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O Princípio Finitista Arquimediano e os Fundamentos da Aritmética:

uma introdução à teoria dos aritmos


José Carlos Cifuentes
Departamento de Matemática
Universidade Federal do Paraná – UFPR
E-mail: jccifa@gmail.com

Homenagem a Alan Mathison Turing


no seu centenário.

Resumo
Neste artigo explicitaremos o que chamamos de princípio finitista arquimediano que,
em sua versão heurística, captura um dos procedimentos matemáticos mais elementares
exemplificado principalmente no método diagonal de Cantor, na definição de máquina
de Turing e no conceito de ‘computabilidade’, e discutiremos seu alcance
epistemológico e lógico. Veremos que ele é equivalente ao princípio de indução finita,
o que motivará a elaboração de um sistema de axiomas para os números naturais
equivalente ao de Peano e que o incorpore como um de seus axiomas. Esse sistema
também será o ponto de partida para uma teoria abstrata que denominamos teoria dos
aritmos, onde o princípio finitista arquimediano adquire o significado algébrico do
teorema fundamental da aritmética. Nessa teoria é possível também formular uma
versão não-linear do princípio de indução finita.
Palavras-chave: Princípio finitista arquimediano, método diagonal de Cantor,
máquinas de Turing, axiomática de Peano, teoria dos aritmos.

O Princípio Finitista Arquimediano


Chamaremos neste trabalho de princípio finitista arquimediano (sem pretender debater
com as diversas “teorias finitistas” da filosofia da matemática), e abreviaremos por
PFA, a seguinte propriedade dos números naturais:
para todo número natural n, existe um número finito m ³ 1
tal que n £ m × 1 (= 1 + 1 + ... + 1 m vezes).
Usaremos a notação m × 1 para números da forma 1 + 1 + ... + 1 (m vezes) sem
supor que a operação ‘×’ é um produto entre números naturais.
Esse princípio afirma que todo número natural pode ser atingido por números da
forma 1 + 1 + ... + 1 (ou que os números dessa forma são cofinais com os números
naturais) e é uma versão discreta do conhecido princípio de Arquimedes dos números
reais.
Esse princípio não é válido em modelos não-standard da aritmética, que
admitem números “naturais” infinitos, o que já é um indício de sua força.
Uma versão do PFA, aparentemente mais forte, entretanto equivalente a ele, e
que daqui em diante será o nosso PFA, é a seguinte:
todo número natural n ¹ 0 é soma finita de 1’s,
isto é,
para todo número natural n ¹ 0, existe um número finito
m ³ 1 tal que n = m × 1.
A prova da equivalência de ambas as versões faz uso dos princípios da boa
ordem e de indução finita. Um esboço da implicação de que a primeira versão implica a
segunda é o seguinte: consideremos o conjunto A = {m / m × 1 ³ n} para um número
natural n dado. A primeira versão do PFA garante que A ¹ Æ, logo, pelo princípio da
boa ordem, existe m0 = min A. Prova-se que m0 × 1 = n. De fato, m0 × 1 ³ n; se m0 × 1 > n,
então, m0 × 1 – 1 ³ n (o que também requer do princípio da boa ordem e da indução
finita), isto é, (m0 – 1) × 1 ³ n, o que implica que m0 – 1 Î A, uma contradição com a
minimalidade de m0.
Os termos ‘número natural’ e ‘número finito’, nas duas versões do PFA, têm,
como os números n e m, estatutos epistemológicos diferentes, o primeiro é lingüístico
enquanto que o segundo é metalingüístico a respeito do primeiro, e esses princípios não
implicam a priori que m = n. Discutiremos mais adiante esta relação.
Podemos interpretar informalmente esses dois princípios equivalentes como
afirmando que “todo número natural é efetivamente finito” ou, melhor, “computável”,
onde o conceito de ‘finito’ envolvido é o de ‘simplesmente finito’ que a teoria dos
conjuntos nos dá: um conjunto não vazio é (simplesmente) finito se existe um número
natural n tal que o conjunto é eqüipotente com {1, 2, ... , n}. No entanto, é conveniente
observar que há um flagrante círculo vicioso nessa suposição pois por trás dela está
implícita, nas reticências, a seguinte versão informal e heurística do PFA:
entre um número natural e outro só há um número finito de números naturais.
Essa versão heurística do PFA é tão clara para a matemática como o é, por
exemplo, a noção de “calculabilidade efetiva” na teoria da recursão, isto é,
calculabilidade realizável num número finito de passos, embora não o seja para a
epistemologia.
A seguinte argumentação poderia ser considerada uma justificativa para esse
princípio heurístico: se n e m são dois números naturais com n < m, então, “é claro que”
há um número finito de números naturais entre n e m, a saber, m – n – 1. Porém, a
“finitude” desse número depende de haverem um número finito de números naturais
entre 0 e ele, o que reduz o problema levantado a um caso particular. Esse caso
particular equivale a afirmar que “todo número natural é efetivamente finito”.
A equivalência entre o PFA e sua versão informal, versão que denotaremos por
PFH – princípio finitista heurístico, pode ser considerada “uma lei natural” assim como
a tese de Church o é, pois baseia-se em considerações de caráter heurístico.
A problemática sobre o PFH já é levantada por Bertrand Russell no seu
Introdução à Filosofia Matemática de 1919 como mostram os seguintes trechos:

Não é muito difícil ver que, começando-se por 0, se pode chegar a qualquer outro
dos números naturais por adições repetidas de 1, mas precisamos definir o que
entendemos por “adicionar 1” e o que entendemos por “repetidas”. (RUSSELL,
2007, p. 19)

Quais são os números que podem ser alcançados, dados os termos “0” e “sucessor”?
[...] Alcançamos 1 como o sucessor de 0; 2, como o sucessor de 1; 3, como o
sucessor de 2; e assim por diante. É esse “e assim por diante” que desejamos
substituir por algo menos vago e indefinido. Poderíamos ser tentados a dizer que “e
assim por diante” significa que o processo de avançar para o sucessor pode ser
repetido qualquer número finito de vezes”; mas o problema em que estamos
envolvidos é o de definir “número finito”, e portanto não devemos usar essa noção
em nossa definição. Ela não deve presumir que sabemos o que é número finito. (p.
39, grifo do autor)

É preciso observar que estamos tratando aqui do tipo de matéria que não admite
prova precisa, a saber, a comparação de uma idéia relativamente vaga com outra
relativamente precisa. A noção de “aqueles termos que podem ser alcançados a
partir de 0 por passos sucessivos de um para o seguinte” é vaga, embora pareça
transmitir um significado definido; por outro lado, “a posteridade de 0” é uma noção
precisa e explícita, exatamente onde a outra idéia é nebulosa. Ela pode ser tomada
como expressando o que tínhamos em mente quando falamos dos termos que podem
ser alcançados a partir de 0 por passos sucessivos. (p. 40-41, grifos do autor)

Mais recentemente, ainda é freqüente encontrar afirmações como:

A idéia intuitiva que temos dos números naturais é que são todos os números cada
um dos quais pode ser obtido principiando com o zero e somando 1, tantas vezes
quantas forem necessárias. (BARKER, 1969, p. 79, grifo nosso)

A possibilidade de um processo poder ser realizado num número finito de passos


está na base da compreensão do PFH. O uso desse princípio na matemática e na lógica é
muito freqüente e pode ser exemplificado com os seguintes casos de destaque: 1) na
definição da enumerabilidade de um conjunto e na sua aplicação, por exemplo, no
chamado método diagonal de Cantor; 2) nas definições por recursão ou iteração; 3) na
definição das funções recursivas primitivas e na introdução da operação de minimização
limitada; 4) na definição de máquina de Turing (e de Post); e 5) na definição, por
Turing, de número computável. Vejamos:
1) O conceito de ‘enumerabilidade’ de um conjunto nasce com a possibilidade
de estabelecer, em ato, uma equipotência entre ele e o conjunto dos números naturais.
Por exemplo, a equipotência entre o conjunto dos números naturais N e o conjunto dos
números pares P requer a “definição” de uma função bijetiva f : N ® P, digamos f(n) =
2n. Na realidade, requer a constituição, em ato, do processo de sua construção
seqüencial: f(0) = 0, f(1) = 2, f(2) = 4, ... , f(n) = 2n, ..., que usa implicitamente o PFH
ao supor que o termo f(n) é atingido, para cada n de N, num número finito de passos.
Esse argumento aplica-se também à prova por Cantor da enumerabilidade do conjunto
dos números racionais positivos fazendo um percurso em diagonal na matriz infinita
(anm), onde para todo n , m ³ 1, anm = n/m, e essa prova é efetiva no sentido de que para
chegar de um racional a outro se requer apenas “um número finito de passos” no
percurso (o PFH em ação). Ainda, a demonstração por Cantor da não enumerabilidade
dos números reais (no intervalo unitário), requer do PFH para poder construir
efetivamente, através da diagonal, os dígitos decimais do número real que não pertence
a uma enumeração dada.
2) Toda definição por iteração leva implícito o pressuposto de que esse processo
é “efetivo”. Por exemplo, se f é uma função suficientemente diferenciável num ponto a
(n)
de seu domínio, define-se a derivada n-ésima de f em a como f (a) = D(D(...Df(a)...))
(n vezes). Nas reticências está implícito o PFH.
3) A própria definição, dada por Kleene, de função recursiva primitiva faz uso
explícito do PFH:

Uma função j denomina-se recursiva primitiva, se há uma seqüência finita j1, ... ,
jk (k ³ 1) de (ocorrências de) funções (denominada uma descrição recursiva
primitiva de j), tal que cada função da seqüência ou é uma função inicial, ou uma
dependente imediata de funções precedentes da seqüência, e a última função jk é a
função j. (KLEENE, 1974, p. 203, tradução nossa)

Isto é, podemos chegar em j por um número finito de passos. Esse mesmo processo é
explicitado na definição lógico-formal de ‘demonstração’. Também, a introdução da
operação de minimização limitada na classe das funções recursivas primitivas faz
sentido se pressupomos o PFH. Com efeito, se f(x , y) é uma função recursiva primitiva,
define-se
h(x) = miny£n[f(x , y) = 0].
Essa operação encontra o menor y no intervalo de 0 a n que satisfaz a condição dada. A
possibilidade dessa busca ter sempre sucesso pressupõe o PFH.
4) A concepção de máquina de Turing (e também de máquina de Post) pede a
existência de uma fita unidimensional dividida em quadrados (o que a faz discreta) e
potencialmente infinita. Essa concepção reproduz o modelo psicológico que temos da
série dos inteiros naturais onde o PFH é válido, fato que permite supor que todo número
natural pode ser representado na fita por uma seqüência finita de 1’s.
5) Segundo Turing, “Os números ‘computáveis’ podem ser descritos de forma
breve como os números reais cujas expressões decimais são calculáveis por meios
finitos. ... De acordo com minha definição, um número é computável se seu decimal
pode ser escrito por uma máquina” (TURING apud CARNIELLI e EPSTEIN, 2006, p.
105). Nessa descrição que Turing faz de ‘número computável’ há implícita a suposição
de que todo número inteiro natural é computável, bastando, para o caso de um número
real, analisar sua parte decimal. Essa suposição é equivalente ao PFA, e é refletida na
forma de representar números naturais não nulos: “Para representar números
utilizaremos cadeias de 1’s, 111...1; para n ≥ 1 denotamos a cadeia de n 1’s por 1n”
(CARNIELLI e EPSTEIN, 2006, p. 112). Em outras palavras, os números com os que
uma máquina de Turing trabalha são os da forma m × 1 (1m na notação de Carnielli e
Epstein), e supor que eles são todos os números naturais é o PFA. Mais ainda, a
instrução “dada uma entrada n, escreva 1n” é a mais elementar no funcionamento de
uma máquina de Turing e está na base da definição de função computável.
Uma das versões mais antigas do PFA é a seguinte, dada na Definição 2 do
Livro VII d’Os Elementos de Euclides: “E número [natural, na terminologia atual] é a
quantidade composta de unidades” (EUCLIDES, 2009, p. 269). Nesse mesmo Livro VII
de Euclides podemos apreciar o uso do PFH, por exemplo na Proposição 31 que diz:
“Todo número composto é medido por algum número primo”, isto é, todo número
composto é múltiplo inteiro de algum número primo. A seguir apresentaremos a prova
para conferência.

Seja o número composto A; digo que o A é medido por algum número primo.
Pois, como o A é composto, algum número o medirá. Meça, e seja o B. E
se, por um lado, o B é primo, o prescrito aconteceria. Se, por outro lado, é composto,
algum número o medirá. Meça, e seja o C. E como o C mede o B, e o B mede o A,
portanto também o C mede o A. E se, por um lado, o C é primo, o prescrito
aconteceria. Se, por outro lado é composto, algum número o medirá. Sendo, então,
produzida uma investigação como essa, algum número primo será tomado que
medirá. Pois, se não for tomado, ilimitados números medirão o A, cada um dos quais
é menor do que um outro; o que é impossível nos números. Portanto, algum número
primo será tomado, que medirá o antes dele mesmo, que também medirá o A.
Portanto, todo número composto é medido por algum número primo; o que
era preciso provar. (EUCLIDES, 2009, pp. 291-292)

A prova apresentada acima é também uma das manifestações mais antigas da


chamada em álgebra de ‘condição de cadeia descendente’.
A finalidade deste artigo é analisar a complexidade epistemológica e lógica do
PFA e sua versão heurística o PFH. Veremos na próxima seção que o PFA está
intimamente relacionado com o princípio (ou axioma) de indução finita tal como
enunciado por Peano, pois, é equivalente a ele como mostraremos. Esse fato permitir-
nos-á encontrar, então, um sistema de axiomas equivalente ao de Peano que inclua o
PFA em substituição do de indução. Veremos também que, em termos dessa
equivalência, o princípio de indução finita adquire uma re-significação interessante em
que, através de uma teoria abstrata que construiremos, a teoria dos aritmos, mostram-se
relevantes conceitos provenientes da ordem usual do conjunto dos números naturais N
(= {0, 1, 2, ...}) apresentado aditivamente. Em especial, veremos que a propriedade mais
importante do número 1, que possibilita a “construção” da função sucessor, é ser ele um
átomo do conjunto nessa ordem. Também veremos que o próprio PFA, na sua versão
abstrata, adquire o significado algébrico do teorema fundamental da aritmética, pondo
em relevo sua complexidade lógica.

