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Emergências Químicas

Antes de saber isso, é fundamental que você entenda o conceito de produtos


químicos perigosos. São assim denominadas todas aquelas substâncias, compostos ou
agentes de origem química, radiológica, biológica ou nuclear que, por suas
propriedades físico-químicas, oferecem risco à saúde humana, aos animais, ao meio
ambiente ou às propriedades públicas ou privadas.

Esse risco pode ser provocado pelo produto em si e se deve à possibilidade de causar
danos quando é liberado. Aquele também pode surgir da interação deste com outros
fatores, quando fora de seu local de armazenamento correto ou em quantidades ou
concentrações inadequadas.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as principais classes de riscos são:

 Classe 1 — Explosivos;
 Classe 2 — Gases, que podem ser inflamáveis, não-inflamáveis ou tóxicos;
 Classe 3 — Líquidos inflamáveis;
 Classe 4 — Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea e
que, em contato com água, emitem gases inflamáveis;
 Classe 5 — Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos;
 Classe 6 — Substâncias tóxicas e Substâncias infectantes;
 Classe 7 — Material radioativo;
 Classe 8 — Substâncias corrosivas, e
 Classe 9 — Substâncias e artigos perigosos diversos.

Portanto, nessa classificação, estão incluídos os combustíveis, os ácidos, os explosivos,


os agrotóxicos etc. Eles podem oferecer perigo físico, se causarem lesões físicas nas
pessoas; à saúde, se puderem prejudicar a sanidade de uma forma geral, ou ao meio
ambiente, se houver possibilidade de danos ou destruição de um ecossistema que
antes era equilibrado.

Assim, a ameaça ao bem-estar que eles oferecem a partir da ocorrência de um


derramamento ou vazamento é o que se chama de emergência química. Esses
acidentes ocorrem, principalmente, nos locais onde são produzidos, manuseados ou
transportados, como, por exemplo, nas indústrias. E, o seu impacto vai depender de
fatores como o estado físico dos componentes, a quantidade liberada, o contato dele
com pessoas ou o meio ambiente, entre outros.

Então, a melhor forma de se saber quando está ocorrendo esse tipo de problema é,
primeiramente, identificando o produto que entrou em contato com o ambiente
externo. Isso porque as medidas a serem tomadas, bem como as ações atendimento a
possíveis vítimas de um acidente devem ocorrer de acordo com as características
físico-químicas dele.

Para isso, são eficientes as classificações da ONU, que, por meio de símbolos e
números adotam um padrão para orientar o reconhecimento da substância.
Equipamentos programados ou com odores característicos em gases e líquidos para
reconhecer esse tipo de situação também podem ser muito úteis nesse sentido.

Quais cuidados toda empresa deve ter?

Como forma de garantir a segurança no trabalho, as empresas que aplicam produtos


químicos perigosos em suas atividades devem tomar algumas providências para evitar
acidentes. Ainda, é necessário que elas informem seus funcionários sobre os
compostos que manuseiam, bem como quanto às medidas a serem tomadas caso
emergências aconteçam.
Os cuidados envolvem a elaboração de alguns documentos e a formação de grupos
internos especializados e preparados para atuar e avaliar as ações adotadas nessas
situações.  Eles incluem, ainda, a criação de associações de cooperação mútua entre as
entidades, as sociedades empresárias e os órgãos públicos e o setor privado.

Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ)

Se o trabalho envolve algum desses produtos, para evitar problemas, as empresas


devem ter a Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ). Trata-
se de um instrumento que informa os perigos e riscos daqueles a quem os manuseia,
no que se refere à proteção, à saúde, à segurança e ao meio ambiente.
A FISPQ é regulamentada, quanto à sua apresentação e ao seu conteúdo, pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Técnica NBR-
14725 – Parte 4.
Os seus fundamentos são as Resoluções 11/88 e 12/89 do CONMETRO, que tratam da
Regulamentação Metrológica e Quadro Geral de Unidades de Medida e o Decreto
2657 de 03/07/98, que internalizou no Brasil a Convenção 170 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), a qual trata da Segurança na Utilização de Produtos
Químicos no Trabalho. Nela, deve conter, dentre outras informações:
 Identificação do produto e da empresa;
 Composição e dados sobre os ingredientes;
 Identificação de perigos;
 Medidas de primeiros-socorros;
 Medidas de combate a incêndio;
 Medidas para o controle em caso de derramamento ou vazamento;
 Como manusear e armazenar o produto;
 Controle de exposição e proteção individual do trabalhador;
 Propriedades físico-químicas;
 Estabilidade e reatividade;
 Informações sobre toxicologia;
 Informações ecológicas;
 Como tratar e dispor o produto, e
 Como transportá-lo.
Ou seja, a FISPQ deve não só informar de forma consistente e padronizada as
características do que será manuseado, mas também trazer recomendações sobre
medidas de proteção e as ações a serem tomadas em caso de emergência. Isso inclui o
transporte e o armazenamento da substância.
Ainda segundo a Norma Técnica, é responsabilidade da empregadora avaliar os riscos
a que estão expostos os seus trabalhadores, tomar as medidas de precaução
necessárias e manter essas informações sempre atualizadas, repassando-as a seus
funcionários.
Plano de Emergência Individual (PEI)
Além da FISPQ, é muito importante que a sua empresa desenvolva um Plano de
Emergência Individual (PEI) próprio. De acordo com as condições de cada indústria,
deve ser avaliada a situação dos mecanismos de prevenção e planejadas ações
conforme com o que foi levantado.
Esse plano abrange a formação de uma equipe de planejamento, a conferência da
legislação vigente e de PEI’s já existentes, o reconhecimento de perigos e análise de
riscos, bem como a verificação da capacidade de resposta em emergências.

