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ELETRICIDADE

AULA 2

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL

Olá, seja bem-vindo à segunda aula de Eletricidade! Na primeira aula,


tivemos a oportunidade de estudar algumas grandezas elétricas fundamentais
em circuitos elétricos, a convenção utilizada na análise, os tipos de elementos,
a Lei de Ohm e algumas definições utilizadas na análise.
A Lei de Ohm não é suficiente para podermos realizar a análise de
circuitos elétricos mais complexos. Entretanto, quando ela é utilizada em
conjunto com as Leis de Kirchhoff, apresentadas nesta aula, apossamo-nos de
um conjunto de ferramentas poderoso o suficiente para analisar uma grande
variedade de circuitos elétricos.
Também serão abordadas as diferentes associações de resistores (em
série e em paralelo), estudando suas características para entendermos o seu
funcionamento. Além disso, será apresentada a transformação Delta-Estrela
para facilitar a análise de circuitos.

TEMA 1 – LEIS DE KIRCHHOFF

As Leis de Kirchhoff, enunciadas pelo cientista alemão Gustav Robert


Kirchhoff, são conhecidas como Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK) e Lei das
Tensões de Kirchhoff (LTK).

1.1 Primeira Lei de Kirchhoff

A Primeira Lei de Kirchhoff é baseada na Lei da Conservação da Carga


Elétrica, a qual diz que a soma algébrica das cargas em um sistema não pode
variar.
A Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK) estabelece que a soma algébrica
de todas as correntes que entram ou saem de um nó (ou em uma região fechada)
é igual a zero. Matematicamente, temos que:
𝑁𝑁

� 𝑖𝑖𝑛𝑛 = 0
𝑛𝑛=1

Sendo N o número de ramos conectados ao nó e 𝑖𝑖𝑛𝑛 a enésima corrente


entrando (ou saindo) do nó.
Existem duas formas de convencionar a utilização da LCK em uma análise
de circuitos:

2
1. Se a corrente entra no nó ela é considerada positiva (+), e se a corrente
sai do nó, será negativa (–).
2. A corrente que entra no nó é considerada negativa (–), e a corrente que
sai do nó é considerada positiva (+).

Considere o nó apresentado na Figura 1. Veja que nesse nó temos


diversas correntes entrando e saindo. Aplicando a equação somatória das
correntes e utilizando a convenção do item 1, temos:
5

� 𝑖𝑖𝑛𝑛 = 0
𝑛𝑛=1

𝑖𝑖1 + 𝑖𝑖2 − 𝑖𝑖3 − 𝑖𝑖4 + 𝑖𝑖5 = 0


Podemos reescrever essa equação:
𝒊𝒊𝟏𝟏 + 𝒊𝒊𝟐𝟐 + 𝒊𝒊𝟓𝟓 = 𝒊𝒊𝟑𝟑 + 𝒊𝒊𝟒𝟒
Sendo assim, a LCK pode ser descrita da seguinte forma: A soma das
correntes que entram em um nó é igual à soma das correntes que saem do nó.

Figura 1 – Nó de um circuito com diversas correntes entrando e saindo

As figuras 2 e 3 apresentam um exemplo de aplicação da LCK. Nestas


figuras temos representado um nó de um circuito ao qual se conectam quatro
elementos. A corrente ix tem um valor desconhecido. Para determinar esse valor,
basta aplicar a equação da LCK.

3
Figura 2 – Nó de um circuito com diversas correntes entrando e saindo

Considerando que a soma de todas as correntes que entram no nó é igual


à soma de todas as correntes que saem desse mesmo nó, no exemplo da Figura
2 teremos:
𝑖𝑖𝑋𝑋 + 3 = 25 + 13
Isolando o termo ix:
𝑖𝑖𝑋𝑋 = 25 + 13 − 3
𝑖𝑖𝑋𝑋 = 35 𝐴𝐴

Figura 3 – Nó de um circuito com diversas correntes entrando e saindo

Aplicando a LCK no nó da Figura 3:


1 + 3 = 8 + 𝑖𝑖𝑋𝑋
Isolando ix:
𝑖𝑖𝑋𝑋 = 1 + 3 − 8
𝑖𝑖𝑋𝑋 = −4 𝐴𝐴
Nesse caso, notamos que o valor da corrente ix é negativa. Isso significa
que o sentido adotado na figura é o sentido oposto da corrente real que circula
no circuito.

