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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Gerontologia

AUTOEFICÁCIA DO DESEMPENHO DAS FUNÇÕES


COGNITIVAS DE MEMÓRIA E ATENÇÃO EM
IDOSOS

Autora: Angela Maria Sacramento


Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas
Co-orientadora: Profª. Drª. Gislane Ferreira Melo

Brasília-DF
2014
S123a Sacramento, Angela Maria.
Autoeficácia do desempenho das funções cognitivas de memória e atenção
em idosos./Angela Maria Sacramento – 2014.
141f.;il.:30cm

Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014.


Orientação: Profa. Dra. Carmen Jansen Cárdenas
Co-orientação: Profa. Dra. Gislane Ferreira Melo

1. Gerontologia. 2. Envelhecimento. 3. Autoeficácia. 4. Cognição. I.


Cárdenas, Carmen Jansen, orient. II. Melo, Gislane Ferreira, co-orient. III.
Título.

7,5cm
CDU613.98

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB


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ANGELA MARIA SACRAMENTO

AUTOEFICÁCIA DO DESEMPENHO DAS FUNÇÕES COGNITIVAS DE MEMÓRIA E ATENÇÃO


EM IDOSOS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da
Universidade Católica de Brasília como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre em
Gerontologia.
Orientadora: Profa. Dra Carmen Jansen Cárdenas
Co-orientadora: Profa. Dra Gislane Ferreira Melo

Brasília
2014
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Ao meu pai Aristeu e minha mãe Mércia, que nos momentos mais
difíceis da minha vida, sempre me carregaram no colo e me
protegeram com seu amor incondicional; e que nunca me
permitiram desistir e de acreditar em mim mesma.

“Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem


metas, os sonhos não têm alicerces. Sem
prioridades, o s sonhos não se tornam
reais. Sonhe, trace metas, estabeleça
prioridades e corra riscos para executar
seus sonhos. Melhor é errar por tentar do
que errar por se omitir! Não tenha medo
dos tropeços da jornada. Não se esqueça
que você, ainda que incompleto, foi o
maior aventureiro da História(sua)”

Augusto Cury
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AGRADECIMENTO

Agradecer é uma tarefa difícil, pois nem sempre as palavras conseguem


expressar o que verdadeiramente estamos sentindo. Ao longo desta trajetória tive
oportunidade de conhecer e conviver com diversas pessoas, mas algumas delas foram
realmente muito especiais. Chegou o momento de dizer muito obrigada.

Primeiramente a Deus, que me guiou e me iluminou neste longo caminho, sem Ele
nada seria possível.

À professora Dra Carmen Jansen Cárdenas, minha orientadora e mestre, quem e


transmitiu a segurança necessária para enfrentar o meu caminho e seguir, na qual incluo
nossos encontros; sabedoria, amizade, compreensão, alegria, sinceridade, apoio, incentivo
e tranquilidade. Carmen, principalmente, obrigada por acreditar no meu sonho, pela sua
poética e precisa orientação, disponibilidade, paciência, pelo aprendizado, por tudo...A
você minha admiração e gratidão.

À professora Gislane Melo, que ao longo destes dois anos acolheu minhas dúvidas,
compartilhou sua companhia, conhecimento de forma tão simples e com tanta sabedoria.
Saiba que nesta vitória você tem grande participação e, principalmente, obrigada por
permitir a convivência entre nós, e pela co-orientação.

Às minhas companheiras e amigas do mestrado – Analise, Débora, Maria Cristina,


Marina, Viviane e as caçulinhas Amanda e Lenice, meu obrigada pelos momentos de aflição
que passamos juntas, mas com muito bom humor, com ajuda, cumplicidade e,
principalmente, pela amizade que construímos nestes meses de convívio.

À Isabela, Tatiane e Julie, amigas incondicionais, que sempre me apoiaram, me


ajudaram com uma palavra amiga, com um sorriso...Obrigada também pelos momentos
que ficaram sobrecarregadas, para que eu pudesse ir atrás deste sonho que é o mestrado.
Não posso esquecer a parceria nos inúmeros momentos que leram e releram o que eu
escrevia.

Obrigada as professoras Dra. Karla Vilhaça, que de forma direta e indiretamente me


ajudou na construção deste meu projeto.

Por fim, mas não menos importante, a professora Dra. Alessandra e Dr. Nilton
Formiga, que aceitaram participar de minha qualificação e defesa, obrigada pela ajuda,
pela orientação e, principalmente, pela honra de poder compartilhar do conhecimento e
experiência, que ambos possuem, na área da Gerontologia.
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“O envelhecimento útil e feliz não pode ser


apenas um mito. Cabe à sociedade a
responsabilidade de redefinir, sócio e
culturalmente, o significado da velhice,
possibilitando a restauração da dignidade
para esse grupo etário. Cabe a cada idoso o
compromisso de lutar, pois se a sociedade
inventou a velhice, devem os idosos
reinventar a sociedade”.

Marcelo Salgado
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RESUMO

SACRAMENTO, Angela Maria. Autoeficácia do desempenho das funções cognitivas de


memória e atenção em idosos. 2014. 141páginas. Dissertação de Mestrado. Mestrado em
Gerontologia. Universidade Católica de Brasília. Brasília. 2014.

O mundo como um todo passou a olhar o processo de envelhecimento na perspectiva


possível de viver com prazer, com satisfação, com realização profissional e pessoal. O
estudo do envelhecimento cognitivo torna-se importante, considerando que o avanço da
idade é um fenômeno associado ao aumento da vulnerabilidade e da disfuncionalidade,
como também pode estar relacionado a autoeficácia do declínio da memória, queixa mais
comum entre os idosos. Outro ponto é em relação ao processo de envelhecimento das
habilidades da atenção, que também tem seu declínio em virtude do envelhecimento, mas
que não há uma queixa por parte dos idosos. O objetivo deste estudo foi pesquisar a
autoeficácia, desempenho cognitivo da atenção e memória, em idosos. Os objetivos
específicos foram verificar se a autoeficácia do desempenho cognitivo em idosos é similar
ao seu real desempenho; comparar a autoeficácia da capacidade cognitiva da atenção e
memória com o seu real desempenho, para verificar se com o avanço da idade elas se
alteram; verificar se as condições sociodemográficas interferem na autoeficácia e/ou no
real desempenho cognitivo. É uma pesquisa quantitativa, exploratória e transversal, a
amostra foi composta por 110 idosos com média igual a 70,25anos (60-93anos), sendo 90%
do sexo feminino com escolaridade igual a 69,1% com ensino fundamental incompleto. Os
instrumentos utilizados foram: questionário sociodemográfico, escala de autoeficácia geral
percebida, teste de percepção subjetiva da memória, questionário de Memória Prospectiva
e Retrospectiva, Teste deT rilhas A e B, Teste de Cancelamento, Teste Stroop, Lista de
Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, Teste de Reconhecimento de Figuras e Span Dígitos.
Mediante os resultados observa-se que o tipo de memória mais comprometida, com o
envelhecimento, é a memória de trabalho, bem como o envelhecimento normal pode ser
acompanhado por um declínio atencional, no qual os lapsos de atenção podem ser a causa
das queixas de falta de memória entre os idosos. Isto traduz uma diminuição, entre os
idosos, na capacidade de codificar e na habilidade para manipular as informações a serem
memorizadas, o que pode demonstrar que a habilidade da memória de trabalho pode
sofrer influência com o avanço da idade, mas sendo as habilidades atencionais as mais
vulneráveis neste processo. Na perspectiva da autoeficácia, os idosos apresentaram uma
percepção subjetiva de autoeficácia geral alta, em contrapartida uma percepção negativa
da autoeficácia da memória associada às queixas de falha de memória. Isto se justifica
porque a sociedade atual, ainda mantém o estigma que a pessoa idosa não tem a
capacidade de aprender, e mais ainda, que todo idoso tem problema de memória. Ou seja,
é importante desmistificar constructos sociais de que o envelhecimento é sinônimo
somente de um processo progressivo de declínio, e principalmente que a pessoa idosa
perde a sua capacidade de aprendizagem. Por fim, pensar em ações e políticas públicas no
sentido de transformar paradigmas acerca da pessoa idosa, no sentido de valorizar e,
porque não, potencializar as capacidades que o idoso apresenta ao longo da vida.

Palavras Chave: Envelhecimento. Autoeficácia.Cognição.


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ABSTRACT

The world as a whole started to look at the aging process in the possible prospect of living
with pleasure, with satisfaction, professional and personal fulfillment. The study of
cognitive aging becomes important, considering that increasing age is a phenomenon
associated with increased vulnerability and dysfunctionality, but may also be related to
self-efficacy of the decline of memory, the most common complaint among the elderly.
Another point is in relation to the aging of the skills of attention, which also has its decline
because of aging, but there is no complaint from older process. The aim of this study was
to investigate self-efficacy cognitive performance in attention and memory in the elderly.
Specific objectives were to determine whether self-efficacy in cognitive performance in the
elderly is similar to their actual performance, comparing self-efficacy in cognitive abilities
of attention and memory with their actual performance, to verify that with advancing age
they change; check sociodemographic conditions affect self-efficacy and/or actual
cognitive performance. It is a quantitative, exploratory and transversal research sample
consisted of 110 elderly individuals with a mean of 70.25 years (60-93years), with 90% of
females, equal to 69.1% with primary school education incomplete. The instruments used
were: sociodemographic questionnaire, scale of perceived general self-efficacy, perception
of subjective memory test, questionnaire for Prospective and Retrospective memory, trail
Making test A and B, Cancellation test, the Stroop Test, List of Auditory-Verbal Learning
Rey, test Recognition and Figures Digit Span. From the results, it is observed that the type
of memory most affected with aging, working memory, as well as normal aging may be
accompanied by an attentional decline, in which lapses of attention may be the cause of
shortness of memory among the elderly. This reflects a decline among the elderly, the
ability to encode and the ability to manipulate the information to be stored, which can
demonstrate that the ability of working memory can be influenced with advancing age, but
with the ability to attentional most vulnerable in this process. From the perspective of self-
efficacy, the seniors have a high-perceived general self-efficacy, an offsetting negative
perception of self-efficacy associated memory complaints of memory failure. This is
justified because the current society still holds the stigma that the elderly person does not
have the ability to learn, and even more, that every senior has memory problem. That is, it
is important to demystify social constructs that aging is synonymous only a gradual process
of decline and especially the elderly person loses their ability to learn. Finally, think about
actions and policies to transform paradigms concerning the elderly, in order to value and
why not lever age the capabilities that the elderly presents lifelong

Keywords: Aging. Self-efficacy. Cognition


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema dos mecanismos atencionais

Figura 2 Regiões corticais envolvidas nas habilidades atencionais

Figura 3 Modelo Aktinson e Schiffrin– 1968

Figura 4 Fluxograma da Memória de Trabalho

Figura 5 Esquema da Memória de Trabalho

Figura 6 Estruturas do neocórtex envolvidas na memória episódica

Figura 7 Áreas corticais memória semântica

Figura 8 Tipos de memória declarativa e não-declarativa

Figura 9 Modelo Baddeley da Memória

Figura 10 Memória Retrospectiva e Memória Prospectiva


8

LISTA DE TABELA

Tabela1 Dados demográficos de escolaridade e profissão

Tabela 2 Valores descritivos do Teste de Trilhas A e B

Tabela 3 Desempenho dos idosos no Teste de Trilhas A e B, conforme escolaridade

Tabela 4 Quartil Trilha A

Tabela 5 Quartil Trilha B

Tabela 6 Dados descritivos do Teste Atenção de Cancelamento

Tabela 7 Análise quartil Teste Cancelamento

Tabela 8 Desempenho dos homens e mulheres no Teste de Cancelamento

Tabela 9 Desempenho dos idosos na variável idade, no Teste Stroop

Tabela 10 Desempenho dos idosos no RAVLT

Tabela 11 Resultados do RAVLT, por faixa etária

Tabela 12 Resultados do Testes de Reconhecimento de Figuras

Tabela 13 Desempenho no Teste de Reconhecimento de Figuras por faixa etária

Tabela 14 Desempenho no teste de Reconhecimento de figuras

Tabela 15 Resultados Span Dígitos

Tabela 16 Resultados da percepção da autoeficácia geral em idosos


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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Desempenho no teste Trilha A


Gráfico 2 Curva de normalidade do desempenho dos idosos na trilha A
Gráfico 3 Desempenho Teste Trilha B
Gráfico 4 Curva de normalidade do desempenho da trilha B
Gráfico 5 Desempenho trilha A, segundo escolarização
Gráfico 6 Desempenho trilha B, segundo escolarização
Gráfico 7 Desempenho Teste Atenção Cancelamento
Gráfico 8 Desempenho dos idosos no Teste de Cancelamento, na curva de normalidade
Gráfico 9 Desempenho dos homens e mulheres no Teste de Cancelamento
Gráfico 10 Desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão 1
Gráfico 11 Curva de desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão 1
Gráfico 12 Desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão2
Gráfico 13 Desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão3
Gráfico 14 Efeito Stroop, por faixa etária
Gráfico 15 Desempenho dos idosos de 60– 69 anos, no RAVLT
Gráfico 16 Desempenho dos idosos de 70– 79 anos no RAVLT
Gráfico 17 Desempenho dos idosos acima de 80anos no RAVLT
Gráfico 18 Índice de aprendizagem, variável idade
Gráfico 19 Índice de aprendizagem e a variável escolaridade
Gráfico 20 Índice aprendizagem e escolarização
Gráfico 21 Desempenho memória de trabalho, memória a longo prazo e
reconhecimento
Gráfico 22 Desempenho RAVLT e Teste de Reconhecimento de Figuras
Gráfico 23 Desempenho Teste de Reconhecimento de Figuras
Gráfico 24 Distribuição dos quartis no teste de reconhecimento de figuras
Gráfico 25 Comparativo desempenho do teste de reconhecimento de figuras
Gráfico 26 Desempenho Span Dígitos e distribuição sexo
Gráfico 27 Percepção da autoeficácia geral em idosos e adolescentes
Gráfico 28 Distribuição desempenho EAEGP na curva de normalidade
Gráfico 29 Desempenho do teste de percepção subjetiva de memória
Gráfico 30 Comparação do desempenho do EAEGP e MAC-Q
Gráfico 31 Percepção da queixa da memória retrospectiva e prospectiva
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12
Aproximação do Tema e Motivação .......................................................................... 12
Justificativa .................................................................................................................. 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 15
2.1 ENVELHECIMENTO .......................................................................................... 15
2.2 COGNIÇÃO ........................................................................................................... 17
2.2.1 Atenção: perspectivas conceitual e avaliativa ............................................. 18
2.2.1.1 Histórico ............................................................................................ 18
2.2.1.2 Neurobiologia da atenção ................................................................ 20
2.2.1.3 Definição da Atenção e Mecanismos Atencionais.......................... 21
2.2.2.Memória ......................................................................................................... 26
2.2.2.1 Memória e Envelhecimento ............................................................ 37
2.3 AUTOEFICÁCIA E ENVELHECIMENTO ...................................................... 39
3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 43
3.1 Objetivo Geral ......................................................................................................43
3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 43
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 44
4.1. Tipo de Estudo ......................................................................................................44
4.2 Amostra.......................................................................................................... 44
4.2.1. Critérios de Inclusão ..................................................................................... 45
4.2.2. Critérios de Exclusão .................................................................................... 45
4.3 Considerações Éticas ............................................................................................. 45
4.4 Procedimentos ........................................................................................................ 45
4.5 Instrumentos .............................................................................................. 46
4.5.1 Questionário Sociodemográfico .....................................................................16
4.5.2 Teste das Trilhas A e B ................................................................................... 46
4.5.3 Teste Cancelamento ........................................................................................ 46
4.5.4 Teste STROOP ................................................................................................ 47
4.5.5 Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey ......................................... 48
4.5.6 Teste Reconhecimento de Figuras .................................................................48
11

4.5.7 Span Dígitos .....................................................................................................49


4.5.8 Escala Autoeficácia Geral Percebida ............................................................ 49
4.5.9 Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva .............................. 50
4.5.10 Teste de Percepção Subjetiva da Memória ................................................ 50
4.6 Análise Estatística .................................................................................................51
5 RESULTADOSE DISCUSSÃO .................................................................................. 52
6 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 100
APÊNDICE I .................................................................................................................... 108
APÊNDICE II .................................................................................................................. 110
ANEXO I .......................................................................................................................... 112
ANEXO II ......................................................................................................................... 116
ANEXO III ....................................................................................................................... 125
ANEXO IV........................................................................................................................ 128
ANEXO V ......................................................................................................................... 130
ANEXO VI........................................................................................................................ 133
ANEXO VII ...................................................................................................................... 134
ANEXO VIII .................................................................................................................... 135
ANEXO IX........................................................................................................................ 136
APÊNDICE III ................................................................................................................. 137
12

1 INTRODUÇÃO

Aproximação do Tema e Motivação:


Esta pesquisa nasceu de uma busca pessoal, motivada pela curiosidade, para conhecer
e compreender o processo do declínio das habilidades cognitivas que ocorre em idosos e o
mecanismo da autoeficácia. Essas inquietudes se iniciaram na minha formação em Terapia
Ocupacional, primeiro momento de contato com o universo da Gerontologia, bem como com
a neuroanatomia, neurociência e a compreensão do funcionamento do cérebro. Por meio da
experiência profissional, numa Instituição (hospital) de reabilitação, os questionamentos só
aumentaram, principalmente pelo fato de atuar com a população de idosos que apresentavam
sequelas de lesão cerebral.
Na minha prática profissional, pude entrar em contato com os conhecimentos do
campo da neurociência, o que aguçou ainda mais a minha curiosidade e interesse. O trabalho
na área de reabilitação com idosos, com seqüelas de lesão cerebral, deixou um legado que
carregarei para o restante da minha vida profissional, que foi o desabrochar e porque não dizer
o apaixonar-se pelo trabalho com idosos, aliado ao mundo da neurociência.
O trabalho de treze anos com esta população fez com que eu permeasse por estes dois
mundos tão complexos, diversificados e ao mesmo tempo singulares – o universo do
envelhecimento e o das habilidades cognitivas. Os estudos pelo campo da neurociência foi o
caminho inicial para começar a desvendar estes enigmas tão complexos que é o cérebro
humano, desde seu nascimento, passando pelo seu desenvolvimento e culminando do
inexorável processo de envelhecimento. A sede do conhecimento, associada às inúmeras
indagações, advindas da prática profissional, permeavam cada vez mais o meu cotidiano, as
minhas inquietudes me desafiavam para a busca de uma saber mais profundo e ao mesmo
tempo abrangente e multidimensional.
A busca pela melhor compreensão trouxe interrogações, reflexões e a certeza de que
precisava me aprofundar nesta área tão fascinante e complexa. Diante deste quadro, busquei
novos caminhos com o objetivo de encontrar respostas para estas minhas inquietudes. O
mestrado em Gerontologia é a etapa atual, na qual espero aprender novos conhecimentos e
descobertas para as minhas perguntas e dúvidas.
13

Justificativa
Ao longo das últimas décadas, o mundo como um todo passou olhar a etapa da velhice
e o processo de envelhecimento na perspectiva possível de viver com prazer, com satisfação,
com realização profissional e pessoal (MENDES, 2005), abrindo um espectro de
possibilidades por meio do potencial de cada pessoa e do contexto em que ela vive, deixando
de enfatizar, de forma nebulosa e negativa, essa etapa da vida.
Juntamente a essa nova dimensão, observa-se uma concepção mais entrelaçada as
potencialidades dos idosos, com ênfase na capacidade das habilidades cognitivas, bem como a
autoeficácia destes idosos frente ao seu desempenho na habilidade da memória. Assim,
tornam-se relevantes os estudos sobre aspectos cognitivos em idosos, de forma a avaliar os
fatores relacionados ao envelhecimento cognitivo e a ampliar o conhecimento sobre a
prevalência, a prevenção e a reabilitação das capacidades cognitiva da memória e da atenção,
na população mais velha.
O estudo do envelhecimento cognitivo torna-se cada vez mais importante,
considerando que o avanço da idade é um fenômeno associado ao aumento da vulnerabilidade
e da disfuncionalidade, como também pode estar relacionado a alterações da percepção da
autoeficácia do declínio da memória, queixa mais comum entre os idosos (ARGIMON;
STEIN, 2005).
Assim, muitos dos estudos surgem destas queixas da percepção subjetiva
(autoeficácia), mas um questionamento é se esta autoeficácia também não sofre ação do
processo de envelhecer? Outro ponto relevante é em relação ao envelhecimento das
habilidades cognitivas, como a atenção, que também tem seu declínio em virtude do
envelhecimento (NAHAS; XAVIER, 2006), mas que não há uma queixa efetiva, por parte dos
idosos.
Para o profissional da área da saúde e em especial da Gerontologia, o estudo das
mudanças das habilidades cognitivas ocorridas em decorrência ao processo de
envelhecimento, contribui para a compreensão do desenvolvimento humano, a fim de
distinguir o limiar das alterações normais das patológicas, deste processo. O conhecimento
destas características também pode permite o desenvolvimento de estratégias de prevenção,
estimulação, propiciando assim, cada vez mais um envelhecimento saudável.
A relevância deste estudo encontra-se associada às percepções dos idosos sobre o
próprio desempenho de suas habilidades cognitivas, uma vez que a maiorias das pesquisas
focam somente nas alterações de alguns subsistemas da memória. Em contrapartida há uma
14

escassez de estudos que direcionem os holofotes na cognição do idoso, englobando outras


funções além da memória.
A expectativa é provocar um olhar crítico acerca do processo de envelhecer, em
especial do envelhecimento cognitivo, que, como qualquer outra etapa da vida, é constituída
de perdas e ganhos. O propósito é ponderar se a autoeficácia dos idosos, de status
socioeconômicos distintos, corresponde ao real desempenho das suas habilidades cognitivas
da memória e da atenção. Outro ponto é refletir e discutir se a queixa das falhas de memória é
causada única e exclusivamente pelo declínio da memória, ou se há na verdade de um déficit
de atenção, ou mesmo interferências dos paradigmas socioculturais? São reflexões que iremos
discutir ao longo deste estudo.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENVELHECIMENTO

O aumento da longevidade não é um fenômeno restrito ao Brasil, mas sim um


movimento demográfico mundial. Dentre as inúmeras alterações, que contribuíram para este
fenômeno, no Brasil, temos os dados que se referem à queda na taxa da fecundidade, segundo
IBGE 2010 (de 5,8 filhos, por mulher em 1970 para 2,38 em 2001 e 1,38 em 2010), da
mortalidade infantil, da melhoria das condições de saneamento, dos avanços na medicina e da
tecnologia (RODRIGUES; RAUTH, 2006). Segundo dados do último censo (2010), a
expectativa de vida em 1960 era de 41 anos e em 2010 passou para 75 anos, ou seja, em
menos de 50 anos a expectativa de vida quase dobrou, isto no plano demográfico é um
crescimento muito grande num curto espaço de tempo (IBGE, 2010).
Considerando aspectos demográficos, envelhecer significa aumentar o número de anos
vividos, porém, compreender o conceito de envelhecimento, envolve outros aspectos. O
processo de envelhecimento é caracterizado como uma etapa natural da vida do homem em
que ocorrem mudanças físicas, psicológicas e sociais, que acometem, de forma particular,
cada indivíduo com sobrevida prolongada (MENDES, 2005; RODRIGUES; SOARES, 2006).
Ele ainda pode ser compreendido como um processo que vai sendo construído no transcorrer
da existência humana, sendo que o envelhecimento bem sucedido está diretamente
relacionado com o processo adaptativo dos idosos, na qual conseguem se adaptar às inúmeras
situações de ganhos e perdas com que se deparam (REIS et al., 2007).
As mudanças, em decorrência das alterações demográficas, também ocorrem no
campo científico Estas alterações impulsionaram os estudiosos e, consequentemente, a
evolução dos conceitos, principalmente no olhar sobre o processo de envelhecimento, na qual
passou a ser caracterizado por múltiplos aspectos, principalmente em decorrência das áreas
distintas que lançam um olhar sobre o processo de envelhecer (LEME, 1996). O conceito de
saúde se transformou e não é somente o controle ou ausência da doença, mas passou ser o
bem-estar físico, psíquico e social do idoso – com objetivo da melhoria da qualidade de vida
(SÁ, 1999). O olhar sobre um único objeto vem de áreas distintas, que fundamenta o conceito
da interdisciplinaridade da Ciência Gerontológica sobre a velhice e o idoso propriamente dito.
Este fenômeno proporciona um olhar, aos profissionais e a própria sociedade, através de um
prisma, na qual permite uma visão global, totalitária, multicolorida, mas ao mesmo tempo
única do objeto observado – o idoso (LEME, 1996; PAPALÉO NETTO 2007).
16

Assim, a atenção à pessoa idosa sofre uma transformação, na qual há a expansão da


assistência e dos estudos, a abordagem envolve, agora, o plano multidimensional, englobando
outros profissionais da saúde, além do médico. Este novo paradigma abrange o processo de
envelhecimento multifatorial, num espectro mais amplo, com envolvimento das várias áreas
do conhecimentos e profissionais – e a Gerontologia é a ciência que abrange este conceito tão
amplo e complexo (RODRIGUES; RAUTH, 2006). Neste modelo, a metodologia é focada no
processo das interrelações dos vários conhecimentos científicos dos profissionais e é
justamente esta compreensão da intersecção dos vários olhares, sobre o mesmo objeto
(envelhecimento), que constrói o eixo fundamental desta ciência pluralista e interprofissional
(PAPÉLEO NETTO, 2007).
Nesta perspectiva, a visão multidimensional do envelhecimento é fundamental, pois os
idosos são amplamente acometidos em sua saúde por doenças de caráter crônico e
progressivo, que envolvem comprometimentos dos sistemas vascular, articular e nervoso,
dentre outros (CORREIA, 2003). O processo do envelhecimento cerebral e cognitivo envolve
vários aspectos e particularidades, que resulta num quadro variado do envelhecimento e a
cognição do idoso (MOURA, 2006). Desta forma, existem alguns fatores como a genética,
nível educacional, capacidade de adaptação biológica, comorbidades e alterações
psicológicas, que podem interferir na forma do envelhecimento cerebral, na qual implicarão
nas diferenças individuais deste processo de envelhecer (MOURA, 2006).
Portanto, o envelhecimento passou a ser um processo multidimensional, subjetivo e
que sofre interferência direta conforme a história do indivíduo, da sua capacidade de lidar com
as situações adversas, da cultura, além das suas condições genéticas. A diversidade deste
processo faz com que o idoso tenha atenção do Estado, da família e da sociedade de forma
ampla e diversificada, sendo cada vez mais relevante a atuação de equipes interdisciplinares
mediante o cuidado global deste idoso, na promoção e melhoria da qualidade de vida.
Uma vez compreendido e elucidado a visão complexa e ao mesmo tempo singular
sobre o envelhecimento, e porque não dizer do idoso propriamente dito, se faz necessário a
transferência do olhar ampliado para as diversas áreas do processo de envelhecer. Por
exemplo, do envelhecimento das habilidades cognitivas, os inúmeros fatores que podem atuar,
de forma favorável ou não neste processo, os fatores genéticos, psicológicos, sociais, estigmas
socioculturais, que possuem interferência direta sobre estas habilidades. Ou seja, o olhar
multidimensional passa a atuar em todas as áreas do envelhecimento, principalmente nas
habilidades cognitivas, devido as suas características peculiares da alta complexidade,
17

interrelação entre as habilidades e os aspectos socioculturais que possuem influência direta


sobre seu desenvolvimento e envelhecimento.

