la larga historia de estabilidad en las
ocupaciones humanas de la Amazonía central. Boletín de Arqueología PUCP, v. 11, p. 117-141.

NEVES, E. G. (2016) A tale of three species or the ancient soul of tropical forests. In: SANZ, N.
(ed.). Tropical forest conversation: long-term processes of human evolution, cultural adaptations
and consumption patterns. 1. ed. Mexico: UNESCO, p. 228-245

NEVES, E.; HECKENBERGER, M. (2019). The call of the wild: rethinking food production in
ancient Amazonia. Annual Review of Anthropology, v. 48, p. 371-88.

NIMUENDAJÚ, C. (1981). Mapa etno-histórico de Curt Nimuendajú. Rio de Janeiro: Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística. 97 p.

NIMUENDAJÚ, C. (1949). Os Tapajó. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, v. 10,
p. 93-106.

NOELLI, F. S. (2000). A ocupação humana na Região Sul do Brasil: arqueologia, debates e


perspectivas - 1872-2000. Revista USP, v. 44, p. 218-269.

NOELLI, F. S. (2004). La distribuición geográfica de las evidencias arqueológicas Guaraníes.


Revista de Índias, Madrid, v. 64, n. 230, p. 7-34.

NOELLI, F. S. (2008). The Tupi expansion. In: SILVERMAN, H.; ISBELL, W. H. (ed.) The
handbook of South American archaeology. New York: Springer. p. 659-670.

NOELLI, F. S. (1993). Sem Tekohá não há Tekó: em busca de um modelo etnoarqueológico da


aldeia e da subsistência Guarani e sua aplicação a uma área de domínio no Delta do Rio Jacuí –
RS. 1993. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto Filosofia Ciências Humanas, Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

NOELLI, F. S. (2019). Ñande reko: fundamentos dos conhecimentos tradicionais ambientais


Guaraní. Revista Brasileira de Linguística Antropológica, v. 11, n. 1. p. 13-45.

OLIVEIRA, D. (2009). As florestas que pertencem aos deuses: etnobotânica e territorialidade


Guarani na Terra Indígena M’biguaçu/SC. 2009. 182p. Trabalho de Conclusão (Curso de Ciências
Biológicas) – Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal Santa Catarina, Florianópolis.

OLIVEIRA, J. (2016). Mundos de roças e florestas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi,
Belém, v. 11, n. 1, p. 115-131.

OLIVEIRA, J. (2019). A Sedução das Mandiocas. In: LABATE, B. C.; GOULART, S. L. (org.). O

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 77


uso de plantas psicoativas nas Américas. Rio de Janeiro: Gamma/NEIP.

PEARSALL, D. M. (2015). Paleoethnobotany: a handbook of procedures, 3. ed. New York:


Routledge.

PEPPER, L. G.; ALVES, L. F. N. (2017). Small-scale açaí in the global market: adding value to
ensure sustained income for forest farmers in the Amazon estuary. In: MONTAGNINI, F. (ed.).
Integrating landscapes: agroforestry for biodiversity conservation and food sovereignty. New
York: Springer. p. 211-234.

PEREIRA, E. (2016). Relatório final do projeto Ocupação Pré-Colonial de Monte Alegre-PA.


CNPQ/IPHAN. (Não publicado).

PESSENDA, L. C. R.; GOUVEIA, S. E. M.; ARAVENA, R.; GOMES, B. M.; BOULET, R.;
RIBEIRO, A. S. (1997). 14C dating and stable carbon isotopes of soil organic matter in forest-
savanna boundary areas in the southern Brazilian Amazon region. Radiocarbon, v. 40, p. 1013-
1022.

PESSENDA, L.; GOMES, B. M.; ARAVENA, R.; RIBEIRO, A. S.; BOULET, R.; GOUVEIA, S. E.
M. (1998). The carbon isotope in soils along a forest-cerrado ecosystem transect: implication for
vegetation changes in the Rondonia State, southwestern Brazilian Amazon region. The Holocene,
v. 8, n. 5, p. 599-603.

PESSENDA, L.; BOULET, R.; ARAVENA, R.; ROSOLEN, V.; GOUVEIA, S.; RIBEIRO, A.;
LAMOTTE, M. (2001). Origin and dynamics of soil organic matter and vegetation changes during
the Holocene in a forest-savanna transition zone, Brazilian Amazon region. The Holocene, v. 11, p.
250-254.

PETERSEN, J. B.; NEVES, E. G.; HECKENBERGER, M. J. (2001). Gift from the past: terra preta
and prehistoric occupation in Amazonia. In: PETERSEN, J. B.; NEVES, E. G.; HECKENBERGER,
M. J. (ed.). Unknown Amazon: culture in nature in ancient Brazil. 1. ed. London: The British
Museum Press. p. 86-107.