1.2 Segunda Lei de Kirchhoff

A Segunda Lei de Kirchoff, ou Lei das Tensões de Kirchoff (LTK), obedece


à lei da conservação da energia e estabelece que a soma algébrica de todas as
tensões em um caminho fechado (laço ou malha) é igual a zero.
Matematicamente, teremos:

4
𝑀𝑀

� 𝑣𝑣𝑚𝑚 = 0
𝑚𝑚=1

Onde M é o número de tensões na malha e 𝑣𝑣𝑚𝑚 é a m-ésima tensão desta


malha.
Assim como na Primeira Lei de Kirchhoff, existem diversas formas
convencionar os sinais das tensões durante o equacionamento. Nos exemplos a
seguir iremos adotar a seguinte convenção:

• Adotar um sentido para a corrente no laço: horário ou anti-horário.


• Se a corrente entra no (-) e sai no (+), a tensão será considerada
negativa.
• Se a corrente entra no (+) e sai no (-), a tensão será considerada
positiva.

Para ilustrar a LTK, devemos observar o circuito da figura a seguir:

Figura 4 – Aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff

A fim de obedecer à convenção passiva de sinais, a polaridade da tensão


nos elementos passivos será definida pelo sentido da corrente adotado. Em
elementos passivos a corrente sempre irá entrar pelo terminal (+) e sair pelo
terminal (-).
Observe que na figura 4 à esquerda foi adotado uma corrente percorrendo
o laço no sentido horário, induzindo nos resistores a polaridade de tensão
indicada. Aplicando a LTK:
4

� 𝑣𝑣𝑚𝑚 = 0
𝑚𝑚=1

−𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉𝑅𝑅1 + 𝑉𝑉2 + 𝑉𝑉𝑅𝑅2 = 0

5
Na figura 4 à direita foi adotado no sentido anti-horário, induzindo nos
resistores a polaridade de tensão oposta. Aplicando a LTK, temos:
𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉𝑅𝑅2 − 𝑉𝑉2 + 𝑉𝑉𝑅𝑅1 = 0
A figura a seguir apresenta um circuito elétrico, onde a tensão sobre o
resistor de 5 Ω é desconhecida. Neste circuito foi dada a polaridade da tensão
da fonte e do resistor de 15 Ω. Sabendo que toda a energia fornecida ao circuito
deve ser consumida, basta aplicarmos a LTK e determinar o valor de Vx.
Definindo-se que a corrente irá percorrer a malha no sentido horário, a
polaridades de Vx será conforme indicado. Aplicando a LTK:
−8 + 6 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
−2 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
𝑉𝑉𝑥𝑥 = 2 𝑉𝑉

Figura 5 – Aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff, considerando sentido


horário

Resolvendo o mesmo circuito, porém definindo-se que a corrente percorre


o laço no sentido anti-horário, vamos observar que a polaridade da tensão Vx é
desconhecida e, seguindo a convecção passiva, deverá ser conforme
demonstrado na Figura 6. Vale ressaltar que a tensão da fonte e do resistor de
15Ω já são conhecidas e tiveram as suas polaridades mantidas durante o
equacionamento.

6
Figura 6 – Aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff, considerando sentido
anti-horário

Aplicando a LTK:
8 − 6 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
2 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
𝑉𝑉𝑥𝑥 = −2 𝑉𝑉
Sendo assim, podemos observar que, caso a polaridade escolhida tenha
sido a inversa da polaridade do funcionamento real do circuito, a tensão terá um
valor negativo, indicando que a polaridade está invertida.

TEMA 2 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE E DIVISORES DE TENSÃO

Em um circuito elétrico podemos organizar um conjunto de resistores


interligados de diversas formas. Uma das formas de combinarmos resistores é
por meio da associação em série desses componentes, ou seja, uma ligação
sequencial.

