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- A consciência pública através da vigilância e punição reprime todo o ato que a ofenda
SIMMEL
A primeira noção de individualismo desenvolve-se a partir do século XVIII e tem na liberdade a sua
motivação mais íntima. Segundo Simmel (2005, p. 108), a liberdade se torna a bandeira universal
por meio da qual o indivíduo protege seus mais variados desconfortos e tenta se autoafirmar perante
a sociedade. O ideal da liberdade individual defende a liberação do indivíduo das instituições
religiosas, políticas e econômicas que constrangem os potenciais da personalidade de maneira não-
natural. É necessário, portanto, libertá-lo de todas essas influências e das desigualdades
artificialmente produzidas para que o indivíduo possa desenvolver todos os valores internos e
externos de sua personalidade.
Essa concepção de individualismo tinha como fundamento a igualdade universal, seja esta fundada
na natureza, seja na razão ou na humanidade. O centro do interesse dessa época é o homem abstrato,
que constitui a essência de qualquer pessoa particular, ao contrário do homem historicamente
situado, singularizado e diferenciado pelos seus pertencimentos sociais. Com isso, Simmel (2005, p.
109) aponta um contexto de pertencimento prévio e mútuo entre direito, liberdade e igualdade, uma
vez que o homem genérico, que representa o núcleo essencial do homem individualizado, aparece
em cada indivíduo particular sempre que este seja libertado das forças sociais e desvios históricos
que violentam sua essência mais profunda. Para Martucelli e Singly (2012, p. 19), a concepção de
individualismo como independência individual, apresentada por Simmel, corresponde ao
“individualismo abstrato” de Durkheim.