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SUMÁRIO

Gestão de Pessoas no Agronegócio..................................................................


Agronegócio..................................................................3
Planejamento Estratégico Empresa Rural Rural..........................................................
..........................................................6
Marketing noo Agronegócio
Agronegócio................................................................................
................................................................................11
Logística no Agronegócio...............................................................
Agronegócio.................................................................................13
Mão de Obra e Legislação no Agronegócio.....................................................
Agronegócio.....................................................15
Direito Agrário Simplificado..............................................................................
Simplificado..............................................................................19
Contabilidade Rural ........
.........................................................................................
.................................................................................48
Agronegócio Sustentável .................................................................................50
.................................................................................
Cases de Sucesso no o Agronegócio
Agronegócio..................................................................
..................................................................53
Referências.......................................................................................................
.......................................................................................................
.......................................................................................................64

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GESTÃO DE PESSOAS NO AGRON
AGRONEGÓCIO
Um dos grandes desafios atuais na agragri-
cultura é a obtenção de mão mão-de-obra
qualificada
lificada para desenvolver as ativid
ativida-
des pertinentes das diversas culturas e-
xistentes. Por ser uma atividade pred
predo-
minantemente familiar em muitas partes
do Brasil como também na região de M Mo-
gi das
as Cruzes, o desafio se torna ainda
maior. Grande parte dos contratados não
é efetivada após o pico de impleme
implementa-
ção da cultura e da colheita, fazendo com que esses profissionais se tornem
verdadeiros nômades modernos em busca de renda para se manter. A em empre-
sa rural possui o desafio de conseguir mão
mão-de-obra
obra local qualificada, sendo
que a cada ciclo ou período precisa of
oferecer
recer treinamento ou capacitação míni-
mín
ma para que o colaborador rural produza com eficiência e com a qualidade e es-
perada ao fim de cada cicl
ciclo
Gestão de pessoas é o conjunto integrado de atividades de especialistas e ge ges-
tores – como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar
pessoas no sentido de proporcionar competências e competitividade a organ organi-
zação (CHIAVENATO, 2008) A definição de Chiavenato dá a dimensão de que
a gestão de pessoas pode ser um meio que
capacita pessoas a realizar tarefas ou trab
traba-
lhos de modo eficaz e com o mín mínimo de
desperdício. Gera-sese como rresultado, a
produtividade que é o esperado inclusive no
agronegócio. A agriculltura no Brasil em
grande parte é uma atividade familiar e rre-
presenta 84% do setor agrícola, ou seja,
mais de 4,3 milhões de unidades produtivas.
Em extensão
são territorial representa
80.250.453 hectares, ou seja, 25% da área total, onde a ge gestão
tão da unidade
un
produtiva é feita por pessoas que têm algum grau de p parentesco,
rentesco, ou seja, têm
entre si laços de sangue
gue ou casamento (EMBR(EMBRAPA,PA, 2014). A maior parte da
mão-de-obra
obra também é fornecida por me membros da família
mília e a unidade produti-
produt
va (espaço de terraa onde ocorre a produção) que pode pertencer à fam família ou
não, pois podem existir unidades exploradas por arre arrendamento,
damento, contrato de
uso da terra para finalidade da ativ
atividade agrícola. A agricultura
cultura familiar como
c a
agricultura no geral é cíclica e ssazonal, aproveitando-se se das melhores épocas
ao longo do ano para o cultivo e colheita das culturas que são implaimplantadas, po-
dendo estas serem anuais ou p perenes. As maiores demandas das de mão de obra
3
na agricultura estão na instal
instalação
ção da cultura, isto porque é preciso a atender as
necessidades químicas, fís físicas
cas e biológicas da cultura a ser implantada
impla bem
como na sua colheita
lheita a ddepender da extensão de terra cultivada.
tivada. Tais ativida-
ativid
des podem ainda, demandar mão mão-de-obra
obra externa de modo a garantir a integri-
integr
dade dos produtos em seu cciclo clo final. O ponto alto, é que quando é chegada
ch à
época onde é necessária a mão mão-de-obra externa, o produtor tor rural tem um
grande desafio. Visto que nem sempre se consegue mão mão-de-obra
obra qualificada
qualific
para desenvolver as atividades da produção, o agriculagricultor obriga
ga-se a contratar
uma mão-de-obra
obra sem técnica e sem especialização, o que pode prejudicar o
resultado final do seu trabalho, dependendo de como o ge gestor
tor da propriedade
atuar frente à contratação.
Fazer a gestão de pessoas em uma
empresa rural tendo o que manter a
competitividade
tividade é desafiador, pois
com a mecanização e o uso de n no-
vas tecnologias os colaboradores
que são qualificados se mantêm. Já
os colaboradores sem qualificação
acabam não sendo muito aproveit
aproveita-
dos. Cabe ao gestor remanejar sua
equipe e procurar capacitá
capacitá-la com
foco na sua atividade para manter
uma equipe coesa e evitar consequentemente diminuir seu quadro de colab colabo-
radores,
res, ajustando assim seu perfil a uma nova realidade empresarial (MOLL,
2009). Para melhorar a qualidade da mão mão-de-obra,, há a alternativa feita de
forma empírica, aonde a vivência e a lida com a atividade rural capacita o col
cola-
borador para a atividade. Custa ao produtor rural dedicação e tempo para ens ensi-
nar as técnicas que sua cultura exige e ao colaborador empenho em aprendaprender
sobre a cultura e os diferentes tratos da mesma.
Com o crescimento da produção e o aumento de tecnologia no campo, o Brasil
tem enfrentado a falta de mão de obra
técnica e qualificada na agropecuária.
Esse cenário é um desafio para os
gestores e donos de empresas rurais,
que precisam encontrar trabalhadores
qualificados para suas empresas.
Uma iniciativa a ser tomada é aplicar
a gestão de pessoas nessas empr empre-
sas e resolver problemas de como a-
gregar, aplicar, recompensar, dese
desen-
volver, manter e monitorar
nitorar pessoas no sentido de proporcionar competências e
4
competitividade a organização (CH(CHIAVENATO,
VENATO, 2008). O caso vivido pelos ca-c
feicultores do Espírito Santo entre os anos de 2009 e 2011, representa bem a
importância da gestão
tão de pessoas no agronegócio, nos ano anos
s em questão hou-
ho
ve um aumento nos gastos com a mão de obra e operações mecanizadas de
30%, nesses anos produtores tiv tiveram
ram dificuldades na contratação de mão de
obra temporária para a colheita do café. (COASUL, 2011). A maior parte dessa
mão de obra vinha de e estados vizinhos com Minas Gerais e Bahia, esse a au-
mento do custo levou alguns
guns produtores a cogitar em mudar da cultura do café
para o cultivo de eucalipto
lipto ou seringueira, pois estas demandam menos mão
de obra. Uma das soluçõesções veio da iniciativa privada, empresas que fabricam
fabr
maquinários agrícolas passaram a dar cursos de qualificação para os funcioná-
rios das propriedades
Os melhores resultados de produtivid
produtivida-
de são percebidos quando os funcion
funcioná-
rios estão satisfeitos com as condições
do trabalho, assim se dedicam a fazer
sempre o melhor buscando crescimento
para si mesmo e consequentemente p pa-
ra a empresa.
No mundo do agronegócio muitos re-
clamam da falta de mão de obra, mas se esquecem que reclamar não é a sa saí-
da. Os empregadores procuram funci
funcionários de qualidade
alidade e para isso eles pre-
pr
cisam possuir características como a ccapacidade
pacidade de atrair, reter e motivar os
profissionais que atuam em suas e empresas.
sas. Assim, quando o líder tem a cons-
con
ciência que precisa se desenvolver em primeiro lugar e só depois desenvolver
a equipe com o qual trabalha, a
alcança melhores resultados.
A gestão de recursos humanos pode ser entendida como a arte de seselecionar,
formar, integrar e aperfeiçoar um grupo de pessoas que trabalharem como e-
quipe. Para que a equipe obtenha sucesso em tod todos os
processos, cada um deve saber o seu papel e se ded dedi-
car a fim de alcançar o objetivo proposto, tr
trabalhando
com toda a equipe. Os quatro passos da gestão de rre-
cursos humanos
nos são: selecionar, formar, integrar e ape
aper-
feiçoar.
Em caso de trabalhadores novo
novos, cabe ao gestor a-
presentar
sentar os valores, normas e padrões da empresa.
Pois, investir em funcionários
nários e em adequações de tarefas é um dos pontos
que podem ajudar na resolução
solução de possíveis problemas relacionados à mão de
obra.

5
O contato direto do líder com os funcionários, possibilita maiores discussões
sobre o desenvolvimento do trabalho, seus problemas e também soluções. O
respeito e troca de ideias mutuas, ou seja, a cooperação ente o líder, funcion
funcioná-
rios e ambiente proporciona grandes ganhos a todos, e co consequentemente
nsequentemente
maior lucratividade da empresa.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EMPRESA RURAL


Como fazer o planejamento estratégico?
Há três níveis de gestão nas organiz
organiza-
ções: o Estratégico, o Gerencial ou tático e
o Operacional. Nesta oportunidade vvamos
abordar as ferramentas que julgo iimpor-
tante
te para este nível de gestão da eempre-
sa rural – o Estratégico.
Estratégia deriva da palavra grega "strat
"strate-
gus", que significa general. Literalmente: a
arte do general ou aquilo que o general
faz.
Nas organizações, alguém
guém deverá preocupar
preocupar-se
se em pensar o negócio estrate-
estrat
gicamente, ou seja, definir qual o caminho, maneira ou ação mais adequada
para atingir os objetivos que se propõe.
Na empresa rural, esta função cabe exclusivamente ao "general", ao líder, ao
dono ou aquele que em última análise ficará com o bônus do sucesso ou o ô-
nus do fracasso. Será que um bom general sem um bom exército poderá ve ven-
cer uma batalha? Será que um bom exército sem um bom general poderá ve ven-
cer uma batalha? Eventualmente sim, via de regra nã
não.
o. Então surge a figura do
líder, que deverá conquistar o seu grupo de trabalho (batalhão) através do e-
xemplo, da confiança, do estímulo e da motivação.
Somente após o empresário rural dardar-se
se conta de que a liderança, no sentido
amplo desta palavra, deve
deverá
rá ser exercida por ele, então um planejamento es-
e
tratégico será a ferramenta mais eficaz para atingir os objetivos propostos.
A primeira condição para utilização desta ferramenta é a certeza de sua n
ne-
cessidade e importância. Não deixe que desculpas do tipo
po "agora não é o mo-
m
mento propício", "vamos esperar passar as dificuldades", "o ambiente ainda é
muito instável", ou "estamos passando por uma recessão" impeçam de implimple-
mentar um planejamento estratégico. Lembre
Lembre-se
se sempre haverá uma pendên-
pendê
cia ou dificuldade,
e, não espere que todas passem porque senão você nunca iim-

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plementará o plano. Deve
Deve-sese criar um ambiente onde todos possam dar a sua
opinião, e as pessoas sintam
sintam-se
se valorizadas em poder contribuir, ainda que se-
s
ja pequena a contribuição das pessoas que "fazem
"fazem"" a organização.
Planejar estrategicamente significa
significa:
 Possibilitar
ossibilitar a identificação das oportunidades e ameaças que possam
surgir no meio ambiente;
 Assegurar
ssegurar a necessária preparação às mudanças identificadas;
 Melhorar
elhorar a exploração dos pontos fortes, das oportunidades, neutrali-
neutral
zar os pontos fracos e as ameaças à empresa rural;
 Visualizar
isualizar os problemas internos, externos e as prioridades de solução;
 Roteiro prático para elaborar o Planejamento Estratégico da sua e em-
presa rural:
NEGÓCIO DA EMPRESA
Definir o negócio da empresa é explicar o seu âmbito de atuação. Na
definição do negócio o empresário rural deve indicar que mercado atende, tipo
de cliente atual ou em potencial, e não limitando
limitando-se
se apenas aos produtos que
produz, afim de não limitar
imitar a visão do seu negócio, mas torná
torná--la mais abran-
gente, visando a possibilidade de ampliação de suas atividades afins. A esta
forma damos o nome de visão ampliada de negócio, não quer queremos
mos mais ter a
visão curta ou míope de negócio cuja visão nos llimita
a ao nosso pequeno "mun-
"mu
do dos negócios", mas sim o rec
reconhecimento
nhecimento de sua parte na cadeia produtiva
em que atua.
2. MISSÃO
A missão é um complemento importante porque, é através dela,
que se informa qual o papel que desempenha no negócio.
É a determinação
ação de onde a empresa quer ir, é a razão de sua e-
xistência e como tal deve refletir a motivação e o idealismo das pessoas para
impulsionar o seu funcionamento. Um guia para o trabalho.
Ao definir a missão de uma propriedade rural – empresa rural – deve-se res-
ponder algumas – não necessariamente todas – das seguintes questões:
 O que a empresa rural deve fazer?
 Para quem a empresa rural deve fazer?
 Porque a empresa rural deve fazer
fazer?
 Como a empresa rural deve fazer?
 Onde a empresa rural deve fazer?

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2. 1 VISÃO
Visão em Planejamento Estratégico é a capacidade de enxergar a empresa
operando no futuro. È a capacidade de observar as mega tendências da cadeia
produtiva do seu negócio.
Para estabelecer a visão da empresa faz
faz-se
se necessário analisar os se-
s
guintes aspectos:
Como é o nosso negócio?
Aonde queremos chegar com esse negócio?
Como gostaria de ser visto: pelos clientes? Pela cadeia produt
produtiva?
va?
Pela sociedade onde está inserida a empresa? Pelos colab
colaboradores?
radores?
3. PRINCÍPIOS, POLÍTICAS OU VALORES DA EMPRESA.
Os princípios são o conjunto de valores da empresa, suas crenças, ideologias,
o que acha certo, sua filosofia. Os princípios serão os orientadores para o pr
pro-
cesso decisório e para o cumprimento de sua missão. São os ideais da emprempre-
sa e os alicerces para os seus planos e ações.
Os princípios, bem como a missão e visão, devem ser autênticos, praticados no
dia-a-dia,
dia, inspirando confiança, respeito aos colaboradores, fornecedores, sso-
ciedade em geral, mas principalmente aos clientes da empresa.
4. ANÁLISE DO AMBIENTE:
Outro aspecto relevante a ser considerado para elaborar o planejamento estr
estra-
tégico é a análise do ambiente geral e o ambiente competitivo da empresa afim
de identificar as oportunidades e ameaças, pontos fortes e pontos fracos que
podem influenciar nos resultados de sua atividade.
Atualmente as modificações do ambiente competitivo ocorrem com velocidade
cada vez maiores e com mais freqüência. Visualizar as mudanças e monitorar
o ambiente de competição passa a ter um valor extrao
extraordinário
rdinário como fator deci-
dec
sivo do sucesso, sobrevivência ou fracasso da empresa rural.

