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SENAC

Amanda da Silva Braga

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - OS DIFERENTES OLHARES SOBRE A


COMUNIDADE SURDA

São Paulo

2021
Os diferentes olhares sobre a comunidade surda

A dicotomia entre a visão clínica e a visão socioantropológica da surdez tem


reflexo direto nas esferas política, social e cultural e por consequência, na educação.
Encarar o humano surdo como um deficiente não se justifica em nenhum dos
aspectos cognitivos, reflexivos e de raciocínio lógico, intelectuais, relacionais,
interpretativos ou de qualquer outra esfera que caracterize um déficit, uma
diminuição ou um potencial inferior. Dessa forma, é extremamente antissocial para
os dias atuais classificar surdez enquanto deficiência e não diferença.
Evoluindo da concepção clínica que tem, a priori, a medicalização, o
tratamento e a normalização de um ser débil (debilitado em algum aspecto
corrigível); a concepção socioantropológica reconhece no ser surdo a diferença
pautada na experiência visual e singular de conceber o mundo. Segundo Skliar
(1997), existe uma diferença crucial entre entender a surdez como uma deficiência e
entendê-la como uma diferença. Ao contrário do que muitos definem como surdez:
impedimento auditivo; as pessoas surdas definem-se em termos culturais e
linguísticos.
No caso dos humanos ouvintes (definição dada pelos próprios surdos),
caracterizados como “normais” clinicamente, há uma identificação e um
subjugamento muito forte com a deficiência e há dificuldade em entender a
existência de uma cultura surda. Essa cultura está relacionada com as formas de
organizar o pensamento e a linguagem que transcendem as formas ouvintes. Elas
são de ordem visual e por isso não são compreendidas puramente pelos ouvintes.
A questão central de toda essa discussão de esfera socio cultural vai esbarrar
na educação. Educação para todos conforme garante a Constituição Brasileira
(1988), então, deveria ser entendida como a educação que reconhece as diferenças
e não somente as deficiências. A própria Declaração de Salamanca ( 1994) aponta
algumas linhas de ações específicas buscando reconhecer as diferenças, mas que
ainda são dúbias nas definições dos órgãos competentes para a educação para
todos.
Isso posto, o que se conclui é que pela educação, as diferenças podem ser
consideradas em uma resolução política educacional que busca garantir o acesso à
educação para surdos como uma experiência visual, com identidade e identificação
linguística, politicamente reconhecida e localizada.

REFERÊNCIAS

QUADROS, Ronice Müller. Situando as diferenças implicadas na educação de


surdos: inclusão/exclusão. Ponto de Vista, Florianópolis, n.05, p. 81-111, 2003.
Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/pontodevista/article/view/1246/3850

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