Equivalência entre o PFA e o Princípio de Indução Finita


O princípio de indução finita é um dos axiomas de Peano e foi formulado
explicitamente em 1889 pelo matemático italiano Giuseppe Peano como parte de seu
sistema axiomático para a teoria dos números naturais. A discussão dele como um
princípio da matemática remonta-se pelo menos a Pascal no século XVII.
Considerando a estrutura aditiva do conjunto dos números naturais N, o axioma
de indução de Peano é geralmente expresso da seguinte maneira:

Se A é um subconjunto do conjunto dos números naturais tal que:


a) 0 Î A; e
b) ("n)(n Î A ® n+1 Î A);
então, A = N.
Ele é equivalente ao seguinte que dá embasamento para o raciocínio por
recorrência:

Se P(n) é uma propriedade sobre números naturais tal que:


a) P(0); e
b) ("n)(P(n) ® P(n+1));
então, ("n)P(n).

Provaremos a seguir a equivalência do PFA com a primeira versão do princípio


de indução finita dada acima.
Com efeito, suponhamos o PFA e seja A Í N com as hipóteses do princípio de
indução finita. Provaremos que N Í A. Seja n Î N. Se n = 0, então, n Î A. Se n ¹ 0
então, pelo PFA, n = 1 + ... + 1 (m vezes). Por outro lado, como 0 Î A, então, pela
hipótese (b) do princípio de indução, temos que 1 Î A, assim também prova-se que 1 +
1 Î A. Finalmente, “depois de um número finito de passos”, concluímos que n Î A.
Suponhamos, agora, o princípio de indução finita e consideremos A = {1 + ... + 1
(m vezes) / m ³ 0}. Vejamos que A satisfaz as hipóteses do princípio de indução. De
fato, 0 Î A (m = 0). Se n Î A, então, n = 1 + ... + 1 (m vezes), logo, n + 1 = 1 + ... + 1
(m + 1 vezes) Î A. Portanto, pelo princípio de indução temos que A = N, isto é, N
satisfaz o PFA.
É importante reparar no uso explícito do PFH na primeira parte dessa prova.
Também, devemos observar que o conjunto A definido acima não é um subconjunto de
N definível em 1ª ordem, o que revela o caráter de ordem superior do PFA. De fato, do
ponto de vista lógico-lingüístico, o PFA admite a seguinte expressão infinitária:
("n)(n ¹ 0 ® Vm³1(n = m × 1)).

O significado epistemológico do PFH


A aceitação pela matemática de alguns de seus princípios é um processo que promove
uma ruptura epistemológica (BACHELARD, 2000) no conhecimento matemático na
direção do ontológico, tornando “reais” para a matemática, através de um ato de
interpretação (processo que em certa forma revela a liberdade que Cantor atribuia à
matemática) certos objetos ou propriedades que a intuição sugere, na medida em que a
atribuição de verdade ou existência a eles permite ordenar um certo contexto teórico, ou
estruturar uma certa “realidade”. É o caso, por exemplo, do chamado ‘princípio de
Arquimedes’ na análise matemática, como discutido em (CIFUENTES, 2011), princípio
que atribui à reta euclidiana a estrutura algébrica e topológica dos números reais.
Em (CIFUENTES, 2011) chamamos de salto arquimediano esse “salto
epistemológico” promovido pela aceitação, como verdade, do princípio de Arquimedes
e outros similares. O PFA e seu equivalente, o princípio de indução finita, compartem
com o princípio de Arquimedes da reta real essa característica de promover um salto
arquimediano como já o manifesta metaforicamente Le Lionnais (1965, p. 477) quando
diz que o método de demonstração por indução permite, de um salto, alcançar o infinito.
O PFA expressa, como já mencionado, que todo número natural pode ser
expresso por uma soma finita de 1’s, porém, a “idéia de número natural” depende do
sistema axiomático considerado e, portanto, sua intuição não é imediata. A
possibilidade de haverem, por exemplo, números naturais hiper-finitos num modelo
não-standard da aritmética, restringindo o princípio de indução, na axiomática de
Peano, a uma linguagem de 1ª ordem, mostra quão anti-intuitiva resulta essa versão do
princípio de indução.
A complexidade epistemológica do princípio de indução finita, e em
conseqüência também do PFA por serem equivalentes, é revelada por vários autores e
de vários pontos de vista, em especial por Gottlob Frege e Henri Poincaré. Com efeito,