Ambiente Externo
A primeira preocupação e análise que a empresa deve fazer é em
relação ao ambiente geral, ou macro ambiente, aquele ambiente
mais amplo composto por co condições
ndições e fatores externos que influ-
infl
enciam a empresa, no seu negócio, e no qual ela tem pouco ou
nenhum poder de influência. As principais variáveis desse ambie
ambien-
te são: tecnológicas, políticas, econômicas, legais, sociais, dem
demo-
8
gráficas e geográficas.
É pela
a análise do ambiente externo que identificamos as oportunidades e am
ame-
aças sobre no negócio.
Ambiente Interno
Outro ambiente que a empresa precisa analisar e conhecer detalhadamente é
o operacional, ou seja, interno da propriedade rural. Esse ambiente é conheci-
do como ambiente competitivo , específico das operações diárias, que podem
ser fatores limitantes ou de potencialidades. As pri
prin-
cipais variáveis desse aambiente são: Infra-estrutura
de máquinas, equipame
equipamentos e benfeitorias, mão-de-
obra, controles, recursos
cursos financeiros, etc.
É pela análise do ambiente interno que identificamos
os pontos fortes e pontos fracos do nosso negócio.
Uma avaliação bem criteriosa deve ser feita em rrelação
lação às oportunidades e
ameaças, pontos fortes e pontos fracos, através de umuma a matriz de prioridades,
para que a partir daí possamos mais facilmente e estabelecer
tabelecer os objetivos e me-
m
tas, para os períodos de curto, médio e longo pr
prazos.
5. OBJETIVOS E METAS
Após a análise destes ambientes (externo e inte
inter-
no) a empresa rural já co
consegue mais facilmente
visualizar as oportunidades e ameaças, os pontos
fortes e pontos fracos que possam afetar o seu
negócio e, a partir daí estabelecer suas estrat
estraté-
gias afim de aproveitar as oportunidades identif
identifi-
cadas potencializando seus pontos fo
for-
tes minimizando as fraquezas e ame
ameaças.
Para tanto, traçar objetivos e metas é fundamental para que as futuras dec
deci-
sões sejam consistentes e coerentes com o rumo que queremos dar ao neg negó-
cio, conforme a missão estabelecida e os princípios destacados anterio
anteriormente.
Os objetivos são os resultados quantitativos e/ou qualitativos que a empresa
rural procurará alcançar em um determinado período de tempo.
As metas empresariais são etapas de forma quantificadas e com prazos est esta-
belecidos necessários para atingir os objetivos, permitindo melhor controle dos
resultados que estarão sendo alcançados ao longo de um determinado período
de tempo.
Características que os objetivos devem possuir:

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 Devem ser coerentes com os recursos e o ambiente da empresa;
 Devem ser viáveis e desafiadores;
 Devem ser desafiadores
desafiadores;
 Devem ser mensuráveis;
 Devem possuir prazos definidos;
 Devem ser em número reduzido;
Para finalizar, os objetivos podem ser classificados em objetivos de longo pr
pra-
zo (para mais de cinco anos), objetivos de médio prprazo
azo (de dois a cinco anos) e
objetivos de curto prazo (até dois anos).
Um objetivo, pode ter mais de uma meta para alcançá
alcançá-lo
lo na sua plenitude, e
ainda devem possuir um indicador para monitoramento da eficácia das ações
estratégicas.
6. AÇÕES ESTRATÉGICAS E ORÇAMENTAÇÃO:
Considerando o negócio, a missão, os princípios,
as análises dos ambientes interno e externo a d de-
finição dos objetivos e metas, há que se estabel
estabele-
cer um plano de ações para atingi
atingir cada objetivo e
sua respectiva meta, confor
conforme os recursos dispo-
níveis, os pontos fortes e fracos da empresa, as
oportunidades e ameaças existentes no ambiente.
O plano de ações estratégicas deve possuir pr
prazos
zos determinados e indicadores
de controle para saber se estão sendo ating
atingidas as metas de cada
da objetivo.
Cada ação estratégica deve estar associada com os recursos (físicos, técnicos,
humanos e financeiros) necessários para cumpri
cumpri-la. A implementação da ação
estratégica deve seguir um cronograma, para o gerenciamento mais profissi
profissio-
nal do trabalho,
o, adequado ao fluxo de caixa, da organização para que não haja
interrupções desnecessárias.
Verificação de Consistência
Para verificar a consistência do Plano de ações estratégicas, sugerimos o sse-
guinte "check-list"
 As ações estão relacionadas com as mmetas
etas e estas com os objetivos da
empresa?
 São claras para que possamos entender e controlar?
 São compatíveis com os recursos atuais e potenciais da empresa?
 Aproveitam as oportunidades do mercado?
 Minimizam as ameaças do mercado?
 Potencializam os pontos fortes da empresa?

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 Neutralizam os pontos fracos da empresa?
 Respeitam e reforçam o negócio, a missão e os princípios da empresa?
 São coerentes?
MARKETING NO AGRONEGÓCIO

Marketing rural são todas as ações desedesen-


volvidas com intuito de evidenciar os prod
produ-
tos e serviços agropecuários de forma posit
positi-
va diante das empresas eenvolvidas nesse se-
tor. O salto deste mercado se deu a cresce
crescen-
te do agronegócio
cio no Brasil assim como em
todo o mundo, as grandes empresas tem tr tra-
balhado
lhado arduamente com competência o
marketing rural com ações e exposições vo vol-
tadas para diferentes públicos com camp
campanhas publicitárias junto aos produto-
prod
res rurais.
A Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR) realiza um trabalho dir dire-
cionado no sentido de agregar e desenvolver pesquisas de inter
interesse
esse nas diver-
dive
sas organizações que compõem esse setor, porém, algumas empresas agroi agroin-
dustriais têm restrições devido a falta de profissionalização em comunicação e
marketing sendo nítida a visão conservadora, discreta e menos interessadas
em repassar informações
mações com formadores de opinião.
Outra importância a ser dada ao setor do agronegócio está relacionada a cca-
nais de comunicação direcionados ao agronegócio como o agrobusiness em
jornais, espaços nas grandes revistas, programas de rádio e televisão; este
trabalho
rabalho tende a crescer como ocorre em países com maior desempenho ne nes-
sa área.
O futuro do marketing rural no Brasil é muito promissor, com a demanda cada
vez mais presente da web em vários setseto-
res, o agronegócio também decola nessa
linha de avanços e tecnologia.
O conceito de Marketing Rural deve ser
visto no sentido amplo e abarcar não ap
ape-
nas as empresas que produzem insumos
ou produtos ou prestam serviços, mas as
universidades, os institutos de pesquisa, o
sistema financeiro, as cooperativas, as ONGs
ONGs,, as empresas dedicadas à agri-
agr
cultura familiar, as empresas estaduais de pesquisa agropecuária, as secretar
secretari-
as de agricultura e o próprio Ministério, e, inclusive, as publicações da área,

11
que nem sempre conseguem impor
impor-se
se junto aos potenciais anunciantes. (Xavi-
er, 2003).
Como aumentar vendas no setor agropecuário com o uso do Marketing
Rural

A competitividade no agronegócio,
como em outros segmentos da ec eco-
nomia, está fazendo com que emprempre-
sas do setor se preocupem, cada vez
mais, com o planejamento estratégico
na área de Marketing. Desta forma, o
Marketing Rural está se tornando uma
das áreas prioritárias em diversas e
em-
presas do setor, mas, mesmo assim,
muitas insistem em ignorar as novas
tendências de mercado
cado e manter uma política conservadora, sem priorizar es-
tratégias mercadológicas.
gicas.
O maior problema das empresas nacionais, no setor rural, são os baixos inve
inves-
timentos em Marketing o que, de uma maneira geral, faz com que as vendas e
a competitividade do negócio sejam comprometidas. Podemos dizer qu que uma
boa estratégia de Marketing pode e deve elevar a marca da empresa, fortalecê-
la e criar valor agregado aos produtos fabricados ou comercializados. Isto leva
ao aumento das vendas e à facilidade no processo de abertura de novos me mer-
cados, sejam eles no Brasil ou no exterior.
No Brasil, existem alguns determinados segmentos dentro do agronegócio que
já estão criando ou já incorporaram uma política eficiente de Marketing. Os sse-
tores de máquinas, implementos e insumos são os que mais investem no pl pla-
nejamento
nto e em ações direcionadas. Além destes, os de saúde animal e d de-
fensivos também estão aumentando seus investimentos. Já não pode ser dito o
mesmo de setores como os de sementes, grãos e cereais, carne e muitos o ou-
tros.
O que os empresários do setor precisprecisam
am entender é que um bom plano de
marketing, com um investimento coerente, cria uma reação em cadeia levando
ao êxito de uma política de expansão dos negócios. Todas as ferramentas de
Marketing devem ser consideradas e utilizadas de maneira racional. As po políti-
cas de preço, logística, distribuição, publicidade, promoção de vendas, etc., são
de vital importância para que sejam obtidos resultados crescentes. De nada a-
dianta, por exemplo, uma estratégia baseada na competitividade de preços e
que seja ineficiente e em publicid
publicidade
ade ou na promoção de vendas.
Nos dias de hoje, a utilização da tecnologia nas estratégias de Marketing Rural

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também está sendo muito valorizada. Campanhas em mídias eletrônicas como
a TV e a Internet estão se mostrando bastante eficientes, p
pois
ois possibilitam aos
anunciantes uma comunicação direcionada a um público bastante qualificado.
Desta forma, os objetivos das campanhas são mais facilmente atingidos.

LOGISTICA NO AGRONEGÓCIO

A logística engloba muitos outros pr


pro-
cessos além do transporte de cargas.
Uma boa definição da logística é dizer
que ela opera como um modo de ge ges-
tão que cuida especialmente da m mo-
vimentação dos produtos, nos dive
diver-
sos segmentos
mentos dentro de toda a cca-
deia produtiva de qualquer produto,
buscando agilidade
dade nas operações e
processos
rocessos para efetuar suas obrig
obriga-
ções no tempo, custo e com a qual
qualidade devida.
Este modo de gestão, opera na movimentação de produtos também nas dif dife-
rentes cadeias produtivas do agronegócio, envolvendo o conjunto de fluxos dos
produtos em todas as ativida
atividades
des importantes, durante o processo produtivo e o
refluxo, como todo o conjunto de atividades relacionadas a suprimentos, às o-
perações de apoio aos processos produtivos e as atividades voltadas para a
distribuição física dos produtos na comercialização, co como
mo armazenagem,
transporte e formas de distribuição dos mesmos.
Neste sentido, dentro da participação logística no agronegócio, ela pode ser di-
d
vidida em três partes integradas, a logística de suprimentos, logística das op
ope-
rações de apoio à produção agropec
agropecuária
uária e logística de distribuição.
Logística de Suprimentos
Na cadeia produtiva agroindustrial, a llo-
gística de suprimentos cuida especia
especial-
mente da forma como os insumos e os
serviços fluem até as empresas comp
compo-
nentes de cada cadeia produtiva, assim,
garantindo que estejam disponíveis com
a finalidade de reduzir os custos de pr
pro-
dução ou de comercialização.

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Os insumos agropecuários têm pesos muito elevados na composição dos cu cus-
tos de produção das empresas e alguns deles têm seu preço de transporte
mais elevado que seu próprio preço de aquisição, como exemplo: o calcário a-
grícola é de baixo valor agregado, mas com transporte geralmente superior d
de-
pendendo o volume transportada e da distância do moinho até a fazenda.
Logística de apoio à produção agropecuá
agropecuária
Dentro da gestão do processo produtivo,
ao que envolve suprimento de ins insumos,
procura-sese conduzir o empreend
empreendimento
para atingir eficácia e eficiência. Já do
ponto de vista da logística, deve
deve-se pro-
curar a racionalização dos pr processos
operacionais para transferência de m ma-
teriais, o que envolve, também, iinforma-
ções sobre estoques e o plano de apl apli-
cação de cada produto, quantid
quantidade
de e o período de sua utilização.
Então, a logística procura movimentar somente as quantidades necessárias,
sem formar estoques excessivos e imobilizados, evitando a falta, com conse-
quentes correrias de última hora, de acordo com a capacidade do empreend
empreendi-
mento. Obtida a produção, a logística se ocupará da movimentação dos prod
produ-
tos, como transporte interno, manuseio, armazenagem pr primária,
imária, estoques pri-
pr
mários, entregas, estoques finais e controles diversos.
Logística de Distribuição
Os produtos agropecuários de modo
geral são perecíveis. Por isso, cada
um necessita de tratamento pós pós-
colheita diferenciado, necessitando
cuidados quanto ao transporte, e em-
balagens apropriadas, armazenagem
a temperaturas
raturas adequadas e controle
da umidade
midade relativa do ar.
Outra característica é a sazonalidade
da produção, salvo exceções. Alguns
produtos são colhidos uma vez por ano em cada região, devido às con condições
climáticas do local. O desafio da llogística
gística nessa etapa, é que o transporte a-
tenda as características dos produtos em suas especificidades,, não permitindo
a perda na qualidade, assegurando a pontualidade na entrega.
Concluindo

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A logística é parte essencial
sencial da produção do agronegócio, envolvendo a produ-
prod
ção agrícola e pecuária e, para que os produtos sejam entregues com qualid
qualida-
de as três partes da logística devem trabalhar de forma integrada, completando
uma à outra, sempre com eficácia e eficiência.
Desta
esta forma, os produtos serão entregues da melhor maneira possível perm
permi-
tindo que os dois setores cresçam e se desenvolvam, com as melhores prát
práti-
cas e os menores custos.

MÃO DE OBRA E LEGISLAÇÃO NO AGRONEGÓCIO

O agronegócio é um dos setores mais representativos na economia brasileira.


De 2015 para 2016, aumentou sua participação no PIB (Produto Interno Bruto)
de 21,5% para 23%. Para 2017, a previsão é de uma expansão de 2%. Os da-
dos são do Portal Brasil..
É do campo que vem uma das mais fortes movimentações na economia em
pleno período de recessão. Para qu
quem
em trabalha no setor, as notícias também
são boas: o agronegócio brasileiro emprega 19 milhões de pessoas, segundo
estudo realizado, em Piracicaba/SP
Piracicaba/SP.
Com a previsão de crescimento, é
possível que mais vagas de trabalho
no campo sejam criadas. Para quem
tem negócios nesta área, é importa
importan-
te prestar
tar atenção: a legislação para
contratação
ação de empregados rurais
tem suas particularidades.
ticularidades. Vamos een-
tendê-las?
Quem é o empregado rural?
Segundo a Lei 5.889/1973
5.889/1973,, art. 2º, “empregado rural é toda pessoa física que,
em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eveeven-
tual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário”. Ele reres-
ponde ao empregador rural, que segundo a mesma lei, art. 3º, é “a pessoa fís físi-
ca ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro econômica, em
caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com
auxílio de empregados”.
Além da atividade exercida em campo, a lei também inclui a exploração indu
indus-
trial em estabelecimento agrári
agrárioo não compreendido na Consolidação das Leis
do Trabalho. Um exemplo: o trabalhador que presta serviço em um sítio no qual

15
existe algum tipo de produção econômica, ainda que pequena, como pecuária
ou agricultura, é considerado empregado rural.
Quais são os direitos do empregado
rural?
Não é difícil entender porque um empr
empre-
gado do campo tem direitos diferentes
de um empregado urbano. Há maior
desgaste físico e diferença de horários –
em muitos casos tem jornadas noturnas
em seu contrato de trabalho. Há, ta tam-
bém,
ém, um estigma de informalidade que a
atividade carregou por muitas décadas:
o trabalho rural foi formalizado somente em 1988, pela Constituição Federal.
1. Contratação CLT
Todo empregado rural, deve ter a atividade registrada na Carteira de Trabalho,
seja pelo empregador ou pela empresa intermediária. Devem constar data de
admissão, salário e respectivas atualizações, férias e dispensa.
2. Inscrição e recolhimento de INSS
É obrigação do empregador inscrever o empregado rural no Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) e efetuar os recolhimentos previdenciários nos pe per-
centuais de 8, 9 ou 11% da remuneração, conforme o valor do salário. Para iis-
so deve-se
se consultar a tabela vigente do INSS. Além disso, o valor total a ser
recolhido também deve incluir a cota paga pelo empregador, que é de 20% sso-
bre o salário do empregado, independentemente do valor.
3. FGTS
A exemplo de outros modelos de trabalho previstos na CLT, ele também tem
direito ao FGTS, recolhido
do mensalmente pelo empregador.
4. Décimo terceiro salário
São duas parcelas, uma paga entre os m me-
ses de fevereiro e novembro e a segunda
até o dia 20 de dezembro. A primeira parc
parce-
la corresponde à metade do salário no mês
anterior ao pagamento. A segunda parcela
corresponde à metade do salário de d de-
zembro, descontando o valor da primeira
parcela e os encargos.

16
Pontos de destaque da legislação para contratação no campo
Vale reforçar que o empregado rural tem seus direitos regulamentados em lei
própria (Lei nº 5.889/73), no Decreto nº 73.626/74, no artigo 7º da Constituição
Federal e em alguns artigos da CLT. Não é permitido contratar um empregado
rural nos mesmos moldes de um empregado urbano ou doméstico. Estas dif dife-
renças e especificidades estão previstas eem
m lei e devem ser respeitadas. Caso
não sejam, há implicações jurídicas previstas.
“Todos os empregadores, rurais ou urbanos, estão sujeitos às leis trabalhistas
e serão penalizados em caso de descumprimento. No meio rural os riscos do
ambiente de trabalho exigem maiores cuidados com a legislação e normas rre-
gulamentadoras do trabalho, como a NR 31”,
– Jornada diária
Não pode exceder 8h/dia. Em atividades com duração superior a 6h diretas, há
um intervalo obrigatório de no mínimo 1h sem prejuízo na remunera
remuneração.
– Horas extras
O adicional de horas extras é de no mínimo 50% sobre o valor da hora normal,
conforme determina o art. 7º, inciso XVI da Constituição Federal.
– Trabalho noturno
É considerado como trabalho noturno rural aquele que for executado entre a as
21h de um dia e as 5h do dia seguinte (lavoura) e 20h de um dia e 4h do dia
seguinte (pecuária). A Lei 5889/73 prevê um adicional de 25% sobre o total da
remuneração normal.
Outras informações importantes
Trabalho de menor
É proibido qualquer trabalho até os 16 anos, exceto na condição de aprendiz.
De 16 a 18 anos são proibidos os trabalhos n noturnos,
oturnos, insalubres, periculos ou
penosos (que envolvam contato com poeira, calor, gasolina, produtos químicos,
agrotóxicos, ruído, ou a venda de bebidas alcoólica
alcoólicas,
s, dentre outros).
Trabalho intermitente
São aquelas atividades em que há um intervalo
superior a cinco horas entre duas jornadas. É o
caso do vaqueiro ou retireiro. Nestas situações,
deve haver uma anotação na Carteira de Tr Tra-
balho. Mas o período de interintervalo não será
contabilizado como de serviço efetivo.

