A industrialização do Brasil foi tardia, em um país que era essencialmente agrícola até
o começo do século XX. Enquanto a Europa vivia a 1ª revolução industrial, o regime
brasileiro ainda era de uma economia colonial e dependente. Nesse período, a metrópole portuguesa proibia o desenvolvimento de manufaturas e indústrias no Brasil para evitar uma possível concorrência no mercado e a emancipação da colônia. Após a crise de 1929, a produção cafeeira entrou em declínio e os cafeicultores precisaram buscar alternativas produtivas, de modo que começaram a surgir os primeiros sistemas industriais. Com o decorrer dos anos, a indústria nacional se diversificou, todavia, continuava limitada a setores que não demandavam muita tecnologia, como o têxtil e o alimentício. A insuficiente capacitação das empresas nacionais para desenvolver novos processos e produtos, aliada à ausência de um padrão nítido de especialização da estrutura industrial brasileira e à sua deficiente integração com o mercado internacional, constituía, já naquele momento, um elemento desestabilizador do processo de industrialização brasileiro. Dentre os fatores que contribuíram com o crescimento industrial, o êxodo rural foi um dos principais, pois ocasionou um crescimento acelerado dos centros urbanos e, consequentemente, um aumento no mercado consumidor. Por outro lado, a urbanização acelerada e a falta de planejamento das cidades para receber novos habitantes resultaram na ocupação irregular do espaço geográfico. Dessa forma, foram surgindo as favelas e periferias, as quais são regiões que sofrem com a criminalidade, a violência e as péssimas condições de infraestrutura. Dentre os trabalhadores que migraram para as cidades, grande parte foi aproveitada na indústria de construção civil e outras que não exigiam um alto nível de escolaridade. Além disso, a utilização de ferrovias e portos continuou tendo grande importância para os transportes necessários, bem como a abundante mão de obra estrangeira, antes empregada na produção de café. Outro fator que impulsionou o desenvolvimento industrial brasileiro foi o abalo dos países europeus com as guerras mundiais, visto que o Brasil teve de adotar a prática de “substituição de importação”. Ademais, durante o governo de Getúlio Vargas, houve o investimento intenso nas fábricas e a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Já no governo Kubitschek, o parque industrial brasileiro começou a se abrir para o panorama internacional, enquanto a instalação de indústrias de bens de consumo duráveis continuava a política de substituição de importações. Na década de 70, houve o momento conhecido como “Milagre econômico”, em que o Brasil recebeu diversos empréstimos internacionais e sua produção industrial foi bastante forte. Em contrapartida, a população pobre passou a enfrentar alguns problemas com o aumento da concentração de renda, visto que o poder aquisitivo dos trabalhadores sem qualificação reduziu. Nessa década, ocorreu um intenso fluxo migratório para o Sudeste, principalmente, onde o processo de industrialização ocorreu com mais intensidade. Além disso, o “Milagre econômico” resultou, durante a década de 80, no aumento da dívida externa e do preço do petróleo, gerando retrações na economia e revelando a insustentabilidade do modelo de substituição de importações que se iniciou em 1930. Nos primeiros anos da década 90, a indústria foi submetida a uma crescente exposição ao ambiente competitivo internacional e os países emergentes, como o Brasil, continuaram marcados por uma dependência econômica. Assim, a riqueza em matérias primas, aliada aos fatores já mencionados, e as leis frágeis (tanto sindicais como ambientais) serviram como atrativos para que fossem instaladas partes do setor industrial no território nacional. Entretanto, é importante lembrar que os processos que envolvem avanço tecnológico e científico, ficam restritos às sedes dessas indústrias, localizadas em países como os EUA. Como reflexo do desenvolvimento industrial, percebemos que os países considerados desenvolvidos são justamente aqueles que se industrializaram antes. Com isso, seus espaços geográficos sociais, apesar de ainda apresentarem contradições e desigualdades, são mais modernos em relação aos países periféricos ou em desenvolvimento.