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Direito Econômico

Segundo Estudo Dirigido


André Alves Fernandes / Douglas de Castro Guimarães
Prof. Antônio Carlos

1. Quem tem competência para legislar sobre Direito Econômico?


Fundamente.

De acordo com o art. 24, I, da CF, a competência é concorrente, cabendo da


União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre Direito Econômico.
Contudo, tal competência concorrente estipulada no inc. I, do art. 24, da
Constituição Federal, deve ser aplicada apenas quando o tema econômico não
esteja incluído na competência privativa da União prevista no art. 22 da Carta
Magna: legislar sobre: crédito, câmbio, transferência de valores, sistemas de
poupança, entre outros, implica na criação de normas de natureza
eminentemente econômica.

2. Identifique as características do(s) sistema(s) econômico(s).

Antes de mais nada, podemos caracterizar um sistema econômico de acordo


com as instituições políticas, jurídicas e sociais, que de algum modo irão
conformar a maneira que o Estado realiza o modo de produção e a forma de
repartição do produto econômico.
Nesse sentido, podemos caracterizar o sistema capitalista como sendo um
sistema que pressupõe a liberdade ou o liberalismo econômico e a propriedade
dos bens de produção. A garantia ao direito de propriedade (propriedade
privada) e a liberdade de iniciativa e de competição são características
inerentes à esse modelo.
Já no sistema socialista, o direito de propriedade privada é substituído pela
propriedade coletiva dos meios de produção.

3. Conceitue a Constituição Econômica.

De acordo com o professor Washington Peluzo Albino de Souza a Constituição


Econômica é positivação de princípios e normas relativas a ordem e econômica
e social. São preceitos constitucionais que regulam as atividades econômicas,
bem como os mecanismos de intervenção do Estado na economia e sua
relação com a iniciativa privada. Assim, a Constituição Econômica é um espaço
privilegiado de intersecção entre a política, a economia e o Direito.

4. Qual a primeira constituição que sistematizou a ordem econômica


no Brasil?

A Constituição de 1934 no título IV, entre os artigos 115 e 143, sistematizou


os preceitos de organização da ordem econômica e social no Brasil.
5. Explique os fundamentos da ordem econômica.

De acordo com a ideologia constitucionalmente adotada na ordem jurídica, a


ordem econômica tem por fundamento: a livre iniciativa e a valorização do
trabalho humano. A livre iniciativa pode ser compreendida como direito de
propriedade privada dos meios de produção e à livre concorrência,
atribuindo à iniciativa privada o papel primordial na produção ou circulação
de bens ou serviços no país. Já a valorização do trabalho humano busca
compatibilizar a atuação da iniciativa privada com os ditames de justiça
social, criando medidas de proteção ao trabalhador e ao trabalho,
valorizando-os como agente de transformação da economia e meio de
inserção social, respectivamente.

6. Livre iniciativa significa ausência de regulação? Porque.

A livre iniciativa não pressupõe a ausência de regulação, tendo em vista é


que também princípio expresso na nossa Constituição a defesa da livre
concorrência, a defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, a redução
das desigualdades sociais, a busca do pleno emprego e o tratamento
favorecido para empresas de pequeno porte. Para contemplar a
compatibilização desses princípios faz-se necessário a atuação do Estado
para evitar, por exemplo a formação de ologopólios e demais externalidades
negativas da atuação das forças de mercado.

7. Porque o Direito Econômico é considerado direito de síntese?

O Direito Econômico é um Direito de Síntese, pois ele colocar junto, ele


aproxima diferentes ramos do Direito, aproximando, até mesmo, o Direito
Público e o Direito Privado. Segundo Eros Graus, intervir é atuar no domínio
de outrem. Então, o Estado passa a atuar no domínio de outrem, produzindo
normas que vão influenciar as atividades econômicos e o domínio privado,
ou seja, influenciando a atuação da iniciativa privada.

8. Segundo Frei Beto, em sua coluna publicada no jornal Folha de São


Paulo,

“Relatório   da ONU, divulgado em julho, aponta o Brasil como o


terceiro pior  índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância
entre pobres e ricos,  nosso país empata com o Equador e só fica atrás
de Bolívia, Haiti, Madagáscar,  Camarões, Tailândia e África do Sul.
Aqui temos uma das piores  distribuições de renda do planeta. Entre
os 15 países com maior diferença  entre ricos e pobres, 10 se
encontram na América Latina e Caribe. Mulheres  (que recebem
salários menores que os homens), negros e indígenas são os mais 
afetados pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos
brancos  sobrevivem com o equivalente a 30 dólares por mês (cerca de
R$ 54) O  percentual sobe para 10,6% em relação a índios e negros. 
Na América Latina, há menos  desigualdade na Costa Rica, Argentina,
Venezuela e Uruguai. A ONU aponta como  principais causas da
disparidade social a falta de acesso à educação, a  política fiscal
injusta, os baixos salários e a dificuldade de dispor de  serviços
básicos, como saúde, saneamento e transporte.” 
 
