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Linguagem Documentária

MARIA LUIZA DE ALMEIDA CAMPOS

Linguagem Documentária
Teorias que fundamentam sua elaboração

EdUFF
EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Niterói, RJ - 2001
Copyright
@2001byMariaLuizadeAlmeidaCampos
Direitosdestaediçãoreservados àEdUFF - EditoradaUniversidadeFederal
Fluminense - RuaMigueldeFrias9- anexo- sobreloja -Icaraí- Niterói,RJ-
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Capa:JoséLuizStalleikein Martins
Projetográfico:AnaPaulaCampos
Editoraçãoeletrônica:]ussara
MooredeFigueiredo
Supervisãográfica:AnaPaulaCampos eKáthiaM.P.Macedo
Coordenação editorial:Rieat'do
Borges
Catalogação-na-fonte
(CIP)

C198 Campos,MariaLuizadeAlmeida.
Linguagem documentária: teoriasquefundamentam
sua
elaboração.
- Niterói; RJ:EdUFF,2001.
133p.;21em.
ISBN85-228-0319-6
1.Classificação
Bibliográfica
2.Catalogação
porassunto
etítulo
CDD025.48

UNIVERSIDADEFEDERALFLUMINENSE
Reitor
Cícero MauroFialhoRodrigues
Vice-
Reitor
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Diretorada EdUFF
LauraCavalcantePadilha
ComissãoEditorial
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Linhares
HildetePereiradeMeioHermes deAraújo
IvanRamalhodeAlmeida
LuizAntonioBotelhoAndrade
MagnóliaBrasilBarbosa doNascimento
MarcoAntonioTeixeiraPorto
MarleneGomes Mendes
ReginaHelenaFerreiradeSouza
Rogério Haesbaert
daCosta
SuelyDruck
VeraReginaSallesSobral
VirgíniaMariaGomes deMattosFontes
A minha mestraHagar,
ensinandosempre
que aprender
é secomover.
-AGRADECIMENTOS

"Ser um com o todo, essa é a vida do divino, esse,o céu dos homens."

Friedrich H61derlin, Hipérion, 1994

Todotrabalhodepesquisaseconfigura,emcertamedida,emuma
atividadesolitária.Porém,nestecaminho,encontramosmuitosamigos
quequeremcompartilharconoscoa alegriadeconhecer, dedescobrire,
porvezes,apenasdenosouvir.Assim,queroagradecer imensamente a
orientaçãoquerecebi,emtodasasfasesdeminhapesquisa demestrado,
deHagarEspanhaGomes. Osseusensinamentos,
sempretãopertinentes,
foramfundamentaisparaosmeusestudos.

Meusagradecimentos ao Departamentode Ensinoe Pesquisado


InstitutoBrasileirodeInformaçõesemCiênciae Tecnologia(IBICT),
emespecialàsprofessoras LenaVaniaPinheiro,MariaNélidaGonzalez
deGomez,MariadeNazaréFreitasPereiraeRosaliFernandez deSouza.

Ao Departamentode Documentaçãoda UniversidadeFederal


Fluminense,emespecialaoscolegasLecyMariaCaldasTorres,Esther
Luck,AlbaMaciel,LídiaFreitas,MariaOdilaFonseca,
CarlosHenrique
Marcondes deAlmeida,MaraElianeRodrigueseJoséMariaJardim.Como
nãopoderiadeixardeser,agraéleçoaosmeusalunostodososmomentos
dealegriaeleveza,importantíssimos
noatoúnicodeensinareaprender.
Umcarinhoespecialà FabianadeMeioAmara!.

Meusagradecimentos
à EdUFFpeloapoionestaedição.

Nãopoderiadeixardeagradecer
aosmeuspais,YoneseMaria,eaos
meusqueridosirmãos,pelo apoio,carinho e incentivoem todosos
momentosdeminha vida.E aosmeussogros,Antônioe Ilda, quesão
pessoas
maravilhosas.

Aomeumarido,porsuacompreensão, emtodosessesanos,Ricardo
exerceuuma incansávelpaciência.Aosmeusfilhos,Marianae Tiago,
agradeçoa alegriadeviver.
Por fim, agradeçoa todosaquelesque participaram do meu
percurso.Éfundamentalencontrarpessoas
tambémmovidaspeloamor
àsabedoria.Aomeuirmão]onesAlbertodeAlmeidaeaosmeusamigos,
Maria]oséBelém,VeraReginaCostaAbreu,MaríliadeAlmeidaMarch,
MariadasGraçasAugusto,SandraReginaPorto,ElianePoppeeSérgio
Guida.
-SUMÁRIO

PREFÁCIO 11
CONSPECTUS 15
1 INTRODUÇÃO 17
2 TEORIA DA CLASSIFICAÇÃO FACHADA 27
2.1 CLASSIFICAÇÃOBIBLIOGRÁFICA:
análise de seu desenvolvimento 28
2.1.1 Caracterização dos esquemas descritivos 33
2.1.2 Caracterização dos esquemas
com base na Teoria Dinâmica 35
2.2 PRINCíPIOS DA TEORIADA CLASSIFICAÇÃO
FACETADA 38
2.2.1 Universo do conhecimento e universo
dos assuntos 38
2.2.2 Universo de Trabalho da Classificação 44
2.3 ELEMENTOSDA ESTRUTURA
CLASSIFICATÓRIA 48
2.3.1 Unidades dassificatórias 48
2.3.2 Características 50
2.3.3 Renques e cadeias 51
2.3.4 Facetas 53
2.3.5 Categoriasfundamentais 54
3 TEORIA DA TERMINOLOGIA 59
3.1 AS ESCOLAS 60
3.2 A TEORIAGERALDA TERMINOLOGIA 66
3.2.1 Princípios do trabalho terminológico 71
4 TEORIA DO CONCEITO 87
4.1 ORIGEM DO TERMO TESAURO 87
4.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TESAURO
DE RECUPERAÇÃO 91
4.2.1 Os tesauros na América do Norte 92
4.2.2 Os tesauros na Europa 95
4.2.3 Tendências: tesauros com
base em conceitos 99
4.3 PRINCíPIOS DA TEORIA DO CONCEITO 100
4.3.1 Modelo para a construção do conceito 101
4.3.2 Categorização e relações conceituais 103
4.4 TRABALHOSREALIZADOS 105
4.4.1 Estudo-Piloto de Tesauro para a Deutsche
Bibliothek 106
4.4.2 Experiências norte-americanas 108
4.4.3 Tesauro de literatura 108
4.4.4 Método Relacional 109
4.4.5 Tesauro de Engenharia Civil 111
4.4.6 Manual de elaboração de tesauros
monolíngües 114
5 PRINCíPIOS COMUNS ENTREAS TEORIAS 117
5.1 CONCEITOS ETERMOS 117
5.1.1 Forma de abordagem onomasiológica 117
5.1.2 A ligação linguagem-pensamento-realidade 118
5.1.3 A questão da monossemia absoluta 119
5.1.4 Imprecisão do conceito de "termo" 119
5.1.5 Precisão dos termos 120
5.1.6 Direção teórica para o conceito de
termo e conceito 121
5.2 IMPORTÂNCIA DAS CARACTERÍSTICASDO
CONCEITO E SEU USO 121
5.3 RELAÇÃOENTRECONCEITOS 122
5.3.1 Relações hierárquicas x relações lógicas/
ontológicas 123
5.4 SISTEMASDE CONCEITOS E SUA
APRESENTAÇÃO 124
5.5 DEFINiÇÃO E SUA FINALIDADE 125
5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 126
REFERÊNCIAS 127
.PREFÁCIO

Linguagem documentária é uma contribuição ímpar para a


cultura bibliotecária. É a primeira obra a abordar o tema sob seu aspecto
teórico, de uma forma tão abrangente.

A professora Maria Luiza escolheu o singular, provavelmente, para


designar um instrumento de representação dos assuntos dos documentos
que sepode apresentar sob uma notação ou sob forma verbal. Supomos,
desta maneira, que ela queira mostrar que, em sua essência, asexpressões
"linguagem documentária verbal" e "linguagem documentária
notacional" designem instrumentos que diferem apenas em seu
revestimentoformal e que,portanto, asbasesteóricaspara realizar uma
seriam as mesmaspara realizar a outra. E isto fica bastanteclaro em
seulivro.

Na Biblioteconomia, a baseestá na Teoria da Classificação. O saudoso


padre Astério enfatizou sempre este aspecto em vários artigos, numa
tentativa de mostrar que a Classificação está viva, ao contrário do que
diziam muitos bibliotecários, que viam nos tesauros um instrumento
de substituição das Tabelas de Classificação. A professora Maria Luiza é,
de alguma forma, sua seguidora, no sentido de tentar mostrar que
classificação não se restringe a Tabelas de Classificação, mas a algo muito

mais amplo, que é a Teoria de Classificação, a qual tem múltiplas


aplicações, dentro e principalmente fora da Biblioteconomia.

Seu trabalho seinscreve numa linha européia, pouquíssimo estudada


no País, mas que se vem mostrando de grande valor para outras áreas
do conhecimento que lidam com conceitos e sua organização.

A Biblioteconomia brasileira é herdeira da Biblioteconomia norte- o


americana. Esta influência teve início nos anos 40, num movimento ;g
Q)

iniciado por São Paulo. Apesar da grande contribuição daquele país, cl:

suas
iniciativas
nemsempre
foram
pautadas
porprincípios
teóricos..
A Classificação
DecimaldeDewey,
porexemplo,nuncamereceude
seuidealizadorum trabalhoqueexplicasse
osprincípiossubjacentes.
Oscabeçalhos
deassunto
- que,deum modogeral,osautores
não
consideram
comolinguagemdocumentária,
apesar
desuafunção-
sãocriadosad-hoc e têmsuabasena língua inglesa,impedindoque
paísesde outras línguas que os adotam produzam contrapartes
equivalentes
ou adotemseusprincípiosna íntegra.Nosanos60,coma
introdução dos tesaurosdocumentários,mais uma vez os norte-
americanos procuram na língua a solução para a criação de
instrumentosderepresentação
dosassuntos, recorrendoaoThesaurus
ofEnglish wordçand phrases,um interessante dicionárioanalógico
dePeterMarkRoget,comomodelo.

AintroduçãodaInformáticanotratamentodainformaçãoreforçou,
mais uma vez, a abordagemlingüística. Aquelesque defendemo
tratamentoautomáticodainformaçãofreqüentemente esquecemqueo
sucessodetalprocesso
estánadependênciadeumadocumentação num
mesmoidioma, e numa áreaem que a terminologia estejabem
estabelecida.

Otempomostrou,noentanto,quearecuperação "automática"não
eraassimtãosatisfatória,
fatoconhecidodequantosbuscaminformação
na Internet.

Nessesentido,umaluz sefazsentir.Osengenheiros
decomputação
quedesenvolvem sojiwarepara a Redejá perceberamqueé.preciso
0;:: produzirosdocumentos eletrônicos
comalgunsrequisitosqueconfiram
«:
,«:
c qualidadeecondiçõesdeserem"encontrados",assumindoquedevam
Q)
E ser"catalogados"e "indexados"no momentodesuaprodução.Com
:J
U
o
o isto, a linguagemdocumentáriavolta a ter seu lugar no cenário
E informacional.
Q)
00

~
00 Na Europados anos30, Shialy Ramamrita Ranganathan,um
:§ indiano,professorde Matemáticaque estudavaBiblioteconomiana

11 Inglaterra,dá início a um movimentorevolucionário,estabelecendo


postuladosecânones, sejaparaaordenação
físicadoslivrosnasestantes,
sejaparaa organizaçãodasinformações
contidasneles.

Continuandoseutrabalho,osinglesescriamo Classification
Research
Group;seusestudose projetoscontribuemtantoparadifundir asidéias
deRanganathancomoparaaprimorarseusprincípios,já agoranoutro
ambientetecnológico.

Ranganathan nospresenteou
comumcorpoteóricoque,aindahoje,
mantémsuaforça.O Métodode Facetatem-semostradoapropriado
paraváriasaplicações
naorganização,
sistematização
erecuperação
de
informação,em ambienteautomatizadoou não porque,defato, ele
criou um métodopara pensara organizaçãodo conhecimentocom
finalidadesbemconcretas.

Duasvertentes desenvolvidas
foradaBiblioteconomia,
comoaTeoria
Geralda Terminologia,do engenheiroaustríacoEugenWüester,e a
TeoriadoConceito, dapesquisadora
alemãIngetrautDahlberg,somam-
seaosprincípiosdeRanganathannum corpointegradodeprincípios
paratratara informaçãoalémdosmurosdabiblioteca.

Indiretamente,Linguagemdocumentáriacontribuiparaampliar
o escopoda Biblioteconomia,desinstitucionalizando-a,porqueos
princípiosde Classificação,conformesededuzde sua leitura, são
fundamentais emqualqueratividadequerequeiraorganização:
dedados,
de informação, de conhecimento.Há vários gruposprofissionais
preocupadoscom tais níveisde organização,como informáticos,
educadores,professores,administradores,que lidam com questões
conceituais,com osquaisa professoraMariaLuiza tem interagido,
comprovandoa pertinênciadaTeoriadaClassificação paraa solução
deinúmerasquestões.

Elanãotemumaposiçãocorporativista:
estáabertaaoconhecimento
produzidoem outrasesferas,no caso,àscontribuiçõesdeWüestere ,2u
Dahlberg.Seu livro mostra a riqueza desta"cross fertilization" , 't
evidenciando
comocadaumadessas vertentes
podeseenriquecercom a:
as
outras. .
o corpoteóricoque ela apresentaé fruto de açãoconcretaem
pesquisa,
ensinoeconsultoriae,sobretudo,
desuacapacidadedereflexão
sobreotrabalhodesenvolvido,
noqualasteoriasaquiapresentadas
estão
constantementesendopostasà prova.

Didaticamentesomosapresentados
aosprincípiosdecadaumadessas
vertentes.Usandoosmesmosprincípiosde análisee identificaçãode
conceitos,
aautoranosmostraacontribuiçãodecadaumadelasecomo
elaspodemsecomplementar.

Por tudoisto, Linguagem documentária é uma obraoriginal.


Pela primeira vez,se encontram sistematizadose perfeitamente
articuladososprincípiosqueregemsuaelaboração.

Agora,quandonosperguntarem"ondepodemosler algosobreo
assunto?",já temoso queresponder.

Niterói,dezembrode 1999

HagarEspanhaGomes


,ra
E
aJ
E
::J
U
o
o
E
aJ
00
ra
::J
00
c:
:::;

.
r

-CONSPECTUS

Con.çpectus é o espaçoencontradopor Ranganathan,no início de


seustrabalhos,parafalarnãodotextoquesepropunhaa escrever, mas
do "pré-texto",daquelemomentoem queocorreo atodecriaçãoda
escrita,domomentoemqueo sujeitosetornaautor.

Opretextodestetrabalhosecolocanoespaço deumagrandeescassez
deestudos teórico-metodológicos
naáreaderepresentação/recuperação
deinformaçãono País.Alémdisso,a áreadeinformaçãotem ficado
fadada,viaderegra,aoespaço, quasesempre,deumsaberinstrumental.
Massabe-se, também,quenãoexisteinstrumentalização quenãoseja
sustentada porbasesteóricase/oumetodológicas.

Sente-se hojequeé necessáriomunir o profissionaldestaáreanão


sódeum saberpráticomas,principalmente,deum saberteóricoque
possaoferecerascondiçõesnecessárias para um fazerconscientee,
sobretudo,crítico(GOMES, CAMPOS,1993).É preciso,primeiramente,
buscaro conhecimento dentrodaprópriaáreadeatuação,nocaso,dentro
da própriadocumentação. Masaindaé necessário não sócomeçara
percebere principalmentepesquisarquaisasáreasqueauxiliam na
fundamentação da própriadocumentação, comotambém,sobretudo
paranósprofissionais, começara ampliaro escopodadocumentação
verificandodequeformaoseusaberéútil parao desenvolvimento das
outrasáreas.

Pretende-se
comestetrabalhoapresentar
osautoreseseusestudos
consideradosseminais,quederambasespara a fundamentaçãodas
linguagensdocumentárias.Comoos instrumentosde representação/
recuperaçãotêma funçãodepermitira comunicaçãoentreumabase
documental,ou informacional,e o usuário,foram buscadasbases
terminológicas,
umavezque acomunicação,nestecaso,éfeitaatravés
da linguagem.
Dessaforma, serãoapresentadas, numa perspectivahistóricae
conceitual,asTeoriasda Classificação
FacetadadeShialyRamamrita
Ranganathan,a TeoriaGeralda TerminologiadeEugenWüestere a
TeoriadoConceitodeIngetrautDahlberg.

Busca-se,assim,um núcleocomumdeconhecimento, queenvolve


as questõesdo conceito,do termo e de suasrelações,visandoao
estabelecimento
desistemasdeconceitosmaisbemestruturados,
paraa
elaboraçãodelinguagensdocumentárias.

(\3
:~
cQ)
E
:J
U
o
o
E
Q)
OD
(\3
:J
OD
c:
:.::;

11
.1 INTRODUÇÃO

Todo movimento existente nos Sistemas de Recuperação de


Informação tem por princípio geral possibilitar a seu usuário o acesso à
informação/documentos. Nestes Sistemas, vários são, atualmente, os
instrumentos utilizados para representar o conhecimento de uma dada
área do saber. Estes instrumentos são denominados, de uma forma geral,
linguagens documentárias, como o Tesauro e os Esquemas de
Classificação, para citar apenas os mais relevantes.

Os Esquemas de Classificação e os Tesauros se apresentam ambos,


na maioria das vezes, sob duas formas: a alfabética e a sistemática. A
forma sistemática torna evidente uma estrutura de conceitos.' Esta
estrutura permite ao usuário compreender as relações que existem entre
os conceitos de uma dada área do conhecimento, o que facilita a
comunicação entre o usuário e a base de dados. Osconceitos, para serem
manipulados, necessitam de um símbolo que permita a comunicação.
Na área da documentação, o símbolo é lingüÍstico, sendo denominado
"termo de recuperação". Os conceitos e termos são, portanto, elementos
de qualquer esquema de classificação e dos tesauros.

No ambiente das comunicações científicas, as terminologias


possuem, também, conceitos e termos. Portanto, todos estes instrumentos
lidam com conceitos e termos, embora em ambientes diferentes. Os
esquemas de classificação, os tesauros e as terminologias são elaborados
em um espaço onde se dá a produção do conhecimento.

No ambiente de produção de conhecimento percebem-se dois espaços o


imbricados, mas de natureza diferente: o espaço comunicacional, onde 'G.
::J
as descobertas e avanços do conhecimento viram registros, através da g
c:

1 Conceitoé entendidoaquicomoumelementode significação. .


interaçãoentreo "gerador"deconhecimento
eo "gerador"eseuspares;
eoespaçoinformacional,ondeexisteum"necessitador"
deinformação
e um sistemapossuidordedocumentos/informação. Entreessesdois
espaços
encontra-se,
anosso
ver,o queseriao"Sistema
T" - oSistema
- nomeado
Terminológico paraumdadoSistemaC,no casoum
ambientecontextualizadode produção,controlado pelas leis da
linguagem e da lógica. É nesteSistemaque pareceter origem a
Terminologia,poiselaécriadaparapossibilitara comunicaçãoprecisa
entreos"geradores"deconhecimento.

No espaçoinformacionalverifica-sea necessidade
decriaçãode
instrumentosquepossibilitemacomunicação, nãomaisentreospares,
masentreosusuáriosdeumsistemadeinformaçãoeoprópriosistema,
queseriao espaçodo tesauroedatabeladeclassificação.
Porém,estes
instrumentos,para seremcriados, necessitamde uma estrutura
terminológicaqueserábuscada emumsistematerminológico.AFigura
1apresentadeformaesquemática essasrelações.

Assim,mesmocom finalidadesdiferentes,osinstrumentoslidam
com elementosquepermitema comunicaçãodo conhecimento,seja
eleregistradooucomunicado:ossímboloslingüísticos.

Sistema E

Sistema C

ra
.;:
~
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Q)
E
:;]
u
O
O
E
Q)
co

.
ra
:;]
co
c: Sistema T
::;

Figura I EspaçosComunicacional e Informacional e suas Relações


,
oquesepretendedemonstraréqueexistemprincípioscomunsentre
a TeoriadaClassificaçãoFacetada, a 1eoriaGeralda'lerminologiae a
Teoriado Conceito,quepodemcontribuirparao melhoramentodas
basesteóricasda áreaderepresentação erecuperaçãodainformação.A
existênciade princípioscomunsevidencia,também,a "interdisci-
plinaridade"daquestãodarepresentação erecuperação dainformação.
Percebe-se,
ainda,queessas teorias,casopossuaminterfacescomoutras
áreas,como se verá mais adiante, também contribuem para o
aperfeiçoamento deoutrossaberes.

A literaturatem mostradoquea comparaçãoentreessasteoriase


seusrespectivosinstrumentostem sido de algum modo abordada.
Verifica-se,contudo,queumestudosistemáticosobreprincípioscomuns
a taisteoriasaindanãofoi devidamenterealizado.

o queefetivamente a literaturavemmostrandoéqueaclassificação
estána basedas três teorias.Na área da Documentação,Shiyali
RamamritaRanganathanelaboraa Teoriada Classificação Facetada,
na qual apresentaprincípios para a organização de conceitos
hierarquicamente estruturados.Osestudiosos dessaáreacomeçama
perceberqueostesauros, comoosesquemas declassificação,também
possuemtermosquerepresentam conceitosligadosentresi, formando
um sistemadeconceitos.Campos(1986,p.85),inclusive,afirma que
"qualquerautênticotesaurocontémemsioselementosbásicos deuma
classificação,
eesses elementos poderãoassumira formadeumatabela
declassificação".
Porémaclassificação, hojeemdia,nãopodemaisser
vistanoseusentidorestritodeestruturashierárquicas.Segundoa FIO!
CR-Comitê TécnicodePesquisa deClassificação (1973),"classificação"
é"qualquermétododereconhecimento derelações, genéricasououtras,
entreitensde informação,não importao graude hierarquiausada,
nem se aquelesmétodossão aplicadosem conexãocom sistemas I~
tradicionaisoucomputadorizados
deinformação". 1
Umadasáreasque tem relaçãoestreitacom a classificaçãoé a :g
Terminologia. Wüester(1981, p. 106), autor da 1eoria Geralda.
Terminologia, observaa "semelhançadas tarefasrealizadasna
elaboração de um tesauro e na normalização terminológica em geral",
e reconhece que deveria existir um maior intercâmbio entre as áreas.
Em outro trabalho (WÜESTER, 1971), aborda as diferenças essenciais
entre os sistemas de conceitos e as tabelas de classificação, enfatizando,
inclusive, o que possuem de semelhante à luz da Teoria Geral da
Terminologia. Em ambos os trabalhos, recomenda maior aproximação
entre documentalistas e terminólogos.

Dahlberg (1993, p.225), estudiosa da área de Filosofia, estabelece


relações não mais entre uma teoria e um instrumento, mas entre a Teoria
da Classificação Facetada e a Teoria do Conceito, por ela desenvolvida.
A Teoria do Conceito apresenta princípios que podem auxiliar na
determinação do termo e de suas relações, tanto para as tabelas de
classificaçãoquanto para os tesauros (DAHLBERG,1978).

As primeiras constatações de semelhança entre tesauros e sistemas


de classificação se dão no âmbito da documentação, como é de se esperar.
Gupta e Tripathi (1975,C40) analisam o tesauro de Exploração e
Produção de Petróleoda Universidadede Tulsa,que tem uma estrutura
facetada, e comprovam a sua utilidade na preparação de um esquema
especial de classificação para Geofísica.Este método de trabalho é
possível pela adoção de princípios compatíveis. Gopinath e Prasad
(1975,A 37) apontam as diferenças essenciais entre esses dois
instrumentos. Observamque o tesauro tem doisplanos de trabalho - o
m plano ideacionale o plano verbal;um esquema declassificaçãoabrange
.;:
~
c
três planos de trabalho, ou seja, o plano ideacional, o plano verbale o
Q)
E plano notacional. Estesrepresentam diferentesníveisde profundidade
~
u de organização e podem coexistir num sistema de recuperação de
o
o
E informação, complementando as eficiências ou deficiências de um
Q) e de outro.

.
00
m
~

.~
-' Outrosautores,no entanto,realizaram,efetivamente,
um trabalho
de integração dos dois instrumentos. Em 1968, Davis (apud GOPINATH,
I 1987,p. 211)publica um artigo sobreaintegração devocabulárioscom
um esquemadeclassificação. Em 1969,a EnglishElectricCompany
Athesaurusand facetedclassificationfor
publicaseu"Thesaurofacet:
Engineeringand relatedsubjects".Estetrabalhofoi desenvolvido
por
JeanAitchison,
membrodoCRG- Classification Group- da
Research
Inglaterra.Atéo final dosanos50e princípiodos60,ostesauroseram
estruturadospuramenteemordemalfabética.