2.2 COGNIÇÃO

O processo de envelhecimento fisiológico apresenta um declínio gradual das funções


cognitivas, sendo a diminuição da memória, a que mais se destaca na atenção da população em
geral, já que compromete pequenas tarefas relativas às atividades básicas de vida diária (BRITO,
2010). A manutenção da cognição é um componente importante da qualidade de vida e longevidade
na velhice, uma vez que o declínio cognitivo está associado a desconforto pessoal, perda de
autonomia e aumento dos custos sociais (FORTES, 2005; NERI, 2006).
Um dos grandes desafios dos estudiosos na atualidade se encontra na caracterização dos
limites entre o normal e o patológico, quando se trata da cognição no idoso, já que o envelhecimento
cerebral vem acompanhado de alterações que se superpõem aos quadros de demência, em especial a
Doença de Alzheimer (DAMASCENO,1999; BRITO, 2010). Por algum tempo, considerou-se a
condição cognitiva do idoso como conseqüência de um processo de declínio acumulativo. Porém,
após os anos de 1970, passou-se a assumir a condição cognitiva como um processo
multidimensional, multifatorial, com trajetórias individuais (BRITO, 2010; CORREA, 2010).
Segundo Christensen (2006), as alterações cognitivas nos idosos não são estáticas e
unitárias, sendo que algumas habilidades declinam mais rapidamente do que as outras, ressaltando
que existem habilidades que se mantêm estáveis (linguagem e julgamento) ao longo de toda a vida.
As alterações cognitivas sofrem relação direta de duas variáveis que são: qualidade e quantidade da
estimulação que o idoso foi disposto ao longo de sua vida
A cognição evolui desde o nascimento, atingindo o seu pico por volta dos 30 anos, e
continuam estáveis até por volta dos 50 e 60 anos. O declínio das habilidades cognitivas inicia-se em
torno dos 60 anos, sendo que a partir dos 70 anos, estas perdas têm seu processo acelerado
(CANCELA, 2007).
As funções cognitivas podem ser divididas em: atenção, memória, organização visuomotora,
linguagem, raciocínio, funções executivas, planejamento motor e soluções de problemas (LEZAK,
2004). Para a compreensão do complexo mecanismo destas habilidades, é importante o
conhecimento de cada uma delas separadamente, ou seja, compreender as partes para ter a dimensão
real do funcionamento do todo, da sua complexidade e interrelação. Em particular, este estudo
aprofundará a compreensão da função da memória e da atenção, visto a temática central do mesmo.
18

Uma das habilidades cognitivas que exerce destaque e funciona como alicerce para o
desenvolvimento e compreensão das outras capacidades cognitivas, é a atenção, por este fato a
habilidade atencional será a primeira a ser referenciada.

2.2.1 Atenção: perspectiva conceitual e avaliativa.

2.2.1.1 Histórico

De acordo com Nahas e Xavier (2004), o primeiro pesquisador a conceituar os


processos atencionais como resultado de atividades internas e como algo que é percebido, foi
W. James, em 1890. Por outro lado, Helmholtz, em 1894, definiu a atenção como uma força
interna que determina e direciona a percepção. Por volta da década de 1920, houve um
decréscimo no interesse pelos estudos, com o advento do behaviorismo. Somente no período
da II Guerra Mundial, houve a necessidade de se operarem torres de controle e redes de
comunicação mais eficientes, na qual a atenção passou a ser um fenômeno de interesse das
ciências, haja vista a limitação na capacidade humana para trabalhar com muitas informações
(STERNBERG, 2008). Assim, na década de 1950, os estudos sobre atenção visavam,
predominantemente, verificar o grau de capacidade de manipulação de informações do
sistema nervoso central. Ao verificar as limitações existentes, surgiram teorias dos processos
atencionais, sendo que, algumas delas serão descritas brevemente, para a compreensão da
atenção no envelhecimento (NAHAS; XAVIER, 2006).
Em 1958, Boadbent, descreveu umas das primeiras teorias dos processos atencionais,
denominada de Teoria do Filtro Atencional. De acordo com esse pressuposto teórico, as
informações do meio, entram paralelamente no sistema, pelos canais sensoriais e chegam ao
filtro de atenção, que tem a propriedade de selecionar os estímulos com base em
características específicas. Após esta seleção, as informações são transferidas para o sistema
seguinte, responsável pela transformação adicional da informação, incluindo sua
categorização e/ou reconhecimento. Desse modo, alguns estímulos atingem níveis mais
elevados de processamento, como a percepção, enquanto outros são descartados pela
filtragem, ainda no nível sensorial. A necessidade de um filtro é para compensar a capacidade
limitada da atenção (GWRYSSWSKI, L.G.; CARREIRO, 1998, STERNBERG, 2008).
Em contrapartida, em 1963, Deutsch e Deutsch, questiona a teoria proposta por e
Broadbent, e sugere que a seleção das informações ocorre num estágio mais avançado, após o
processamento de todos os estímulos sensoriais (NAHAS; XAVIER, 2004). Segundo este
19

pressuposto, o filtro bloqueador ocorre após a análise sensorial, na qual todas as mensagens
passam por alguma análise perceptual, e as informações não relevantes são descartadas, pelo
mecanismo de filtragem. Embora haja diferenças, tanto a Teoria do Filtro como a Teoria
Atencional da Seleção da Resposta, observa-se um ponto de congruências entres elas, que é a
existência de um sistema selecionador das informações. Sendo que a diferença entre elas, é
que na primeira, a seleção ocorre nos estágios iniciais (sensoriais), enquanto que, na segunda
teoria, o filtro das informações ocorre de forma tardia (NAHAS; XAVIER, 2006;
STERNBERG, 2008). Outro ponto divergente é que na teoria da seleção tardia, o sistema
atencional não teria uma capacidade limitada de armazenamento, considerando o potencial de
manipular todo e qualquer estímulo (LIMA, 2005).
Segundo Kinchia (1992), em 1964, surge um novo pressuposto, descrito por Treisman,
na qual relata a existência de um filtro atenuador, cujo modelo de processamento da
informação ocorre da mesma forma que na teoria de Broadbent. Contudo, este filtro não
bloquearia totalmente as mensagens não relevantes, mas as atenuaria permitindo sua entrada
no sistema em função de sua relevância. Esse processo de atenuação permitiria ao sistema
atencional reduzir a interferência de estímulos irrelevantes, sem prejuízo no processamento
dos estímulos relevantes (KINCHLA, 1992; NAHAS; XAVIER, 2004).
Neste pressuposto de Treisman, as informações são analisadas em três níveis, sendo ao
primeiro o da pré-atenção, na qual todos os estímulos são analisados simultaneamente. Os
que apresentam propriedades-alvo (relevantes) passa para o próximo nível de processamento,
enquanto que os demais passam para uma versão enfraquecida. Na segunda etapa, os
estímulos são novamente analisados de acordo com as categorias, e somente os relevantes
avançam o sinal adiante; os demais, da mesma forma ocorrida no primeiro nível, sofrem
atenuação. Na terceira e última etapa, ocorre uma concentração da atenção nos estímulos
selecionados, como se fosse uma potencialização do estimulo relevante, avaliando e dando
sentido a elas (KINCHLA, 1992; STERNBERG, 2008).
Na década de 1970, segundo Nahas e Xavier (2004), os estudos se direcionaram na
análise dos efeitos de estímulos não atendidos, denominados de distratores e que
influenciavam no desempenho da habilidade atencional. Continuava a discussão e reflexão
acerca dos limites da capacidade do sistema e ao esclarecimento sobre se a seleção ocorreria
nas etapas iniciais ou finais do processamento atencional. Uma das conclusões, apontou que
quando duas tarefas competem pelas mesmas funções, há uma interferência no seu
desempenho concomitante, levando à confirmação da ideia de que a capacidade de
processamento central é mesmo limitada.
20

2.2.1.2 Neurobiologia da atenção

A atenção não é um constructo unitário e sim um processo que engloba outras funções
cognitivas, para Miranda (2008), a atenção é produto de um sistema integrado de redes
neurais, que envolvem estruturas corticais e subcorticais.
Um dos pioneiros a teorizar sobre as bases biológicas dos mecanismos da atenção foi
Alexandre Luria, neuropsicólogo. Segundo esse autor, as estruturas envolvidas nesse processo
seriam a formação reticular, a parte superior do tronco encefálico, o giro do cíngulo, o
hipocampo e a região frontal. As duas primeiras estruturas seriam responsáveis pelo estado de
vigília e reação de alerta e as demais estariam relacionadas à seleção do estímulo (LURIA,
1981; NAHAS; XAVIER, 2006).
Para Mesulam (2000), há uma divisão da atenção em duas categorias principais, uma
com função de matriz e outra de canal. A primeira, associada ao Sistema Ativador Reticular
(SAR), na qual regula a capacidade de processamento da informação global, a eficiência de
detecção, o poder de focalização e a vigilância. Por sua vez, a função de canal regula a direção
e o alvo da atenção, isto é, a sua seletividade que está associada a sistemas neocorticais. Vale
ressaltar que esta divisão é meramente didática, visto que esses dois sistemas funcionam de
forma integrada.
Em contrapartida, Posner e Petersen (1990), relatam à existência de três sistemas
atencionais no cérebro: um sistema atencional anterior (localizado no lobo frontal) associado
com controle cognitivo e seleção da ação; um sistema atencional posterior (situado nos lobos
parietal posterior e occipital) relacionado com orientação e atenção perceptual; e um sistema
de ativação (subsidiado pelo sistema neuromodulador do tronco cerebral) associado à atenção
sustentada e vigilância.
Portanto, com base no que foi apresentado até o presente momento, os paradigmas
teóricos evidenciam a existência de três funções distintas relacionadas à atenção, sendo
sistema de atenção anterior, que é formado pelo córtex frontal, cingulado anterior e pelos
gânglios da base e relaciona-se com o recrutamento da atenção para detecção de estímulos e
controle das áreas cerebrais para o desempenho de tarefas cognitivas mais complexas (RAZ;
BUHLE, 2006). O sistema de atenção posterior, por sua vez, está envolvido no controle do
direcionamento para estímulos visuais e é constituído pelo córtex parietal posterior, os
colículos superiores e o núcleo pulvinar do tálamo (MIRANDA, 2008). Por fim, o sistema de
vigilância, que inclui os lobos parietal e frontal direitos, garante a manutenção do estado de
21

alerta, ou seja, da receptividade geral do sistema nervoso a eventos externos (NAHAS;


XAVIER, 2004; MIRANDA, 2008).
De acordo com Cançado e Horta (2006), no envelhecimento fisiológico do Sistema
Nervoso Central (SNC), observa-se redução de peso do encéfalo (10%), do fluxo sanguíneo
cerebral (15-20%), do volume ventricular e do número de neurônios. Aparecem degeneração
neurofibrilar com comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e colinérgica, assim
como surgimento de placas senis e lentificação da velocidade da condução nervosa. Para os
autores, as regiões mais sensíveis às alterações do envelhecimento localizam-se no lobo
frontal, alterações estas funcionalmente relacionadas à função executiva, a atenção e a
memória de trabalho.
Como pode ser observado, é essencial a compreensão do papel da neurobiologia nos
processos cognitivos, dentre eles, a atenção. Quando se enfoca esse aspecto do constructo,
além da parte estrutural e funcional dos sistemas atencionais, há de se pensar num organismo
em desenvolvimento e interrelação. Como as demais funções cognitivas, há etapas de
aquisições, baseadas no amadurecimento cerebral, assim como de declínio e perdas com o
processo de envelhecimento. As modificações durante o desenvolvimento não ocorrem de
forma homogênea entre as funções. Torna-se relevante, portanto, verificar quais as alterações
que podem ocorrer nos processos atencionais, principalmente no idoso, grupo este a que se
destina o presente estudo.

2.2.1.3 Definição da Atenção e Mecanismos Atencionais

A atenção é umas das principais habilidades cognitiva que é estudada por diferentes
áreas do conhecimento, tais como a Psicologia, a Neurociência Cognitiva, a Biologia, a
Fisiologia e a Gerontologia, sendo considerada um importante constructo para a compreensão
dos processos perceptivos e funções cognitivas em geral. A intersecção da atenção com as
outras áreas do conhecimento e fundamentalmente com as outras habilidades cognitivas
traduz a importância do estudo e compreensão desta capacidade, principalmente na população
idosa. Desde 1890, o caráter seletivo dos processos psíquicos é exposto de maneira bastante
objetiva por William James,
Milhões de itens (...) são apresentados aos meus sentidos e nunca entram
propriamente na minha consciência. Por quê? Porque não têm interesse para mim.
Minha experiência é aquilo que eu concordo em prestar atenção (...). Todos sabem o
que é a atenção. É a tomada de posse pela mente, de forma clara e vívida, de um
dentre o que parecem ser vários objetos possíveis simultâneos ou linha de
pensamento. A focalização e a concentração da consciência são suas essências. Esta
implica a abstenção de algumas coisas para poder lidar eficazmente com outras.
(KANDEL, 1997, p.323)
22

Nesta observação de Willliam James, feita há muitos anos, ele já postulou os três princípios
básicos e fundamentais no processo da compreensão da habilidade atencional. Envolve a
possibilidade de ter o controle voluntário da atenção, a particularidade do processo seletivo e da
focalização, traduzido por meio da incapacidade de atender a vários estímulos ao mesmo tempo e,
por fim, é o limite da capacidade do processamento atencional (NAHAS; XAVIER, 2006).
Segundo Luria (1981), toda atividade humana possui algum grau de direção e seletividade,
sendo a atenção exatamente o caráter direcional e seletivo dos processos mentais, na qual se
organizam. Em contrapartida Lezak (2004) refere-se à atenção como sendo os vários processos ou
capacidades relativas a como o organismo se torna receptivo e como ele inicia o processamento de
estimulações internas e externas.
Inúmeras são as tentativas de se construir um conceito único sobre a atenção, mas hoje ainda
não há um consenso sobre tal conceituação (NAHAS; XAVIER, 2006). Neste estudo, a atenção é
caracterizada como a capacidade do indivíduo em responder predominantemente aos estímulos que
lhe são significativos, em detrimento a outros. Nesse processo, o sistema nervoso é capaz de manter
um contato seletivo com as informações que chegam através dos órgãos sensoriais, dirigindo a
atenção para aqueles que são comportamentalmente relevantes, garantindo uma interação eficaz
com o meio (LIMA, 2005; NAHAS; XAVIER, 2006).
O mecanismo de funcionamento da atenção é outro ponto relevante e bastante complexo
para o entendimento de todo o processo da capacidade atencional (MIRANDA, 2008). Um dos
grandes desafios desta compreensão é devido à complexidade e interatividade dos mecanismos com
as outras habilidades cognitivas. Deste modo, inúmeros modelos e teorias surgiram na tentativa de
explicar o fluxo e os processos que ocorrem no funcionamento da atenção, mas a que tem maior
relevância é a Teoria do Filtro Atencional, definida por Broadbent (KANDEL, 1997;
GWRYSSEWSKI; CARREIRO, 1998; LIMA, 2005).
Segundo a Teoria do Filtro Atencional, como já mencionada, o indivíduo possui uma
capacidade limitada de atenção, o que caracteriza a particularidade de somente os estímulos
relevantes serem processados, já os irrelevantes são atenuados e posteriormente desprezados
(LIMA, 2005; NAHAS; XAVIER, 2006). A base fisiológica do funcionamento desta teoria é que o
sistema atencional atua como um filtro que deixa passar as informações relevantes e bloqueia os
estímulos não pertinentes, na qual a atenção seria o filtro para a seleção destes estímulos (KANDEL,
1997; MESULAM, 2000; NAHAS; XAVIER, 2006).
Nesta perspectiva, os mecanismos atencionais atuam de forma dinâmica, interligada e
coordenada com os outros sentidos sensoriais além das habilidades cognitivas como a memória de
23

trabalho, na seleção e organização ativa dos elementos importantes. (GÓMEZ-PÉREZ et al, 2003).
De forma esquemática a figura 1 sintetiza os estágios e fluxograma percorrido pelos estímulos, bem
como a localização a ação da teoria do filtro atencional.

Figura 1: Esquema dos mecanismos atencional

VIGÍLIA SONO

INATENÇÃO ALERTA

IGNORA ATENDE
Estimulos Irrelevantes Estímulos Relevantes

Seleção Estímulos
Teoria do Filtro

Seletiva/Sustentada Dividida
Processamento Processamento
Controlado Automático

Interna – cognição Externa – percepção


seletiva seletiva

Fonte: LIMA (2005, p. 115).

Segundo Lent (2002), a atenção engloba dois componentes que são: o alerta e a atenção
propriamente dita, sendo o primeiro referente ao momento da sensibilização dos órgãos sensoriais e
o estabelecimento e manutenção do tônus cortical, ou seja, é o momento que ocorre a preparação
para a recepção dos estímulos. No momento da atenção ocorre o estado de alerta sobre os
mecanismos e processos mentais e neurobiológicos.
Após a sensibilização dos órgãos sensoriais, o estado de alerta é ativado, neste circuito,
as informações provindas dos receptores sensoriais passam pela formação reticular e
ascendem até a região cortical, via tálamo (BEAR et al,2002; LENT, 2005).
24

Uma vez o estado de alerta ativado, os estímulos podem percorrer dois caminhos, no
caso das informações relevantes, elas são codificadas e segue para o próximo estágio. Em
contrapartida os estímulos irrelevantes são ignorados e desprezados, mecanismo descrito pela
teoria do filtro, já mencionada (LIMA, 2005; NAHAS; XAVIER, 2006). O controle executivo
da atenção, nesta etapa, está intimamente correlacionado com o giro do cíngulo anterior e
outras áreas do lobo frontal e pré-frontal, além das conexões com informações advindas do
lobo parietal e gânglios da base, elucidada na figura 2 (BEAR et al, 2002; NAHAS; XAVIER,
2006).
Figura 2: Regiões corticais envolvidas na habilidade atencional.

Fonte: NAHAS e XAVIER (2006, p.62).


Segundo Luria (1981) a primeira função do lobo frontal é regular o estado de atividade
referente ao tono cortical, ou seja, para que qualquer processo mental ocorra é necessário
certo nível de ativação cortical e este é modificado conforme a tarefa desempenhada.
Posteriormente o lobo frontal, em conjunto com o pré-frontal, também participa na regulação
dos processos de ativação da atenção voluntária (LENT, 2002; NAHAS; XAVIER, 2006).
Seguindo o fluxograma atencional, quando o estímulo é relevante, conforme a
atividade desempenhada será evocada um tipo de mecanismo atencional. Considerando que a
atenção não é um constructo unitário, mas sim multifatorial, ela pode ser classificadas quanto
a natureza e quanto a operacionalização (DELGALARRONDO, 2000). Em relação à
natureza, é subdividida em:
25

 Atenção Voluntária: compreende a atenção ativa, na qual estão diretamente


atreladas as motivações, interesses e expectativas;
 Atenção Involuntária: correlacionada mais as características dos estímulos, o
processamento é automático e não requer controle consciente. Está intimamente
ligada a reação de orientação, com movimento de cabeça e olhos. Por exemplo,
quando uma pessoa passa na rua com o cabelo todo Pink, a reação é
automaticamente olhar em direção ao estímulo (cabelo Pink), na qual envolve a
atenção involuntária.
Já em relação à operacionalização, a atenção é classificada em:
 Atenção Seletiva: capacidade de direcionar a atenção para um determinado
estímulo e simultaneamente ignorar outros (DELGALARRONDO, 2000; NAHAS;
XAVIER, 2006). Um dos conceitos atrelados à atenção seletiva é, portanto, o de
distração, isto é, uma tarefa pode ser interrompida por uma série de estímulos
irrelevantes ao seu desempenho levando ao desvio da atenção. Um bom exemplo
de atenção seletiva é conseguir se concentrar na voz do seu amigo numa sala lotada
e barulhenta.
 Atenção Sustentada: capacidade de manutenção do foco atencional em
determinado estímulo ou seqüência de informações, por um determinado período
de tempo (DELGALARRONDO, 2000; NAHAS; XAVIER, 2006).
 Atenção Dividida: capacidade de realizar mais de uma tarefa simultaneamente, ou
seja, de atender concomitantemente a suas ou mais fontes de estimulação. Neste
tipo de atenção pode envolver tanto aspectos espaciais quanto temporais, por
exemplo, dirigir e conversar ao mesmo tempo. Neste tipo de atenção normalmente
envolve uma tarefa que tem um controle automatizado e outra que necessita de um
processamento cognitivo mais elaborado, ou seja, para fazer duas atividades ao
mesmo tempo pelo menos uma delas deve estar automatizada
(DELGALARRONDO, 2000; SARTER et al, 2001; NAHAS, XAVIER, 2006).
 Atenção Alternada: capacidade de alternar o foco atencional, ou seja, desengajar
o foco de um estímulo e engajar em outro (SARTER et al, 2001; NAHAS;
XAVIER, 2006). Por exemplo, estudar e assistir televisão no mesmo momento, na
qual o indivíduo vai alternando o foco atencional, cada momento em uma tarefa.
No envelhecimento, a atenção é uma habilidade cognitiva ainda pouco estudada, visto
que a maioria dos estudos focam seus interesses na habilidade cognitiva da memória. É
26

importante ressaltar que memória e atenção são dois constructos cognitivos intimamente
correlacionados. Muitas das queixas de memória nos idosos se devem a falha no momento de
gravar a informação (codificação), que muitas vezes está correlacionado com problema na
seletividade do estímulo e na atenção dividida (OLCHIK, 2008). Ou seja, com o
envelhecimento há um declínio importante no momento da seleção dos estímulos relevantes
dos irrelevantes, o que dificulta o tratamento da informação para a melhor memorização, bem
como o desempenho em atividade que requeira participar de duas tarefas ao mesmo tempo
(SARTER et al, 2001; OLCHIK, 2008).
De acordo com Gómez-Perez et al (2003), os efeitos da idade sobre a atenção variam
de acordo com a situação ou com a complexidade das atividades, ou seja, os idosos podem
participar de uma reunião social, seguir uma conversa negligenciando os ruídos de fundo
(atenção seletiva), mas podem apresentar dificuldade em seguir várias conversas ao mesmo
tempo (atenção dividida).
Para Capovilla (2007a), com a idade, as habilidades atencionais sofrem modificações
que se manifestam por diminuição na capacidade de detectar pistas externas, que poderia ser
interpretado como um declínio progressivo no grau de vigilância, manifestado por
desempenho mais baixo em tarefas que requeiram manutenção da atenção
Do ponto de vista da cognição fica evidente a importância do estudo e compreensão
dos mecanismos da atenção, visto que representam a base para a maioria das habilidades
cognitivas e que podem sofrer alterações em decorrência do processo do envelhecimento,
principalmente com a habilidade da memória.

