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Por – Katy de Mattos Frisvold

Publicado no blog www.diablerie.com.br

Os Dezesseis Raios da Roda de Fortuna

Dentro do corpo de ensinamentos da Arte Tradicional, encontramos os


temas, estações e princípios que ocorrem em ciclos não lineares de
Fortuna, que exaltam e refinam as qualidades necessárias para que o
peregrino alcance o poder do Verbo, de completa conexão com a
fonte. Estes processos são tanto internos quanto externos, singulares
ou combinados, e se aplicam em cada passo dado pelo peregrino em
seu dia a dia.

Minha intenção com este ensaio é o de trazer uma síntese deste


corpo de ensinamentos, ainda que de forma reinterpretada, muito
reduzida e simplificada visando à compreensão dos peregrinos que
iniciam agora sua jornada, o que não impede que estes temas
possam ser debatidos em profundidade em outros artigos. Este
conhecimento foi legado a mim pelos meus ancestrais na Arte, e está
relacionado às estruturas da terra, dos oráculos geomânticos, e aos
oito casais pertinentes às direções da paisagem, partindo do Leste.

Junto a cada raio, selecionei citações cujo propósito é exemplificar ou


reforçar um sentido. Espero que este ensaio possa trazer algum lume
a cada estação onde o peregrino se encontrar, bem como as reflexões
necessárias sobre estes processos alquímicos.

I - “Buraco Branco” (“A Cabeça de Deus”) – A força matriz de todos


os elementos. É o despertar, o início da jornada rumo à iluminação, o
primeiro passo de ingresso no caminho do sábio, cujo progresso
depende da constante vigilância em manifestar o bom caráter, em
Perfeito Estado de Bem-Aventurança. “Buraco Branco” nos conta
que todos nós somos seres divinos vivendo uma experiência humana,
e que o universo é abundante, tanto de coisas que experimentamos
como “boas” ou como as “ruins”. É daqui também que surge o
conceito da busca do ideal mítico representado pelas divindades
(elementos). Esta força rege o cérebro e nervos de uma pessoa. Seu
vínculo na natureza é encontrado nas águas frescas das nascentes e
minas. O maior obstáculo nesta estação é a arrogância.

“Plotino diz que Kronos era o senhor da Era Dourada porque seu
nome significa Koros Nous, a “abundância da Mente Divina”, o que
denota a infinidade das Idéias Arquetípicas no Mundo Noético.” Nigel
Jackson

II - “Buraco Negro” (“Cabelos, Pêlos”) – É escuridão do útero, do


esquecimento e da perda. É também a morte, o fim de um ciclo que
trará a paz. Esta é a sabedoria dos nossos Ancestrais, manifesta no
processo de transformação de toda a matéria. É a realização de que
somos compostos de carne e morte. Este é o salto para o Outro-Lado,
Lar de nossos Ancestrais e a Fonte da Criação. É aqui que
aprendemos sobre a Era Dourada, e que tudo possui uma plenitude a
ser alcançada, e que ao interferimos neste processo, finalizando-o
prematuramente, deixamos de captar a lição da renovação. Seu
vínculo na natureza é encontrado nos sepulcros. O maior obstáculo
nesta estação é a atitude apressada, irrefletida, que não resulta em
benefício ou maturidade.

“Lá vocês e eu, meus amores/ Lá vocês e eu vamos nos deitar, /


Quando a cruz da ressurreição estiver quebrada, / e nossa hora de
morrer for chegada, / Nunca mais haverá o choro, /Nunca mais
haverá a morte / Só o dourado pôr do sol /Só o dourado descanso.” -
Robert Cochrane

III - “Lobo” (“Olhos”) – É aquele que se move à noite, o predador


misterioso. Esta é a força da sabedoria que vai além daquilo que os
olhos encontram, através do reconhecimento de que tudo no universo
tem uma dada forma de consciência, e que a formação de
consciência nos dá uma identidade única. É o ímpeto, a
transformação através do fogo, o cio dos animais. É também o fogo
perene que queima nos antigos altares, é o fogo da paixão, das
paixões nos levam ao conflito e do conflito que pode levar à resolução
e crescimento, assim como pode nos levar a mais conflito e derrota.
Seu vínculo na natureza é encontrado no Fogo. O maior obstáculo
nesta estação é deixar-se consumir pela paixão, pela guerra
sangrenta.