PIPERNO, D. R.; PEARSALL, D. M. (1998). The origins of agriculture in the lowland


neotropics. New York: Academic Press.

POLITIS, G. (2001). Foragers of the Amazon. In: MCEWAN C.; BARRETO, C.; NEVES E. G. (ed.).
Unknown Amazon: culture in nature in ancient Brazil. London: British Museum Press. p. 26-49.

POLITIS, G. (2007). Nukak: ethnoarchaeology of an Amazonian People. Walnut Creek: Left Coast
Press.

POLITIS, G. (1996). Moving to produce: Nukak mobility and settlement patterns in


Amazonia, World Archaeology, v. 27, n. 3, p. 492-511. DOI: https://doi.org/10.1080/00438243.199
6.9980322. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00438243.1996.9980322
. Acesso em: 6 set. 2020.

POLITIS, G.; GUTIÉRREZ, M. A.; RAFUSE, D. J.; BLASI, A. (2016). The Arrival of Homosapiens
into the Southern Cone at 14,000 Years Ago. PLOS ONE, v. 11, n. 9, p. 1-27.

POSEY, D. A. (1985). Indigenous management of tropical forest ecosystems: the case of the Kayapo
Indians of the Brazilian Amazon. Agroforestry Systems, v. 3, n. 2, p. 139-158.

POSEY, D. A. (1997). Environmental and social implications of pre and post-contact situations
on Brazilian indians. The Kayapó and a new Amazonian synthesis. In: ROOSEVELT, A. (ed.).
Amazonian indians from prehistory to the present: anthropological perspectives. Tucson:
University of Arizona Press. p. 271-286.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 78


POSEY, D. A. (1985). Indigenous management of tropical forest ecosystems: the case of the Kayapo
indians of the Brazilian Amazon. Agroforestry Systems, v. 3, n. 2, p. 139-158.

POSEY, D. A.; BALÉE, W. (1989). Resource management in Amazonia: indigenous and folk
strategies, advances in economic botany. New York: New York Botanical Garden.

POSEY, D. A. (1985). Indigenous management of tropical forest ecosystems: the case of Kayapo
indians of the Brazilian Amazon. Agroforestry Systems, v. 3, p. 139-158.

POSEY, D. A.; BALÉE, W. (1989). Managed forest succession in Amazonia: indigenous and folks
strategies. New York: The New York Botanical Garden.

POSTH, C.; NAKATSUKA, N.; LAZARIDIS, I.; SKOGLUND, P.; MALLICK, S.;
LAMNIDIS, T.C.; ROHLAND, N.; NÄGELE, K.; ADAMSKI, N.; BERTOLINI, E.;
BROOMANDKHOSHBACHT, N.; COOPER, A.; CULLETON, B. J.; FERRAZ, T.; FERRY, M.;
FURTWÄNGLER, A.; HAAK, W.; HARKINS, K.; HARPER, T. K.; HÜNEMEIER, T.; LAWSON,
A. M.; LLAMAS, B.; MICHEL, M.; NELSON, E.; OPPENHEIMER, J.; PATTERSON, N.;
SCHIFFELS, S.; SEDIG, J.; STEWARDSON, K.; TALAMO, S.; WANG, C.-C.; HUBLIN, J.-J.;
HUBBE, M.; HARVATI, K.; DELAUNAY, A. N.; BEIER, J.; FRANCKEN, M.; KAULICKE, P.;
REYES-CENTENO, H.; RADEMAKER, K.; TRASK, W. R.; ROBINSON, M.; GUTIERREZ,
S. M.; PRUFER, K. M.; SALAZAR-GARCÍA, D. C.; CHIM, E. N.; PLUMM GOMES, L. M.;
ALVES, M. L.; LIRYO, A.; INGLEZ, M.; OLIVEIRA, R. E.; BERNARDO, D. V.; BARIONI,
A.; WESOLOWSKI, V.; SCHEIFLER, N. A.; RIVERA, M. A.; PLENS, C. R.; MESSINEO, P.
G.; FIGUTI, L.; CORACH, D.; SCABUZZO, C.; EGGERS, S.; DE BLASIS, P.; REINDEL, M.;
MÉNDEZ, C.; POLITIS, G.; TOMASTO-CAGIGAO, E.; KENNETT, D. J.; STRAUSS, A.;
FEHREN-SCHMITZ, L.; KRAUSE, J.; REICH, D. (2018). Reconstructing the Deep Population
History of Central and South America. Cell, v. 175, n. 5, p. 1185-1197.

PRESTES-CARNEIRO, G. BÉAREZ, P.; BAILON, S.; RAPP PY-DANIEL, A.; NEVES, E. (2016).
Subsistence fishery at Hatahara (750-1230 CE), a pre-Columbian central Amazonian village.
Journal of Archaeological Science: Reports, v. 8, p. 454-462.

