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PORTUGUÊS – 10ºA

Crónica de D. João I – Cap. CXV , de Fernão Lopes

Resumo do capítulo

 Ao saberem da vinda do rei de Castela, o Mestre e os habitantes de Lisboa começam a recolher


mantimentos e muitos vão às lezírias (campo) buscar gado morto.
 As populações movimentam-se: muitos lavradores deslocam-se com as mulheres, os filhos e com
tudo o que têm, para dentro da cidade; outros vão para Setúbal e Palmela; outros ficam em Lisboa e há
ainda os que permanecem nas vilas que apoiam Castela.
 Começa-se a preparar a defesa da cidade: primeiro, fala-se da defesa ao nível dos muros (muralhas) e
das torres. O Mestre entrega a proteção dos muros da cidade aos fidalgos e cidadãos honrados, que
contam com a ajuda de besteiros e de homens de armas. Mostra-se preocupado com a guarda da cidade e
ele próprio passa em revista os muros e as torres, durante a noite. As gentes que aí se encontram estão
alerta e são cuidadosos.
 Fala-se depois da defesa ao nível das portas da cidade: quantas eram, quem as vigiava e os cuidados
que eram tidos.
 Passa-se para a ribeira, zona onde forma construídas estacas para impedir e/ou dificultar a passagem
dos castelhanos.
 Ainda relativamente à defesa, refere-se a construção de um muro à volta das muralhas da cidade e a
ajuda das mulheres que, sem medo, apanham pedras pelas herdades e entoam cantigas a louvar Lisboa.
 A propósito da construção desse muro, o narrador estabelece uma comparação entre os portugueses
que tão bem defendem a sua cidade (constroem o muro ao mesmo tempo que defendem a cidade) e os
filhos de Israel, que fizeram o mesmo. Salienta-se, assim, a coragem, a determinação da população de
Lisboa.
 Para além disso, é dito que todos estavam em sintonia e a pensar no bem comum, o que leva o
cronista a concluir o capítulo num tom elogioso. Com efeito, o cronista menciona a superioridade do rei
de Castela ( “tan alto e poderoso senhor como he elRei de Castella, com tamta multidom de gentes” ), mas
apenas com o objetivo de realçar a postura dos habitantes da cidade de Lisboa, que, perante um
adversário tão feroz, está “guarnecida comtra elle de gemtes e damas”.

Tópicos de análise

 TOM COLOQUIAL – O narrador dirige-se frequentemente ao leitor (como se com ele estivesse a
falar), envolvendo-o nos acontecimentos. Para tal, utiliza a 2ª pessoa do plural (vós): “que avees ouvido”
(l.1); “sabee que” (l. 6)
 O VISUALISMO E DINAMISMO
Relativamente à defesa de lisboa, a informação apresentada é bastante detalhada, conferindo-lhe um
caráter muito visual e realista : primeiro fala-se dos muros, depois das torres, chegando-se, por fim, às
portas da cidade e ao rio. Os pormenores descritivos abundam (há, por exemplo, referências ao número
de torres, ao número de portas da cidade, ao número de estacas), bem como os termos técnicos associados
ao campo semântico de guerra ( ver 3º, 4º e 5º parágrafos).

 ATOR COLETIVO /ATORES INDIVIDUAIS

ATOR COLETIVO
À medida que o cronista vai descrevendo o que foi feito para proteger a cidade, vai também mostrando os
grupos sociais – os atores coletivos – que participaram nestes preparativos. Assim, vemos como os
lavradores se recolheram à cidade, como a defesa da cidade foi entregue aos “fidalgos e cidadãos
honrados”, aos “homens d’armas”, aos “mesteiraaes”. Até as mulheres tiveram um papel a desempenhar,
apanhando pedras e cantando.
A cantiga transcrita ilustra bem o espírito de solidariedade, de entreajuda, de patriotismo e de
orgulho que reinava entre as gentes da cidade, por diversas vezes elogiado pelo narrador. É, deste modo,
evidente a afirmação da consciência coletiva, uma consciência pela defesa da cidade contra o inimigo.

ATORES INDIVIDUAIS
Também o Mestre de Avis – ator individual – merece uma caracterização favorável, destacando-se a sua
proatividade e determinação, bem como todo o apoio que deu à população ( “ E hordenou o Meestre com
as gemtes da çidade, que fosse repartida a guarda dos muros”, “ho Meestre que sobre todos tinha especial
cuidado da guarda e governamça da çidade, damdo seu corpo a mui breve sono”)
Pajem do Mestre – é a primeira personagem referida e é ele quem desencadeia toda a movimentação
posterior.

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