“Uma ‘grande sede de conhecimento’ é a precursora da sabedoria. O


conhecimento é um estado que toda a vida orgânica possui;
sabedoria é a recompensa do espírito, adquirida na busca pelo
conhecimento.” - Robert Cochrane

IV - “Vagina” (“Costelas e Traseiro”) – Esta estação é a do


sentimento de antecipação, do real momento da concepção de toda a
Criação. Fala também do ciclo de nascimento, renascimento e
reencarnação. É saber partir do obsoleto ou inadequado. Estes
Mistérios são geralmente legados às mulheres. Seu vínculo na
natureza é encontrado no Fogo. O maior obstáculo nesta estação é
tentar desesperadamente manter-se preso ao passado.

“...se a Natureza fez-nos a nós, mulheres, de todo incapazes para


boas ações, não há, para a maldade, artífices mais competentes!” -
Eurípedes, Medeia

V - “Menstruação” (“Sangue, Linhagem”) – Esta é a estação que


nos conta sobre os mistérios do sangue, da menstruação e da
linhagem ancestral. Também revela o uso positivo dos talentos
provenientes do sangue e da orientação familiar. Morte ante a
desonra. Realização de potencial usando a precaução como maior
guia. Seu vínculo na natureza é encontrado no sangue. Estes
Mistérios também são geralmente legados às mulheres. O maior
obstáculo nesta estação é a resistência ao conhecimento ancestral e
a auto-sabotagem, ou seja, a resistência para desenvolver seu próprio
potencial.

“Quando todo o resto está perdido, e não antes disso, prepare-se


para morrer com dignidade.” Robert Cochrane

“Quae superius sicut quae inferius” - “O que está acima é igual ao


que está abaixo” – Tábua Esmeralda, Hermes Trimegistus.

VI –“Cabeça Reversa” (“Cerebelo, Pênis”) - Caminhar sem falhas,


graciosamente, e apreciar o princípio caótico inerente na forma. Esta
é a estação da Via Tortuosa. Todos os eventos que aparentemente são
ordenados parecem caóticos quando vistos de perto. Todos os
eventos aparentemente randômicos mostram sinais de ordem quando
vistos a distância. Este é o caos dentro da estrutura, o
envelhecimento, a doença latente. É a força da destruição das
fundações enfraquecidas, onde temos que lidar com a mudança e
aprender a ver o mundo através de uma nova perspectiva. Seu
vínculo na natureza é a brasa. O maior obstáculo nesta estação é a
depressão.

“Mas noutro dia, eu tomei Chlide duas vezes, Pitho três vezes, Libas
três e quanto à Corinna – ela inspirou meu recorde: em uma curta
noite eu contei nove.
Poderia uma bruxa ter deitado um feitiço sobre mim? Dado a mim um
decocto mágico?
Modelado minha imagem em cera e alfinetado suas entranhas?
Magia pode transformar um campo de trigo em erva daninha, drenar
bem as fontes,
Fazer uvas e castanhas caírem, desnudar frutos.
Não poderia também emascular um músculo?
Sim, foi provavelmente bruxaria – isto e humilhação também –
agravando o colapso.” - Ovídio, Amores

VII – “Corda” (“Intestinos, Testículos e Ovários”) - A Força, o espírito


da força, da determinação. Nesta estação somos lembrados que os
humanos não são tão fortes quanto as forças da natureza que criaram
a consciência do homem. A compreensão deste princípio é a fundação
do conceito de bom caráter. É necessário controlar o desejo de forçar
sua vontade sobre os outros, do senso distorcido de auto-importância,
que é oposta à generosidade de se considerar as opiniões dos outros.
É a boa Justiça. Todo egoísmo deve, em um ponto, encarar a realidade
de que o indivíduo não é o centro do universo, e o resultado da
escolha pode ser o crescimento ou a autodestruição. Esta é a estação
do conhecimento do Arcana Imperii. Seu vínculo na natureza é o
cordão umbilical, cordões de nós, escadarias de pedra, rosários. O
maior obstáculo nesta estação é o orgulho.
“...Quando o Senhor terminar toda a sua obra contra o monte Sião e
contra Jerusalém, ele dirá: ‘Castigarei o rei da Assíria pelo orgulho
obstinado de seu coração e pelo seu olhar arrogante.’...” - Isaías
10:12 NVT

