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ESTUDO HÍBRIDO E SUAS METODOLOGIAS NO CONTEXTO

EDUCACIONAL

Rubia Denise de Paula

Acesse a apresentação deste trabalho.


RESUMO
O contexto histórico do atual sistema educacional passou por diversas
mudanças de paradigmas, e para acompanhar todo esse processo, todos os atores do
universo escolar buscaram rever o seu papel bem como sua contribuição no ensino-
aprendizagem . A partir da grande inovação dos meios tecnológicos e plataformas
digitais para construir o conhecimento, gestão escolar, corpo docente e corpo discente
desenvolveram novas estratégias de tornar o espaço escolar, a formação continuada e
o envolvimento no processo de ensino-aprendizagem inovador, criativo e democrático.
Com o avanço das tecnologias, o estudo híbrido vem sendo implantado no ambiente
escolar para que o aluno desenvolva suas aprendizagens através da sua autonomia,
curiosidade e singularidade.

Palavras-chave: estudo híbrido, universo escolar, autonomia.

INTRODUÇÃO

Refletir sobre o avanço tecnológico no universo escolar requer


compreender qual a sua contribuição no processo ensino-aprendizagem.
Todos os participantes desse contexto, ou seja, gestão escolar, corpo docente
e corpo discente procuram se atualizar de forma constante e cooperativa.
O presente tema procura trazer para debate a forma como o estudo
híbrido pode colaborar no desenvolvimento do educando de forma que ele
próprio seja responsável pelos seus questionamentos e concretização dos
resultados, de acordo com o seu ritmo e singularidade.
A partir da pesquisa acerca do estudo em pauta, há de se verificar qual
o papel de cada integrante no processo escolar. Em busca de dados e
fundamentação sobre a importância do estudo híbrido na aprendizagem, o
resultado deverá contemplar a todas as indagações de forma clara e
colaboradora.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para abordagem do tema em estudo, fez-se uma breve leitura
procurando como referência teórica autores que apresentam em sua
fundamentação a ideia de que cada integrante do processo educativo traz sua
contribuição para o desenvolvimento do sistema.
De acordo com a ideologia dos pensadores citados na pesquisa, pode-
se constatar que a teoria híbrida de aprendizagem destaca-se pela forma
autônoma como o educando realiza suas aprendizagens.

METODOLOGIA

Diversas são as realidades do nosso contexto educacional e o estudo


híbrido se apropriou dos espaços escolares. Professores e alunos exploram
novas ferramentas para atingir um denominador em comum – a aprendizagem.
Mesmo que essa forma de ensino seja recente em algumas instituições
educacionais, a ideia do estudo híbrido surgiu a partir da iniciativa de se criar
um curso à distância onde na Europa em 1840, Isaac Pitman propôs o ensino
da taquigrafia através da correspondência. Depois disso, entre os anos de
1970 e 1980 surgiram as primeiras formas de ensino utilizando a tecnologia.
De acordo com BACICH, TANZI e TREVISANI (2015):

O ensino híbrido, ou blended learning, é uma das


tendências da Educação do século XXI, que
promove uma integração entre o ensino presencial
e propostas de ensino online visando a
personalização do ensino (BACICH, TANZI e
TREVISANI 2015)

Tal integração entre o ensino presencial e o estudo híbrido se interliga


de maneira harmoniosa, propiciando ao aluno que ele intensifique seus
conhecimentos e utilize-se das tecnologias para pesquisar, fundamentar e até
mesmo socializar as aprendizagens construídas.
A aprendizagem desenvolvida de forma presencial por muito tempo
empregada nas instituições de ensino passou por diversas tendências e cada
uma delas procurava retratar a necessidade emergente da sociedade trazendo
de forma positiva ou não a sua contribuição.
No começo do século XXI logo após a explosão da internet, as
modalidades de ensino remoto estavam mais presentes no meio acadêmico,
ficando mais acessíveis aos estudantes que não teriam disponibilidade de
frequentar a escola regularmente.
Para VALENTE (2014):
“O termo estudo híbrido se refere a uma série de
estratégias pedagógicas voltadas a promover o
desenvolvimento dos estudantes de maneira
individualizada, respeitando as limitações e os
talentos de cada um. Ele leva em consideração
que os alunos aprendem de formas e em ritmos
diferentes, já que também são diversos seus
conhecimentos prévios, competências e
interesses.” (VALENTE, 2014)