2.2.2 Memória

A memória é uma das habilidades cognitivas humana capaz de realizar uma variedade
de operações que possuem suas singularidades e ao mesmo tempo intersecções
(IZQUUIERDO, 2011). De um modo geral, a memória permite a identificação e, ao mesmo
tempo, o resgate de lembranças, sons, sinais, cheiros, gostos, conhecimentos e sensações, o
que permite que o homem desenvolva suas atividades no presente, resgatando informações do
seu passado e garantindo o alicerce para o futuro.
O tema memória tem instigado a curiosidade de muitos estudiosos ao longo dos anos,
principalmente no que diz respeito à compreensão da complexidade desta habilidade, sua
evolução, processamento e, principalmente, seu comportamento ao longo dos anos e no
processo do envelhecimento.
27

A neuropsicóloga Lesak (2004), em suas pesquisas e observações, coloca que a


memória é uma habilidade que reúne a capacidade de registro, armazenamento e evocação de
informações. Por muitos anos, se pensava que a memória fosse um constructo unitário, hoje se
sabe que a memória é uma habilidade de alta complexidade que abrange múltiplos sistemas
que se interrelacionam entre si (TAUSSIK; WAGNER, 2006; OLCHIK, 2008). A memória é
formada por uma série de subsistemas diferentes que tem em comum a capacidade de
armazenar informações e de retê-las por um determinado tempo, desde milésimos de segundos
até a vida inteira (BADDELEY, 1999)
A partir de 1950, os estudos voltaram-se no sentido de compor um modelo explicativo
para a memória, mas somente na década de 1960 se tem o primeiro modelo explicativo da
memória, que foi proposto por Nancy Donald Norman (LASCA, 2003). Para Lasca (2003) e
Olchik (2008), este modelo se distingue duas estruturas básicas: Memória Primária (estrutura
que contém informações temporárias) e Memória Secundária (estrutura que contém as
informações por um longo período).
Os estudos no campo da neurociência cognitiva da memória se aprofundaram e, em
1968, surgiu o modelo de memória em níveis de armazenamento, proposto por Atkinson e
Schiffrin – Modelo da Memória Dupla, (LASCA, 2003; CORREA, 2010). Neste modelo, a
memória é organizada num sistema de armazenamento de informações, que compreende três
estágios em série de processamentos distintos, conforme demonstra a figura 3, a memória
sensorial, a memória a curto prazo e a memória a longo prazo.

Figura 3 - Modelo Aktinson e Schiffrin -1968.

Estímulos visuais, Repetição/treino


auditivos, táteis, etc

Trasnferência
Arquivamento
Codificação pela
atenção e treino
MEMÓRIA MEMÓRIA MEMÓRIA
SENSORIAL CURTO PRAZO LONGO PRAZO
mseg - seg 15 s a 1minuto Recuperação anos

Deslocamento
Esquecimento Esquecimento
Esquecimento

Fonte: CORRÊA (2010, p.212)


28

Segundo este esquema, as informações entram através da memória sensorial, que é


responsável pelo processamento inicial das informações, captada pelos sentidos da visão,
audição, olfato, propriocepção tátil, e posteriormente ocorre a codificação (LASCA,2003;
OLCHIK, 2008; CORREA, 2010).
É um tipo de memória extremamente curta, de rápido decaimento seguido para o
esquecimento, na qual as informações são baseadas na sensação e na percepção, sem
representação semântica, sendo a duração de milésimos de segundo até segundos
(CORREA,2010). A transferência do estímulo da memória sensorial para a de curto prazo,
somente ocorre mediante a habilidade atencional e a repetição da informação (BADDELEY,
1999; OLCHIK 2008; CORREA,2010).
O psicólogo George Sperling, em 1960, descreveu pela primeira vez a capacidade de
memorizar imagens apresentadas rapidamente, que denominou de Memória Icônica.
Posteriormente, este limite de memorização foi dado o nome de span de memória, sendo a
média da capacidade de recordar de quatro respostas (CORRÊA, 2010; IZQUIERDO, 2011)
Uma vez a informação transferida para a memória de curto prazo (MCP), esta
permanece somente o tempo suficiente para a execução da tarefa específica. Esta memória
também é conhecida como memória primária (imediata), definida como a capacidade de
guardar na memória uma informação, durante um espaço de tempo curto de segundos a
minutos (OLCHIK,2008; CORRÊA, 2010).
Caso as informações sejam relevantes e por meio da repetição e da atenção, seu
armazenamento é transferido para a memória a longo prazo, que pode permanecer por anos –
caso não haja a repetição da informação ela cai para o esquecimento. Nesta etapa a
informação é modulada pela emoção, consciência e motivação (ABREU, 2000; IZQUIERDO,
2011).
A capacidade do span da memória primária é de cinco a nove respostas, sendo sete
unidades para dígitos, seis para letras e cinco para palavras (CORREA, 2010). Quando há a
necessidade de memorização de mais de sete elementos, esta retenção é feita por ligações,
associações entre si e caso isto não ocorra, acontecer o fenômeno conhecido como
esquecimento por deslocamento, onde o oitavo ou nono elemento apaga o primeiro, como
num efeito cascata (ABREU, 2000; CORREA, 2010; IZQUIERDO, 2011). Outra
característica da MCP, é que na memorização de uma lista de palavras, a lembrança ocorre
principalmente das três primeiras palavras – primazia - e, sobretudo das últimas – recência
(SQUIRE, KANDEL, 2002).
29

Os psicólogos cognitivos Baddeley e Hitch, em 1974, acrescentaram nova estrutura ao


modelo de memória de armazenamento por níveis – a Memória de Trabalho (operacional)
(PARENTE et al, 2006). É definida como parte da memória a curto prazo, na qual
compreende estruturas e processos utilizados para armazenar temporariamente e manipular as
informações, suficiente para a execução de uma determinada tarefa (PARENTE et al, 2006;
ISQUIERDO, 2011). Uma característica especial deste tipo de memória é que ela tem a
capacidade de interação entre a memória a curto prazo e a informações mais recentes da
memória a longo prazo. Além desta característica, também tem a capacidade de resgatar e
armazenar estas informações, juntamente com a de curto prazo, na qual as informações podem
ser reformatadas e reintegradas (SQUIRE; KANDEL, 2002; LASCA, 2003; OLCHIK, 2008).
Um exemplo deste tipo de memória é guardar um número de telefone antes de ser discado ou
lembrar produtos a serem comprados no supermercado (OLCHIK, 2008; IZQUIERDO, 2011).
O processamento da memória de trabalho, na dimensão cortical, ocorre no córtex pré-
frontal, com participação do córtex entorrinal, parietal superior, singulado anterior e
hipocampo. As figuras 4 e 5 demonstram este fluxograma da informação no córtex cerebral,
no processo da memória de trabalho (BEAR et al, 2002; OLCHIK, 2008).

Figura 4: Fluxograma da Memória de Trabalho

Fonte: BEAR et al (2002, p. 207) – adaptada pela autora.


30

Figura 5: Esquema da Memória de Trabalho

Região posterior Córtex Pré-Frontal


Lobo Parietal
Estímulos Lobo
visuais Occipital Porção Porção Dorso-
Dorsal Lateral

Estímulos Lobo Porção


auditivos Temporal Ventral
Memória a Longo Prazo
Hipocampo

Fonte: esquema elaborado pela autora

A Memória de Trabalho foi definida como um conceito hipotético, que envolve o


arquivamento temporário da informação, sendo um dispositivo que compreende
multicomponentes, responsáveis por armazenar, manter e manipular a informação enquanto o
sujeito está engajado em outras atividades ou tarefas cognitivas (ABREU, 2000; SQUIRE;
KANDEL, 2002; OLCHIK, 2008). Exemplos da memória de trabalho é o armazenamento e
manipulação de informações práticas, como fazer cálculos matemáticos ou lembrar produtos à
serem adquiridos durante uma compra no supermercado.
Os estudos da memória de trabalho são muito recentes, mas sabe-se que este tipo de
memória tem um funcionamento próprio e interrelação com outras funções cognitivas
(IZQUIERDO, 2011). Este subsistema de memória possui três componentes: o executivo
central, que regula o fluxo de informação, a alça visuoespacial, que funciona como um
sistema de apoio para o processamento e arquivamento de informação, e a alça fonológica, um
sistema de apoio exclusivo para o arquivamento temporário verbal (ABREU, 2000; LASCA,
2003). O componente da memória que teoricamente regularia o fluxo de informação na
memória de trabalho e está altamente ligado ao estudo do envelhecimento, que é o Executivo
Central (ABREU, 2000).
O Executivo Central possui capacidade limitada e tem a função de proporcionar a
conexão entre os sistemas de apoio e a memória de longa duração (ANDREW; PRICE, 2009).
Além disto, também atua na evocação da informação de outros sistemas de memória,
incluindo os da memória de longa duração, sendo ainda o responsável pela seleção de
estratégias e planos (ABREU, 2000; OLCHIK, 2008). O executivo central teria ainda a papel
de supervisionar informações à serem codificadas, armazenadas e evocadas,
31

concomitantemente ao seu ingresso no sistema. Uma vez que sua capacidade é limitada, a
eficiência no seu funcionamento é comprometida pelo aumento da demanda, por exemplo,
quando do desempenho de tarefas duplas (ABREU, 2000; IZQUIERDO, 2011). Embora o
modelo de memória de trabalho não seja o único a apresentar uma explicação satisfatória para
as alterações de memória no envelhecimento normal e patológico, é um constructo que tem
fornecido, investigações na natureza do envelhecimento cognitivo (DAMASCENO, 199;
LASCA, 2003).
A memória a curto prazo ocorre num modelo paralelo, com sistema próprio e
independente da memória a longo prazo, mas nem sempre este conceito foi estabelecido desta
forma, na qual acreditava-se que a memória a curto prazo era uma pré-fase da consolidação da
memória a longo prazo (IZQUIERDO, 2011).
Segundo Squire e Kendel (2002) a memória de longo prazo pode ser dividida em dois
tipos: memória declarativa e memória não-declarativa. A memória declarativa (explícita)
refere-se a lembrança consciente de experiências prévias, na qual as informações são evocadas
por meio de imagens ou proposições. As estruturas cerebrais envolvidas no comando destas
habilidades são as amigdalas, substância negra, lócus ceruleus, núcleos da rafe e núcleo basal
de Meynert, demonstrada na figura 6 (BEAR et al, 2002; ISQUIERDO, 2002).

Figura 6: Estruturas do neocórtex envolvidas na memória episódica

Fonte: ANDREW e PRICE ( 2009, p. 694)


32

Endel Tulving, em meados de 1970, aumentou o grau de complexidade do modelo de


memória, com o conceito de Memória Semântica e Memória Episódica (LASCA, 2002;
OLCHIK,2008;), que são subsistemas da memória declarativa, que compreende:
1. Memória Episódica: relaciona-se a lembranças associadas ao tempo e lugar –
recordação do dia do casamento ou alguma data e fato histórico, relativa a
episódios específicos, temporal e espacialmente localizados. Se refere a uma
memória autobiográfica, é específica para eventos que não podem ser repetidos,
ao armazenamento de informações pessoais que permite ao indivíduo se lembrar
de eventos dos quais participou no passado (CORREA, 2010; OLCHIK, 2008);
2. Memória Semântica: é a memória para fatos, relativa ao conhecimento semântico
sobre informações gerais, do conhecimento impessoal de fatos relevantes. Ou seja,
refere-se a memória utilizada para memorização do conhecimentos do mundo, não
é preciso lembrar nenhum evento passado, mas sim realizar associações. Por
exemplo, lembrar dia da semana, quais os medicamento indicados para
determinada doença, o significado das palavras, conceitos e símbolos. (SQUIRE;
KANDEL, 2002). A figura 7 elucida as áreas envolvidas na memória semântica, na
qual se observa um predomínio da regial do córtex temporal.
Figura 7 : Áreas corticais da memória semântica

Fonte: ANDREW e PRICE (2009, p. 695)


33

A memória não-declarativa (implícita) é aquela na qual o conhecimento é manifestado


por meio do desempenho inconsciente, ou seja relaciona-se às habilidades sensório-motoras
(OLCHIK, 2008). Esta memória, geralmente, é adquirida após a experiência prévia/repetição
para a aprendizagem ou condicionamento (PARENTE et al, 2006), por exemplo, andar de
bicicleta. As estruturas corticais envolvidas no comando e controle destas habilidades é o
núcleo caudado e cerebelo (BEAR et al, 2002; OLCHIK, 2008). A figura 8 esquematiza de
forma clara os tipos de memórias e as suas principais funções e correlações.
Figura 8 : Tipos de memória declarativa e não declrativa

Fonte: BEAR et al ( 2002, p. 741).


Por sua vez, o funcionamento da memória a longo prazo não é organizado por um
único componente, como já foi mencionado, mas sim por elementos variados, mediados por
diferentes sistemas cerebrais (CORREA, 2010). Neste processo organizacional da memória
longo prazo, Jean-Louis Signoret elaborou o modelo do funcionamento desta memória, que
envolve três etapas, que são:
 Memorização: engloba o conjunto de processos envolvidos na formação dos
traços mnêmicos, sendo que para a formação destes engramas há a identificação,
tratamento, classificação e armazenamento da informação. Este processo é
complexo, envolvem várias estruturas cerebrais, de forma bem simplificada o
fluxo desta aprendizagem envolve:
o Codificação: é a primeira etapa da memorização, o objetivo é dar sentido a
informação. A informação, inicialmente é analisada em todos os aspectos
(sensorial, musical, afetivo, racional), com objetivo de construir o conceito
da informação. Nesta fase a percepção da informação é percebida de forma
34

superficial, mas permite o agrupamento das informações (PARENTE et al,


2006; ISQUIERDO, 2011).
o Operações de Associações: envolve o processo de associação de idéias e
imagens entre todas as informações, antigas e novas (LASCA, 2003;
PARENTE et al, 2006).
o Operações de Estruturação e Organização: envolve a organização por
semelhança/diferença ou em categorias. Esta etapa depende de processos
mentais individuais correlacionados a inteligência.
o Operações de Indexação/integração: é o processo que corresponde ao
endereçamento da lembrança, onde os acontecimentos do passado são
classificados numa ordem cronológica. Quanto mais características e
tratamento da informação houver, maior a chance da lembrança ser
recuperada na hora desejada (PARENTE et al, 2006; ISQUIERDO, 2011).
 Manutenção:
o Processos de consolidação/conservação:conjunto de processos que
conservam o traço mnêmico. Inicialmente estes traços são frágeis e ao
poucos se tornam mais estáveis, o sono REM tem papel fundamental neste
processo de consolidação (PARENTE et al, 2006; ISQUIERDO, 2011).
o Processos de Reconstrução: nesta etapa ocorre a constante comparação de
traço mnêmico novo com antigo (memória recente e anterógrada), onde há
a comparação, reorganização e reindexação das lembranças – é um trabalho
constantemente dinâmico (PARENTE et al, 2006; CORREA, 2010;
ISQUIERDO, 2011).
 Rememorização/Recuperação: é o processo na qual as lembranças são
procuradas ativamente, num movimento consciente ou inconsciente. Este
mecanismo pode ocorrer por (CORREA, 2010):
o Reconhecimento: reconhece uma informação presente como anteriormente
já memorizada – a procura é através de índices, por isto a importância das
informações serem codificadas, organizadas e terem maiores informações
no momento do armazenamento.
o Evocação: o contexto é importante na evocação da lembrança, este
contexto envolve local, ambiente, estado emocional, humor, motivação,
etc.
35

No processo da memorização, o ponto central não é o momento do armazenamento,


mas sim o da análise e codificação da informação, ou seja, quanto maior o momento da
codificação maior será a capacidade de memorização e a duração do material armazenado
(PARENTE et al, 2006; IZQUIERDO, 2011). Esta etapa é diretamente proporcional a
qualidade e capacidade atencional, pois é por meio da atenção que o indivíduo conseguirá
observar, selecionar, categorizar e codificar o maior número de informações sobre o estímulo
a ser memorizado (LASCA, 2002; PARENTE et al, 2006).
Em 1986, Baddely elaborou um estudo, no qual complementou o modelo de Aktinson
e Schiffrin, acrescentando mais detalhes aos três estágios, detalhando a sequência do
processamento da memorização, da aprendizagem e do esquecimento de forma bastante
simplificada, permitindo que o conhecimento complexo da memória fosse acessível a todos
(CORREA, 2010), como demonstra a figura 9.
Figura 9: Modelo Baddeley da memória.

Estímulo Ambiental

Registros sensoriais,
visuais , auditivos

Estocagem de curto prazo

Temporário

Memória de Trabalho

Processos de controle

Exposição
Codificação Produção de respostas
Decisão

Estratégias de recuperação

Estocagem de longo prazo

Estoque permanente de memória

Fonte: CORRÊA (2010, p.212)


36

Por fim, na capacidade da memória, ainda tem outros elementos como a memória
prospectiva, que é caracterizada pelo uso em ações nas atividades instrumentais de vida diária,
principalmente nas ações futuras (BENITES; GOMES, 2007; IZQUIERDO, 2011), por
exemplo: pagar contas, tomar medicações, compromissos médicos, dentre outros, como
mostra a figura 10. Um ponto de diferenciação deste tipo de memória refere-se ao fato que é
uma ação de autoiniciação, na qual depende da iniciativa do próprio individuo para
desencadear o funcionamento, ou seja, é lembrar de lembrar (PARENTE et al, 2006). É
justamente neste aspecto que o processo de envelhecimento tem maior ação, no declínio do
desempenho, sendo uma das maiores queixas entre os idosos (ABREU, 2000).

Figura 10 : Memória Retrospectiva e Memória Prospectiva

Fonte: autor desconhecido:


Disponível em http://www.enscer.com.br/material/artigos/eina/disturbios/tempo.php

Enfim, a memória prospectiva é a memória utilizada para as intenções futuras e está


presente em várias situações do planejamento cotidiano. Por sua vez a memória retrospectiva
está correlacionada ao armazenamento e recuperação de eventos passados (HENRY et al,
2004).
As intenções, ou seja, as açoes que são codificadas para serem recuperadas no futuro,
formam o conteúdo da memória prospectiva. Já os eventos são os que caracterizam os
constructos das memória restrospectiva e são acontecimentos que foram observados num
determinado tempo e espeço no passado (HENRY et al, 2004; BENITES;GOMES; 2007).
Na memória prospectiva, as intenções reallizadas são as mais frequentes baseadas em
pistas externas e internas (SMITH et al, 2000), as pistas externas são aquelas econtradas no
37

ambiente, explicita ou apontada por alguém. As tarefas com pistas interna são iniciadas pela
própria pessoa, e por dependenrem de um impulso interno, são menos controláveis. Este tipo
de tarefa requer mais processamento na recuperação da intenção do que as tarefas baseadas
nas pistas externas (BENITES et al, 2006).
Segundo Mc Daniele e Einstein (2000), há evidências de que a memória prospectiva
requer um componente de autoiniciação da lembrança, ausente na memória retrospectiva, e
esse componente é mais suscetível ao envelhecimento.
Nos mesmos modelos do processo da memorização, a memória prospectiva também
possui quatro etapas para o armazenamento da informação, sendo a primeira correspondente a
codificação de uma intenção que deverá ser realizada. A segunda etapa abrange o intervalo
entre a codificação e a lembranças da intenção; que pode ser longo ou curto, dependente do
período que a lembrança deve ser resgatada. A terceira fase refere-se a iniciação e execução
da interação e a quarta relaciona-se ao cancelamento da ação, já realizada (MC DANIEL;
EINSTEINS, 2000; PARENTE et al, 2006). Falhas no cancelamento da intenção são
percebidos quando alguém volta para fazer alguma atividade, mas percebe que já realizou; por
exemplo, uma pessoa volta para apagar a luz e já havia apagado (PARENTE et al, 2006).
Segundo Benites et al (2006), nas tarefas da memória prospectiva ocorre o
recrumentamento de habilidades conscientes, em especial da atenção na preparação da
memória prospectiva. Ou seja, os processos de resgate da pista envolvem habilidades
atencionais e são necessários para o sucesso no desempenho da memória prospectiva.

2.2.2.1 Memória e Envelhecimento

O envelhecimento saudável acarreta um declínio da capacidade cognitiva e em


especial na habilidade da memória. Este declínio pode ser em decorrência de fatores
genéticos, biológicos, educacionais, sociais, estilo de vida, que varia de pessoa para pessoa
(CALERO, 2004; LIMA, 2007).
Independentemente do componente biofisiológico do declínio das habilidades
cognitivas, é importante salientar o estereótipo social que circunda o cotidiano do idoso,
dentre eles, o principal é que todo idoso tem déficit de memória, que o velho não é capaz de
aprender, dentre outros. Estes constructos psicossociais acabam interferindo na habilidade
mnemônica por declínio da atenção, da perda da autoestima, da autoconfiança e motivação
(CALERO, 2004; PARENTE, 2006). Portanto, a capacidade de autoavaliação da memória,
38

denominada de metamemória, é diretamente influenciada de forma negativa por estes


paradigmas e estigmas relacionados ao envelhecimento (BENITES et al, 2006).
Segundo Olchik (2008), os idosos apresentam dificuldade no processo de codificação,
no momento de gravar a informação, bem como no resgate do material memorizado. Este
déficit ocorre muito mais em virtude do declínio da capacidade da atenção seletiva e
alternada, na qual há uma falha no mecanismo de inibição das informações supérfluas, no
momento da codificação o que acarreta num grande número de informações que dificultam o
tratamento da informação para a melhor memorização (PARENTE, 2006). Em relação ao
resgate, a principal dificuldade ocorre quando a evocação é livre, sem uso de pistas
(TAUSSIK; WAGNER, 2006).
Na memória a curto prazo, as maiores dificuldades relacionam-se a memória de
trabalho, principalmente na redução dos recursos de processamento e nas falhas dos
mecanismo de inibição de informações supérfluas (PARENTE et al, 2006; ISQUIEDO,2011).
Ou seja, há um prejuízo na seleção da informação relevante e no descarte Do est[imulo
desnecessário. Em decorrência a este desequilíbrio, o processamento das informações ocorre
de forma mais lenta, pois os estímulos distratores acabam por competirem com as
informações necessárias (VIEIRA; KOENING, 2002; CORREA, 2010).
Outro declínio da memória de trabalho é a redução no processo de armazenamento, o
que interfere na capacidade de retenção de novas informações (YASSUDA, 2002). Portanto, a
seleção de estímulos deficitários, associada a diminuição da capacidade de armazenamento
das informações, são as principais alterações do declínio da memória em decorrência ao
envelhecimento.
A memória semântica é a mais estável no processo de envelhecimento, pois está
atrelada a informações lingüísticas e a experiência educacional (YASSUDA, 2002). Um
grande número de queixas, por parte dos idosos, refere-se a dificuldade de lembrar eventos ou
fatos que ocorreram recentemente, que refere-se a memória episódica. As queixas relacionam-
se principalmente na falha da codificação, no processo de armazenamento da informação e na
recuperação, sem pistas (PARENTE et al, 2006).
O declínio da memória prospectiva, relacionado a idade, ocasiona lapsos momentâneos
da intenção, que por consequência pode gerar uma flutuação no desempenho da memória
prospectiva. Estes lapsos podem ser causados, nos idosos, pelo reduzido poder de inibição da
tarefa em andamento e da acessibilidade as estratégias de pistas (SMITH et al, 2003;
IZQUIERDO, 2011). A dificuldade em detectar a pista, pode refletir na redução da habilidade
dos idosos em manter uma representação integrada do contexto da tarefa em um estado
39

elevado de ativação. Ou seja, algumas queixas mnemônicas referidas pelos idosos,


normalmente relaciona-se com a memória prospectiva, principalmente entre os idosos de
idade mais avançada (LASCA, 2002; ARGIMON; STEIN, 2005; PARENTE et al, 2006). Este
déficit também está relacionado muito mais ao declínio da habilidade atencional e a memória
de trabalho, do que a capacidade da memória propriamente dita. Importante relembrar que na
memória prospectiva, o componente do executivo central e a atenção, um componente
essencial na memória prospectiva (PARENTE et al, 2006).
Concluindo, os conceitos aqui apresentados foram didaticamente separados para
melhor compreensão, mas o funcionamento dos sistemas de memória são integrados e
interligados com outras funções cognitivas, principalmente a atenção, o que configura que a
memória não é um sistema unitário e isolado. Enfim, a memória está interligada as outras
habilidades cognitivas, bem como aos constructos sociais e de autopercepção subjetiva
também, principalmente no paradigma da autoeficácia.