17
Terceirizar a contratação no campo ajuda empregadores
A produção do agronegócio depende diretamente de fatores externos: clima,
períodos de plantio, colheita, entre outros. Por isso é importante que o em
empre-
gador conheça algumas formas distintas de contratação, que atendem a d de-
mandas específicas, pontuais ou sazonais.
1) Contrato de safra
É uma modalidade de contrato em que a duração depende de variações saz sazo-
nais ou estacionais das atividades agrárias. O período entre o preparo do solo
para o cultivo e a colheita é um exemplo.
Apesar de não ser prorrogável, este cocon-
trato pode ser sucedido por outro.
O recrutamento dos empregados deve ser
feito preferencialmente na localidade em
que irão trabalhar. O empreg
empregador deve
fornecer, transporte adequado de ida e
volta,
ta, boa alimentação e também hosp
hospe-
dagem, se necessário, podendo realizar o
desconto da participação do empregado, observando
observando-se
se os limites legais.
Ao final da safra deverão ser pagos ao empregado rural o saldo de salário, 13º
salário proporcional e férias proporcionais, acrescidas de 1/3 e também o
FGTS. Se rescindido o contrato pelo empregador antes da atividade a qual foi
contratado para executar na safra, o empregado rural terá direito ao saldo de
salário,
io, 13º proporcional, férias acrescidas de 1/3 e ao saque de FGTS com a-
créscimo de 40%. Caso a rescisão aconteça a pedido do empregado, ele devdeve-
rá receber apenas o saldo de salário e o 13º proporcional.
2) Contrato por pequeno prazo
Regulamentado pela Lei nº 11.718/2008 para o exercício de atividades de natu-
reza temporária, somente pode ser feito
por produtor rural pessoa física, prproprietá-
rio ou não, que explore diretamente ativ ativi-
dade agro econômica. No enta entanto, se du-
rante o período de um ano a contrat
contratação
superar dois meses, o co contrato fica con-
vertido em contrato de prazo indete
indetermina-
do. Neste caso a formal
formalização deve ser
feita por escrito e devidamente regi
registrada

18
na Carteira de Trabalho.
lho. Deve ser autorizada por acordo ou convenção col
coleti-
va. Na prática, o trabalhador
lhador rural com contrato por pequeno prazo tem os
mesmos direitos dos demais
mais trabalhadores rurais.

DIREITO AGRÁRIO SIMPLIFICADO

I. Teoria Geral do Direito Agrário

II. Propriedade Imobiliária no Brasil

III. Institutos Agrários

IV. Usucapião Especial Rural

V. Aquisição da Propriedade Rural por Pe


Pes-
soas Estrangeiras

VI. Reforma Agrária

I. Teoria Geral do Direito Agrário

1. Considerações Iniciais
Direito Agrário é o conjunto, acervo, sistemático de normas jur jurí-
dicas
cas que visam disciplinar as relações do homem com a terra,
tendo em vista o progresso socsocial e econômico do rurícola e o
enriquecimento da comunidade.
Os fatos jurídicos que emergem do campo, decorrentes de a-
tividade agrária, estrutura agrária, empresa agrária, tudo o que
caracteriza a relação jurídica
urídica agrária,
grária, ou seja, as relações do homem com
a terra que geram efeitos, config
configurando-se o objeto do direito
to agrário.

“Atividade agrária é o resultado da atuação humana sobre a natur


nature-
za, em participação funcional, condicionante do processo produtivo” - Emílio
Alberto Maya Gischkow

As atividades agrária
ria podem ser classificadas em:

a) Explorações rurais típicas: lavouras, pecuária


pecuária,, extrativismo vegetal e animal
e hortigranjeira (atividades normalmente primárias);

19
As lavouras podem ser classificadas como temporárias/transitórias (ex: arroz,
milho etc) e permanentes/duradouras (ex: café, abacate, cacau). O
critério de classificação depende da necessidade de retorno
e o tempo de renovabilidad
vabilidadeou não do solo.

A pecuária pode ser classificada como pequeno (ex


(ex:: galinhas), mé-
m
dio (ex: porcos) e grande (ex: bois) porte.

Esta classificação “exploração rural típica” possui extrema rel


relevância
vância
para a fixação dos prazos de contratos agrários (matéria a não ser e explorada
neste compilado, pois em geral não é cobrado na p prova
rova da professora...)
profess

O extrativismo rural também é considerado exploração típica e consiste na e


ex-
tração de produtos vegetais e captura de animais, ex: extração de castanha e
pesca.

b) Exploração rural atípica: agroindústria (processo industrializante des


desenvolvi-
do nos mesmo limites territoriais em que são obtidos os produtos primários, ex:
produção de rapaduras, fari
farinha de mandioca etc)

c) Atividade complementar da exploração rural: que co


compreende
preende o transporte e
a comercialização de produtos. A atividade complementar da expl. rural é tam-
ta
bém chamada por parte da doutrina de “conexa”.

Observação:

O termo “agricultura” em sentido estrito é sinônimo de


plantio, e em sentido lato é sinônimo de atividade agrária.

A idéia de “rural” dá uma noção de estático, par


parado, físi-
co, uma percepção de local, espaço. Área rural é toda á-
rea que ainda não foi “víti
“vítima” da urbanização.

Agrário passa a idéia de movimento, conduta. Agrário é todo e qualquer lugar


onde se desenvolve uma atividade do homem com a terra, independente de
onde aconteça (ex: mesmo em zonas urbanas, existem áreas rurais, propri proprie-
dades rurais, classificada assim para fins de ITR – Imposto Territorial Rural

2. Natureza Jurídica

O Direito Agrário é matéria de natureza híbrida, prevalecendo a característica


de direito público, por dois fundamentos: o acervo de normas cogentes (a
quantidade
tidade de normas de direito público) é mais amplo do que as de direito pr
pri-
20
vado; o direito agrário, em seu âmago, possui um caráter inerentemente soci
socio-
lógico/socialista. Aspectos este
estes
s que não podem ser negados. A terra clama
por ser destinada a um interesse público. A Constituição prevê em suas letras
esse caráter (art. 5º, XXIII). Então, mesmo que nos dias atuais, com a prepo
prepon-
derância evidente concretizada do capitalismo, o direito a
agrário
grário ainda mantém
seu caráter socialista, moderado, mas “borbulhante”.

3. Fontes

A fonte atualmente vista como primordial é a lei.

Mas, como a produção legislativa em matéria de direito agrário é muito pobre, o


que ocasiona, na prática, os costumes serem revelados como fonte primordial
do direito agrário.

Observação: a União detém o monopólio legislativo em matér


matéria
ia agrária (art. 22,
I e II CF)

4. Princípios

Dois princípios se sobrepõe no Direito Agr


Agrá-
rio:

a) Princípio da Adequação da Propriedade


Imobiliária
ia ao Progresso Social e ao Dese
Desen-
volvimento Econômico.

Este princípio ensina como deve ser explorado o imóvel rural, é usado para d
di-
rimir qualquer conflito agrário.

A base para este princípio é que a terra não está ali para ostentar patrimônio, e
sim gerar riqueza.

b) Princípio da Redistribuição das Propried


Propriedades
ades Imobiliárias Inadequadas e
Reestruturação das Tituloriedades
uloriedades Fundiárias no País.

Este princípio possui caráter sancionatório. Se não há capacidade de se ad


ade-
quar as propriedades imobiliárias, a terra será desapropriada – característica
socialista.

O art. 5° da Constituição em seu inciso XXII garante o direito à propriedade,


mas logo abaixo no inciso XXIII coloca uma condição a essa garantia. A propr
propri-
edade há de ser protegida, desde que atendida à sua função social.
21
O que a CF expõe é que uma vez inadmitida a terra para ostentação de patr patri-
mônio, TODA e qualquer pedaço de chão deverá ter um fim específico, como
gerar frutos, riqueza. A terra deve ser trabalhada, gerando assim empregos e
rendas. Aquele que e não cumprir a orientação, assume para si o risco de sofrer
sanções. A sanção prevista em lei é a desapropriação agrária, que consiste em
instrumento para a Reforma Agrária, que por sua vez, é uma tentativa de co cor-
reção ao pífio quadro latifundiário do paí
país.
s. “O acervo de medidas jurídicas pau-
pa
tadas na reforma da realidade de terras não
não-utilizadas”.

II – A Propriedade Imobiliária no Brasil

1. Breve síntese histórica

A história do Direito Agrário no Brasil começa com o Tratado de Tordesilhas,


assinado em 1494 pelo rei de Portugal (D. João) e pelos reis da Espanha (D.
Fernado e D. Isabel).

Era uma vez, e essas duas Coroas assinaram um acordo dizendo que a partir
daquela data, seria traçada uma linha imaginária, contando 370 léguas a oeste
das Ilhas de Cabo Verde
Verde,, e que todas as terras que fossem encontradas a
margem direita pertenceria à Portugal, e as terras à esquerda pertenceriam à
Espanha.
O grande ponto chave deste documento, é que como seis anos após a sua a as-
sinatura, o Brasil foi “descoberto” por Pedro Álv
Álvares
ares Cabral, adquirindo assim
para Portugal o domínio sobre as terras recém
recém-encontradas.
encontradas. Embora a efetiva
posse tenha sido apenas simbólica, já que a efetivação do direito real a propr
propri-
edade sobre as terras descobertas, se deu com a homologação pelo papa A Ale-
xandre VI ao tratado de Tordesilhas, que, sendo a Igreja Católica, o maior inst
insti-
tuto à época, garantia ao documento, validade jurídica.

Após a garantia do título de domínio sobre o território recém descoberto, a C


Co-
roa Portuguesa tratou de ocupar a nova tterra,
erra, incumbindo para esta função
Martin Afonso de Souza, nos idos de 1531, ficando este pobre infeliz a dura tta-
refa de colonizar o Brasil.

Por causa da grande extensão territorial do pedaço de chão encontrado, que o


Governo português iniciou o processo d de
e colonização doando em caráter irre-
irr
vogável, ao seu colonizador – considerado o primeiro – uma “pequena” exten-
exte
são de cem léguas de terras, através de uma carta datada de 1535. Esta “m
“mó-
dica” doação é considerada uma das causas para o processo latifundizante do
país a partir de sua colonização, para fazer uma noção é só pensar que cem
léguas de sesmarias, naquela época, media nada menos do que 660 km. Essa

22
medida, é claro, era apenas para na linha horizontal da costa marítima, pois
conforme os termos da carta de doação, não havia limites para o interior.
“Quanto puderem entrar”.

2. O regime sesmarial

Como forma de colonização, Portugal dde-


cidiu que o sistema de sesmarias seria o
mais eficiente. Embora em Portugal o si
sis-
tema havia sido praticado com ssucesso, o
mesmo não se deu aqui.

No Brasil o regime sesmarial possuía sse-


melhanças com o instituto da enfiteuse,
pois o que era transferida não era a prpro-
priedade, e sim, apenas o direito real de
uso (domínio útil). Martin Afonso, recebeu
do rei de Portugal a permissã
permissão de concederder terras (com apenas o direito de u-
so, impossibilitado de dispor sobre elas) às pessoas que com ele viessem e
aqui quisessem viver e povoar, inclusive com a possibilidade de transmissão
causa mortis. Mas tais direitos vinham com a cláusula de q que
ue poderiam ser re-
r
vogados, e as terras dadas a outras pessoas, acaso o sesmeiro não as apr apro-
veitassem
itassem no prazo de dois anos.

Além desta cláusula, o sesmeiro ficava também obrigado a colonizar a terra, ter
nela sua moradia habitual e cultura permanente (est
(estes
es dois últimos institutos
guardam particular semelhança com os requisitos para usucapião rural, art. 191
CF), demarcar os limites das respectivas áreas, submetendo
submetendo--se a posterior
confirmação, e ainda, pagar os tributos exigidos à época. Caso ocorresse do
sesmeiro não cumprir suas obrigações, caía em comisso, tendo por efeito o rre-
torno do imóvel ao patrimônio da Coroa portuguesa, para ser redistribuído a ffu-
turos interessados.

Contudo, o regime sesmarial deu terrivelmente errado. As terras ficavam por si


só, e muitos concessionários, valendo
valendo-se
se da política de clientelismo vigorante
desde aquela época, se tornaram inadimplentes. Tantos prejuízos que essa p po-
lítica adotada trouxe para a Coroa e o Brasil que, às vésperas da Independê
Independên-
cia, mais precisamente em 17 de julho de 1822, o regime sesmarial foi declara-
declar
do extinto, ao passo que apenas foi editada uma legislação para regular a pr
pro-
priedade rural em 18 de novembro de 1850, 28 anos de depois.

23
O período na demora da concepção legislativa causou a ocupação desenfre
desenfrea-
da e desordenada do vasto território nacional. Ocasionando o seguinte quadro:

• Proprietários legítimos, por títulos de sesmarias concedidas e confirmadas,


com todas as obrigações
ações adimplidas por sesmeiros.

• Possuidores de terras originárias de sesmarias, mas sem confirmação, por i-


nadimplência das obrigações assumidas por sesmeiros (devedores que se a-
proveitaram da falta de cobrança e man
mantiveram suas terras).

• Possuidores sem nenhum título hábil adjacente (pessoas que chegaram e


simplesmente tomaram
maram “posse
“posse”).

• Terras devolutas, aquelas que, dadas em sesmarias, foram devolvidas, po por-


que os sesmeiros caíram em comisso (os sesmeiros foram despossados de
suas terras antes da revogação da lei por haverem caído em comisso, após a
perda, as terras foram devolvidas e como depois logo a colônia se tornou na- n
ção, não houve a quem devolver – haverá explicações ainda neste capítulo).
A Lei 601 de 1850 – Lei de Terras – que veio a ser regulamentada pelo Decreto
nº 1.318 de 30 de janeiro de 1854, demarcou, de uma vez por ttodas, a defini-
ção de qual terra era de direito público e qual de direito privado. A solução foi a
seguinte:
• Todos aqueles que já possuíam concessão de domínio antes da extinção do
instituto de sesmarias (proprietários legítimos), e que não caíram em comicomisso,
foi confirmada a propriedade (lembrem
(lembrem-sese que antes, no regime sesmarial, o
sesmeiro apenas possuía o direito real de uso, ou seja, apenas possuíam o
domínio útil da terra, não podendo dispor sobre ela). Com o advento da Lei 601
de 1850, a propriedade foi declarada aos an antigos sesmeiros;

• Todos aqueles que possuíam a concessão na forma da lei vigente, e cumpr


cumpri-
ram todas as obrigações à elas inerentes (trabalhavam a terra, moravam n
ne-
la...), ganharam a confirmação
firmação da propriedade;

• Aqueles que caíram em ccomisso,


omisso, mas por ato discricionário do imperador
(que concedeu à quase todo mundo), ganharam a propriedade;
• Todos que invadiram, posseiros que comprovassem a moradia ou exploração
da terra, e que o imperador aceitasse o plano de viabilidade (que praticame
praticamente
aceitou todos) converteram
converteram-sese em domínio. Ou seja, ficariam em período de
“teste”, até que fosse comprovado a exploração útil ou e decorrido o tempo n
ne-
cessário com a moradia, o concessionário detinha apenas a posse da terra, a
ser convertida em proprie
propriedade;

24
• O resto, que não foram convertidas em propriedades privadas
privadas, tornaram-se
terras públicas.

Terras Devolutas são todas as terras que foram convertidas em domínio priv
priva-
do, mas por não serem exploradas economicamente ou como moradia, foram
devolvidas aoo Estado. A idéia inspirada por Ruy Barbosa era que as terras dde-
volutas seriam propriedade dos entes federados (estados) – idéia surgida após
a Proclamação da República -,, exceto aquelas reservadas à União por motivos
de segurança nacional.

Observação: Não cabe usucapião de bem público (art. 191, Parágrafo Úni
Único
CF) e das terras devolutas.

III - Institutos Jurídicos Agrários

1. Reforma Agrária
a x Política Agr
Agrí-
cola

Política Agrícola é o rol de medidas, ações


públicas, voltadas para premiar, promover
a produtividade. Rol de medidas com as
quais o Estado age para promover, amplampli-
ar, incentivar o aumento
mento da produção

Reforma Agrária é o conjunto de medidas (algumas de caráter sancionatório)


para promover a redistribuição de propriedades fundiárias. Não é sin
sinônimo de
desapropriação,
propriação, e sim, rol de medidas, instrumentos, dentre os quais está a
desapropriação.

Desapropriação agrária é instrumento do qual Reforma Agrária é gênero.


A Reforma Agrária não é necessariamente implementada pelo Estado, pode
ocorrer também
ém por iniciativa privada.

• Iniciativa estatal – desapropriação (caráter sancionatório), colonização oficial


ou pública;

• Iniciativa privada – coloni


colonização privada, usucapião rural.

A colonização pode ser pública ou privada. Trata


Trata-se
se da convocação de famílias
fam
de camponeses para uma determinada região não utilizada, com a intenção de
criar
iar institutos de vida urbana.

25
Os conceitos de Reforma Agrária e Política Agrária não se ambiguam, e sim se
completam.

1. Imóvel Rural

O art. 4º, inciso I do Estatuto da Terr


Terraa deu a seguinte definição de imóvel rural:
“Imóvel rural, prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua local
locali-
zação, que se destine a exploração extrextra-
tiva agrícola, pecuária, ou agroindu
agroindustrial,
quer através de planos públicos de valor
valori-
zação, quer
uer através da iniciativa pr
privada.”