O estudo híbrido que já foi implantado por diversas instituições contribuiu


para personalizar o ensino e permitir que o aluno se desenvolva de forma
individualizada, de acordo com o seu ritmo de aprendizagem e aperfeiçoando o
conhecimento prévio já adquirido por meio de suas vivências.
No entanto, é sabido que nem todos os órgãos de ensino dispõem de
estruturas adequadas para dar suporte aos docentes na oferta do ensino
remoto. A escassez de recursos e de formação a esses profissionais acabam
por prejudicar o bom desenvolvimento dessa prática pedagógica. Além disso, a
realidade precária de muitos estudantes não permite o acesso às tecnologias, o
que impede o seu acesso e o seu comprometimento com a aprendizagem.
Empregando o estudo híbrido como metodologia, pode-se instaurar o
modelo de sala de aula invertida, ou seja, o aluno tem acesso ao objeto do
conhecimento sendo ele próprio o responsável pelo seu estudo de forma
remota, no seu ritmo, conforme suas capacidades. Enquanto isso, a aula
presencial assume o papel de fornecer o espaço adequado para o debate das
ideias e a solução dos problemas encontrados. A sala de aula continua sendo o
lugar de interação entre professor e aluno, assim como os alunos entre si.
BOGOST (2013) afirma que:
“Na proposta da sala de aula invertida, os alunos
têm contato com todo o conteúdo antes da aula,
através de vídeos, textos, jogos, ficando a sala de
aula tradicional para outras atividades de
aprendizagem, como tirar dúvida de um ponto
específico do tema, compartilhar descobertas e
fazer atividades prática individualmente ou em
grupo.Na sala de aula invertida, o tipo de material
ou atividades que o aluno realiza pela internet e na
sala de aula variam de acordo com a proposta a
ser implantada, criando diferentes possibilidades
para essa abordagem pedagógica” (BOGOST,
2013)

Mais do que compreender as principais maneiras de se aplicar o estudo


híbrido no ambiente escolar bem como sua funcionalidade, a aplicação desta
metodologia exige algumas mudanças tanto por parte das instituições
educacionais na criação de um ambiente favorável, atrativo e facilitador, quanto
no envolvimento do aluno para que a aprendizagem ocorra, dedicando-se
integralmente na participação ativa nesse processo.
O professor tem papel fundamental uma vez que é ele quem realiza a
elaboração dos conteúdos para que o aluno busque a compreensão com
clareza. Deve estar preparado e engajado para assumir a nova abordagem de
ensino, fazendo a inter-relação entre o sistema presencial e o remoto.
De acordo com ZABALA, 1998:
A melhora de qualquer das atuações humanas
passa pelo conhecimento e pelo controle das
variáveis que intervêm nelas, e o fato de que os
processos de ensino/aprendizagem sejam
extremamente complexos – certamente mais
complexos do que os de qualquer outra profissão
– não impede, mas sim torna mais necessário, que
nós, professores, disponhamos e utilizemos
referenciais que nos ajudem a interpretar o que
acontece em aula. (ZABALA, 1998, p. 15)

Por esse motivo, o professor necessita investir na sua formação


continuada e estar atualizado com o que há de novo nas tecnologias. A ele
cabe saber como integrar no seu processo de ensino e aprendizagem os
hardwares, softwares e todas as plataformas de multimídias disponíveis.
Assim, é possível elaborar um planejamento coerente e autônomo, que instigue
o aluno a buscar o conhecimento.
Ao fazer uma relação do uso das tecnologias nas aprendizagens com a
cultura de cada comunidade escolar, põe-se em prática novas atividades
cognitivas permitindo que o ensino híbrido conectado ao modo de vida,
costumes de cada um, otimizem os espaços escolares com estratégias
inovadoras e eficazes capazes de desenvolver no educando a curiosidade e
criticidade.
Em se tratando de gestão escolar, um modelo híbrido de ensino requer o
trabalho de uma equipe que seja capaz de identificar, avaliar, validar, organizar
e disseminar ações motivadoras no processo de mudança e inovação no
espaço escolar realizando transformações necessárias para que todas as
ações sejam bem sucedidas.
Para FREIRE (2000) apud ALMEIDA (2011):
[...] cabe à escola deixar claro o que pretende
mudar, e, quando a mudança passa a ser um
projeto de escola, todos os agentes do cenário
educacional passam a ser convocados para o
exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica,
de pensar o conhecimento enquanto se conhece,
de pensar o quê das coisas, o para quê, de quem,
o contra quê, o contra quem, são exigências
fundamentais de uma educação democrática, à
altura do nosso tempo. (FREIRE, 2000 apud.
ALMEIDA, 2011, p.37)