Figura 7 – Elementos de circuito em série

7
Considerando que um nó é o ponto de conexão entre dois ou mais
elementos e aplicando a LCK em todos os nós desse circuito, temos:
𝑖𝑖1 = 𝑖𝑖2 = 𝑖𝑖3 = ⋯ = 𝑖𝑖𝑛𝑛
Dessa forma podemos observar que a corrente que circula entre todos os
resistores é igual.
Utilizando a LTK nesse circuito vamos obter:
−𝑣𝑣 + 𝑣𝑣1 + 𝑣𝑣2 + 𝑣𝑣3 + ⋯ + 𝑣𝑣𝑛𝑛 = 0
𝑣𝑣 = 𝑣𝑣1 + 𝑣𝑣2 + 𝑣𝑣3 + ⋯ + 𝑣𝑣𝑛𝑛

Uma vez que a corrente elétrica é a mesma que circula em todos os


elementos do circuito, aplicando a Lei de Ohm temos que a tensão em cada
resistor será dada por:
𝑣𝑣1 = 𝑅𝑅1 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣2 = 𝑅𝑅2 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣3 = 𝑅𝑅3 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣𝑛𝑛 = 𝑅𝑅𝑛𝑛 . 𝑖𝑖
Substituindo cada termo da equação obtida pela LTK:
𝑣𝑣 = 𝑅𝑅1 . 𝑖𝑖 + 𝑅𝑅2 . 𝑖𝑖 + 𝑅𝑅3 . 𝑖𝑖 … + 𝑅𝑅𝑛𝑛 . 𝑖𝑖
Como a corrente que circula entre todos os resistores é igual, podemos
colocar i em evidência:
𝑣𝑣 = (𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛 ). 𝑖𝑖
Isolando i:
𝑣𝑣
𝑖𝑖 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛
A corrente elétrica total que circula pelo circuito depende da resistência
total desse circuito, também chamada de resistência equivalente (Req).
A resistência equivalente de qualquer número de resistores conectados
em série é igual à soma das resistências individuais.
𝑛𝑛

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = � 𝑅𝑅𝑖𝑖
𝑖𝑖=1

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛


Sendo assim, podemos reescrever a equação da corrente total deste
circuito:
𝑣𝑣
𝑖𝑖 =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒

8
A Figura 8 apresenta um circuito em série. Para obter o valor da corrente,
basta obter o valor da resistência equivalente e aplicar a Lei de Ohm.

Figura 8 – Circuito em série

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 = 2 + 10 + 8


𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 20 Ω
Sabemos que a tensão nos terminais de um resistor é o produto da sua
resistência pela corrente elétrica que circula nele:
𝑣𝑣 20
𝑖𝑖 = =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 20
𝑖𝑖 = 1 𝐴𝐴

2.1 Divisor de tensão

Devido ao fato de que a tensão da fonte se divide em cada componente


do circuito, uma associação de resistores em série pode ser denominada como
um divisor de tensão. O divisor de tensão é muito utilizado, principalmente em
eletrônica. Com essa técnica é possível obter uma tensão de saída proporcional
à fornecida pela fonte.
O circuito da figura a seguir é um divisor de tensão composto de dois
resistores em série ligados a uma fonte de tensão.

9
Figura 8 – Divisor de tensão

A tensão VO nos terminais do resistor R2 é calculada da seguinte forma:


𝑣𝑣𝑂𝑂 = 𝑅𝑅2 . 𝑖𝑖
Sabendo que:
𝑉𝑉
𝑖𝑖 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2

Vamos obter a seguinte equação:


𝑅𝑅2 𝑅𝑅
𝑣𝑣𝑂𝑂 = 𝑅𝑅 ∙ 𝑉𝑉𝑓𝑓 ou 𝑣𝑣𝑂𝑂 = 𝑅𝑅 2 ∙ 𝑉𝑉𝑓𝑓
1 +𝑅𝑅2 𝑒𝑒𝑒𝑒

Com essa técnica é possível obter tensão em um único resistor do


circuito sem precisar calcular a tensão dos demais componentes, bastando
utilizar a seguinte equação:
𝑅𝑅𝑥𝑥
𝑣𝑣𝑥𝑥 = ∙ 𝑉𝑉
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
Sendo x um dos resistores de 1 a n do circuito.