Aslimitações
doarranjoalfabéticolevaramaoemprego
demeiosauxiliares
daclassificação
queiamdesde osdispositivos
maisamplosatéosdetalhados
edosdispositivos
auxiliaresaosintegrados
(AITCHISON,
1972,p.72).

Osclassificacionistasutilizaram ainda outros dispositivos


classificatórios para os relacionamentos puramente hierárquicos.

ométodotradicionaldetesauros paraindicarashierarquias determosmais


amplosatéosmaisrestritos semostrouinsatisfatório porquenemtodosos
níveisdahierarquiapodemserdispostos alfabeticamente deumaúnicavez,
ouseostermosforemdispostos alfabeticamente, nãoépossíveldistinguiros
diferentesníveishierárquicos
entreeles[...] Finalmentea análisedefaceta
podeserusada comoumdispositivo daclassificação naconstruçãodetesauros
[...]. Dousodefacetasna construção detesauros paraumaclassificação
totalmente facetadacomoum tesauro, foi umpasso.OThesaurofacet [...]
foiprovavelmente umdesenvolvimento inevitável (AITCHISON,1972).

Estenovo tipo de instrumento tem múltiplo uso:servepara catálogos


convencionais e organizações nas estantes, bem como para indexação
coordenadae uso em sistemascomputadorizados (AITCHISON,1970).
Gopinath0987, p.211)ressalta a complementaridadedas duas
abordagens, pois existe uma "relação simbiótica entre um esquema de
classificação e um tesauro". O Thesaurofacet é,portanto, um marco no
desenvolvimento das linguagens documentárias pela integração da
tabela de classificação com o tesauro. Na literatura, um novo nome tem
sido usado para instrumentos que integram tesauro e classificação, o o
""
Ij>
"Classaurus" (BHATTACHARYYA, 1982; FUGMANN,1990).

.
":J
o
Sefoi possíveladotarprincípiosclassificatóriospara solucionar ~
problemasda estruturação de conceitos,tanto nas classificações
bibliográficasquanto nos tesauros,o mesmo não acontececom respeito
aosdescritores ou termos,suaforma,suadefinição.Asrespostas para
estasquestões têm tido soluçõesestritamentelingüísticas.Aspalavras
compostas sempreapresentam problemas nossistemas pós-coordenados,
e ostesauros,num certomomento,foramvistoscomofonteparaesses
descritores.A Lingüísticaserviude basepara o estabelecimento de
palavrascompostas emsistemasderecuperação GONES,1981,p.54),
maselastêmsidoinconsistentes. Asdiretrizese normaspara tesauros
oferecempropostas desoluçãoparaos"termoscompostos"atravésdo
quechamamde"fatoração"(IBICT,1985; BSI5723-1979;AFNOR Z47-
100,1981;UNESCO, 1973;ISO2788,1986). Emum artigosobreotema,
)ones (1981) relata várias propostaspara tratamentode palavras
compostas,desdeCoatesatéAustin,passandopor Farradane,Leee
)espersen,osquaisabordama questãooradopontodevistalingüístico,
oradopontodevistaconceitual.Seetharama (1975)reforçaa faltade
critériosconsistentesparao estabelecimentodostermosnostesauros;
no entanto,propõetambéma fatoraçãocomosolução.Naverdade,o
termo necessitade um tratamentoterminológicoe não lingüístico
(DROZD,1981).Combasena Teoriado Conceito,Dahlberg(1978)
desenvolve umestudosobredefinições terminológicasquesevaimostrar
útil aostesaurosnofuturo.

SegundoRahmstorf(1993),asdefinições terminológicasabremum
campode estudodecomplexidade crescente, porquepodemserúteis
nãoapenasparaoscientistasdainformação,indexadores, especialistas
emrecuperação eoutrosespecialistasdaorganização doconhecimento,
rn
.;:: mastambémparatradutores, cientistas,engenheiros,especialistas
em
~
c
(]) normas,epistemólogos, psicólogos,engenheirosdo conhecimento,
E
::J lingüistaseterminólogos.Eleapresenta, também,deformaesquemática,
U
o
o ao ladodasclasses deusuários,a finalidadedasdefiniçõesparacada
E
(]) classe,osaspectosprincipais(estruturaconceitual,sintaxe,ouconceito
00
rn
::J etc.)e o papeldadefiniçãoparacadaclassedeusuário.
00
C

:.:; Oprimeirotrabalhodecomparação
sistemáticaentreterminologia

11 e tesaurocabeaoterminólogoLeska(1979,p. 583).Eleobservaqueos
tesaurosderecuperação precisam"expandirsuasreferênciaslexicais
tornando os conceitosmais precisos,bem como definindo-os e
qualificando-os de acordo com seu relacionamento com outros
descritores".
Sãoosseguintesosaspectoscomuns:

1.Ossistemasdeconceitossãocriadosparasistematizarosconceitosdeuma
certaárea[...]

2. Osconceitos do sistemadeconceitossãodefinidospor meiodesuas


características
[...]

3.Ossistemas
deconoeitos
comoostesauros
visamaabrangertodososconceitos
e/outermosdeum campodeassunto[...]

4.Aestruturabásicadosistema
deconceitos
éoesquema estruturalnoqual
todososconceitos
relevantes
devemencontrarseulugarapropriado
[...]

5.Cadasistemadeconceitos,especialmente
comrelaçãoa desenvolvimentos
futuros,visaaindaàcomplementaçãonoquadrodoseuâmbitotemático[...]

6.A atividadededesenvolvimento e aperfeiçoamento


dosistemadeconoeitos
não fica fora da influência dasregrasgramaticaisque governamosnomes
querepresentamesses
conceitos[...]

Asterminologiasdevem-se apresentardeformasistemática,e não


alfabética.Esteaspectotemlevadoà necessid~dedeempregarnotação,
aproximando a terminologiadaclassificação.
Oconteúdo
deumconceito
é estabelecidoa partir da áreade conhecimentoe do propósitoda
terminologia.Porsuanaturezasistemática,o

códigodoassunto éumdoselementos maisimportantes


naentradadosbancos
dedadosterminológicos [...] Umalistaalfabética
nãoajuda[...] Somente
um esquema declassificação podemostraremquedetalheum campode
assuntofoi estruturadoeo códigoajudaaverificara amplitudecorretado
conteúdodeum conceito,especialmente quandousadocomotermode o
''''

.
indexação,efacilitaointercâmbioentrevárioscamposdetermos(NEDOBITY,U" :J
"'O
1987,p. 12.)
g
-c:
Osbancosde dadosterminológicossão,na verdade,sistemasde
classificação,na medidaem que agrupamconceitosligados
hierarquicamente. E é a área tecnológica, responsávelpelo
desenvolvimento destes
bancos,queestásuscitando
a discussão
emtorno
do caráter sistemáticoda Terminologia e, conseqüentemente, da
Classificação.

[Um recente]levantamento da atividadeterminológica[h'] mostraa


necessidade da atividadeterminológicasistemáticaparamelhorara
confiabilidadedeprodutos,processos e serviços,bemcomofacilitar a
cooperação técnicaeaeliminação dasbarreirascomerciais.
Comoécomum
naatividade terminológica,
aestruturaçãoconceitualeaclassificação
sãoos
principaiscomponentes daatividade(STREHLOW, WRIGHT, 1993,p.3).

Aterminologia,porsuanaturezasistemática,
aoladodaclassificação,
tem sidovistaem literaturamaisrecentecomocontribuindopara o
desenvolvimentodeoutrasáreasque,dealgumaforma,trabalhamcom
representação
dainformação.Osprincípiosdesistematização
determos,
comunsà Terminologiae à Classificação,sãofundamentaisparaos
Bancosde Conhecimento,uma vez que, neles, os conceitossão
estruturados,
classificados
e sistematizados
(DZHINCHARADZE, 1993,
p.127).

Nedobityidentificanosprincípiosteóricosdaterminologiaaspectos
que devemser observadospara o desenvolvimentode sistemas
especialistas
edepesquisanaáreadeinteligênciaartificial,camposque
lidam comconceitos,sistemasdeconceitos,ligaçõesdeconceitosetc.
Consideratambémossistemas daclassificaçãodaCiênciadaInformação
e da Terminologia,bemcomoossistemasespecialistas com baseno
'"
'L: conhecimento,como duaspontasde um continuum de recursos
~
c:
eu relevantesparasíntesee interpretação do conhecimento(NEDOBITY,
E
:J
U 1987)
.
o

~ Budin (1993)vê a possibilidadede seestabelecer


uma Teoriada

.
~ Terminologia que resultaria da junção das teoriasda Ciênciada
~ Informação, aplicadas à construção e uso das linguagens de
:.:J documentação(sistemasdeclassificação,
tesaurosetc), com a teoria
compreensivada organizaçãodo conhecimento.
A problemática relativa à representaçãoda informação e do
conhecimento vemsendoabordadaporváriosestudiosos, atualmente,
extrapolandoo domínioda Documentáção. Nãosepode,entretanto,
abandonarsuasprópriasteoriasrelacionadas
comarepresentação,
pois
elassãoparteintegrantedessenovomovimento,e têm emcomuma
organizaçãodoconhecimento.

.
-2 TEORIA DA CLASSIFICAÇÃO FACETADA

A Teoriada ClassificaçãoFacetadaé desenvolvidapor Shiyali


Ramamrita Ranganathan na décadade 30, a partir da Colon
Classification,
tabeladeclassificação
elaboradaparaa organizaçãodo
acervodaBibliotecadaUniversidade deMadras,na Índia.

Até aquelemomento,no âmbito da Documentação,as tabelas


existentesnão apresentavam asbasesteóricaspara sua elaboração.
Ranganathanfoi o primeiro! a evidenciarosprincípiosutilizadosna
elaboraçãodesuatabela,proporcionandouma verdadeirarevolução
na áreada ClassificaçãoBibliográfica.Na verdade,ele não elabora
somenteum trabalhoteóricoparaexplicaraconstruçãodaTabela,mas
apresentauma teoriasólidae fundamentadaparadar à Classificação
Bibliográficaumstatus quea elevaadisciplinaindependente.

SuaTeoriaestáapresentada
praticamenteemquatroobrasbásicas:
FiveLaws
ofLibraryScience,
1931, prolegomena
toLibraryClassification,
1937,Philosophyof BookClassification,1951,alémda própriaColon
Classification, 1933.Suasobrasevidenciam, de forma bastante
contundente,a influência que a Filosofiaoriental exerceuem sua
atividade.Alémdisso,suaformaçãomatemáticadeveterinfluenciado,
igualmente,no desenvolvimentode sua Teoria. É estaintegração <O
extremamentepeculiar do pensamentoracional e do pensamento "<O
~U
oriental que dá à Teoriada Classificação
Facetadaum espaçotodo u...<O
próprio. o
1<0
U>
<O

'Kumar (1981, p. 409), estudioso e professor de classificação indiano, a ~


respeito do trabalho inovador de Ranganathan acrescenta que ele se ~
"beneficiou dos trabalhos de Richardson, Cutter, Hulme, Brown, Sayers, Bliss D
e assim por diante. Ele teve a oportunidadede melhorarsua teoria ao <O
;;:

.
experimentá-Ia por um período de 40 anos. E formulou a Classificação dos
Dois Pontos, na qual aplicou sua teoria. Testou sua teoria com a ajuda de '§
princípios normativos. Produziu uma terminologiatécnica própria e não hesitou ~
em adotá.la de outros. Além disso, sua base Bramânica e matemática deu-
lhe uma mente clara e lógica [...] Como resultado, foi capaz de sistematizar
o estudo e a prática da Classificação."
Nestecapítulo procura-se
deixarevidenteo caminhopercorridopor
Ranganathanparaodesenvolvimento desuaTeoria,alémdospricípios
quea regem.

2.1 CLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: análise de


seu desenvolvimento

A classificaçãobibliográfica2 como esquemaque permite a


organizaçãoe a recuperação do conhecimentoregistradoé objetode
análise nesta seção, a partir dos princípios estabelecidospor
Ranganathan.

Ranganathan é um dos primeiros teóricos da classificação


bibliográficaque,aoexplicara naturezadestaatividade,deixaevidente
a necessidadede elaboraresquemasde classificaçãoque possam
acompanharasmudançase aevoluçãodoconhecimento. Segundoele,
oconhecimento é liatotalidadedasidéiasconservadas
peloserhumano"
(RANGANATHAN, 1967,p. 81), atravésdaobservaçãodascoisas,fatose
processosdomundoqueo cerca.

Osesquemasde classificaçãobibliográficateriam, assim,dupla


função:adepermitiraorganizaçãodosdocumentos nasestantes
e ade
representar
oconhecimento registradonumadadaáreadeassunto.Este

2 Ranganathan adota a terminologia "classificação de assunto" em vez de


"classificação bibliográfica": "o principal núcleo da classificação bibliográfica
é a classificação de assunto. Devemos chamar este núcleo de classificação
de assunto" (RANGANATHAN, 1967, p. 94). Para Cavalcanti, "a classificação
.!!! bibliográfica é essencialmente uma classificação de assuntos", que estão
~ registrados nos documentos; estes, por sua vez, nada mais são do que o
~ conhecimento produzido e registrado pelo ser humano. Uma vez que este
E tipo de classificação trata dos assuntos registrados em material bibliográfico,
g encontramos na literatura da área os termos classificação bibliográfica e
O classificação de assuntos como sinônimos, para diferenciar estes esquemas
E das classificações filosóficas e das ciências. Apesar de os dois termos serem
gj, usados na literatura da área como termos gerais que abrangeriam todas as

.
~ classificações que visam a organizardocumentos, são usados, também, como
~ termos que definem classificações específicas: "Classificação de Assunto",
:.::J que foi usadopor JamesDuffBrown,1906,na Inglaterra,paradesignaro
seu esquema de classificação; e "Classificação Bibliográfica", usado por
. H.E.Bliss, em 1935, nos Estados Unidos (CAVALCANTI, 1976, p. 241-253).
enfoque,quevisaatornarasclassificações
maisdinâmicaseatualizadas,
vemsendohá muito tempoconsiderado porváriosteóricosdaárea:

Emgeral,quantomaisumaclassificação
chegaàverdadeiraordemdaciência
e quantomaispróxima semantémdela,melhor seráo sistemae mais longa
serásuaexistência(RICHARDSON apudPIEDADE,1983,p. 66).

Deve-seterclaroemmentequeaclassificação doconhecimento devesera


basedaclassificação
delivros;queaúltimaobedece emgeralàsmesmas leis,
seguea mesma seqüência[...] Umaclassificação
delivros,nãoposso
repetir
maisenfaticamente,é umaclassificação doconhecimento (SAYERSapud
PIEDADE, 1983,p.66).

Adistinçãofeitatãofreqüentemente entreclassificação
doconhecimento e
classificação
delivrosnãodevenoslevaraconclusões negativas[...]
Há,na
verdade,doistiposdeclassificação:
deum ladoalógica,naturale científica,
deoutro ladoa prática,arbitráriae utilitária; masna classificação
de
bibliotecas,
devemos unirestasduas,asduasfinalidades
devemsercombinadas
(BLISS apudPIEDADE, 1983,p.66).

o melhorpensamento atualmenteacreditaqueumaclassificaçãobibliográfica
éidênticaaumaclassificação doconhecimento, comalgunsajustes, devido
aomodopeloqualosassuntos sãoapresentados emlivros,masconsidera que
devemos procuraroutrosprincípiosalémdaqueles próprios
dasclassificações
científicase lógicas,poisclassificações
científicasdefenômenos naturais,
baseadas em relaçõesgênero/espécie sãosó umaparteda classificação
bibliográfica.Hámuitasoutrasrelaçõesnosassuntos dosdocumentos,relações
dapartecomo todo,dapropriedade comseupossuidor, da açãocomseu
~
paciente ou agente,e assimpordiante(LANGRIDGE apudPIEDADE, 1983, -o
~
p.66). Q)
u
~
u...
Ranganathanfoi, no entanto,aqueleque conseguiuestabelecer I~o
u-
princípiosparauma novateoriadaclassificação
bibliográfica,e o fez ~
u
<;:
tendocomobaseo próprioconhecimento. 'Vi
VI
~

A grandeproblemáticadosEsquemasde Classificação
existentes -o ~
semprefoiaadequação
dosassuntos
tratadosnosdocumentos
àestrutura .!!1
classificatória existente nos esquemas.Sobreesta problemática &
Ranganathannãoéo únicoa trabalhar,mastalvezumdosprimeirosa
tentar solucioná-Ia de forma prescritiva. Em seusProlegomena .
(RANGANATHAN, 1967,p. 370), apresentaa questãodo "Desen-
volvimentodoUniversodeAssuntos"e suarelaçãocomo conteúdode
assuntosexistentesnosdocumentos,evidenciando
que,comoprogresso
da Ciência,os livros não mais abordamapenasum aspectode um
assunto,mastêmum tal grau decomplexidadeque,na maioriadas
vezes,tratam de vários aspectosde um problema ou reúnem
conhecimento deáreasdiversas.
Sendooconhecimentoum continuum
dinâmico,eranecessáriodesenvolveruma teoriaquefossecapazdesu-
peraralgumasdificuldades
apresentadaspelasTabelas
emuso.Porexem-
plo,poderiaum assuntoserclassificado,
emgeral,nastabelasemduas
áreasdiferentes?
Eranecessária
umaestruturaclassificatória
queprevisse
taisdificuldades,comum sistemanotacionalcapazdesuperá-Ias.

Contaum de seusalunos (PALMER,AUSTIN,1971,p. 46) que


Ranganathan, comoalunodeBiblioteconomiaemLondres,aoestudar
a Classificação
DecimaldeDewey,
em1925,já seressentia
doproblema
dafaltadeadequação dosistemaparacertosassuntos.

Seusestudos em classificação práticano UniversityCollege, emLondres,


mostraram claramente a incapacidade daClassificaçãoDecimalclassificar
demodopreciso. Haviaumexercício entãousado,noqualoprofessor lia o
nomedeum livrocomumtítuloexpressivo eosestudantes forneciamum
númeroapropriado. Ranganathan muitasvezesachava quepoderia fornecer
dois:eleestava
inconscientemente encontrandoumfenômeno quejáhavíamos
observado,queosassuntos doslivroscomumente têmmaisdeumafaceta.Os
assistentesda bibliotecapúblicainglesacondicionados ao Dewey, e que
formavama maioriadosestudantes, encontravam poucadificuldade: eles
.ê estavam seguindoinconscientemente atrilhadeixadapelasbibliotecasdeonde
,ra vinham[...] MasRanganathan nãoestava condicionadoetinhaumabase
c
Q)
E intelectual
comtradiçãonopensamento analítico
e nãopodiaaceitaroscom-
::I
U promissos queo usodaClassificação Decimalexigiadele[...] Sentiuqueela
o
o erainadequada pararegistrar acomplexidade crescente
daliteratura, mesmo
E em1925,ecomeçou a lançarumasériedecaminhos paramelhorá-Ia.

.
Q)
00

~ Nestesentido,paraa elaboraçãodeum EsquemadeClassificação,


:5 RanganathanevideI)ciadoisespaços
deaçãodiferenciados:
oespaço
do

documentoeo espaçodoconhecimento.
Parte,primeiramente,parao
entendimentodeste"espaçododocumento",tentandoevidenciartoda
aproblemáticadamanifestação doconhecimento quesedáatravésdos
assuntosdosdocumentos:quais sãoos modosde formaçãodesses
assuntos,para que a tabeladeclassificação,atravésdesua notação,
possarepresentá-Ias. Inicia, portanto,analisandoos assuntospara
identificarseuselementosconstitutivos.Estes,e nãomaisosassuntos,
passama sera unidadedaestruturaclassificatória, capaz,então,deser
dinâmica o bastantepara abarcar todosos assuntosadvindosdo
desenvolvimento científico,comsuaspeculiaridades.

ParaseentendermelhorascontribuiçõesdeRanganathanemface
dosesquemas declassificaçãoexistentesé precisoidentificara teoria'
declassificação queestásubjacenteà elaboraçãodeum esquemade
classificação.A teoriada classificaçãobibliográficapassoupor dois
estágiosde evolução:o primeiro estágioé o da teoriadescritivae o
segundo,o da teoriadinâmica(KUMAR,1981,p. 78). Defato,nãose
podeafirmar queexistauma TeoriaDescritiva.O nomefoi dadopor
RanganathanparacontraporàTeoriaDinâmica.

Até a décadade 30, os esquemasde classificaçãobibliográficos


existentes não estão elaborados de forma a acompanhar o
desenvolvimentode um "Universode assuntosdinâmico, infinito,
multidimensional, multidirecional e sempre turbulento"
(RANGANATHAN, 1967,p. 373), e, por isso,acabamquasesempre
tornando-se
obsoletos,
poispossuem escassaspossibilidades
deinclusão "'"'"
denovosassuntosemsuastabelas.A "teoria" subjacenteà elaboração ãJ
u
'"
u..
dosprimeirosesquemas denomina-se descritiva,poisdescreve
o estado o
''''
(j>
atualdoconhecimentoe não temmecanismos quepermitamatender '"
u
àsmudançasadvindasdasdiversasáreasdoconhecimento. <;:
'Vi
V>
'"
U

.
'"
3Segundo Kumar (1981, p. 77), "Uma teoria refere-se a um corpo organizado "
de princípios. Estes princípios fornecem direção a profissionais do assunto .~
tratado.Qualquerteoria,assimcomo qualquer assunto, vai ao encontro de ~
um processo de crescimento e desenvolvimento. Assim, uma teoria deve ro.
ser elementar por um lado e avançada por outro, dependendo do seu estágio
de desenvolvimento".
OsClassificacionistasanterioresa Ranganathanorganizamos
esquemasa partir dosassuntosrepresentativos da literaturada área,
naquelemomentohistórico, isto é, os elementosconstitutivosdos
esquemassãoos assuntosrepresentados a partir da freqüênciade
ocorrênciana literatura.Só permitem,por issomesmo,representar o
conhecimento já estabelecido.
Daíadificuldadeemclassificarassuntos
novos,muitosdosquaisaindasemum nomefixado.Pode-se afirmar
que,naquelesesquemas, nãoocorrea ligaçãoentreo conhecimento e
as classificações,mas entre os assuntosdos documentose as
classificações.

A partir da primeira ediçãoda Colon Classification em 1933,


Ranganathanapresenta uma novamaneiradeelaborarclassificações
bibliográficas.Eleconstróium esquemaquegaranteum lugarparaos
novosassuntos quevenhamasurgircomadinâmicadoconhecimento.
Osprincípiosquepassamaregeraelaboração detaisclassificações
estão
contidosna teoriaqueRanganathanapresenta comoTeoriaDinâmica
doConhecimento:

UmaTeoriaDinâmicaé aquelaqueécapazdeproduzirumametodologia
seguraparao planejamento deumesquema declassificação
bibliográfica.
Talteoriapossibilitaorganizarnovosassuntos
eassuntos jáconhecidosem
lugaresapropriados noesquema, semtrazerdificuldades
paraa seqüência
útil (KUMAR,1981,p.82).

Estateoriaé descritapela "primeira vezna segundaediçãodos


Prolegomenato Library Classification(publicadoem 1957).Este
.ê trabalhoapresentaa descriçãoda TeoriaDinâmicada Classificação
't't!

~ Bibliográficadesenvolvidaaté 1955.Uma avançadaversãoda Teoria


§ Dinâmicafoi publicadaem 1967,na formada terceiraversãodo
8 ProlegomenatoLibraryClassification"(KUMAR,1981,p.83).Como

.
E desenvolvimento
C]) . doseuestudopode-se
observar
que,emtodoo trabalho,
~ eledesenvolve
primeiramenteumaatividadepráticaparadepoisteorizar
.~ sobre
-' estaprática.Ranganathan
não.apresenta,
porém,ateoriadeforma
didática.Osprincípiosquenorteiamaelaboração destetipodeesquema
estãodistribuídos
portodaaterceiraediçãodoProlegomena. Naverdade,
a TeoriaDinâmicadoConhecimento paraa Classificação
Bibliográfica
éconstituídaportodososPostulados,
PrincípioseCânonesapresentados
na terceiraedição,elaborados
paracadaum dosplanosdetrabalhoda
classificação:
PlanoIdeacional,PlanoVerbale Plano~otacional.