PROGRAMA NACIONAL DE PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS. (1970). Brazilian Archeology


Research. American Antiquity, v. 35, n. 1, p. 1-23.

PROUS, A. (1991). Arqueologia brasileira. Brasília: Editora UnB.

PUGLIESE, F. A.; ZIMPEL, C. A.; NEVES, E. G. (2017). Los Concheros de la Amazonía y la


historia indígena profunda de América del Sur. In: ROSTAIN, S.; BETANCOURT, C. J. Las siete
maravillas de la Amazonía Precolombina. Bonn: Institutum Arqueologicum Germanicum;
Bonner Altamerika Sammlung; Plural Editores.

QUESADA, C. A. (2011). Soils of Amazonia with particular reference to the RAINFOR sites.
Biogeosciences, v. 8, p. 1415-1440.

RAFFLES, H. (2002). Amazonia: a natural history. Princeton: Princeton University Press.

RAMBO, B. (1951). O elemento andino no pinhal riograndense. Anais Botânicos do “Herbário


Barbosa Rodrigues”, v. 3, p. 7-53.

RAPP PY-DANIEL, A. (2009). Arqueologia da morte no Sítio Hatahara durante a fase paredão.
2009. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade
de São Paulo, São Paulo.

REBLLATO, L.; WOODS, W. I.; NEVES, E. G. (2009). Pre-Columbian settlement dynamics


in the Central Amazon. In: WOODS, W. I.; TEIXEIRA, W. G.; LEHMANN, J.; STEINER, C.
WINKLERPRINS, A. M. G. A.; REBLLATO, L. (ed.). Amazonian dark earths: Wim Sombroek’s

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 79


vision. New York: Springer. p. 15-31.

REIS, M. S.; MONTAGNA, T.; MATTOS, A. G.; FILIPPON, S.; LADIO, A. H.; MARQUES, A. C.;
ZECHINI, A. A.; PERONI, N.; MANTOVANI, A. (2018). Domesticated landscapes in Araucaria
forests, southern Brazil: a multispecies local conservation-by-use system. Frontiers in Ecology
and Evolution, v. 6, p. 11.

REITZ, R.; KLEIN, R. M. (1964). O reino vegetal de Rio do Sul. Sellowia, v. 16, p. 9-118.

REVILLA, J.; CARDENAS D. (2002). Plantas úteis da bacia amazônica. Manaus: SEBRAE. 858 p.

RINDOS, D. (1984). The origins of agriculture: an evolutionary perspective. Orlando: Academic


Press.

RINDOS, D. (1984). The origins of agriculture: an evolutionary perspective. San Diego: Academic
Press. 325 p.

RIVAL, L. M. (2007). Domesticating the landscape, producing crops and reproducing society in
Amazonia. In: PARKIN, D.; ULIJASZEK, S. (ed.). Emergence and convergence: towards a new
holistic anthropology? Oxford: Berghahm. p. 72-90.

RIVAL, L. (2002). Trekking through history: the Huaorani of Amazonian Ecuador. New York:
Columbia University Press.

RIVAL, L.; MCKEY, D. (2008). Domestication and diversity in manioc (Manihot esculenta Crantz
ssp. esculenta, Euphorbiaceae). Current Anthropology, v. 49, n. 6, p. 1119-1128. DOI: https://
doi.org/10.1086/593119. Disponível em: https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/593119.
Acesso em: 6 set. 2020.

ROBERTS, P.; HUNT, C.; ARROYO-KALIN, M.; EVANS, D.; BOIVIN, N. (2017). The deep
human prehistory of global tropical forests and its relevance for modern conservation. Nature
Plants, v. 3. DOI: https://doi.org/10.1038/nplants.2017.93. Disponível em: https://www.nature.
com/articles/nplants201793. Acesso em: 6 set. 2020.

ROBINSON, M.; SOUZA, J. G.; MAEZUMI, S. Y.; CÁRDENAS, M.; PESSENDA, L.; PRUFER,
K.; CORTELETTI, R.; SCUNDERLICK, D.; MAYLE, F. E.; DE BLASIS, P.; IRIARTE, J. (2018).
Uncoupling human and climate drivers of late Holocene vegetation change in Southern Brazil.
Scientific Reports, v. 8, n. 1, p. 7800.

ROCHA, B.; BELETTI, J; PY-DANIEL, A.; MORAES, C.; HONORATO, V. (2014). Na margem e à
margem: arqueologia amazônica em territórios tradicionalmente ocupados. Amazônica, Revista
de Antropologia, v. 6, n. 2, p. 358-384.

RODRIGUES, A. D. (1964). A classificação do tronco linguístico Tupi. Revista de Antropologia,


São Paulo, v. 12, p. 99-104.