Figura 9 – Divisor de tensão

Por exemplo, caso se deseje obter a tensão do resistor R3, basta fazer:
𝑅𝑅3
𝑣𝑣3 = ∙ 𝑉𝑉
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
10
TEMA 3 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM PARALELO E DIVISORES DE
CORRENTE

Da mesma forma que podemos associar resistores em série para


atingirmos determinados valores de resistência, nós podemos realizar uma
associação também em paralelo.
Quando dois ou mais elementos estão conectados a um único par de nós,
dizemos que eles estão em paralelo, conforme apresentado na Figura 10. Vale
relembrar que, em um circuito, um nó é normalmente indicado por um ponto, mas
todo o fio de conexão (ou curto-circuito) constitui esse único nó. Para melhor
entender este conceito, o mesmo circuito foi redesenhado na figura 10(b).

Figura 10 – Associação de resistores em paralelo

Aplicando a LTK em cada um dos laços do circuito é possível observar


que:
𝑣𝑣 = 𝑣𝑣1 = 𝑣𝑣2 = 𝑣𝑣3 = ⋯ = 𝑣𝑣𝑛𝑛
Sendo assim, podemos dizer que a tensão é igual em cada um dos
ramos em paralelo no circuito.
Aplicando a LCK no nó 1, temos:
𝑖𝑖 = 𝑖𝑖1 + 𝑖𝑖2 + ⋯ + 𝑖𝑖𝑛𝑛
Uma vez que a tensão elétrica é a mesma em todos os ramos do circuito,
aplicando a Lei de Ohm temos que a corrente em cada resistor será dada por:
𝑉𝑉
𝑖𝑖1 =
𝑅𝑅1

11
𝑉𝑉
𝑖𝑖2 =
𝑅𝑅2
𝑉𝑉
𝑖𝑖3 =
𝑅𝑅3
𝑉𝑉
𝑖𝑖𝑛𝑛 =
𝑅𝑅𝑛𝑛
Substituindo cada termo da equação obtida pela LCK:
𝑉𝑉 𝑉𝑉 𝑉𝑉
𝑖𝑖 = + + ⋯+
𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅𝑛𝑛
Como a tensão em todos os resistores é igual, podemos colocar V em
evidência:
1
𝑖𝑖 = � � . 𝑉𝑉
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛
Assim como para circuitos em série, a corrente elétrica total em um circuito
em paralelo depende da resistência total desse circuito, também chamada de
resistência equivalente (Req).
O inverso da resistência equivalente de qualquer número de resistores
conectados em paralelo é igual à soma do inverso de cada resistência
individualmente:
𝒏𝒏
𝟏𝟏 𝟏𝟏
=�
𝑹𝑹𝒆𝒆𝒆𝒆 𝑹𝑹𝒊𝒊
𝒊𝒊=𝟏𝟏
𝟏𝟏 𝟏𝟏 𝟏𝟏 𝟏𝟏
= + +⋯+
𝑹𝑹𝒆𝒆𝒆𝒆 𝑹𝑹𝟏𝟏 𝑹𝑹𝟐𝟐 𝑹𝑹𝒏𝒏
Como uma associação de resistores em série é possível obter uma
resistência equivalente maior, enquanto que uma associação em paralelo resulta
em um efeito oposto, diminuindo a resistência equivalente. Em uma associação
de resistores em paralelo, a resistência equivalente sempre será menor do que
a menor resistência do circuito.
A figura a seguir apresenta três resistores conectados em paralelo com
uma fonte. Como todos os elementos estão em paralelo, a tensão será a mesma
em todos os resistores. Para determinar a corrente em cada um dos ramos, basta
aplicar a Lei de Ohm.
Quando temos apenas dois resistores em paralelo, a resistência
equivalente será dada por:
1 1 1 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2
= + =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅1 . 𝑅𝑅2

12
Portanto:
𝑅𝑅1 . 𝑅𝑅2
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2
A resistência equivalente entre dois resistores em série é igual ao produto
das resistências dividido pela soma das resistências.
Ressaltando que essa definição só se aplica a dois resistores em paralelo.

