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Que caracteriza o período conhecido como Segunda

Escolástica Portuguesa, no Brasil?

A Segunda Escolástica portuguesa defendia a ortodoxia do catolicismo dominante e,


portanto, filtrava a entrada do pensamento moderno, baseado em Locke e em Newton,
em Portugal e, consequentemente, no Brasil, a partir de um controle rigoroso das obras
e das escolas.

A mentalidade que suportava a Segunda Escolástica era completamente refratária a


novas ideias e baseava-se em um conservadorismo moral incompatível com ideias que
circulavam no mundo naquela ocasião. O movimento foi extremamente estratégico na
legitimação do poder monárquico português no Brasil e também na manutenção do
estado submisso nas colônias.

A Segunda Escolástica portuguesa não pode ser pensada sem a presença dos jesuítas,
visto que eram adeptos da filosofia tomista e, por isso, essa escola de pensamento foi
chamada também de escolástica tardia. A influência dos jesuítas no Brasil se deve a sua
experiência pedagógica e sua presença na regulação de cursos, programas, métodos e
disciplinas. Segundo Almeida (2010), os jesuítas também tiveram presença dominante
num processo histórico chamado de “descimento” das aldeias indígenas, que consistia
na reconfiguração fundiária, nas políticas de mestiçagem, nas reconstruções identitárias,
nas propostas de assimilação e resistências das comunidades indígenas em relação aos
portugueses e nas trocas simbólicas entre os índios.

O empirismo mitigado surge como reação, uma tentativa de buscar um sistema que
aceitasse a incorporação de um liberalismo político. O adjetivo mitigado vai se referir
ao caráter atenuado do valor da experiência e, principalmente do liberalismo político
que, no entendimento corrente, era um abalo na monarquia. E, por isso, que o
liberalismo político aparece no empirismo mitigado como algo facultativo.

A peculiaridade fundamental da Segunda Escolástica Portuguesa foi lograr estabelecer o


mais completo isolamento em relação ao pensamento moderno. Consequência dessas
particularidades histórias foi a abertura para a modernidade se constituir como
fenômeno tardio, apenas iniciada em meados do século XVIII.

A questão do livre-arbítrio, conforme entendida pela escolástica, trazia a tendência de


desvalorização do humano, algo que vinha sendo rechaçado desde o humanismo
renascentista. Em relação ao contexto inglês e à mitigação do liberalismo, Paim explica:
as circunstâncias da cultura luso-brasileira eram, entretanto, completamente diversas.
Exigiam, segundo se evidencia de seu curso real, a análise do problema metafísico da
liberdade, sem o que o liberalismo assumiam ares de gratuidade”.

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