2.3 AUTOEFICÁCIA E ENVELHECIMENTO

No caminhar da perspectiva de vida, o envelhecimento assume a dimensão de um


processo contínuo, e não apenas como uma etapa do desenvolvimento humano, em que os
comportamentos e atitudes são reflexos da trajetória e mudanças sociais, no decorrer deste
caminhar ao longo dos anos (CARDOSO, 2006). Ou seja, o idoso é produto de suas forças
físicas, psíquicas e sociais, bem como agentes causais na construção de si mesmo e do
ambiente que o rodeia (GECAS, 2003).
Os pressupostos teóricos da cognição social consideram o ser humano como um agente
ativo sobre as circunstâncias e o ambiente que o circunda, bem como sobre o seu próprio
comportamento, ações e emoções. O homem molda o seu ambiente e comportamento de
forma ativa, não se limitando a ser apenas reativo aos estímulos externos (GOLDSTEIN,
1995; GECAS, 2003; CARDOSO, 2006). A concretização destes princípios de adaptação
realiza-se por meio da autorreflexão e autorregulação, isto é, observando e pensando sobre as
suas ações, sentimentos, crenças e cognição, avaliando o impacto das suas ações, definindo
objetivos e implementando planos para alcançá-los. (CARDOSO, 2006; PATRÃO, 2011).
O constructo da autoeficácia, desenvolvido por Albert Bandura, em 1977, psicólogo
canadense, tem contribuído com os estudos sobre o comportamento humano nas organizações
e instituições sociaias (BATISTA-DOS-SANTOS; BARROS, 2010). A autoeficácia é
definida como a crença que o indivíduo tem sobre sua capacidade de realizar com sucesso
40

determinada atividade. Dessa forma, sua crença pode afetar suas escolhas e o seu desempenho
(RABELO, 2005; CARDOSO, 2006; BATISTA-DOS-SANTOS; BARROS, 2010).
O conceito de autoeficácia descreve estruturas e funções que orientam a ação de uma
pessoa sobre si mesma e sobre o ambiente (BANDURA, 2008). Neste sentido, os processos
cognitivos permitem a mediação das experiências através dos sistemas sensório motor e
cerebral, os quais possibilitam ações com sentido e direção que proporcionam mais satisfação
na vida (BENITES, 2006; BATISTA-DOS-SANTOS; BARROS, 2010).
Atualmente, considera-se que a autoeficácia intervém e media atividades cognitivas,
processos motivacionais e estimula emoções. Quanto à mediação de atividades cognitivas, a
autoeficácia influencia o comportamento ao determinar o esforço que é empregado em uma
determinada tarefa ou situação, e ao influenciar a quantidade de tempo que a pessoa deve
perseverar ao deparar-se com obstáculos (RABELO, 2005; CARDOSO, 2006). Pessoas com
crenças positivas sobre suas capacidades fazem maior esforço e perseveram por mais tempo
na tarefa, quando se deparam com problemas inesperados, do que pessoas com baixa
autoeficácia (RABELO, 2005). Para Bandura, a expectativa de autoeficácia pessoal determina
se o comportamento de enfrentamento será iniciado, quanto do esforço será empreendido e
por quanto tempo esse comportamento será mantido diante dos obstáculos e experiências
aversivas (AZZI; POLYDORO, 2006).
A autoeficácia percebida é o mecanismo mais central e mais difundido na mediação
entre o indivíduo e o meio ambiente, pois somente por meio desse tipo de crença o indivíduo é
capaz de comportar-se ativamente, com motivação (AZZI; POLYDORO, 2006; CARDOSO,
2006). O desempenho na autoeficácia, pode ser alto, naquelas pessoas que acreditam que são
eficazes mesmo nas tarefas mais difíceis; ou baixo, entre as pessoas que pensam ser capazes
de desempenhar somente tarefas mais fáceis (CARNEIRO; FALCONE, 2004). Portanto, uma
pessoa com o mesmo conhecimento e habilidade pode ter um resultado pobre, adequado ou
mesmo excelente, dependendo das flutuações na percepção de sua autoeficácia (RABELO,
2005; MUSSOLLINI, 2007).
A relação entre autoeficácia e emoção revela que os níveis de estresse, ansiedade e
depressão frente situações difíceis são influenciados pela autoeficácia. O estresse depende da
percepção de alguém sobre suas habilidades e sobre a situação problema e o estresse será
maior na medida em que os aspectos ameaçadores são percebidos como superando as
capacidades pessoais (FORTES, 2005; BATISTA-DOS-SANTOS; BARROS, 2010). Pessoas
com alta autoeficácia acreditam que conseguem lidar com as situações que se apresentam e
tendem a não se definirem como estressadas. Entretanto, indivíduos com baixa autoeficácia
41

pensam não possuir capacidades para enfrentar os mesmos desafios e percebem o ambiente
como sendo muito perigoso (AZZI; POLYDORO, 2006; BANDURA, 2008; BATISTA-DOS-
SANTOS; BARROS, 2010).
O senso de autoeficácia pode variar de acordo com a complexidade da tarefa, exigindo
do indivíduo maior ou menor esforço para desempenhá-la. Na literatura, existem autores
como Mussollini (2007) e Benites (2006) que estudam a autoeficácia em domínios específicos
como o autocuidado, a memória, as relações interpessoais, atividades instrumentais entre
outros, avaliados através de testes e tarefas específicas.
Para Bandura (2008), julgamentos sobre as competências alheias são construções
sociais que servem para classificar os indivíduos em rótulos, estereótipos e estigmas. Por
exemplo, a relação entre declínio de memória e avanço da idade é um estigma social
intimamente relacionado com o envelhecimento (CARNEIRO; FALCONE, 2004). Crenças
pessoais e sociais formam um sistema recíproco, de influência mútua, os adultos que hoje
possuem crenças generalizadas sobre a inabilidade dos idosos tenderão a ter baixa
autoeficácia quanto a suas habilidades no futuro, quando farão parte da população de idosos
(CARNEIRO; FALCONE, 2004; BENITES, 2006; LEVY, 2008).
Como existe um paradigma social estabelecido de que a velhice é acompanhada por
um obrigatório declínio no desempenho físico e cognitivo, as instituições sociais se antecipam
e criam barreiras à participação social dos idosos, antes mesmo que eventuais incapacidade ou
déficits se instalem (LEVY, 2008). “Ao longo de toda a vida, as pessoas aprendem a ter
expectativas compatíveis com essas crenças, ou seja, aprendem que é normal e esperado
perder competências na velhice e passam a comportar-se de acordo com essas crenças”
(NERI, 2006a, p. 4)
Outro ponto importante é em relação aos idosos saudáveis, que possuem crenças
negativas de autoeficácia, este comportamento pode inibir o funcionamento da memória e
outras habilidades cognitivas, por não empregarem todo o esforço e persistência necessária na
execução e desempenho de algumas tarefas (NERI, 2006a; BATISTA-DOS-SANTOS;
BARROS, 2010).
Assim, é preferível que as pessoas superestimem suas capacidades, pois desta forma é
possível que resultados inesperados sejam alcançados. Indivíduos normais que possuem as
mesmas habilidades que depressivos são mais eficazes que esses últimos por, na maioria das
situações, superestimar suas capacidades (AZZI; POLYDORO, 2006; BANDURA, 2008). A
autoeficácia não é estática e o controle sobre sua flutuação pode ser realizado quando a
42

atenção é focalizada nos aspectos positivos da tarefa que está sendo desempenhada
(MUSSOLLINI, 2007).
Nos casos em que há um declínio real das habilidades, como acontece com algumas
habilidades cognitivas, especialmente a memória, é necessária a mudança de padrões de
julgamento. Nestes casos, a base de comparação deve ser constituída por representantes da
mesma faixa etária a fim de que possa ser mantida uma autoeficácia positiva (CARNEIRO;
FALCONE, 2004; BENITES, 2006).
Portanto, percebe-se que crenças de autoeficácia influenciam o modo como as pessoas
sentem, pensam e agem, principalmente com os idosos. Uma baixa autoeficácia pode estar
associada à depressão, ansiedade, sentimento de impotência, à baixa autoestima e a
pensamentos mais pessimistas quanto às habilidades pessoais (FREIRE, 2001; GECAS,
2003). O nível de autoeficácia pode desse modo, aumentar ou impedir a motivação e afetar,
direta e indiretamente, a adaptação e mudança. As crenças de autoeficácia podem determinar,
ainda, o estabelecimento de objetivos, a escolha de atividade, a disposição para realizar
esforços e persistir em tarefas. Além disso, as diferenças de idade, gênero e ambiente também
são grandes influenciadores no desenvolvimento e na expressão da autoeficácia (GECAS,
2003; AZZI; POLYDORO, 2006; PATRÃO, 2011).
43

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar a autoeficácia de idosos do Distrito Federal (DF) de status socioeconômico


diversos e o real desempenho cognitivo nas habilidades cognitivas da atenção e memória.

3.2 Objetivos Específicos

 Verificar como o processo de envelhecer age na percepção subjetiva da


autoeficácia;
 Identificar se há declínio do desempenho cognitivo da atenção e o da memória,
com o avanço da idade;
 Comparar a percepção subjetiva de autoeficácia geral, memória, com as variáveis
sociodemográficas com o seu real desempenho, para verificar se são congruentes
ou não.
44

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Tipo de Estudo

O delineamento caracterizou-se por uma pesquisa quantitativa, exploratória e


transversal. O estudo exploratório permite que a realidade seja percebida tal como ela é, e não
como o pesquisador deseja, ou ainda, em um ambiente artificial, na qual as variáveis possam
ser controladas pelo pesquisador. Neste tipo de estudo, o pesquisador normalmente obtém os
dados das percepções do sujeito, que não passa por suas hipóteses ou cotidiano da pesquisa, e
permite uma construção e crescimento do próprio pesquisador (PIOVESAN; TEMPORINI,
1995).
A abordagem quantitativa tem como campo de práticas e objetivos a compreensão dos
dados, dos indicadores e das tendências observadas na realidade, classificando e
transformando em variáveis interpretativas (DESLANDES, 1994). Neste sentido a pesquisa
quantitativa permitiu conhecer o desempenho das habilidades cognitivas dos idosos e a
percepção da autoeficácia, na qual os dados obtidos podem ser traduzidos em indicadores para
o conhecimento do desempenho das habilidades cognitivas na população idosa, visto a
escassez de estudos e dados acerca da temática.

4.2 Amostra

A amostra foi caracterizada por conveniência e exploratória, com objetivo de


investigar a autoeficácia dos idosos em relação ao seu desempenho nas habilidades cognitivas
da memória e da atenção. Composta por indivíduos de 60 anos ou mais de idade, sexo
masculino e feminino, de diverso nível sócio econômicos e de escolaridade. O tamanho
amostral foi composto por 110 indivíduos idosos.
Tendo em vista o delineamento amostral, bem como os recursos para o
desenvolvimento do estudo, o recrutamento dos participantes foi por meio de busca ativa dos
participantes voluntários, em instituições como o grupo de convivência, no Centro de
Convivência dos Idosos (CCI), na Universidade Católica de Brasília, Centro de Saúde I e II,
da cidade de Santa Maria e Grupo de Idosos Santa Izabel, localizado em Brazlândia.
O convite foi feito, com explanação breve da pesquisa e posteriormente os voluntários
que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão, fizeram um cadastro, para o futuro
45

agendamento e condução da testagem. Após o convite e aceite do mesmo o voluntário assinou


o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (apêndice I).

4.2.1 Critérios de Inclusão

Os critérios de inclusão estabelecidos foram: voluntários, com idade igual ou superior


a 60 anos, alfabetizados e que demonstrem interesse em participar do estudo.

4.2.2 Critérios de Exclusão

Os critérios de exclusão estabelecidos foram apresentar alguma queixa ou diagnóstico


de transtorno cognitivo (transtorno cognitivo leve, demência, doença de Parkinson) ou
transtorno do humor (depressão) e que não queiram participar do estudo.

4.3 Considerações Éticas

O projeto atende às exigências éticas e científicas fundamentais, como dispostas na


Resolução CNS 466/12nº, do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), na qual foi
submetido à apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Católica de Brasília, 448.143/2013 e do Comitê de Ética em Pesquisa FEPECS/SES-DF,
484.133/2013.

4.4 Procedimentos

A sequência de aplicação dos instrumentos seguiu uma ordem, que compreendeu


inicialmente a realização do questionário sociodemográfico, em seguido pela aplicação do
instrumento Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, seguidos pelos testes
atencionais, teste de reconhecimento de figuras e a escala de autoeficácia geral percebida,
teste de percepção subjetiva da memória e o Questionário de Memória Prospectiva e
Retrospectiva. O tempo estimado foi aproximadamente de dois encontros, com duração de 60
(sessenta minutos cada encontro).
46

4.5 Instrumentos

4.5.1 Questionário Sóciodemográfico (apêndice II)

Os dados sóciodemográficos coletados com o instrumento foram: Identificação (nome,


endereço, gênero, estado civil) profissão/ocupação, aposentadoria, grau de instrução,
atividades de lazer e sociais, atividade física, com quem reside, hobbies.

4.5.2 Teste das Trilhas A e B (anexo I)

A versão brasileira do Teste de Trilhas – Partes A e B (MONTIEL; CAPOVILLA,


2007b) objetiva avaliar aspectos de manutenção da atenção seletiva e capacidade de alternar
foco atencional entre estímulos alvos e distratores.
É composto pela parte A e B, sendo a parte A contém duas folhas; na primeira, são
apresentados números e a segunda são as letras do alfabeto, que devem ser ligados em ordem
crescente. A Parte B contém uma folha com letras e números que devem ser ligados de forma
intercalada, na ordem crescente, para os números, e alfabética para as letras. Ambas a tarefas
devem ser feita no tempo de um minuto. A pontuação é feita pelo número correto de acerto
das ligações, sendo a pontuação máxima da Trilha A e da B de 22 acertos para cada etapa.
Lezak (2004) destaca que esse é um teste de escaneamento visual envolvendo a
velocidade motora e funções de atenção. Capovilla (2007b) cita que o teste das trilhas
“objetiva avaliar aspectos de manutenção da atenção e capacidade de alternar entre estímulos
relevantes” (p. 15). Já Nitrini et al (2005) assim definem “...avaliando atenção seletiva,
velocidade de processamento perceptual e flexibilidade mental” (p 722).

4.5.3 Teste de Cancelamento (Anexo II)

O teste de Atenção de Cancelamento foi desenvolvidos por Montiel e Capovilla


(2007a), com objetivo de avaliar a atenção e é composto por três parte, sendo que a tarefa é
assinalar todos os estímulos iguais aos estímulos-alvo, previamente determinados. A primeira
etapa avalia a atenção seletiva, que consiste em uma prova de cancelamento de figuras numa
matriz com seis tipos de estímulos (círculo, quadrado, triângulo, cruz, estrela e traço), num
total de 15 linhas com 20 figuras cada, em que cada estímulo aparece 50 vezes, de forma
aleatória, num total de 300 figuras. Na parte superior da matriz há o estímulo-alvo e a tarefa
47

do examinado é marcar com um traço todos os demais alvos apresentados. O tempo máximo
para a execução da tarefa é de 1 minuto. A segunda parte avalia a atenção seletiva e
sustentada, numa prova com maior grau de complexidade, com apresentação de um número
maior de estímulos-alvo. A tarefa é semelhante a primeira parte, sendo que o estímulo-alvo é
composto por duas figuras. O estímulo-alvo se repete sete vezes ao longo das 300 figuras. O
tempo é de 1 minuto. Na terceira e última parte, o teste avalia a atenção alternada, sendo que
os estímulos-alvo mudam a cada linha. O número de vezes que o estímulo-alvo muda a cada
linha, variando de 2 a 6 vezes. O tempo máximo para execução da tarefa também é de 1
minuto (MONITEL; CAPOVILA, 2007a).
A pontuação do teste é efetuada separadamente para cada uma das três partes, na qual
pode ser considerado o escore total, ou fazer os escores separadamente. Neste estudo foi
considerado os valores de cada tarefa separadamente, visto o objetivo de verificar o
desempenho dos idosos em cada uma das subtarefas. O critério de correção é a contagem dos
estímulos alvos assinalados corretamente.

4.5.4 Teste STROOP (Anexo III)

O teste Stroop foi originalmente desenvolvido por John Ridley Stroop em 1935 e tem
sido amplamente utilizado como teste neuropsicológico para avaliar atenção seletiva e
aspectos de funções executivas, como flexibilidade cognitiva e suscetibilidade a interferência,
relacionadas às disfunções do lobo frontal (MACLEOD, 1991; DOYLE et al, 2000;
STRAUSS, et al, 2006). O mecanismo psicológico subjacente à tarefa inclui memória de
trabalho, velocidade de processamento de informação, ativação semântica e habilidade para
resistir a uma resposta a estímulos distratores (STRAUSS et al.,2006).
As origens do paradigma Stroop remonta ao trabalho Mackeen, em 1886, o qual já
referia que leva-se mais tempo para nomear cores do que para ler nomes de cores. A para esse
fenômeno é atribuída ao fato de que, no caso de palavras e letras, a freqüente associação entre
a idéia e nome torna o processo automático, enquanto que no caso de cores e imagens precisa-
se de um esforço voluntário para a escolha do nome (MACLEOD, 1991).
A versão Victória, validade para a população brasileira (KLEIN et al, 2010) é
composta de três cartões: o primeiro composto de tarjetas coloridas (verde, rosa, azul e
marrom); o segundo constituído por palavras neutras escritas com as cores das tarjetas e o
terceiro com os nomes das cores escritos em cores conflitantes com o da impressão. Solicita-
se ao sujeito que a cada cartão apresentado, verbalize as cores impressas de cada cartão o mais
48

rápido possível. Começa-se a contar o tempo logo após as instruções e registra-se o tempo que
o sujeito leva para ler cada um dos cartões. Tempo de aplicação: 5 minutos.
O sujeito é avaliado segundo a rapidez com que ele executa a tarefa e a quantidade de
erros apresentados. O efeito da interferência é determinado pelo cálculo de tempo extra
requerido para nomear as cores (da impressão) em comparação ao tempo requerido para
nomear cores na primeira tarefa controle- cores das tarjetas

4.5.5 Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey – RAVLT (anexo IV)

Originalmente desenvolvida por Rey e posteriormente traduzido e adaptado para a


população brasileira, por Malloy-Diniz et al (2000), para a faixa etária de 16 a 93 anos. Em
2007, o mesmo autor desenvolveu a pesquisa na faixa etária de 60 a 89 anos. Nesta última
versão os itens que constam da lista de palavras passaram por um processo de adaptação
cultural (MALLOY-DINNIZ et al, 2007).
O teste consiste na leitura de 15 substantivos (Lista A) para o sujeito em cinco
apresentações consecutivas, e cada uma delas seguidas por um resgate imediato. A seguir a
lista de interferência (Lista B) é apresentada e o resgate da nova lista é solicitado. Logo em
seguida, pede-se ao sujeito que recorde as palavras da lista A, sem ouvi-las novamente
(SCHIMIDT, 1996).
Passada 20 minutos testa-se a recordação espontânea da lista A. Este resgate é seguido
por uma prova de reconhecimento, por meio de uma lista de 50 palavras compostas por 15
palavras da lista A, 15 da lista B, assim como 20 detratores. Cada palavra é lida em voz alta e
é solicitada que o sujeito indique se a mesma pertence lista A ou não. O tempo de aplicação é
em torno e35 a 40 minutos.

4.5.6 Teste de Reconhecimento de Figuras (anexo V)

O teste de reconhecimento de figuras, é um instrumento para avaliação da habilidade


da memória, de simples aplicação e que a escolaridade não tem interferência significativa nos
resultados finais (GRIEVE, 2009). O teste inicia com a apresentação ao indivíduo de 10
figuras, perguntando: "Que figuras são estas?". O escore do teste é dado pelo número de
figuras corretamente identificadas, mesmo que não tenho sido exatamente nomeadas, neste
momento há a avaliação da percepção visual e nomeação. No caso da pessoa não identificar
nenhuma figura, explique o que cada figura representa. O passo seguinte é esconder a folha e
49

perguntar: "Que figuras eu lhe mostrei?". O tempo máximo de evocação das figuras é de 60
segundos. O escore é dado pelo número de respostas certas. Essa fase avalia a memória
incidental (GRIEVE, 2009; CORREA, 2010).
Em seguida, o avaliador deve mostrar novamente as figuras durante 30 segundos e
peça para que ele olhe bem as figuras e memorize-as novamente. Esconda novamente as
figuras e pergunte: "que figuras eu lhe mostrei?". Essa fase do teste está avaliando a memória
imediata.
O último passo é mostrar as figuras novamente durante 30 segundos e pedir para que o
idoso olhe bem as figuras e guarde-as na memória. Pergunte novamente quais são as figuras e
anote o escore. Essa fase avalia o aprendizado. Em seguida, apresente qualquer distrator a
pessoa, durante 5 minutos e faça novamente solicite que fale as figuras que havia visto –
momento que avalia o resgate da informação memorizada.
O escore é dado pelo número de respostas corretas na evocação após 5 minutos.
Finalmente, avalia-se o reconhecimento das figuras colocando uma lista de 20 figuras que
contenha as 10 figuras mostradas anteriormente em frente do idoso e peça para que ele
reconheça quais as figuras mostradas inicialmente (GRIEVE, 2009; CORREA, 2010).

4.5.7 Span de Dígitos (Anexo VI)

Este instrumento tem referência normativa para a população brasileira (FIGUEIREDO


et al, 2007) e investiga a atenção auditiva, memória imediata (dígitos diretos) e memória de
trabalho (dígitos inversos). Consiste na repetição de números apresentados oralmente pelo
examinador em ordem direta (16 itens) e inversa (14 itens), perfazendo 30 pontos. A
suspensão da tarefa é feita após dois erros dentro de uma mesma série.
A pontuação pode ser feita pela soma total, entretanto, para diferenciar provas que
recrutem diferentes habilidades (atenção e memória de trabalho), optou-se por considerá-los
separadamente no presente estudo. Espera-se que adultos sejam capazes de reter pelo menos
cinco dígitos na ordem direta e três na ordem inversa (FIQUEIREDO; NASCIMENTO,2007).

4.5.8 Escala de Autoeficácia Geral Percebida - EAEGP (Anexo VII)

A Escala de Autoeficãcia Geral Percebida (EAEGP) foi desenvolvida por Matheus


Jerusalém e Ralph Schwerzer, em 1979. A escala consiste em um instrumento com 20 itens, e
50

em 1981 o número de itens foi reduzido para 10. No Brasil a EAEGP foi traduzida e validada
por Teixeira et al (2012).
A escala consta de 10 itens sobre opiniões que as pessoas podem ter a respeito de si
mesmos. Cada frase deve ser avaliada de 1 para nem um pouco verdadeiro até 4 para
exatamente verdadeiro. O escore máximo é de 44 pontos, que se traduz em uma autoeficácia
geral baixa (SBICIJO et al, 2012).

4.5.9 Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva – PRMQ-10 (Anexo


VIII)

A versão em português do Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva


(PRMQ-10) avalia o auto relato de falhas de memória prospectiva e retrospectiva através de
10 perguntas referentes à situações do uso cotidiano da memória (BENITES; GOMES, 2007).
Dos 10 itens, cinco referem-se à memória prospectiva e cinco à memória retrospectiva
(SMITH et al, 2000). Cada item é seguido de uma escolha de cinco pontos: (1) nunca; (2)
raramente; (3) algumas vezes; (4) frequentemente e (5) quase sempre. O escore máximo é 50
pontos, e reflete um alto índice e queixa de memória, e o escore mínimo é de 10, para baixo
índice de queixa de memória

4.5.10 Teste de Percepção Subjetiva da Memória – MAC-Q (Anexo IX)

Autopercepção de memória foi avaliada através do Teste de Percepção Subjetiva de


Memória (MAC-Q), proposto por Crook, Feher e Larrabee em 1992 como instrumento
autoadministrado com validação para a população brasileira por Matos et al (2010), com
objetivo de investigar como o indivíduo percebe sua memória no momento presente
comparando-a quando tinha 40 anos de idade (LINDÔSO, 2008). As questões envolvidas no
instrumento solicitam que o indivíduo lembre de nomes, números de telefone, notícias,
lembrar de locais onde guardou objetos e comparar quando tinha 40 anos. As respostas são
pontuadas em uma escala tipo Likert de 5 pontos e variam de “muito melhor agora” até
“muito pior agora”. A pontuação do teste varia de 7 a 35 pontos e a última pergunta equivale o
dobro do valor correspondente, sendo a pontuação máxima relacionada com percepção
subjetiva maior de disfunção na memória. O MAC maior que 25 pontos significa percepção
negativa de memória (presença de disfunção de memória), já entre 15 e 25 pontos o idoso
51

apresenta dificuldades de memória (queixas de memória). Quanto menor o resultado obtido no


MAC-Q, melhor a percepção de memória e não há presença de disfunção na mesma.