Figura 11 – Associação de resistores em paralelo

𝒗𝒗 𝟓𝟓
𝒊𝒊𝟏𝟏 = = ⇒ 𝒊𝒊𝟏𝟏 = 𝟎𝟎, 𝟓𝟓 𝑨𝑨
𝟏𝟏𝟏𝟏 𝟏𝟏𝟏𝟏
𝒗𝒗 𝟓𝟓
𝒊𝒊𝟐𝟐 = = ⇒ 𝒊𝒊𝟐𝟐 = 𝟏𝟏 𝑨𝑨
𝟓𝟓 𝟓𝟓
𝒗𝒗 𝟓𝟓
𝒊𝒊𝟑𝟑 = = ⇒ 𝒊𝒊𝟑𝟑 = 𝟓𝟓 𝑨𝑨
𝟏𝟏 𝟏𝟏
Após calcular as correntes que circulam em cada um dos resistores,
vamos observar que a soma algébrica de todas essas correntes será exatamente
igual à corrente que flui através do resistor equivalente.
A resistência equivalente é calculada da seguinte forma:
1 1 1 1
= + +
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅3
1 1 1 1
= + +
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 10 5 1
1
= 0,1 + 0,2 + 1 = 1,3
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
Note que nesse caso temos que o inverso de Req é igual a 1,3. Portanto,
para obter o valor da resistência equivalente basta fazer:
1
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = ≅ 0,769 Ω
1,3
A corrente que circula pelo resistor equivalente é calculada da seguinte
forma:

13
𝑣𝑣 = 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣 5
𝑖𝑖 = =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 0,769
𝑖𝑖 = 6,5 𝐴𝐴

3.1 Divisor de corrente

Do exemplo anterior, em que foi calculada a corrente que circula no


resistor equivalente, notamos que ela é igual à soma das correntes i1, i2 e i3.
Desta forma, podemos afirmar que se trata de um circuito divisor de corrente, em
que a corrente que sai da fonte se divide proporcionalmente em cada resistor do
circuito.
Com essa técnica é possível calcular a corrente através de um único
ramo, sem a necessidade de calcular as correntes nos demais ramos.

Figura 12 – Divisor de corrente

Sabendo que:
𝑉𝑉
𝑖𝑖1 =
𝑅𝑅1
E
𝑣𝑣 = 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 . i
Vamos obter a seguinte equação:
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑖𝑖1 = . 𝑖𝑖
𝑅𝑅1
Com essa técnica é possível obter corrente em um único ramo do circuito,
sem precisar calcular a corrente dos demais ramos. Basta utilizar a seguinte
equação:
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑖𝑖𝑥𝑥 = . 𝑖𝑖
𝑅𝑅𝑥𝑥

14
Sendo x um dos resistores de 1 a n do circuito apresentado na Figura
10.

TEMA 4 – TRANSFORMAÇÃO ESTRELA-TRIÂNGULO (Δ–Y)

Algumas vezes, deparamo-nos com alguns casos em circuitos em que a


geometria dos resistores não nos permite realizar uma simplificação direta do
circuito em termos de resistência equivalente. Na figura a seguir, encontram-se
ilustrados dois casos bastante recorrentes na análise de circuitos, que são as
ligações de elementos em estrela (ou Y), à esquerda, e a ligação em triângulo
(ou Δ), à direita.

Figura 13 – Resistores em ligação delta (a) e estrela (b)

Assim como na associação de resistores, a transformação estrela-


triângulo (Y-Δ) nos permite substituir uma dessas configurações por outra
equivalente. Dessa forma, um circuito com os seus elementos conectados em
estrela (Y) pode tê-los substituídos por um conjunto equivalente em que os
elementos estão conectados em triângulo (Δ) e vice-versa. A localização de cada
elemento será de acordo com os nós A, B e C indicados na figura.
A figura a seguir ilustra a conexão das transformações, e na Tabela 1
encontram-se as equações para determinar os resistores correspondentes
dessa transformação.