VIII – “Coração” (“Coração, Veias e Unhas”). O crescimento


espiritual ocorre como resultado do balanço entre a mente e coração.
Quando a experiência nos mostra que nossa percepção do mundo
está errada, a consciência começa a jornada pela verdade. Este é o
ciclo de morte e renascimento que dá fundação a todas as iniciações.
Esta estação cria novas direções e novas possibilidades. Seu vínculo
na natureza é à noite. O maior obstáculo nesta estação é a
desesperança, a mudança constante baseada nas respostas
emocionais irrefletidas.

“No amor não há medo, mas o perfeito amor lança fora o medo,
porque o medo envolve castigo; e aquele que tem medo, não é
perfeito no amor.” - 1 João 4:18

IX – “Ferro” (“Espinha”). Esta estação simboliza a idéia da


necessidade de remover os obstáculos, de organizar nossas
estruturas com a finalidade de progredir na jornada da realização de
nosso Destino, nossa missão no mundo. Esta estação fala da
necessidade da prudência quando caminhamos em terreno aberto.
Seu vínculo na natureza são os objetos cortantes, o arado e a foice.
Os maiores obstáculos nesta estação são a teimosia e a destruição
irresponsável.

“Não precisamos nem mesmo nos arriscar em uma aventura solitária,


pois os heróis de todos os tempos já o fizeram antes de nós. O
labirinto é completamente conhecido. Temos somente que seguir os
rastros do caminho do herói. E onde pensamos encontrar uma
abominação, devemos encontrar um Deus. E onde pensamos matar o
outro, devemos matar a nós mesmos. Onde pensamos viajar ao
exterior, devemos vir ao centro da nossa própria existência. Onde
pensamos estar sozinhos, devemos estar com todo o Mundo.” -
Joseph Campbell, O Herói de Mil Faces.

X – “Pássaro Noturno” (“Pulmões e Estômago”) – Esta estação gera


a mudança radical nas circunstâncias, com fatores externos que
destroem a forma. É a força das tempestades, furacões e vulcões. São
todas as forças destrutivas da natureza que transformam a tudo
quando despertam. Forças da natureza que possuem um efeito de
limpeza e transformação. Em termos pessoais, esta estação pode
representar uma mudança drástica, pode trazer abundância ou fuga.
Seu vínculo na natureza são pássaros noturnos. O maior obstáculo
nesta estação é a malícia.

“Pois eu sou a voz que fala através de seu medo


Eu sou o poder que entra quando você não tem mais nada.”
De Liber Combusta, The Gospel of the Stellar Fire – Nicholaj Frisvold

“E todos os remédios que existem como defesa contra o sofrimento e


a velhice,
A estes, você aprenderá, porque somente para você eu farei todas
estas coisas se realizarem.
E você irá parar a força dos incansáveis ventos que varrem a terra
E destruirá os campos com suas rajadas e explosões;
Entretanto, novamente, se você desejar, você provocará os ventos
como prêmio.
De uma negra tempestade você criará uma seca oportuna
Para os homens, e de um verão uma corrente de ar você criará
Inundações que nutrirão as árvores que fluirão pelo éter.
E você trará de volta do Hades a força vital de um homem morto”.
Empédocles

XI – “Serpente” (“Boca, Músculos e Ombros”) – Esta estação prevê o


desenvolvimento no poder da palavra. É o poder pessoal manifesto
na oração, evocação ou invocação usado para a proteção, cura,
transformação e a criação da paz e abundância. É o elemento
fundamental do processo de auto-afirmação. A boca se polui com
maldades é incapaz de construir qualquer bem. Seu vínculo com a
natureza é a serpente. Seus maiores obstáculos são o auto-enfeitiçar
e o denegrir.