A Lei nº 8629/93, também em seu art. 4º,


inciso I, deu a seguinte definição: “móvel
rural, prédio rústico, de área contínua,
qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à e ex-
ploração agrícola, pecuária, extrativa, vvegetal,, florestal ou agroindustrial.”

Então, fazendo-sese uma ponderação entre os dois artigos, imóvel rural é todo
imóvel onde se desenvolva uma atividade agrária independente de sua local locali-
zação. O imóvel rural é conceituado como “imó “imóvel
vel rústico”, “prédio rústico”, pois
a área rural é rústica, primitiva, o que torna possível o desenvolvimento de uma
atividade agrária.

O destaque que se dá quanto a não importância da localização do imóvel rural,


ocorre pelas duas seguintes obser
observações:

Primeiro, não cabe mais dizer hoje que o imóvel rural em área urbana possa
ser usucapido segundo os requisitos da usucapião especial rural, motiva
motiva-se isto
ao fato da Constituição afirmar que só se aplica usucapião especial ou usuc
usuca-
pião rural em imóveis ad
adstritos em zonas rurais (art. 191 CF c/c
/c art. 1239 do
Código Civil).

A segunda observação faz jus ao fato de que mesmo o imóvel rural em área
urbana não possa ser usucapido nos termos da usucapião rural, para o Direito
Tributário cabe o ITR (Imposto Terri
Territorial
torial Rural), pois o ITR não computa as
construções feitas no solo, e sim a terra “crua”, pois também o Decreto
Decreto-Lei
57/66 em seus arts. 6º e 15, declara que “qualquer imóvel rural p paga ITR,
mesmo em área urbana”.

Houve uma grande discussão sobre este tema


tema,, pois a Lei 9393/96 diz que ao
imóvel rural em área urbana cabe IPTU, entendimento revogado pelo STF, que

26
optou pelo entendimento do Decreto
Decreto-Lei
Lei 57/66, ou seja, para o imóvel rural em
área urbana cabe ITR. O STF se baseou no fato de que mesmo o Decreto Le Lei
seja em sua origem lei ordinária, foi recepcionado pela nossa Constituição cco-
mo Lei Complementar, assim como Código Tributário Nacional, cuja origem
também é de lei ordinária. Nestes termos, tendo o DL 57/66 caráter material de
lei complementar, só poder
poderiaia ser revogado, ou, ter seus termos alterados por
outra lei complementar. O que não ocorreu, pois
poisa
a Lei 9393 é uma lei ordinária.

Por fim, o ITR adota como critério fun


funcional
cional a destinação do solo.

2. Propriedade
dade Produtiva

Classifica-se
se como propriedade produtiva toda propriedade rural que gera re- r
sultados satisfatórios. A Constituição imuniza a propriedade produtiva quanto à
desapropriação agrária (art. 185, inciso II CF), pois a produtividade é um dos
três elementos que se aglutinam para cumulativamente tornarem-se
tornarem a função
social da propriedade.

O primeiro requisito para a produtividade é o Grau de Eficiência de Exploração


(GEE), que de acordo com a tabela do INCRA deve ser de 100% ou mais, não
atingindo este patamar, não há produtividade. O cálculo se ffazaz seguindo as
medidas
das do art. 6º da Lei 8.629/93:

Art. 6º Considera-se
se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e
racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de efic
efici-
ência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.
§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser
igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual
entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel.
§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a
100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:
I - para os produtos vegetais, divide
divide-se
se a quantidade colhida de cada produto
pelos respectivos
vos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente
do Poder Executivo, paraa cada Microrregião Homogênea;

II - para a exploração pecuária, divide


divide-se
se o número total de Unidades Animais -
UA do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgórgão
ão competente do
Poder Executivo, para a cada Microrregião Homogênea;

III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, div
divi-
dida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), dete
determina o
grau de eficiência na exp
exploração.

27
Como visto no § 2º do art. supra mo
mos-
trado, o segundo requisito é o Grau
de Utilização
lização de 80% da Área Apr Apro-
veitável
vel (GUT APP 80%). Ex: um ffa-
zendeiro
deiro que possuí uma área de teter-
ra de 1000 hectares, diz
diz-se que 50 %
do solo não pode ser utilizado para
nenhum
nhum tipo de atividade agrária. O
fazendeiro,
zendeiro, para sua terra ser cons
consi-
derada
rada utilizada, deve fazer uso de pelo menos 80% dos 50% que foi consid
conside-
rado aproveitável (obs: não é computado para definição de terra utilizada a á-
rea não possível de ser aproveit
aproveitada – art. 10 da Lei 8.629/93).

O art. 10 da Lei 8629/93 versa:

Art. 10. Para efeito do que dispõe esta Lei, consideram


consideram-se
se não aproveitáveis:
aproveitávei

I - as áreas ocupadas por construções e instalações, excetuadas aquelas dedes-


tinadas a fins produtivos, como estufa
estufas,
s, viveiros, sementeiros, tanques de re-
r
produção e criação de peixes e ou
outros semelhantes;

II - as áreas comprovadamente imprestáveis para qualquer tipo de exploração


agrícola, pecuária, florestal
lorestal ou extrativa vegetal;

III- as áreas sob


ob efetiva exploração mineral;

IV - as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas


por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do
meio ambiente.

Só é considerada produtiva, então, a terra que se faça uso de no mínimo 80%


da área aproveitável, e que tenha 100% ou mais em eficiência e exploração.

4. Função Social da Propriedade

Dar função social a uma propriedade é agir se relacionando com ela, de modo
que esta relação nunca venha atingir a dignidade da pessoa de alguém e q que
esta relação gere e dê oportunidades de empregos, para movimentação de
renda (conceito genérico). Dar função social é implementar um modo de rel
rela-
ção com a terra que nunca viole a integridade de alguém, e que procure efet
efeti-
var direitos fundamentais
undamentais de alg
algumas pessoas.

28
O art. 186 da CF c/c o art. 9º da Lei 8629/93 definem a função social da propr propri-
edade. Em seus incisos estabelecem como requisitos para a função social o
aproveitamento racional e adequado do solo, a utilização adequada dos recu recur-
sos naturais disponíveis
isponíveis e preservação do meiomeio-ambiente,
ambiente, e, a exploração que
favoreça o bem-estarestar dos proprietários e dos trabalhadores (caráteres econ econô-
mico/produtividade – art. 186, I c/c art. 9º, I, da Lei 8629/93 da ; natural –
art.186, II c/c art. 9º, II, da Lei 862
8629/93; e o caráter social – art. 186, III c/c art.

9º, III e IV, da Lei 8629/93).

Os parágrafos do
o art. 9º da Lei 8629/93 dizem:

§ 1º Considera-sese racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus


de utilização da terra e de eficiência na exploração especificados nos

§§ 1º a 7º do art. 6º desta Lei.

§ 2º Considera-se
se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis
quando a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a
manter o potencial produtivo da pro
propriedade.

§ 3º Considera-sese preservação do meio ambiente a manutenção das caract


caracte-
rísticas próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na
medida adequada à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da
saúde e qualidade de vida
da das comunidades vizinhas.

§ 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho impl


impli-
ca tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho,
como às disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria
rurais.

§ 5ºº A exploração que favorece o bembem-estar


estar dos proprietários e trabalhadores
rurais é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que trabtraba-
lham a terra, observa as normas de segurança do trabalho e não provoca co con-
flitoss e tensões sociais no imóv
imóvel.

O termo “uso racional e adequado” são adjetivos para a função social.


A Constituição em seu art. 5º protege a propriedade, desde que esta propriproprie-
dade atenda à sua função social (art. 5º, inciso XXII e XXIII). Então trata
trata-se de
uma proteção condicionad
condicionada
a (propriedade + função social = proteção legal). A
terra não existe como forma de ostentação de riqueza. O caráter de um imóvel
nunca pode ser objeto de glorificação. Uma terra deve ser utilizada, deve ser

29
trabalhada. A terra deve gerar frutos, renda econ
econômica.
ômica. É dispendioso para o
país um grande terreno parado, sem utilidade, enquanto outras pessoas não
possuem um mínimo disponível. O latifúndio é um câncer para o progresso e-
conômico. Ele causa despesa, gera segregação social, porque divide as pe pes-
soas em grupos, os que possuem patrimônio e os que carecem de um mínimo
rentável. Aí se aplica o caráter social da terra, protegido pela Constituição e
implementado através da Reforma Agrária. A propriedade produtiva, que gera
riquezas, atendendo a sua função soci
social
al é amparada contra a desapropriação
pelo art. 185, inciso II, e, em seu Parágrafo Único, garante
garante-lhe
lhe tratamento es-
e
pecial.

O art. 2º da Lei 8629/93 versa que a propriedade que não atender a sua função
social, sob os termos de seu art. 9º, sserá objeto de desapropriação.
esapropriação.

5. Classificação e dimensionamento
imensionamento do Imóvel Rural

5.1. Módulo Rural

Citando Raymundo Laranjeira, “módulo


rural é uma medida de área, diretame
diretamen-
te afeita à eficácia desta, no meio rur
rurí-
gena. A sua finalidade precípua está em
evitar a existência de glebas cujo tam
tama-
nho, em regra, não se ache suscetível
de render o suficiente para o progresso
econômico-social
social do agricultor brasile
brasilei-
ro”.

O art. 4º, inciso III, do Estatuto da Terra, não foge muito desta definição.
“Módulo Rural, a área fixad fixada
a nos termos do inciso anterior”.
O inciso anterior versa sobre a propriedade familiar, em suas letras:
“Propriedade Familiar, o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garanti
garantindo-lhes a
subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para
cada região e tipo de exploração, eventualmente trabalhada com a ajuda de
terceiros”.

Assim, propriedade familiar é aquele imóvel cujas dimensões são capazes de


absorver o trabalho de uma família, gerando sua subsistência. É o padrão m mí-
nimo de qualidade que se possa ver a propriedade sem o receio da desapr
desapro-
priação. Contrastado o conceito de propriedade familiar, basta observar um m
mi-

30
nifúndio é um imóvel sem dimensões sufici
suficientes
entes para absorver uma família e
gerar seu sustento a partir
rtir de sua força de trabalho.

A ajuda de terceiros é entendida sob a luz de que é possível, quando assim


demandar, a contratação de terceiros para auxílio na mão
mão-de-obra,
obra, desde que
esses terceiros não se configurem trabalhadores permanentes e que estes
também tirem da terra o seu sustento (ex: pequeno agricultor que por motivo de
época da colheita, contrat
contrata dois ajudantes temporários).

Diante de tudo que foi dito, pode


pode-se
se compreender que a idéia de um módulo ru-
ral é a de uma área, que segundo estudos técnicos, ali possa gerar uma cap capa-
cidade de sustento de uma unidade familiar. É a dimensão de área fixa, que é
delimitada para permitir que ali seja possível a absorção a força de trabalho de
uma família e que desta conjugação de trabalho e terra, a família tire sua su
sub-
sistência.

As dimensões de um módulo rural é definida de região para região, conjugando


a questão da localidade (qualidade do solo, clima etc) mais o tipo de atividade
agrária ali possível de desen
desenvolver.

O módulo rural padrão é aquele mínimo de área necessária a uma propriedade


familiar.

O módulo médio da propriedade é o módulo factível onde se desenvolva as


cinco atividades agrárias (agricultura, pecuária etc). Seiscentas vezes a dime
dimen-
são de um módulo médio é o cálculo usado para a medida de latifúndio por d di-
mensão.

O módulo rural não pode ser fracionado, uma vez que sua divisão acarretaria
no surgimento de minifúndios, configurando
configurando-se
se em objetos de desapropriação.
desapro

5.2 Módulo Fiscal

O Módulo Fiscal nasceu apenas com a


finalidade de atuar como base para cá
cál-
culo
lo do ITR, hoje ele define as dime
dimen-
sões da pequena, média ia ou grande pr
pro-
priedade rural.

O art. 4º, inciso II alínea “a” da Lei


8629/93 usa o módulo fiscal como unid
unida-

31
de de medida para pequena, média e grande propriedade. Sendo que a medida
para a pequena propriedade fiscal é de 1 a 4 módulos fiscais, para a média 4
até 15, e de 15 em diante configura configura-se
se grande propriedade.
Não serão nunca desapropriada a pequena ou média propriedade que seja ú-
nica do proprietário (art. 185, Parágrafo Único CF).

É possível a existência de pequena propriedade latifundiária e pequena propr


propri-
edade minifundiária (pelo fato de, em algumas peculiaridades, existem difere
diferen-
ças entre as dimensões de um módulo rural e um módulo m fiscal).

5.3. Minifúndio

O minifúndio, segundo definição expressa do Estatuto da Terra, art. 4º, inciso


IV, é o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da Propriedade Fam
Fami-
liar. Ou seja, o minifúndio é uma área de
terra, cujas dimensões
nsões não são sufic
suficien-
tes para absorver o trabalho da fam
família e
garantir o seu sustento.

O minifúndio é combatido e desestimul


desestimula-
do, pois se constitui uma distorção no
sistema fundiário brasileiro, eis que uma
terra que não consegue ser trabalhada e
gerar o sustento suficiente para uma u-
nidade familiar, não cumpre sua função social. Além disso, o minifúndio não g
ge-
ra impostos, nem viabiliza a obtenção de financiamentos b
bancários
ancários para o mini-
min
fundiário.

O grau de lesividade/nocividade do minif minifúndio


úndio possui três aspectos:
as
1. O minifúndio é condutor de uma renúncia de produtividade, derivada de suas
míseras dimensões
mensões de área espacial;

2. O minifúndio prejudica o crescimento/desenvolvimento de uma região onde


está localizado;

3. O interesse coletivo converge para a de destruição


struição do minifúndio, pois este é
nocivo ao interesse público. A propriedade minifundiária afeta a sociedade cco-
mo um todo, eis que este inviabiliza a maior efetividade do objetivo do direito
agrário, que é a terra ser explorada e gerar riquezas.

32
Segundo o Princípio da Indivisibilidade do Imóvel Rural (art. 65 do Estatuto da
Terra), de sorte que não se gere imóvel rural inferior ao módulo rural. O art. 65
é bem didático
tico quanto aos seus termos:

Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão in


inferior
ferior à constitu-
constit
tiva do módulo de proprie
propriedade rural.

§ 1º Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis,


não se poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão ddo módulo
de propriedade rural.

§ 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de


imóveis rurais, não poderão dividi
dividi-los
los em outros de dimensão inferior ao módu-
mód
lo de propriedade rural.

§ 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras


assim havidas, o Instituto
tuto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no se
sen-
tido de o requerente ou requerentes obterem financiamentos que lhes facultem
o numerário para indenizar os demais concondôminos.

§ 4º O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido


mediante prova de que o requerente não possui recursos para adquirir o re
res-
pectivo lote.

Este princípio versa sobre o fato de que nenhum imóvel rural possa ser de des-
membrado, cujo desmembramento gere minifúndios. Caso bastante ocorrente,
é um pequeno no proprietário rural, cujo imóvel tenha a dimensão exata de um
módulo rural, e este proprietário venha a falecer, deixando a terra para seus
herdeiros. O imóvel deverá ser vendido e o valor repassado aos sucessores,
ou, um assumir para si e indenizar os d demais,
emais, nunca poderá ocasionar de o
imóvel ser repartido entre os espoliantes, pois como suas dimensões não são
extensas o suficiente para gerar várias propriedades familiar, o imóvel na ve
ver-
dade gerará minifúndios, e como já dito, a lei combate o minifúndio
minifúndio, tal qual é
impensável a permissão da existência de um, para depois est estee ser objeto de
desapropriação.

Observação:
A Lei 11.444/07 acresceu os §§ 5º e 6º ao art. 65 do Estatuto da Terra (Lei
4504/64), e ali se criou exceções legalmente previstas em relaç
relação ao minifún-
dios:
§ 5º Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imimó-
veis rurais em dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário fed
fede-

33
ral, quando promovidos pelo Poder Público, em programas oficiais de apoio à
atividade
de agrícola familiar, cujos beneficiários sejam agricultores que não po
pos-
suam outro imóvel rural ou urbano.

§ 6º Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5º deste artigo poderá ser


desmembrado ou dividido.
do.

A exceção diz que o imóvel rural motivado pelo parcelamento oficial para aten-
ate
der a agricultura de subsistência familiar, gerando a função mínima de terra lle-
galmente tolerada (aí que entra a figura da pequena propriedade minifundiária,
que é aquela inferior a 1 módulo rural, mas superior a um módu
módulo
lo fiscal).
fis

5.3.1. Usucapião e minifúndio

Embora a lei que regula a usucapião especial rural (Lei 6.969/81) se choque
com a Constituição (art. 191) ao determinar as medidas mínimas para uma á-
rea rural ser usucapida (a lei dita a área mínima de 25 hectares, a CF dita 50
hectares, isto pois a lei veio antes do advento da CF 88, e, embora a lei tenha
sido recepcionada pela CF, no que consiste a área, a CF sobrepujou a lei, vva-
lendo os limites de 50 hectares). A discussão reside no fato de que quando o
limite mínimo impetrado
mpetrado pela CF de 50 hectares, for menor do que a área de
um módulo rural em determinada região, neste caso devedeve-se
se prevalecer o limite
mínimo da área de um módulo rural (esta tese não é acompanhada pelas ba ban-
cas examinadoras de concurso em provas objetiv
objetivas,
as, portanto este tema só de-
d
ve ser abordado em prova discursiva).