Deumamaneirageral,aTeoriaDinâmicavemsecontraporàTeoria
Descritiva.Se,nestaúltima, seconfundema estruturada tabelae os
assuntosdosdocumentos, naquelao esquemaé elaboradoa partir da
estrutura do conhecimento,com mecanismosque possibilitam a
constanteinovaçãodoconhecimento. Defato,oqueelatornapossível é
organizaros conceitosrelevantesdas áreasrepresentadas, os quais
devidamente codificados(notação)e combinadosemumaordempre-
estabeleci
da representam osassuntosdosdocumentos.O assuntonão
estáprontono esquema;eleé construídono momentoda análisedo
documento.Assim,seo usodaTeoriaDescritivapermiterepresentar o
conhecimentoregistradode um dadomomentohistórico,a Teoria
Dinâmica,porsuavez,vai interagircomestarealidade,já quepossui
princípiosquenorteiama elaboraçãodeesquemasflexíveis.

Nodesenvolvimento daTeoriaDinâmica,Ranganathanapresenta
uma visãofilosóficadodesenvolvimento
doconhecimento,a partir da
definiçãodoUniversodeConhecimento comoumaespiralqueestáem
movimentocontínuo agregandonovosconceitos,trazendopara o
UniversodeTrabalhodaClassificaçãoumaperspectiva
dinâmica.

A seguir,faz-seuma brevedescriçãodosesquemasqueadotamos
"~
~
Q)
u
princípiosdaTeoriaDescritivae daquelesqueadotam..o.s
princípiosda ~
u...
TeoriaDinâmica,classificadossegundoo próprioRanganathan(1967, o
I~
v-
p.94). ~
u
<;::
.ij;
VI
2.1.1 Caracterização dos esquemas descritivos ~
O

.
~

Osesquemasproduzidosdurantea vigênciada TeoriaDescritiva ~


foram classificados
por Ranganathanem Esquemade Classificação .~
~
Enumerativa,EsquemadeClassificação
QuaseEnumerativa,Esquema
deClassificaçãoQuaseFacetada.
Deformageral,estes
esquemas
possuem
uma tabelabásicaquetemporfunção"enumerartodososassuntos -
dopassado, dopresenteedofuturoantecipado"(RANGANATHAN, 1967,
p.95).Astabelassão,em geral,longas,encontrandodificuldadeem
"acomodarnovosassuntosnumaposiçãoadequadacom respeitoaos
assuntosexistentes"(KUMAR,1981,p. 68). Sua basenotacional
caracteriza-seporpossuirdígitossemanticamente ricos,ondeosassuntos
sãoenumerados, acarretandoclassesnuméricaslongas.Nestes esquemas
verifica-se,ainda,queosassuntosdosdocumentosqueexisteme que
virão a existirsãodeterminados a priori da criaçãodetaisesquemas.
Nãoexiste,assim,umaseparação nítidaentreo momentodaelaboração
dosesquemas e,conseqüentemente, da representação do estadoatual
doconhecimento, eo momentodaanálisedodocumento.

Pode-se dizerqueadiferençabásicaentreosEsquemasEnumerativo,
QuaseEnumerativoe QuaseFacetado,quetomampor basea Teoria
Descritiva,é quenosEsquemas Enumerativos existeumaúnicatabela
queenumeraassuntos
básicos
- suabasenotacional
é monolíticae
devecomportar todosos assuntosbásicos;nos EsquemasQuase
Enumerativosamplia-seaindamaisa tabela- queagoranãoé mais
singulare passaa serprincipal- queenumeraassuntos
básicos
e
compostos,verificando,ainda,acriaçãodetabelasdeisoladoscomuns,4
e nosEsquemas QuaseFacetados estãopresentestodososelementosdo
Esquema anterior,acrescidos
detabelasdeisoladosespeciais
edealguma
orientaçãopara a elaboraçãoda notação,que é menosmonolítica
(RANGANATHAN, 1967,p.95-105).
.ê Estesesquemasforam mais tardeclassificados por Ranganathan
.",
c
Q) comopertencentes a doisperíodos:o PeríodoPré-Faceta,
quedatade
E
:J
U 1876a 1896,n oqualosEsquemas EnumerativoseQuase Enumerativos
o
o estãoinseridos;eo PeríodoTransiçãoparaa Faceta,quedatade1897a
E 1932,no qualosEsquemas QuaseFacetados podemserincluídos.
Q)

.
00
'"
:J
00
:§ 4 Isolado comum: Isolados (ver subitem "Elementos da Estrutura
Classificatória") que podem integrar assuntos compostos em todos ou quase
todos os assuntos básicos. Ex.: local, tempo.
o PeríodoPré-Facetaé caracterizadopor Ranganathan(1978,
p. 17) a partir dos seguintespontos: 1. Uso dos conteúdosde
conhecimento
oudosassuntos
doslivros- ou macropensamentos
-
comobaseparaa classificação e arranjodoslivrose desuasentradas
principaisnoscatálogos
ebibliografias;2.Usodeum sistemanotacional
ou númerosordinaispara mecanizaro arranjo doslivrose de suas
entradas;3.Usodafraçãodecimalpuranosistemanotacional.

No PeríododeTransiçãopara a Faceta,foi introduzidaa notação


mista, pois osesquemasenumerativosexclusivamentemonolíticos
mostraram-seinsuficientespara acompanhar as mudançasque
começamasurgirnoiníciodoséculoXX(RANGANATHAN, 1978,p.2I),
taiscomo:a acumulaçãomundialdecercade12milhõesdedocumentos
- inclusiveosmicrodocumentos,
a uma taxaanualdecrescimentode
cercadeum milhãodedocumentos; astentativasdospróprioscientistas
paraenfrentara situaçãoeseusfracassos;eaprofissãobiblioteconômica
quenãosedesenvolveu o suficiente.

Ranganathan eseusseguidores
consideram Esquemas Enumerativos
a Library of CongressClassification e a Rider's International
Classification;
EsquemaQuaseEnumerativo,a DecimalClassification,
de Melvil Dewey;e EsquemaQuaseFacetado,a UniversalDecimal
Classification.

2.1.2 Caracterização dos esquemas com base na ra


Teoria Dinâmica "'C
ra
Q)
u
. ra

AprimeiraediçãodaColonClassijication,em 1933,é considerada ~


como o primeiro esquemade ClassificaçãoFacetadaregidapelos 'g.
u
princípios da Teoria Dinâmica do Conhecimento,muito embora ~
Ranganathanafirme, mais tarde,no Prolegomena, que o termo ~
"Facetada"não foi usadonaquelemomentoe, sim, anosmaistarde -25
(RANGANATHAN, 1967,p. 106).Porém,já no primeiro ano desua '§
profissãocomobibliotecário,a idéiasobreo conceitocomeçoua se ~

formar
emsuamente.
Conta
Ranganathan
que,naquele
período,
.
verificouqueastabelasdaCDDeLCfalhavamaonãopermitirexpansões
emsuaclassenumérica.

Naqueles anos,osprincipaisassuntosdemeuinteresse erammatemática,


literaturaeeducação.Emtodosesses camposdeassuntos, vi queo Esquema
Enumerativo daCODnãopermitiaaco-extensão daclasse numérica.Achei
queissoerapiornoassunto História.EunãopodiadizerondenaCOO estava
afalha.Eunãopodiadizerentãoo queeraumaclassificação facetada.
Mas
algumacoisaocupava meupensamento continuamente.Umdiaaconteceu
queeuvi umjogo"Meccano" emumadaslojasSelfridges emLondres. Foio
quemedeuapista.Issomefezsentirqueo númerodeclasse deumassunto
deveriaserrealmentefeitopelareuniãodos"NúmerosdeFacetas" encontrados
emdiversas tabelas
distintas,
domesmo modocomoumbrinquedo queéfeito
pelareuniãodeumavariedade departes.Escolhio dígitoDoisPontos(:)
comoo dígitoconectante paraqualquerfacetaisolada.Posteriormente,
isso
tambémmefezsentirqueumassunto deveria
seranalisadoemfacetas antes
queseunúmerodeclassepudesse serconstruído(RANGANATHAN, 1967,
p.106).

Osprincípiosda TeoriaDinâmicainfluenciam um novotipo de


Classificação
Bibliográfica,aClassificação
Facetada,
quenãoserárefém
da "emergênciade novosassuntos",mas,ao contrário,possibilitará
hospitalidade.
AColonClassifica/ionéconsiderada oprimeiroesquema
facetado.Suasediçõesposterioresapresentamaperfeiçoamentos que
levamRanganathana classificarasprimeirasedições(a P em 1933,a
2aem1939e a 3aem1950)emRigidamenteFacetadas easposteriores,
emLivrementeFacetadas (4aed.em 19525emdiante).

'" O EsquemaRigidamenteFacetado secaracterizacomoaqueleem


.;::
,'" que "as facetase suasseqüências
sãopredeterminadasparatodosos
c
Q)

§ 5 ParaKumar(1981,p. 72 ), sãotrêsos períodosda ColonClassification:o


~ período Rigidamente Facetado, que vai da 1" à 3" edição, o período Quase
O Livremente Facetado, que vai da 4" edição até a 6" edição (1963) e o período
~ Livremente Facetado, a partir da 7" edição, que ele chama de Versão 3 da

.
~ Colon Classification. O segundo período é assim justificado: "Um esquema
5b se torna quase livremente facetado porque o uso de diferentes dígitos
:§ indicadorespara diversos tipos de facetas e o conceito de ciclos e níveis
removeram a rígidez severa no número e na seqüência das facetas que podem
ocorrer num assunto composto. No entanto, alguma rigidez se escondia com
relação aos níveis de facetas dentro de um ciclo."
assuntos e acompanhamuma classebásica"(RANGANATHAN, 1967,
p. 107),ouseja,cadaclassebásicatemumafórmulafacetadae todosos
elementosdafórmuladevemestarpresentes no assunto - o que,por
vezes,não ocorre.É issoque tornao esquemarígido (KUMAR,1981,
p. 72). Nestafase,Ranganathanprocuraevidenciara estruturado
conhecimento (fórmuladefaceta)decadaáreadoconhecimento (classe
básica)etransferi-Ia
paraoplanododocumento.Noentanto,osassuntos
tratadosnos documentosnão englobam,na maioria dasvezes,o
conhecimento comoumtodo,e,sim,partedele.Elepercebe, então,que
é necessáriosepararestruturado conhecimentoe representação do
assuntododocumentoparatornaro sistemamaist1exível-nestecaso,
naelaboração danotação.AColonClassifica/íoné,então,aprimorada,
tornando-seumaClassificação LivrementeFacetada.

Num esquemalivrementefacetadodeclassificação,semqualquerinfluência
dastabelasdeclassificaçãoexistentes,quaisquerquesejamasfacetasque
ocorramnum assuntocomposto,elassãodescobertas pelaanáliseda faceta
daqueleassunto.Aseqüência
apropriadadasfacetasencontradasédeterminada
deacordocomospostuladoseprincípiosestabelecidos. Ostermosdasfacetas
sãoorganizadosnestaseqüência.Logo,cadatermodafacetaésubstituídopor
seunúmeroda faceta.Finalmente,osnúmerosda facetasãosintetizadosno
númerodaclassecomo auxílio dodígitodeconexãoapropriado.Assim,cada
assunto
composto
determina
suaspróprias
facetas
- enúmeros
declasses.
Determina,
também,~uaprópriaseqüência
defacetas.
Nãohánadarígido
nemno númeronemnasucessão defacetas.
Thdoélivre.Époristoqueo
esquemaé chamadoClassificação
Livremente
Facetada.Tendoemvistaa ~

análisee a síntese,que figuram sucessivamente


no cursoda classificação, ]
outronomeparaesse
tipodeclassificação
éaClassificação
Analítico-Sintética. ~
Comoaseqüênciadefacetas
deumassunto composto édeterminada
deacordo ~
comalgunspostuladose princípiosbásicos
aplicáveis
a qualquerassunto '(3.
~
composto,a fim deenfatizar essacaracterísticada classificaçãoanalítico- "g
sintética, ela é chamadade ClassificaçãoAnalítico-SintéticaGuiadapor .~
Postulados e Princípios.Deve-se
enfatizarquequalquerClassificação
Facetada U

.
não é analítico-sintética a menos que seja livremente facetada .g
(RANGANATHAN,1967,p.109). .ê
o
~
As ClassificaçõesLivrementeFacetadaspassam,assim, a ser
chamadasdeAnalítico-Sintéticas.
2.2 PRINCíPIOS DA TEORIA DA CLASSIFICAÇÃO
FACETADA

A Teoriada Classificação
Facetada,
comotodateoria,é um corpus
complexo.Paraquepossasercompreendida em todaa suaextensão,
procura-seorganizarsua exposiçãode modo a seguirum pretenso
caminhododesenvolvimento dasidéiasdeRanganathan,umavezque
suasobrasbásicas,citadasnoinÍCiodesteCapítulo,nãoo indicamnem
apresentamuma disposiçãodidática. Pode-seobservarque os
fundamentosquepermitemo entendimentodesuaTeoriacomoum
todoestãodistribuídosnaquelasobras.Assim,acredita-seque,para
chegaraonúcleodesteestudo,istoé,aosprincípioscomunsàTeoriada
Classificação,
TeoriadaTerminologiae TeoriadoConceito,a presente
disposiçãoé a maisadequada.

2.2.1 Universo do conhecimento e universo


dos assuntos
Aimportânciadaproduçãodoconhecimento ea int1uênciaqueessa
produçãoexercesobreo planejamentode esquemade Classificação
Bibliográficaétemarelevante
nostrabalhosdeRanganathan. Oprocesso
derelacionarobjetosefatoséumprocesso classificatório,
o quefazcom
que Ranganathantraga essasquestõespara dentro da Teoriada
Classificação.NosProlegomena (RANGANATHAN, 1967,p. 80), ele
discuteo processodeformaçãodeconceitose suarelaçãocomo que
denominaUniversodasIdéiasoudoConhecimento esuaint1uênciano
rn
.;::
,rn
trabalhodaclassificação.

~E SegundoRanganathan,o homemdepositana memóriaperceptos


a
o puros,istoé, impressões
produzidaspor qualquerentidadeatravésde
o um sentidoprimáriosimples.Porexemplo,a luz quevemdasestrelasé
~ operceptoproduzidoporumaentidadedomundofísico

.
asestrelas.
- As
~ entidadescorrelatasde um percepto,que estãofora da mente,são
:.5 denominadaspor Ranganathandepercepção. Quandoa impressãoé

. depositada
perceptos
na memória,comoresultadodaassociação
puros,formadossimultaneamente
dedoisoumais
ou numasucessãorápida,
nãotemosmaissomenteumpercepto puro,masumpercepto
composto.
Comoficaclarono exemploabaixo:

Vamosassumirqueo perceptopurodosom"COIVO", emitidosimultaneamente


pelamãe,setornaimpressonamemóriadacriançacomoo perceptocomposto
"COIVOcrocitante".Vamos,alémdisso,assumirqueoperceptopurodacordo
COIVOe o perceptopuro do som "preto" emitidopelamãesejaassociadona
memóriadacriança.Entãoo perceptocomposto"COIVO é pretoeelecrocita"
ou "COIVOpretocrocita"éformadonamemóriadacriança.Logo,um percepto
compostopodeserformadopelaassociação dedoisou maisperceptospuros
(RANGANATHAN, 1967,p. 80).

Nomomentoemquesãodepositados namemóriaosperceptos puros


e compostos,dá-seuma associaçãoe os conceitos se formam.
Ranganathan(1967,p. 80) alertaparao fatodequea linha divisória
entreumpercepto composto - aqueleformadopelaaglutinaçãodevários
perceptos puros- e o conceitoé tênue.Oprimeiro,istoé, o percepto
composto,transitaparao último,sendosónecessário somaraoprocesso
deaglutinaçãoo processo deassociação, o queacarretaoestabelecimento
derelações.Dessaforma,éapartirdaformaçãodosconceitosquesevai
produzirna mentedo serhumanoum quadrode identidadecom o
mundoqueocerca.Emummomentoposterioràformaçãodosconceitos,
istoé, a partir da existênciadeum padrãoconceitualjá estabelecido,
podeocorrera assimilação denovasexperiências,o quelevaaoprocesso
que Ranganathan denomina de apercepção.O conjunto destas
apercepções depositadas namemóriasedá,então,apartirdosconceitos ra ra
"'O

já presentesnamemória,como acréscimodaassimilaçãodeperceptos ~u
ra
recentemente recebidos e conceitosrecentementeformados. LL.
o
Ira

Para chegarmos,entretanto,à definição de Universode Ô


Conhecimento
emRanganathan, serápreciso,
primeiramente,
analisar ~
aindaosconceitos
deidéia,informação,conhecimento Idéia Õ
eassunto.
paraRanganathan (1967,p. 81)é um produtodopensamento, da .g
ra
reflexão,da imaginação,quepassoupelointelecto,integrandocoma '§
<1J
ajudada Lógicauma seleçãodeconjuntosde apercepção,
e/ou I-'"

diretamente
apreendida
pelaintuição
edepositada
namemória.
.
A informaçãosedariano momentoemqueuma idéiaé comunicada
por outros ou obtida a partir do estudopessoale da investigação.
Conhecimento é definidocomoa totalidadedeidéiasconservadas pela
Humanidade;assim,nestesentido,conhecimento podesersinônimode
Universode Idéias. Assuntoé um corpo de idéias organizadase
sistematizadas,
porextensãoe intensão,queincidedeformacoerente
no campodeinteresse, decompetênciaintelectuale deespecialização
inevitáveldeumapessoa normal (RANGANATHAN, 1967,p. 92).

O UniversoOriginalde Idéias,tambémchamadode Universodo


Conhecimento,não só é o local onde as idéiasconservadas
estão
agrupadas,
mastambémo localondeexisteum movimentoquepropicia
um repensarconstantesobrea apreensão
dasobservações
feitaspeloser
humano,apartir domundoqueo cerca.O UniversodoConhecimento

éasomatotal,nomomento,doconhecimento acumulado.Eleestásempre
em desenvolvimentocontínuo.Diferentesdomíniosdo Universodo
Conhecimentosãodesenvolvidos
pordiferentes
métodos.OMétodo
Científico
éumdosmétodos reconhecidos
dedesenvolvimento[...]OMétodo
Científico
écaracterizado
pelomovimentosemfimemespiral(RANGANATHAN, 1963a,
,p.359).

Assim, paraexplicaro movimentodopróprioatodeconhecer,


percebere sua influência sobre os esquemasde classificação,
Ranganathanapresentaa Espiraldo Universodo Conhecimento, que
possuivárias fasesno seu desenvolvimento.Por conveniênciade
referência,Ranganathan(1963a,p. 359) utiliza a denominaçãodos
.ê pontoscardeaisparademonstrá-Ias:
.."
E
(!)
E
NADIR- apresenta
a acumulaçãodosfatosobtidospelaobservação,
::J
U
o
experimentaçãoe outras formas de experiência.

~ ASCENDENTE - apresentaa acumulaçãode leis indutivas ou

.
~
::J
empíricasemreferênciaaosfatosacumuladosemNadir.
0.0 A

:.5 ZENITE- apresentaasleis fundamentaisformuladas,isto é, a


compreensão
de todasasleisindutivasou empíricasacumuladasno
I Ascendente
comimplicações
obrigatórias.
nãotemosmaissomenteumperceptopuro,masumperceptocomposto.
Comoficaclaronoexemploabaixo:

Vamosassumirqueoperceptopurodosom"calVo",emitidosimultaneamente
pelamãe,setornaimpressonamemóriadacriançacomo operceptocomposto
"calVocrocitante".Vamos,alémdisso,assumirqueo perceptopurodacordo
calVoe o perceptopuro do som"preto" emitido pelamãesejaassociadona
memóriadacriança.Entãoo perceptocomposto"COIVO é pretoeelecrocita"
ou "COIVO
pretocrocita"éformadonamemóriadacriança.Logo,um percepto
compostopodeserformadopelaassociação
dedoisou maisperceptospuros
(RANGANATHAN, 1967,p. 80).

Nomomentoemquesãodepositados namemóriaosperceptos
puros
e compostos,dá-se uma associaçãoe os conceitosse formam.
Ranganathan(1967, p.80)alertaparaofatodequealinhadivisória
entreumpercepto - aquele
composto formado
pelaaglutinação
devários
perceptos puros- e o conceitoé tênue.Oprimeiro,istoé, o percepto
composto,transitaparaoúltimo,sendosónecessário somaraoprocesso
deaglutinaçãooprocesso deassociação,
oqueacarretaoestabelecimento
derelações.Dessaforma,éapartirdaformaçãodosconceitosquesevai
produzirna mentedo serhumanoum quadrode identidadecom o
mundoqueocerca.Emummomentoposterioràformaçãodosconceitos,
istoé, a partir daexistênciadeum padrãoconceitualjá estabelecido,
podeocorrera assimilação denovasexperiências,
o quelevaaoprocesso
que Ranganathan denomina de apercepção.O conjunto destas
ra
apercepções depositadas namemóriasedá,então,apartirdosconceitos "'O
ra
já presentesnamemória,como acréscimodaassimilaçãodeperceptos ~u
ra
recentemente recebidoseconceitosrecentemente
formados. u.
o
Ira
Para chegarmos,entretanto,à definição de Universode 13
Conhecimento emRanganathan, serápreciso,primeiramente,analisar ~
aindaosconceitosdeidéia,informação,conhecimento e assunto.Idéia D
para Ranganathan(1967,p. 81) é um produtodo pensamento,da .g ra
reflexão,da imaginação,quepassoupelointelecto,integrandocoma '§ClJ
ajuda da Lógica uma seleçãode conjuntos de apercepção,e/ou ~
diretamente
apreendida
pelaintuição
edepositada
namemória.
.
A informaçãosedariano momentoem queuma idéiaé comunicada
por outros ou obtida a partir do estudopessoale da investigação.
Conhecimento é definidocomoa totalidadedeidéiasconservadas pela
Humanidade;assim,nestesentido,conhecimento podesersinônimode
Universode Idéias. Assuntoé um corpo de idéias organizadase
sistematizadas,
porextensãoe intensão,queincidedeformacoerente
no campodeinteresse, decompetência intelectuale deespecialização
inevitáveldeumapessoa normal (RANGANATHAN, 1967,p. 92).

O UniversoOriginalde Idéias,tambémchamadode Universodo


Conhecimento,não só é o local onde as idéiasconservadas
estão
agrupadas,
mastambémo localondeexisteummovimentoquepropicia
um repensarconstantesobrea apreensão
dasobservações
feitaspeloser
humano,apartir domundoqueo cerca.O UniversodoConhecimento

éasomatotal,nomomento,
doconhecimento acumulado.
Eleestásempre
em desenvolvimento
contínuo.Diferentesdomíniosdo Universodo
Conhecimentosãodesenvolvidos
pordiferentes
métodos. OMétodo
Científico
éumdosmétodos reconhecidos
dedesenvolvimento [...] OMétodo
Científico
écaracterizado
pelomovimentosemfim emespiral(RANGANATHAN, 1963a,
,p.359).

Assim, paraexplicaro movimentodo próprioatodeconhecer,


percebere sua influência sobre os esquemasde classificação,
Ranganathanapresenta a EspiraldoUniversodo Conhecimento, que
possuivárias fasesno seudesenvolvimento.Por conveniênciade
referência,Ranganathan(1963a,p. 359) utiliza a denominaçãodos
.ê pontoscardeaisparademonstrá-Ias:
,'"
E
Q)
E
NADIR- apresentaa acumulação dosfatosobtidospelaobservação,
:J
U experimentaçãoe outras formas de experiência.
o
~ ASCENDENTE - apresentaa acumulaçãode leis indutivas ou
~
:J
empíricasem referênciaaosfatos acumulados em Nadir.
0.0 ~

:§ ZENITE- apresentaasleis fundamentaisformuladas,isto é, a


compreensãode todasas leisindutivasou empíricasacumuladasno
11 Ascendente
comimplicaçõesobrigatórias.
DESCENDENTE - marca a acumulaçãodas leisde deduçãona
direção das leisfundamentais de Zênite.

Esses pontos cardeais produzem quatro quadrantes no ciclo da


espiral, a saber:

QUADRANTE1

Situa-se entre Descendente e Nadir. Corresponde ao estágio do


desenvolvimento do domínio do Universo do Conhecimento, onde os
fatos são encontrados e registrados. Nele estão inseridos os seguintes
conceitos: experimentação, observação, concretude e particularização.

QUADRANTE2

Situa-se entre Nadir e Ascendente. Corresponde ao momento em que


as leis empíricas ou indutivas são formuladas e registradas. São os
seguintes os conceitos nele inseridos: intelecto, indução, abstração,
generalização.