4.6 Análise Estatística

A análise dos dados foi feita pela comparação da percepção subjetiva da autoeficácia
geral e de memória, dos idosos por meio do confronto dos dados obtidos nos questionários de
autoeficácia percebida, com os resultados oriundos dos testes da avaliação cognitiva.
Para a análise dos resultados dos instrumentos, os dados foram importados para uma
planilha do programa estatístico Statistical Package for Social Science (SPSS) para Windows
(versão 22.0).
Inicialmente foi realizada a análise dos dados descritivos para caracterização da
amostra e a avaliação da normalidade, por meio do teste kruskal-wallis. Os dados foram
representados por: média, mediana, desvio padrão e quartis.
O nível de significância adotado será de p≤ 0,05. Na análise do desempenho cognitivo
e da percepção subjetiva da autoeficácia geral e de memória foram utilizados o teste ANOVA
– oneway e Teste - T Studant.
52

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi desenvolvidos com a população de idosos ativos, residentes do Distrito


Federal. A amostra foi composta por 110 idosos, 90% mulheres (99) e 10% homens (11). A
idade média foi de 70,25 (±7,65); idade mínima de 60 anos e máxima de 93 anos.
Interessante ressaltar que todos os indivíduos da amostra não eram naturais do Distrito
Federal, na qual 80,80% dos idosos apresentaram naturalidade de cidades do Nordeste, 16,4%
nasceu em Minas Gerais, 15,5% da Paraíba e 14,5% do Ceará. O tempo médio de residência
no Distrito Federal foi de 38,40 anos (±9,63), sendo que o idoso com menor e maior tempo de
moradia foi de 6 anos 68 anos, respectivamente.
A distribuição da residência dos idosos é de 51,8% (57) na cidade de Santa Maria, 16,4
(18) em Taguatinga, 7,3% (8) em Ceilândia, 7,3 (8) no Riacho Fundo e demais cidades 17,2%
(Águas Claras, Vicente Pires, Samambaia, Guará e Braslândia).
Em relação ao estado civil obteve-se, 39,1% (43) casados, 32,7% (36) viúvos, 16,4%
(18) solteiros e 11,8% (13) separados/desquitados. Sendo que, 29,1% (32) residiam com
filhos, 20,0% (22) sozinhos, 15,5 % (17) com esposo(a) e filhos. A tabela 1 evidencia os
dados referente a escolarização e profissão. A média de anos de estudo foi de 5,72 anos
(±3,95), apresentando o tempo mínimo de educação formal de 1 ano e tempo máximo de 22
anos. Por sua vez, em relação a profissão 69,1% dos idosos são aposentados seguidos por
16,4% que são beneficiários (pensão), como demonstra a tabela 1.
A caracterização da amostra, em relação a atividade Física, 78,2% (86) dos idosos
relataram que faziam atividade física, sendo a frequência semanal com média de 3,3 dias
(±1,40), com o valor mínimo e máximo de 1 e 7 dias na semana. Estes dados revelam que pela
classificação da Association American Sport Medicine (ACSM), os idosos são considerados
sedentários, visto a frequência ideal é de 5 vezes por semana, com tempo médio de 30 em
intensidade moderada.
Por fim, 90,9 % (100) dos idosos fazem uso regular de medicamentos, 30,0 %
apresentam hipertensão arterial sistêmica, 14,4 % hipertensão arterial sistêmica e diabetes
mellitus e 11,8 % hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia.
53

Tabela 1: Dados demográficos de escolaridade e profissão dos idosos.


Escolaridade
Sujeitos %
Ensino Fundamental Incompleto 76 69,1
Ensino Fundamental Completo 8 7,3
Ensino Médio Incompleto 3 2,7
Ensino Médio Completo 14 12,7
Ensino Superior Incompleto 4 3,6
Ensino Superior Completo 5 4,5
Profissão
Aposentado 70 63,6
Beneficiário 18 16,4
Não Trabalha 3 7,3
Trabalhando 4 5,5
Aposentado/trabalhando 5 4,5
Desempregado 2 1,8
Autônomo 1 0,9

Após a caracterização sóciodemográfica dos participantes da amostra, a descrição dos


resultados e a será iniciada com a explanação dos resultados dos testes cognitivos.
Inicialmente serão descritos o desempenho dos idosos nos testes de atenção (Trilhas,
Cancelamento e Stroop), posteriormente os testes de avaliação da memória e finalizando com
a percepção da autoeficácia.
O teste de Trilhas A e B, que se propões avalia a atenção sustentada e a dividida. A
versão Montiel (2007), utilizada na pesquisa não apresenta dados normativos para a população
idosa, sendo que os dados de referência existente, são para o seguimento da adolescência e
adultos jovens. Em virtude disto, a comparação dos dados não é aconselhável, visto que a
variável idade é um componente importante no desempenho cognitivo. A escolha pela versão
Montiel foi em virtude que neste modelo se preconiza o desempenho do participante e não o
tempo de execução, como nas outras versões. Por esta característica, esta versão focaliza mais
as funções das habilidades atencionais, em contrapartida da outra que prioriza as funções
executivas (flexibilidade mental, velocidade de processamento).
54

Observa-se um desempenho superior da trilha A, a média foi de 19,20 (±4,59) acertos,


o valor máximo de 22, por sua vez na trilha B a média foi de 7,38 (± 5,00), o valor máximo de
22 também, como demonstra a tabela 2. Evidencia-se a diferença no desempenho entre os dois
subtestes, visto que na trilha B o rendimento dos idosos foi bem inferior, quando comparado
com o desempenho dos idosos na trilha A.

Tabela 2: Valores Descritivos do Teste de Trilha A e B

TRILHA A TRILHA B
N 110 110
MÉDIA 19,20 7,38
DP 4,59 5,00
MEDIANA 22,00 7,00
MÍNIMO 0 0
MÁXIMO 22 22

Para melhor análise e visualização dos resultados, como não há dados normativos
deste instrumento para a população idosa, foi realizada análise dos quartis, que pode auxiliar a
compreensão do desempenho dos idosos. O valor do quartil inferior ficou ≤ 7, que
corresponde a 28 indivíduos, pelo fato dos valores, do desempenho, serem muito próximos na
classificação houve a junção do quartil médio e superior, com valor de ≥17.1, que abrange 82
idosos. O gráfico 1 demonstra o desempenho da trilha A.

Gráfico 1: Desempenho no teste Trilha A

Desempenho inferior Desempenho


médio/superior
TRILHA A 25,50% 74,50%
55

Este subteste avalia principalmente a atenção sustentada, o que evidencia que a


maioria dos idosos apresentaram bom desempenho na atenção sustentada. O Gráfico 2
ilustra o desempenho do teste de trilha A, na qual observa- se que a maioria, dos idosos,
obtiveram o desempenho no quadrante superior, na curva de normalidade, confirmando que os
idosos não demonstraram dificuldade na habilidade da atenção sustentada.

Gráfico 2: Curva de normalidade do desempenho dos idosos na Trilha A;

Em relação a trilha B, os resultados mostraram-se um pouco diferentes, na qual o


quartil inferior foi ≤ 4, que corresponde a 36 idosos, quartil médio de 4,1 a 9,9, com 46 dos
participantes e por fim o quartil superior com valor ≥10,0, com 28 participantes. No
desempenho, dos idosos, 74,5% apresentaram um desempenho de médio a inferior, sendo que
deste total 32,7% encontravam-se com o desempenho no quartil inferior, como elucida o
gráfico 3.
Estes dados traduzem uma diminuição do desempenho dos idosos em tarefas que
exigem a atenção alternada, evidenciando maior dificuldade na execução onde exija a
alternância atencional, por parte destes indivíduos
56

Gráfico 3: Desempenho Teste Trilha B

Desempenho Desempenho Desempenho


inferior médio superior
TRILHA B 27,70% 41,80% 25,50%

.
O gráfico 4 ilustra muito bem este desempenho, no qual observa-se maior números de
acertos no quartil médio e inferior. Isto demonstra um desempenho de ruim a médio na
habilidade da atenção alternada, o que pode conferir um declínio desta habilidade cognitiva,
entre os idosos da amostra.

Gráfico 4: Curva de normalidade do desempenho da trilha B


57

Na comparação, do desempenho dos idosos, no teste de Trilha A e B com a variável


sociodemográfica – escolaridade, a amostra foi dividida em três grupos que variaram em: G1:
0 A 5 anos de escolarização, G2: de 6 A 10 anos de escolarização e G3: acima de 10 anos de
escolarização, conforme tabela 3.

Tabela 3: Desempenho dos idosos no teste de Trilha A e B, conforme escolaridade.


G1 G2 G3
Trilha A Trilha B Trilha A Trilha B Trilha A Trilha B
n 73 73 24 24 13 13
Média 18,56 5,64 20,25 9,79 21,15 12,69
DP 5,24 3,48 2,67 5,42 1,82 6,16

Visto que o Teste de Trilhas A e B, não apresentam dados normativos para a


população idosa, na análise estatística foi rodado os quartis, a tabela 4 e 5, ilustram estes
desempenhos.

Tabela 4: Quartil Trilha A


TRILHA A
G1 G2 G3
Quartil inferior ≤ 16 ≤ 18 ≤ 21
Quartil ≥ 16,51 ≥ 18,1 ≥ 21,1
médio/superior

Tabela 5: Quartil Trilha B


TRILHA B
G1 G2 G3
Quartil inferior ≤ 3,0 ≤ 5,25 ≤
Quartil médio 3,1 a 7,9 5,26 a 12,9 7,1 a 18,9
Quartil superior ≥ 8,0 ≥ 13 ≥19,0
58

O gráfico 5 demonstra o desempenho dos idosos no teste Trilha A, segundo a variável


escolarização. Observa-se que independente dos anos de educação formal, os participantes
apresentaram desempenho de média a bom, na habilidade da atenção sustentada.

Gráfico 5: Desempenho Trilha A, segundo a escolarização.

0 - 5 anos 6 - 10 anos Acima de 11


0 0 0 anos
Desempenho inferior
#REF! 0 24,70%0 29,20% 0 23,10%
Desempenho
#REF! médio/superior
0 75,30%
0 70,80% 0 76,90%

Por sua vez o gráfico 6, evidencia o desempenho do Trilha B, com resultados


diferentes da trilha A. Observa-se nos idosos com escolarização de 0 – 5 anos, 71,20%
apresentaram atenção alternada de ruim a média, nos indivíduo de 6 – 10 anos de educação
formal este índice foi de 62,5% e por fim os participantes com mais de 11 anos de estudo
apresentaram 76,9 % de desempenho ruim a médio. Importante ressaltar também, que na
porcentagem do desempenho superior, da atenção alternada, há um decréscimo em relação ao
grupo de idosos de 6 – 10 anos e os indivíduos com acima de 11 anos de escolarização, que
passou de 37,5% para 23,10%. Ou seja, este dado sugere que os idosos com escolaridade
acima de 11 anos apresentam maior dificuldade na execução de atividades que exigem a
alternância do foco atencional.
Em virtude da escassez de estudos na temática da atenção e o processo de
envelhecimento, não se verifica pesquisas que evidenciam o declínio atencional no idosos
com maior grau de educação formal. Uma hipótese para justificar é que o maior grau de
escolarização abre caminhos e a motivação para vários focos de conhecimento, e com o
declínio do sistema do filtro atencional, as atividade que recrutem a atenção alternada fica
prejudicada. Portanto, idosos com maior grau de instrumento podem apresentar maior
59

dificuldade na atenção alternada. Vale ressaltar que estes dados evidenciados merecem
estudos mais aprofundados, visto o número reduzidos de idosos com escolarização acima de
11 anos, bem como a complexidade do desenvolvimento da habilidade atencional no processo
de envelhecimento.

Gráfico 6: Desempenho Trilha B, segundo a escolarização.

0-5 anos 6-10 anos Acima de 11


anos
DESEMPENHO INFERIOR 32,90% 25,00% 30,80%
DESEMPENHO MÉDIO 38,30% 37,50% 46,10%
DESEMPENHO SUPERIOR 28,80% 37,50% 23,10%

Na análise estatística, os dados não apresentaram destruição normal, sendo utilizado o


teste não paramétrico Kruskal-Wallis, para amostras independentes, a qual evidenciou que a
variável escolaridade não interfere no desempenho do teste de Atenção - trilha A, p = 0,15,
visto que a atenção sustentada não sofre interferência pelos anos de estudo. Em contrapartida,
houve relação com a trilha B, com significância de p= 0,001, na qual a educação formal tem
influência sobre a atenção alternada.
Portanto, observa-se que quanto maior os anos de escolarização melhor o desempenho
no teste de trilha B, ou seja, quanto menor a escolarização maior a dificuldade na atenção
alternada, o que pode traduzir numa maior dificuldade do idoso no desempenho de tarefas que
requeira a habilidade cognitiva da atenção alternada.
Em relação ao sexo, também não foi evidenciada diferença significativa entre homens
e mulheres, no que se refere ao desempenho do Teste de Atenção – trilha A e B. Na análise
estatística, foi realizado o Teste-t, para amostras independentes, com evidência para o teste
trilha A de p = 0,19 e para o trilha B p = 0,66.
Outro instrumento utilizado para a avaliação da atenção foi o teste de atenção de
cancelamento. Na execução deste teste, se exige do indivíduo que atenda a alguns estímulos
60

(estímulo-alvos), enquanto ignora a presença de outros estímulos, denominado de distratores


(BYRD et al, 2004; SILVA et al, 2011). Neste instrumento se preconiza a avaliação da
atenção seletiva, sustentada, alternada, percepção visual e velocidade do pensamento
(BRUCKI; NITRINI, 2008).
A tabela 6 demonstra os dados descritivos como média, mediana, desvio padrão, valor
máximo, mínimo e os percentis.

Tabela 6: Dados descritivos do Teste de Atenção de Cancelamento

Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3


n 110 110 110
Mediana 46,0 2,0 25,0
Média 42,71 2,22 25,04
DP 8,89 1,50 11,92
Mínimo 10,0 0 1,0
Máximo 50,0 6,0 51,0

Em virtude do teste de cancelamento não ter parâmetros normativos para a população


idosa, foi realizado a análise dos quartis, a tabela 7 elucida os valores do desempenhos dos
participantes.

Tabela 7: Análise quartil Teste Cancelamento


Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3
Quartil ≤ 38,7 ≤1 ≤ 16
inferior (24,5%) (37%) (26,4%)
Quartil 38,8 a 48,9 1,1 a 2,9 16,1 a 33,4
médio (45,5%) (25,4%) (49,1)
Quartil ≥ 49 ≥3 ≥ 33,5
superior (30%) (37,3%) (24,5%)

No Teste de Atenção de Cancelamento, a tarefa 1 avalia a atenção seletiva, com


pontuação máxima de 50 pontos, no qual a média, dos idosos, foi igual a 46,0 (± 8,89), mas ao
analisar os quartis, observa-se que 70% dos idosos apresentaram um desempenho de atenção
61

seletiva entre médio/inferior, e somente 30% mostraram um desempenho da atenção seletiva


boa (quartil superior).
Em relação a tarefa 2, que avalia mais precisamente a atenção sustentada, sendo a
pontuação máxima de 7, também houve um desempenho de 62,4% dos idosos denotando uma
classificação da atenção sustentada de médio a ruim. Por fim, a tarefa 3, com pontuação
máxima de 52, que investiga a atenção alternada, o índice de desempenho, de ruim e médio,
foi de 75,5%, entre os idosos. Importante salientar que 49,1% dos idosos tiveram desempenho
médio, e observa-se um decréscimo dos indivíduos com índice de boa atenção alternada
(24,5%). O gráfico 7, demonstra o desempenho dos participantes do teste de cancelamento
divididos pelos quartis.
Os dados nos trazem a luz um percentual elevado de idosos que demonstraram um
desempenho da atenção ruim, e significativamente maior com resultado de atenção ruim e
média (tarefa 1: 70%, tarefa 2: 62,4% e tarefa 3: 75,5%). Estes dados podem sugerir uma
dificuldade importante na atenção seletiva e sustentada, bem como na atenção alternada, o que
vem de encontro também com o desempenho dos idosos no Teste de Atenção de Trilhas A e
B. Portanto nos dois instrumentos que avaliam a atenção revelaram um declínio da atenção,
tanto a seletiva como a alternada, de forma significativa e em todas as faixas etárias.

Gráfico 7: Desempenho Teste Atenção Cancelamento

Tarefa 1 Quartil Inferior


24,50% Quartil
45,50%Médio Quartil30%
Superior

Tarefa 2 37% 25,40% 37,30%


Tarefa 3 26,40% 49,10% 24,50%

O gráfico 8 elucida o desempenho dos idosos na curva de normalidade na tarefa 1


(atenção seletiva), tarefa 2 (atenção sustentada) e na tarefa 3 (atenção alternada). Observa-se
que o desempenho na tarefa 2 e 3 há um maior número de acertos nos quadrantes inferior e
médio.
62

Segundo Silva et al (2011) observa-se uma escassez de estudos na temática da atenção,


em especial com população saudável, que visem analisar a correlação da variável
escolarização e desempenho atencional nos instrumentos de cancelamento. A variável
escolarização evidenciou que o ensino formal infere como um fator protetivo dos processos
cognitivos no início dos quadros neurodegenerativo, com maior evidência nos idosos e na
investigação clínica. No entanto, não há estudos que identifiquem a correlação entre os anos
de educação formal e o desempenho atencional no teste de cancelamento, o que evidencia a
necessidade de novos estudos para que se possa inferir esta interrelação de forma mais efetiva.

Gráfico 8: Desempenho dos idosos no Teste Cancelamento, na curva de normalidade.

Na comparação do desempenho do Teste de Atenção de Cancelamento com a variável


sexo, na amostra houve normalidade entre os grupos desta variável, que evidenciou somente
significância na tarefa 1, com significância de p =0,001, como demonstrado na tabela 8.
63

Tabela 8: Desempenho dos homens e mulheres no Teste de Cancelamento


TAREFA 1 TAREFA 2 TAREFA 3
Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem
n 99 11 99 11 99 11
Média 43,26 37,73 2,23 2,09 25,12 24,27
dp 7,56 16,50 1,52 1,45 11,67 14,66
p 0,001 0,43 0,53

Observa-se que o desempenho dos homens na atenção seletiva é inferior, com média
de 37,73 (± 16,50) acertos, quando comparado ao acertos das mulheres que foi de 43,26 (±
7,56), isto traduz que os homens, na atenção seletiva apresentaram uma maior dificuldade na
atenção seletiva. Ao analisar o gráfico 9, nota-se o desempenho dos homens nas tarefas 2 e 3
discretamente inferior, quando comparado com o número de acertos das mulheres,
principalmente na tarefa 3. Isto pode ser um indicativo de que os homens idosos apresentam
um declínio também da atenção sustentada e em especial da alternada.

Gráfico 9: Desempenho dos homens e mulheres no Teste de Cancelamento

MULHERES TAREFA
43,26 1 TAREFA
2,23 2 TAREFA
25,12 3
HOMENS 37,73 2,09 24,27

Em relação à escolaridade não houve diferença significativa na comparação entre os


subtestes do Teste de Atenção de Cancelamento com os anos de escolarização. Na análise,
utilizou-se o Teste-t, para amostra independentes.
O teste Stroop é um instrumento de avaliação da atenção, que avalia a atenção seletiva,
flexibilidade cognitiva e fator de inibição de distratores. Neste teste também estão presentes
64

mecanismos subjacentes, que compreende a memória de trabalho, velocidade de


processamento de informação e habilidade para resistir a uma resposta - efeito Stroop ou
interferência (KLEIN et al, 2010). Este efeito é um paradigma que envolve o processo
cognitivo de controle inibitório. Como foi observado, houve um aumento do tempo no
desempenho, mas também um aumento do número de erros em cada subteste, de forma
significativa.
Os teste é composto por três cartões e os resultados é quantificado no tempo de
execução (segundos) e também o número de erros que cometeu na leitura de cada cartão. Os
dados coletados, com o instrumento Stroop, são demonstrados na tabela 9, com análise dos
dados descritivos de média, mediana, desvio padrão e valor máximo e mínimo, em cada
subteste. Importante salientar que houve o aumento progressivo do tempo média para
execução do cartão 1, 2 e 3, bem como o número de erros. Isto pode sugerir que conforme
aumenta a complexidade e há a adição de estímulos distratores, os idosos apresentam maior
dificuldade, com aumento do tempo para a realização, bem como o número de erros.

Tabela 9: Desempenho dos idosos no Teste Stroop


CARTÃO 1 ERRO CARTÃO 2 ERRO CARTÃO 3 ERRO Interferência
1 2 3
n 110 110 110 110 110 110 110
Média 24,37 ,96 33,63 1,15 45,77 5,15 21,58
Mediana 21,00 ,00 30,50 1,00 40,50 4,00 17,00
DP 9,88 1,48 14,76 1,60 20,879 5,27 21,61
Mínimo 11,0 ,0 16,0 ,0 17,0 ,0 -20,0
Máximo 60,0 8,0 122,0 10,0 116,0 32,0 99,0

Os grupos de idade não apresentaram distribuição de normalidade, na qual foi


realizado teste não paramétrico Krusakl-wallis, utilizado teste Anova, na qual foi evidenciado
interferência significativa da idade no desempenho do cartão 1 (p = 0,012), 2 (p = 0,001), 3
(p= 0,001) e interferência (p= 0,033), do teste de Stroop. Os resultados evidenciaram que a
variável idade interfere no desempenho do teste, ou seja, com o avanço da idade observa-se
uma maior dificuldade atencional, o que faz com que os idosos tenham um desempenho
inferior nas atividade que requeiram a atenção seletiva, bem como na inibição da informação
irrelevantes (distratores) e a flexibilidade cognitiva.
65

Os dados demonstram um aumento do tempo de desempenho em todos os substestes,


com aumento maior no subtestes cartão 2 e 3, o que novamente corrobora com o declínio da
habilidade atencional, entre os idosos desta amostra. Neste mesmo contexto, houve acréscimo
do tempo da interferência (efeito Stroop), na qual a média dos idosos de 60-69 anos foi de
16,84 (± 16,02), do grupo de 70-79 anos foi de 24,10 (±26,17) e por fim dos idosos acima de
80 anos foi de 35,15 (± 22,95), como elucidado na tabela 9. Estes dados evidenciam que com
o aumento da idade, os idosos apresentam uma maior dificuldade de inibir os estímulos
distratores, ou seja, uma maior dificuldade na seleção da informação – o que também confere
uma dificuldade na seleção e manipulação dos estímulos na habilidade cognitiva da atenção.
Outro ponto importante é que todos os resultados apresentaram-se superiores aos
dados de referência, tanto em relação ao tempo de desempenho, bem como o número de erros
no índice de interferência. O gráfico 10 elucida o desempenho dos idosos, no cartão 1 (em
tempo) e também os números de erros cometidos.

Tabela 9: Desempenho dos idosos, na variável idade, no Testes Stroop.


60 – 69 anos 70 – 79 anos + 80 anos
Cartão 1 Amostra Referência Amostra Referência Amostra Referência
Média 22,84 18,42 24,77 21,85 30,00 28,25
DP 10,34 5,63 7,43 6,85 12,59 3,30
Erro 1,10 0,08 0,92 0,06 0,46 1,00
DP 1,62 0,27 1,44 0,24 0,78 0,82
Cartão 2
Média 29,38 23,74 35,90 28,83 45,77 31,75
DP 10,91 7,62 16,69 10,18 16,38 3,5
Erro 1,23 0,08 1,05 0,06 1,15 0,00
DP 1,74 0,27 1,59 0,24 0,99 0,00
Cartão 3
Média 39,34 40,38 48,87 55,90 65,15 56,75
DP 15,46 16,31 23,73 25,65 19,96 20,50
Erro 4,19 0,83 5,77 1,65 7,61 3,50
DP 2,81 1,55 7,30 2,02 5,85 3,11
Interferência
3º cartão/1º cartão
Média 16,84 2,26 24,10 2,52 35,15 2,03
DP 16,02 0,85 26,17 1,12 22,95 0,72
66

Importante ressaltar que no tempo de desempenho, os idosos da amostra obtiveram


tempo discretamente maiores. Em relação ao número de erro, observa-se que houve um
aumento significativo nos valores entre as faixas etária de 60 – 69 anos e de 70 – 79 anos. Por
sua vez, os idosos acima de 80 anos apresentaram um quantitativo de erros menor,
comparados com os resultados de referência.
Portanto, nesta tarefa do teste, nota-se que os participantes apresentaram maior
dificuldade da atenção seletiva, isto evidenciado pelo aumento de tempo para execução. Os
idosos mostraram menor habilidade no manejo dos estímulos distratores, evidenciado pelo
aumento significativo do número de erros, principalmente na faixa etária de 60 – 69 anos. Por
outro lado os indivíduos acima de 80 anos, apresentaram discreta melhor no manejo das
informações irrelevantes.

Gráfico 10: Desempenho dos idosos no Teste Stroop – cartão e erro 1

CARTÃO 1 ERRO 1

60 – 69 70 – 79 + 80 60 – 69 70 – 79 + 80
Amostra 22,84
anos 24,77
anos 30
anos Amostra 1,1
anos 0,92
anos 0,46
anos
Referência 18,42 21,77 28,25 Referência 0,08 0,06 1

O gráfico 11 elucida o desempenho dos idosos no catão 1, comparativo com a curva de


normalidade. Os resultados revelam que a maioria dos idosos (75,5%) encontram-se com
desempenho nos quartis médio/inferior, e que 65,5% dos participantes apresentaram um
desempenho abaixo da média (24,37). Estes dados reforçam a magnitude da habilidade
cognitiva da atenção seletiva dos idosos, que apresenta um declínio importante, o que pode
interferir na tarefas que requeiram deste constructo e também no processo da memória, visto
que a atenção é o primeiro estágio do processo mnemônico (MALLOY-DINIZ et al, 2010).
67

Gráfico 11: Curva de desempenho dos idosos no Teste Stroop – cartão 1.

No cartão 2, o desempenho dos participantes foi similar aos demais, com resultados
evidenciando desempenho da atenção inferiores aos dados normativos. Vale ressaltar a
relação do números de erros, na qual houve um aumento significativo de erros dos
participantes da amostra, comparados com o desempenho dos idosos dos dados de referência,
como demonstra o gráfico 12. Importante ressaltar, que novamente os idosos acima de 80
anos apresentaram melhor habilidade de manejar os estímulos distratores, quando comparado
com os indivíduos das outras faixa etárias.