5.4. Latifúndio

O latifúndio é o imóvel rural, definido pelo art. 4º, inciso V do Estatuto da Terra,
é o imóvel rural que tem área igual ou superior ao módulo rural, e é mantido i-
nexplorado ou com exploração inadequada, ou ainda, insuficiente às suas p po-
tencialidades. Ou seja, latifúndio é imóvel rural que tem área igual ou superior
ao módulo rural, e não ate
atende a sua função social.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem


definem-se:

V - Latifúndio,
io, o imóvel rural que:

a) exceda à dimensão máxima fixada


na forma do art. 46, § 1º, alínea b,
desta Lei, tendo-se
se em vista as cond
condi-
ções ecológicas, sistemas agrícolas

34
regionais
nais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea ante


anterior,
rior, e tendo área igual ou su-
s
perior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado
em relação às possibilidades fís
físicas,
cas, econômicas e sociais do meio, com fins
especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a
vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

O Decreto nº 84.685/80 que regulamentou a Lei nº 6.746/79, em seu art. 22,


estabelece como definição
ão de latifúndio, o imóvel que:

• exceda à seiscentas vezes o módulo fiscal calculado na forma do art. 5º (600


vezes o tamanhoo médio dos imóveis da região);

• não excedendo o limite de 600 vezes o tamanho médio dos imóveis da região,
e tendo dimensões iguais ou superiores a um módulo fiscal, seja mantido ine
inex-
plorado em relação às possibilidades físicas, econôm
econômicas
icas e sociais do meio,
com fins especulativos, ou seja, deficiente e inadequadamente explorado, de
modo a vedar-lhe lhe a inclusão no conceito de empresa rural.
Como se observa com a nova redação dada pela lei ao art. 4º do Estatuto da
Terra, houve substituição
ão do termo módulo rural, por módulo fiscal, com seus
parâmetros adicionais de áreas distintos.

Com base nos dispositivos legais, tem


tem-se
se duas classificações para o latifúndio:
1. Latifúndio por extensão: o que supera em seiscentas vezes o módulo médio
da propriedade (tamanho o médio dos imóveis da região);

2. Latifúndio por exploração: o configurado assim pela não


não-exploração
exploração ou ex-
e
ploração ineficiente, ou seja, pelo mau uso da te
terra.

O termo latifúndio por deficiência de exploração diz respeito à propriedade rrural


que escapou de ser minifúndio, mas não chega a possuir dimensões suficie suficien-
tes a classificar-lhe
lhe como latifúndio por extensão, e também não gera produtiv
produtivi-
dade (função social). É graças ao latifúndio por deficiência de exploração que
se pode falar em “pe “pequena”
quena” ou “média” propriedade latifundiária.
Assim como os minifúndios, os latifúndios são combatidos por sua nocividade à
economia ao não cumprir sua função social, e, quando se fala de latifúndio por
extensão, este é ainda mais combatido por gerar repuls
repulsa
a e ser estorvo econô-
econ
mico, pois mantêm uma larga estrutura fundiária de concentração sem uso, ao
descaso, ao passo que o déficit de terra continua alto.

35
São utilizados dois instrumentos eficazes no combate ao latifúndio: a desapr
desapro-
priação e a tributação, o imposto pesado sobre essas extensas áreas sem uso,
obedecendo os critérios de “progressividade” e “regressividade” (art. 49 do E
Es-
tatuto da Terra).

Os latifúndios podem ser objeto de desapro


desapropriação, exceto:

1. Latifúndio produtivo (embora seja muito difícil comprovar


ar a produtividade na
prática);

2. Latifúndio inapropriável (pequena propriedade latifundiária que seja a única


do proprietário – art. 185, I CF);

3. Média propriedade latifundiária que seja únic


únicaa (ver o mesmo art. 185, I CF);

4. art. 4º, Parágrafo Único, alínea “b” do Estatuto da Terra – área de preserva-
preserv
ção florestal
restal ou para tombamento.

5.5. Empresa Rural

Empresa rural é o empreendimento


de pessoa jurídica ou física, pública
ou privada,que
vada,que explore econômica e
racionalmente
cionalmente o imóvel rural, dentro
das condições
ções de cumprimento da
função social da terra e atendidos
simultaneamente
neamente os seguintes requ
requi-
sitos:

• tenha grau de utilização da terra


igual ou superior a 80%;

• tenha grau de eficiência na exploração igual ou superior a 100%;


• cumpra integralmente a legislação que rege as relações de trabalho e os co
con-
tratos
tos de uso temporário da terra.

Feitas estas observações, pode


pode-se
se concluir que a empresa rural possui as se-
s
guintes características:

1. é um empreendimento que se consubstancia na explor


exploração
ação de atividades
agrárias;
2. pressupõe um estabelecimento, composto de uma área de imóvel rural, pe
per-
tencente
te ou não ao empresário;
36
3. tem por finalidade o lucro;

4. é de natureza civil, portanto, n


não é comercial nem industrial.

5.6. Colonização

A colonização é outro assunto pouco cobrado, sua definição é dada pelo Prof.
Rafael Augusto de Mendonça Lima “colonização é uma forma de política agr agrá-
ria dirigida ao povoamento de terras desabitadas ou pouco povoadas, virgens,
ou incultas, objetivando introd
introduzir nelas a infra-estrutura
estrutura necessária para permi-
perm
tir a organização de um parcelamento de terras que permita o racional aprove
aprovei-
tamento ou utilização, bem como a introdução de serviços públicos e privados
adequados, para o assentamento de uma população rura rural”.

As características da colonização podem ser resumidas nas seguintes:


1. é uma ação estatal ou particular, sendo assim, pode o Poder Público exec
execu-
tar projetos de colonização
zação com a iniciativa privada;

2. é uma ação de caráter permanente, vale dizer, não se realiza de uma só vez,
mas compreende todo um processo que vai se desenvolvendo através de d di-
versas etapas sequenciadas;

3. tal ação obedece a um prévio e cuida


cuidadoso planejamento;

4. depende de uma grande inversão de capital, decorrente dos enor


enormes gastos
para tal empreitada;

5. responde a um objetivo claro, a intenção é povoar a terra com exploração


econômica;

6. não deve ter o lucro como motivação imediata, ou seja, ser movida por fins
especulativos e comerciais, pois o que a inspira é o interesse socia
social, mesmo
quando
ndo executada por particulares;

7. em regra, é realizada sobre terras pública


públicas,
s, preferencialmente devolutas;

8. não importa em mudança de estrutura no plano institucional, como acontece


na reforma agrária. Sendo este o traço marcante na diferen
diferenciação
ciação destes
des dois
institutos.

IV. Usucapião Especial Rural

1. Noções Gerais
37
A usucapião rural é um instrumento de Reforma Agrária, que se move por inic
inici-
ativa privada, atuando o Estado, apenas como ho
homologador.

É um instrumento de Reforma Agrária,


pois sua estrutura
strutura ideológica é baseada
no conceito de que aquele, que mesmo
não sendo o proprietário real do imóvel,
tornou-se
se de fato, por aquele imóvel ter
sido entregue ao léu, e ocupado popor al-
guém que lhe dê uma função.

A usucapião rural é disciplinada pelo art


art.
191 da CF, que em seus termos: “Aquele que não sendo proprietário de imóvel
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição,
área de terra em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando
tornando-a
produtiva por seu trabalh
trabalhoo ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-
adquirir
lhe-à
à propriedade”. A mesma disciplina é trazida no art. 1.239 do Código Ci
Civil.

2. Requisitos

“Aquele que: não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano / possua como
seu / por cinco anos ininterruptos / sem oposição / área de terra em zona rural /
não superior a cinquenta hectares / tornando
tornando-a
a produtiva por seu trabalho ou
de sua família / tendo nela sua moradia / adquirir adquirir-lhe-à
à propriedade”.
A necessidade de pausas revelam
revelam-se
se pelo fato de que cada espaço
esp entre as
orações corresponde a um dos requisitos para que seja configurada a usucap
usucapi-
ão rural, logo far-se-àà então, a análise de cada requisito separada
separadamente. “não
sendo proprietário de imóvel rural ou urbano” - para ser possível a usucapião
rural, o usucapiente
ucapiente não deve possuir imóvel de qualquer tipo. Sendo a usucusuca-
pião rural um instrumento de reforma agrária, seria um absurdo considerar seu
uso indevido para enriquecimento. Já foi dito antes, terra não existe para oste
osten-
tar patrimônio, por isso há a nec
necessidade
essidade de ser possível um instrumento como
este, mas o Estado, que deve fornecer os meios para a reforma agrária, e
mais, também é o fiscalizador desta, não pode permitir que haja ilícitos, ou iin-
justiças. Pensa-se,
se, que a pessoa disposta a ocupar e tornar útil uma área a-
bandonada, não disponha de outro patrimônio. Esta é única justificativa aceita
para a sociedade, já que é melhor entregar a terra à alguém que carece, do
que deixá-lala abandonada, porque para seu dono, este pa patrimônio
trimônio não se faz
necessário. “possua como seu” - a pessoa que ocupa a terra desamparada,
deve querê-la la para si, demonstrando seu animus domini (intenção de ser ou a-
gir como dono). A ocupação não seria justificada sem essa vontade de possuir

38
o imóvel. Não pode uma pessoa que pretende a usucapião, na verdade, não
desejar a terra para si, pois aí estaria configurada fraude.

A usucapião, como instrumento de modificação social, deve ser destinada a


quem
em não tem e a quem quer. “por cinco anos ininterruptos” - trata-se
trata de requi-
sito temporal. Para ser configurada a usucapião, o interessado deve, além de
preenchidos os requisitos materiais, cumulando estes com a posse da terra, e es-
tar nela, permanecer nela, por um período mínimo de cinco anos, sem haver in-
terrupção, ou seja, em nenhum momento poderia ter deixado a terra (“deixado”
refere-se
se à pessoa que abandona a terra, para depois retorná
retorná--la, propondo a
usucapião, nestes termos, conta
conta-se
se o prazo de cinco anos a partir do zero a
partir de seu retorno,
no, não podendo existir “pausa” na contagem de prazo).
“sem oposição” - durante o período de permanência, a “posse” não pode ser
contestada. Se o verdadeiro proprietário, antes de deflagrado os cinco anos
mínimos, reclamar o imóvel, estaria aí desconfigura
desconfigurada
da a usucapião.
“área de terra em zona rural” - a usucapião especial (rural) só pode ser propos-
propo
ta aos imóveis em zona rural. Mesmo para o imóvel rural em zona urbana não
cabe a usucapião rural, devendo o interessado pleitear a usucapião tradicional.
“não superior
uperior a cinquenta hectares” - um dos requisitos materiais. Versa-se
Versa na
impossibilidade de ser a usucapião um meio para o enriquecimento, já que esta
se baseia na ideologia da terra corresponder apenas às necessidades de uma
unidade familiar. Neste ponto, há uma contradição entre o art. 191 CF e o a Lei
6.969. A lei define 25 hectares como limite máximo, a Constituição estabelece,
50 hectares, vigorando esta últim
última, como o limite máximo legal.

“tornando-a a produtiva por seu trabalho ou de sua família” - com


m base na função
social, a terra deve ser produtiva. O interessado deve torná
torná-la
la produtiva. O art.
ao dispor o trabalho do usucapiente ou de sua família, não veda a possibilidade
da contratação dos trabalhadores temporários, como em épocas de colheitas,
onde
de é necessário um aumento da força de trabalho, desde que essa força de
trabalho não se torne permanente, pois, a usucapião segue os mold moldes de uma
propriedade familiar. “tendo nela sua moradia” - o interessado deve fixar mora-
mor
dia na terra que pretende
tende usuc
usucapir.

Diante do que foi explicado, para maior didática, os requisitos para a usucapião
especial rural são:

- Requisitos temporais:

• 5 anos (possuindo e cumulando os requisitos materiais para ser configurada a


usucapião rural)

39
- Requisitos materiais:

• Posse
osse e trabalho na terra;

• Gerar produtividade;

• Fixando moradia na terra;

• Ser em área rural, não superior a 50


hectares (ao imóvel rural em área urb
urba-
na não cabebe a usucapião especial rru-
ral);

• Animus Domini;

• A posse não pode ser contestada;

• A pessoa
a não pode ser proprietária de ou
outro imóvel.

Para ser configurada a usucapião rural todos os requisitos devem ser pree
preen-
chidos cumulativamente.

O parágrafo único do art. 191 CF, versa sobre a exceção aos bens possíveis
de serem usucapidos, protegendo assim, os imóveis públicos, não podendo es- e
tes serem objeto de usucapião especial rural (também em desacordo com a Lei
6.969 que prevê esta possibilidade, prevalecen
prevalecendo
do a doutrina da Constituição).

3. Ação de Usucapião Rural

(Lei 6.968/81 e arts. 941 ao 9


945 do Código de Processo Civil)

O objeto da ação é o reconhecimento pelo Estado


Estado-Juiz
Juiz de uma situação já con-
co
sumada de fato, que quando consumada, gera o reconhecimento de um direito.
Na ação de usucapião, o que se deseja é a mera declaração, o reconhecime
reconhecimen-
to de uma ação fática.

Observação: A ação declaratória não é a única via de ser reconhecida a ususu-


capião. Ex: em uma ação reivindicatória, na qual o réu alega a usucapião, e o
juiz a defere, este tem o seu direito reconhecido pela via incidental.
Observação 2: Faz-see necessário para aprofundamento do tema, uma distinção
entre domínio e propriedade. A propriedade é o direito que o homem tem sobre
a coisa e o expõe ao mundo (caráter externo). Domínio é a faceta interna da
40
propriedade, revelando a relação entre homem e coisa, de forma que possa
exercer seus direitos sobre ela (caráter interno). O domínio é a causa de pedir
na Ação de Usucapião (pois na ação de usucapião o que se pede é o reconh
reconhe-
cimento deste domínio - posse), a propriedade é conseguida após o reconhe-
reconh
cimento
nto do domínio, com o devido registro no cartório de imóveis. Estando ne
nes-
te registro, o nascimento da propriedade por usu
usucapião.

A competência para a Ação de Usucapião é do juiz da Comarca onde se e en-


contre o imóvel (art. 4º da Lei 6.969). Duas posições se contradizem na doutri-
doutr
na nos casos de interesse da União, a primeira diz que se há interesse da Un
Uni-
ão no bem, a ação seria proposta na Justiça Federal; a segunda posição nega
esta hipótese, preservando a competência do juiz da comarca onde está local
locali-
zado o imóvel.

3.1. Procedimento
ento na Ação de Usucapião Rural

São as seguintes diretrizes que devem ser observadas na ação de usucapi


usucapião
rural:

1. A competência é a do juiz da Comarca da situação do imóvel;

2. O rito é sumaríssimo. Embora na prática o que se verifique é a ocorrência


ocorrê do
procedimento ordinário;

3. É admissível a realização de audiência de justificação prévia da posse, com


vista à concessão de sua manutenção em caráter liminar (o autor, com base na
Lei 6.969/81, art. 5º, § 1º, poderá requerer ou não a audiência preliminar, fa-
f
zendo também o pedido para continuar com a posse do imóvel, até o tr trânsito
em julgado do processo);

4. Deve acontecer a citação pessoal daquele em cujo nome esteja registrado o


imóvel objeto da usucapião, dos réus ausentes, in incertos
certos e desconhecidos, sob
a égide estabelecida no art. 232 do CPC, valendo para todos os atos do pr pro-
cesso;
5. O prazo para contestar a ação é contado a partir da intimação da decisão
que declara justificada a posse (segundo a Lei 6.969, essa intimação se seria da
audiência de justificação prévia, art. 4º da Lei 6.969, sendo esta facultativa, cca-
so não ocorra, na prática, admite
admite-se
se o prazo para contestação até a audiência
de julgamento);

6. Se o autor pedir a assistência judiciária gratuita, envolve esta até o


os emolu-
mentos para o registro da sentença favorável que for prolatada;

41
7. O usucapiente pode invocar, como matéria de defesa, o seu direito de us usu-
capir o imóvel, valendo a sentença que o reconhecer como título registrável.
Observações:
Na petição inicial de
e usucapião rural é expressamente devida a dispensa da
planta do imóvel (art. 5º, § 1º Lei 6.969), assim como a audiência de justific
justifica-
ção prévia é uma mera faculdade, e não um pressuposto da ação, diferindo
diferindo-se
assim, da usucapião
ão tradicional regulada no CP
CPC.

A petição inicial também deverá constar a apresentação de todos os docume


documen-
tos que comprovem o preenchimento dos requisitos materiais e temporais, que
já foram ou estão sendo co
consumados.