ROOSEVELT, A. C. (1991). Moundbuilders of the Amazon: geophysical archaeology on Marajó


Island, Brazil. San Diego: Academic Press. 480p.

ROOSEVELT, A. C.; ROOSEVELT, A. C.; LIMA DA COSTA, M.; LOPES MACHADO, C.;
MICHAB, M.; MERCIER, N.; VALLADAS, H.; FEATHERS, J.; BARNETT, W.; SILVEIRA, M.
I.; HENDERSON, A.; SILVA, J.; CHERNOFF, B.; REESE, D. S.; HOLMAN, J. A.; TOTH, N.;
SCHICK, K. (1996). Paleoindian Cave Dwellers in the Amazon: The Peopling of the Americas.
Science, v. 272, n. 5260, p. 373-384.

ROOSEVELT, A.; HOUSLEY, R.; SILVEIRA, M.; MARANCA, S.; JOHNSON, R. (1991). Eighth
Millennium Pottery from a Prehistoric Shell Midden in the Brazilian Amazon. Science, v. 254, n.
5038, p. 1621-24.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 80


ROSTAIN, S. (2012). Between Sierra and Selva: Landscape transformations in upper Ecuadorian
Amazonia. Quaternary International, v. 249, p. 31-42.

SAMPAIO, P. (2010). Aleivosos e rebeldes: lideranças indígenas no Rio Negro, século XVIII. In:
ALMEIDA, A. W. B.; FARIAS JÚNIOR, E. A. (org.). Mobilizações étnicas e transformações
sociais no Rio Negro. Manaus: Editora UEA.

SAUER, J. D. (1993). Historical geography of crop plants: a select roster. New York: Routledge.
297 p.

SAUNALUOMA, S. (2012). Geometric Earthworks in the State of Acre, Brazil: excavation at the
Fazenda Atlântica and Quinauá sites. Latin American Antiquity, v. 23, n. 4, p. 565-583.

SCATAMACCHIA, M. C. M. (1995). Horticultores ceramistas da costa brasileira. Revista de


Arqueología Americana, México, El Instituto, n. 8, p. 118-157.

SCHAAN, D. P. (2016). Sacred geographies of ancient Amazonia: historical ecology of social


complexity. New York: Routledge. 233 p.

SCHAAN, D. P. (2006). São tartarugas até lá embaixo! Cultura, simbolismo e espacialidade na


Amazônia pré-colombiana. Revista de Arqueologia Americana, v. 24, p. 99-124.

SCHAAN, D. P. (2004). The Camutins Chiefdom: rise and development of social complexity
on Marajó island, Brazilian Amazon. 2004. Tese (Doutorado) – Dietrich School of Arts and
Sciences, Univertisy of Pittsburgh, Pittsburgh.

SCHAAN, D. P. (2008). The nonagricultural chiefdoms of Marajó Island. In: SILVERMAN,


H.; ISBELL, W. H. (ed.). Handbook of South American Archaeology, p. 339-357. New York:
Springer.

SCHAAN, D.; SAUNALUOMA, S. (2012). Monumentality in western Amazonian formative


societies: geometric ditched enclosures in Brazilian State of Acre. Antiqua, v. 2, n. 1.

SCHAEFER C.; LIMA H. N.; GILKES R. J.; MELLO J. W. V. (2004). Micromorphology and
electron microprobe analysis of phosphorus and potassium forms of an Indian Black Earth (IBE)
Anthrosol from Western Amazonia. Australian Journal of Soil Research, v. 42, n. 4, p. 401-409.

SCHMIDT, M.; HECKENBERGER, M. J. (2006). Amazonian dark earth formation in the Upper
Xingu of southeastern Amazonia, Mato Grosso, Brazil. Annual meeting of the Society of American
Archaeology, 71, San Juan, Puerto Rico, 2006. Abstracts […]. San Juan, Puerto Rico.

SCHMIDT, M.; RAPP PY-DANIEL, A.; MORAES, C.; VALLE, R.; CAROMANO, C.; TEIXEIRA,
W.; BARBOSA, C.; FONSECA, J.; MAGALHÃES, M.; SANTOS, D.; SILVA, R.; GUAPINDAIA,
V.; MORAES, B.; LIMA, H.; NEVES, E.; HECKENBERGER, M. (2014). Dark earths and the
human built landscape in Amazonia: A widespread pattern of anthrosol formation. Journal of
Archaeological Science, v. 42, p. 152-165.

SCHMIDT, M. J. (2010). Historical landscape in the Neotropics: a model for prehistoric


anthrosol (terra preta) formation in the upper Xingu. In: PEREIRA, E.; GUAPINDAIA, V. (ed.).
Arqueologia Amazônia. Belém: MPEG; IPHAN; Secretaria de Estado de Cultura do Pará. p. 853-
878.