Em uma nova visão, deve-se repensar a escola como um espaço


democrático, entre as trocas de experiências e a produção do conhecimento,
desafio este que a gestão escolar e os profissionais da educação deverão
enfrentar no novo cenário educacional tecnológico sempre com o objetivo de
oferecer ao aluno oportunidades de desenvolvimento em sua formação.
Grande desafio, além de tornar os espaços escolares inovadores, é
propiciar aos alunos de inclusão as mesmas oportunidades de acesso ao
estudo híbrido. Conforme BRASIL (2016):
“ Experimentar novas técnicas de ensino e
aprendizagem, por meio do uso da tecnologia e de
práticas integradas – presenciais e online -, essas
novas técnicas permitem ao aluno ser protagonista
do seu aprendizado. Também chamado de
“blended learning”, o método alterna momentos
em que o aluno estuda sozinho – em geral em
ambiente virtual- e em grupo, quando interage com
seus colegas e o professor.” (BRASIL, 2016)

O ensino híbrido pode ser uma alternativa positiva no processo de


ensino-aprendizagem para o aluno com necessidades especiais, isso porque
existem várias ferramentas digitais capazes de explorar de forma singular as
necessidades e potencialidades de cada um dentro das suas limitações.
Ao docente cabe o papel de adequar os espaços escolares para que, no
modelo híbrido de ensino, os componentes possam participar e aperfeiçoar o
seu desempenho, com o intuito de provocar um movimento de mudança em
sala de aula, seja na combinação do estudo virtual e presencial, seja através
da exploração de novos espaços de aprendizagem.
Para DEWEY (1938) apud TEIXEIRA (1971):
O modelo de ensino híbrido traz a perspectiva da
personalização, que se faz necessária uma vez
que o esquema tradicional é, em essência,
esquema de imposição de cima para baixo e de
fora para dentro. Impõe padrões, matérias de
estudos e métodos de adultos sobre os que estão
ainda crescendo lentamente para a maturidade. A
distância entre o que se impõe e os que sofrem
imposição é tão grande, que as matérias exigidas,
os métodos de aprender e de comportamento são
algo de estranho para a capacidade do jovem em
sua idade. (DEWEY, 1938 apud. TEIXEIRA, 1971,
p. 5)

Um dos fatores mais relevantes no processo de ensino aprendizagem é


o papel do professor e sua inter-relação com o aluno. Ao trabalhar com
modelos híbridos de ensino, o docente propicia espaços para que possa atuar
como um mediador e problematizador na construção do conhecimento, e não
como um mero transmissor de conteúdos. Diante da necessidade particular de
cada educando, a tarefa primordial é realizar atividades tanto para acesso
digital, quanto presencial de maneira que o envolvimento de todos seja mútuo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da leitura realizada sobre como o estudo híbrido trouxe novas


abordagens metodológicas nas instituições educacionais, pôde-se verificar que
é de suma importância o envolvimento da gestão escolar no oferecimento de
estruturas e suportes didáticos para que o trabalho do docente tenha êxito.
Já o professor, recebendo esse apoio para desenvolver suas atividades
de forma interativa, tanto virtual quanto presencialmente, vai oportunizar ao
educando estratégias inovadoras e interessantes permitindo que ele busque o
conhecimento com autonomia e criatividade.
O educando, por sua vez, explora os meios digitais pesquisando,
produzindo no seu ritmo e transformando as informações construídas em
conhecimento. Na sua individualidade e no coletivo, o ensino-aprendizagem vai
acontecendo.
O estudo híbrido é a abordagem metodológica que vem trazendo o
avanço das tecnologias no espaço escolar e consequentemente a exigência da
formação digital para os docentes e discentes, uma vez que o estudo virtual se
instalou para que o educando desenvolva sua capacidade de investigação de
maneira autônoma e significativa para o seu desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

BACICH, Lilian; TANZI NETO, Adolfo; TREVISANI, Fernando de Mello


(org). Ensino Hibrido: personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre:
Penso. 2015.
BOGOST, Ian. The Condensed Classroom: Flipped classrooms don’t invert
traditional learning so much as abstract it. In: The Atlantic, Washington, 27
Aug. 2013. Disponível em :
HTTP://www.theatlantic,com/technology/archive/2013/08/the-condensed-
classroom/279013/. Acesso em 15 abr: 2014.
BRASIL. Formação continuada para professores. Brasília. DF: Ministério da
Educação.[2016]. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/formacao>. Acesso
em 13 nov. 2016
DEWEY, John. Experiência e Educação. Tradução Anísio Teixeira 3. Ed, São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971. 101p. Tradução de: Experience and
Education.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática


educativa. 51. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2015. 143 p.

VALENTE, José Armando. A comunicação e a educação baseada no uso das


tecnologias digitais de informação e comunicação. Revista UNIFESO –
Humanas e Sociais, Teresópolis, v.1, n.1, p.141-166, 2014b.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artmed,
1998.

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