Considerando a notícia acima, aponte um princípio que rege a ordem
econômica brasileira transgredido pelos fatos relatados, explicando
sua escolha e justificando fundamentadamente sua resposta.
 O artigo 170 da Constituição Federal que trata da Ordem Econômica no seu
inciso VII, afirma que um dos princípios a ser observado é : “redução das
desigualdades regionais e sociais. O texto aponta que o Brasil possuir o
terceiro pior índice de desigualdade do mundo segundo a ONU, fato que
demonstra que o este princípio não está sendo alcançado.

9. O dispositivo previsto nos §§ 1º e 2º do art. 173 da CF aplicam-se às


empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de
serviços públicos? Justifique.

Sim. Só se fala em intervenção quando o Estado está atuando em domínio


privado e quando intervier tem se valer do regime jurídico privado (art.
173,§1º, CR/88). Sendo que, Serviço Público é definido como uma
conjunção de requisitos que devem ser analisados, são eles: a) previsão
constitucional, observando a repartição de competências, b) Identificação
dos interesses sociais envolvidos, já que a noção de serviço público se
altera. C) observar o regime jurídico público (administrativo).

O serviço público pode ser prestado diretamente pelo Estado ou


indiretamente, contratando com o particular através de contrato de
concessão ou permissão.

10. Diferencie atuação de intervenção do Estado na economia.

O artigo 173 da Constituição Federal prescreve a intervenção direta do


Estado na atividade econômica e afirma que esta deve ser feita em caráter
de exceção, sendo possível apenas em razão dos imperativos da segurança
nacional ou de relevante interesse coletivo.
Já os artigos 174 e 175 prescrevem a intervenção indireta do Estado na
atividade econômica e ressalta a importância do Estado como agente
normativo e regulador da atividade econômica, que encara as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o steor
público e indicativo para o setor privado.
11. Diferencie absorção, participação, direção e indução, como
mecanismos de intervenção do Estado na economia. A regulação se
enquadra em qual modalidade de intervenção? Explique.

a) Absorção: ocorre quando o Estado desenvolve uma atividade econômica


em regime de monopólio, como nos casos que a CR/88 determina isso:
extração de petróleo e extração/manuseio de material radioativo.

b) Participação: atua no mercado em regime de concorrência, como o Banco


do Brasil, ou seja, é o Estado enquanto ator/agente econômico. Intervenção
Direta.

c) Direção e Indução: por meio de normas jurídicas, o Estado regulamenta a


atividade econômica, sendo um exemplo de intervenção indireta. Na direção
o Estado pré-estabelece as diretrizes da relação econômica. Temos a
influência do dirigismo contratual, ou seja, as partes poderiam contratar
livremente, mas atualmente, a liberdade econômica pode ser mínima
dependendo da área, uma vez que a lei pode prover muitas regras, como no
caso de contrato de loteamento, de seguro, em que a política de preço é um
exemplo desse dirigismo. Já na indução se vê a adoção de regras jurídicas
por meio de sanções premiais (regras jurídicas que se cumpridas gera
determinado benefício do agente econômico).

A regulação se enquadra na modalidade direção/ indução que é o momento


que o Estado cria normas para a execução da atividade econômica.

 
 

12. Qual foi o objetivo do legislador constituinte e ordinário ao permitir a


criação das Agências Reguladoras? O mesmo modelo de Agências
Reguladoras existente no direito norte-americano pode ter aplicação em
nosso ordenamento jurídico.

No neoliberalismo de regulação ainda há um papel de interesse público,


tentando quebrar aquele modelo do público contra o privado, tentando conjugar
ambos, adotando as políticas econômicas de regulação, ou seja, criando
órgãos de composição colegiada com a participação dos agentes privados,
para definir normas de atuação de atividades econômicas setoriais. O Estado
deixa de ser normatizador, passa a criar esses órgãos vinculados, composição
colegiada, democrática, atuação autônoma e que assegure a participação dos
agentes econômicos privados na definição das normas que regularão setores
econômicos específicos.

Nos EUA qualquer órgão público é chamado de “agência”, termo o qual


foi incorporado no direito brasileiro, porque lá prevalece esse mecanismo de
intervenção, mas criticam esse termo, preferindo o termo “órgãos reguladores”
ou “autoridades reguladoras”. Cabe ressaltar que no Brasil, temos duas
espécies de agências: as que regulam a atividade econômica em sentido
estrito (ANS); gestão da delegação de serviços públicos (gestão dos contratos
de delegação, ex, ANTT).

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