SCHMIDT, M. J.; RAPP PY-DANIEL, A.; MORAES, C.; VALLE, R.; CAROMANO, C.;
TEIXEIRA, W.; BARBOSA, C.; FONSECA, J.; MAGALHÃES, M.; SANTOS, D.; SILVA, R.;
GUAPINDAIA, V.; MORAES, B.; LIMA, H.; NEVES, E.; HECKENBERGER, M. (2014). Dark
earths and the human built landscape in Amazonia: a widespread pattern of anthrosol formation.
Journal of Archaeological Science, v. 42, p. 152-165.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 81


SCHROTH, G.; COUTINHO, P.; MORAES, V.; ALBERNAZ, A. (2003). Rubber agroforests at the
Tapajós River, Brazilian Amazon: environmentally benign land use systems in an old forest frontier
region. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 97, n. 1-3, p. 151-165.

SCOLES, R.; GRIBEL, R. (2011). Population structure of Brazil nut (Bertholletia excelsa,
Lecythidaceae) stands in two areas with different occupation histories in the Brazilian Amazon.
Human Ecology, v. 39, n. 4, p. 455-464.

SERENO, M. J. C. M.; WIETHÖLTER, P.; TERRA, T. F. (2008). Domesticação das plantas: a


síndrome que deu certo. In: BARBIERI, R. L.; STUMPF, E. R. T. (ed.). Origem e evolução de
plantas cultivadas. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. p. 39-58.

SERGIO, C. S.; SANTANA, G.; COSTA, G.; HORBE, A. (2006). Identification and characterization
of maghemite in ceramic artifacts and archaeological black earth of Amazon region. Soil Science,
v. 171, n. 1, p. 59-64.

SHANLEY, P.; CLEMENT, C. R.; CARVALHO, J. E. U.; HOMMA, A. K. O.; MENEZES, A. J. E.


A. (2011). How farmers nurture nutritional diversity on farm and in the forest. In: SHEPARD,
G. H.; RAMIREZ, H. “Made in Brazil”: human dispersal of the Brazil nut (Bertholletia excelsa,
Lecythidaceae) in ancient Amazonia. Economic Botany, v. 65, n. 1, p. 44-65.

SHEPARD, G.; RAMIREZ, H. (2011). “Made in Brazil”: human dispersal of the Brazil nut
(Bertholletia excelsa) in Ancient Amazonia. Economic Botany, v. 65, n. 1, p. 44-65.

SHOCK, M. (2014). Initial contributions of charred plant remains from archaeological sites in
the Amazon to reconstructions of historical ecology. In: ROSTAIN, S. (ed.). Before Orellana.
Proceedings of the 3rd International Meeting on Amazonian Archaeology. Quito: IFEA/FLACSO/
US Embassy.

SILVA SANTOS, F. (2016). Um estudo paleoetnobotânico no Baixo Amazonas: o caso do sítio


arqueológico da Caverna da Pedra Pintada, Monte Alegre – PA. Trabalho de Conclusão Curso
(Graduação em Arqueologia) – Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém.

SILVA, F.; SHOCK, M. P.; NEVES, E. G.; SCHEEL-YBERT, R. (2016). Vestígios macrobotânicos
carbonizados na Amazônia Central: o que eles nos dizem sobre as plantas na pré-história.
Cadernos do LEPAARQ, v. 13, n. 25, p. 367-385.

SILVA, F. A. (2003). Cultural behaviors of indigenous populations and the formation of the
archaeological record in Amazonian dark earths: the Asurini do Xingu case study. In: LEHMANN,
J.; KERN, D.; GLASER, B.; WOODS, W. (ed.). Amazonian dark earths: origin, properties and
management. Dordrecht: Kluwer Press. p. 373-385.

SIQUEIRA, A. D.; BRONDIZIO, E. S. (2014). Mudanças e continuidades: economia florestal,


serviços urbanos e unidades domésticas no estuário amazônico. Revista Pós Ciências Sociais, v.
11, n. 22, p.181-194.

SMITH, B. (1997). The initial domestication of Cucurbita pepoin the Americas 10,000 years ago.
Science, v. 276, n. 5314, p. 932-934.

SMITH, B. D. (2012). A cultural niche construction theory of initial domestication.


Biological Theory, v. 6, p. 260-271. Disponível em: https://link.springer.com/
article/10.1007%2Fs13752-012-0028-4. Acesso em: 6 set. 2020.

SMITH, H. (1879). Brazil: the Amazons and the coast. New York: Scribner’s Sons.

SMITH, N. (2015). Palms and people in the Amazon. New York: Springer. 484 p.

SMITH, N. K. H. (1980). Anthrosols and human carrying capacity in Amazonia. Annals of the

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 82


Association of American Geographers, v. 70, n. 4, p. 553-566.

SOMBROEK, W. G. (1966). Amazon soils: a reconnaissance of the soils of the Brazilian Amazon
region.Wageningen: Centre for Agricultural Publications and Documentation.