A citação (art. 5º, §§ 2º e 3º da Lei 6.969), é de modo licitatória, devendo ocor-


oco
rer a citação do réu, dos vizinhos (conflitantes e confrontantes), do Estado (F
(Fa-
zenda Pública).

A citação do proprietário e dos vizinhos deve acontecer pessoalmente (súmula


391 STF). A citação da Fazenda Pública deve ocorrer por m meio postal.
Se o réu é incerto, desconhecido ou ausente, não tendo êxito em lograr a cit
cita-
ção pessoal, esta
sta ocorrerá através de edital.

O atual / eventual possuidor também deverá ser citado (súmula 263, para e en-
tender melhor o assunto, sugiro olhar os preced precedentes
entes da súmula)
O Ministério Público deverá se manifestar em cada etapa do processo, sob p pe-
na de nulidade dos atos. A manifestação será de caráter custos leg
legis (guardião
ou fiscal da lei).

A usucapião pode ser arguida em defesa (súmula 237 STF). Esta súmusúmula com-
binada com o art. 7º da Lei 6.969, admite o registro da sentença que declara a
usucapião pela alegação em matéria de defesa (via incidental, decorrente de
uma ação autônoma reivindicat
reivindicatória).

V. Aquisição da Propriedade Rural por Pessoas Estrangeiras

A pessoa física estrangeira não pode adqu


adqui-
rir mais de 50 módulos de explor
exploração indefi-
nida, em área contínua ou desco
descontínua. Este
limite, porém, poderá ser aume
aumentado medi-
ante autorização do presidente da república,
ouvido o Conselho Nacional, quando se tr tra-
tar de imóvel rural vinculado a projetos ju jul-
gados
dos prioritários em face dos planos de d
de-

42
senvolvimento do país (art.
art. 12, § 3º da Lei 5.709/71).

A pessoa jurídica estrangeira (art. 23, § 2º da Lei 8.629), por sua vez, poderá
adquirir imóvel além de 100 módulo
módulos s de exploração, sendo que a autorização
virá do Congresso Nacional. Porém, se a área for superior a três módulos e iin-
ferior a 50, a autorização somente poderá ser dada quando o pretendente à
sua aquisição apresentar projeto da exploração que irá desenvolv
desenvolver (art. 7º, §
2º Decreto 74.965/74). Mas a área não superior a três módulos ou em caso de
sucessão legítima, poderá ser adquirida livremente, salvo se for em área cons consi-
derada indispensável à segurança nacional, caso em que dependerá do Co Con-
selho de Defesa Nacional (art. 91, § 1º, inciso III CF c/c arts. 1º, § 2º e 7º da Lei
5.709/71.

Os portugueses, por força do Decreto 70.436/72 , art. 13, alínea “h”, que versa
sobra a igualdade de direitos entre portugueses e brasileiros, poderão adquirir,
sem restrições, imóveis rurais no território nacional.

As pessoas jurídicas estrangeiras somente poderão adquirir imóveis rurais de


des-
tinados à implantação de projetos agrícolas, pecuários, industriais, ou de col
colo-
nização, vinculados aos seus objetivos estatutários. Devendo ser aprovados
pelo Ministério da Agricultura, ouvido o órgão competente de desenvolvimento
regional da respectiva área (SUDAM, SUDENE …). E, se for projeto industrial,
será ouvido o Ministério da Indús
Indústria.

Se for pessoa jurídica que explore a atividade d


dee colonização de terras, no mí-
m
nimo 30% da área total deve
deverá ser ocupada por brasileiros.

A soma das áreas rurais pertencentes à pessoas estrangeiras, físicas ou juríd


jurídi-
cas, não poderá ultrapassar ¼ da superfície dos municípios onde se situem
(Lei 5.709/71, art. 12, § 2º, inciso III). Se as pessoas estrangeiras forem da
mesma nacionalidade, não poderão ser proprietárias, em cada município, de
mais de 40% daquele limite de ¼ da superfície, salvo se o adquirente tiver filho
brasileiro ou for casado com pessoa b brasileira
rasileira sob regime de comunhão de
bens.
Com exceção dos casos previstos na legislação de colonização, onde os e es-
trangeiros se estabeleçam como agricultores imigrantes, é proibida a doação
de terras pertencentes
entes à União ou aos estados.

VI. Reforma Agrária

1. Noções

43
O § 1º do art. 1º do Estatuto da Te
Terra dá a seguinte definição:

“Considera-se
se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover
melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e
uso, a fim de atender aos princíp
princípios
de justiça social e ao aumento de
produtividade.”

Stefanini dá a seguinte definição:


“Reforma agrária seria um conjunto
de medidas administrativas e juríd
jurídi-
cas levadas a efeito pelo poder p pú-
blico, visando à modificação e à rre-
gência de alguns institutos jurídicos, à revisão das diretrizes da administração
ou à parcial reformulação das normas e medidas, com o objetivo precípuo de
sanear os vícios intrínsecos e extrínsecos do imóvel rural e de sua exploração
sem a derrogação dos princípios que asseguram a propriedade imóvel”.
A doutrina aponta dois métodos para se fazer a reforma agrária:
• coletivista, que se fundamenta na doutrina socialista, e consiste na nacional
nacionali-
zação da terra, passando a propriedade para o Estado. Sendo os meios de
produção do Estado,, cabe ao campesino apenas o direito de uso;
• privatista, onde se admite a propriedade privada, adotando
adotando-sese a seguinte i-
deologia:
logia: a terra é de quem trabalha, seja pequeno, médio, grande produtor.
Os bens existem para a satisfação do homem, que deve se apr apropriar deles,
não sendo, porém, um direito absoluto, porque está condicionado ao bem cco-
mum. Método utilizado pelo Brasil em suas tentativas de Reforma Agrária.
A RA tem por objetivo básico, em nosso país, é promover a justiça social e o
aumento da produtividade,
idade, esses objetivos estão expressos no art. 16 do Est
Esta-
tuto da Terra:

Art. 16. A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o


homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça soc
soci-
al, o progresso e o bem--estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econô-
econ
mico do País, com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio.
O art. 18 do Estatuto da Terra, tratando sobre a desapropriação, que nada mais
é do que senão um m instrumento para a RA, versa:

Art. 18. A desapropriação


apropriação por interesse social tem por fim:

a) condicionar o uso da terra a sua função social;

b) promover a justa e adequad


adequada distribuição da propriedade;

44
c) obrigar a exploração racional da terra;

d) permitir a recuperação social e e


econômica de regiões;

e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência


técnica;

f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos natu


naturais;

g) incrementar a eletrificação e a iindustrialização no meio rural;

h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos


naturais, a fim de preservá
preservá-los de atividades predatórias.

Óbvio que os reais objetivos da RA são muito mais abrangentes do que a lei
poderia especificar.

2. Características

A Reforma Agrária tem


m as seguintes características:

1. é uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada, sendo os


principais instrumentos a desapropriação e a tributação;

2. é peculiar a cada país, ou seja, o que se faz em determinado país, pois cada
qual tem sua formação territorial difere
diferenciada,
nciada, não se aplica ao outro;

3. é transitória, para cada época é feito um tipo diferente de Reforma Agrária,


que melhor atenda às necessidades atuais;

4. passa por um redimensionamento de áreas mínimas e máximas (um módulo


no mínimo e seiscentos no máxi
máximo);

5. depende de uma Política Agrícola eficiente. Devem ser compatibilizadas as


ações da Política Agrícola e Reforma Agrária (art. 187, § 2º CF). A Reforma
Agrária não se esgota na simples distribuição de terras aos benefic
beneficiários. É ne-
cessário dar-lhes
lhes as condições mínimas para desenvolverem as atividades a-
grárias com vistas a alcançarem seus obje
objetivos.

6. A Reforma Agrária tem como finalidade o cumprimento da função social da


propriedade imobiliária rural.

3. Beneficiários
45
O art. 19 da Leii 8.629/93, em suas linhas diz:

Art. 19. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem


ou à mulher, ou ambos, independentemente de estado civil, observada a sse-
guinte ordem preferencial:

I - ao desapropriado, ficando
ficando-lhe assegurada a preferência para a parcela na
qual se situe a sede do imóvel;

II - aos que trabalham no imóvel desapropriado como posseiros, assalariado


assalariados,
parceiros ou arrendatários;

III - aos ex-proprietários


proprietários de terra cuja propriedade de área total compree
compreendida
entre um e quatro módulos fiscais tenha sido alienada para pagamento de débdébi-
tos originados de operações de crédito rural ou perdida na condição de gara
garan-
tia de débitos da mesma or origem;

IV - aos que trabalham como posseiros, assalariados, parceiros ou arrendatá-


rios, em outros imóveis;

V - aos agricultores cujas propriedades não alcancem a dimensão da propri


proprie-
dade familiar;

VI - aos agricultores cujas propriedades sejam, comprovadamente, insuficie


insuficien-
tes para o sustento
nto próprio e o de sua família.

Parágrafoo único. Na ordem de preferência de que trata este artigo, terão prior
priori-
dade os chefes de família numerosa, cujos membros se proponham a exercer a
atividade agrícola na área a ser distr
distribuída.

A distribuição dos imóveis rurais desapropriados, aos beneficiár


beneficiários, tanto pode
ser feita através de títulos de domínio (venda, doação ou outras formas de
transmissão da propriedade imóvel), como por meio de instrumento de conce conces-
são de uso (Decreto-leilei nº 271/67, art. 7º). Em qualquer desses instrumentos, é
obrigatória a inserção de uma cláusula de inegociabilidade pelo prazo de dez
anos. Além disso, os beneficiários assumem a obrigação de cultivar o imóvel
recebido, direta e pessoalmente, ou através de seu núcleo familiar, mesmo que
através de cooperativas, bem como a obrigação de não ceder o seu uso a ter- te
ceiros, a qualquer título, pelo prazo de dez a anos.

4. Desapropriação Agrária

4.1. Noções Gerais


46
A Desapropriação Agrária é um instrumento de Reforma Agrária. Tem por nat natu-
reza jurídica ser um instrumento de intervenção do Estado na propriedade pri-
pr
vada, com o escopo de promover a redistribuição de terras, reestruturando a
plataforma das propriedades fundiárias no Brasil, sob a ótica de se priorizar a
posse com função social, em detrimento de uma propriedade inócua.
A competência
etência para a Desapropriação é da União, conforme o art. 184 da CF,
e sua natureza punitiva é evidente, posto que a indenização da terra crua é p
pa-
ga com Títulos da Dívida Agrária (T
(TDA).

4.2. Procedimento

Ver Leis
is Complementares 76/93 e 88/96

O procedimento de desapropriação tem duas fases.

Inicia-se
se a fase administrativa com o ato executivo do Presidente da República,
que declara certos imóveis como objeto de interesse sso-
cial, com vias de redistribuição
tribuição para RA.

Após o decreto (ato do president


presidente), a Administração de-
ve diligenciar a inspeção dos imóveis através do INCRA,
e, o Estado deve analisar se o bem goza de alguma i-
munidade, e o valor econômico do imóvel ((para fins de
justa indenização)

O art. 184, § 1º da CF diz que todas as benfeitorias úúteis


teis e necessárias serão
indenizadas em dinheiro. O valor da terra e as benfeitorias feitas em detrimento
de lazer ou voltadas para o proprietário serão pagas em Títulos da Dívida P Pú-
blica.

Antes de qualquer desapropriação, deve


deve-se
se haver prévia notificação do proprie-
tário do imóvel para que seja respeitado o direito à defesa. A notificação deve
ser pessoal e prévia, para que se possa levantar a nulidade do objeto da des
desa-
propriação ou o valor da indenização. A justificativa é que deve ser preservado
o direito à defesa, pois o proprietário do imóvel objeto de desapropriação, a as-
sim poderá defender-sese perante a qualquer ilegalidade ou ato arbitrário do of
ofi-
cial responsável pelo estudo do valor do terreno. Pois o oficial, após seu est
estu-
do, deverá expedir um laudo, ssendo
endo o valor deste laudo o valor correspondente
do depósito prévio, ou seja, todas aquelas benfeitorias resguardadas pelo § 1º
do art. 184 CF. O depósito deve ser prévio à indenização e ser em dinheiro. O
valor do depósito (mais uma vez) está vinculado ao laudo, e a importância da
presença do proprietário, assim como de qualquer perícia ou estudo comprcompro-

47
vado pela via documental, justificam o motivo de sua notificação ser prévia. O
proprietário ficaria cerceado em seu direito de defesa, e sem meios de compr
compro-
var
ar o real valor de sua indenização em dinheiro, sem ter disposto de tempo n
ne-
cessário para suas devidas diligências. A preocupação maior consiste que todo
valor excedente ao laudo, adquirido posteriormente por sentença judicial, terá
seu pagamento por preca
precatória.

Expedido o decreto, não há na lei, tempo expresso para a notificação prévia.


Se o proprietário não for encontrado, notifica
notifica-se
se o representante, este não sen-
se
do encontrado notifica-sese o preposto, nenhum destes localizados, publica
publica-se
um edital de vistoria
toria em jornal de grande circulação local, esta publicação deve
ocorrer em três vezes consecutivas (art. 2º, §§ 2º e 3º da Lei 8.629/ 93) .
O § 5º do mesmo artigo versa que não será necessária a notificação prévia
quando houver exercício do poder de políc polícia,
ia, motivada pela situação fática.
Observação:
O § 5º não impede o direito à defesa, apenas afasta a responsabilidade de h ha-
ver notificação prévia, de forma que se dê o preparo da defesa.
Se os confrontantes e conflitantes não avocarem seus direitos na fase adminis-
trativa, poderá ver impugnado qualquer fundamento de fato ou de direito (Lei
Complementar 76/93, art. 7º, § 4º). Sendo assim obrigatória a notificação do vvi-
zinho/conflitante/confrontante.

CONTABILIDADE RURAL

A necessidade de gerenciar contabilmente o agronegócio


Ao passar dos anos, o avanço da tecntecno-
logia implicou diretamente, também, no
avanço da agricultura, aumentando co con-
sideravelmente os índices de produtiv
produtivi-
dade, fazendo a necessidade do ser h hu-
mano passar a administrar seu próprio
negócio, ou seja,
ja, sua propriedade. O que
era produto para auto cons
consumo passou a
ser uma atividade comercial e, sendo comercial, o produtor rural se viu obriga-
obrig
do a gerenciar a sua atividade fim.
Tratando-se
se de um negócio, constituiu
constituiu-se
se por obrigação, a criação de uma em-
e
presa,
resa, de um CNPJ, para cada propriedade, pois como quaisquer atividades
comerciais e lucrativas, tal atividade também resulta na cobrança de impostos
bem como a exigência de uma escrituração contábil, de uma contabilidade a-
propriada. Daí o papel fundamenta
fundamental do contador para com a contabilidade rural.

48
Com o admirável crescimento nos últimos anos, hoje a atividade rural, possui
considerável participação no PIB – Produto Interno Bruto de nosso país, tão lo-
l
go esta é importantíssima à nossa economia.
A importância
ia da contabilidade rural
Considerando que, o agricultor, “em sua maioria”, devido à sua localidade, a
au-
sência de tempo ou até mesmo a falta de estudos correlacionados à admini
adminis-
tração/contabilidade rural, observando a-
inda seu estilo de vida em meio ao camp
campo
(terra), infelizmente, não possui condições
hábeis de gerenciar e/ou adm administrar o
próprio negócio de acordo com o que p pe-
de o mercado, o que ex exige a nossa legis-
lação.
O contador, além de atender aos aspectos
legais, também possui conhecimentos rre-
levantes para uma boa gestão, pois é ele o formador de opiniões para as tto-
madas de decisões. Contudo, “precisa o co contador
tador entender as reais necessida-
necessid
des e anseios do produtor (clie
(cliente/empregador)
te/empregador) e, ainda conhecer muito bem a
atividade rural a qual irá adm
administrar”.
O resultado de sua gestão não dependerá somente de seu trabalho, de sua
capacidade em administrar a (s) propriedade (s), pois a influência de fatores
externos,
ternos, podem tanto contribuir quanto prejudicar a atividade rural. Entende
Entende-se
por fatores externos condições
ondições climáticas, pragas ou até mesmo o próprio me mer-
cado haja vista que, a atividade rural está sujeita diretamente à lei da oferta e
da procura.
Seus produtos além de não possuírem marcas, são perecíveis, o que obriga o
produtor a entregá-los a qualquer preço caso não os venda rapidamente. Com
isso, podem surgir consequentes perdas e, prováveis falências.
A contabilidade rural visa fornecer informações precisas para se tentar evitar ao
máximo algumas dessas situações acima. Cabe ao contador, conhecendo o
negócio como um todo, orientar da melhor forma possível quanto às ações pr pre-
ventivas e corretivas, minimizando assim os riscos de eventuais prejuízos ffi-
nanceiros.
A atividade rural ganha força com a criação de cooperativas rurais
Para auxiliar os produtor
produtores
es rurais quanto às vendas de seus produtos, foram
criadas inúmeras cooperativas das quais visam à intermediação na negociação
entre produtores e compradores. As cooperativas são pessoas jurídicas form
forma-
das por uma união de pessoas (cooperados) para alcança
alcançarr um objetivo em co-
c
49
mum. Ainda dispõem de benefícios fiscais, sendo tais benefícios, algumas i-
senções.

AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

A divisão de Desenvolvimento Su Sus-


tentável da Organização das Nações
Unidas (ONU) acaba de publicar um
estudo a respeito do futuro da sus-
tentabilidade na agricultura e na
produção o de alimentos
alimentos. O relató-
rio Food and Agriculture: The future
of sustainability foi lançado como
uma contribuição estratégica para o
relatório mais amplo Desenvolvi-
mentoto Sustentável no Século 21 ,
que será lançado
çado na Rio+20. O documento é fruto de uma consulta a dezenas
de líderes ligados
gados ao setor, numa lista que inclui diversos brasileiros. Estes a-
pontaram as tendências e prioridades para que se garantam sistemas agrícolas
e produção de alimentos sustentáveis nos próximos 20 anos. O estudo conclui
sobre o que há de consenso sobre o tema, mas também explicita as áreas em
que há divergências
vergências fundamentais.
Seja pelos consensos ou dissensos, devemos digerir seus resultados e usá
usá-los
como mais um importante subsídio para a definição de políticas para este setor
crucial do nosso País. Espero que nos ajude a oxigenar a reflexão e o debate
público sobre a nossa agropecuária, o que e como a queremos e que políticas
necessitamos para tal.
O estudo destaca a escass
escassez de recur-
sos naturais, energia e insumos como
uma tendência para a produção agr agro-
pecuária. Isto se opõe a outros aspe
aspec-
tos alarmantes que têm recebido pouca
atenção: o desperdício ou perda de
30% a 40% do que é produzido e o fato
de o comércio de alimentos atual já dar
conta da necessidade de calorias da população humana, contrastando com
desnutrição e obesidade.
O trabalho também ressalta a necessidade de integração entre o uso da terra e
os serviços ambientais para a qualidade de vida local e global. Aler
Alerta sobre um

50
conjunto de medidas para a adaptação às mudanças climáticas. Conclui que
estamos no caminho errado: a prioridade deve ser na qualidade da produção e
do produto e na distribuição dos alimentos, em vez do foco exclusivo na qua
quan-
tidade a ser produzida.
Entre outras tendências, o estudo também ressalta o risco da concentração da
produção e da distribuição da comida. Metade do que comemos vem do cultivo
de arroz, milho e trigo e um pequeno grupo de empresas domina o comércio
mundial de alimentos. Fina
Finalmente,
lmente, destaca a mudança na governança, em que
a dinâmica entre governos, o multilateralismo, o setor privado e a sociedade cci-
vil é bastante distinta de décadas passadas.
Os autores concluem que poucas empresas e ONGs tomaram a dianteira na
inovação e na busca de soluções para a agricultura sustentável, enquanto a
maioria dos outros atores ainda está batendo cabeça sobre em que direção ir e
o que fazer. Tal cenário reflete muito bem a situação do nosso País e a discu
discus-
são do Código Florestal é apenas um ind indicador.
icador. A conclusão é a de que é ne-
n
cessário equilibrar as forças entre o setor empresarial e o Estado, buscando iin-
tegrar políticas públicas e privadas que se direcionem para o bem público cco-
mum.
As nove áreas de consenso dos especialistas foram:
Pequenos e médios produtores organizados (com ê ên-
fase para as mulheres agricultoras) devem ser prior
priori-
dade para investimentos.
A meta da produção sustentável deve ser definida em
função da nutrição humana
mana em vez de ser focada sisim-
plesmente na ideia de produ
produzir mais.

É preciso buscar alta produção com conservação aambien-


tal, que não deve se opor, tendo políticas e uma agenda
de pesquisa compatível para esse objetivo.
Estimular a inovação e a disponibilização de diversas te
tec-
nologias de produção sustentáveis, aplicáveis para dife-
rentes contextos socioeconômicos e ecológicos. Logo, evi-
tar os pacotes tecnológicos, dominantes na agropecu
agropecuária
nacional.
Reduzir significativamente as perdas em toda a cadeia de alimentos.

51
Desenvolver políticas de produção de biocombiocombustíveis de
maneira descentralizada,
zada, evitando que estes substituam a
produção de alimentos. As políticas d devem se somar para
promover a segurança alimentar e energética, contribuindo
para diversificar e restaurar as paisagens rurais.
Medir de maneira inteligente e transparente os resultados
rumo à sustentabilidade. O estudo adverte que pouco se
medem os impactos das mudanças em curso no campo, o que não nos permite
tomar decisões adequadamente.
Desenvolver e adaptar as instituições públicas e privadas para que possam
responder eficazmente ao novo paradigma da sustentabilidade.
Incentivar e recompensar os investimentos e sistemas de negócios que resu
resul-
tem em impactos mensuráveis para o bem público.
Vale a pena darmos visibilidade aos dilemas. As áreas em que não há consen-
conse
sos entre os especialistas sobre o rumo da sustentabilidade da agr
agri-
cultura e dos alimentos ficaram organizadas em sete perguntas:
A segurança alimentar será mais garantida pela produção em
larga ou pequena escala?
Qual deve ser o papell das corporações no sistema alimentar?
Quais tecnologias entregarão de maneira efetiva uma segurança a-
limentar sustentável?
Qual deve ser o equilíbrio entre sistemas intensivos de uso de químicos e prát
práti-
cas agroecológicas?
Qual pode ser o papel dos transgênicos para a segurança alimentar?
Quanta biodiversidade deve haver nos sistemas de produção agrícola?
Como se adaptar à crescente demanda por proteína animal?
Como o comércio pode afetar a segurança alimentar dos países? Qual o equ
equi-
líbrio entre produção
odução e consumo local e o comércio global?
O relatório é categórico: a situação como está (business as usual) não é uma
opção para o alcance da agricultura e a alimentação sustentáveis. Adiciona que
um "esverdeamento" parcial não é suficiente, sendo neces
necessária
sária uma visão am-
a
pla e sistêmica e a reconstrução do setor com novas tecnologias e políticas. O
papel da extensão rural e do cooperat
cooperativismo
vismo é colocado como central, na con-
co
tramão da situação brasileira, em que mu
muitas cooperativas
rativas viraram revendas de

52
insumoss e os produtores são assistidos
por técnicos de multinacionais de e
empre-
sas de agroquímicos
cos e sementes
sementes.
Finalmente, a governança é recorrente em
todo o estudo, com muitos dest
destaques para
a busca do equilíbrio entre o papel do EEs-
tado e do setor empresarial. Estes são vistos
tos como complementares ao invés
de antagônicos. Contudo, o indicativo é o de que os defensores do liberalismo
estão em menor quantidade do que a antes,
tes, pois neste aspecto a conclusão é a
de que mercados eficientes e equitat
equitativos são criados por governos fortes e não
por mercado auto-regulados.
regulados.
Os desafios são enormes, mas a única opção é enfrentá
enfrentá-los
los e o Brasil está
numa posição privilegiada para ser protagonista neste processo. Além da sitsitu-
ação especial de disponibilidade de terras e condições naturais para produzir, é
líder em pesquisa e inovação na agropecuária tropical.
O País conta com um setor produtivo em que a vanguarda está presente,
mesmo que ainda convivendo lado
lado-a-lado
lado com o arcaico. Nossa sociedade civil
é organizada e aos poucos est
estáá despertando para a importância do campo pa-
p
ra a sua vida e para o projeto do nosso País. A grande lacuna ainda está na
desconexão e contradições das políticas públicas que devem criar as cond
condi-
ções para a construção de uma nova agropecuária.
Somente alcançaremos a condição de líderes quando as políticas passarem de
setoriais para sistemáticas e coordenadas. O estudo deixa evidente a impo
impor-
tância de integração de políticas econômicas, sociais e ambientais, que vão da
saúde e educação à infraestrutura e comércio. Não há fórmula para isto, mas o
que sabemos é que tratar cada tema separadamente gera enormes contrad contradi-
ções, perda de energia e muitas dificuldades para o avanço rumo ao desenvo
desenvol-
vimento sustentável.

CASES DE SUCESSO NO AGRONEGÓCIO

Para finalizarmos o nosso estudo que fizemos até


aqui sobre o agronegócio no Brasil, seguem alguns
cases de sucesso do agronegócio que irão lhe in
ins-
pirar e mostrar que tem muita gente fazendo a
diferença
rença neste setor tão importante.

53
Um caso de sucesso: empreend
empreendedorismo
edorismo feminino no campo.

No município de Rancho Queimado, que fica a 65 quilômetros de Florianópolis,


vive a agricultora familiar Letícia Weigert, de 45 anos. Nos últimos anos, ela
vem se destacando no estado de Santa Catarina com a produção de morangos
e geleias. Não dá nem para imaginar que há bem pouco tempo sua realidade
era a da correria da cidade, mas a mudança só começou quando ela decidiu
morar no campo e investir em programas desenvolvidos pelo Governo Federal.
Letícia conta que, por meio do P Programa
rograma Nacional de Fortalecimento da Agri-
Agr
cultura Familiar (Pronaf), ela conseguiu ffa-
zer seu primeiro financiamento, em 2009.
“Com um investimento de aproxim
aproximadamen-
te R$ 40 mil, ampliamos a nossa unidade
agroindustrial”, conta ela, que rece
recentemente
passou a trabalhar com o cultivo suspenso
de morangos. A agricultora conta que reco
recor-
reu ao Pronaf
naf também em 2014 e 2015.
“Com dinheiro em caixa, aplicamos o valor
na construção de estufas”, acresce
acrescenta.
Outra política pública acessada pela empreendedora é o Program
Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae), por meio do qual ela vende parte do que é prod
produ-
zido quatro escolas da região. Letícia explica a relevância de poder vender
seus produtos para o consumo dos alunos. “Esse incentivo do Pnae é muito
importante para o meu negócio. E, na outra ponta, as crianças das escolas
municipais estão comendo um produto de qualidade e sem agrotóxico”, disse.
Ela conta que atualmente cerca de 400 quilos de morangos são vendidos por
ano para as instituições de ensino.
Além das escolas,
s, os morangos são comercializados no varejo, e também em
restaurantes e confeitarias. Frutas congeladas são vendidas em indústrias do
estado.
Da cidade para o campoLeticia é graduada em publicidade e propaganda e
conta que foi por meio de uma atividade de desenvolvida
senvolvida no seu antigo trabalho
que decidiu investir em outra profissão. “Um dia, um cliente me procurou para
confeccionar uma embalagem de produtos alimentícios”, diz.
A partir daí, ela começou a pesquisar, conversar com pessoas do meio e achou
a história
ia dos produtores de morangos interessante. “Foi a partir deles que d
de-
cidi a mudar de profissão”, conta. “Tive experiência no meio coorporativo, mas
foi no campo que encontrei o sucesso”, enfatiza.

54
José Cazzetta, exemplo de superação de desafios

Buscando novas oportunidades de emprego, José mudou mudou-sese para o Mato


Grosso em 1983 e encontrou no meio rural uma oportunidade de crescimento.
Na época, ainda inexperiente, trabalhou como mão
mão- de- obra na plantação de
arroz. Pioneiros em Diamantina, a fazenda fez pa
parte
rte da transformação das for-
fo
mas de cultivo no cerrado.
No fim dos anos 80, a situação mudou. Depois de problemas com a safra d da-
quele período, o dono da fazenda emprestou um trator, uma plantadeira e uma
colheitadeira para José como pagamento de algumas dív dívidas.
idas. Logo na primeira
produção, ele plantou 140 hectares de lavoura. Em 10 anos, o produtor passou
a cultivar milho e soja, adquiriu algumas cabeças de gado e uma área própria.
Em 2000, sofreu com a perda de milhares de sacas de soja ao associar
associar-se com
umaa cooperativa. Sem desistir, deu a volta por cima e – com muita determina-
determin
ção – começou do zero. Hoje são mais de 2 mil hectares com milho, que ch che-
gam a render 160 sacas por hectare. José agora conta com o auxílio do filho
para administrar a fazenda e gerar mais lucros através do seu cultivo.
Fazenda Malunga e o pioneirismo em produção orgânica
Desde a década de 80, estudantes de e en-
genharia florestal iniciaram o cultivo de
produtos livres de agrotóxicos e fertil
fertilizantes
químicos. Na época, foram re realizados di-
versos estudos que tornassem posspossíveis os
cultivos de vários tipos de alimento. Entr
Entre-
tanto, o projeto só ganhou força 10 anos
depois, como conta Clevani Valle, e enge-
nheira agrônoma e esposa do idealiz
idealizador.
Atualmente, a fazenda é uma das maiores do país na produção de alimentos
orgânicos. Diariamente, saem seis toneladas de produtos que são comercial
comerciali-
zados em mais de 60 supermercados. De 1995 até hoje, a Malunga passou de
28 hectares para 120 e da produção de 240 caixas por dia para 1200. A propr
propri-
edade emprega
ega mais 200 profissionais e trtrabalha
balha também com pequenos agri-
agr
cultores parceiros que, com a certificação adequada, vendem seus produtos.
Há dois anos, a Malunga ganhou um Empório, onde comercializa mais de 1000
itens fabricados na fazenda. Clevani destaca que o grande ponto do empreen-
empree
dimento está na gestão e no cuidado em administrar seguindo as tendências
de mercado de todo país.

55
José Carlos de Oliveira e o cultivo de cogumelos in natura
Em Pinhalzinho, São Paulo, produtores apostam na fungicultura de co
cogumelos
em natura para competir com o mercado
chinês. Atualmente, o país oriental re
res-
ponde por 70% do consumo nacional de
cogumelos cozidos em conserva, dando
espaço para os produtores bras
brasileiros ex-
plorarem o mercado com o pr
produto natu-
ral. José e um grupo de agricu
agricultores já
registraram o crescimento de quase
7.000% em um ano.
Com o acompanhamento da Agência Paulista de Tecnologia dos Agroneg Agronegó-
cios, hoje 80% da produção é comercial
comercializada
zada in natura, reduzindo os gastos
com mão- de -obra.
obra. Os bons resultados e
estão
tão possibilitando que os produtores
aumentem também a produção de outras espécies, como o Portobello. Com
planejamento e dedicação, os produtores reduziram os custos de cultivo e a au-
mentaram a rentabilidade em 40%.

O Sucesso da Sucessão na Agricultura Fami


Familiar

Filhos de casal do Distrito Federal já são a terceira geração de produtores


Eles nasceram na Paraíba, mas foi no Núcleo Rural de Tabatinga, no Distrito
Federal, que eles se conheceram, em 1997. Os agricultores familiares Idaiane
Cristine de Matos, de 34 anos, e José Barbosa de Araújo, de 50, filhos de pr
pro-
dutores rurais nordestinos, seguiram o caminho dos pais e hoje veem seus ffi-
lhos trilharem o mesmo caminho.
No início, os dois trabalhavam em terrenos
arrendados e produziam verduras. Nessa
época, tiveram
ram dois filhos: Thaian Sarme
Sarmen-
to de Araújo, hoje com 16 anos, e Willian
Sarmento de Araújo, de 13. Desde cria crian-
ça, os garotos ajudam os pais e acomp
acompa-
nham de perto o sonho de ter a própria
terra. Em 2011, eles chegaram no asse assen-
tamento do Pipiripau, há 50 km de Brasília (DF), onde conseguiram
seguiram ter a posse
de um terreno de 7,5 hectares. O terceiro filho, Rian A Andrei
drei Sarmento de An-
A
drade, de 5 anos, já nasceu no espaço co conquistado pela família.
Na plantação da nova propriedade, o casal começou com o maxixe e foi a acres-
centando outras culturas até chegar na diversidade atual: couve
couve-flor, brócolis,
pimentão, pimenta-de-cheiro,
cheiro, maracujá, limão, abóbora, repolho, entre outros.
56
Os filhos não só ajudam os pais na produção, como também têm um espaço
para os seus próprios cultivos.
ultivos. O mais velho, Thaian, cultiva brócolis, pimenta e
pimentão. Já Willian produz feijão de corda. Idiane acredita que os filhos se iin-
teressaram pela produção porque sempre viram os pais trabalhar para conqui
conquis-
tar o que queriam. “Eles nos viram plantan
plantando
do e sempre gostaram de semear e
ver os alimentos crescerem, se multiplicarem. E, claro, eles gostam ainda mais
de receber pelo que fazem”, conta a mãe.
“Eu comecei a gostar da agricultura vendo meus pais plantarem e gosto do que
faço. Ganho dinheiro com iisso
sso e invisto na minha produção. Eu gosto cada vez
mais de estar no campo. Já até consegui comprar um carro e uma moto com o
meu esforço”,
orço”, comemora o mais velho.
Para seu José Barbosa, trabalhar em família é bom porque um ajuda o outro.
“Trabalhamos todoss juntos, eu o ajudo na plantação dele e ele nos ajuda na
nossa”. Além do investimento na produção, a família está construindo uma cca-
sa que ficará de herança para os filhos. “A gente pretende viver daqui e dar
melhoria
lhoria para os filhos”, conta José.
Comercialização
A produção da família é vendida nas feiras de Planaltina, às terças e sextas
sextas-
feiras, e de Formosa, aos domingos. Mas o grande retorno financeiro é com a
entrega dos produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do
qual os produtores participam
ticipam há dois anos. “Com o dinheiro que recebemos
pelo PAA, nós investimos na produção com irrigação, melhoramos bombas.
Ano passado, conseguimos vender um total de R$6,5 mil”, conta o pai.
Sucessão Rural
De acordo com o Censo de 2010, o Brasil possui 8 milhões de jovens no cam-
ca
po, ou seja, mais de um quarto da população rural do país tem entre 15 e 29
anos. Desse número, grande parte pertence a comunidades tradicionais, ind
indí-
genas ou são jovens assentados da reforma agrária.
Leonardo Taveira, analista técn
técnico
ico da Secretaria da Agricultura Familiar e do
Desenvolvimento Agrário (Sead), diz que o êxodo rural vem diminuindo com o
tempo, mas ainda continua acontecendo. Ele avalia que se os jovens não pe per-
manecerem no campo, o futuro da agricultura familiar está em risco.
“A sucessão rural envolve a sucessão das propriedades e da profissão de agr agri-
cultor familiar. E estamos falando também da soberania e da segurança al ali-
mentar,
tar, já que a agricultura familiar é a grande responsável pela produção de
alimentos saudáveis. Sem a sucessão rural, a gente coloca em risco a alime
alimen-
tação do país”, explica Leonardo.