QUADRANTE 3

Situa-se entre o Ascendente e Zênite. Corresponde ao estágio em que


as leis fundamentais são entendidas e registradas. Intuição, abstração e
generalização são conceitos inseridos,

QUADRANTE4
eu
Situa-se entre Zênite e Descendente. Corresponde ao momento em "'C
eu
que as leis dedutivas são derivadas e registradas. Os conceitos inseridos Q)
u
eu
LI...
são intelecto, particularização, dedução e concretude. o
leu

Tendo a Espiral um movimento contínuo e infinito, a cada novo 13

cicloé necessário reintroduzir o quadrante 1, que se torna um pouco ~eu


diferente, a saber: observações e experimentos são feitos para verificar D
empiricamente a validade de novas leis; além disso, observações e .geu
experimentossão feitoscontinuamente, conduzindo à acumulação de '§(lJ
novos fatos empíricos. Neste movimento contínuo, verifica-se que, em t"'"

dado momento, existem contradições entre os fatos empíricos e as leis 11


fundamentais atéentãoexistentes.
Temosquereconhecer, nesteinstante,
aexistênciadenovasclasses defatosedeclarara incidênciadacrisena
aplicaçãodométodocientífico.Assim,novasclasses
defatosempíricos
sãoacumuladosemNadire um novociclonaEspiralseinicia (verFig.
2) (RANGANATHAN, 1963a,p. 364).

f\Jr.aD~~NrA1i
lENITH

'"
.;::
,'"
c
Q)
E
::J
U
o
o
E

.
Q)
00
'"
::J
00
c:
::;
Figura 2 - A Espiral do Universo do Conhecimento
(RANGANATHAN, 1963 a).
Além daEspiraldoConhecimento eparaevidenciar aindamaisa
ligaçãoentreaproduçãodeconhecimentoeosesquemas declassificação,
Ranganathanapresentatambéma Espiraldo Desenvolvimento de
A'Isuntos:
seo movimentodaEspiraldoConhecimento propiciao atode
perceberosfatosqueocorremno mundofenomenal,coma Espiraldo
Desenvolvimento deAssuntosé possívelverificara relaçãoentreeste
percebere a produção de conhecimento que, no nossocaso, é
conhecimentoregistrado.

Apesardeestasquestõesteremum cunhofilosófico,Ranganathan
deixaevidente,
atodomomento,suapreocupação emrelacioná-Ias com
o universode trabalhoda documentação,apresentando como uma
metaespiraldo conhecimentoa espiraldo universode assunto.Estes
assuntosseapresentam e sãoanalisadosna áreadadocumentação a
partir dos documentosproduzidospor um grupo de falantes de
determinadouniversodediscurso.Dessaforma,a garantialiteráriaea
dinâmica do conhecimentoandam juntas, e sãoessesfatoresque
determinama relaçãododocumento comoconhecimento einfluenciam
aelaboração deesquemasclassificatórios
paraaáreadadocumentação.

A Espiraldo Desenvolvimento deAssuntos(RANGANATHAN, 1967,


p. 372) é uma metaespiralda Espiraldo Universodo Conhecimento,
poiséregidapelasmesmasleisdomovimentocontínuoedodinamismo
queregema Espiraldo Conhecimento. O movimentoem espiral(ver
Fig.3) podesercaracterizadoa partirdefatosquepodemosobservarno
desenvolvimento denovosassuntos, asaber:novosproblemas;pesquisa
fundamental;pesquisaaplicada;projetopiloto;novasmáquinas;novos
materiais;novosprodutos;utilizaçãodestesprodutos;novosproblemas.

.
Figura 3 - A Espiral do Desenvolvimento de Assuntos
(RANGANATHAN 1967).

O Método Científico em Espiral propicia a integração constante do


conhecimento, do desenvolvimento de assuntos e a relação com a
atividade de trabalho da classificação. Ranganathan, assim, é singular
na medida em que evidencia essa dinâmica, esse movimento constante
<1J
''::
'<1J
e a possibilidade também de constantes modificações no Universo do
C Conhecimento e de Assuntos que influenciam o Universo de Trabalho
Q)
E
::J da Classificação.
U
o .
OE 2.2.2 Universo de trabalho da Classificação

.
Q)

~ NoUniversode Trabalhoda Classificação,


Ranganathandemarca
:§ três planos de trabalho: Plano Ideacional, Plano Verbal,Plano
Notacional. O trabalho nestes planos é mentalmente separado, cada um
. deles possuindo princípios normativos próprios, como se verá a seguir.
1) Plano Ideacional

O PlanoIdeacionalé o plano ondeexistea formaçãode todoo


processo dopensar,poiseleserelacionacomo trabalhodamente,"que
éo lugarondeseoriginamasidéias"(RANGANATHAN, 1967,p. 327).É
o planoda análisedosconceitos,independentemente do termoqueo
denota ou do número que pode representá-loem uma tabela de
classificação
(KUMAR,1981,p. 17).

Ranganathan apresenta
oPlanoIdeacionalcomoumplanosuperior,
pois,segundoele,osnúmerose aspalavrassónosinteressamporque
existeuma idéia atrásdelas,sendoos outros doisplanossomente
manifestações
doPlanoIdeacionalqueé invisível.
Vamosolhar uma tabelade classesou de isolados.Percebemos
númerose
palavrasapenas.Aliestãomanifestadoso Plano~rbal eo Notacional.O Plano
Ideacional não está.As idéias se escondematrás dos números que as
representame aspalavrasque asdenotam.Essesnúmerose palavrasnos
interessamsomenteporqueasidéiasestãoescondidasatrásdeles.O Plano
Ideacionalé o planosuperior,e aindamais,elenãosemanifestaporsi mesmo
diretamente.EleéinvisívelcomoDeus.E é tambémtãotolerantecomoDeus.
Poiselenãoforçaosoutrosalémdesuacapacidade.Eleesperacompaciência
atéelesseajustarem
(RANGANATHAN,
1967, p.335).

Otrabalhono PlanoIdeacional
é interpretadoporKaula(1984,
p.38)comootrabalhodeanálisedoconceito.Dizele:
rn
Umaidéiaéumconceito que,aotomarformaconcreta, podelevara alguma -c
rn
informação.
Aanálisedoconceitoéumatarefadifícilquetemqueseresgotada Wu
rn
naconcepção
doesquema declassificação.
Umconceito podeserumisolado u..
o
ou um assunto,
e a identificação
deconceitos,
suaposição no Universo de Irn
l)o
rn
Assuntos,seu arranjo sistemático entre outros conceitos etc. fazem do trabalho u
<;::::
umatarefaárdua. 'Vi
.."
rn

.
Nocapítuloaseguir,verifica-seque,naverdade,o PlanoIdeacional, -c
como afirma Kaula, é o plano que possibilita representaruma .ê
determinada área de conhecimento, através de seus princípios &
normativos,paraorganizarosseusconceitose formaruma estrutura
classificatória.Parece,
entretanto,queRanganathan,a partirdoPlano
Ideacional,introduznoplanodetrabalhodaclassificação
apossibilidade
de um mundo inteligível que só poderámanifestar-sea partir do
movimentodoPlanoVerbale doNotacional.

2) Plano verbal

Ranganathanafirmaque

junto com a capacidade de criar idéias,coexistea capacidade


parao
desenvolvimento deumalinguagem articuladacomomeiodecomunicação.
Eé alinguagem quediferencia
o homemdeoutrascriaturas. Alinguagem
escritafazcomqueacomunicação sejamaisdifundidadoquealinguagem
falada.Masa linguagemé maisperigosado quea idéia.Homônimos e
sinônimos, portanto,
florescem
comoervasdaninhas(RANGANATHAN, 1967,
p.327).

o PlanoVerbal,então,tempor funçãopermitir quea linguagem


possaseruma mediadoraparaa comunicaçãodeidéiasou conceitos:
ela deveserlivre dehomonímiae sinonímia,particularmenteem se
tratandodeuma linguagemclassificatóriaquenãoé uma linguagem
natural.

Kaulaafirma queo "trabalho no planoverbaltem quelevarem


consideraçãoa terminologiausadanainterpretação daquelesconceitos
aocomunicaro corretosignificadoea relaçãonocontextocomoutros
conceitos"(1984,p. 39). Assim,o planoverbaléo "planodaspalavras,
dosgruposdepalavras,frases,sentenças e parágrafosna linguagem
natural" (KUMAR,1981,p.18).
rc


c:
3) Plano Notacional
Q)
E
:J
U
O PlanoNotacionalé o plano dosnúmerosque representamos
o
o conceitos.EstePlano"seesforçaportirar osresíduos
queoPlanoVerbal
E

.
Q) causouno PlanoIdeacional" (RANGANATHAN, p. 330). Estes
1967,
bO
rc
:J resíduossão,comoseviu anteriormente,oshomônimosesinônimos.
bO

:.5 Otrabalhono PlanoNotaciol1alestárelacionadodiretamentecom

o quefoi convencionado
no PlanoIdeacional,emboracomrestrições:
a relaçãoentreo PlanoNotacionaleo PlanoIdeacional
é adosenhore o
criado.Mas,assimcomoumtemqueseguirtodasasextravagânciasefantasias
deseusenhor,também oPlanoNotacionaltemquedesenvolver
suacapacidade
eversatilidade,
comoobjetivodecomplementar totalmente
asdescobertas
no
PlanoIdeacional (KAUlA,1984,p.38).

O Plano Notacional permite, atravésdosseusprincípios normativos,


que o princípio da hospitalidade possa manifestar-se na estrutura
classificatória, isto é, que novosconceitoscriados no Plano Ideacional
tenham seulugar garantido nastabelas.Ele possibilita a representação
dos assuntosexistentesnos documentose a manipulação do arranjo
dosdocumentos.

OPrincípiodaHospitalidade foi considerado,


inicialmente,comoa
propriedadequeum Esquema deClassificaçãopossuipararecebernovos
assuntos.Esteconceitofoi primeiramenteutilizado por Cuttere se
denominava Expansividade.MelvilDewey,naprimeiraediçãodaDecimal
Classification,ao elaboraruma notaçãoquetem por basea notação
decimal, introduziu esteprincípio sem,contudo, denominá-Ioou
apresentarqualquerteoriaa respeito.Assim,

oespaçoempregado naclassificação decimalparaguardarhospitalidadeda


notaçãoé afixaçãodolugardevalordodígitodeum número,comoseele
estivesse
sendousado comoumafraçãopuramente decimal[...]porexemplo:
336representaFinanças Públicase ficaentre33querepresenta Economiae
34querepresentaDireito[...]Aseqüênciacorreta
dosnúmeros ordinaisdados
<'ti
deveser33,336,34,poiselesdevemserlidoscomofraçãodecimalpura -o
<'ti
(RANGANATHAN,
1951 p. 19). Q)
U
<'ti

Ranganathan, noentanto,introduzumnovoaspectoparaoconceito .<'tI ~


deHospitalidade, apresentandoa Hospitalidade
ou Expansividadeem u~
sópermitiaainclusão ~
MuitosPontos.OconceitoinicialdeHospitalidade
de novosassuntosdentrodasclassesprincipaise subclasses;não era 8
possívela inclusãodenovasclassesemsuabasenotacional.Assim,a .g
representação
doconhecimento ficavarestritaa dezclasses
principaise '§
todoassuntonovoquesurgisse
deveriaserclassificadodentrodessabase. ~

A Hospitalidadeou Expansividade
em MuitosPontostornapossívela .
introduçãodediversos
mecanismos
paraqueoesquemadeclassificação
acompanhea dinâmicadoconhecimento.Sãoeles:

a) ampliação
dabasenotacional
- Ranganathan
passa
a utilizar
uma notaçãoalfabética,coma introduçãododígitooitavizante;

b) ampliaçãodosrenques,
poiso mecanismododígitooitavizanteé
introduzidotambémnosrenques;

c) organização da estrutura classificatória em categorias


fundamentaisPMEST(Personalidade,Matéria, Energia,Espaçoe
Tempo)e, como conseqüência,o elementoutilizado na estrutura
classificatórianão é maiso assuntodo documento,masosconceitos
quefazempartedesteassunto, organizados
apartirdascategorias
dentro
da áreadoconhecimento;

d) adoçãodo métodoanalítico-sintético,
quepermitea separação
entreos momentosda elaboraçãode esquemasde classificação,da
análisedodocumentoedousodoesquema.

2.3 ELEMENTOS DA ESTRUTURA


CLASSIFICATÓRIA

Qualquerteoriadeveserbaseadaemprincípiosnormativos.NaTeoria
daClassificação Facetada,osprincípiosnormativossãopostuladosem
váriosníveis,desdeo processo
depensarqueo homemdesenvolve sobre
o mundofenomenalqueo cerca,e queinterferenoseuconhecimento
'" da realidade,atéo trabalhodeelaboraçãodastabelasdeclassificação.
';::
,'" Nestaseção,sãoexaminadososelementosda estruturaclassificatória,
ê:
Q)
segundoa TeoriadeRanganathan:a organizaçãodessas unidades,a
E
::J
U
o
partir desuascaracterísticas,
emrenquese cadeias,a distribuiçãodos
o renquesecadeiasnasfacetase aorganização dasfacetasnascategorias.
E

.
~
::J
2.3.1 Unidades classificatórias
00

:.§ Um dosprimeirospassosna elaboraçãode uma estrutura


classificatória
éadefiniçãodasunidadesqueconstituemosistema.
Essas
unidades,naverdade, representamosconceitos esuasrelações.NaTeoria
da ClassificaçãoFacetada,asunidadesclassificatórias sãoo assunto
básicoe a idéiaisolada.Comoseobservouánteriormente,em todaa
teoriadeRanganathanoselementos estãointerligados.Definirassunto
básicoeidéiaisoladatorna-sedifícil,porqueum conceitoédependente
do outro, ou seja,não é possíveldefinir um semdefinir o outro e
vice-versa.

o assuntobásicoé um "assuntosemnenhumaidéiaisoladacomo
componente"(RANGANATHAN, 1967,p. 83). Assuntoé definidocomo
um corposistematizadodeidéiasinseridasemumcampoespecializado
(RANGANATHAN, 1967,p. 82). Pode-se
dizer,então,queassuntobásico
representaas áreas mais abrangentesdo conhecimento, como
Matemática,Agricultura.Porém,nãosepodedizerqueAgriculturade
Milhorepresente
umassuntobásico,poiselepossuia idéiaisoladaMilho.

A idéiaisoladaé "alguma idéiaou complexode idéiasajustadas


para formarum componentedeum assuntomas,em si mesma,ela
não é consideradaum assunto"(RANGANATHAN, 1967,p. 83). Por
exemplo,Milho denotauma idéiaisolada,mas,sefor combinadocom
o assuntobásicoAgricultura,forma-seo assuntoAgriculturadoMilho.
O isolado(idéiaisolada)podeserconsideradoum conceito;algumas
vezes,porém,funcionacomouma unidadecombinatóriaquetempor
funçãofacilitar a formaçãoda notação.Quandoisto acontece,ele é
chamado,por algunsautores(KUMAR,1981,p. 19),deespecificado r.
Porexemplo,na ColonClassificatíon(1963),a formaçãoda notação
PsicologiaInfantil (S1)correspondeaoassunto básicoPsicologia
(código o
S)eaoisoladoCriança(código1).Pode-se dizerqueo representante
do 'G.
t\3
conceito,nestetipo deTabela,é a notação.Nestecaso,o isoladoé um s
especificador,istoé,um determinantedo termoPsicologia.Comisto, u ~
Ranganathanconseguerepresentar conceitosquenãoestãonomeados .g
nalíngua,comoporexemplo,
. P sicologia
+ Pré-adolescente,
Psicologia .ê
o
+ Memno. ~

11
NasuaTeoria,Ranganathan propõequ~seidentifiquemoselementos
formadores doassuntododocumento, parapoderdistribuí-Iasnatabela
(processodeanálise),deformaaagrupá-Ias denovo(processo desíntese)
atravésda notação,quedeverepresentar o assuntodo documento.Na
verdade,istoépossívelporque,paraidentificarasunidadesquedeveriam
comporsuaTabela,elefoi aoUniverso dosDocumentos afim deverificar
comoosassuntos seapresentavam naliteraturae,apartirdaí,estabelecer
os princípios de formação dos assuntos:Dissecação,Laminação,
Agregação Livre,Superposição (RANGANATHAN, 1967,p. 351).

Nosassuntosdosdocumentos, algunssãoformadosporumoumais
assuntosbásicos,enquantooutrossãoformadospelacombinaçãode
assuntobásicoe isolado.Quandoo assuntododocumentopossuidois
assuntosbásicos,diz-sequeéum assuntocomplexo;quandoéformado
por um assuntobásicoe um ou maisisolados,é denominadoassunto
composto.Matemáticapara Físicos,por exemplo, é um assunto
complexo,porqueéformadopordoisassuntosbásicos;Agriculturaem
Javae Milho emJavasão assuntoscompostos,pois sãoformados,
respectivamente,
pelacombinaçãode assuntobásico+ isoladoe de
isolado+ isolado.

A Tabelade ClassificaçãoAnalítico-Sintéticapermite apenasa


organizaçãodos isoladose dos assuntosbásicosem sua estrutura
classificatória,
porqueestes
sãooselementos
necessários
paraaformação
dos assuntoscomposto'e complexo,que fazemparte do plano do
documento.
ro

~ 2.3.2 Características
OJ

§ A Característica
é definidapor Ranganathan(1967,p. 55) como
8 "um atributoou algumcomplexo".Um atributo,porsuavez,"é uma

.
~
DO propriedade
ou uma qualidadeou uma medidaquantitativadeuma
~ entidade"(KUMAR,1981,p. 14). Ascaracterísticas
DO sãousadaspara
:§ compararoselementosclassificatórios,objetivandoformar classes
e,

dentrodestas,osrenquesecadeias.
2.3.3 Renques e cadeias
Renquessão classes derivadasde um Universocom base em uma
única característica em algum passo de divisão para estabelecer um
arran jo completo na seqüência preferida (RANGANATHAN,
1967,p. 61),
ou seja, sãoclassesformadas a partir de uma única característica de
divisão, formando séries horizontais. Por exemplo: Macieira e Parreira
são elementos da Classe Árvore Frutífera, formada pela característica de
divisão - tipo de árvoresfrutíferas.

Cadeia é uma seqüência formada por classes e seu universo de


deslocamento 1,2,3 etc. até um ponto desejado(RANGANATHAN,
1967,
p. 63), ou seja, são séries verticais de conceitos em que cada conceito
tem uma característica a mais ou a menos, conforme a cadeia
descendente ou ascendente. Por exemplo: Macieira é um tipo de Árvore
Frutífera, que, por sua vez, é um tipo de Árvore. Neste exemplo, observa-
se uma cadeia descendente.

Os renques e cadeias revelam a organização da estrutura


classificatória que é totalmente hierárquica, evidenciando as relações
hierárquicas de gênero-espécie e de todo-parte. Ranganathan desenvolve
uma série de regras (cânones) para estabelecer uma conduta uniforme
na formação dos renques e cadeias. Oscânones para a formação dos
renquessãoosda Exaustividade,da Exclusividade,da Seqüênciaútil e
da Seqüênciaconsistente.
t't!
-o
t't!
Ocânoneda Exaustividade estabelece
queasclasses formadaspor õJ U
t't!
um renquedevemserexaustivas, demodoque,sealgumtópico novo LL
o
surgir, ele podeser acrescentadoà estrutura, e esta tem que ter It't!
u-
t't!
hospitalidadepara agrupá-Ionumaclasseexistenteou numa classe <;:U
'ij;
recém-formada. V1
t't!
U
OcânonedaExclusividade estabelece
queoselementos formadores .g
dos renquesdevemser mutuamente exclusivos,ou seja, nenhum .ê
componente daestrutura(isoladoou assuntobásico) pode pertencera ~
maisdeumaclasse norenque.Ranganathan, destemodo, nãoaceitaa
poliierarquia. . 11
ocânonedaSeqüênciaútil eocânonedaSeqüênciaconsistente
são
exclusivosde Tabelasde Classificação.Determinama ordemmais
adequada paraa classificação
adotada.

Quantoaoscânonesparaaformaçãodecadeias,sãodedoistipos:o
CânonedaExtensãoDecrescente
e o CânonedaModulação.
Ranganathan (1967, p. 174) define o Cânoneda Extensão
Decrescente apartirdaseguinteexplicação:"ao mover-se numacadeia
descendente doprimeiroatéo último elo,a extensão
dasclasses oudos
isoladosordenados, conformeo caso,devedecrescer e a intençãodeve
crescera cadapasso",isto é, segundoestecânone,a classemais
abrangentedevesempreprecedera maisespecíficaem quesedivide.
Nestecânone,eleapresenta umaexplicaçãobastanteútil paratodosos
queestãoenvolvidoscom o processo declassificação,ao explicaros
conceitosdeextensãoe intenção.Realçaqueostermoscitadossãodo
âmbito da Lógica,onde existeuma sériede discussõessobreseu
significado.Adota,então,o quechamadeuma "medidatosca"para
explicá-losequeserveperfeitamente aosnossospropósitos.Aextensão
tempormedidao númerodeentidades compreendidas naclasseouno
isolado,e aintençãotempormedidaonúmerodecaracterísticas usadas
para a derivaçãodo UniversoOriginal.Utilizandouma terminologia
atual,pode-sedizerquea intençãodeum conceitoé a totalidadeou o
númerodascaracterísticas relevantesqueconstituemo conceito,e a
extensãodeum conceitoé a totalidadeou o númerodeconceitosque
abarca.Acrescenta, ainda,que,num certosentido,a extensãoé uma
.2! medidaquantitativade uma classeou de um isoladoordenado.A
EQ)
intençãoéqualitativa.

u§ OCânoneda Modulação
(RANGANATHAN,
1967,p. 176)tema
8 seguintedefinição:"Umacadeiadeclassesdevecompreenderumaclasse
~

.
decadaordemqueestejaentreasordensdoprimeiroedoúltimo eloda
~ cadeia."Istoquerdizerqueaseqüênciadascaracterísticas
naformação
~ doselosda cadeiadeveregistraroselosintermediários.A modulação
depende,assim,do uso corretodas característicasrelevantese da
seqüência deempregodestascaracterísticas.
2.3.4 Facetas

Facetaé"um termogenéricousadoparadenotaralgumcomponente
- podeserumassuntobásicoouum isolado- deum assuntocomposto,
tendo, ainda, a função de formar renques,termos e números"
(RANGANATHAN, 1967, p. 88). No contexto das classificações
especializadas,
édefinidacomoumamanifestação dascincocategorias
fundamentais (VICKERY, 1980,p.212).Asfacetas
sãodedoistipos:facetas
básicase facetasisoladas.

Afacetabásicaagrupaassuntosbásicos(áreasdoconhecimento)e
afacetaisoladaagrupaisolados(conceitos).Afacetabásicaéoprimeiro
elementodo contextoespecificado. Um assuntosimplestem somente
uma facetabásica,e um assuntocompostotem uma facetabásicae
umafacetaisolada,porexemplo,AgriculturadoMilho.Opapeldafaceta
básicaédirigir oclassificador
paraaáreadoconhecimento (Matemática,
Lireratura,História).Paraclassificar
odocumento,
eleprecisadas
facetas
isoladasqueseencontramnointeriordafacetabásica.

A faceta isolada pode ser uma manifestaçãodas categorias


fundamentais,por exemplo,Ensino(categoriaEnergia).Comoum
elementodaformaçãodaestruturaclassificatória,
elatema funçãode
agruparosrenques,dentrodecadacategoria.
Ospostuladosapresentados
anteriormentetêmafunçãodedeterminaraseqüência dasidéiasisoladas
em um assuntocomposto,no casode uma idéia isoladaseruma ttI
"
manifestaçãodeumadasdiferentescategorias
fundamentais,Entretanto, ãJttI

u
estespostuladosnãoauxiliamnadeterminação deduasou maisidéias u...
ttI

quepodemserconsideradas comofazendoparteda mesmacategoria .ttIolJoo


ttI
fundamental,istoé,nãoauxiliamnaseqüência quesedevedarquando, ~U
'U;
por exemplo,dentroda categoriaPersonalidade,tem-seduasfacetas VIttI
isoladas(KUMAR,1981,p. 233). O
"

.
ttI

Facetasdamesmacategoriapodemmanifestar-se dentrodomesmo .~
assunto.Quandoistoacontece,énecessário
oestabelecimentodealguns &
princípiosparaauxiliaremnadeterminaçãodeumaordemquegaranta
consistêncianaorganizaçãodoslivrosnasestantes.
2.3.5 Categorias fundamentais

O PostuladodasCategorias é o princípionormativoadotadopara
organizar um Universo de Assuntos,ou seja, um "corpo" de
conhecimentoorganizadoe sistematizado.Mapearo Universode
Assuntosé o primeiro passodo classificacionistapara elaborarum
Esquemade Classificação,sejaele facetadoou enumerativo.Esta
atividadetem por funçãodefinir em que níveldeextensãosedaráo
corteclassificatóriodoUniversodeAssuntos.