“Uma velha megera que se senta entre as meninas realiza ritos para
Tacita…com três dedos, que ela coloca punhados de incenso sob a
soleira, onde na casa o rato fez seu buraco. Ela pronuncia
encantamentos sobre algumas linhas, e as amarra ao redor de
chumbo escuro, e resmunga com sete feijões pretos em sua boca.
Então ela pega um peixe, o trombeiro1, espalha piche em sua cabeça,
e costura sua boca, pinga vinha sobre ele e o assa na frente do fogo;
o resto do vinho ela bebe com as garotas. “Agora”, diz ela
“amarramos as línguas hostis e bocas rancorosas”

XII – “Feto” (“Ossos”) – Esta é a estação da purificação. O sistema


imunológico do ser humano usa a doença como um processo de
purificação. Se o sistema imunológico é fraco, a doença levará à
debilidade e morte. Uma relação com a Natureza que não seja
saudável resulta em um sistema imunológico fraco, é a estação do
conhecimento do Arcana Naturae. Compreender a fonte da doença é
o primeiro passo para determinar a cura. Seus vínculos com a
natureza são os ossos. Seu maior obstáculo é a falta de coragem.

“Não se esqueçam que a terra se deleita ao sentir seus


pés descalços e os ventos anseiam em brincar com seus cabelos.” –
1
Trombeiro choupa, Spicara maena, uma espécie de peixe comum nas áreas do
Atlântico Oriental: Portugal, Marrocos e Ilhas Canárias, incluindo o Mediterrâneo e o
Mar Negro.
Khalil Gibran

XIII – “Axis” (“Braços e Mãos”) – A visão mística alinha a consciência


com a fonte da Criação. Esta estação é a que nos informa sobre o
alicerce do Destino, nosso propósito (missão, função) no mundo. É a
clareza, poder mental e profecia. Temos que ter a real noção de nosso
tamanho para evitar que o mundo mergulhe em arrogância e todo o
tipo de discriminação, como o racismo e o sentimento de
superioridade moral. Seus vínculos com a natureza são os oráculos,
augúrios e sinais. Seu maior obstáculo é o senso inflado de auto-
importância no grande esquema da Criação.
“Sob a Estrela
Ressuscito a Cruz
Viajei a este ponto
Onde tudo está quieto
Descartarei toda a falsidade
E seguirei adiante dentre os
Pastos do reino Dourado da Rainha
Sob a estrela, permaneço erguido
Eu não estou caído
Sob a estrela rezo para Ti
Meu formoso daimon
De minha própria essência Verdadeira
Meu espírito guarda
E aliados da Noite
Todos os que me trouxeram
A este Ponto
Sob a Estrela
Onde ergo
A Cruz Verdadeira”– N. Frisvold

“Saiba que a alma, o diabo, o anjo não são realidades fora de você;
você é eles
Da mesma forma, o Céu, Terra e o Trono não estão fora de você,
nem o paraíso e nem inferno, nem a morte, nem a vida.
Eles existem em você; quando você tiver realizado a viagem mística
e se tornar puro, você vai se tornar consciente disso”
Najmoddin-Kobra

XIV – “Forçar a Fortuna” (“Baço, Pernas e Pés”) – É a estação da


determinação de se caminhar rumo à abundância e
autotransformação. É o espírito da rebelião e da revolução. Seus
vínculos na natureza são as ervas medicinais. Seu maior obstáculo é a
teimosia, a resistência à mudança. Esta estação traz o conhecimento
de fluxo e contra-fluxo. Seus vínculos com a natureza são as figuras
humanas esculpidas ou naturais, em árvores e raízes, ou ainda em
bonecos. Seu maior obstáculo é a tirania e o desrespeito ao próximo.

“... pois sendo os raios dos corpos celestes animados, vivos e


sensuais, e trazendo junto a eles dons admiráveis e um poder dos
mais violentos, em um momento e ao primeiro toque, imprimem
poderes maravilhosos nas imagens”. - Agrippa, II cap. 35

"Quando Jesus observou a sua falta de compreensão, ele disse a eles:


‘por que esta agitação os levou à ira? Seu deus, que está dentro de
vós provocou a ira dentro de vossas almas. Que qualquer um de vós
que fordes forte o suficiente dentre os humanos tragam o humano
perfeito e se erga diante de minha face.’” - Evangelho de Judas

XV – “Pássaro Diurno” (“Seios e Bexiga”) – É uma estação de


abundância pela oração, desde que em perfeito estado de seja
feita a sua vontade, onde nasce a aceitação de quem somos, de
nosso Destino, nossa missão no mundo. Esta é uma estação de
fertilidade e bom senso, que nos conta de tudo o que é belo e frágil
na Natureza. Alude a uma expressão erótica, do desejo que a
natureza possui em procriar. Seus vínculos na Natureza são os
canários e pássaros pequenos em geral. Seu maior obstáculo é a
inveja, o desejo de ser o que você não é destinado a ser, ou de se
achar mais merecedor do que o portador de seus desejos.