57
Exemplo de Turismo Rural
A produtora rural Solange RossatoLavratti diz que se surpreendeu com tam
tama-
nha procura em tão pouco tempo. “Est“Esta-
mos muito felizes. Nunca imagina
imaginamos que
seria tão rápido. Hoje já estamos até rei
rein-
vestindo na propriedade para atender a-
inda melhor os nossos visitantes”, decl
declara
a integrante do roteiro que recebe, em
média, três grupos por mês.
O turismo rural tem permitido uma renda
complementar ao trabalho
abalho dos agricult
agriculto-
res, não apenas com a visitação, mas também com a venda de produtos col
colo-
niais;
“Não tínhamos um norte e o Sebrae nos deu a direção, nos orientou e ajudou
ajudou-
nos em todas as fases do projeto”, diz o secretário.

Crianças e adultos

O estudante de geografia Diego Pereira


Paixão, de 27 anos, veio com outros 44
colegas da Universidade Federal do P Pa-
raná para conhecer o sistema produtivo e
o modo de vida nos assentamentos. A vvi-
sita foi uma atividade da disciplina de G Ge-
ografia Rural. Paixão aprovou a inici
iniciativa
de uma rota de turismo rural, disse que se
surpreendeu com a organização e a pr pro-
dução dos agricultores familiares e ch cha-
mou a atenção para que toda a comun
comunidade
dade conheça esse trabalho.
Para as crianças em fase escolar, a atratividade da Rota está na vivência do tu-
t
rismo pedagógico, onde elas conhecem mais sobre o campo, interagem com
pequenos animais e podem experimentar o plantio de sementes ou hortaliças;
além, é claro, do espaço da diversão assegurado com passeio de carroça p pu-
xado por um m trator, passeios a cavalo e antigos brinquedos de madeira como
rolimã, balanços, cavalos de pau, mota, etc.
Outros grupos que têm se interessado pelo turismo rural são os idosos e os
amantes do cicloturismo que se aventuram de bicicleta pelas lindas pais
paisagens
das propriedades rurais.

58
Novos atrativos estão a caminho
Para envolver mais famílias e permitir que o turista fique mais tempo na cidade
a Rota contará com a inclusão de novas propriedades. Elas estão em fase de
adequação e capacitação para receber os turistas e em breve também estarão
abertas à visitação.
Segundo a consultora credenciada ao Sebrae
Sebrae-SC
SC Karla Hall, responsável pelo
projeto, a proposta é que as novas propriedades ofereçam opções diferenci
diferencia-
das para o turista, tornando o destino ainda ma
mais
is interessante e atrativo.
“Essa ampla e diversificada participação é foco do nosso projeto e só está se
sen-
do possível graças à parceria com o governo municipal que tem sido o grande
animador do processo”, ressalta a consultora, ao enfatizar a importância d
do po-
der público na realização do turismo nas cidades.
As visitas acontecem por meio de agendamento e, a critério do visitante, ppo-
dem incluir também almoço e café rural nas propriedades. O valor sobrado é de
R$ 5 por local visitado, o almoço custa R$ 15 e o café rural R$ 20, ambos são
servidos em sistema de buffet livre e contam somente com alimentos produz
produzi-
dos pelos produtores rurais.

Agricultores familiares de Miranorte são exemplos de sucesso

“Nasci e me criei em fazenda, mas d di-


ferente de como foi para o meu pai,
hoje não vejo dificuldade em dizer
que moro na roça”, disse a preside
presiden-
te da Associação,
ação, Marizete Rodr
Rodri-
gues da Costa, que anteriormente
trabalhava para outros produtores e
morava em casa de palha. Atualme
Atualmen-
te, Marizete tem sua habit
habitação rural
de alvenaria
venaria construída, e é uma das
integrantes
grantes da Associação de Prod
Produ-
tores da Fazenda
zenda Vitória, no município de M
Miranorte,
norte, e que hoje vivem a expec-
expe
tativa para a primeira colheita de um milhão de abacaxis, prevista para o mês
de março. As 37 famílias adquiriram a fazenda da em 2011, através do crédito
créd
fundiário, e dividem 525 hectares entre eles, e e
estão
tão se consolidando como um
caso de sucesso da agricultura familiar no T
Tocantins.
“Quando se fala em sucesso na agricultura familiar, há outros fatores a se o
ob-
servar além
lém da produtividade. Qualidade de vida é um ponto determinante”, eex-
plicou o engenheiro agrônomo da Diretoria de Agricultura Familiar, Marcelo
Gualberto. Para isso, a Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro) tem dde-
senvolvido ações de fomento voltadas ao agricultor familiar em ambos os que-
qu
59
sitos. Através do Subprojeto de Investimento Comunitário (SIC), executado p
pe-
la Seagro em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), os
produtores da Fazenda Vitória tiveram recursos para adubação, ferr
ferramentas e
a construção de suas casas. Com o kit de máquinas e implementos do progr
progra-
ma Terra Forte, entregue pela Seagro ao município em outubro, a associação
foi beneficiada com 180 horas de uso do trator para gradeamento do solo.
A presidente da associaçã
associaçãoo ainda ressalta que os agricultores sempre têm re-
r
cebido suporte. “Só temos a agradecer, pois temos apoio desde as atividades
de rotina, como o transporte para a cidade, aonde as crianças vão para a esc
esco-
la, até para a manutenção das atividades rurais, em q que
ue garantimos o nosso
sustento”, disse Marizete. Entre os próximos projetos da associação, Marizete
aponta o acesso ao crédito do Programa Nacional de Fortalecimento à Agricu
Agricul-
tura Familiar (Pronaf), que já está em fase de elaboração para a implantação
de poço
oço artesiano que atenderá toda a propriedade; e a chegada de energia
elétrica, prevista para este ano.
Além de abacaxi, que tem um ciclo de um ano e meio, os agricultores familiares
também cultivam outras culturas de ciclo menores como mandioca, abóbora,
feijão, arroz e milho. Segundo o também consultor, Diniz Didier Dias, destaca
destaca-
se ainda a preocupação legal e ambiental dos agricultores com a área de prpre-
servação permanente (APP) e a reserva legal, que permanecem preservadas.
Outro destaque da produção da Fazenda Vitória é que a produção de abacaxi
está dentro do Programa Integrado de Frutas, método economicamente viável
e ambientalmente correto. Os produtores são orientados pela Coordenadoria
de Desenvolvimento Vegetal da Seagro para proteção do solo e uso racionado
de agrotóxico.
Produção
Os frutos da Fazenda Vitória vão complementar a produção de Miranorte, que
abastece a região central do Estado e ainda é vendido para os estados de Go
Goi-
ás, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. O representante da e
empresa
de consultoria DHES, Luthiano Lima, comentou a qualidade do produto. “Em
volume, o Tocantins é o sétimo maior produtor de abacaxis do Brasil, mas por
conta do alto teor de brix (açúcar), oferece um produto de qualidade superior
em comparação a outro
outros
s estados, pois tem o sabor mais adocicado e menos
ácido”, disse.

60
Orgânicos desidratados garantem sucesso de agricultores familiares
Casal trocou advocacia e imobiliária pela produção rural
Brasília - Nascido e criado no campo, o
casal Norma Sueli Martins
tins Siqueira, de
56 anos, e Eurípedes Almeida Costa,
de 60, decidiu, há pouco mais de uma
década, voltar às origens. Eles troc
troca-
ram o escritório de advocacia e a im imo-
biliária
ria que tinham por uma área de
dois hectares no Núcleo Rural SobrSobra-
dinho dos Melos, no Paranoá (DF).
“Encontramos a terra limpa e começ
começa-
mos a plantar um pomar e espécies do cerrado. Hoje, temos uma verdadeira
agrofloresta”, conta orgulhosa a agricult
agricultora.
Com o apoio da Emater e do Sebrae no Distrito Federal, em 2004, o casal se
iniciou na agricultura familiar, auxiliado também por um dos filhos, que é agr
agrô-
nomo e oferece suporte técnico. Fora isso, os agricultores fazem praticamente
tudo a quatro mãos. “Quando precisamos, contratamos trabalhadores tempor temporá-
rios”, explica Norma. Foi assim que ssurgiu,
urgiu, há cerca de oito anos, a Desifrut,
empresa que produz e entrega, diretamente ao consumidor final, alimentos o or-
gânicos desidratados. Certificada com três selos, o negócio oferece frutas –
mamão, limão, laranja, jaca e banana
–, vegetais – berinjela, abobrinha e
tomate – e condimentos – manjericão,
orégano, alho, salsa, cebolinha e cco-
entro.
“Percebemos que os produtos in natnatu-
ra tinham um grande percentual de
perda e, para fugir desse desperdício,
encontramos os processos de des desi-
dratação, que é a conse
conservação
rvação mais antiga da humanidade. Passamos a fazer
cursos e a buscar suporte técnico p para
ra conhecer mais esses produtos. Vimos
que eles tinham
nham o mercado que pr procurávamos”,
curávamos”, acrescenta a produtora rural.
Por meio do Sebrae no DF, os agr agricultores participam, desde
esde o início do em-
e
preendimento,
to, de cursos, palestras, feiras, eventos e consultorias – tendo sido
a mais recente
cente sobre o redesign da marca. “Estamos com um rótulo lindo”, cco-
memora Norma, que nos últimos anos nos esteve presente, como fornecedora, a
eventos como
mo Agrobrasília e Alime
Alimenta, entre muitos outros.

61
Atualmente, os produtos da Desifrut são comercializados no galpão da agricu
agricul-
tura familiar na Ceasa, na Torre Digital e em diversas feiras do DF. Em algum
tempo, deverão estar também disponíveis na internet. “Sabemos que esse é o
futuro e estamos começando a negociar com um site especializado em venda
de produtos naturais”, completa Norma, que já foi segunda colocada na edição
do DF do Prêmio Mulher de Negócios, categoria Produtora Rural. “Nosso pr pro-
duto é pequeno
ueno e tem qualidade. Não queremos atropelar as coisas. Prete
Preten-
demos crescer aos poucos em vendas pela internet e para os governos, mas
sem dar passos maiores do que podemos”, completa.
Na receita de sucesso do casal, ela elenca trabalho, amor à terra, ded
dedicação,
estudo e boas parcerias, especialmente com o Sebrae no DF. “O Sebrae m mu-
dou a maneira de vermos nosso produto. Aprendemos sobre como chegar ao
cliente e atendê-lolo melhor. Cursos, consultorias e outros treinamentos ampli
amplia-
ram nossa visão do que é pro produção,
dução, comércio, intercâmbio e gestão do negó-
neg
cio, o que foi primordial para nosso crescimento”, conclui Norma Sueli Martins
Siqueira.
Sucesso na Ovinocultura
A agropecuarista Denise Pereira Azenha, 40 anos, e o esposo, Marco Antônio
Righi, 40 anos, relataram suas expexpe-
riências de trabalho aos visitantes que
passaram
saram pelo estande do Senar
Senar-RS
na Expointer. O espaço destinado a
expor
por o trabalho diário dos produtores
disponibilizava painéis com imagens
da propriedade
dade do casal, e os instr
instru-
mentos de trabalho:o: a roca e um fre
free-
zer com demonstração
monstração de cortes ov ovi-
nos. Junto ao técnico do Senar, o ccasal sal demonstrou aos visitantes a maneira
m
como se transforma a lã bruta em fios finos e grossos através da roca e, pôde
apresentar também as formas de cortes da carne e as embalagens.
Marco Antônio destaca a gratificação de ter atuado no estande do Senar
Senar-RS:
“Foi uma excelente oportunidade mostrar o nosso trabalho às pessoas, pois
nos gerou mais experiência pessoal e profissional”.
O casal provou ser possível conciliar a mão-de-obra
obra de cortes ovinos e também
a se especializar no comércio de produtos derivados da criação de ovelhas. Os
dois optaram por sair da capital há oito anos e a se dedicar à criação de ov
ove-
lhas na propriedade que era do pai de Denise, na Fazenda CaixCaixa d’ Água, no
município de Dilermando de Aguiar, região Centro
Centro-Sul
Sul do Rio Grande do Sul.
O casal nunca havia atuado no setor, e decidiu cuidar da produção de carne o-

62
vina e investir na tecelagem de lã para fabricação de xergões (tecido de lã ou
pelego de ovelha,
velha, que se coloca ao lombo do cavalo, logo abaixo da carona) e
linhas finas.
O rebanho de ovelhas na propriedade soma 400 cabeças das raças Crioula,
Texel e Black Texel, e os dois administram uma empresa para comercialização
de vestuários com marca pró
própria
pria e a base de lã. A partir da percepção de que
muitos produtores de gado próximos ao município necessitavam do xergão,
Denise tomou a iniciativa de se especializar na fabricação e na venda deste
produto.
O casal ingressou no Senar
Senar-RS em 2007 e hoje já totaliza 20 treinamentos fei-
fe
tos. “Logo que comecei os cursos do Senar eu percebi que era isso mesmo o
que eu queria fazer na minha vida”, afirma Denise. Aprendeu a manusear os
ovinos, a retirar a lã cuidadosamente sem lesionar o animal, a utilizar o ting
tingi-
mento
ento natural de lã com produtos oriundos de plantas e a ter uma visão ampla
de seu empreendimento.
Denise afirma que sua base de tecelagem e de criação de ovelhas teve comcome-
ço no Senar, pois anteriormente ela não possuía os conhecimentos profundos
a respeito
o dos cuidados e da comercialização do animal. O casal ressalta a iim-
portância do aprendizado dos cursos que vão desde a avaliação corporal dos
animais, do controle de verminose, no manejo da pastagem até os cursos de
lã, que hoje é o produto finalda fazend
fazenda.
a. A visão de negócio permitiu que se
especializassem na venda de produtos derivados da criação da ovelha. A pr pri-
meira colocação no Concurso Estadual de Artesanato em Lã e pele Ovina re rea-
lizado durante a Expointer nos anos de 2007 e 2009 é resultado desse es
esforço.
Hoje o produto carro-chefe
chefe da Fazenda Caixa d’ Água é a produção e comerccomerci-
alização da lã de linha fina, que resulta na fabricação de tricô e crochê, da ma
mar-
ca denominada “Da Fazenda”. Junto com o marido, produz também cortes de
ovinos e comercializa no município. Em quatro anos, os produtores aument aumenta-
ram sua produção de 60 xergões ao ano com um rebanho estimado em 500 a-
nimais, para 350 mantas ao ano com um rebanho de 800 ovelhas. Em 2009
sua produção de fios finos tinha um resultado de 250 kg ao ano e neste ano já
chega a 400kg.
O casal aprendeu por meio dos cursos do SenarSenar-RS
RS o manejo dos animais, a
tosquia, a utilizar o tingimento natural de lã com produtos a base de plantas,
permitindo uma visão de qualidade para o seu negócio. “Posso afirmar que a
minha base de tecelagem de lã e de criação de ovelhas se iniciou no Senar”,
ressalta Denise.

63
REFERÊNCIAS

Abrapa
Administradores.com
Agricultura.gov
Agow Negócios
Avicultura Industrial
Brasil.gov
BRDE - O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul
Canal Rural
Cidasc SC
CI Orgânicos
CPT
Clic RBS
Conab
Dinheiro Rural
Editora Gazeta
UEL
Emprapa
G1.com
Geografia Opinativa
IBA – Instituto Brasileiro de Arvores
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Jacto
Jornal Noti Serra
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Mundo Educação
Portal Contábeis
Portal Educação
64
REDES – Revista de Desenvolvimento Regional
Revista Globo Rural
Rural News
Santander Negócio & Empresas
Seagro Tocantins
StartAgro
Successful Farming

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