Para Poincaré (1988, p. 26), “O caráter essencial do raciocínio por recorrência é que
ele contém condensados, por assim dizer, numa única fórmula, uma infinidade de
silogismos”, isto é, traduzido em símbolos:
P(1);
P(1) Þ P(2), logo, P(2);
P(2) Þ P(3), logo, P(3);
etc.
O salto interpretativo desta formulação para a versão [usual] do princípio de
indução é um outro exemplo de salto arquimediano. Essa diferença de sentido entre
a versão [usual] e esta, reflete e dá significado à diferença entre “para cada” e “para
todos”, um problema não apenas lógico senão também epistemológico.
De outro ponto de vista, Frege considera os princípios da aritmética como
sendo todos analíticos, o que reflete seu logicismo, enquanto que Poincaré considera
o princípio de indução um típico juízo sintético a priori. Ele diz: “Essa regra,
inacessível à demonstração analítica e à experiência, é exatamente o tipo de juízo
sintético a priori” (POINCARÉ, 1988, p. 28), o que é uma expressão do caráter não
intuitivo desse princípio e abre a possibilidade de adotá-lo, por um ato de
interpretação, como constituinte da estrutura da aritmética: de fato, um salto
arquimediano. (CIFUENTES, 2011)
Uma das características, então, do salto epistemológico da versão do princípio de
indução apresentada por Poincaré para a usual de Peano, reside em transformar
potências em atos.
As considerações anteriores revelam o caráter extra-lógico do princípio de
indução finita e, por conseqüência, do PFA e do PFH pondo em evidência sua
complexidade epistemológica.
Mais ainda, a equivalência entre o PFA e o princípio de indução finita de Peano,
que provamos acima, nos induz a pensar que a metateoria da aritmética, podendo
inclusive ser considerada finitista à luz do PFH, é tão complexa como a própria
aritmética.

Um sistema de axiomas para os números naturais a partir do PFA


Na estrutura aditiva de N, isto é, em áN , + , 0ñ, podemos definir a ‘função sucessor’ na
forma usual, a saber, s(n) = n + 1. Na seqüência analisaremos a possibilidade de
obtermos um sistema de axiomas equivalente ao de Peano usando essa estrutura aditiva
e assumindo o PFA em substituição do princípio de indução finita.
Nosso ponto de partida para esta análise será, notoriamente, a definição da
“ordem usual” de N em termos da adição a partir da qual procuraremos as propriedades
mínimas para que seja uma ordem total. Essa definição da ordem permitirá demonstrar
que o elemento 1 de N é um átomo na ordem e que a função sucessor tem as
propriedades esperadas pela axiomática de Peano.
Define-se, então, para n , m Î N:
n £ m Û existe k Î N tal que n + k = m.
Assumir a comutatividade e associatividade da adição será necessário em
diversos momentos. A reflexividade da ordem será conseqüência de assumir 0 como
elemento neutro, fato que também garantirá ser 0 o elemento mínimo nessa ordem. A
transitividade da ordem será conseqüência simples da associatividade, no entanto, a
anti-simetria exigirá explicitar as seguintes duas propriedades que nomearemos:
1. Lei de Cancelamento: n + k = m + k Þ n = m, e
2. Lei da Trivialidade: n + m = 0 Þ n = m = 0.
Com efeito, se n £ m e m £ n, existem k , l Î N tais que n + k = m e m + l = n,
donde n + k + l = m + l = n, logo, pela lei de cancelamento, k + l = 0 e pela lei da
trivialidade, k = l = 0, portanto, n = m.
Com isso, e assumindo o PFA, ainda podemos provar que a ordem é total: com
efeito, sejam n e m não nulos (se um deles é 0, é trivial), então, para certos k e l temos
que n = k × 1 e m = l × 1, podemos supor heuristicamente que k £ l obtendo, portanto, m =
k × 1 + (l – k) × 1 , donde m = n + h sendo h = (l – k) × 1, em conseqüência, n £ m.
Além disso, todo elemento não nulo é sucessor: com efeito, se n ¹ 0, n = (m × 1)
+ 1 com m ³ 0.
Finalmente, 1 é um átomo na ordem: com efeito, suponhamos 0 < n £ 1, então,
existe k tal que n + k = 1, por outro lado, como n ¹ 0, existe m tal que n = m + 1,
portanto, m + 1 + k = 1, donde, pela lei de cancelamento, m + k = 0, resultando, pela lei
da trivialidade, m = k = 0, o que implica n = 1.
Obtemos, assim, o seguinte sistema de axiomas para os números naturais que
resulta ser equivalente ao de Peano (de 2ª ordem), onde a função sucessor é substituída
pela operação de adição:

Axioma 1: A operação + é comutativa e associativa e 0 é elemento neutro.


Axioma 2: A lei de cancelamento.
Axioma 3: A lei da trivialidade.
Axioma 4: O PFA.

O axioma 4 (o PFA), cuja formulação lógico-lingüística, como vimos, é


infinitária, poderia ser substituído pela seguinte família infinita de axiomas de 1ª ordem,
axiomas que se apresentam como versões limitadas dele:
para todo K ³ 1, ("n)(n ¹ 0 Ù n £ K ® V1 £ m £ K (n = m × 1)).
A discussão anterior motiva a seguinte versão abstrata do sistema aditivo dos
números naturais (CIFUENTES, 2006), baseada nos três primeiros axiomas que são de
1ª ordem.