Ranganathanconsiderao mapeamento deum UniversodeAssuntos


uma tarefabastantecomplexa,comoéo próprioatodeclassificar:

[...] a tarefadaclassificação
é mapearo universomultidimensional dos
assuntos aolongodesuaatividade[...] Vimosquãotortuosaé a tarefade
terminare priorizarumaescaladerelações preferidas
entretodasasidéias
isoladase entretodososassuntos[...] Há muitas relaçõesvizinhas imediatas
entreos assuntos.Tendofixado um destesassuntosna primeira posiçãoda
linha, devemosdecidirqualseráseuvizinho imediato,qual seráseuvizinho
detransferênciadois,e assimsucessivamente. Podemosperdernoitesdesono
e aindanãoestarmospertodeumasoluçãofirme. Senãoformosestudantes
sériosdeclassificação
podemosdesistirdizendo"a classificação
é impossível"
(RANGANATHA.I\j, 1967,p. 395).

Paraunspoucos,aclassificação
émesmomarcadaporum absurdo
lógico.Estaé a medidadamagnitudedomapeamento do Universode
Assuntosmultidimensionalaolongodaatividadequeé aclassificação.


,ro
Omapeamento
consiste,num primeiromomento,em sedecidira
~ áreade assuntoqueserátomadacomobasepara a organizaçãodas
§
u
unidadesclassificatórias
(assuntobásico,isolados)na Tabela,e como
8 essaáreaseráclassificada.
Ranganathan conduzseutrabalhotentando

.
E definir uma forma quepossibilitea análisedo UniversodeAssuntos,
Q)

bibliográficasatéaquelemomento- apesar
W pois asclassificações de
.~
-' seremorganizadas tambémporáreasdoconhecimento/disciplina - não
deixavam evidentes os princípios que empregavam para o
.estabelecimento dasclassese subclasses dentro de cada área.Isto
provocava uma certa imobilidade, não permitindo que elas
acompanhassem a dinâmicado conhecimento.Ranganathanresolve
buscarprincípioslógicosatravésdousodepostulados.

Euclidespostulouqueduaslinhasparalelas
nãoseencontram.Durantequase
vinteséculos
ninguémquestionou estepostulado.
EntãovemGauss,quediz:
"Comovocêsabequeelasnãoseencontram? Vocêjá caminhouaolongo
delasparaverificarseufim?Eudigoqueelasseencontram - numlugar
muitodistante;vocêpodenegar?Entãoelefezseuprópriopostulado,queas
linhasparalelasseencontram emaJnbas aspontas.Qualdessespostulados
preferimos?
Qualquerumquesirvaparanossopropósito; qualquerumque
auxilienossotrabalho(RANGANATHAN, 1967,p.396).

Postula,então,queexisteemtodoUniversodeAssuntos
cincoidéias
fundamentaisquesãoutilizadasparaa divisãodoUniverso.A respeito
dototalcinco,eleapresentao seguinteargumento:

Alguémpodeperguntar: Porqueasidéiasfundamentais postuladassãoem


númerodecinco?Porquenãotrês?Porquenãoseis?Istoé possível. Há
liberdadeabsoluta
paratodostentarem.Umapessoa podetalvezgostarde
seis.Eladeveclassificar
nessabasealgunsmilharesdeartigosvariados. Se
elasproduziremresultadossatisfatórios
arranjandoosassuntosdosartigosao
longodeumalinha,aquele postulado
podeseraceito.Istonãoéumamatéria
aserdiscutidaexcathedrasemumteste completo eprolongado.Trabalhar
combaseemcincoidéiasfundamentais produziuresultados
satisfatórios
nos
vinteúltimosanos(RANGANATHAN, 1967,p.398).

EstasidéiassãodenominadasCategorias Fundamentais.O termo


CategoriaFundamental éusadoporRanganathan pararepresentar
idéias
fundamentais quepermitemrecortarumUniversodeAssunto emclasses
bastanteabrangentes.AsCategorias Fundamentaisfuncionamcomoo
primeiro corteclassificatórioestabelecido
dentrode um Universode
Assuntos.
Poroutrolado,sãoelasquefornecemavisãodeconjuntodos
agrupamentosque ocorremna estrutura,possibilitando,assim,o

.
entendimentoglobaldaárea.OpostuladodasCategorias
Fundamentais
é apresentado
por Ranganathan:

HácincoesomentecincoCategoriasFundamentais;sãoelas:Tempo,Espaço,
Energia,MatériaePel'Sonalidade.
Estestermose asidéiasdenotadas
sãousadas
estritamenteno contextoda disciplinadeclassificação.
Nãotêmnadaaver
comseuempregoemMetafísicaou Física.Em nossocontexto,seusignificado
podeservistosomentenasdeclarações sobreasfacetasdeum assunto- sua
separação
e seqilência.Esteconjuntodecategoriasfundamentaisé,emsíntese,
denotadopelasiniciais PMEST(RANGANATHAN, 1967,p. 398).

RanganathandefineascategoriasPMESTdemodoa explicá-Ias,
istoé,pelaenumeraçãodealgumasdesuasfacetasquesãomanifestações
dasprópriascategoriasdentrodeumaáreadoconhecimento.

A categoria Tempo é definida com seu significado usual,


exemplificando-acom algumasidéiasisoladasde tempocomum,a
saber:milênios,séculos,décadas,anose assimpor diante.Eleprevê
manifestaçõesdeisoladosdetempodeoutrotipo,taiscomo:diaenoite,
estações
doano,tempocomqualidademeteorológica.

A categoriaEspaçoé tambémdefinidacomseusignificadousual,
apresentando comosuasmanifestações asuperfíciedaTerra,seuespaço
interioreexterior,comoporexemplo,continentes,
países,
estados,idéias
isoladasfisiográficasetc.

A categoriaEnergiaé deentendimentoum poucomaisdifícil. Ela


podeserentendidacomoumaaçãodeumaespécie ououtra,ocorrendo
entretodaespéciedeentidadesinanimadas,animadas,conceituaise
até intuitivas, como, por exemplo,atravésdas seguintesfacetas:
problema,método,processo, operação,
técnica.

A CategoriaMatériaapresenta
um entendimentodecomplexidade
.~ ainda maior que a da CategoriaEnergia e é assimdefinida por
~
Q)
Ranganathan:
E
:J
U A identificação da categoria fundamental Matéria é mais difícil do que Energia.
o
o Vê-se que suas manifestações são de duas espécies: Material e Propriedade.
E Pode parecer estranho que propriedade fique junto com o material. Mas,
Q)

.
toO
'" peguemos uma mesa como exemplo: a mesa é feita de material de madeira
:J
toO
c: ou aço, conforme o caso. O material é intrínseco à mesa, mas não é a própria
::J mesa. Principalmente o mesmo material também pode aparecer em muitas
outras entidades. Assim, a mesa tem a propriedade de ter dois pés e meio de
altura e a propriedade de ter um tampo meio duro. Esta propriedade é intrínseca
àmesa
masnãoéaprópria
mesa.
Alémdisso,
amesma
propriedade
pode
aparecer
emmuitosoutroslugares(RANGANATHAN,
1967,p.400).

Assim,acategoria Matériapodeserencarada
comoamanifestação
de materiaisem geral, como sua propriedade,e tambémcomo o
constituintematerialdetodasasespécies.

A categoriaPersonalidade é consideradapor Ranganathancomo


indefiníveI.Explicaque,seuma certamanifestaçãofor facilmente
determinadacomonão sendoespaço,energiaou matéria,ela é vista
como uma manifestaçãoda categoriafundamentalPersonalidade.
ConsideraqueestetipodeidentificaçãodacategoriaPersonalidadeéo
quedenominademétododeresíduos. Acrescentaqueestemétodopode
nãoserfácilemcertoscasos,massuaexperiência mostrouqueasidéias
isoladas vão manifestar-se em algumas das categorias acima
mencionadas. Asdificuldades
encontradassãorarasnamaioriadasvezes
(RANGANATHAN, 1967,p. 401). As seguintesfacetas podem ser
consideradascomomanifestação dacategoriaPersonalidade:
bibliotecas,
números,equações, comprimentosde ondasde irradiação,obrasde
engenharia,substânciasquímicas,organismose órgãos,adubos,
religiões,
estilosdearte,línguas,grupossociais,comunidades"
(VICKERY,
1980,p. 212).

Para finalizar, cabeevidenciardois pontos fundamentaisna


construçãodesistemas deconceitos
noâmbitodaTeoriadaClassificação
re
Facetada.Oprimeiropontoasalientaré queRanganathan,aoenfocar "Ore
êiJ
o documentocomoumregistrodeconhecimento, trazparao ambiente ure
L.L
dadocumentação apreocupaçãocomo UniversodeConhecimento.Desta Ireo
U'>
forma,naestruturaelaboradaa partirdesuaTeoria,asunidadesquea reu
""
constituemnãosãomaisosassuntos dosdocumentos,masosconceitos, 'Vi
'"
re
queeledenominadeisolados. Estes,
reunidosporumprocessodearranjo U

.
re
ou combinação,permitemformarqualquerassunto. "O
re

Outropontoa salientaré queeleelaborauma sériedeprincípios .~


~
quevisama permitir queessesconceitospossamserestruturadosde
formasistêmica,istoé,o§conceitosseorganizamemrenquesecadeias,
estasestruturadasem classesabrangentes,quesãoasfacetas,e estas
últimasdentrodeumadadacategoriafundamental.A reuniãodetodas
ascategorias
formaumsistemadeconceitos deumadadaáreadeassunto
ecadaconceitono interiordacategoriaétambéma manifestaçãodessa
categoria.

tU
:~
c
Q)
E
:J
U
o
o
E
Q)
0.0
tU
:J
0.0
c
::J

.
-3 TEORIADA TERMINOLOGIA

A palavra terminologia vem-seapresentandona literatura,de


umaformageral,comtrêssignificados
distintos:lumalistadetermose
seussignificados;
ostermosdeumaáreadeespecialidade;eumconjunto
deprincípiosteóricos(WÜESTER,1981,p.56).

o primeirosignificadodotermonoslevaaocampodosdicionários técnicos,
dosvocabulários e léxicos.Assim,terminologiaé aquientendida
comoa
apresentaçãoordenada deumcertogrupodeconceitos etermosdeumaárea
deassunto qualquer.

osegundosignificado
considera
otermoterminologia
comoocampo
queabrangeo estudocientíficodostermosdeuma áreaparticularde
conhecimentoemuma certalíngua,e, nestecaso,apresenta bastante
semelhançacoma lexicologiaespecializada,
istoé,o estudocientífico
doconjuntodetermosdeumadadalíngua,emumaáreaespecializada.

Oterceirosignificadoconsidera
a terminologiacomoaáreadeestudo
dos princípios teóricos básicospara o trabalho terminológico,
denominadocomoo estudocientíficofundamentalda terminologia,
istoé,aquelequepropiciaaotermoostatusdeáreadesaber, através do
estabelecimento destesprincípios.Nestesentido,etimologicamente
"ciênciadaterminologiasignifica:ramodosaber,disciplinacientífica,
umaciênciaemsi,ciênciacomotal" (DROZD,1981,p. 117).

Nesteestudo,otermo"terminologia"éempregado comoseuterceiro
~
significado,ou seja,comodisciplinacientíficaquepropiciaprincípios '00o
metodológicospara a elaboraçãode terminologias (sistemasde oc:
conceitos) mais bem estruturadas para as diversas áreas do E
conhecimento. ~
~
"'C

.
~

1 Lubomir Drozd, terminólogo da Escola de Praga, acrescenta mais um a '2


esses três significados: aquele que denominou uma lista de nomenclatura I-'"
técnica de terminologia - a Nomenclatura de Botânica, de Zoologia, de
Química (1981, p. 106).
o precursordosestudosquepropiciamà terminologiao stattiSde
áreadoconhecimentofoi o engenheiroaustríacoE.Wüesterque,nos
anos30,aoorganizara TerminologiadeEletrotécnica,como objetivo
degarantircomunicação precisanessecampodatécnica,terminoupor
desenvolvera TeoriaGeralda Terminologiaem sua teseintitulada
Internationale Sprachnormung in der Technik(Normalização
Internacional da Língua no Campoda Técnica) (FELBER,1981,
p. 64). Segundoestateoria,a Terminologiaseocupadosconceitosde
uma línguatécnicaou línguaespecial,osquaisserelacionamentresi
comoum sistemadeconceitos.

ComapublicaçãodotrabalhodeWüesterecom adisseminação de
suasidéiassobrea TeoriaGeralda Terminologiaque,maistarde,é
consideradacomoparteconstituintedaCiênciadaTerminologia,várias
linhasdepesquisaseformam e seapresentam refletidasemtrêsescolas
clássicas
- a EscoladeViena,a EscoladePragae a EscolaSoviéticade
Terminologia."EstasEscolas
possibilitaramaformaçãodeinstituições
portodoo mundo" (FELBER, 1981,p. 47) .

3.1 AS ESCOLAS

A EscoladeVienasurgea partir da trajetóriade E. Wüester,seu


fundadore criadorda TeoriaGeralda Terminologia,na qual estão
fundamentadas suasbasesteóricasemetodológicas.
E. Wüester,engenheiroaustríaco,apóster sido graduadoem
Engenharia Elétrica pela Universidade Técnica de Berlim,
tO Charlottenburg, seentusiasmouporalgumasidéiasque,naAlemanha

c::: do início do século,estimulavamprofissionaisde diversasáreas
E (lingüistas, filósofos, documentalistas,engenheiros), inclusive
g organizações profissionais,
a buscarema fundamentação
científicada
oE terminologia.Istodeuorigemà pesquisada língua técnicado
~
tO
engenheiro.Wüester,entusiastadestasidéias,defendeem 1931sua tese
~
c::: dedoutorado,
intitulada Internationale Sprachnormung in der
:.:; Tecknick(NormalizaçãoInternacional da Língua no Campoda

.
Técnica),publicadano mesmoano,pelaUniversidade
deStuttgart.O
seulivro

contém
umadetalhadainvestigação
daterminologiacomoferramenta
da
comunicação,
deacordocomanatureza doconceito,
arelação
deconceitos,
adescrição
dosconceitos
(definição),
aformaçãodetermos,anormalização
deconceitos
etermos,
ainternacionalização
deconceitos
etermos(FELBER,
1984,
p.15).

Em 1935,por recomendação daAcademiaSoviéticadeCiências,o


trabalhodeWüesterfoi traduzidoparao russoe tevecomoseumaior
divulgadoro terminólogosoviéticoDrezen.Assim,asidéiasdeWüester,
desdeessetempo,vêminfluenciandoapesquisaterminológicanaquele
país.ApartirdeumrepertóriofeitoporDrezen,referindo-se
àimportância
dasidéiasinovadoras dotrabalhodeWüester, a UniãoSoviéticapropõe
a criaçãodeum ComitêTécnicodentrodaFederação Internacionalde
Associaçõesde Normalização Nacional, que seria o "ISA-37
Terminologia". Fundadoem 1936,visaà harmonizaçãodo trabalho
terminológicointernacional.Coma SegundaGuerraMundial,foram
suspensosos trabalhos,que tinham por objetivo a preparaçãodo
vocabulário da ISA,com regraspara denominaçãode conceitos
independentes dalínguatécnicainternacional(FELBER, 1984,p. 15).

Em 1957,foi fundadoo "ComitêTécnicoTC37 deTerminologia


(princípios e coordenação)", da OrganizaçãoInternacional de
Normalização(ISO),quecontinuoua tarefadaISA37.AISOpublicou
osresultadosdostrabalhosdaISO/TC-37, de1967a 1973.Entre1972e
1974, "Wüesterescreveuseu Einführung um die allgemeine
Terminologielehre und terminologischeLexikographie(Introduçãoà .~
TeoriaGeraldaTerminologia eLexicografia
Terminológica),
queutilizou ]>
o
comobaseparasuasaulasno InstitutodeLingüística,daUniversidade.~
deViena"(FELBER,1981,p. 70), ondefoi professora partir de 1955. ~
Estelivrofoipublicadocoma"cooperação detrêsinstituiçõesaustríacas:~
a UniversidadedeTecnologiadeViena,a Universidade deEconomiade '8
VienaeoDepartamento deLingüísticaAplicada.Estefatoretleteocaráter ~
interdisciplinar
daTerminologia"
(KROMMER-BENZ,
1981,
p.263)..
Wüesterpreparouumabasede

quinhentas publicações
sobretemascomo:terminologia, normalização
terminológica,padrãointernacional
paraterminologia,
documentação,
transliteração,
teoriadossímbolos,
classificação,
teoriadetesauros,
CDU,
princípios
dearquivamento,
lingüística,
lexicologia,
métodosdelexicografia,
ortografia,eoutros
(FELBER, 1984,p.15).

Algunsdestes
estudos
forampublicados,outrospermaneceram em
forma de manuscritoe podemseridentificadosem seu arquivode
pesquisaquehojeseencontrano Infoterm- CentroInternacionalde
InformaçãoemTerminologiadaUNESCO, emViena.

Desde1931,ao retomardeseusestudosna Alemanha,Wüesterse


empenhouem organizar uma coleçãoque pudessereunir toda a
literaturaexistente
sobreterminologianomundo,paraqueservissecomo
baseparapesquisas nestaárea.Estabiblioteca,depoisdesuamorteem
1977,foi adquiridapelo Institutode NormalizaçãoAustríaca,sendo
transferidaparao InfotermemViena,ondesepretendeestabelecer um
Instituto Internacionalde EstudosAvançados em Terminologiaque
continuariaaspesquisas deWüester(FELBER,1984,p. 15).

Aindanadécadade30,cientistase engenheirossoviéticostomaram
conhecimentodaTeoriadaTerminologiadesenvolvida na Áustriapor
E.Wüester,
atravésdeseulivroInternationaleSPrachnormungin der
Technickedeseusartigos, queforamtraduzidosparaalínguarussa. O
terminólogosoviéticoDrezen,comovimosanteriormente,foi o maior
responsável
porestadisseminação, dandoimpulsoparaafundação,em
~~ 1933,daEscoladeTerminologiaSoviética.Doisengenheiros soviéticos
~ quetambémestiveram àfrentedestaEscolacomograndesincentivadores
~ dodesenvolvimento daáreadeTerminologianaquelepaísforamo ProL
8 Caplygin,membroda Academiade Ciênciasda UniãoSoviética,e o

.
~
OD eminenteterminólogoLotte.A partir destainiciativa, foi criada a

~ Comissão
OD deTerminologiaTécnica,chamadaposteriormente deComitê
:.5 deTerminologiaTécnicae Científica(KNTT)daAcademia deCiências
da UniãoSoviética.SegundoFelber(1984,p. 17), a Comissão estava
preocupadacomasseguintesquestões:
a) elaboraruma teoriada terminologiatécnicae científicaque
seguisseos princípios para construção dos termos técnicos e
estabelecimento
desistemasdeconceitose termos;

b) fazero trabalhovisandoà regulamentação


e aoestabelecimento
desistemasde termosem russoe símboloscartográficos
nasprincipais
disciplinasdatecnologia;
c) prepararesquemas padronizados,
listagensdetermosesímbolos
cartográficos
,ecompilarcoleções
determosrecomendados;

d) introduzircientistase engenheiros
nosmétodosaplicadospara
regulamentara terminologiatécnicadaRússia;

e) prepararmanuais(destinados aprofessores
e aautoresdelivrose
literaturacientífica)paraaplicaràterminologiaeàpreparaçãodenovos
termos;

A.MTerpagoreve- terminólogo e presidente do Comitê de


Terminologia
Técnica
e Científica
(KNTT)em1942- apontou
paraa
necessidade
deseiniciaremestudos
visandoaoestabelecimento
debases
teóricasparao SistemadeConceitos,
o quepontuoutodoo trabalhoda
EscolaSoviética.Vistoqueostermosnãopoderiamsertratadoscom
maisde um significado, era necessário
ter uma noçãoda natureza
sistemáticadotermo(FELBER,1984,p. 18).

D. S.Lottefoi o principalrepresentante
destalinha depensamento
quecoloca"o termocomoum membrodeum sistematerminológico
definidoe nãocomoum objetoisolado".A visãosistêmicafoi adotada
porque"sistemasprecisosde termossatisfazema noçãodesistemas '"
adotadana literaturafilosófica,vistoquepossuemtodososatributosde ..Q
um sistema - eles são estruturados, integrais, apresentam .~
comportamentocomplexoetc.,podendo,então,serestudadospelos I-" ~

.
métodosdasistemologia"(LEICHIK,1990,p.23).Ainvestigação deLotte .g
podeserresumidanosseguintestópicos(FELBER,1984,p. 18): .~
o
Q)
1-"
· elaboraretrabalharmétodospararegulamentação
daterminologia
técnico-científica; .
· detectaralgunsdosprincipaisproblemascomo a seleçãoe a
estruturadaterminologiatécnico-científica;
· estabelecimento
desistemadetermoseconceitoscientíficos;

· int1uênciadaclassificação
nadeterminaçãodaterminologia;

· requisitodeexatidãoenão-ambigüidade
emterminologia;
· formaçãodeformascurtasdetermospelaomissãodeelementos.

Paralelamente aosestudos
desenvolvidosnaEscolaSoviética,
apartir
de 1931,com asiniciativasdesenvolvidas na áreaterminológicapor
E.Wüester, estudiosostchecosiniciam tambémpesquisasnosentidode
possibilitarum tratamentoterminológicoparaa línguadaciênciaeda
técnica.Desdeentão,temhavidouma contínuatrocade informação
entrerepresentantesdasEscolas
dePragaedeViena(FELBER, 1984,p. 17).

A Escola de Praga de Terminologia teve sua baseteórico-


metodológica estabelecidaapartirdosfundamentosdaEscoladePraga
deLingüísticaFuncional,cujasteoriasestãobaseadas no trabalhode
Saussurre, queenfatizao aspectofuncionaldalíngua.Nestaépoca,os
principaisrepresentantes
daEscoladeLingüísticafuncionalsão,segundo
Felber0984, p. 16), Benes,Mathesius,Vachceke Trubetzkoy,que
encaminhavam suaspesquisasnosentidodedefinireinvestigara língua
padrãonacionaPsobum pontodevistafuncional,comoferramenta
dacomunicação emtodasasáreasdavidasocial,emparticularnaárea
daculturahumana,civilizaçãoetecnologia.
~
.;:
,~ Foi estavisãoestruturalda lingüísticafuncional que capacitou
cQ)lingüistastchecosa compreenderem asteoriasdeWüester,incluindoa
E
:J
U relaçãoentre linguagem-pensamento-realidade em suasteorias,
o
o denominandoa línguadaciênciacomoumalínguaespecializada, isto
E
Q)
00

.
~
:J
00
C
:.::; 2 Segundo Drozd (1981, p. 107), "a Língua Padrão Nacional é uma língua
polifuncional que serve às necessidades de comunicação de uma dada
, comunidade funcional".
é, uma língua funcional que tem propósitos especiais.3O termo é
definido, aqui, como a menor unidade da língua funcional, e o sistema
terminológico é conceituado como um sistema de designaçõesque
representam um sistema de conceitos.

Lubomir Drozd, atualmente o maior representant~ da Escola de Praga

de Terminologia, afirma que "a teoria da terminologia não foi


diretamenteinspiradapela Lingüística, mas pela necessidadede
desenvolver dicionários especializados para asindústrias" (DROZD,1981,
p. 106). Uma de suas linhas de pesquisa é o desenvolvimento das bases
lingüísticas da Teoria da Terminologia.

Segundo os terminólogos de Praga, existem dois grupos de saberes


relativos aos aspectos metodológicos na área da Terminologia: a Teoria
Geral da Terminologia e a Teoria Especial da Terminologia.

UmaTeoriaGeralda Terminologia(Wüester)develidar comquestões


terminológicasgerais,seusresultadossendoaplicáveis
a todasaslínguas
relevantes.
UmaTeoriaEspecial daTerminologiadeve"lidarcomquestões
terminológicas"dentrodeumalínguaindividual.Nãodevehaver"espaço"
entreas descobertas
eprincípios estabelecidos
paraaTI GeraleEspecial: se
asobservaçõesdeumaTI especialforemverdadeiras,issosignificaqueelas
pertencem a umarealidade objetivadeumadadalíngua,elasdevemser
aplicáveis
igualmentea outralíngua.Estas
conclusõesforamconfirmadas e
verificadas
pelosresultados
obtidosnumconfronto
entreaterminologia tcheca
eaalemã(DROZD, 1981,p. 106).