SOMBROEK, W. G.; KERN, D.; RODRIGUES, T.; CRAVO, M. D. S.; CUNHA, T. J.; WOODS, W.;
GLASER, B. (2002). Terra Preta and Terra Mulata: pre-Columbian Amazon kitchen middens and
agricultural fields, their sustainability and their replication. In: World Congress of Soil Science, 17,
Bangkok, Thailand, 2002. Proceedings [...]. Bangkok, Thailand.

SOUZA, M. (2009). História da Amazônia. Manaus: Editora Valer. 400 p.

STAHL, P. W.; ZEIDLER, J. A. (1988). The spatial correspondence of selected bone properties
and inferred activity areas in an early formative dwelling structure (S20) at Real Alto, Ecuador. In:
SAUNDERS, N. J.; MONTMOLLIN, O. D. (ed.). Recent studies in pre-Columbian archaeology.
Oxford: BAR International Series. p. 275-298.

STEWARD, A. (2013). Reconfiguring agrobiodiversity in the Amazon estuary: market integration,


the açaí trade and smallholders’ management practices in Amapá, Brazil. Human Ecology, v. 41, n.
6, p. 827-840.

STHAPIT, B.; LAMERS, H.; RAO, R.; BAILEY, A. (ed.). (2016). Tropical fruit tree diversity:
good practices for in situ and on-farm conservation. New York: Routledge, p. 147-160.

TEIXEIRA, W.; KERN, D. C.; MADARI, B.; LIMA, H.; WOODS, W. (ed.). (2009). As terras
pretas de índio da Amazônia: sua caracterização e uso deste conhecimento na criação de novas
áreas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental.

TER STEEGE, H.; PITMAN, N. C. A.; SABATIER, D.; BARALOTO, C.; SALOMÃO, R. P.;
GUEVARA, J. E.; PHILLIPS, O. L.; CASTILHO, C. V.; MAGNUSSON, W. E.; MOLINO, J.-F.;
MONTEAGUDO, A.; VARGAS, P. N.; MONTERO, J. C.; FELDPAUSCH, T. R.; CORONADO,
E. N. H.; KILLEEN, T. J.; MOSTACEDO, B.; VASQUEZ, R.; ASSIS, R. L.; TERBORGH, J.;
WITTMANN, F.; ANDRADE, A.; LAURANCE, W. F.; LAURANCE, S. G. W.; MARIMON, B.
S.; MARIMON JR., B.-H.; VIEIRA, I. C. G.; AMARAL, I. L.; BRIENEN, R.; CASTELLANOS,
H.; LÓPEZ, D. C.; DUIVENVOORDEN, J. F.; MOGOLLÓN, H. F.; ALMEIDA MATOS, F. D.;
DÁVILA, N.; GARCÍA-VILLACORTA, R.; STEVENSON DIAZ, P. R.; COSTA, F.; EMILIO,
T.; LEVIS, C.; SCHIETTI, J.; SOUZA, P.; ALONSO, A.; DALLMEIER, F.; MONTOYA, A. J.
D.; PIEDADE, M. T. F.; ARAUJO-MURAKAMI, A.; ARROYO, L.; GRIBEL, R.; FINE, P. V.
A.; PERES, C. A.; TOLEDO, M.; AYMARD C., C. A.; BAKER, T. R.; CERÓN, C.; ENGEL,
J.; HENKEL, T. W.; MAAS, P.; PETRONELLI, P.; STROPP, J.; ZARTMAN, C. E.; DALY, D.;
NEILL, D.; SILVEIRA, M.; PAREDES, M. R.; CHAVE, J.; LIMA FILHO, D. A.; JØRGENSEN,
P. M.; FUENTES, A.; SCHÖNGART, J.; VALVERDE, F.C.; DI FIORE, A.; JIMENEZ, E. M.;
MORA, M. C. P.; PHILLIPS, J. F.; RIVAS, G.; VAN ANDEL, T. R.; VON HILDEBRAND, P.;
HOFFMAN, B.; ZENT, E. L.; MALHI, Y.; PRIETO, A.; RUDAS, A.; RUSCHELL, A. R.; SILVA,
N.; VOS, V.; ZENT, S.; OLIVEIRA, A. A.; SCHUTZ, A. C.; GONZALES, T.; NASCIMENTO,
M. T.; RAMIREZ-ANGULO, H.; SIERRA, R.; TIRADO, M.; MEDINA, M. N. U.; VAN DER
HEIJDEN, G.; VELA, C. I. A.; TORRE, E. V.; VRIESENDORP, C.; WANG, O.; YOUNG,
K. R.; BAIDER, C.; BALSLEV, H.; FERREIRA, C.; MESONES, I.; TORRES-LEZAMA, A.;
GIRALDO, L. E. U.; ZAGT, R.; ALEXIADES, M. N.; HERNANDEZ, L.; HUAMANTUPA-
CHUQUIMACO, I.; MILLIKEN, W.; CUENCA, W. P.; PAULETTO, D.; SANDOVAL, E. V.;
GAMARRA, L. V.; DEXTER, K. G.; FEELEY, K.; LOPEZ-GONZALEZ, G.; SILMAN, M. R.
(2013). Hyperdominance in the Amazonian Tree Flora. Science, Washington, v. 342, n. 325, p.
1243092-1 - 1243092-9.