15
Figura 14 – Relação entre a formação em estrela e triângulo

Tabela 1 – Equações para realizar as transformações

Δ-Y Y-Δ
𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅𝐴𝐴 𝑅𝑅𝐵𝐵 + 𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑅𝑅𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝐶𝐶 𝑅𝑅𝐴𝐴
𝑅𝑅𝐴𝐴 = 𝑅𝑅1 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐶𝐶

𝑅𝑅1 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐴𝐴 𝑅𝑅𝐵𝐵 + 𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑅𝑅𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝐶𝐶 𝑅𝑅𝐴𝐴


𝑅𝑅𝐵𝐵 = 𝑅𝑅2 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐵𝐵

𝑅𝑅2 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐴𝐴 𝑅𝑅𝐵𝐵 + 𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑅𝑅𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝐶𝐶 𝑅𝑅𝐴𝐴


𝑅𝑅𝐶𝐶 = 𝑅𝑅3 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐴𝐴
Os resistores da Figura 15 estão conectados em uma ligação em
triângulo. Podemos substituir esse circuito por um equivalente em ligação
estrela. Para obter os valores das resistências do novo circuito, basta aplicar as
equações da tabela 1.

Figura 15 – Exemplo de transformação triângulo-estrela

16
10 . 20
𝑅𝑅𝐴𝐴 = = 3,077 𝛺𝛺
10 + 20 + 35
10 . 35
𝑅𝑅𝐵𝐵 = = 5,385 𝛺𝛺
50 + 75 + 63
20 . 35
𝑅𝑅𝐶𝐶 = = 10,769 𝛺𝛺
50 + 75 + 63
Na Figura 16, os resistores conectados na formação estrela podem ser
substituídos por um circuito equivalente, em que os resistores estão conectados
em triângulo. Para obter os valores das resistências dessa nova ligação, basta
aplicar as equações da tabela 1.

Figura 16 – Exemplo de transformação estrela-triângulo

100 . 47 + 47. 84 + 84 . 100


𝑅𝑅1 = = 202,95 𝛺𝛺
84
100 . 47 + 47. 84 + 84 . 100
𝑅𝑅2 = = 362,72 𝛺𝛺
47
100 . 47 + 47. 84 + 84 . 100
𝑅𝑅3 = = 170,48 𝛺𝛺
100
Para entender melhor como a transformação estrela-triângulo pode ajudar
na análise de circuitos, considere o circuito da figura abaixo.

17
Figura 16 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

É possível observar que os resistores não estão conectados em série ou


em paralelo, impossibilitando a obtenção de uma resistência equivalente. Mas
note que nesse circuito conseguimos identificar uma conexão em triângulo
formada pelos nós A, B e C e outra pelos nós B, C e D. Além disso, há outras
duas conexões em estrela, nas quais o ponto central de conexão se dá no nó B,
e outra estrutura em triângulo com o ponto central de conexão no nó C.
Para resolver este circuito vamos realizar uma transformação triângulo-
estrela nos três resistores entre os nós A, B e C, como poder visto a seguir:

18
Figura 17 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

20 . 45
𝑅𝑅𝐴𝐴 = ⇒ 𝑹𝑹𝑩𝑩 = 𝟓𝟓, 𝟖𝟖𝟖𝟖𝟖𝟖 Ω
20 + 45 + 90
20 . 90
𝑅𝑅𝐴𝐴 = ⇒ 𝑹𝑹𝑨𝑨 = 𝟏𝟏𝟏𝟏, 𝟔𝟔𝟔𝟔𝟔𝟔 Ω
20 + 45 + 90
90 . 45
𝑅𝑅𝐶𝐶 = ⇒ 𝑹𝑹𝑪𝑪 = 𝟐𝟐𝟐𝟐, 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 Ω
20 + 45 + 90
Uma vez calculados os resistores da transformação Δ-Y, nota-se que o
resistor RB está em série com o resistor de 50 Ω, podendo ser representado por
um resistor equivalente Req1. Do mesmo modo, o resistor RC está em série com
o resistor de 45 Ω, podendo ser representado por um resistor equivalente Req2,
conforme a figura.

19
Figura 17 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒1 = 11,613 + 50 = 61,613 Ω


𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2 = 26,129 + 45 = 71,129 Ω
Agora é possível notar que Req1 e Req2 encontram-se em paralelo,
podendo ser representados por um só resistor denominado Req3, que estará em
série com RA, resultando em um resistor equivalente geral para o circuito Req.

