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PORTUGUÊS – 10ºA

Crónica de D. João I – Cap. XI , de Fernão Lopes

Resumo do capítulo

 O pajem do Mestre de Avis brada pelas ruas, a caminho da casa de Álvaro Pais, que matam o Mestre
nos paços da rainha.
 A população ( “ as gentes”), ao ouvirem o pajem, saem para a rua, ficam agitadas e começam a pegar
em armas.
 Álvaro Pais que já estava preparado, dirige-se com o pajem e outros aliados para os paços, apelando
à população para que se junte e corra em auxílio do Mestre.
 Começa a formar-se uma multidão nervosa que acompanha Álvaro de Pais.
 Chegados às portas do paço, que estavam fechadas, as gentes mostram-se ansiosas e agitadas,
querendo entrar. Gritam pelo Mestre. Ouvem dizer que ele estava vivo e o Conde João Fernandes ( conde
Andeiro) morto. Mas, ainda assim, desejam ver o Mestre.
 Aconselhado pelos que estavam consigo e atendendo ao alvoroço das pessoas, o Mestre aparece à
janela para que todos vissem que estava vivo.
 A população manifesta um “gram prazer”.
 Sentindo-se seguro, o Mestre deixa os paços e cavalga pelas ruas em direção aos paços do Almirante,
onde se encontrava o conde D. João Afonso, irmão da rainha.
 Pelo caminho, o Mestre contacta com a população, que se mostra aliviada, alegre e disponível.
 Próximo dos paços do Almirante, o Mestre é acolhido pelo conde, pelos funcionários da cidade e por
outros fidalgos.
 Já à mesa, vêm dizer ao Mestre que as gentes da cidade querem matar o bispo. O Mestre faz tenções
de o ir socorrer, mas é aconselhado a permanecer ali (o bispo é morto pela população).

Tópicos de análise

 Neste capítulo, Fernão Lopes relata como se deu a aclamação do Mestre, após o assassinato do
conde Andeiro, as ações da população quando soube que o Mestre corria perigo e os seus sentimentos ao
futuro monarca.

 ATOR COLETIVO /ATORES INDIVIDUAIS

ATOR COLETIVO
O povo reveste-se de particular importância ao garantir a defesa do Mestre, influenciando o curso da
História de Portugal.

ATORES INDIVIDUAIS

Pajem do Mestre – é a primeira personagem referida e é ele quem desencadeia toda a movimentação
posterior.

Álvaro Pais – avisado pelo pajem, pegou no seu cavalo e com os seus aliados foi até ao paço, espalhando
igualmente o alvoroço e influenciando o povo a correr em auxílio do Mestre;

Mestre de Avis (D. João) – atua segundo o conselho dos que o rodeiam; de início, parece ter receio da
população; depois, mostra-se à janela e, sentindo-se seguro e retribuindo o carinho do público.
 NARRADOR
Estamos perante um narrador subjetivo, na medida em que é visível a sua simpatia pelo povo e a sua
defesa do Mestre, que considera ter sido escolhido por Deus para iniciar uma nova dinastia.

 CONCENTAÇÃO ESPACIAL /RITMO CRESCENTE DAS AÇÕES


Verifica-se uma concentração espacial (rua – paço – janela) que coincide com uma gradação e um ritmo
crescente das ações (ao apelo do pajem e de Álvaro Pais, segue-se o alvoroço da população, que se desloca
para o paço e que aí mostra o seu estado de espírito – confusão, nervosismo), que culminam no climax: o
aparecimento do Mestre à janela.
Após a visão do Mestre, o ritmo narrativo diminui e o estado de espírito da população passa a ser o de
alegria, satisfação e alívio (“ouveram gram prazer quando o viram”).

 LINGUAGEM E ESTILO:

VISUALISMO E DINAMISMO

Assemelhando-se a um repórter que assistiu ao desenrolar dos acontecimentos, Fernão Lopes transporta
o leitor para o local dos acontecimentos, fazendo-o “ver” e “ouvir” o que se passou. Para tal, recorre a
sensações auditivas:
- “começarom de dizer” (l. 24)
- “Alli eram ouvidos braados de desvairadas maneiras.” (l. 25)
- “era ho arroido atam gramde que sse nom emtemdiam hu~ us com os outros” (ll. 30-31)
- “braadavom dizemdo” ( ll. 61-62) , “dizendo altas vozes”, (l. 66)
E também sensações visuais:
- “A gemte começou de sse jumtar a elle, e era tanta que era estranha cousa de veer.”(l. 18)
- “ Nõ cabiam pelas ruas prinçipaaes, e atrevessavom logares escusos” ( l. 19)

Os sentimentos da “gente” são ainda realçados por falas transcritas (discurso direto), que conferem uma
tonalidade realista e expressiva a todo o episódio: – “ hu matô ho Meestre? Quem çarrou estas portas?”
(l.24) – e por recursos expressivos como a metáfora - “todos feitos dhum coraçom ” (l. 22) – que evidencia
o espírito de união da população - e a comparação – “ … assi como viúva que rei nom tinha, e como sse
lhe este ficara em logo de marido, se moveram todos com maão armada…” (ll. 14-15) – através da qual se
realça a ligação do povo ao Mestre, aproximando-o de uma figura familiar merecedora de amor.

É também através das vozes do povo que percebemos a imagem muito negativa que o povo tem em
relação à rainha D. Leonor Teles, a quem chama de “aleivosa” (traidora), chegando mesmo a acusá-la de ter
morto D. Fernando (ll. 51, 54).

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