Inúmeros terminólogos, atualmente, estão envolvidos na pesquisa


básica e aplicada na Tchecoslováquia. Eles trabalham para a Academia
de Ciências, em universidades e na organização das normas tchecas n:I
'õo
o
(FELBER, 1984, p. 17). (5
c:
E
~
3 SegundoDrozd (198,p.107),uma línguafuncionalé uma sublínguade -25
uma Língua Padrão Nacional, "que tem por função preencher necessidades .~
específicas de comunicação dentro do campo especializado da atividade o
humana; é uma língua monofuncional. O indivíduo que se comunica num ~
assunto especializado precisa de meios lingüísticos especiais que ele
seleciona de acordo com a esfera de comunicação em que fala ou escreve". 11
.
3.2 A TEORIA GERAL DA TERMINOLOGIA

A TeoriaGeraldaTerminologiadesenvolvida por EugenWüester é


uma disciplinacientífica,quepossibilitauma basepara o trabalho
terminológico.É a basedetodasasEscolas de'1erminologia.
Oobjetivo
dotrabalhoterminológicoé afixaçãodeconceitos,visandoàelaboração
dedefiniçõesorgânicas,alémdeestabelecerprincípiosparaacriaçãode
novostermose possibilitar,assim,comunicaçãomaisprecisaentre
especialistas
dediversasáreasdoconhecimento, noâmbitodaCiênciae
daTecnologia, emnívelnacionale internacional.

O grande avançodado pela TGT foi sistematizarprincípios


terminológicosquederamaestaatividadeumcarátercientíficopróprio,
diferenciando-ada atividadelexicográfica.Paramuitosprofissionais
envolvidoscomasquestões dedenominação, atéaquelemomento,não
estava bem determinadoo campo de atuaçãode cada uma das
atividades.
ParaaTGT,o trabalhoterminológicoinicia como conceito
quepossuiuma unidadededenominaçãoqueé o termo.Um termo
designaumconceito.Destaforma;énecessário garantiraunificaçãode
conceitose termos,o quecaracterizaa Terminologiacomosendode
naturezaprescritiva.Porém,a esferado termoé diferentedaquelado
conceito.O conceitoé o significadodo termo.Paraa Lexicologia,a
unidadedetrabalhoé a palavra,quepodepossuirconotações. NaTGT,
o conceitopertence,
sempre,a uma línguaespecializada.

Umadasdiferenças fundamentaisentrea Lexicologiae a pesquisa


.~ terminológicaé quea primeiratrabalhano âmbitodalínguanatural,
~ queéfrutodeumalongaevoluçãohistóricae,devidoa isto,aspalavras
E não são unívocase secaracterizampor apresentarempolissemia,
::;

g homonímia,sinonímiaetc. Por outro lado, a segunda- trabalhano


~ âmbitodalínguaartificial,aquientendida
comoaquelaqueseconfigura
~ dentrodeumdeterminado grupodeespecialistas,
construídademaneira
~ a permitir uma relaçãounívocaentreo conceitoe a denominação.A
li pesquisaterminológica,assim,selimita a situaçõesbemdefinidase
não podesergeneralizada,comopor exemplo,o sistemaformal da
Químicae aslinguagensdeprogramação(WERSIG,1981,p. 285).

Outra questão que diferencia o trabalho terminológico do


lexicográficoé queesteúltimo temporum deseusobjetivosincluir os
váriossignificadosque uma palavraapresentano tempo.Já para a
atividadeterminológicao queimportaé o usoemvigorqueo termo
denota,endossado porumadeterminadacomunidadedeespecialistas.
Destaforma,aterminologiavêo termosobumpontodevistasincrônico
(WÜESTER, 1981,p.64). Masesteslimitesnemsempresãoclaros.

Riggs (1979,p. 150) propõetrês paradigmasterminológicos,


demonstrandoa íntima associação da terminologiaanalíticacom a
Lexicologia,da terminologianormativacom a Conceptologiae da
terminologiasintéticacom a Terminologia,atuandoestacomoponte
entreaConceptologia eaLexicologia.
Cadaparadigmatemumconceito
determo,o queexplicariaaformadeabordagem doproblemaemcada
caso.Porexemplo,oslexicólogossereferema signijicadosde termo,
enquantoosconceptólogos achamque"a vidaficamuitomaisfácilse,
para cadaconceito,houverum único nome não usadopara outro
conceito".Porúltimo,osestudiosos
noâmbitodaterminologiasintética,
numaposiçãointermediária,procuram

umpontodevistaque,curiosamente, aindaestásemnome.Oconceitoque
eutenhoemmenteéapossibilidadedeque,embora umapalavratenhauma
variedade
desentidos,
osentido
pretendidodevaserinequivocamenteaparente
nocontexto emuso,Defato,esteéo idealimplícitodetodotextocientífico.
Um"elemento" químicoéconhecido deformanão-ambígua porquímicos e
bastante
diferente
deum"elemento"matemático, '"
musicaloumilitar.Quando '5"0
umapalavraevocaapenas seusentidopretendido,elanãoevocaaomesmo oo
tempotodososoutrossentidos econtudonãoprecisaserunívoca .~
possíveis,
E
(RIGGS,1979,p.151).
~'"
A abordagemda TGTsecaracterizaria,segundoosparadigmas ~
propostos
porRiggs,comoterminologianormativa.Eraisso,certamente,'§

o queWüester
desejava,
tantoquesuaTeoriaseajustouaosobjetivosda li
normalização
técnica
eestánabase
doComitê
37daISO- Fundamentos
deTerminologia.

A TGTbusca,então,estabelecer princípiosquevisama propiciar


uma correspondência exataentreconceitose termos,parafacilitar a
comunicaçãonosváriosdomíniosdaCiênciaedaTecnologia. Umdeles
é o princípio da univocidade.Estaquestãoé complexae, para os
terminólogosdeformaçãolingüística,a correspondência únicaentre
significante/significado
- ouentredenominação
econceito
- serealiza
nostermostécnicosnovos,aneonímia.Paraosterminólogos queseguem
a TGT,noentanto,estacorrespondência sedávia normalização,o que
caracterizaa naturezaprescritivada Terminologia.Oslingüistas
poderiamargumentarqueistoé artificial, e é, mas,segundoWüester,
"Recentemente fez-seumaobservação dasmaisimportantes:nalíngua
especializadaapoiada[por uma políticae normastécnicas],a norma
prescritivatorna-semuito rapidamentea norma descritiva"(198I,
p.65).

OutroprincípiogeraldaTGTé o damonorreferencialidade quese


relaciona ao fato de que "um significanteterminológico,mesmo
complexo,representanoespíritodeumespecialista
daáreaumconjunto
conceitualúnico" (RONDEAU, 1981,p. 164).

Um avançoparaa épocafoi considerara línguacomosistema.Os


termossedefinemunsemrelaçãoaosoutros,formandoum sistema.
Napesquisaterminológicaestudam-se osconceitosenquantopartede
.ê um sistemade conceitos(WÜESTER, 1971).Qualqueralteraçãono
'<\3
c conteúdode um conceito,refletidona definição,alteraosdemais
Q)
E conteúdos e,portanto,asrespectivas
definições.
:J
U

8 Kandelaki(1981,p. 157),representante
daEscolaSoviética,
quetem

.
~ origemna TeoriadeWüester, apontaparaoutraformadeabordagem
~01) doconceito.
Elepartedostermoseafirmaqueoconjuntodossignificados
:5 dos termosque compõema terminologia técnicaconstituirá, por
: conseqüência,
osistemadesignificados
daterminologiatécnica.Coloca
a seguintequestão:a organizaçãodo sistemade significadosda
terminologia é diferente do sistema de significadosda área de assunto
correspondente? Para responder a esta pergunta, vai primeiramente ao
ambiente de formação dos conceitos:

Naliteraturacientífica,numaanáliseteórica,distingue-se
habitualmente:
1)oobjeto,2)oconhecimento doobjeto,e3) oobjetodoconhecimento [...]
Atualmente,cadaumdestes conceitos
estáligadoà idéiadeumsistema.

o objetoexisteindependentemente
do conhecimento,
é anteriora seu
aparecimento.
Ésistematizado
pornatureza.

o conhecimentoéigualmente sistematizado
pornatureza.
Ocarátersistêmico
doconhecimento éconsiderado comoaconseqüência imediatadanatureza
sistêmicado
objeto,doqualeleconstituioreflexo.
Contudo,oreconhecimento
danaturezasistêmicadoobjetonãopodeserautomaticamente estendidoaos
fenômenos doconhecimento e aplicadoà compreensãoe à explicação
da
estruturadoconhecimento doobjetodado.Osistema, enquantoformade
organizaçãodoconhecimento, por comparação como objetoenquanto
sistema,
possuiparticularidades
específicas.

[...]Oobjetodoconhecimento
éformadopelopróprioconhecimento...
[mas]
nãoéidênticoaoobjeto.Éumprodutodaatividade cognitivadohomeme,
comocriaçãoparticulardohomem,eleésubmetido aregras
particulares
que
nãocoincidem comasqueregemopróprioobjeto(KANDELAKI, 1981,
p.157),

Os objetos do conhecimento (objetos abstratos) se exprimem no


sistema de conceitos que constitui a teoria, porque os objetos quese
tornaramobjetosda teoria não são idênticos aos objetosiniciais, aos
que existem na realidade, São apenas maquetes aproximadas que
colocam em relevo um único aspecto da coisa real. Em conseqüência
destecaráterlimitado,todasasteoriastêmporobjetosascoisasabstratas, ,~ O()

comoo númeropara a matemática,a espéciepara a biologia.Estes -§


objetosseexprimemno sistemade conceitosqueconstituia teoria,e '~
esse sistema reflete a organizaçãodosobjetosem sistema de grupos ~
segundocritérios da subordinação"dos particulares aos gerais" .gra
(KANDELAKI, 1981).Cadaconceitoocupa,então,um lugarnosistema, '§ Q)

e estelugar édeterminadono momento da formaçãodo conceito,pondo- ~


seem evidência
ascaracterísticas
genéricas
eespecíficas
dosobjetos
.
expressos, o quedesvela,ao mesmotempo,suanatureza.Esteainda
não é o espaçoda Terminologia, que se ocupa dos sistemasde
significados.SegundoKandelaki(1981)sãodoisossistemas: o sistema
de significadosda terminologiade formaçãonatural e o sistemade
significadosda terminologiaordenada.Oprimeirorecolhedefinições,
melhor dizendo, definiçõespreliminares, as quais têm uma
característica
particular.Cadaumadelasfoielaborada
paraumconceito
tomadoem separado,independentemente do conteúdodosoutros
conceitosquelhesãoligados.

É por issoquea terminologiadeformaçãonaturalfixadapor elas[as


definições]
têmlimitesmutuamente imprecisos.
Elasrefletem,
deumlado,as
opiniõesdasdiferentes
escolas
eorientações
e,deoutro,asdiversas
etapasdo
desenvolvimentodaciênciarelacionada,
odesenvolvimentocronológico
da
formação destes
conceitos
(KANDElAKI, 1981,p.161),

Os sistemas de significados imprecisos que compõem as


terminologias de formação natural "não podem servir de base para as
terminologias ordenadas concebidas para a comunicação científica. Para
esta finalidade, épreciso estabelecer uma rede de significados precisos e
únicos que responde ao nível de desenvolvimento o mais atual da ciência"
(KANDELAKl,
1981,p.163), Para a ordenação, o conhecimento científico
éconsiderado como um sistema, cujos elementos são constituídos pelas
ciências particulares. Por seu turno, os conceitos que compõem estas
ciências são considerados como sistema, e a ordenação servepara separar
as partes do sistema, isto é, os subsistemas e os subsubsistemas. Mas

.~ estes conceitos fazem parte da ciência.

~CIJ Para Kandelaki,a atividadeterminológica tem início no glossário


§ preliminar cujos termos compõem as terminologias de formação natural.
8 Nem todos os conceitos ali presentes pertencem ao sistema de conceitos
E
CIJ da ciência, ou seja, nem todos se referem aos fundamentos da ciência,

.
~
:J somente os conceitos abstratos, gerais. Estes "representam as regras gerais
.se que regem seu objeto de estudo e são ligados a todas as suas teorias"
-' (KANDELAKI,1981, p. 160). Deles derivam os demais. A ordenação dos
I conceitos serve,então, não apenas para tirar estesconceitos e suas relações
maispróximas,mastambémparacompreenderasregrassegundoas
quaiselesproduzemoutrosconceitos.
Definindo-os logicamente,
podem-
seisolarsuascaracterísticas
essenciais
e, com isso,fornecerasbases
paraa unificação,a divisãoe o ordenamento(GORKOVA, 1980,p. 8):
estaé a abordagemepistemológica. Paraostermosespecíficosusados
na comunicaçãoprática,interpreta-seo significadodo termo,sendo
suficiente,muitas vezes,uma "interpretaçãoadequada":estaé a
abordagempragmática. Uma estatísticadas característicasdas
terminologiasindicaqueosconceitosbásicos
deumaáreanãoalcançam
maisdoque10%(GORKOVA, 1980,p. 8).

Observa-seque a metodologia de trabalho desenvolvidapor


Kandelaki,queprovaqueo sistemadeconceitosdaciênciaédiferente
do sistemadeconceitosordenados,é menosabstratado quea Teoria
Geralda Terminologia,não sepodendodizer,no entanto,que seja
cOr:J.flitante
com ela. E se justifica, quandoKandelakirespondeà
indagação.

3.2.1 Princípios do trabalho terminológico

Aseguir,sãoapresentados
princípiosespecíficos
quefundamentam
o trabalhoterminológico.

Conceitos e termos

ParaaTGT,conceitoéumaunidadedepensamento, constituídode
características
querefletemaspropriedades
significativasatribuídasa
um objeto,ou a uma classede objetos.Suafinalidadeé permitir a '"
ordenaçãomentale acomunicaçãoatravésdosímbololingüísticoque '§>
é o termo.A TGTtraz,então,paraseuâmbito,a tríadelinguagem- ]
pensamento-realidade,
defendidaporSaussure(1987).Oconceitoéum f-"- ~
elementodesignificação
dotermo,querepresentaumobjetonarealidade ~
empírica.Comounidadedepensamento, eleéumaconstruçãomental, .~
própriadeum indivíduo,que,aoobservar
arealidade
queocerca,percebe &
"objetosindividuais"quenelaestãoinseridos,Osobjetospodemserseres.
ou coisas,qualidades,ações,locais,A observação
acabaporprivilegiar
algunsaspectos
doobjeto,quenoníveldopensamento,
istoé,naesfera
doconceito,constituema característica
doconceito.

A característica
queconstituium conceitoé tambémum conceito.
Atravésdelapodem-se compararconceitos, cIassificá-los
emumsistema
deconceitos,sintetizá-Iosatravésdadefiniçãoe denominá-Iosatravés
dostermos.O agregadodascaracterísticas queconstituemo conceito
determinasuaintenção.A partirdadeterminação da intençãodocon-
ceito,ouseja,dadelimitaçãodesuascaracterísticas,
épossíveldeterminar,
também,conceitosquepossamserrelacionados aoconceitoemanálise
porpossuírem características
semelhantes;
emoutraspalavras, épossível
determinara totalidadeou o númerode conceitosqueesteconceito
abarca,o queconstitui suaextensão(FELBER,1984,p. 58).

Como a Terminologia se ocupa, sempre, de uma área de


conhecimento, háumaseleção dascaracterísticasrelevantes
paraaquela
áreae,também,paraospropósitos dotrabalho.Assim,conformea área
econformeopontodevistaabordado, mudamascaracterísticas e,como
conseqüência,as relaçõesentre os conceitos. Ao selecionar as
características
a seremusadasparadefinir um conceito,é importante
considerara naturezado sistemadeconceitosa serconstruído,bem
comoasexpectativas dosusuários.Extensão e intençãosãoformasde
apreensãoe identificaçãodo conceito,e influenciama elaboraçãode
suadefinição,comoveremosmaisadiante.

Outropontoimportantea serobservado
é o tipo decaracterística,
~ quefuncionacomoumaunidade
dedivisãoepossibilita
aformação
de
~ classesdeconceitos(renquesecadeias),poisprivilegiaum aspectogeral
~
:J
e comum a todosos conceitosque estãoinseridosna classe.As
g característicassãoclassificadasda seguinteforma: características
~ intrínsecase características
extrínsecas
- elasnãosãoexcludentes,
isto

.
~ é, o objeto individual observadopodepossuir,ao mesmotempo,
ê> características
intrínsecas
eextrínsecas.
::J
Ascaracterísticas
intrínsecassãopartesconstituintesdopróprioob-
jeto,emoutraspalavras,sãoinerentesaoobjeto,porexemplo,material,
coretc. Ascaracterísticas
extrínsecas
estabelecem asrelaçõesdoobjeto
observado comoutrosobjetos.Podemserconsideradas sobdoisaspectos,
a saber:características
depropósito(aplicação,função,posição)e ca-
racterísticas
deorigem(paísdeorigem,produtor)(FELBER, 1984,
p.58),
Dentreelas,algumassemostramúteisàordenação: aquelasque,numa
operaçãoespecífica deanálisedeum grupodeconceitos,sãousadas
paraa definiçãoou a fixaçãodasrelaçõesentreelese,portanto,para
sua ordenação.Asdemaissão consideradasnão-essenciaispara
ordenação.

No processode fixação e ordenaçãodos conceitos,algumas


característicastêm precedênciasobreoutras. Isto ocorre entre
característicasdependentese característicasindependentes.As
características
serãodependentes
deoutrasseestasoutrastiveremque
ser previamente definidas para que as primeiras possam ser
compreendidas;as característicasserão independentesquando
produziremconceitos quepuderemserincluídosemmaisdeumaclasse,
produzindopoliierarquias.

Aodefinirconceitose posicioná-los
emum sistemadeconceitos,as
características
intrínsecas
sãoasprimeirasquedevemserevidenciadas,
poisdeterminamsuaessência. Logoapós,obedecendoaumaordemde
preferência,asdepropósitoe,porúltimo, asdeorigem.

Outroaspectoa serobservado quantoà questãodoconceitoé que


ele, como uma unidadede pensamento,necessitade um símbolo
lingüísticopara sercomunicado.Estaquestãoda denominaçãodos
'"
conceitosé devital importânciapara a atividadeterminológica,pois '50
o
seuobjetivoéestabelecer,
apartirdafixaçãodoconceito,um adequado (5
c
símbololingüísticoparadesigná-lo. 'E
Qj
Na TGT,o termoé a unidadede comunicaçãoque representa o t-; "
conceitoepodeserconstituídodeumaoumaispalavras,umaletra,um .~
símbolográfico,uma abreviação,uma notação.Eleé normalmente &
designadoporumespecialista,
ougrupodeespecialistas,
queseapropria
de palavrasou cria palavraspara determiná-Ia.Assim,o termo é 11
determinadode uma forma prescritiva.Alémdisso,"o termocomo
representantedoconceitoédependentedosistemadeconceitosnoqual
estáinserido"(FELBER,1984,p. 17).Portanto,a univocidade
érelativa.

Relações entre conceitos


Osconceitosserelacionamcomoutrosconceitosemumsistemade
conceitoterminológico,poissãorepresentações mentaisdasrelações
que ocorrementre osobjetosna realidadeempírica.Quandoestas
relaçõessãotratadasemumnívelconceitual,passamaserconsideradas
relaçõeslógicase ontológicas.Wüester(1981,p. 97) explicapor que
estasrelaçõessãoassimconsideradas,
a saber:

A experiência mostracomoé difícil paraum grandenúmerodepessoas


distinguir asduasespécies
derelação.Contudo,um abismointransponível
separamuitobemestasduascategoriasderelações
conceituais.Cadaindivíduo,
por exemplo,meucãoBruno,podesersubmetidopelopensamentohumano
a diferentesgrausdeabstração.Segue-se
queum único e mesmoindivíduo
poderepresentarcadaum dosconceitossucessivosdeuma mesmacadeiade
abstração.
MeucãoBrunoé,porexemplo,aomesmotempoum SãoBernardo,
um mamíferoe um servivo.Aocontrário,nãoexisteum indivíduoquepossa
representarao mesmotempo vários graus de uma cadeiaontológica de
conceitos.Nãoseencontraráem qualquercarta geográficaum pedaçode
terraquesejaaomesmotempoumaprovínciaouum cantãodestaprovíncia.
Emoutrostermos,entreconceitos
existemsomenterelações
lógicas,ourelações
deabstração.Asrelações
ontológicas
nascem dofatodeelevarem-se a um
níveldeabstraçãoasrelações
queexistemna realidadeentreosindivíduos
(relações
ônticas)
fazendo-se
destas
relações
individuais
(porassimdizerdestes
nJ indivíduos
derelações)conceitos
derelação(porexemplo,acima,abaixo)
'L:
'nJ (1981,p.97).
c:
E
::I Emoutraspalavras,asrelações ontológicassedãoentreoconceitoe
g a realidade.A identificaçãodasrelaçõesentreconceitospermite,em
~ primeirolugar,oentendimento dopróprioconceito,tendoemvistaque

.
~ osconceitossedefinemuns em relaçãoaosoutros.Alémdisso,elas
~ auxiliam na formaçãodasestruturasconceituais,emespecialaquelas
:.::; queformam renquese cadeias.Wüester(1981)apresenta
, comumasíntesedaclassificação dasrelações(Quadro1).
um quadro
Quadro1 - Classificação
dasRelações
segundo
a TGT-
(Wüester,1981)

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ~e!a5Õ!!~ 'Õ.0!:!c!!i!U2i~ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Sistema de conceitos (ordena ão de conceitos
Relações lógicas Relações Ontológicas
(relação de
abstração, relação
de semelhanca)
Relações de contacto
(relações de contigüidade)

Relações de Relaçõesde Geral


coordenação (em encadeamento (em
panicular, relações panicular, relações de
,ane-todo sucessão
2 3 ~15 7 8 9 10 11
Genérica > Concei (Q de Predecessor Ascendente Ex. larva
~
inclusão >, do ovo
t~
<
------
Conceitode
------
!! Específica '< Sucessor Õe~c;nde~t;
~ pane
""
Conceitoexpandido BT
.Q ------ ------
E Co;ccitõ resi;itõ - - - - NT - - - - -
" ------ ------
::;:

~ Determinação

I~ ------ "
------ ------
C Conjunção de
:E ------tos
concei ------ ------
§ ------
Ú Disjunção de integração
conceitos

11 Teoria da Terminologia
Relação Lógica

Asrelaçõeslógicasresultamforçosamente daprópriacompreensão
dos conceitos. Chamam-se,também, relações de semelhança
(WÜESTER, 1971),desimilaridade,deabstração
ougenéricas.
Emgeral,
sedividemem doisgrandesgrupos:relaçõeslógicasde comparação,
quesedãoentredoisconceitos, erelações
decombinaçãológica,quese
dãoentretrêsou maisconceitos.

Asrelaçõeslógicasdecomparação podemserclassificadas
emquatro
tipos,a saber:hiponímialógicaou subordinação lógica;coordenação
lógica;interseçãológica;e relaçãológicadiagonal.

Umarelaçãodehiponímialógicaocorrequandoum conceitotem
todasascaracterísticasdo outro conceito,e esteúltimo possuiuma
característica
adicional;pode-sedizerqueesteconceitoé uma espécie
dooutro,o gênero.Assim,o conteúdodoconceitomaisrestrito(conceito
subordinado) inclui o conteúdodo conceito superordenado.Na
superordenaçãode conceitos, temos, portanto, o gênero, e na
subordinação,a espécie,comopor exemplo,veículoé o gênerode
aeronave.A coordenação lógicaseestabelece
quandoosdoisconceitos
analisadossãoespecíficos do mesmotermogenérico,distinguindo-se
entresipor umaúnicacaracterística (WÜESTER, 1981,p. 87). Ditode
outraforma,ela sedáentreconceitosdeum mesmorenquelógico.A
relaçãodeinterseçãológicaseapresenta quandosãocomparados dois
conceitos,
cujaintençãosóéidênticaparcialmente,istoé,nemtodasas
.~ características
sãoasmesmas,
comoporexemplo,
Ensino- Instrução.
~ A relaçãodiagonallógicaocorrequandoduasespéciesdeconceitosdo
~
~ mesmogêneronãoestãoligadospor relaçãodesubordinaçãonemde
og coordenação, comoporexemplo,balão/foguete, navio/avião.
E

.
(])
0.0
AsrelaçõesdecombinaçãológicasãodefinidasporWüester(1981,
ro
~
0.0
p. 87)daseguinteforma:
c:
:.::;
Consideremostrêsconceitosquenãosãoligadosentresi,nemporumarelação
dehiponímia lógica,nempor relaçãodecoordenação lógica.Doisdentreeles
podementãoserconceitosdepartidaque,porsualigação(chamadatambém
decombinação),constituemum terceiroconceito(1981,p, 87),

Sãotrêsasespéciesdecombinação lógicadeconceitos:determinação,
conjunçãoe disjunção.A determinaçãoocorrequandoum segundo
conceitoaparecena compreensãode um primeiro conceitocomo
característica
suplementar,
eo resultado,ou seja,o terceiroconceito,é
um específico doprimeiroconceitodepartida.Wüester(1981,p. 87)
apresentao seguinteexemplo,paraestetipoderelação:a combinação
dosconceitosImport = importare Kaufmann= homemdenegócios
resultano conceitoImport-Kaufmann= importador.

