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PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

XX PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE XXXXXXXXXXXXXXX

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA


XXXXXXX XXXXX

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, por sua


Presentante legal infra-assinado, no uso das suas atribuições legais e nos termos do art. 201,
III, do Estatuto da Criança e do Adolescente, vem, respeitosamente, perante V.Exa., requerer a

NOMEAÇÃO DE GUARDIÃ

em favor do adolescente XXXXXXXXXXXXXXXXXX (qualificação), pelos fundamentos


de fato e de direito a seguir expostos.

1 - DOS FATOS

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.............

2 - DO DIREITO

2.1 - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Estatuto da Criança e do Adolescente afirma competir ao

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Ministério Público, dentre inúmeras outras atribuições, a de promover ações de


alimentos, de suspensão e destituição de poder familiar e de nomeação ou remoção de
tutores ou guardiães (art. 201, inc. III).
Segundo Valter Kenji Ishida1, tais ações devem ser intentadas sempre
que o Promotor de Justiça puder presumir que um determinado menor se encontre na
situação do art. 98 do citado diploma legal.
Ora, de acordo com o art. 98, inc. II, do ECA, devem ser aplicadas
medidas de proteção às crianças ou adolescentes que "por falta, omissão ou abuso dos
pais ou responsável" tiverem os seus direitos ameaçados ou violados.
Consigne-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê em
seu art. 19 que é direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.

Considerando que não há condição do adolescente ser reinserido no


seio de sua família natural, como já demonstrado nestes autos, é imperiosa sua inclusão
em família substituta, como forma de assegurar a convivência familiar e comunitária.
O próprio art. 92 do Estatuto dispõe que as entidades que
desenvolvem programas de acolhimento devem adotar como princípio a integração da
criança ou adolescente em família substituta, quando esgotados os recursos de
manutenção na família natural ou extensa.
Nesse diapasão e de retorno à espécie dos autos, por considerar que
o adolescente XXXXXXXXXXXXXXXX está em situação que se amolda
perfeitamente à hipótese prevista no citado preceito, vislumbro ser legítima e obrigatória
a atuação ministerial com o objetivo de, ao regularizar tal situação, resguardar os seus
direitos.

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2.2 - DO CABIMENTO DA GUARDA

Por outro lado, diz o art. 33, §§ Io e 2o, da já citada Lei 8.069/90 (ECA)
que:

"§ Io. - A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida,

liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção exceto no de

estrangeiros".

"§ 2o. - Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção,

para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou

responsável

Como se demonstrou, in casu, o adolescente


XXXXXXXXXXXXXXXX precisou ser acolhido por diversas famílias em razão da
situação de abandono em que se encontrava por parte dos genitores.
O genitor do mencionado adolescente, XXXXXXXXXXXXXXXX,
conforme demonstra o Relatório do Conselho Tutelar, datado de XX de XXXXX de
XXXX , não tem a menor condição de ficar com a guarda do filho, considerando que até
mesmo relatou que poderia matar o adolescente e se suicidar.
De se salientar ainda que o adolescente XXXXXXXXXXXXXX,
por ser civilmente incapaz precisa de alguém que o represente ou assista durante a
realização dos atos da vida civil.
Destarte, se me afigura por demais consentânea à espécie a
concessão da guarda do aludido adolescente em questão à
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pois não poderia haver conjunto circunstancial mais
propício a tal prestação jurisdicional.

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2.3 - DO PROCEDIMENTO A SER ADOTADO

O art. 153 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que "Se a


medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto nesta ou em
outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as
providências necessárias, ouvido o Ministério Público.".
Os doutrinadores Cury, Garrido e Marçura, ao analisarem o instituto
da guarda, colacionam o seguinte aresto: "O procedimento não tem forma ou figura de
juízo, devendo o magistrado proceder com brevidade, atento aos princípios do art. 153
do Estatuto" (JC 70/143).
De fato, conforme ensina Valter Kenji Ishida, em pleitos de guarda
somente haveria necessidade de ser utilizado um procedimento contraditório se
houvesse expressa oposição de ambos ou de algum dos genitores dos guardandos.
O entendimento segundo o qual deverá ser adotado um
procedimento de jurisdição voluntária, tão rápido quanto eficaz, nos casos de guarda -
posicionamento este que encontra guarida nas mais diversas Cortes pátrias -, apresenta-
se realmente como o mais adequado e técnico para a hipótese sob comento.
Com efeito, além de não haver norma que determine a adoção de
outro procedimento, por expressa determinação legal "a guarda poderá ser revogada a
qualquer tempo" (art. 35 do ECA).

2.4 - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Nos termos do art. 152 da Lei 8.069/90: "Aos procedimentos


regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
legislação processual vigente.

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Por sua vez, o art. 294 do Código de Processo Civil de 2015 permite
ao juiz processante antecipar os efeitos da tutela pretendida, em sede de tutela de
urgência ou de evidência.
Já o art. 300 do CPC/2015 prevê disciplina que a tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Considerando que a guarda pode ser revogada a qualquer tempo, a
tutela de urgência aqui pretendida não apresenta perigo de irreversibilidade, não
encontrado óbice no §3e do art. 300 do CPC/2015.
Sem mais delongas e diante de tudo o que já foi exposto, é de se
constatar estarem presentes nestes autos os requisitos acima exigidos pela norma regente
e, por essa razão, deve a guarda provisória ser deferida liminarmente.
Ademais, ressalte-se que se a guarda pode ser deferida liminar ou
incidentalmente nos procedimentos de adoção ou de tutela (art. 33, §1°., do ECA) é
porque o legislador preza pela regularização imediata da situação de crianças que
estejam sem quaisquer representantes ou responsáveis.
Dito norte deve, por óbvio, ser obedecido em procedimentos como o
atual, no qual existe menor em situação que, se não pode ser tida como de risco, pode e
deve ser considerada como traumática e excepcional.

3 - DOS PEDIDOS

Sendo assim, com esteio em todos os artigos anteriormente referidos, requer o Ministério
Público Estadual:

1) A antecipação da tutela final pretendida com o deferimento liminar da guarda provisória do


adolescente XXXXXXXXXXXXXXXX para XXXXXXXXXXXXXX, nacionalidade,
estado civil, profissão, data de nascimento, naturalidade, portadora do RG

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XXXXXXXXXXX/XX e do CPF nº XXXXXXXXX, residente e domiciliada na Rua


XXXXXXXXXX, XXXXX/XX;

2) A citação por edital de XXXXXXXXXXXXXX e XXXXXXXXXX, vez que se encontram


em local incerto e não sabido;

3) A designação de audiência instrutória na qual deverão ser ouvidas as testemunhas arroladas


no rol em anexo, bem como os guardiães;

4) A procedência in totum da pretensão ora deduzida com a consequente transformação em


definitiva da guarda provisória liminarmente concedida.

Termos em que.
Espera deferimento.

XXXXXXX/XX, aos XX de XXXXXX de XXXX.

Promotor(a) de Justiça

ROL DE TESTEMUNHAS:

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