Gráfico 12: Desempenho dos idosos no Teste Stroop – cartão 2

CARTÃO 2 ERRO 2

60 – 69 70 – 79 + 80 60 – 69 70 – 79 + 80
Amostra 29,38
anos 35,9
anos 45,77
anos Amostra 1,23
anos 1,05
anos 1,15
anos
Referência 23,74 28,83 31,75 Referência 0,08 0,06 1
68

No cartão 3, o tempo de desempenho foi discretamente inferior comparado aos dados


de referência, para o grupo de 60-69 anos e o de 70-79 anos, por sua vez, os idosos acima de
80 anos utilizaram um tempo maior para a conclusão da tarefa. Concomitante à lentificação
para o desempenho, deste último grupo, houve um acréscimo no número de erros, para todas
as faixa etárias, mas com aumento mais significativo para a faixa etária de 60-69 anos (de
0,83 para 4,20 erros), ou seja, com aumento de 5 vezes no número de erros, como mostra o
gráfico 13. Para as outras faixa de idade o aumento no número de erros foi de 3,5 vezes para o
grupo de 70-79 anos (de 1,65 para 5,77 erros) e 2 vezes (de 3,5 para 7,61 erros) referente aos
idosos acima de 80 anos.
Um ponto chama a atenção, no decorrer dos resultados observou-se que os mais idosos
apresentaram um índice de erros bem menor, comparados com os dados dos estudos de
referência, para a população idosa brasileira. Enfim, foi um padrão observado nas três etapas
do teste, mas o desempenho dos idosos acima de 80 anos deste estudos, evidenciam que
apresentam um declínio em lidar com as informações irrelevante, quando comparados com os
dados de referência. Por outro lados, ao analisar com o desempenho com as pessoas das outras
faixas etárias, os que apresentam maior déficit no filtro da informação são os idosos de 60 a
69 anos. Enfim, o número menor de erros dos idosos acima de 80 anos também pode ser
justificado pelo fato que estes indivíduos levaram um tempo maior para completar a tarefa.

Gráfico 13: Desempenho dos idosos no Teste Stroop – cartão 3

CARTÃO 3 ERRO 3

60 – 69 70 – 79 + 80 60 – 69 70 – 79 + 80
Amostra anos
39,34 anos
48,87 anos
65,15 Amostra anos
4,19 anos
5,77 anos
7,61
Referência 40,38 55,9 56,75 Referência 0,83 1,65 3,5

Em relação aos resultados do desempenho, em todos os subtestes, eles foram maiores


que os dados normativos, mas vale salientar que o número de erros também foi muito superior
69

que os dados de referência, como já mencionado. Isto pode inferir que houve o aumento do
tempo, mas concomitante a isto ocorreu um aumento no número de erros, na qual a
diminuição da atenção seletiva pode ter contribuído de forma significativa para estes
resultados. Esta correlação direta, com a piora do desempenho, foi evidenciada também nos
estudos de STRAUSS et al (2006).
Indivíduos que apresentam desempenho cognitivo diminuído, lentificado ou hesitante,
como observados no efeito stroop (interferência), tendem a apresentar dificuldade de
concentração, incluindo dificuldade em inibir distrações (LESAK, 2004). Segundo Coutinho
et al (2010), a presença deste paradigma, envolve processos cognitivos de controle inibitório,
uma vez que informações conflitantes demandam que o indivíduo iniba o estímulo prepotente
(leitura), por uma resposta menos visual.
Segundo Cristensen (2006) há também uma relação do efeito de interferência (stroop)
e a idade, que denota um prejuízo da atenção seletiva e em especial do controle inibitório, que
são constructos interligados, evidenciado no gráfico 14. Estes dados corroboram que o
desempenho no efeito stroop, dos idosos, foi inferior, quando comparados com os dados de
referência, o que pode traduzir uma maior dificuldade no processo de inibição da informação.
Estudos evidenciam que o efeito stroop é observado em geral no desempenho de
indivíduos saudáveis, e de maneira mais acentuada em indivíduos com déficits de atenção
(SPREEN; STRAUS, 1998).

Gráfico 14: Efeito Stroop, por faixa etária.

Amostra 60 –16,84
69 anos 70 –24,1
79 anos + 80 anos
35,15
Referência 2,26 2,52 2,03
70

Outro ponto importante, em relação ao efeito stroop, é que os idosos da amostra


mostraram o efeito interferência muito maior que os dados normativos, e principalmente
porque estes valores apresentam um aumento proporcional com a variável idade, visto que a
média de 60-69 anos foi de 16,84 (± 16,02), de 70-79 anos foi de 24,10 (±26,17) e dos idosos
acima de 80 anos foi de 35,15 (±22,95). Ou seja, quanto maior a idade pior o desempenho dos
idosos na atenção e na flexibilidade cognitiva.
Enfim, os dados analisados evidenciaram uma performance geral dos idosos bem
diminuída no teste Stroop, além de verificar a influência direta da idade no desempenho, o que
pode inferir um declínio na performance da atenção seletiva e que este déficit aumenta numa
proporção direta com a idade, bem como a inibição dos estímulos distratores.
A respeito da relação entre a variável escolaridade e o desempenho dos idosos no teste
Stroop, foi realizada análise para normalidade da amostra, visto que os dados não
apresentavam distribuição de normalidade, na qual foi utilizado teste não paramétrico para
amostras independentes Kruskal-wallis e Anova para comparação das variáveis. Na análise
dos resultados, não houve diferença significativa em nenhum dos subtestes do Stroop com os
valores de stroop 1 (p = 0,62); stroop 2 (p =0,65); stroop 3 (p = 0,15); interferência (p = 0,29);
erro 1 (p = 0,27); erro 2 (p = 0,63) e erro 3 (p = 0,37).
Os dados elucidam que neste estudo não houve relação positiva entre Stroop e
escolaridade, ou seja, os anos de estudos não interferiram de forma significativa no resultados
do desempenho do teste Stroop em idosos, por consequência não interferindo na habilidade
atencional. Apesar destas evidências, na literatura há estudos que fazem a correlação positiva
da educação formal e o teste de Stroop (STRAUSS et al, 2006).
Outros estudos, que fazem esta associação também, foram realizados por Klein et al
(2010) e por Ávila et al (2009), que observaram que quanto maior o nível de escolaridade
melhor o desempenho dos idosos. Em contrapartida, estes estudos não notaram a variável
idade, como fator de interferência no desempenho entre os idosos.
Segundo Cerqueira et al (2006), a escolaridade é uma variável que interfere no
desempenho dos testes cognitivos de forma positiva, na qual a influência da educação formal
pode aumentar a aptidão cognitiva. Conforme Engelhard et al (1998, p. 77) “...os efeitos da
educação não somente interferem na aprendizagem de conhecimentos e habilidades
específicas, mas também aumentam a eficiência geral no processamento e manejo da
informação".
Por fim, na comparação do Stroop e sexo, os grupos apresentaram normalidade, na
análise foi utilizado o teste –t, para amostras independentes, com significância somente para o
71

cartão 1 (p = 0,001). Há evidências que o desempenho dos homens seja inferior na atenção
seletiva, como já mencionado também no teste de trilhas. Outro ponto importante, são os
tempos aumentados para conclusão do teste, nas três etapas, com valores médios do cartão 1
para mulheres foi de 23,55 segundos (±8,92) e homens 31,82 segundos (± 14,75); no cartão 2
a média para mulheres foi de 33,09 segundos (±14,21) e homens 38,45 segundos (19,18); por
fim no cartão 3 a mulheres obtiveram 45,50 segundos (±21,16) e os homens 48,18 segundos
(18,84). Portanto a variável sexo sugere uma interferência na habilidade atencional,
evidenciando um desempenho dos homens inferior quando comparados com as mulheres
idosas. Importante salientar que a amostra dos homens, neste estudo, foi reduzido (11 idosos),
o que merece estudos com uma amostragem maior.
Para a avaliação da memória foram utilizados dois instrumentos, o primeiro foi Lista
de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, que tem o constructo na memória auditiva e o
segundo a Reconhecimento da Lista de Figuras, que prioriza a avaliação da memória no foco
das pistas visuais.
O objetivo do teste de Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT) é
avaliar o aprendizado verbal e a memória, principalmente a memória episódica. O RAVLT é
teste de medida breve, que acessa a capacidade de memória imediata (memória de trabalho -
A1), o índice de aprendizagem (somatória de A1 a A5), a evocação tardia livre (memória
longo prazo – A7) e a capacidade de recordação (REC). A versão utilizada no presente estudo
é a mesma do estudo de Lima (2007), sendo a pontuação máxima das variáveis é de 15, exceto
o índice de aprendizagem (A1 a A5) que é de 75.
Para Costa et al (2004), os testes que envolvem a habilidade de aprendizagem, isto é, a
repetida exposição ao material a ser recordado, são mais sensíveis para detectar prejuízos de
memória do que testes apresentados somente uma vez. Isto é o que acontece no RAVLT, visto
que se lê a lista de palavras para o indivíduo, pausadamente, cinco vezes consecutivas, para
posterior evocação.
Na análise estatística, os subconjuntos mostraram homogeneidade, não apresentando
diferença significativa entre eles, visto que a idade é uma variável que não apresenta
interferência no desempenho das tarefas do RAVLT. Os valores de significância foram: A1
com p = 0,30; A2 com p = 0,11; A3 com p = 0,74; A4 com p = 0,74; A5 com p = 0,16; lista B
com p = 0,43; A6 com p = 0,46; A 7 com p = 0,49; A1A5 com p = 0,09 e REC com p = 0,25.
Apesar da hipótese ser rejeitada do RAVLT e idade, é importante fazer algumas
considerações do desempenhos dos idosos com os dados de referência e mesmo entre as faixa
etárias.
72

Os resultados do RAVLT, entre os idosos deste estudo, são apresentados na tabela 10,
com os dados descritivos de média, mediana, desvio padrão e valor máximo e mínimo. Outra
variável considerada é o valor de aprendizagem (somatória dos pontos de A1 a A5), a
evocação tardia (memória a longo prazo – A7) e a recordação de palavras (REC).

*
Tabela 10: Desempenho dos idosos no RAVLT .

A1 A2 A3 A4 A5 Lista B A6 A7 REC A1A5


n 110 110 110 110 110 110 110 110 110 110
Mediana 4,00 6,0 7,0 9,0 9,5 3,0 7,0 7,0 11,5 34,0
Média 3,8 6,26 7,52 9,34 9,40 3,64 7,45 7,64 10,81 35,89
DP 1,68 2,17 2,52 2,40 2,28 1,67 2,65 2,77 4,01 9,59
Mínimo 0 2,0 2 3,0 3,0 0,0 0,0 2,0 -3,0 16,0
Máximo 8 14,0 15,0 14,0 15,0 8,0 14,0 14,0 16 64,0
*RAVLT é a sigla do instrumento Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Vale ressaltar que os valores de A1 a A5 se mostraram crescentes, o que confere uma


capacidade de aprendizagem preservada, isto é um indicativo fundamental no envelhecimento,
sobre a capacidade mnemônica da memória. Segundo Mattos (2003), um desempenho normal
no RAVLT é caracterizado pelo aumento de palavras memorizadas no decorrer das tarefas de
A1 a A5, caracterizando uma curva de aprendizagem positiva.
A tabela 11 traz os resultados da amostra, comparando com os dados de referência,
considerando a variável idade.
73

Tabela 11 : Resultados do RAVLT*, por faixa etária.


60 a 69 anos 70 a 79 anos + 80 anos
Amostra Referência Amostra Referência Amostra Referência
A1 4,22 5,7 3,51 5,15 2,77 4,25
(±1,63) (±1,4) (±1,54) (±1,05) (±1,79) (±1,35)
A2 6,52 8,0 6,23 6,8 5,23 5,9
(±2,02) (±1,65) (±2,46) (±0,5) (±1,69) (±1,4)
A3 8,14 9,35 7,36 7,7 5,23 6,65
(±2,45) (±1,7) (±2,28) (±1,15) (±2,28) (±1,55)
A4 9,31 10,5 8,79 9,15 7,54 7,85
(±2,53) (±1,65) (±2,17) (±1,25) (±2,07) (±1,55)
A5 9,78 11,75 9,10 10,65 8,54 9,8
(±2,55) (±1,70) (±1,93) (±1,35) (±1,61) (±1,9)
Lista 3,78 4,65 3,61 4,2 3,15 3,3
B (±1,59) (±1,05) (±1,84) (±1,3) (±1,67) (±1,65)
A6 8,10 10,4 7,18 8,9 5,38 8,05
(±2,74) (±2,0) (±2,39) (±1,25) (±1,71) (±2,1)
A7 8,22 9,95 7,31 8,3 6,0 6,85
(±2,90) (±2,3) (±2,61) (±1,15) (±1,73) (±2,05)
REC 11,57 10,9 10,05 7,4 9,69 5,3
(±3,98) (±2,9) (±3,80) (±3,05) (±4,40) (±4,45)
A1A5 37,97 45,35 35,00 39,45 29,31 34,45
(±9,78) (±6,55) (±9,03) (±3,95) (±7,26) (±5,95)
*RAVLT é a sigla do instrumento Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

O gráfico 15 elucida o desempenho dos idosos no teste RAVLT, na faixa etária de 60 a


69 anos. Os dados mostram a variável da memória de trabalho, com média de 4,22 (±1,63),
um pouco abaixo do valor de referência que é 5,7 (±1,4). Vale ressaltar que todos os valores
foram inferiores dos valores de referência, exceto na etapa de recordação, na qual os idosos da
amostra mostraram um melhor desempenho em reconhecer as palavras. Um justifica deste
desempenho inferior, pode ser em virtude da diferença da amostra do estudo de referência e
dos idosos deste estudo, visto que os indivíduos de referência apresentavam um grau de
escolaridade elevado (11 anos), outra diferença importante é que no estudo de referência 50%
dos participantes eram homens.
Na variável reconhecimento (REC), a média de recordação foi de 11,57 (±3,98) e a
média de referência foi de 10,9 (±2,9), o que confere uma discreta melhora no desempenho do
reconhecimento das palavras de 6,15%, dos idosos da amostras em comparação aos idosos do
estudo de referência. Estes dados podem inferir que os indivíduos idosos, deste estudo,
conseguem ter uma melhor recordação quando há uma pista, para facilitar a evocação da
74

informação, ou seja, houve o processo de memorização da palavra, mas há uma dificuldade na


estratégia de acessar esta informação na forma da evocação livre. Por esta dificuldade, há a
necessidade da pista (leitura de várias palavras), para facilitar a recuperação da informação.

Gráfico15: Desempenho dos idosos de 60 a 69 anos no RAVLT*.

*RAVLT é a sigla do instrumento Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Este desempenho leva à reflexão, que durante a realização do teste, os idosos


conseguiram gravar a palavra (memorização), caracterizando que estes indivíduos não
apresentam déficits nesta etapa da memória, isto porque se não houvesse a memorização da
informação não haveria seu resgate posteriormente. Em contrapartida, observa-se uma
dificuldade no resgate desta informação, visto que na evocação livre (A7) a média foi de 8,22
(±2,90), mas quando há uma pista esta média sobe para 11,57 (±3,98). Isto pode caracterizar
que, quando o processo de codificação é deficitário, a etapa de resgate também apresenta um
declínio, visto que no momento do armazenamento não ocorreu a elaboração e tratamento das
informações necessária para que pudesse ter uma evocação livre adequada.
Em relação a faixa etária de 70 a 79 anos, o gráfico 16 identifica o desempenho dos
idosos em todas as subtarefas do teste. Analisando este gráfico, observa-se que os resultados
também foram inferiores, quando comparados com os dados de referência. Vale salientar que
os dados de referência mostram uma queda de desempenho, entre as etapas de A7 e REC, com
médias de 8,3 (±1,15) e 7,4 (±3,05), respectivamente.
75

Gráfico16: Desempenho dos idosos de 70 a 79 anos no RAVLT*.

A1 A2 A3 A4 A5 Lista B A6 A7 REC
Amostra 3,51 6,23 7,36 8,79 9,1 3,61 7,18 7,31 10,05
Referência 5,15 6,8 7,7 9,15 10,65 4,2 8,9 8,3 7,4

Nesta análise pode-se inferir que os idosos da faixa etária de 70 a 79 anos, apresentam
uma melhora significativa no desempenho do reconhecimento das palavras, ao contrário dos
resultados dos sujeitos de referência, que demonstram um declínio no reconhecimento das
palavras, em relação a etapa de evocação livre (A7), sendo que os participantes da amostra
demonstraram maiores recursos e estratégia para a habilidade de recordação com pistas. Nesta
etapa também fica evidente, como já citado, que a informação foi armazenada, mas necessitou
de pista externa para seu resgate.
Outro ponto que reforça esta percepção é a comparação dos resultados de recordação,
na qual observa-se melhora no desempenho, com maior recordação no número de palavras,
sendo a média de 7,4 (±3,05) para os dados de referência e de 10,05 (±3,80) para os idosos da
amostra, evidenciando melhora do desempenho em 41,89%.
Na faixa etária dos idosos acima de 80 anos, os dados seguem os mesmo padrões, das
faixas etárias anteriores. Em particular observa-se algumas peculiaridades específicas, no
desempenho dos idosos desta faixa etária. O primeiro ponto, refere-se ao resultado da
subtarefa A3, na qual observa-se que nesta etapa há um platô no valor do desempenho. Em
termos de palavras memorizadas, na etapa A2 a média de memorização foi de 5,23 (±1,69), na
A3 foi de 5,23 (±2,28) e na A4 foi de 7,54 (±2,07), isto traduz que entre os intervalos de A2 e
A3 não houve memorização de novas palavras, podendo caracterizar uma dificuldade no
processo de aprendizagem. Por consequência pode indicar uma dificuldade na memória, entre
os idosos acima de 80 anos, como evidencia o gráfico 17.
76

Gráfico17: Desempenho dos idosos acima de 80 anos no RAVLT*.

A1 A2 A3 A4 A5 Lista B A6 A7 REC
Amostra 2,77 5,23 5,23 7,54 8,54 3,15 5,38 6 9,69
Referência 4,25 5,9 6,65 7,85 9,8 3,3 8,05 6,85 5,3

*RAVLT é a sigla do instrumento Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Em relação a variável índice de aprendizagem, nas faixas etárias anteriores, não foi
observado este fenômeno, visto que em toda fase de aprendizagem (de A1 a A5) houve um
crescente de memorização das palavras.
Outro ponto interessante é que os idosos da amostra apresentaram um desempenho
bem inferior na subetapa A6 com média de 5,38 (±1,71), sendo a média dos idosos de
referência de 8,05 (±2,10). Em compensação, na etapa subsequente (A7) há uma recuperação
no desempenho dos sujeitos deste estudo, apresentando resultados similares ao de referência,
com média de 6,00 (±1,73) para idosos do estudo e média de 6,85 (±2,05) para os de
referência. Ou seja, estes dados mostram que houve uma dificuldade na evocação da
informação na memória a curto prazo, na qual a lista de distratores (lista B) pode ter
influenciado no desempenho da recordação das palavras, na etapa seguinte (A6).
Este dado corrobora que a manipulação e seleção das informações necessárias dos
distratores (fatores atencionais) podem interferir no processo da evocação da informação,
como também foi evidenciado nos resultados do teste de trilha B e nos teste de cancelamento.
Se o problema fosse dificuldade de memorizar as palavras, ou seja um déficit somente da
memória, os idosos não apresentariam uma melhora do desempenho na subtarefa A7, pois não
pode resgatar uma informação que não esteja memorizada.
Por fim, também foi evidenciado um melhor desempenho dos idosos, na fase de
reconhecimento com média de 9,69 (±4,40), comparada com a média de referência que é de
77

5,3 (±4,45). Novamente, fica evidente que a informação foi armazenada/memorizada, mas há
uma dificuldade em acessar esta informação, o que necessita de pistas externas para melhor
resgate da palavra memorizada.
Em relação ao índice de aprendizagem, que é evidenciado pela somatória de A1 a A5,
o gráfico 18 demonstra o este índice, por faixa etária. Interessante ressaltar que em todas as
faixas etárias, a linha de aprendizagem é uma crescente, mesmo nos idosos acima de 80 anos.
Isto evidencia que a capacidade de aprendizagem perdura por todas as etapas do
desenvolvimento humano, inclusive nos idosos mais velhos, o que faz rever o paradigma de
que o idoso não é capaz de aprender novas informações e conteúdo.

Gráfico 18: Índice de aprendizagem dos idosos, variável idade

A1 A2 A3 A4 A5
60 a 69 anos 4,22 6,52 8,14 9,31 9,78
70 a 79 anos 3,51 6,23 7,36 8,79 9,1
Acima de 80 anos 2,77 5,23 5,23 7,54 8,54

Ao analisar o índice de aprendizagem, observa-se que a média dos idosos de 60 69


anos foi de 37,97 (±9,78), a de 70 a 79 anos foi de 35,0 (±9,03) e dos idosos acima de 80 anos
foi de 29,31 (±7,26). Importante ressaltar que o índice de aprendizagem dos idosos de 60-69
anos foi muito próximo dos de 70 a 79 anos, inclusive com a mesma característica no desenho
da linha de aprendizagem, como se observa no gráfico 18. Nos indivíduos acima de 80 anos
este processo de aprendizagem não é tão linear e crescente, como observado nas etapas
anteriores, na qual há um platô no processo de aprendizagem, como já discutido
anteriormente.
Por outro lado, ao analisar a linha de aprendizagem relacionada com os anos de
escolarização, no gráfico 19, observa-se que nos três grupos há um aprendizado crescente e
constante. Diferentemente do grupo de idosos acima de 80 anos, que o índice de
78

aprendizagem entre a fase A2 e A3 permanece estável, o que confere um índice de


aprendizagem com platô ao longo do processo de aprendizagem.
Gráfico19: Índice de aprendizagem e as variável escolaridade

A1 A2 A3 A4 A5
0-5 ANOS 3,44 5,78 6,99 8,31 8,99
6 A 10 ANOS 4,37 6,87 8,12 9,87 9,87
ACIMA DE 11 ANOS 4,77 7,85 9,38 10,54 10,77

Em relação aos valores do índice de aprendizagem e escolarização, observa-se que o


pior desempenho para aprendizagem, foram apresentados pelo idosos com escolarização de 0
a 5 anos, como observado no gráfico 20.
Por outro lado, os indivíduos que frequentaram a educação formal por mais de 10
anos, apresentaram os maiores valores para o índice de aprendizagem. Nesta perspectiva,
pode-se inferir que a escolarização pode ser um fator protetivo no que se refere à
aprendizagem e memória, no processo do envelhecimento
Gráfico20: Índice de aprendizagem e escolarização.

ÍNDICE APRENDIZAGEM E
ESCOLARIDADE
ACIMA DE 11 ANOS 64,62

6 A 10 ANOS 58,84

0-5 ANOS 50,81

0 10 20 30 40 50 60 70

O estudo de Malloy-Diniz et al (2007) corrobora com estes achados, na qual os idosos


com alto grau de escolaridade obtiveram desempenho melhores em todas as medidas de A1 a
79

A5, o que parece conferir que a escolaridade pode ter um enorme impacto sobre o
desempenho do RAVLT e por consequência sobre a memória.
Importante observar que quando o desempenho da memória de trabalho (A1) é maior,
a evocação tardia livre (A7) e o reconhecimento (REC) também apresentam resultados
melhores, como é evidenciado no gráfico 21. Estes dados reforçam a importância da memória
de trabalho no processo da memorização e, principalmente, na memória a longo prazo, no
momento da resgate livre da informação.
Gráfico 21: Desempenho memória de trabalho, memória longo prazo e reconhecimento

Os dados deste estudo evidenciam que há uma diminuição da memória de trabalho


com o avanço da idade, na qual os idosos acima de 80 anos apresentam um desempenho
inferior, comparado aos indivíduos de 60 a 69 anos, o que também acaba refletindo de forma
linear no desempenho da evocação tardia livre da informação.
Uma justifica para esta dificuldade na memória de trabalho, pode ser pelas
dificuldades atencionais, evidenciado nos testes de atenção, visto que o executivo central da
memória de trabalho é desempenhado pelas habilidades atencionais. Ou seja, no momento da
codificação da informação à ser memorizada, a atenção que faz este processo de
reconhecimento, detalhamento e manipulação da informação. Se há um processo deficitário na
hora de trabalhar a informação, esta dificuldade perpassa por todas a outras etapa do processo
da memória, como foi evidenciado no desempenho dos idosos deste estudo.
O outro instrumento, utilizado na avaliação da memória foi o teste de reconhecimento
de figuras, que destina-se também, para avaliar a memória episódica, só que usando
preferencialmente a alça visual do processo de memorização. A utilização deste teste é devido
a escolarização não ter tanta interferência nos resultados, como no teste de RAVLT, bem
80

como também conhecer o processo de memorização na perspectiva visual e não somente na


auditiva.
Os resultados do desempenho dos idosos, no teste de reconhecimento de figura, foram
analisado nas variáveis descritivas, que envolve média, mediana, desvio padrão, valor
máximo, mínimo e também os valores dos quartis. A tabela 12 traz estes dados de forma
bastante explicativa.

Tabela 12: Resultados do Teste de Reconhecimento de Figuras.