Quandoascaracterísticas
dedoisconceitossãoreunidas,resultando
emum terceiroconceitoqueéespecífico
comumaosdoisconceitosde
partida,diz-sequeexisteumaconjunçãodeconceitos.Wüester(1981,
p. 87) apresentao seguinteexemplo:a combinaçãodosconceitos
Ingenieur= engenheiroeKaufmann= homemdenegóciopoderesultar
[emalemão]noconceitoIngenieur-Kaufmann = engenheiro-homem
de negócio,Assim,um engenheiro-homemde negócioé tanto um
engenheirocomoum homemdenegócio.Osconceitosformadospor
conjunção de conceitosacabamformando, no momento de sua
estruturaçãoemum sistemadeconceitos,sistemaspolierárquicos(ver
sistemadeconceitos).

A disjunçãodeconceitosé definidacomouma somalógica.Esta


relaçãoocorrequando"as extensões dosdoisconceitos,ou seja,seus
específicos,
sãoreunidas.Um exemplo:indo-europeu.Daí resultao
genéricocomumdosconceitosdepartida" (WÜESTER, 1981,p. 88). '"
'50
Outroexemplo:homem,mulher = serhumanoadulto. o
(5
c:
Relação ontológica 'E
~

.
Asrelações
ontológicassãorelações
indiretasentreconceitos,
porque ~
resultamdaspropriedades
quepossuemosrepresentantes
dosconceitos '§
(osobjetosdomundoempírico).Caracterizam-se
pelacontigüidadeno ~
tempo e no espaçoou pela conexãode causae efeito.
Wüester(1981,p. 91), considerando o usodo conceitoantologia
pararepresentar estetipoderelaçãoconceitual,adverteque"o conceito
deantologiaou 'ciênciadoser'correo riscodeserum poucodelicado
paraum bomnúmerodeleitores.Masapreocupação coma antologia
sóapareceà medidaqueé necessário elucidarasrelaçõesquepodem
existirentreosconceitos".Argumentaquea terminologiatevedecriar
nãoapenasostermosutilizadosnestetipoderelação,mastambémseus
símbolos. Mas acrescentaque, apesarde uma das funçõesdos
terminólogos seradeelaborartermos,"elesaindasevêemconstrangidos
em introduzirtermosapropriados, emparticularrelaçõesparte-todo,
cadeiaparte-todoesistemaparte-todo"(WÜESTER, 1981,p. 95).

Asrelações
ontológicassãoclassificadas
emdoisgrandesgrupos:as
relaçõesdecontactoeasrelaçõesdecausalidade.

Relação de contato
Arelaçãodecontactoé a maisimportantedasrelaçõesontológicas,
queseauto-explicama partirdasduasespéciesqueincluem:a relação
decoordenação(ontológica)e a relaçãodeencadeamento.

Aprincipalrelaçãodecoordenação éa relaçãoparte-todo,ouseja,a
relaçãoentreo todoe suaspartes,ou entreasprópriaspartes,sendo
considerada "relação espacial e por conseguinte relação de
simultaneidade"(WÜESTER, 1981,p. 96). Elapodeocorrerentredois
conceitosou entredoisou maisconceitos.Aocomparardoisconceitos
em uma relaçãodecoordenação ontológica,surgemquatrotiposde
:~ possibilidades:subordinação
partitiva,coordenação partitiva,interseção
~ partitivae relaçãodiagonalpartitiva.A subordinação partitivaocorre
~ quandoum objetoindividualé umaparte(subordinação partitiva)de
8 outro objetoqueé o todo (superordenação partitiva). Estarelaçãoé
~ tambémchamadade relaçãoverticalpartitiva,porqueformacadeias

.
~

.
partitivas, ou seja, uma sérievertical de conceitos.Nestasérie,
:§ considerando-se doisconceitos
vizinhos,o conceitosuperiorcorresponde
aotodoe o conceitoinferioré umadesuaspartesconstitutivas,como
porexemplo,Avião- Motor.
A relaçãode coordenação partitiva existeentredois objetosque
representampartede um todo comum. Estarelaçãoforma séries
horizontaisdeconceito,sendotambémchamadasderelaçãohorizontal
deconceitospartitivos,ondeseencontramosrenquespartitivos.Um
renquepartitivoéumasériehorizontaldeconceitosquecorrespondem
àspartesdeum todonum certoníveldedesagregação. Porexemplo,
"fuselagemé coordenadode asa(queestãosubordinadosa avião)"
(FELBER,1984,p. 62).

A relaçãointerseçãopartitiva ocorreentre dois conceitosque,


comparados,
possuemalgumapartecomum.Porexemplo,Biologiae
Químicaproduzemo conceitoBioquímica.

A relaçãodiagonalpartitivaé aquelaqueseapresenta
quandoduas
partesdeum todocomumestãoem relação,e estarelaçãonãoé de
subordinação nemdecoordenação. Porexemplo,MecânicaeQuímica
sãopartesdotodoCiência.

A relaçãodeencadeamento é uma relaçãotemporal.A principal


relaçãodeencadeamento é a relaçãodesucessão,
ou seja,relaçãode
contigüidadeno tempo,comoporexemplo,predecessor sucessor.

Relação de causalidade
Relaçãodecausalidade é aquelaquesebaseiaemum elosucessivo
decausas(WÜESTER, 1981,p.96).Asprincipaisrelações
decausalidade
sãoasrelaçõesdeparentesco,tambémchamadaspor Felber(1984,
p" 64) de relaçõesde descendência,a saber:relaçãogenealógica
(pai~filho); relaçãoontogenética(ovo~ larva);relaçãodesubstância "~
(urânio~rádio). Apresenta
aindaoutrasrelações,
taiscomo:material-
E
i
produto(madeira~mesa);instrumental(instrumento~eseuuso).
~
Alémdeestabelecer
asrelações
entreosconceitosemseutrabalho, ~
Wüester
reconhece
anecessidade
deumaclassificação
dosconceitos
como "i§
baseparaaatividadeterminológica.
Sendoassim,posicionaosconceitos ~
emconjuntos
harmônicos
aos
quais
dáonome
desistema
deconceitos.
.
Sistema de conceitos
Umsistemadeconceitos,para a TGT,é um sistemaformadopor
conceitose suasrelações,que podemser lógicase ontológicas.A
representação
dosistemadeconceitosserveadiversos
objetivos,
taiscomo:
organizaçãoefetiva do conhecimentodentro de uma dada área;
representação
claradasrelaçõesentreconceitos;revelaçãodeconceitos
aindainexistentes
ou conceitosredundantes(sinonímia),ajudandoa
assegurar um nível ótimo de normalização da terminologia;
estabelecimentode equivalênciasclarasentretermosem diferentes
línguas(ISO/DIS704).
Paraa determinaçãode um conceito,dentrode um sistemade
conceitos,trabalham-seassuascaracterísticas,que têm um papel
fundamentalnesteprocesso.Oagrupamento deconceitossedáquando
seidentificauma característica
especificadora
comum aosconceitos;
quandoseempregaestacaracterística comocritério para divisãodo
sistema,diz-sequeelaé um "tipo decaracterística".
Todomembrodosistemaformaumaestruturacomníveis,chamada
dehierárquica.A esterespeito,
Wüester0981,p. 98)explica:

Napráticaverifica-sesertambémnecessário dar um nomeà relaçãoqueliga


doisconceitosquandoestesdoisconceitosnãoestãosituadosnamesmacadeia.
Hátrêspossibilidades:
ou estesconceitosestãocoordenados, ou sesuperpõem,
ousãoligadosporumarelaçãodiagonalnointeriordeum sistemadeconceitos.
Naterminologiachama-serelaçãoassociativa tal relaçãoconceitualoumais
'" exatamenterelação hierárquica.Por oposição,reúnem-sesobo nomede
.~
,'" relaçõesdecomparaçãonão-hierárquicatodasasoutrasrelaçõesontológicas,
1:
Q) ou seja,todasaquelasquenãosãorelaçõesparte-todo(1981,p. 98).
E
§ Destaforma,asrelações
hierárquicas
formamsistemas
hierárquicos
~~ serdivisionais
queenvolvemsuperordenação, subordinaçãooucoordenação, podendo
ou combinatórios.Ossistemasdeconceitosdivisionais
'"
51
c: sãomonoierárquicos,
istoé, um único sistemaservecomoconceito
:::; superordenado
maiselevado etodososoutrossãosubordinados
aele.
11 Ossistemas
deconceitos
combinatórios
formamossistemas
deconceitos
poliierárquicos,istoé, ascaracterísticas
sãocombinadase o conceito
podeserestruturadoemváriashierarquias.Aapresentação dossistemas
hierárquicose poliierárquicosformao sistemadeconceitocomoum
todoe coloca,assim,emevidênciasuaeskuturana qual osconceitos
sãorepresentados portermos.Asmaisimportantesrepresentações
gráficas
sãoasseguintes:

· Diagramaemárvore(tem a formadeumapirâmide,ondecada
topoapresenta
umacaracterística
quepossibilitaa divisão);
· Diagramaemcadeia(formadoporváriosdiagramasemárvore);
· Diagramaemcampocircularou retangular(tabelas)(FELBER,
1984,p. 66).

Arespeitodaapresentação
dosconceitos,
Wüesterargumentaainda
o seguinte:

1Pode-serecorrera um planográficodosistemaparacolocarasrelaçõesem
relevo;

2 Esteplanográficoésubstituído,namaioriadasvezes,
porumplanoque
tomaa formadeumalista;ditodeoutromodo,por umalistaseguida de
conceitos.Estalistalevao nome,igualmente,
de"registrosistemático"
ou
"partesistemática".

2.1Ostermoscorrespondentes
aumacadeiadosistema sãoinscritos
numa
escala.
Ostermosdeumrenquesãocolocados
unsabaixodosoutros.

2.2Àfrentedecadatermo,coloca-se
umsi~o ideacional
(porexemplo,
um
número),ouumtermo,queexprimeapenas ograudacadeia.
'"
'50
Talsímbolochama-se
"símbolodegrau". o
,
oc
2.3Afrentedecadatermo,coloca-se
um símbolodenotaçãosistemática.'E
Quandoseemprega umsistema denotações
destetipoénecessário,
então, ~

.
inscreverostermosde forma recuada.Ossímbolos mencionados nosparágrafos -f!5
trazemigualmente
onomede"símbolos
declassificação"
(1981,p. 19). .~
o
<1J

Ousodoplanográficoéumprocesso deorganização
dosconceitos, ~
nafasedeanálisedeseuentendimento.
Aorganizaçãodosconceitosno
planopodevariaratéquesecheguea uma conclusãosobrea posição
adequadadoconceitonoSistemadeConceitos.Estaorganização final é
que deveserapresentadanas terminologiase é ela que forneceos
elementosdadefinição.

Definição
A definição,na TGT,é reconhecidacomouma formadedescrição
doconceito.Oconceitopodeserdescrito,também,porumaexplicação,
casonãosejapossívelestabelecersuadefinição.Porém,adefiniçãoé a
chaveparaumtrabalhocientífico.Umadefiniçãoé,então,umadescrição
deumconceitopelosignificadodeoutrosconceitosconhecidos.
Elarevela
aposiçãodoconceitoemumsistema deconceitos
relacionados,
enquanto
que uma explicaçãoé uma descriçãodo conceitosemconsiderar,
entretanto,aposiçãodoconceitoemumsistemadeconceitos(FELBER,
1984,p. 73).

A definição na terminologia não é apenasrecolhidaentre os


membrosdeumalínguaespecial, maséfrutodaordenação/classificação
dos conceitosem um sistemade conceitos.Assim,uma definição
recolhidaemum primeiromomentopodesofreralterações ou ajustes
no processode fixaçãodo conceito,ou seja,duranteo processode
ordenação/classificação(KANDELAKI,1981,p.160). A definição
resultanteéquevaideclararo significadoqueo termodeveternaquele
sistemaespecíficodeconceitos.Por isso,diz-sequea Terminologiaé
prescritiva.

~~ Osconceitospodemestarligadosna definiçãopor: determinação


~E(intenção)ouconjunção,disjunçãoeintegração(extensão).Sãoesses
a
o os dois tiposmais importantespara a atividadeterminológica.Os
o elementos dadefiniçãoporintenção(oudefiniçãológicaou analítica)
~

.
sãoascaracterísticas do conceitodefinido.Oselementosda definição
~
c
porextensão sãoosmembrosdaclassedoconceitodefinido.

:::; A ordemdascaracterísticas,
determinadano momentodafixação
doconceito,é a mesmadadefiniçãointencional,ou seja,o termoque
designao gêneroimediatamente superior(genusproximum) vemem
primeiro lugar (característicaintrínseca), seguindo-seasdemais
características
(differentiaspecifica).Paraqueadefiniçãoassumasua
propriedade sistematizante,é necessário
manternestepadrão.

Comoascaracterísticas dosconceitostambémsãoconceitos, devem


ter uma definição,ficandoevidenteasrelaçõesentreosconceitos.A
normaISO704(Princípios e métodosdaatividadeterminológica),que
seguea TGT,forneceelementospara a definição,masnão estabelece
princípios,ouseja,édescritiva.
Osproblemas dadefiniçãotêmsidoobjeto
deestudosdiversosna língua geral.Na línguaespecializada,todavia,
apenasrecentemente começoua serobjetodeestudosistemático.

Em 1982o GroupeInterdisciplinairedeRecherche Scientifiqueet


Appliquéeen Terminologie(GIRSTERM),no Canadá,realiza um
ColóquioInternacionaldeTerminologiasobo tema "Problemasda
definiçãoe da sinonímiaem terminologia"(TERMIA,1982),como
objetivodediscutirespecificidades
dadefiniçãoemTerminologia,como
por exemplo:o quedefinir,comodefinir,por quedefinir,a sinonímia
dostermosversusasinonímiadaspalavras - questõesqueseapresentam
no cotidianodosterminólogosno exercíciodeseutrabalho.Comoa
definiçãoé um elementofundamentalpara a Terminologia,cabe
destacara contribuiçãodealgunsteóricosparticipantesdoColóquio.

Dahlberg(1983,p. 13),umadasteóricasmaisimportantesparaas
áreasdeClassificação
eTerminologia,apresenta
umalongaexposição
sobreocarátereosrequisitosdadefiniçãoterminoló~a, àluzdaTeoria
do Conceito(ver4 ). SegundoessaTeoria,a definiçãoterminológica 'õo '"
o
seriaa definiçãoconceitual,poisela incorporaos trêselementosdo "O
c
conceito,a saber,o referente,ascaracterísticas
e o termo,aocontrário 'E
dadefiniçãonominal,quecontemplaapenas o termoeumaequivalência
'"
~

.
textual,edadefiniçãoostensiva,
queincorporaapenas
o referente
eo termo. "
.~

Umadifinição conceitual(oudefiniçãoreal)é umadefiniçãonaqualo &


definienscontémascaracterísticas
necessárias
deum referentenomeadopelo
definiendum
(DAHLBERG,
1983,p. 21). ;
SegundosuaTeoria,ascaracterísticas relevantesdo conceitosão,
então,oselementosconstitutivosda definição.O pontoprincipalno
estabelecimentodas definiçõesdos conceitosestá, portanto, na
identificação das características.Ela estabeleceum padrão para
definição,conformeacategoriadoconceito(definiçãogenérica,partitiva,
funcional) (DAHLBERG,1983, p. 22). Com isto, a definição
terminológicaforneceriaa basepara seestabelecerem os sistemas
terminológicos,uma vezque incorpora a noção de Categoriana
identificação/definição
do conceito.É importanteressaltar,
aqui,que,
na Terminologia,a definiçãoevidenciao conteúdodoconceitoenãoo
significadodotermo.Natanson(1983,p.55)chamadedefiniçãológica
algosemelhanteaoqueDahlbergchamadedefiniçãoconceitual:ele
incorpora,igualmente,a noçãodeCategoriae forneceasbasesparao
estabelecimentodasproposições.Apesar deempregarumaterminologia
diferentedaqueladeDahlberg,percebe-se quesuaabordagemsegueos
mesmosprincípios.Paraele,ascategoriaslógicasé quefornecemos
elementos paraumadefiniçãoprecisa:

Comefeito,antesdetrazerum "conceitualizado"à suacategoriaexata,parece-


nosnecessárioverificartodasasdependênciaspossíveis
doconceitoemquestão
com ascategoriaslógicas,o quepoderiaevitarerroseventuaisdedefinição...
Éprecisoteremcontaqueo gelosendoo resultadodocongelamentodaágua,
já não é a água;é um outro objeto,do pontodevistadesuaspropriedades.
Assim,deve-serelacioná-Ioà categoriadosobjetos,Ollantesa lima desuas
subcategorias,a das matérias.Nestaperspectiva,a definição deveriaser
formulada,por exemplo,com"Matériasólidaresultantedofenômenoouda
ns
operaçãodocongelamentodaágua" (NATANSON, 1983,p. 57).

~ Outracontribuiçãorelevante,noColóquio,éadoteóricotchecoDrozd
Q)

5 (1983,p.87),daEscoladeTerminologiadePraga.Pesquisador debase
8 lingüística,eleofereceimportantesubsídiopara a questãodo termo.
E Emborareconhecendo "trêsrelações
principaisdetermos"- o sistema

.
Q)

~
:J de entidadesextralingüísticas(o mundoda realidade),o sistemade
.~ conceitos
-' eosistema determos(quenomeiaosistema deconceitos)
-
Drozdinclui apenaso sistemadeconceitose o sistemadetermoscomo
. "os maisimportantesparaosterminólogos"no estabelecimento das
detlnições,sendoestaso únicomeiodedescobrir
edistinguirossinônimos
terminológicos(DROZD,1983,p. 89). Reconheceque o sistemade
conceitosémaiságilqueosistemadetermos.ParaDrozd,(1983),como
para os autoresjá citados,a definiçãoterminológicaé a definição
analítica.

Ossignosdalinguagemsãomaisconstantes,mesmo queosconteúdos
designados
tenhamsemodificado
oualterado.Osconteúdos
dostermos (não
modificados)
"átomo"e"molécula"
sãogarantidos
peladefinição,
quetem
umafunçãocognitiva
(DROZD,
1983,p.92).

O quartoe último trabalho,relativoà definiçãoapresentadono


Colóquio,édeSager(1983),terminólogoinglêsdeformaçãolingüística.
Elenãoconsideraapropriadofalar dedefiniçõesterminológicascomo
uma categoriaseparada,partindodopressuposto dequeasdefinições
variamdeacordocomostiposdeusuáriosdeumdadobancodetermos.
Assim,numasituaçãoótima,umúnicotipodedefiniçãopodesatisfazer
todasasdiferentesnecessidades
dosusuários.Suadiscussão
sebaseia
noqueeleconsidera
"termo"- umaunidadeglobalparaa unidade
"designação econceito".Issosignificaquea "definição"seaplicatanto
àdesignação quantoaoconceito.Assim,asdefinições sãodadasparaos
conceitos e asdesignaçõessópodemserexplicadas demodosignificativo
lingüisticamente(SAGER, 1983,p. 114).

ParaSager,
asdefiniçõesestãointimamenterelacionadascomoutros
termos(genérico,específico,
associado,genéricomaisamplo),e estas
relaçõessãodeclaradasno interiordaclassificação
do assuntodeuma
determinadaáreado conhecimento.Ele consideraque os diversos ro

métodosdedefiniçãodependem danaturezadoconceitoe servemaos '§>


diferentespropósitosda definição.Umadefiniçãoanalítica sempre g
relacionaum termo com seutermo superordenadoe podeincluir, .~

.
também,termoscoordenados. Umadefiniçãosintéticaidentificao lugar t;;;
""O

de um conceito num sistemade relaçõese menciona os termos .~


subordinados(SAGER,1983,p. 118). Ao enfatizar o propósitoda &
definição,queestariarelacionadoàsnecessidades do usuário,Sager ,
acreditaqueo tradutornãoprecisadeumadefiniçãoparacompreender
o texto,vistoqueeletrabalhaa partir deum contexto.Paraele,basta
um equivalente num bancodetermossepuderconfiarnoterminólogo,
necessitando apenasdaconfirmaçãodeumcódigodetalhadodeassunto
edeumanotadeusoparaorientá-Io.Oespecialista conheceoconceito
quequerusareprecisaapenasrecordara estruturaterminológicaque
existenaqueleassunto,sejaparaverificar,sejaparacriar termos.Isso
podeserfeitopor uma "definiçãoterminológica".O não-especialista
precisadeumaexplicaçãonaformadeumadefiniçãoenciclopédica, já
quenãosebeneficiariadenenhumoutrotipo (SAGER, 1983,p. 130).

'"
.>:
,'"
c:
Q)
E
::J
U
o
o
E
Q)
co
'"
::J
co
c:
:.:;

.
.4 TEORIADO CONCEITO

A Teoriado Conceitopossibilitouuma basemais sólidapara a


determinaçãoe o entendimentodo queconsideramos conceito,para
finsderepresentação/recuperaçãodainformação.Dahlbergdesenvolve
estaTeoriano campoda Terminologia.Nosanos70,ela demonstraa
possibilidadedeadotarprincípiospara a elaboraçãodeterminologias
noâmbitodasCiências Sociais(DAHLBERG, 1978).Nestamesmaépoca,
evidenciaaligaçãoentreaTeoriadoConceitoe aTeoriadaClassificação
(DAHLBERG, 1978a).Posteriormente,utiliza a Teoriado Conceitono
campo das linguagensdocumentáriasde abordagemalfabética,
especificamente
paraa elaboração
deTesauros(DAHLBERG,
1980).

Osprincípiosda Teoriado Conceitotêm-semostradoúteispara a


elaboraçãode tesaurosporquefornecembasesseguras,tantopara o
estabelecimento
derelações,
comoparasuarealizaçãonoplanoverbal,
ouseja,adeterminaçãodoquesedenominatermo.Segundo estaTeoria,
assoluçõesparao termoesuaformanãosãomaiso pontodepartida,
maso pontodechegada,comoseverámaisadiante.

Nestecapítulo,procura-sedeixarevidente,alémdosprincípiosque
regema teoriado Conceito,'suaimportânciaparaa formaçãodeum
corpoteóricopróprioparaa elaboraçãodetesauros. Destaforma,será
apresentada,primeiramente,a evoluçãohistórica dos tesaurosde
recuperaçãoatéosdiasatuais,ondeseverificauma novametodologia
para elaboraçãode tesauroscom baseem conceito.A seguir será
apresentadaa teoriadoconceitoealgumasexperiênciasdeconstrução
.9
detesaurosterminológicos. 'Qi
u
c:
o
4.1 ORIGEM DO TERMO TESAURO U
o
-o
Apalavra "thesaurus" etimologicamente vem do gregoe do latim e ,ê
o
significa "tesouro" tendo sido usada durante muitos séculos, para ~

designar léxico, ou "tesouro de palavras", Estapalavra popularizou-se.


apartirdapublicaçãodoThesaurusoJEnglishWordçand Phrtl$es,de
PeterMark Roget,em Londres,1852. Osubtítulodeseudicionário
expressabem o objetivo:"palavrasclassificadase arranjadaspara
facilitara expressão
dasidéiaseparaajudarnacomposiçãoliterária."