A teoria dos aritmos


Um aritmo é uma estrutura da forma áA , × , eñ onde A é um conjunto não vazio, ‘×’ é
uma operação binária em A e e Î A satisfazendo os seguintes axiomas:

a) áA , × , eñ é um monóide comutativo, isto é, a operação ‘×’ é associativa e


comutativa, e e é elemento neutro para essa operação.
b) Axioma do Cancelamento: xz = yz Þ x = y.
c) Axioma da Trivialidade: xy = e Þ x = y = e.

São exemplos de aritmos as seguintes estruturas:


i) áN , + , 0ñ (parte aditiva dos números naturais N) e áN* , × , 1ñ (parte
multiplicativa) onde N* = N – {0};
ii) para K um corpo totalmente ordenado com 0 seu elemento neutro e 1 seu
elemento identidade (por exemplo, os números racionais Q ou os números
reais R): áK³0 , + , 0ñ onde K³0 é o conjunto dos elementos não negativos de
K, e áK³1 , × , 1ñ onde K³1 é o conjunto dos elementos de K que são ³ 1;
iii) o único grupo áG , × , eñ que é um aritmo é G = {e};
iv) para cada a Î N define-se Na = {n Î N / n ³ a} È {0}, então, áNa , + , 0ñ é
um aritmo a respeito da soma usual de N;
v) se áA , × , eñ e áB , × , eñ são aritmos, então, áA ´ B, × , (e , e)ñ é um aritmo com
a operação (a , b) × (c , d) = (ac , bd). Em particular, áN ´ N , + , (0 , 0)ñ é um
aritmo.
Em todo aritmo é possível definir uma ordem parcial que é compatível com a
operação ‘×’ da seguinte maneira:
x £ y Û existe z Î A tal que xz = y.
Pelo axioma de cancelamento, z é único.
Para essa ordem parcial e = min A e se A ¹ {e} não existe máximo en A sendo,
portanto, A infinito, pois se x Î A e x ¹ e, então, e < x < x2 < … < xn < …
No aritmo áN* , × , 1ñ, a ordem resultante é a da divisibilidade, por outro lado,
nos aritmos áK³0 , + , 0ñ e áK³1 , × , 1ñ, onde K é um corpo totalmente ordenado, a ordem
resultante é a usual de K, no entanto, nos aritmos áNa , + , 0ñ, para a ³ 2, a ordem
resultante não é a herdada de N, mais ainda, não é uma ordem linear pois, por exemplo,
a e a + 1 não são comparáveis.
O mais interessante da álgebra dos aritmos é que definindo os conceitos usuais
de ‘átomo’, ‘elemento primo’ e ‘elemento irredutível’ é possível estudar suas relações a
fim de obtermos, como uma das principais finalidades deste estudo, uma versão
adequada do conhecido teorema fundamental da Aritmética (TFA) nos aritmos cujo
enunciado seria o seguinte:
Para todo x Î A com x ¹ e existe um número finito de elementos irredutíveis
a1, ... , am Î A e são únicos tal que x = a1 × … × am.
As definições são as seguintes: seja áA , × , eñ um aritmo e a ¹ e, então,
a) a é um átomo se cada vez que e £ x £ a temos que x = e ou x = a.
b) a é um elemento irredutível se cada vez que a = xy temos que a = x ou a = y.
c) a é um elemento primo se cada vez que a £ xy temos que a £ x ou a £ y.
Em todo aritmo os átomos e os irredutíveis coincidem, e todo primo é
irredutível. Por outro lado, se a ordem é linear todo irredutível também é primo.
No aritmo áN* , × , 1ñ, átomos, elementos irredutíveis e elementos primos
coincidem e são os conhecidos números primos, embora essa verdade não é
conseqüência (óbvia) dos axiomas que definem os aritmos.
áK³0 , + , 0ñ e áK³1 , × , 1ñ, onde K é um corpo totalmente ordenado, são aritmos