Percepção Atenção Memória de Evocação Reconhecimento
Visual Trabalho Tardia
N 110 110 110 110 110
Mediana 10,0 6,0 9,0 9,0 10,0
Média 9,71 6,29 8,43 8,51 9,88
DP 0,55 1,59 1,47 1,19 0,40
Mínimo 8,0 2,0 2,0 5,0 7,0
Máximo 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0

Os dados mostram que os idosos, neste teste, apresentaram média de desempenho alta,
principalmente na memória de trabalho, na memória a longo prazo e no reconhecimento,
sendo estas médias de 8,43 (±1,47), 8,51 (±1,19) e 9,88 (±0,40), respectivamente. Vale
ressaltar que o valor máximo que cada idosos poderia obter nas subtarefas era de 10. Estes
resultados trazem a reflexão de que a utilização do estímulo visual, no processo de
memorização, pode ser um fator adicional, o que resulta no melhor desempenho para a
retenção da informação no momento da codificação, bem como na memorização, evocação
tardia livre e principalmente no reconhecimento.
A memória visual apresentou melhores resultados entre os idosos desta amostra,
quando comparada com a memória auditiva, do teste de RAVLT, como demonstra o gráfico
22. Importante observar que a diferença de desempenho da memória de trabalho, entre os dois
teste, visto que no teste de reconhecimento o idosos obtiveram o desempenho de 84,30%. Em
contrapartida, nesta mesma variável, o desempenho foi de 26,65 %, o que confere a reflexão
que na etapa da codificação, do processo da memorização, o estímulo visual é muito mais
eficaz que o estímulo auditivo, nos idosos deste estudo. Esta particularidade é notado também
na evocação tardia livre (memória a longo prazo) e no reconhecimento.
81

Gráfico 22: Desempenho do RAVLT* e Teste de Reconhecimento de Figuras.

98,80%
84,30% 85,10%

100,00%
73,33%
80,00%
46,65%
60,00%
26,65%
40,00%

20,00%

0,00%
Memória trabalho Evocação Tardia Reconhecimento

RAVLT RECONHECIMENTO FIGURAS

*RAVLT é a sigla do instrumento Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Enfim, estes dados podem traduzir a orientação que no processo de aprendizagem de


uma nova informação ou mesmo para a melhor memorização desta informação, é importante
associar o estímulo visual, visto o melhor eficácia desta variável no desempenho da memória
entre os idosos.
Importante salientar que, apesar dos desempenhos altos, no teste de reconhecimento
de figuras, na subtarefa que avalia a atenção, os idosos apresentaram um desempenho
discretamente inferior, quando comparado aos dados das outras etapas, como demonstra o
gráfico 23.
82

Gráfico 23: Desempenho Teste de Reconhecimento de Figuras.

9,71 9,88
8,43 8,51
6,29

Percepção Visual Atenção Memória de Evocação Tardia Reconhecimento


Trabalho

Como este teste não tem dados normativos para a população idosa, na análise
estatística foi rodado os resultados dos quartis, com intuito de obter a distribuição do
desempenho dos idosos, o que pode permitir uma possível classificação dos resultados em
desempenho baixo, médio e alto. O gráfico 24, demonstra estes quantitativos, na qual se
observa que em todas as subtarefas foi possível a quantificação somente em dois quartis, um
quartil inferior e outro superior, visto que os valores dos desempenho dos idosos serem muitos
próximos. Somente na subtarefa da atenção foi possível a divisão em desempenho em inferior,
médio e alto.
Estes dados corroboram o bom desempenho dos idosos quando envolve a habilidade
da memória visual, com discreto desempenho inferior na etapa que exige maior envolvimento
da habilidade atencional
83

Gráfico 24: Distribuição dos quartis, no Teste de Reconhecimento de Figuras

Percepção Visual Atenção

Baixa Media/A
Percepção lta
24,50% 75,00% Atenção 33,60%
Baixa 22,80%
Media 43,60%
Alta
Visual

Memória Trabalho Evocação Tardia

Baixa Média/Alt Baixa Média/Alt


Memória a Evocação a
42,70% 57,30% 40,00% 60,00%
Trabalho Tardia

Evocação Tardia

Evocação Tardia Baixa


40,00% Média/Alta
60,00%

No sentido de aprofundar a análise, foi realizada a comparação dos resultados do teste


de reconhecimento de figuras com as variáveis idade e escolarização. Para tal comparação, foi
utilizado o teste estatístico Anova, o qual não apresentou relação de significância em nenhum
teste, nem mesmo subtarefas, visto que a hipótese nula foi rejeitada, tanto em relação a idade,
com os valores na tabela 13, bem como com os anos de educação formal (tabela 14). O grupo
apresentaram normalidade.
84

Tabela13: Desempenho no Teste de Reconhecimento de Figura por faixa etária


60 – 69 anos 70 – 79 anos Acima de 80 Valor p
anos
N 58 39 13
Percepção 9,84 9,64 9,30 0,03
visual (0,41) (0,58) (0,75)
Atenção 6,22 6,64 6,07 0,68
(1,43) (1,94) (1,03
Memória de 8,58 8,31 8,10 0,44
Trabalho (1,24) (1,88) (0,95)
Evocação 8,62 8,38 8,38 0,56
Tardia (1,17) (1,26) (1,04)
Reconhecimento 9,88 9,92 9,77 0,49
(0,46) (0,27) (0,44)

Tabela 14: Desempenho no Teste de Reconhecimento de Figura por escolarização


0 - 5 anos 5 – 10 anos Acima de 10 anos Valor p
escolarização escolarização escolarização
N 73 24 13
Percepção 9,63 9,83 9,92 0,09
visual (0,56) (0,56) (0,28)
Atenção 6,25 6,58 6,0 0,52
(1,64) (1,44) (1,58)
Memória de 8,29 8,87 8,38 0,24
Trabalho (1,60) (1,07) (1,26)
Evocação 8,37 8,83 8,69 0,21
Tardia (1,20) (0,92 (1,44)
Reconhecimento 9,88 9,92 9,85 0,86
(0,44) (0,28) (0,37)
85

O gráfico 25 mostra os resultados do teste de reconhecimento de figuras, tanto com a


variável idade, bem como com a escolarização. Observa-se que os resultados são muito
lineares e próximos do valor máximo, exceto na etapa da atenção, que se apresenta rebaixada
para todas as classes.

Gráfico 25: Comparativo do Teste de Reconhecimento de Figuras

10

0
60 – 69 anos 70 – 79 anos Acima de 80 0 - 5 anos 5 – 10 anos Acima de 10
anos escolarização escolarização anos
escolarização

Percepção visual Atenção Memória de Trabalho Evocação Tardia Reconhecimento

Portanto, o estímulo visual é uma variável que facilita todo o processo de


memorização, entre os idosos, configurando um melhor desempenho. Outro ponto relevante,
entre os idosos, é que as tarefas de reconhecimento tendem a acessar melhor a informação
(ABRISQUETA-GOMEZ, 2013), como pode ser observado tanto no reconhecimento de
figuras bem como na etapa de reconhecimento do RAVLT.
Enfim, além de um desempenho bom, importante ressaltar que a habilidade atencional
apresentou um desempenho inferior, quando comparada com a memória de trabalho, memória
a longo prazo e reconhecimento. Ou seja, estes dados evidenciam que pode haver um
rebaixamento da habilidade atencional, como foi evidenciado nos testes atencionais anteriores
(Testes de Cancelamento e Trilhas).
86

O teste de Span de dígito é muito utilizados, com aplicação rápida, na qual a subtarefa
da ordem direta verifica as habilidades atencionais e a ordem inversa a capacidade da
memória de trabalho.
O desempenhos dos idosos, neste estudo, evidenciou que os participantes na ordem
direta apresentaram a média de recordação de 5,19 (±1,04) dígitos e para ordem inversa de
3,25 (±1,11) dígitos. Estes resultados estão bem próximo da mediana e os valores mínimo e
máximo foram de 3,0 e 0 para ordem direta e 9,0 e 7,0 para ordem inversa, como mostra a
tabela 15.

Tabela 15: Resultados do Span de Dígitos


DIRETO INVERSO

n 110 110
Mediana 5,00 3,00
Média 5,19 3,25
dp 1,04 1,11

Mínimo 3,0 0
Máximo 9,0 7,0

O desempenho dos idosos, desta amostra estão em conformidade com os resultados da


literatura, na qual a média de referência, para os idosos é de 4,88 (±1,08) para ordem direta e
de 3,66 (± 0,73) para ordem inversa.
Para análise estatística, os grupos eram homogêneos, na relação do teste Span com a
variável idade, foi realizado o teste estatístico Student-t, na qual houve a hipótese nula foi
rejeitada, com significância para a ordem direta de p = 0,84 e inversa p = 0,12. Apesar de não
haver uma correlação, ao analisar o desempenho entre a média dos homens e mulheres
observa-se que o desempenho dos homens idosos é discretamente superior na memória de
trabalho (ordem inversa), tanto comparado com a média da mulheres, bem como com a média
geral, como demonstra o gráfico 26.
87

Gráfico 26: Desempenho Span dígitos e distribuição sexo.

6
5,19 5,18 5,27 5,27
5

4
3,25 3,2
3

0
MÉDIA MULHERES HOMENS MÉDIA MULHERES HOMENS

DIRETO INVERSO

Para avalia a autoeficácia foram utilizado instrumento de percepção de autoeficácia


geral e da memória, importante ressaltar a escassez de estudos nesta temática, tanto em dados
para a comparação como em instrumentos validados para serem utilizados.
O primeiro instrumento utilizado foi a escala de autoeficácia geral percebida (EAEGP)
consta de 10 perguntas, na qual o indivíduo quantifica, com uma nota (de 1 a 4). O escore
máximo é de 40 pontos que se traduz em uma alta percepção de autoeficácia geral, e o valor
mínimo é de 10 pontos, que significa baixa percepção de autoeficácia geral.
No Brasil há pouco estudos na temática de autoeficácia e principalmente na população
idosa, na qual os estudos estão mais focalizados na população de adolescentes, como o estudo
de Sbicijo et al (2012). O desempenho dos idosos, deste estudo, mostraram os seguintes
resultados, em relação aos dados descritivos de média, media e desvio padrão, como
demonstra a tabela 16.

Tabela 16: Resultados da percepção da Autoeficácia Geral em idosos.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total
Mediana 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 36,00
Média 3,59 3,50 3,6 3,71 3,33 3,57 3,50 3,36 3,35 3,26 34,78
Dp 0,67 0,87 0,81 0,69 0,99 0,86 0,94 0,97 0,98 0,96 5,70
Mínimo 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 36,00
Máximo 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 40,00
88

Os dados traduzem uma percepção de autoeficácia alta, entre os idosos desta amostra,
visto que a média total foi de 34,78 (±5,7). Os valores médios de cada item ficou entre 3,26 a
3,71, muito próximo do valor máximo que é 4, conferindo a alta percepção da autoeficácia.
No estudo de Sbicijo et al (2012), que verificou a percepção de autoeficácia geral
percebida entre os adolescente do Rio Grande do Sul, verificou que a percepção da
autoeficácia geral era alta entre os adolescentes, com média de 33,01 (±5,15). Neste contexto,
nota-se que a percepção da autoeficácia dos idosos foi discretamente maior, comparada com a
percepção dos adolescentes, como evidencia o gráfico 27. Este dado é relevante, pois pode
traduzir que o processo de envelhecer pode não ter ação sobre a percepção da autoeficácia
geral, visto que neste estudo evidenciou a manutenção e até discreta melhora da percepção da
autoeficácia geral.

Gráfico 27: Percepção da Autoeficácia Geral em idosos e adolescentes.

35

30

25

20

15

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total

Idosos Adolescentes

O constructo do embasamento da EAEGP é a percepção da sua capacidade, o que


permite aos indivíduos executarem tarefas novas, difíceis, ou o enfrentamento de adversidades
em vários domínios da atuação da atividade humana (SBICIJO et al, 2012; XAVIER, 2001).
Uma analogia, deste pressuposto, para a população idosa traduz num movimento em que o
indivíduo envelhece, mas mantém a percepção da sua autoeficácia geral elevada, na qual faz
com que o idoso mantenha a sua capacidade de enfrentamento e de desafios. Portanto, a
pessoa idosa mantém as suas expectativas positivas de enfrentamento em relação as situações
do futuro.
89

Os mecanismos de autorregulação do self, dentre eles o enfrentamento e o senso de


autoeficácia, são importantes para a adaptação e o restabelecimento do bem estar diante dos
eventos estressantes e a manutenção da integridade psicológica (BANDURA, et al, 2008;
FREIRE, 2001). A percepção de autoeficácia do enfrentamento é definida como a crença que
o indivíduo tem nas suas próprias capacidades para organizar e executar e os comportamentos
necessários para lidar com situações estressantes, ambíguas e imprevisíveis (AZZI;
PLYDORO, 2006; FREIRE, 2001). As consequências e os efeitos dos eventos são sentidos
individualmente e dependem de avaliações que o indivíduo faz sobre o valor ou o peso de
determinada situação e dos recursos pessoais de que dispõe para enfrentá-la.
No momento da avaliação da escala de autoeficácia geral (EAEGP), observou-se um
comportamento bastante peculiar, em especial ao último item do instrumento, que perguntava
“Eu geralmente consigo enfrentar qualquer adversidade”. Praticamente todos os idosos,
correlacionavam a resposta desta pergunta a espiritualidade, ou seja, sempre associavam que
coma existência de Deus eles (idosos) poderiam enfrentar qualquer problema. Outra
associação que faziam era que existia uma entidade superior, e que para este Deus nada era
impossível.
Mediante o fator da religiosidade em particular, pode ser um dos fatores que interfere
na percepção de autoeficácia geral tão positivas. Segundo Fortes (2005) a religião e a
espiritualidade têm sido relatadas como importantes estratégias de enfrentamento, pois atuam
como mecanismos protetores do self, ajudam na manutenção do senso de significado e
proporcionam conforto diante do declínio da capacidade funcional e mesmo do evento da
morte. Ou seja as religiões oferecem dispositivos que funcionam como amortecedores e
suportes em momentos de crise, particularmente no enfrentamento de doenças crônicas
(TRENTINI et al, 2005).
Na análise dos valores em quartis, os idosos que apresentavam percepção de
autoeficácia geral negativa, apresentaram o desempenho ≤ 31,75, que equivale a 24,5% (27
idosos) da amostra, a percepção média ficou no intervalo de 31,8 a 39,9, que corresponde a
47,3% (52 indivíduos) e os idosos de percepção alta apresentaram valores igual a 40,
correspondendo a 28,2% (31 idosos). O gráfico 28 demonstra que a maioria dos idosos
encontram-se com percepção de autoeficácia geral positiva e média, na qual corresponde a
75,5% da amostra de idosos.
90

Gráfico28: Distribuição do desempenho EAEGP* na curva de normalidade

* Escala de Autoeficácia Geral Percebida

Na comparação dos resultados da autoeficácia geral percebida com a variedade de


idade, não houve significância com p = 0,72, bem como com a escolaridade, com p = 0,76, na
qual foi realizado o teste Anova, para ambas a correlações, e os grupos apresentaram
homogeneidade. Ou seja, tanto a idade quanto o grau de instrução não possuem ação sobre a
percepção da autoeficácia geral, entre os idosos desta amostra. O estudo elaborado por Rabelo
(2005), relatou que as diferenças de idade, sexo e ambiente podem ser influenciadores no
desenvolvimento e na expressão da autoeficácia, na qual os dados deste estudo não
compartilham com os mesmo resultados, visto que não foram observados correlações, como já
citado.
Portanto, a presença da percepção positiva da autoeficácia geral, na velhice pode
aparecer como um forte indício de envelhecimento ativo1 e longevidade. Uma justificativa,
para a permanência da autoeficácia geral, ao longo da vida, evidenciado neste estudo, pode ser
por processo compensatório que o idoso desenvolve ao longo da vida. Ou seja, no
envelhecimento pode ocorrer declínios físicos mentais variados, em contrapartida a
autoeficácia geral pode não apresentar o mesmo nível de declínio, devido aos processos

1
Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança com o
objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem (OMS, 2005).
91

compensatórios, mudanças de crenças, motivações e outros mecanismos de autoproteção


(GECAS, 2003).
Para avaliar a autoeficácia no domínio da cognição, ou seja, a autoeficácia da
memória, que correlaciona-se com as crença que o indivíduo tem sobre seu próprio
desempenho, ou seja, é a autopercepção do desempenho da memória que cada uma tem sobre
a sua própria competência. O Teste de Percepção Subjetiva de Memória (MAC-Q), é um
instrumento de autoadministração, com objetivo de investigar como o indivíduo percebe a
competência da sua memória.
O MAC-Q foi aplicado na amostra, a tabela 12 mostra os dados dos desempenho dos
idosos, em cada item e o valor total.

Tabela12: Resultados do Teste de Percepção Subjetiva de Memória


MAC 1 MAC 2 MAC 3 MAC 4 MAC 5 MAC 6 MAC
TOTAL
N 110 110 110 110 110 110 110
Mediana 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 8,0 28,0
Média 4,2 3,83 4,16 3,91 3,77 8,40 28,29
Dp 0,85 0,96 0,78 0,93 0,97 1,66 4,48
Mínimo 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 2,0 11,00
Máximo 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 10, 35,0

A pontuação máxima do MAC-Q é de 35 pontos, na qual a classificação se dá quanto


maior o valor, mais negativa é a percepção de falha da memória. Entretanto, se considera
percepção negativa da memória quando o escore final é maior que 25 pontos. O intervalo de
15 a 25 pontos, o desempenho é considerado como dificuldades da memória, por fim
pontuação abaixo de 15 pontos considera-se que não apresenta percepção de dificuldade da
memória. A média total do desempenho, entre os idosos deste estudo, foi de 28,29 (±4,48),
sendo valor máximo de 11,0 e mínimo de 35,0, o gráfico 29 demonstra que 82,7% (91) dos
idosos relataram uma percepção negativa da memória e somente 0,9 % (1) apresentou uma
percepção da memória boa. Por fim, é um dados relevante, pois 99,10% (109), apresentaram
alguma queixa subjetiva da memória.
92

Gráfico 29: Desempenho do Teste de Percepção Subjetiva de Memória

Percepção Percepção de Percepção boa


negativa da dificuldade da da memória
Série1 memória memória
82,70% 16,40% 0,90%

Na comparação da percepção subjetiva da memória e a idade, os grupos foram


homogêneos, realizado teste anova, na qual não foi verificado significância p = 0,66, a tabela
13 demonstra os valores nos grupos de idade e escolaridade. Ou seja, o fator idade é uma
variável, que neste estudo, não interfere na percepção subjetiva da memória. Por fim, a
educação formal também não apresentou uma correlação com a percepção subjetiva da
memória, p = 65, na qual os grupos apresentaram homogeneidade e realizado teste anova.

Tabela 13: Resultados do Teste de Percepção Subjetiva de Memória por idade e escolaridade
IDADE
n MAC-Q - MÉDIA dp
60 – 69 ANOS 58 28,57 4,87
70 – 79 ANOS 39 27,77 3,99
ACIMA 80 ANOS 13 28,61 4,15
ESCOLARIDADE
DE 0 A 5 ANOS 73 28,55 4,43
DE 6 A 10 ANOS 24 28,00 5,31
ACIMA DE 11 ANOS 13 27,38 2,93

Guerreiro et al (2006), em seus estudos com idosos, relatou que média, do MAC-Q, foi
de 23,22 ±4,06, com uma correlação inversa com a escolaridade. Em contrapartida, no Projeto
Potencial/Idade, a maioria dos idosos apresentavam nível superior completo, mas a percepção
subjetiva da memória mostrou-se negativa (LINDÔSO et al, 2011). Ou seja, este estudo não
93

demonstrou uma correlação com a escolaridade e diminuição da percepção negativa da


memória, como foi observado no estudo de Guerreiro et al (2006).
Outro estudo, que corrobora com esta percepção, foi realizado por Nascimento (2008),
com os idosos da cidade de Porto Alegre e Veranópolis, na qual a média do MAC-Q, foi de
26,70 ±4,71. Neste estudo, 41,5% dos idosos apresentavam ensino fundamental completo,
mas apesar do grau de escolaridade elevado, não houve modificação da percepção negativa da
memória. Portanto, os resultado deste estudo, apresentam congruência com o desempenho dos
idosos desta pesquisa, na qual a idade e escolaridade não foram variáveis que interferiram nos
resultados da percepção subjetiva da memória. Por exemplo, o idosos acima de 80 anos a
média foi de 26,61 ± 4,15 e os indivíduos com mais de 11 anos de escolarização a média foi
de 27,38 ± 2,93, ou seja, os valores estão muito próximos da média geral da amostra (28,29 ±
4,48).
No geral, os dados sugerem que a grande maioria dos idosos apresentam uma
percepção subjetiva da memória ruim, independentemente da idade e da escolaridade.
Interessante fazer uma análise entre a percepção da autoeficácia geral (EAEGP) e a da
memória (MAC-Q).
O gráfico 30 demonstra o desempenho dos idosos nas percepções de autoeficácia geral
e da memória, na qual vale destacar que 82,7% (91) dos idosos referiram percepção negativa
da autoeficácia da memória. Em contrapartida somente 24,50% (24) relataram percepção
negativa da autoeficácia geral, na análise, houve correlação negativa fraca r = -0,23 utilizado
teste de correlação de Pearson, com p = 0,02.

Gráfico 30: Comparação do desempenho na EAEGP* e MAC-Q**

82,70%

47,30%

28,20%
24,50%
16,40%
0,90%

PERCEPÇÃO POSITIVA PERCEPÇÃO MÉDIA PERCEPÇÃO


NEGATIVA

AUTOEFICÁCIA GERAL AUTOEFICÁCIA MEMÓRIA

* Escala de Autoeficácia Geral Percebida; ** Teste de Percepção Subjetiva de Memória


94

Interessante ressaltar que a percepção da autoeficácia geral e da memória apresentaram


valores opostos, ou seja, um número de idosos relataram uma percepção de autoeficácia geral
positiva (28,20%) muito maior, quando comparada com a da memória que foi de 0,9%. Estes
dados trazem a reflexão dos domínios da autoeficácia, visto que os julgamentos sobre as
competências alheias são construções sociais que servem para classificar os indivíduos em
rótulos, estereótipos estigmas. Por exemplo, a relação entre declínio de memória e avanço da
idade é um estigma social intimamente correlacionado com o idoso, o que pode ter
influenciado de forma tão predominante na percepção subjetiva da autoeficácia da memória.
Enfim, o paradigma social de envelhecimento e declínio da memória interfere nas crenças e
percepções dos idosos, mesmo que isto não venha a acontecer.
Além de conhecer a percepção da autoeficácia, é importante saber a queixa de relato
de falha de memória, fato este que é muito comum entre os idosos. Para tal, foi utilizado o
Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva (PRMQ-10), tem o objetivo de avalia o
auto relato de falhas de memória prospectiva e retrospectiva, ou seja é a percepção que o
indivíduo tem sobre queixas de falhas na memória. O valor máximo e mínimo é de 50 e 10
pontos respectivamente, na qual o ponto de corte é 20, visto que os indivíduo que a
apresentam pontuação igual ou acima de 20 apresentam alta queixa de falha de memória. Por
sua vez a pontuação abaixo, são classificados como pessoas que não apresentam queixa de
falha de memória.
A tabela 14 demonstra os dados descritivos de média, mediana, desvio padrão de cada
item e também do valor total. A média geral, dos idosos foi de 25,32 ± 10,59, sendo que
40,9% (45 idosos) relataram baixa queixa de memória, e 59,1% (65 idosos) obtiveram
pontuação entre 20 e 50 pontos, o que caracteriza alta queixa de falha de memória.

Tabela 14: Resultados do Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total
Mediana 3,0 1,0 3,0 2,0 2,0 1,0 1,0 3,0 2,0 2,0 24,0
Média 3,21 2,11 2,55 2,57 2,48 2,31 2,18 2,93 2,44 2,51 25,32
Dp 1,35 1,43 1,48 1,49 1,55 1,57 1,43 1,27 1,58 1,51 10,59
Mínimo 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 10,0
Máximo 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 48,0
95

Em relação a idade e escolaridade, estas variáveis não interferiram na percepção de


falha de memória, entre os idosos deste estudo. A tabela 15 demonstra os valores, na análise
os grupos apresentaram homogeneidade, realizado o teste anova, na qual não houve
significância na correlação com valor de p = 0,03 para a correlação com a idade e p = 0,22
com a escolaridade.

Tabela 15: Resultados do Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva por idade e escolaridade
ESCOLARIDADE IDADE
0–5 6 – 10 Acima de 11 60 – 69 70 – 79 Acima de 80
anos anos anos anos anos anos
Média 27,66 21,96 21,46 26,55 26,05 20,69
dp 11,30 9,47 9,90 11,07 11,82 7,29

Apesar de não haver uma relação positiva entre as variáveis, na categoria idade, o que
chama a atenção são os idosos mais velhos (acima de 80 anos) na qual apresentam uma
percepção de queixa de memória menor que os idosos entre 60 e 69 anos.
O questionário PRMQ - 10 é comporto por 10 perguntas, sendo cinco referente a
memória retrospectiva e as restantes a memória prospectiva. A análise dos dados,
isoladamente, revela que uma maior porcentagem dos idosos refeririam alta queixa de
memória na memória prospectiva, como demonstra o gráfico 31.