“O que o homem superior procura, está dentro de si.


O que o homem inferior procura, está dentro de outros.” - Confúcio

“O canário foi procurar a Bruxa, perguntando se não havia um modo


de transformá-lo em alguém tão forte e tão alto como o avestruz. Ela,
meneando a cabeça, respondeu: - ‘Esta é uma tola pergunta. É certo
que não há. Sinto muito, mas não posso ajudá-lo.’ O canário saiu
desolado, mas achou estranho que logo a Bruxa achasse sua questão
estúpida e tratou de fazer seu pequeno miolo funcionar. Pensou e
pensou, até que voou novamente para a casa da Bruxa para
finalmente perguntar: ‘Será que você poderia então me ajudar a ser
próspero e feliz?’. ‘-Ah’ - respondeu a Bruxa. ‘-Eis que você me faz
uma sábia pergunta, no que eu posso realmente ajudar.’ Após realizar
o que havia para ser realizado, o canário foi levar os grãos
prometidos à bruxa em retorno pelos seus serviços. Mal pousou ao
solo e se viu rodeado por dezenas de outros pássaros, que o
admiravam pelas lindas cores e maravilhoso porte. Depositou a paga
à porta da Bruxa e saiu cantando feliz, rumo à fortuna que lhe era
cabida, à fortuna que realmente era sua.” Awo Ogboni Funfun.

“Não faça o que desejar, faça o que precisa ser feito” – Robert
Cochrane

“Seja Feita a Vossa Vontade, Oh meu Senhor e Mestre!


Seja Feita a Vossa Vontade, Oh meu propósito e significado!
Oh essência do meu ser, Oh alvo do meu desejo,
Oh minha fala, e meus conselhos, e meus gestos!
Oh todo meu todo, Oh minha audição e visão,
Oh minha totalidade e meu elemento, e minha partícula!” - Mansur Hallaj
XVI - “Ovo” (“Nariz e Garganta”) – É a estação que cria a resposta
às orações, os momentos onde há real conexão divina, manifestando
o milagre através da luz que se materializa, o milagre da oração, a
transformação da realidade através da manifestação da luz atraída de
“Buraco Branco”. Seus vínculos na natureza são os ovos, do Ovo
Primordial, o potencial Divino. É nesta estação que encontramos a
natureza da Bruxaria, que opera através de petições (orações),
invocações, encantamentos e feitiços os meios necessários para
harmonizar a natureza humana à Natureza como um todo. Como a
Natureza é amoral2, ela buscará sempre o princípio de sua própria
harmonia, daí a importância da conexão indicada em “Feto”. Esta é
a estação do conhecimento do Arcana Dei. Seu maior obstáculo é a
criação negativa através de invocações contrárias às idéias de
harmonia e balanço que sustêm o crescimento espiritual.

“Um artesão amarra com sua arte, pois a arte é a excelência do


artesão.” Giordano Bruno.

“Um agente de ligação não une uma alma a si próprio, a não ser que
ele a tenha capturado; ela não é capturada a menos que tenha sido
ligada; ele não a liga, a menos que tenha se aliado a ela; ele não se
alia a ela a menos que ele tenha se aproximado; ele não se aproxima
a menos que tenha se movido; ele não se move a menos que tenha
sido atraído; ele não é atraído até que tenha sido inclinado em sua
direção, ou se afastado; ele não está inclinado a menos que deseje ou
queira; ele não deseja a menos que conheça; ele não conhece a
menos que o objeto contido em uma espécie ou uma imagem seja
apresentado aos olhos ou ouvidos, ou ao olhar em um sentido
interno. As amarrações são levadas a bom termo pelo conhecimento,
e elas são tecidas pelos sentimentos em geral.” – Giordano Bruno.

2
Não confundir com imoral. Amoralidade significa “sem conceito de moral”, enquanto imoral significa
“contrário ao conceito de moral”.

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