lineares sem átomos. E nos aritmos da forma áNa , + , 0ñ os átomos são a, a + 1, …, a +
(a – 1). Vemos que N1 (= N) só tem um átomo a = 1.
Em geral, em todo aritmo linear só há um átomo (quando ele existe) e, nesse
caso, o TFA adota a seguinte forma:
Para todo x Î A existe um único m ³ 0 tal que x = am sendo a o único átomo de A.
Observa-se que, no caso do aritmo áN , + , 0ñ, o TFA tem a seguinte forma:
todo n Î N com n ¹ 0 é da forma n = 1 + … + 1 (m vezes) e essa forma é única.
É o nosso princípio finitista arquimediano – PFA!
É conveniente destacar, neste ponto, que a unicidade de m, no TFA linear, é
conseqüência dos axiomas de cancelamento e trivialidade e da versão heurística do
PFA. Vejamos: se am = ak com a ¹ e e m > k, então, “depois de um número finito de
aplicações” desses dois axiomas concluímos que a = e, uma contradição.
Esse argumento, aplicado ao caso de N, resulta no seguinte: se n ¹ 0 e n = m × 1 e
n = k × 1 com m > k, usando a lei de cancelamento “um número finito de vezes”,
exatamente k vezes, obtemos (m – k) × 1 = 0, donde, pela lei da trivialidade aplicada
também “um número finito de vezes”, obtemos 1 = 0, uma contradição. Portanto,
(heuristicamente) m = n.
Nem sempre é satisfeito o TFA num aritmo, por exemplo nos aritmos áNa , + , 0ñ
com a ³ 2 temos que o elemento a(a + 1) pode ser decomposto de duas formas distintas
como soma de irredutíveis (átomos): a + … + a (a + 1 vezes) e (a + 1) + … + (a + 1) (a
vezes).
Um aritmo que satisfaz o TFA será chamado de aritmo fatorial e, motivado pelo
exemplo anterior, um aritmo que admite decomposição em produto de irredutíveis mas
não necessariamente em forma única será chamado de aritmo fracamente fatorial ou w-
fatorial.
Demonstrar que um aritmo é fatorial ou w-fatorial não é trivial, inclusive nos
casos de áN , + , 0ñ e de áNa , + , 0ñ para a ³ 2. Sabemos que em áN* , × , 1ñ também é
satisfeito o TFA, que é o teorema fundamental da aritmética usual onde os irredutíveis
são os números primos, no entanto, as demonstrações conhecidas usam a estrutura
aditiva de N, assim, um problema central nesse contexto é encontrar uma demonstração
dentro da teoria dos aritmos, se ela existir, para esse caso.
Dentre os resultados obtidos podemos destacar:
1. Todo aritmo w-fatorial (e, portanto, todo aritmo fatorial) é atômico, isto
é, para todo x Î A com x ¹ e existe um átomo a tal que a £ x.
2. Todo aritmo fatorial é um reticulado, de modo que podem ser definidos
nele os conceitos equivalentes ao MMC e ao MDC próprios do aritmo
áN* , × , 1ñ.
3. Em todo aritmo fatorial todo irredutível é primo.
4. Todo aritmo linear w-fatorial é fatorial.
5. Todo aritmo linear fatorial é isomorfo a áN , + , 0ñ.
O resultado 5 expressa a categoricidade da teoria dos aritmos lineares fatoriais.
Com efeito, dizer que o aritmo áN , + , 0ñ é um aritmo linear fatorial, é uma forma
abreviada de expressar os nossos axiomas, obtidos acima, equivalentes aos de Peano
que sabe-se serem categóricos.
O princípio de indução finita pode ser formulado na teoria dos aritmos da
seguinte maneira:
Se A é um aritmo linear atômico e a seu único átomo, diremos que A é indutivo
se satisfaz a seguinte versão (linear) do princípio de indução finita:

Seja B Í A tal que


i) e Î B;
ii) ("x)(x Î B ® xa Î B);
então, B = A.
Com essa definição demonstra-se, como no caso de áN , + , 0ñ, a seguinte
equivalência:
se A é um aritmo linear atômico com átomo a, então,
A é (w-)fatorial se e somente se A é indutivo.

Uma versão não-linear do princípio de indução finita na teoria dos aritmos


Um resultado mais interessante ainda, na teoria dos aritmos, é que existe uma versão
não-linear do princípio de indução finita, isto é, adequada para os aritmos não lineares.
Vejamos:
Seja A um aritmo atômico (não necessariamente linear), diremos que A é
indutivo (usaremos a mesma denominação que no caso linear) se satisfaz a seguinte
versão não-linear do princípio de indução finita:

Seja B Í A tal que


i) e Î B;
ii) ("x)("a)(x Î B e a é átomo de A ® xa Î B);
então, B = A.

Demonstraremos, então, a seguinte:

Proposição: Seja A um aritmo atômico, então, A é w-fatorial Û A é indutivo.


Demonstração:
(Þ) Suponhamos A w-fatorial e seja B Í A com as hipóteses do princípio de indução
não-linear. Provaremos que A Í B. Seja x Î A. Se x = e, então, x Î B. Se x ¹ e então,
como A é w-fatorial, x = a1 × … × am com cada ai irredutível. Por outro lado, como e Î B
e a1 é átomo temos que a1 = ea1 Î B, assim também prova-se que a1a2 Î B. Finalmente,
“depois de um número finito de passos”, x Î B.
(Ü) Suponhamos A indutivo e consideremos B = {a1 × … × am / m ³ 0 e cada ai é átomo
de A}. Vejamos que B satisfaz as hipóteses do princípio de indução não-linear. De fato,
e Î B (m = 0). Se x Î B e a é um átomo de A então x = a1 × … × am, logo, xa = a1 × … ×
ama Î B. Portanto, como A é indutivo temos que B = A, isto é, A é w-fatorial. à
Como o aritmo áN* , × , 1ñ é fatorial, temos que nele também é satisfeita essa
versão não linear do princípio de indução.
Um exemplo interessante de aritmo onde é válido o principio de indução não-
linear é áN ´ N , + , (0 , 0)ñ, aritmo que, prova-se facilmente, é fatorial e com dois
átomos (1 , 0) e (0 , 1). Esse princípio, adaptado a esse aritmo, expressa o seguinte:

Se A Í N ´ N é tal que:
a) (0 , 0) Î A; e
b) ("n)("m)((n , m) Î A ® (n+1 , m) Î A Ù (n , m + 1) Î A);
então, A = N ´ N.

Essa versão, que surge a partir da teoria dos aritmos, pode ser expressa também
em termos de propriedades binárias, para dar embasamento ao raciocínio por indução
dupla:

Se P(n , m) é uma propriedade sobre números naturais tal que:


a) P(0 , 0); e
b) ("n)("m)(P(n , m) ® P(n+1 , m) Ù P(n , m + 1));
então, ("n)("m)P(n , m).

Acreditamos que o princípio de indução não-linear pode-se transformar numa


ferramenta de prova na teoria dos aritmos.

Conclusão
A idéia dos aritmos iniciou-se com um projeto de pesquisa matemática, em nível de
iniciação à pesquisa científica, pelo método de analogia, desenvolvido com alunos do
Programa de Educação Tutorial – PET do Curso de Matemática da UFPR em 2005
visando explorar os alcances da analogia existente entre os fragmentos aditivo e
multiplicativo dos números naturais, os nossos áN , + , 0ñ e áN* , × , 1ñ. Um primeiro
relatório aparece em (CIFUENTES, 2006).
Recentemente, a partir de 2010, em colaboração com o professor Alejandro G.
Petrovich do Departamento de Matemática da Universidade de Buenos Aires – UBA,
esse projeto transformou-se numa parceria UFPR-UBA através do convênio Escala
Docente da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu – AUGM.
Nesse estudo conjunto (CIFUENTES e PETROVICH), ainda em andamento,
obtivemos diversos resultados dentre os quais cabe destacar os seguintes:
1) Uma classe de aritmos que, na realidade, constitui uma caracterização deles, é a
dos cones positivos de grupos abelianos parcialmente ordenados, onde os
aritmos fatoriais estão intimamente relacionados com os cones positivos dos l-
grupos. Desse ponto de vista, a teoria dos aritmos pode ser interpretada como
uma teoria intrínseca dessa classe.
2) Generalizando o produto cartesiano de aritmos em forma natural, obtivemos o
seguinte resultado de representação: todo aritmo fatorial A é isomorfo ao aritmo
(aditivo) N(I) onde {ai}iÎI é o conjunto dos átomos de A, em particular, o
fragmento multiplicativo dos naturais N* é isomorfo ao aritmo N(w),
estabelecendo assim uma conexão íntima entre áN , + , 0ñ e áN* , × , 1ñ.

Referências
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2000.
Barker, S. F. Filosofia da Matemática. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1969.
Carnielli, W. A. e Epstein, R. L. Computabilidade, Funções Computáveis, Lógica e
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Cifuentes, J. C. Heurística e Lógica na Matemática: um outro olhar sobre o Teorema
Fundamental da Aritmética. In: Cifuentes, J. C. A Matemática na Educação Matemática.
Minicurso no I Congresso de Matemática e suas Aplicações Foz2006. Foz do Iguaçu,
2006, pp. 2-10.
Cifuentes, J. C. O “Salto Arquimediano”: Um Processo de Ruptura Epistemológica no
Pensamento Matemático. Scientiae Studia – Revista Latino-Americana de Filosofia e
História da Ciência, São Paulo, vol. 9, no. 3, 2011.
Cifuentes, J. C. e Petrovich, A. G. La Teoría de los Aritmos: la aritmética detrás de la
aritmética. Em preparação.
Euclides. Os Elementos. Trad. Irineu Bicudo. São Paulo: Ed. Unesp, 2009.
Kleene, S. C. Introducción a la Metamatemática. Madri: Ed. Tecnos, 1974.
Le Lionnais, F. La Belleza en Matemáticas. In: Las Grandes Corrientes del
Pensamiento Matemático (Le Lionnais, F., Org.). Buenos Aires: Eudeba, 1965, pp.
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Poincaré, H. A Ciência e a Hipótese. 2ª Ed. Brasília: Editora da UnB, 1988.
Russell, B. Introdução à Filosofia Matemática. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

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