Gráfico 31: Percepção de queixa memória retrospectiva e prospectiva.

ALTA QUEIXA DE BAIXA QUEIXA DE


MEMÓRIA RETROSPECTIVA MEMÓRIA MEMÓRIA
61 49
MEMÓRIA PROSPECTIVA 78 32
96

Na memória retrospectiva a média de pontuação foi de 11,63 (±5,89), sendo que 49


idosos (44,5%) relataram uma percepção de baixa falha da memória retrospectiva, e 61
participantes referiram alta queixa de memória. Por outro lado, na memória prospectiva, a
média do desempenho foi maior, de 13,69 (± 5,49), sendo que 32 idosos (29,10%) declararam
baixa queixa de memória, por outro lado 78 indivíduos (70,9%) responderam que
apresentavam uma percepção de alta queixa da memória.
A percepção dos idosos, revela que a maior queixa de falha da memória envolve a
memória prospectiva, em detrimento da retrospectiva, também evidenciado nos estudos de
Benites e Gomes (2007). A justificativa para tal observação se alicerça na falha da habilidade
atencional, ou seja, na execução das tarefas da memória prospectiva, requerem a alocação de
capacidade conscientes, em especial da atenção. A habilidade atencional, principalmente a
atenção seletiva, são essenciais nos processos de busca das pistas, e é justamente o
recrutamento das pistas (externa) que são necessárias para o bom desempenho na memória
prospectiva (BENITES et al, 2006).
A dificuldade em detectar a pista pode refletir a redução da habilidade dos idosos em
manter uma representação integrada do contexto da tarefa em um estado alto de ativação. É
nesta etapa de seleção da pista, que a memória de trabalho seria a responsável, especialmente
a etapa da codificação, que recruta os elementos da atenção.
A percepção de alta queixa da memória prospectiva, dos idosos desta amostra, se
justifica pelo baixo desempenho nos testes cognitivos atencionais (cancelamento, trilhas e
principalmente do Stroop), na qual foi observado a dificuldade na seleção da informação e a
inibição dos estímulos distratores.
97

6 CONCLUSÃO

A avaliação das habilidades da memória e em especial da atenção, foi um dos


objetivos específicos, desta pesquisa. Mediante os resultados observa-se que o tipo de
memória mais comprometida, com o envelhecimento, é a memória de curto prazo,
especialmente a memória de trabalho. Por outro lado, vale salientar a estreita interrelação
entre as habilidades da memória e da atenção, visto que o envelhecimento cognitivo relaciona-
se com a redução dos recursos de processamento e a falha nos mecanismos de inibição das
informações supérfluas – relacionado a teoria atencional dos filtros, como observado no
desempenho dos idosos no teste Stroop. Ou seja, de forma resumida, no processo de
envelhecer ocorre um declínio na seleção de estímulos relevantes e descarte de informações
desnecessárias, o que acarreta uma lentificação do processamento das informações, que pode
ser caracterizado por declínio das funções atencionais. Em decorrência a este fato, há uma
sobrecarga de estímulos, que dificulta a codificação e armazenamento da informação de forma
mais adequada para a sua evocação posterior.
Portanto, um declínio nas habilidades atencionais, pode gerar uma dificuldade na
seleção dos estímulos, por consequência pode acarretar uma dificuldade na etapa da
codificação da informação no momento da memorização ou mesmo este processo ocorrer de
forma errônea. Mediante esta dificuldade, o armazenamento/memorização da informação,
propriamente dita pode ocorrer de forma equivocada. Segundo Lasca (2003), os déficits de
memória, no envelhecimento, tem raiz etiológica nos déficits durante a fase de codificação.
Com o avançar da idade a codificação passa a se tornar superficial e consequentemente
insuficiente para assegurar recordação tardia. Este fenômeno se justifica, porque a atenção é a
habilidade primordial na primeira fase do tratamento da informação (codificação), durante a
memória de trabalho.
Concomitante a estes resultados, também ocorre um declínio da atenção seletiva, da
sustentada e da alternada, o que pode levar a dificuldade inicialmente do idoso de selecionar o
estímulo-alvo do seu interesse. Ou seja, num ambiente normalmente há vários estímulos
(auditivos, visuais, proprioceptivos e outros), e nesta situação, com o envelhecimento, os
idosos podem apresentar maior dificuldade na seleção do estímulo relevante. Em adição, os
dados também evidenciam que a sustentação do foco atencional, diminui com o avanço da
idade. Mediante a esta informação, na realização de atividade mais longas, o idoso pode
apresentar menor desempenho, pela dificuldade de manter o nível atencional. Por fim, em
98

tarefas e exigem a mudança do foco atencional (atenção alternada), o desempenho dos idosos
pode apresentar-se de forma deficitária.
Enfim, pela análise dos resultados, observa-se que há um declínio da atenção e
também da memória de trabalho, como observado do spam de dígitos na ordem direta e
inversa, bem como nos testes atencionais (cancelamento e trilha). Este desempenho inferior
pode interferir no desempenho das atividades devido o declínio da habilidade atencional, bem
como também agir de forma direta na etapa de codificação da informação na memória
operacional, o que acaba justificando a percepção subjetiva do déficit de memória, pelos
idosos, observação também corroborada por Abreu (2002) e Parente et al (2006).
Neste estudo os dados sugerem que o envelhecimento normal pode ser acompanhado
por um declínio atencional, na qual os lapsos de atenção podem ser a causa das queixas de
falta de memória entre os idosos. Isto traduz uma diminuição, entre os idosos, na capacidade
de codificar e na habilidade para manipular as informações à serem memorizadas, o que pode
demonstrar que a habilidade da memória de trabalho pode sofrer influência com o avanço da
idade. Em geral, os adultos mais velhos possuem menor capacidade de memória de trabalho,
como observamos nos testes de RAVLT e no Reconhecimento de Figuras.
Apesar da diminuição da eficiência do idosos na memória de trabalho, no momento
necessário de reter e codificar a informação, os idosos, inclusive as pessoas acima de 80 anos,
mantiveram a habilidade para adquirirem novas informações e estratégias de aprendizagem,
como foi evidenciado no índice de aprendizagem.
Outro aspecto que merece atenção, no envelhecimento ativo, é a percepção subjetiva
das falhas de memória (metamemória) e a autoeficácia da memória, que demonstram sofrerem
influência do meio sociocultural. Esta relação direta da ação do meio ambiente, das crença,
dos estigmas e paradigmas sobre o indivíduo idoso, pode ser verificada no alto índice da
percepção negativa da autoeficácia da memória, referida pelos participantes deste estudo.
Por outro lado, na avaliação da memória, os idosos apresentaram desempenhos dentro
do intervalo de normalidade, e em algumas situações específica com desempenho superior,
como no caso do reconhecimento da informação com pistas. Ou seja, a percepção negativa da
memória, não se justifica pela habilidade da memória propriamente dita, mas muito mais aos
paradigmas socioculturais que ainda estão atrelado de forma tão negativa a pessoa idosa e ao
processo de envelhecimento. Isto porque, as crenças e estigmas mais negativos sobre a
memória podem ser importantes variáveis moduladoras do desempenho, tais como o esforço
desprendido, motivação e uso de estratégias.
99

Nesta percepção, pode relacionar e entender o motivo dos idosos apresentarem uma
percepção subjetiva de autoeficácia geral alta, em contrapartida apresentarem percepção
negativa da autoeficácia da memória associada as queixas de falha de memória. Pois na
sociedade atual, ainda se mantem o estigma que a pessoa idosa não tem a capacidade de
aprender novos conhecimento, e mais ainda, que todo idoso tem problema de memória.
Como discutido, até o presente momento, o declínio da memória, que ocorre no
envelhecimento, podem ser atribuídas a fatores biológicos (Albuquerque, 2005). Num outro
olhar, e considerando outros fatores que podem também atuar de forma significativa no
desempenho da memória, dos idosos, são os estereótipos sociais, que podem interferir na
autoestima, na autoconfiança e na própria motivação. A metamemória, que envolve o
processo de a autoavaliação (autoeficácia) da capacidade de memória, é um fator prejudicado
por estes estereótipos socioculturais, relativo ao envelhecimento. O idoso já se prepara pra ir
aos poucos perdendo suas capacidades, pelas crenças que a sociedade tem diante do próprio
desempenho da memória dos idosos, mesmo que isso não chegue a acontecer, o que afeta a
autoestima e motivação do indivíduo, levando-o a reais declínios. Essa autoeficácia distorcida
também leva a traços depressogênicos, que se relaciona negativamente com o desempenho de
todos os processos cognitivos, principalmente a atenção e a memória
Assim destaca-se a necessidade de programa que estimulem as habilidades cognitivas
dos idosos na sua totalidade, e não focalizado somente na memória, mas sim a estimulação de
todas as funções cognitivas, embora haja a necessidade de um olhar especial para as
habilidades atencionais. A estimulação cognitiva é importante para que os idosos se sintam
capazes, se empoderem e adquirem maior confiança em realizar com mais facilidade as
atividades que demandam tal processo cognitivo, aumentando como consequência seu bem
estar psicológico.
Enfim, é importante desmistificar constructos sociais de que o envelhecimento é
sinônimo somente de um processo progressivo de declínio, e principalmente que a pessoa
idosa perde a sua capacidade de aprendizagem. Os resultados desse estudo, traduzem que o
idoso preserva ao longo da vida a habilidade de aprender, mas também é importante destacar
que a habilidade atencional é uma das funções cognitivas mais suscetíveis ao envelhecimento.
Por fim, pensar em ações e políticas públicas no sentido de transformar paradigmas acerca da
pessoa idosa, no sentido de valorizar e porque não potencializar as capacidades que o idoso
apresenta ao longo da vida.
100

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108

APÊNDICE I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O (a) Senhor (a) está sendo convidado (a) participar da pesquisa, que subsidiará minha
dissertação do Mestrado em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília. O tema da
pesquisa é: AUTOEFICÁCIA DO DESEMPENHO DAS FUNÇÕES COGNITIVAS DE
MEMÓRIA E ATENÇÃO EM IDOSOS, sob orientação doa Prof Drª Carmen Jansen
Cárdenas e a responsabilidade da mestranda Angela Maria Sacramento, Terapeuta
Ocupacional, MATRÍCULA UC11200063, Crefito 4287-TO. O objetivo desta pesquisa é:
pesquisar a autoeficácia desempenho cognitivo da atenção e memória, em. Os objetivos
específicos são: verificar se a autoeficácia do desempenho cognitivo em idosos é similar ao
seu real desempenho; comparar a autoeficácia da capacidade cognitiva da atenção e memória
com o seu real desempenho, para verificar se com o avanço da idade elas se alteram; verificar
se as condições sócio-demográficas interferem na autoeficácia e/ou no real desempenho
cognitivo.
O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da
pesquisa e lhe asseguro que o seu nome e informações pessoais serão mantidos em sigilo,
sendo mantida a omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a).
A sua participação será da seguinte forma de responder o questionário
sóciodemográfico, PREENCHER a escala de autoeficácia geral percebida, teste de percepção
subjetiva da memória e o Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva.
Posteriormente serão aplicados os testes cognitivos, que compreendem: teste de trilhas A e B,
teste de cancelamento, teste Stroop, Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey , Teste de
Reconhecimento de Figuras e por fim o span dígitos. Acontecerão 2 dois encontros, com
duração de 60 (sessenta minutos cada encontro).
Não há obrigatoriedade, nem um tempo pré-determinado para responder os
instrumentos, sendo respeitado o tempo e a disponibilidade de cada um para responder.
Importante esclarecer que o Senhor (a) pode se recusar a seguir participando na
pesquisa a qualquer momento, sem nenhum prejuízo para o senhor (a).
Os resultados da pesquisa serão utilizados para a defesa da dissertação de mestrado e
poderão ser utilizados em publicações, artigos e congressos futuros, nos meios científicos,
sempre respeitando o total sigilo das informações do senhor (a). No caso de qualquer dúvida
109

em relação à pesquisa poderá entrar em contato, por telefone, com a pesquisadora Angela
Maria Sacramento ou orientadora Prof Drª Carmen Jansen Cárdenas, pelo telefone (61)3448-
7200.
Estre projeto poderá trazer os seguintes benefícios ao senhor (a): entrar em contanto
com a autoperceção da sua eficácia no desempenho da memória e da atenção, o que poderá
facilitar na manutenção da sua independência funcional. Outro ponto positivo é o
empoderamento para o estabelecimento de estratégias compensatórias, que venha a necessitar,
o que contribuirá para um envelhecimento ativo e independente dentro da capacidade de cada
indivíduo. Salienta-se que, eventualmente, o senhor (a) poderá se sentir ameaçado(a) ou
mesmo assustado(a) com algum dado evidenciado durante a pesquisa. Neste caso, o(a)
senhor(a) será encaminhado(a) ao atendimento específico Centro de Formação em Psicologia
Aplicada (CEFPA) da Universidade Católica de Brasília, ou mesmo poderá ter meu
acampamento profissional
Este projeto foi Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica
de Brasília, sob o número 448.143. O presente documento foi elaborado em duas vias, nas
quais uma ficará com a pesquisadora responsável e a outra com o sujeito da pesquisa.
Li e entendi as informações precedentes. Tive oportunidade de fazer perguntas e todas
as minhas dúvidas foram respondidas a contento. Este formulário está sendo assinado
voluntariamente por mim, indicando meu consentimento para participar desta pesquisa, até
que eu decida o contrário. Receberei uma cópia assinada deste consentimento.

__________________________________________________________
NOME/ASSINATURA

_________________________________________________________
ANGELA MARIA SACRAMENTO/crefito4287-TO
Pesquisadora Responsável

Brasília, ____ de ________________ de _______.


110

APÊNDICE II
Questionário Sóciodemográfico
I- Características Gerais
1. Iniciais Nome 2. Pseudonome 3. Sexo
( )feminino ( ) masculino

4. Nacionalidade 5. Naturalidade
( ) Brasil ( ) Outros: __________

6. Data Nascimento 7. Idade


anos

8. Há quanto tempo mora no DF? 9. Cidade que Reside?


anos

10. Qual seu estado civil?


( ) solteiro ( ) casado ( ) viúvo ( ) separado ( ) desquitado ( ) Outros

11. Filhos
( ) Não ( ) Sim Quantos? _____________________

12. Com quem reside atualmente?


( ) sozinho ( ) neto(s) ( ) filhos ( ) outros parentes ( ) Outros

13. Escolaridade
( ) 1º grau incompleto
( ) 1º grau completo
( ) 2º grau incompleto
( ) 2º grau icompleto
( ) 3º grau incompleto
( ) 3º grau completo Anos?________________
111

II – Outras Informações
14. Profissão
( ) aposentado ( ) Trabalhando ( ) benefício ( ) nunca trabalhou
Qual?________________

15. Lazer
( ) não ( ) sim Qual?___________________

16. Hobbies
( ) não ( ) sim Qual?_______________________

17. Atividade Física


( ) não ( ) sim
Qual? Frequência?

18.Como esta a sua saúde?

19.Utiliza alguma medicação? ( ) sim ( ) não

Qual? __________________________________________________________
Para que serve ?
_____________________________________________________________

20.Há algo que o senhor(a) queira acrescentar em relação as informações solicitadas?

Pesquisador Data
112

ANEXO I
113
114
115
116

ANEXO II
117
118
119
120
121
122
123
124
125

ANEXO III

TESTE STROOP

ETAPA 1
NOME: ____________________________________________________________ IDADE

ESCOLARIDADE EM ANOS: _________________________

Gostaria que o senhor (a) falasse as cores dos retângulos, em voz alta, o mais rápido possível.
126

TESTE STROOP

ETAPA 2

NOME: ____________________________________________________________ IDADE

ESCOLARIDADE EM ANOS: _________________________

Gostaria que o senhor(a) falasse as cores das palavras, em voz alta, o mais rápido possível.

CADA NUNCA HOJE TUDO

HOJE TUDO CADA NUNCA

TUDO CADA NUNCA HOJE

NUNCA HOJE TUDO CADA

CADA TUDO NUNCA HOJE

NUNCA HOJE TUDO CADA


127

TESTE STROOP

ETAPA 3

NOME: ____________________________________________________________ IDADE

ESCOLARIDADE EM ANOS: _________________________

Gostaria que o senhor (a) falasse as cores das palavras escritas, em voz alta, o mais rápido
possível.

AZUL VERDE MARRO ROSA


N

MARRON ROSA VERDE AZUL

AZUL VERDE MARRO ROSA


N

VERDE ROSA MARRO AZUL


N

MARRON AZUL VERDE ROSA

VERDE MARRON ROSA MARRON


128

ANEXO IV

TESTE DE APRENDIZAGEM AUDITIVO-VERBAL DE REY - RAVLT

Nome: __________________________________________________________________________

Examinador: _______________________________________________ Data: _________________

Lista A A1 A2 A3 A4 A5 Lista B B1 A6 A7 Lista A

Tambor Carteira Tambor

Cortina Guarda Cortina

Sino Ave Sino

Café Sapato Café

Escola Forno Escola

Pai Montanha Pai

Lua Óculos Lua

Jardim Toalha Jardim

Chapéu Nuvem Chapéu

Cantor Barco Cantor

Nariz Carneiro Nariz

Peru Canhão Peru

Cor Lápis Cor

Casa Igreja Casa

Rio Peixe Rio

N-
Corretas
129

Lista para testar o reconhecimento

Sino (A) Lar (SA) Toalha (B) Barco (B) Óculos (B)

Janela (SA) Peixe (B) Cortina (A) Estola (FA) Bota (SB)

Chapéu (A) Lua (A) Flor (SA) Pai (A) Sapato (B)

Musica (SA) Pino (FA) Cor (A) Água (SA) Professor (SA)

Guarda (B) Rua (FA) Carteira (B) Cantor (A) Forno (B)

Nariz (A) Ave (B) Canhão (B) Bule (SA) Ninho (SB)

Chuva (SB) Montanha (B) Giz (SA) Nuvem (B) Filho (SA)

Escola (A) Café (A) Igreja (B) Casa (A) Tambor (A)

Papel (FA) Asa (FA) Peru (A) Feixe (FB) Rape (FA)

Lápis (B) Rio (A) Torno (FB) Jardim (A) Carneiro (B)
130

ANEXO V
Teste de Reconhecimento Figuras
DATA
TESTE DE RECONHECIMENTO DE
FIGURAS Escore
Percepção Visual e Nomeação 1
Mostre a folha contendo as 10 figuras e
pergunte: "que figuras são estas?" (O paciente ≥9
deverá reconhecer e falar corretamente o nome
de cada figura)
Memória Incidental 2
Vire a folha e peça para o paciente dizer quais ≥5
figuras havia na folha
Memória Imediata 3

Mostre as figuras novamente durante 30


segundos dizendo: "Olhe bem e procure
memorizar estas figuras” (Se houver déficit
visual importante, peça que memorize as ≥7
palavras que você vai dizer; diga os nomes dos
objetos lentamente, um nome/segundo; fale a
série toda duas vezes.)Esconda as figuras e
pergunte: "Que figuras eu acabei de lhe
mostrar?"
Aprendizado 4
Mostre as figuras novamente durante 30
≥7
segundos dizendo: "Olhe bem e procure
memorizar estas figuras”
Memória Tardia - Evocação de 5 minutos 5
“Que figuras eu lhe mostrei há alguns ≥6
minutos?”
Reconhecimento
“Aqui estão as figuras que eu lhe mostrei hoje e
outras novas; quero que você me diga quais ≥9
você já tinha visto há alguns minutos.”

1
Percepção visual e nomeação:
 Erro de percepção: o paciente confunde o objeto (ex. confunde o avião com um peixe, confunde o
balde com um copo);
 Erro de nomeação: o paciente identifica a figura, mas não se lembra da palavra (ex. faz o gesto de
pentear-se, mas não se lembra da palavra pente; diz que é um bicho, mas não se lembra do nome
tartaruga).
 Esperado: a maioria das pessoas obtém 10 pontos nas duas tarefas;
 Mais do que 1 erro é sugestivo de agnosia ou, mais freqüentemente, indica distúrbio de nomeação.
2
Memória incidental:
• Esperado: indivíduos sadios geralmente obtêm pelo menos 5 pontos.
3
Memória imediata
• Esperado: indivíduos sadios obtêm pelo menos 7 pontos;
• Resultados abaixo de 5 indicam comprometimento da atenção.
4
Aprendizado
• Esperado: indivíduo normal obtém pelo menos 7 pontos;
131

• Escore <7 (em relação ao diagnóstico de demência ou distúrbio cognitivo).


5
Memória tardia (5 minutos)
• Esperado: indivíduo normal obtém pelo menos 6 pontos;
• Escore <6 (em relação ao diagnóstico de demência ou distúrbio cognitivo).
6
Reconhecimento
• Esperado: indivíduos normais usualmente obtêm 9 ou 10 pontos.
132
133

ANEXO VI
134

ANEXO VII

ESCALA DE AUTOEFICÁCIA GERAL PERCEBIDA – EAEGP.

NOME: _____________________________________________________________

Responda os itens abaixo assinalando o número que melhor representa a sua opiniõ, de acordo
com a chave de respostas apresentadas.

1 2 3 4
Não é verdade a É dificilmente É moderadamente É totalmente
meu respeito verdade a meu verdade a meu verdade a meu
respeito respeito respeito

1 2 3 4
1.Se estou com problemas, geralmente encontro uma saída.
2. Mesmo que alguém se oponha eu encontro maneiras e formas
de alcançar o que quero.
3. Tenho confiança para me sair bem em situações inesperadas.
4. Eu posso resolver a maioria dos problemas, se fizer o esforço
necessário.
5. Quando eu enfrento um problema, geralmente consigo
encontrar diversas soluções.
6. Consigo sempre resolver os problemas difíceis, quando me
esforço bastante.
7. Tenho facilidade para persistir em minhas intenções e alcançar
meus objetivos.
8. Devido às minhas capacidade, sei lidar com situações
imprevistas.
9. Eu me mantenho calmo enfrentando dificuldades porque confio
na minha capacidade de resolver problemas.
10. Eu geralmente consigo enfrentar qualquer adversidade.
135

ANEXO VIII

QUESTIONÁRIO DE MEMÓRIA PROSPECTIVA E RETROSPECTIVA


PRMQ – 10.
NOME: _______________________________________________________
Instruções:
Por favor, avalie no questionário a seguir, a frequência com que cada uma das frases ocorre
com você, usando a escala indicada no quadrado abaixo:
1 2 3 4 5
Quase sempre Frequentemente Algumas vezes Raramente Nunca

1 2 3 4 5
1.Você decide fazer alguma coisa em alguns minutos e então se
esquece de fazê-la?
2. Você falha em reconhecer um lugar que você já tinha
visitado antes?
3. Você falha em fazer alguma coisa que você deveria fazer
daqui a poucos minutos mesmo que ela esteja lá na sua frente,
como tomar um remédio ou apagar o fogo da chaleira?
4. Você esquece alguma coisa que lhe foi contada alguns
minutos antes?
5. Você esquece compromissos se não for lembrado por alguém
ou por um lembrete, como um calendário ou agenda?
6. Você falha em reconhecer um personagem em um programa
no rádio ou de TV de uma cena para a outra?.
7. Você falha de lembrar-se de coisas que aconteceram com
você nos últimos dias?
8. Ao pretender levar algo com você, antes de deixar uma sala
ou sair para a rua, mas minutos depois deixa o que queria levar
para trás, mesmo que esteja lá na sua frente?
9. Você esquece o que você viu na televisão no dia anterior?
10. Você falha em dar um recado ou um objeto que lhe pediram
para entregar a um visitante?
136

ANEXO IX
Percepção Subjetiva de Memória – MAC-Q

NOME: _____________________________________________________________-
Instrução:
“Comparado com como o Sr.(a) era aos 40 anos, como o Sr.(a) descreveria sua capacidade
para realizar as seguintes tarefas que envolvem a memória”.

Muito Um pouco Sem Um Muito


melhor melhor Mudança pouco pior
agora agora (3) pior Agora
(1) (2) agora (5)
(4)
1. Lembrar o nome de
pessoas que acabou de
conhecer
2. Lembrar o número de
telefone que usa pelo
menos uma vez por
semana
3. Lembrar onde colocou
objetos
(ex. chaves)
4. Lembrar notícias de
uma revista ou da
televisão
5. Lembrar coisas que
pretendia comprar quando
chega ao local
6. Em geral, como (2) (4) (6) (8) (10)
descreveria sua memória
comparada a que tinha aos
40 anos de idade?
OBS: soma-se normalmente os itens 1 até 5, e soma-se o dobro, no item 6.
137

APENDICE III

ARTIGO

Revista: Dementhia and Geriatric Cognitive Disordens


Qualis: A2

AUTOEFICÁCIA E MEMÓRIA: da percepção subjetiva ao desempenho real.

ANGELA MARIA SACRAMENTOA; GISLANE FERREIRA MELOB; CARMEN JANSEN DE


CÁRDENAS C
A
Mestranda em Gerontologia B– Profª Drª da Universidade Católica de Brasília – Profª Drª da
Universidade Católica de Brasília C

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