TERRELL, J. E.; HART, J.; BARUT, S.; CELLINESE, N.; CURET, L.; DENHAM, T.; KUSIMBA, C.;
LATINIS, D.; OKA, R.; PALKA, J.; POHL, M.; POPE, K.; WILLIAMS, P.; HAINES, H.; STALLER,
J. (2003). Domesticated landscapes: the subsistence ecology of plant and animal domestication.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 83


Journal of Archaeological Method and Theory, v. 10, n. 4, p. 323-368.

THOMAS, E.; VAN ZONNEVELD, M.; LOO, J.; HODGKIN, T.; GALLUZZI, G.; VAN ETTEN,
J. (2012). Present spatial diversity patterns of Theobroma cacao L. in the Neotropics reflect genetic
differentiation in Pleistocene refugia followed by human-influenced dispersal. PLOS ONE, v. 7, n.
10. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0047676. Disponível em: https://journals.plos.org/
plosone/article/citation?id=10.1371/journal.pone.0047676. Acesso em: 6 set. 2020.

UGARTE, A. (2003). Margens míticas: a Amazônia no imaginário europeu do século XVI. In:
DEL PRIORI, M.; GOMES, F. (org.). Os senhores dos rios: Amazônia, margens e história. Rio de
Janeiro: Elsevier.

URREGO, D. H.; BUSH, M. B.; SILMAN, M. R.; NICCUM, B. A.; DE LA ROSA, P.;
MCMICHAEL, C. H.; HAGEN, S.; PALACE, M. (2013). Holocene fires, forest stability and human
occupation in south-western Amazonia. Journal of Biogeography, v. 40, p. 521-533. Disponível
em: https://doi.org/10.1111/jbi.12016. Acesso em: 6 set. 2020.

VACHER, S.; JÉRÉMIE, S.; BRIAND, J. (1998). Amérindiens du Sinnamary (Guyane):


archéologie en forêt équatoriale. Paris: Éditions de la Maison des Sciences de l’Homme.
(Documents d’Archéologie Française, 70).

VAVILOV, N. I. (1951). The origin, variation, immunity and breeding of cultivated plants.
Waltham: Chronica Botanica.

VERNET, J. L.; WENGLER, L.; SOLARI, M. E.; CECCANTINI, G.; FOURNIER, M.; LEDRU,
M.P.; SOUBIES, F. (1994). Fire, climate and vegetation in central Brazil during the Holocene –
data from a soil profile with charcoal (Salitre, Minas Gerais). Comptes Rendus de l’Académie des
Sciences Serie II, v. 319, p. 1391-97.

VIALOU, D.; BENABDELHADI, M.; FEATHERS, J.; FONTUGNE, M.; VIALOU, A. V. (2017).
Peopling South America’s centre: the late Pleistocene site of Santa Elina. Antiquity, v. 91, n. 358, p.
865-884.

VILLAGRAN, X. S.; STRAUSS, A.; MILLER, C.; LIGOUIS, B.; OLIVEIRA, R. (2017). Buried
in ashes: site formation processes at Lapa do Santo rockshelter, east-central Brazil. Journal of
Archaeological Science, v. 77, p. 10-34.

WATKINS, C. (2015). African oil palms, colonial socioecological transformation and the making
of an Afro-Brazilian landscape in Bahia, Brazil. Environment and History, v. 21, n. 1, p. 13-42.

WATLING, J.; IRIARTE, J.; MAYLE, F.; SCHAAN, D.; PESSENDA, L.; LOADER, N.; STREET-
PERROTT, F.; DICKAU, R.; DAMASCENO, A.; RANZI, A. (2017). Impact of pre-Columbian
“geoglyph” builders on Amazonian forests. Proceedings of the National Academy of Sciences,
v. 114, p. 1868-1873. Disponível em: https://doi.org/10.1073/pnas.1614359114. Acesso em: 6 set.
2020.

WATLING, J.; SHOCK, M. P.; MONGELÓ, G. Z.; ALMEIDA, F. O.; KATER, T.; OLIVEIRA,
P. E.; NEVES, E. G. (2018). Direct archaeological evidence for Southwestern Amazonia as an
early plant domestication and food production centre. PLOS ONE, v. 13. DOI: 10.1371/journal.
pone.0199868. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0199868. Acesso em: 6 set.
2020.

