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ABORTAMENTO INFECTADO

INTRODUÇÃO
➢ Ocorre principalmente em países em que a lei proíbe a interrupção da gestação
o Ilegalidade, sendo sua prática realizada em condições inadequadas
o Hoje está menos frequente devido ao Misoprostol (ocorre de forma
menos invasiva, usando menos materiais perfurocortantes)
➢ Causa importante de morte materna
➢ Abortamento clandestino – considerável morbidade e pelo menos 1:5 (20%) de
mulheres terá infecção do trato genital, o que pode acarretar em uma futura
infertilidade
➢ Bactérias aeróbias e anaeróbias: Estreptococos beta-hemolíticos, Enterococcus
spp., Escherichia coli, Peptostreptococcus spp., Bacteroides fragilis e
Clostridium spp.
o Relacionadas com a flora vaginal e intestinal

QUADRO CLÍNICO
➢ Depende do grau de comprometimento da paciente
➢ Endomiometrite: restrito ao útero
o Hipertermia
o Sangramento vaginal discreto (que pode ser acompanhado de saída de
material purulento oriundo do canal cervical)
o Dores abdominais em cólica
o Útero doloroso à palpação
o Colo amolecido, pérvio e doloroso.
▪ Especular: pode ser observada laceração
➢ Maior gravidade clínica: peritonite generalizada, sepse, insuficiência renal e
coagulopatia

TRATAMENTO
➢ Tratamento clínico e cirúrgico
o Hipovolemia
▪ Reposição volêmica, uso de contrator (Ocitocina) e retrator
(Methergin)
o Combater a infecção
▪ Antibioticoterapia de amplo espectro
▪ Principal esquema: Ampicilina + Gentamicina
▪ Pacientes com acometimento da função renal, substituir
Gentamicina por Ceftriaxona
▪ Pode fazer esquema tríplice: Ampicilina + Gentamicina +
Metronidazol

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o Reparar cirurgicamente as lesões e lacerações

➢ Endometrite não complicada


o Antibioticoterapia parenteral deve ser administrada até a paciente
encontrar-se afebril e assintomática por pelo menos 48 horas
o Se isso acontecer pode interromper a antibioticoterapia (não sendo
necessário fazer ATB oral depois – a depender do quadro clínico da
paciente)
➢ Sepse
o Antibioticoterapia parenteral por pelo menos 14 dias
➢ Tratamento cirúrgico:
o Se houver restos ovulares em USG – fazer esvaziamento uterino por
meio de curetagem ou aspiração manual intrauterina (AMIU)
o Correção de lacerações
o Em caso de perfuração uterina – realizar laparotomia exploradora
o Perfuração uterina com infecção – indicação de histerectomia
o A histerectomia será indicada nas formas disseminadas ou nas
localizadas refratárias ao tratamento clínico

INFECÇÃO PUERPERAL

INTRODUÇÃO
➢ Mais conhecida como endometrite – infecção relacionada ao endométrio (não do
útero como todo, nem anexos)
➢ Incidência varia significativamente dependendo da população estudada, do tipo
de parto e do uso de antibiótico profilático
o Maior em população com baixo índice socioeconômico
o Tipo de parto: incidência na cesariana é um pouco maior
➢ Após parto vaginal – 0,9% a 3,9%
➢ Após cesariana pode ser superior a 10%
➢ Fatores predisponentes a ENDOMETRITE PÓS PARTO VAGINAL: rotura
prematura de membranas ovulares (RPMO) ou amniorrexe, anemia, fórceps,
lacerações do canal de parto, trabalho de parto prolongado e infecção vaginal

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➢ Fatores predisponentes a ENDOMETRITE PÓS CESARIANA: necrose
tecidual, maior perda sanguínea ou presença de bactérias em tecido cirúrgico
traumatizado, vasos miometriais e cavidade peritoneal
➢ A endometrite pós-parto – ascensão de bactérias que se encontram no trato
genital inferior
➢ Decídua necrótica e sangue na cavidade uterina – meios de cultura para o
crescimento bacteriano, especialmente para bactérias anaeróbias
➢ Cesárea – trauma cirúrgico, hematoma na linha de sutura e corpo estranho (fio
de sutura)
➢ A endometrite ocorre porque há uma penetração na camada basal (onde há
mais vasos e conteúdo inflamatório) – mais comum de ocorrer na cesárea, mas é
possível no parto normal também

DIAGNÓSTICO
➢ Clínico:
o Febre > 38,5º, excluindo outras causas (como mastites, ITU)
o Útero doloroso, pastoso/amolecido e hipoinvoluído
▪ TRÍADE DE BUMM: endometrite pós-parto
o Loquiação fétida e purulenta
▪ Exceto em Estreptococos beta-hemolítico do grupo A (maior
gravidade e interrompe a loquiação)
➢ Exames complementares:
o Hemograma completo
▪ Leucocitose > 15.000
o USG
▪ Procurar a permanência de restos ovulares (meio de cultura para
as bactérias)

TRATAMENTO
➢ Clínico:
o Antibioticoterapia
▪ Principal esquema: Clindamicina + Gentamicina
▪ Esquema tríplice para casos refratários: Ampicilina/Penicilina +
Aminoglicosídeo (Gentamicina ou Amicacina) + Metronidazol
➢ Cirúrgico:
o Curetagem de restos placentários (pós parto normal)
o Debridamento de material necrótico
o Drenagem de abscessos
o Histerectomia (última opção, só para caso bem difícil de ser tratado)
➢ Profilaxia:
o ATB profilático 30 – 60 minutos antes do início da cirurgia (para toda
cesárea)
▪ Cefazolina (dose única)

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PIELONEFRITE

INTRODUÇÃO
➢ Infecções do trato urinário são infecções bacterianas mais frequentes no ciclo
gravídico-puerperal
➢ E. coli é o patógeno mais frequente – até 90% dos casos
➢ Entre 60 e 70% dos casos de pielonefrite são precedidas por bacteriúria
assintomática
o Bacteriúria assintomática deve ser tratada!
➢ Aumento de morbidade e mortalidade materna
➢ A pielonefrite não tratada está associada a eventos perinatais desfavoráveis
(prematuridade e sepse neonatal) e é uma frequente causa de sepse materna

QUADRO CLÍNICO
➢ Urgência miccional
➢ Disúria
➢ Febre
➢ Dor a percussão costolombar (Sinal de Giordano)
➢ Dor lombar
➢ Comprometimento do estado geral
A maioria dos casos ocorrem por volta do 2º e 3º TRIMESTRE – período onde a estase
urinária ocorre de forma mais intensa. E é ideal fazer coleta de urocultura antes de
iniciar o tratamento. No entanto, o tratamento de forma empírica será instaurado.

TRATAMENTO
➢ Empírico
o Cefalosporinas de 1ª e 2ª geração
➢ Internação hospitalar – as pacientes devem ser tratadas em ambiente hospitalar
➢ Tratamento efetivo: pelo menos 72 horas afebril
➢ Quadros graves podem evoluir para sepse

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