Plano de Ação de Emergência (PAE)

Outra responsabilidade é a elaboração do Plano de Ação de Emergência (PAE),


documento que busca prever e informar sobre a possibilidade de ocorrência de
acidentes. Portanto, nele, são analisados os tipos de compostos empregados, todas as
atividades que possam causar danos às pessoas, às instalações e ao meio ambiente.
Esse documento deve, portanto, descrever quaisquer funções que envolvam fornos,
caldeiras, vasos de pressão, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), produtos químicos em
geral — sejam eles substâncias ou preparados —, entre outros. Ou seja, todos os
trabalhos que representem alguma ameaça.
Nesse sentido, lembre-se de que devem ser indicados os riscos de acidentes que
podem ocorrer interna e externamente ao local de trabalho, de acordo com cada tipo
de emergência. Ainda, o que os funcionários podem fazer para evitá-las, como devem
se comportar caso aconteçam e quais os primeiros-socorros a serem prestados a
eventuais vítimas.
É fundamental que, quando da elaboração e apresentação do PAE aos trabalhadores,
os responsáveis pela execução do plano tenham ciência das suas responsabilidades,
bem como as medidas a serem adotadas para que ele seja bem-sucedido. Dessa forma,
é imprescindível a colaboração de todos os envolvidos!

Plano de Auxílio Mútuo (PAM)

Outro instrumento recomendado é o Plano de Auxílio Mútuo (PAM), que consiste em


uma associação, sem fins lucrativos, formada por empresas públicas e privadas,
conjuntamente com órgãos públicos municipais, estaduais e federais. O seu objetivo é
buscar uma atuação cooperada entre aquelas, as instituições civis (como a Defesa Civil,
por exemplo) e as militares (como o Corpo de Bombeiros, por exemplo) para o
atendimento rápido e adequado em casos de emergência.
Para o cumprimento desse objetivo, são fundamentais ações preventivas, que
envolvem simulados, treinamentos e exercícios. Esses, por sua vez, ocorrem com a
utilização de recursos materiais e humanos que são disponibilizados pelas próprias
empresas e pelos órgãos envolvidos.

Como funciona um treinamento em emergências químicas?

Os treinamentos ocorrem a partir da união de recursos e pessoas periodicamente e


tem como objetivo de ensinar trabalhadores a prevenir e a lidar com situações de risco
em caso de acidentes com produtos perigosos.
Ele pode ser feito por meio de uma simulação de emergência na empresa, sendo que
essa deve ocorrer parcialmente a cada seis meses e integralmente a cada doze meses,
se os riscos simulados forem baixos ou médios.
Sendo eles altos, o simulado parcial deve ser feito a cada três meses e, o completo, a
cada doze meses. Assim, mantendo a frequência adequada, é possível garantir que
ninguém vai se esquecer dos ensinamentos quando for necessário colocá-los em
prática!
Porém, seja nos simulados parciais ou nos completos, para que sejam efetivos,
cumprindo a sua finalidade, eles devem passar por quatro fases: o planejamento, a
organização, a execução e a avaliação. Lembre-se: todas elas são fundamentais da
mesma forma!
No planejamento, como o próprio nome revela, são verificadas as ameaças e
vulnerabilidades, ou seja, busca-se prever possíveis situações de risco. Analisam-se,
então, a funcionalidade e as falhas nos mecanismos e instrumentos de segurança que
possam causar acidentes, bem como as consequências que pode ser gerada para o
ambiente de trabalho e para os trabalhadores.
A partir disso, são traçados os objetivos que se desejam alcançar com a simulação.
Ainda nessa fase, são definidas as datas, o horário, o tempo de duração, os locais onde
ela vai ocorrer, como será feito o simulado etc.
Na organização, é escolhido o tipo de risco que será simulado (por exemplo, o
vazamento de combustíveis), bem como quem irá participar, o que cada setor deverá
fazer, os instrumentos que serão utilizados, quem serão os avaliadores etc. Já na
execução, o plano é colocado em prática, devendo ser seguido à risca o que foi
previsto anteriormente, nas duas fases anteriores.
Por fim, na avaliação, deve ser feita uma análise quanto ao que foi simulado,
buscando-se conclusões sobre a atuação de cada participante e aferindo eventuais
deficiências no sistema de prevenção que precisam de melhorias. Tudo o que for
observado nessa última fase deve ser registrado em ata.
Por exemplo: os materiais de primeiros-socorros estão incompletos? Os sinalizadores
estão com defeito? Se sim, isso deve ser anotado, para que sejam promovidas as
medidas adequadas e solucionados esses problemas imediatamente.
Assim, analisando o passo a passo da simulação, é possível concluir sobre o que está
adequado e no que há falhas. Dessa forma, pode-se verificar a necessidade de se
modificarem fases ou instrumentos, bem como definir o que deve ser melhor ensinado
aos funcionários para que eles atuem de forma a se alcançar a maior eficiência de todo
o grupo. Por isso, é preciso a união de todos, e que cada um faça a sua parte.
Treinamento em emergências químicas: por que é importante?