Figura 18 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒1 . 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2 61,613 . 71,129


𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒3 = =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒1 + 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2 61,613 + 71,129
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒3 = 33,015 Ω
E por fim:
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 33,015 + 5,806
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 38,821 Ω

20
Logo, a corrente total fornecida pela fonte será:
𝑉𝑉 15
i= =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 38,821
i = 0,386 𝐴𝐴

FINALIZANDO

Nesta aula, foram apresentadas as Leis de Kirchhoff, que enunciam o


comportamento das tensões e das correntes em um circuito elétrico. As duas
Leis de Kirchhoff, em conjunto com a Lei de Ohm, são de fundamental
importância para dar continuidade aos estudos da disciplina Eletricidade e às
disciplinas futuras ao longo do curso. Foram abordadas as associações de
resistores em série e paralelo, assim como o comportamento da tensão e
corrente em ambas as configurações, além da obtenção de circuitos
equivalentes para facilitar a análise. Foi vista também a transformação Delta-
Estrela (ou Estrela-Triângulo), a qual é de fundamental importância para a
análise de alguns circuitos, especialmente quando falarmos em sistemas
trifásicos.
Na prática, podemos observar o uso desse conceito nas lâmpadas de
natal. É comum encontrarmos arranjos de diversas lâmpadas ligadas para
enfeitar árvores de natal. Esse arranjo nada mais é do que associações em série
e em paralelo de diversas lâmpadas, assim como associações em série e
paralelo entre resistores que foi estudada.
Nós sabemos que, quando componentes são ligados em série, a tensão
aplicada sobre o conjunto se divide em cada um dos componentes ligados em
série. Caso todos os componentes sejam iguais, que é o caso das lâmpadas, a
tensão que surge nos terminais de cada lâmpada é igual.
No esquema a seguir, podemos visualizar um exemplo prático de um
produto disponível no mercado, com 50 lâmpadas ligadas em série conectadas
a uma fonte de 125 V, em que cada lâmpada é representada por um resistor.
Essas lâmpadas possuem tensão operacional de 2,5 V e 0,2 A (200 mA).

21
Figura 19 – Circuito de um pisca-pisca em série

Como as lâmpadas são iguais, então teremos:


𝑅𝑅1 = 𝑅𝑅2 = 𝑅𝑅3 = ⋯ = 𝑅𝑅50 = 𝑅𝑅
Só que a corrente que circula em todos os resistores é a mesma (200 mA),
fazendo com que a tensão em cada elemento seja igual:
𝑉𝑉1 = 𝑉𝑉2 = 𝑉𝑉3 = ⋯ = 𝑉𝑉50 = 𝑉𝑉
A quantidade de resistores ligados em série é escolhida de forma que a
tensão nos terminais de cada um deles seja igual à tensão de operação da
lâmpada, de 2,5 V. Logo, por se tratar de um circuito divisor de tensão formado
por N resistores iguais, a tensão total composta da soma da tensão dos N
resistores deve ser igual à tensão da fonte, no caso de 125 V.
2,5 . N = 125
N = 50 resistores
Porém, para uma luz de natal com um número maior de lâmpadas,
teríamos a redução da tensão sobre cada uma delas. No exemplo anterior, caso
fossem utilizadas 100 lâmpadas, a tensão em cada uma delas seria de 1,25 V e
assim, elas não acenderiam.
Em um conjunto maior, como o de 200 lâmpadas ilustrado na figura
abaixo, é utilizado um circuito composto por 4 ramos em paralelo, em que cada
ramo possui 50 lâmpadas. Novamente, cada lâmpada está sendo representada
por um resistor.
Na maioria desses enfeites, as lâmpadas utilizadas são do tipo pisca-
pisca. Este é um tipo de lâmpada especial que, quando acesa, esquenta um
filamento e, a partir de uma determinada temperatura, esse filamento se desloca.
Como consequência, a lâmpada é desligada. Enquanto desligado, a temperatura
do filamento diminui até que ele retorne a sua posição inicial, e a lâmpada
acende novamente. No circuito do exemplo a seguir, são necessárias apenas
quatro lâmpadas pisca-pisca, cada uma na posição inicial de cada ramo, nas

22
posições R1, R51, R101 e R151. Quando uma dessas lâmpadas esquenta, o circuito
é aberto, impedindo a passagem de corrente para as demais, desligando todo o
conjunto.

Figura 20 – Circuito de um pisca-pisca em paralelo

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REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.


5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S.A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.

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