WEINSTEIN, S.; MOEGENBURG, S. (2004). Acai palm management in the Amazon estuary: course
for conservation or passage to plantations? Conservation and Society, v. 2, n. 2, p. 315-346.

WHITMORE, T. C. (1990). An introduction to tropical rain forests. Oxford: Clarendon Press.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 84


WINKLERPRINS, A. M. G. A. (2009). Sweep and char and the creation of Amazonian Dark
Earths in Homegardens. In: WOODS, W. I.; TEIXEIRA, W. G.; LEHMANN, J.; STEINER, C.
WINKLERPRINS, A. M. G. A.; REBLLATO, L. (ed.). Amazonian dark earths: Wim Sombroek’s
vision. New York: Springer. p. 205-211.

WINKLERPRINS, A.M.G.A.; ALDRICH, S. P. (2010). Locating Amazonian dark earths: creating an


interactive GIS of known locations. Journal of Latin American Geography, v. 9, n. 3, p. 33-50.

WOODS, W. I. (2009). Os solos e as ciências humanas: interpretação do passado. In: TEIXEIRA,


W.; KERN, D. C.; MADARI, B.; LIMA, H.; WOODS, W. (ed.). As terras pretas de índio da
Amazônia: sua caracterização e uso deste conhecimento na criação de novas áreas. Manaus:
Embrapa Amazônia Ocidental. p. 62-71.

WOODS, W. I.; TEIXEIRA, W. G.; LEHMANN, J.; STEINER, C. WINKLERPRINS, A. M. G. A.;


REBLLATO, L. (ed.). (2009). Amazonian dark earths: Wim Sombroek’s vision. Berlin: Springer.

WOODS, W. I. (1995). Comments on the black earths of Amazonia. Papers and Proceedings of
the Applied Geography Conferences, v. 18, p. 159-165.

WOODS, W. I.; MCCANN, J. M. (1999). The anthropogenic origin and persistence of Amazonian
dark earths. Yearbook, Conference of Latin American Geography. v. 25, p. 7-14.

WOODS, W. I.; TEIXEIRA, W. G.; LEHMANN, J.; STEINER, C. WINKLERPRINS, A. M. G.


A.; REBLLATO, L. (ed.). (2009). Amazonian dark earths: Wim Sombroek’s vision. New York:
Springer.

YOUNG, K. J. (2017). Mimicking nature: a review of successional agroforestry systems as


an analogue to natural regeneration of secondary forest stands. In: MONTAGNINI, F. (ed.).
Integrating landscapes: agroforestry for biodiversity conservation and food sovereignty. Cham:
Springer. p. 179-209. (Advances in Agroforestry, 12).

ZARRILLO, S.; GAIKWAD, N.; LANAUD, C.; POWIS, T.; VIOT, C.; LESUR, I.; FOUET, O.;
ARGOUT, X.; GUICHOUX, E.; SALIN, F.; SOLORZANO, R. L.; BOUCHEZ, O.; VIGNES, H.;
SEVERTS, P.; HURTADO, J.; YEPEZ, A.; GRIVETTI, L.; BLAKE, M.; VALDEZ, F. (2018). The
use and domestication of Theobroma cacao during the mid-holocene in the upper Amazon. Nature
Ecology & Evolution, v. 2, n. 12, p. 1879-1888.

ZARUR, G. C. L. (1981). Mapa etno-histórico do Brasil e regiões adjacentes de Curt


Nimuendajú, 1944. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ZEDER, M. (2015). Core questions in domestication research. Proceedings of the National


Academy of Sciences, v. 112, n. 11, p. 3191-3198.

ZEDER, M.; ZEDER, M.; EMSHWILLER, E.; SMITH, B.; BRADLEY, D. (2006). Documenting
domestication: the intersection of genetics and archaeology. Trends in Genetics, v. 22, n. 3, p. 139-
155.

ZEIDLER, J. A. (1983). La etnoarqueología de una vivienda Achuar y sus implicaciones


arqueológicas. Miscelánea Antropológica Ecuatoriana, v. 3, p. 155-193.

ZENT, S.; LÓPEZ-ZENT, E. (2004). Ethnobotanical convergence, divergence, and change among
the Hoti of the Venezuelan Guayana. Advances in Economic Botany, v. 15, p. 37-78.

ZUSE S. (2014). Variabilidade cerâmica e diversidade cultural no alto rio Madeira, Rondônia.
2014. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de
São Paulo, São Paulo.

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 85


POVOS TRADICIONAIS
E BIODIVERSIDADE
NO BRASIL
Contribuições dos povos
indígenas, quilombolas
e comunidades tradicionais
para a biodiversidade,
políticas e ameaças

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil Seção 6 • 86

Você também pode gostar