Todo esse processo aplicado em treinamentos de emergências químicas serve para


preparar os trabalhadores para situações de emergência e, ao mesmo tempo, observar
o que pode ser melhorado nos planos de prevenção. Ele é fundamental, pois imita um
acontecimento real relacionado a desastres, exigindo dos participantes uma atuação
que busque reduzir perdas e minimizar o sofrimento humano.
Por meio dele, os funcionários são capacitados para manusear os produtos químicos,
adotando os cuidados específicos a cada um deles, para evitar derramamentos ou
vazamentos. Eles também aprendem sobre a conduta que devem ter em acidentes,
caso esses ocorram.
Aliás, esses treinamentos estimulam a integração entre os grupos que vão atuar em
situações de emergência. Isso, sem dúvidas, garante uma ação coordenada e
adequada, proporcionando maior envolvimento deles e, em consequência, maior
garantia de segurança.
Ademais, preparando-os de forma prévia e para atuarem durante eventuais incidentes,
é possível reduzir a probabilidade de doenças e acidentes de trabalho. Com isso, a
assegurasse o cumprimento da legislação trabalhista, evitando que ações judiciais
sejam propostas em face dela. Afinal, essas prejudicam o clima organizacional, a
imagem dela perante seus próprios funcionários e perante a sociedade também.
A importância desse treinamento está, também, no fato de ser essa uma forma de
atender ao Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências
Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2).
Ele foi criado por meio do Decreto do Presidente da República nº 5.098 de 2004 e
busca implementar medidas conjuntas entre o poder público e instituições do setor
privado para prevenir acidentes com compostos químicos perigosos, bem como
melhorar os mecanismos de preparação e resposta a problemas dessa natureza.
Aliás, é a partir dessa cooperação entre setor público e privado e do cumprimento da
legislação relacionada ao tema que uma indústria pode obter e manter ativa a licença
dos órgãos competentes para atuar no mercado. Então, adotar medidas de segurança
e estimular a prevenção são, também, meios de garantir a continuidade das atividades
industriais.
Além disso, por meio desse treinamento, é possível promover a preservação do meio
ambiente, já que as ocorrências de contaminação ambiental são reduzidas. Vale
ressaltar que isso se trata de crime ambiental, e, então, outro benefício dos
treinamentos é que sanções e processos contra a empresa por parte do poder público
serão afastadas.

Por que investir em treinamento contra esse tipo de emergência?

Somados a todos os benefícios citados acima, o investimento em treinamento contra


emergência química vale a pena, pois reduz custos e aumenta a produtividade da
empresa. Sim, você pode ter a certeza de que esse será um dinheiro muito bem
aplicado!
Como visto, o cumprimento das leis trabalhistas e ambientais evitam processos
judiciais e multas que poderiam gerar gastos desnecessários. Todas essas normas têm
como finalidade principal a de proteger o trabalhador, o meio ambiente e a sociedade
como um todo. Ou seja, todos saem ganhando!
Outra consequência da capacitação para eventuais acidentes químicos é a limitação ou
até mesmo o afastamento de danos materiais que poderiam ser causados se aqueles
ocorressem. Já imaginou o prejuízo financeiro que a falta de prevenção pode
provocar? Então, é melhor estar preparado!
Porém, os benefícios de se investir nesse tipo de treinamento não se restringem às
economias que podem ser feitas. É que uma empregadora que prioriza e promove a
segurança no trabalho acaba tendo maior reconhecimento por parte de seus
funcionários. Esses, sentindo-se protegidos e sabendo que a empregadora se preocupa
com a sua preparação, sentem-se mais motivados para as suas atividades, além, é
claro, das doenças e acidentes evitados.
Isso, sem dúvidas, faz cair o número de trabalhadores afastados por motivo de saúde.
Tudo isso contribui para o aumento da produtividade do grupo todo, o que é positivo
para esse e para toda a empresa!
Sendo assim, aprendendo sobre produtos químicos perigosos, emergências químicas,
treinamentos e os benefícios desses, é possível entender por que a prevenção por
meio de treinamentos é o meio mais eficaz para garantir a segurança no ambiente de
trabalho. E não é só esse benefício que ela traz. Aliás, há muitos outros que decorrem
desse!
Como visto, essa preparação proporciona uma redução de gastos com danos materiais
e questões trabalhistas, garante o bem-estar dos funcionários e faz aumentar a
produtividade de uma empresa. Tudo isso, com a consciência de seguir a legislação e,
ainda, promovendo a preservação do meio ambiente. Portanto, é fácil concluir que o
treinamento para emergência química tem um ótimo custo-benefício!

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