Aocontráriodostradicionaisdicionáriosdelíngua,nosquaisseparte
deumapalavraparasaberossignificados queelapodeter,noThesaurus
deRogetparte-sedeum significado,deuma idéia,parasechegaràs
palavrasquemelhorarepresentem. Eleéum esquema declassificação,
com um índicealfabéticoremissivo.SegundoFoskett(1985,p. 271),
"seuvalorconsisteemserumaestruturadeconceitosrelacionados entre
si, atravésdeváriossignificados;
istoé quetornaRogetfamiliara todos
osqueseinteressam pelaqualidadeeo estilonaescrita."KarenSparck-
Jones,emseutrabalhoSomeThesauricHistory, resume,empoucas
palavras,o objetivodoThesaurus deRoget:

[u.] Rogetpensou
emseuThesaurus comoumaclassificaçãodeidéiasque
poderiaajudaraqueles
queprocurassem palavras
apropriadas;
econsideroua
organização demil seções,
ou tópicos,expressosna TabelaSinóticade
Categoriascomoumimportante componente dotodo.Umapessoa poderia,
emprincípio,encontrarseucaminhoparaa formulaçãodeuma idéia
inicialmente
nebulosaseguindo
a trilhaapropriada
daárvore[daTabela]até
umaseçãoparticularondepoderiaencontrara palavraespecífica mais
apropriadaparaexpressar
aidéia(1972,p.402).

OThesaurusé organizadoemduaspartes:a primeira,com uma


estrutura classificatória,ou, como Rogetchama, um sistemade
tO classificação
dasidéias;a segunda,um índicealfabético
dos"cabeçalhos
:§ sobos quaisocorremaspalavrase frases"(ROGET,1925,p. 383),
~ remetendo
::J
aosnúmeros
querepresentam
asidéiasnapartesistemática.
u
o
o Apartesistemática éconstituídadeseiscategorias:
Relações
Abstratas,
E Espaço,Matéria,Intelecto,Vontade,Afeições.
Q)

.
00
tO
::J
00 1. Aprimeira destas classes compreende idéias derivadas de Relações Abstratas
c:
:.::; e mais gerais entre as coisas, tais como: Existência, Semelhança, Quantidade,
Ordem, Número, Tempo, Poder.
2. A segundaclassesereferea Espaçoe suasváriasrelaçõesincluindo
Movimento,oumudança delugar.

3. A terceiraclasseinclui todasasidéiasrelacionadasaoMundoMaterial,a
saber:Propriedades
daMatéria,taiscomoSolidez,Fluidez,Calor,Som,Luze
osfenômenosqueelesapresentam,bemcomoassimplespercepções a que
elasdãoorigem.

4.Aquartaclasseabarcatodasasidéiasdefenômenosrelacionados
aoIntelecto
e suasoperações
compreendendo
a Aquisição,a Retençãoe a Comunicação
deIdéias.

5.Aquintaclasseinclui asidéiasdoexerCÍciodaVontade,ForçasVoluntárias
e Ativas tais como: Escolha, Intenção, Utilidade, Ação,Antagonismo,
Propriedade etc.

6.Asextae última classecompreendetodasasidéiasderivadasdasoperações


denossasForçasMoraledoSentido,incluindonossosSentimentos,Emoções,
Paixões,SentimentosMoraise Religiosos(ROGET,1925,p. XIX).

Em seu trabalho, Roget apresenta um "Quadro Sinótico de


Categorias", no qual especifica as divisõese subdivisões de cada Categoria.
Cada uma destas divisões e subdivisões é detalhada em diversos tópicos
ou cabeçalhos de significação sob os quais as palavras são organizadas.
Os tópicos são numerados para facilitar a localização. Para mostrar com
maior individualidade as relações entre as palavras que exprimem idéias
opostas e correlatas, Roget colocou os tópicos em duas colunas paralelas
na mesma página, de forma que as expressões pudessem ser contrastadas
com aquelas que ocupavam a coluna ao lado e constituíam sua antítese.
Em muitos casos, idéias que são completamente opostas entre si admitem
uma idéia intermediária ou neutra, equidistante de ambas, sendo
expressas por termos correspondentes (ROGET, 1925, p. XXI). Por
.9
'v
u
exemplo: Identidade - Diferença - Contrariedade, Começo - Meio - c:
o
Fim. U
o

.
"'O

Em 1950, Hans PeterLuhn, do Research Center da IBM nos Estados .ê


o
Unidos,foi o primeiro a utilizar o termo Thesaurus para nomear seu ~
sistema de palavras autorizadas que possuem uma estrutura de
referênciascruzadas(FOSKEIT,1985,p. 270).Luhn,aoorganizarseu
Sistema, percebeuqueumasimpleslistagemalfabéticanãosolucionaria
o problemadelocalizara palavra/idéiamaisadequadaà recuperação.
Algumarelaçãoentreestaspalavrasdeveriaserestabeleci
da,paraquea
lista pudesseapresentaruma estruturamais sólida de referências
cruzadas;era necessáriodefinir,de alguma forma, as "famílias de
noções"entreaspalavras,istoé,evidenciarque idéiasafinsestavam
ligandouma palavraa outra.Aonomearestanovalistadepalavras
autorizadas deuo nomede"thesaurus",influenciadopelotrabalhode
Rogetque,emseudicionárioanalógico,expõeestaquestãodaseguinte
forma:a revisãodeum catálogodepalavrasdesignificadoanálogovai
sugerir,comfreqüência,porassociação,
outrassucessões
depensamento.
Aapresentação dosassuntossobaspectosnovosevariadospodeexpandir
grandemente a esferadenossavisãomental(ROGET, 1925,p.XVIII).

Destemodo,umnovotipodelinguagemdocumentária
estánomeado
- o tesauro
derecuperação
deinformação
- queveiosecontrapor
às
listasdecabeçalhosdeassuntoeservircomoinstrumentodeauxílioaos
sistemasqueutilizavamum único termo(unitermo).Outraslistasde
termosqueapresentavam
algumarelaçãoentreelespassaram
achamar-
se,também,tesauro.

Vickery,nosanos60,demonstraquatrosignificados
diferentes
usados
na literaturadeCiênciadaInformaçãoparaotermo"tesauro",sendoa
interpretação maiscomumadeuma listaalfabéticadepalavras,onde
cadapalavraé seguidade outrasque a ela serelacionam(VICKERY
,'" apudFOSKEIT,1985,p. 270).
.~
~ Noinício dadécadade70,atravésdoprogramaUnisist(UNESCO,
~ 1973,p. 6), a Unescodefine "tesauro" para a áreade Ciênciada
8E Informação,sobdoisaspectos:

.
~
'" a) Segundoa estrutura:
=> ,
g? "E um vocabuláriocontroladoe dinâmicodetermosrelacionados
semânticae genericamentecobrindo um domínio específicodo
.
:.:;
I conhecimento."
b) Segundoa função:

"É um dispositivodecontroleterminológicousadona traduçãoda


linguagemnaturaldosdocumentos,dosindexadores ou dosusuários
numalinguagemdosistema(linguagemdedocumentação, linguagem
deinformação)maisrestrita."

Percebe-se a preocupação
daUnescoem apresentar definiçõesque
pudessem atendertantoà áreadeelaboraçãodetesauro(definiçãoa),
quantoà áreadeorganização e recuperação
deinformação(definição
b). Estasdefinições,
dealgumaforma,vêmsendoutilizadasnaliteratura
atéosdiasatuais.

4.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TESAURO


DE RECUPERAÇÃO

A necessidadede elaborar critérios que pudessemcontrolar e


padronizar a linguagem de indexaçãoutilizada nos Sistemasde
Recuperação levouprofissionaisdeinformaçãoapercorrerem diversos
caminhosparaatingiresseobjetivo.A evoluçãohistóricadoTesaurode
Recuperação- instrumento
quereúneconceitosdeumadadaáreado
conhecimento entresi- podesertraçada
relacionados a partirdeduas
vertentes:
umaquetomanitidamente comobaseo Unitermo- uma
única palavra-, e a outra influenciadapelaTeoriada Classificação
Facetada.

Cadaumadessas linhasseráapresentadaaseguir,chegandoaoque
denominaremos deTesauro combaseemConceito.Énecessário,
porém,
repetiro queLancasterdeixaevidente,quandoapresentaum quadro
(Figura4)daevolução
histórica
dotesauro,
nocontexto
docontrole
de o
vocabulário,tomadocomobasenestecapítulo:"[...] ocaminhotraçado .~
c:
não podeser consideradode fato definitivo, desdeque não está 8
completamente
claroqueminfluenciou
quem.Entretanto,
odiagrama..g
descreve
o processo
segundominhainterpretação"(LANCASTER,1986, .ê
o
p.29).Oqueficaevidentenodiagramaéadicotomianalinhaevolutiva ~
dostesauros.
Deum lado,avertentedeabordagem
alfabética,degrande.
influência na América do Norte, e, de outro, a abordagem sistemática,
que tem seus pressupostos estabelecidos pela Classificação Facetada.

4.2.1 Os tesauros na América do Norte

Os tesauros elaborados na América do Norte, especificamente nos


Estados Unidos, foram fruto do desenvolvimento que ocorreu a partir do
Cabeçalho de Assuntos para o Uni termo; talvez fosse mais adequado
fazer referência a uma ruptura, porque se introduziu um novo modelo,
estranho ao anterior.

CLASSIFICA TlON AlPHABETICSUBJECT


BIBlIOGRAPHIC INDEXING

Analylico.synlhelic (Iaceled) (CullerRules11876)


(Rangan.lh.n 11930s) 1 LislSossubjeclheadingsIIX~SI)

Unilerm(T.ub.(195111
Alph.b.li<:
subiecl
indexing
{Co.les(1969)) I
Duponl(1959) U.S.D.p.~.m.nl
... 01O.I.nse11960)

Alh.(19611
EJC(19641
... /
P,ojecllEX (196501967)

~ ~T{1967}

~
PRECIS
1197
Thesa:ro,.cel~O

f1~691

:
:
lSATI

ANSI
UnescoMonhngualgUldellnes

~
(1970)

~ ~

\ ~
Z39019 ISO DIN1463 AFNOR
, (19741 2788 119J~1 "Z47oI00
~ ... 11974/' ,/ (um
o.:
,~ 55723 '''' ""
11979) ,,' /
C

/
~
Q)
E ("::::"";nescoMOn]~gu.19Uid.linesI19761
::J : :
U fRevisedversion.19801

:i
/ +
o
O Unescomonolingual
Gu~.lines 119811 , , ISO5964(19851
E
Q) ~ ...,

.
00 ISO2788{draIl2" Edi]~no1983}
~
::J
00
c:
:::;
Figura 4 - Evolução Histórica do Tesauro de Recuperação
(LANCASTER,1986)
ApartirdaSegundaGuerraMundial,como desenvolvimento cien-
tíficoetecnológico,
aliteraturapassouaexigirumtipoderepresentação,
nos catálogos,que os cabeçalhosde assuntonão conseguiram
acompanhar. Onúmerodecabeçalhos simples- constituídospor so-
menteumapalavra- passoua setomarinferiorfrenteaograndenúmero
decabeçalhos compostos - constituídospormaisdeumapalavra.Este
fato acarretoualgunsproblemasnarepresentação da informação,pois
a entradanoscatálogosalfabéticos é linear.Sendoassim,

alguns dos elementos dos cabeçalhos compostos não poderiam ser encontrados
diretamente, mas deveriam ser procurados indiretamente, através de entradas
adicionais (sistemas de entrada múltipla), ou por meio de índices ou remissivas.
Ademais, a existência de uma ordem de citação ou importância prefixada
separava alguns elementos de um assunto composto que, se fossem reunidos,
teriam interesse para o usuário. Mais uma vez, era necessário proceder a este
tipo de busca por meios indiretos ou fazer entradas múltiplas de acordo com
certas técnicas (FOSKETI, 1973, p. 307).

Oscabeçalhoscompostoscomeçam,então,a exigir do indexador


uma sériedesubterfúgios
parafacilitar a recuperação
da informação,
que não seriamnecessáriossecadaaspectotratadono documento
pudesse
serum pontodeacesso.

Em 1951,MortimerTaubeintroduzo SistemaUnitermo,quetinha
por principalcaracterística
a "representação
do assuntopor palavras
únicas(uniterm) extraídasdo textodeum documentosemnenhuma
formadecontrole"(LANCASTER, 1986,p.31).EsteSistemapossibilitava
a composição do assuntono momentoda recuperação da informação
e, por estarazão,foi denominadoSistemaCoordenado e, maistarde,
Sistema
Pós-Coordenado,
emoposição
aoscabeçalhos
deassunto,
que o
seriamconsiderados
Pré-Coordenados.
Noscabeçalhosde assunto,a .~
coordenação dosassuntos
sedánomomentodaindexação dodocumento 3
(entrada),aocontráriodossistemaspós-coordenados,que"permitem ~
transferiro atodecoordenação,ou seja,a combinaçãodoselementos .g
o
que,juntos,formamum assuntocomposto,daetapadeentradaparaa ~
etapa
desaída
oubusca"
(FOSKETT,
1973,
p.307). .
Lancasterjustificao fato de sero SistemaUnitermoconsiderado
responsável
peloaparecimento doTesauro:

o Sistema Unitermofoiprimeiramente implantado atravésdousodefichas


datilografadas
oumanuscritas; maistarde,foramusados sistemas
decartão
perfurado.Infelizmente,ossistemasnãotinhamqualquercontrolede
vocabulário,
especialmenteaquelesbaseados empalavras únicas,
quetendiam
afalharporcausadanecessidade demanipulação degrande númerodetermos
(um problemaquedesaparece quandocomputadores sãoempregados na
recuperaçãodainformação); isto,defato,foiexatamente oqueaconteceu.
O
primeirotesauro
foiintroduzidoparaimporcontrole noqueeraessencialmente
umSistema Unitermo. AinfluênciadeTaubeévisívelnograndenúmerode
termosconstituídosdepalavras únicasquepodemserencontradas emum
dosprimeirostesauros,pelomenosnaqueles produzidosnosEstadosUnidos;
issopodetambémterinfluenciado asprimeirasnormas paraaconstruçãode
tesauros(1986, p. 31).

Emrelaçãoa "uma estruturamaissólidadereferências


cruzadas",
comodesejava
Luhn,Vickery(1980,p. 141)afirmaque

asreferênciascruzadasdesenvolveram-secompletamente nostesauros
que
tendemasubstituirastradicionais
listasdecabeçalhos deassunto.
Enquanto
estasúltimasapresentavamagrupamentos significativamente
simples
como
referências
"vertambém",ostesauros usamumaanáliserelacionalmais
refinada.

Durante a década de 60, os tesauros foram sistematicamente


aperfeiçoados.Em 1960,o CentrodeInformação do Ministério da Defesa
dos Estados Unidos (anteriormente Armed Services Technical
<O InformationAgency
- ASTIA)produzseuprimeirolesauro.Em 1961,o
~ AmericanInstituteofChemicalEngineers
(AICHE)publicao "Chemical
~ EngineeringThesaurus",queeraum derivadodiretodo trabalhoda
a
o Dupont (ver Figura 4), primeiro tesauroa sercoclocadoà venda
o (LANCASTER, 1985,p. 31). Baseadono AICHE,o Thesaurusof
~ EngineeringTermsépublicado,em 1964,peloEngineersjoint Council
~ (EjC),com a finalidadedecobrirtodaa áreadeEngenharia.No ano
:S seguinte,
oEngineers
joint CouncileoDepartment
ofDefense
dosEstados

11 Unidosestabeleceram
um acordovisandoa reunir ambosostesauros,
que abarcavamtemas ligados à Engenharia, com considerável
participaçãoda indústria. Atravésdo projeto Lex, cuja meta era
estabelecerprincípioscomunsdeconstruçãoe usoe,também,criarum
único instrumentoparaambasasinstituições,prepara-se um manual
deconstrução detesaurosepublica-seoThesaurusofEngineeringand
Scientijzc Terms (TEST), em 1967.Endossadoe publicado pelo
Committeeon Scienceand Technical1nformation(COSATI),órgão
oficialdoFederalCouncilforScienceandTechnologydosEstados Unidos,
o manualfoi recomendado comofonteparaa construçãodetesauros,
tendo servido de basepara as diretrizes e normas produzidas,
posteriormente,pelaANSI - AmericanNationalStandardizationInstitute
(ANSI,1981)epelaUNESCO (1973).Porsuavez,asdiretrizesdaUnesco
deramorigemàsnormasnacionaise internacionais.

4.2.2 Os tesauros na Europa

Avertenteeuropéia,mostradanodiagramadeLancaster(Figura4),
desemboca naIndexaçãoAlfabéticadeAssuntos,deCoates,enoPRECIS
(PreservedContextIndexingSystem),sistemadeindexaçãoalfabética
desenvolvido por Austin,para o índiceimpressoda British National
Bibliography, trabalhos que sofreram influência da Teoria da
ClassificaçãodeRanganathan (LANCASTER,1986,p.33).Como jáfoi
vistoanteriormente, estaTeoriasebaseianopressuposto
dasCategorias
eéapartirdelasqueseoferece umasintaxemaisadequada à organização
e recuperação da informaçãoemsistemaspré-coordenados, comoé o
casodeCoates(paraa formaçãodoscabeçalhos) edoPRECIS(paraa
formaçãodecadaentrada).

Outrodesenvolvimento nestavertenteéoThesaurofacet,
queutiliza .8
a Teoria da Classificaçãode Ranganathannão somentepara a .~
organizaçãodeumasintaxe(nocaso,a notação),mastambémparaa 8
organizaçãodosconceitosemum dadoUniversodoConhecimento. O ..g
'"
domíniodeconhecimento quepermeiaestes
instrumentos
éaTeoria
da '§(lJ
Classificação
deRanganathan, tendoinfluenciado
todaumageraçãoI-'-
deprofissionaisinteressados
em representaçãoe recuperação
da .
informação.Estateoriaseconstituiuemumdossuportes
utilizadospelo
Classification
Research
Group- CRG- doqualfazemparteCoates,
AustineAitchison.

O CRGtem suasedeem Londres.SeuprimeiroEncontrofoi em


fevereirode 1952,tendo,nestaépoca,membroscomoAJ.Wells, B.C.
Vickery,E.J.Coates,J.E.L.Farradane,
D.J.Foskett,].MillseB.C.Palmer.
Maistarderecebeadesãodeváriosoutrospesquisadores comoR.A.
Fairthorne,BarbaraKyle,D.W.Langridge,D.J.Campbell,D. Austin,
]. Aitchison,entreoutros.Enquantogrupo,o CRGtempublicadomuito
pouco,masseusmembros sãoextremamenteativoseinfluentes(KUMAR,
1981,p.480).Segundo Wilsonemseusdezprimeirosanosdeatividades,
o CRGseconcentroupredominantemente emtrêsáreas,a saber:

a) Desenvolvimento
deesquemas especializados
declassificação
parauma
amplagamadeassuntos, desdeCiênciasdoSoloatéMúsica,combasena
"análisedefacetas"deRanganathan. Nocursodeseutrabalhoo Grupo
afastou-se
doconceitodascincocategoriasfundamentaisdeRanganathan
(Personalidade,
Matéria,
Energia,
Espaço eTempo)atéchegaraumconjunto
decategoriasdenaturezamaispragmática quepossuía,noentanto,uma
grandemargemdeaplicabilidade, a saber:Coisa,Tipo,Parte,Material,
Propriedade,Processo,
Operação,Agente,Espaçoe Tempo.Estaformade
abordagem foitambémempregada poroutromembrodogrupo,EJ.Coates,
emsuaobrasobreindexação alfabética
deassunto,
quedesenvolveu noBritish
TechnologyIndex.

b) PesquisasobreSistemasNotacionais
paraTabelas deClassificação.
Nesta
área,umagrande conclusãofoiqueumanotação podeserpuramenteordinal,
tO istoé, ela nãoprecisaexpressar a estruturahierárquicada Tabelade
.;::
,tO
C Classificação.
Talidéiaestavadefatoimplícitanosrequisitos
deBlisspara
Q)
E
umanotaçãobreve,aplicadaatécertopontoemsuaprópriaTabela; masa
~ idéiafoi desenvolvida
deformalógicapeloCRGatéo pontodepropor,em
u
o
O algumastabelasespeciais,o usodeumanotaçãopuramente ordinal.Um
desenvolvimentodestaidéialevouàinvenção danotação ordinalretroativa

.
E
Q)
00
tO
deCoates.
~
00
c:
::J c) Análise
derelações entreconceitos.
Nosprimeirosanosummembroem
particular,asaber,].ELFarradane,
escolheu
estaáreacomoáreadepesquisa
eevoluiuparaoqueagoraconhecemos como"operadores
derelação".Estes
relacionadoressebasearam numateoriadepsicologiae pensamento eé
interessantenotarquepodiamserusados tambémparaaanálise defacetas,
embora o intentooriginaldeFarradane
fosse
o deusá-Ioscomoligaçõesentre
ostermosdalinguagem naturalnumsistema alfabético
(1972,p.63).

Em1962a Otan- Organização


doTratadodoAtlânticoNorte-
atravésda ScienceFoundation,deu à Library Associationauxílio
financeiropara estudara viabilidadede uma novaTabelaGeralde
Classificação.ALibraryAssociation
designouo CRGcomoseuagentede
pesquisa.Assim,o trabalho do CRG,a partir do auxílio da Otan,
concentrou-se emtrêsáreasdepesquisa: aprimeira,adeterminação de
princípiosparaacategorização deconceitos;asegunda,aordenação de
conceitos dentro das categorias; a terceira, a investigaçãodos
relacionamentos entreconceitos(WILSON,1972,p. 65). Comosepode
observar,aslinhasdepesquisasãopraticamenteasmesmaspara os
esquemas declassificação.OThesaurofacet éfrutodestas
pesquisas.
Jean
Aitchison organizouprimeiramente uma Tabelade Classificação
Facetadapara a English Electric Company ("English Faceted
Classification
forElectricEngineering").ApósaquartaediçãodaTabela,
eladesenvolve um protetopara"casar"esteesquemacomum tesauro
paraservirdeíndicealfabético(AITCHISON, 1972,p. 72)

Atéo final dosanos50e início dosanos60,ostesaurospossuíam


somente arranjoalfabético,
tipodearranjoqueeraincapazderepresentar
bem asrelaçõesúteisentre os termos(RIVIER,1992,p. 72). Suas
limitaçõeslevaramaoemprego, maistarde,deprincípiosdeclassificação.
Quandodesenvolveuo Thesaurofacet(nome dado ao tesauro-e-
classificaçãofacetadaparaEngenhariae assuntos correlatos),Aitchison
pensou
estarcriandoumanovaespécie
delinguagem
derecuperação,o
mas percebeuque o conceito não era tão novo nos Sistemasde .~
c
RecuperaçãodeInformação;tratava-sedeuma técnicamaisrefinada (3
de construçãode tesauro,que vem evoluindodesdea metadedos ..g
anos60(AITCHISON, 1972,p. 72).Estatécnicamaisrefinadasedeveà .ê
o
TeoriadaClassificação,
queoferece
princípiosparamelhorposicionaro ~
conceito
nosistema
deconceitos
(áreadeassunto). .
o Thesaurofacetse apresentaem duas seções:a Tabela de
ClassificaçãoFacetada e o TesauroAlfabético,sendoqueasduaspartes
sãocomplementares; seconsultadasemseparado, sãoincompletas,
pois
o tesauroservedeíndiceparaa tabelaque,por suavez,apresenta os
conceitosde forma sistemática.Aitchisonrepeteestaexperiênciano
UnescoThesaurus(1977),umaclassificaçãogeral para Educação,
Ciênciae Cultura,queé bem-sucedida, apesardetratardetrêsáreas
temáticas.A tabelade classificação,isto é, a parte sistemáticado
Thesaurofacet, estruturaosconceitospor camposde assuntosmais
amplos;ela segueuma "ordem canônica".Assim,o primeiro corte
classificatórioé por disciplinasfundamentaise cadacampo está
organizado em facetas.A respeitodo arranjo classificatório do
Thesaurofacet, Aitchison(1972,p. 81) argumenta:

Tradicionalmente,osesquemasdefacetaquebramosassuntos
emcategorias
fundamentais. No caso do Thesaurofacetque cobre tantos camposda
tecnologia,decidiu-sequeseriammantidasasdisciplinasconvencionais como
principaisagrupamentos (cabeçalhos)e aplicara análisedefacetasdentrode
cada disciplina... Dentro de cada área, no Thesaurofacet,os termossão
distribuídosdeacordocomosprincípiosdefaceta.Istosignificaqueanatureza
dosconceitosé examinadae separadaem gruposhomogêneos,de acordo
comcaracterísticasbemdivididas[...] Numdadosubcampo,a análisedefaceta
é usadaparaagruparostermosemfacetasoucategoriasfundamentais.Estas
variam desdeEntidades(coisas,partes),Atributos(propriedades,processos)
atéaplicaçõeseefeitos.Estasdivisõesformamaespinhadorsaldeumaestrutura
determosnoscamposdeassuntoe sãomostradasnastabelas(1972,p. 81).

'" o tesauromostraasrelaçõeshierárquicas(BT/NT)e os termos


:~ relacionadosdeoutromodoquenãoo hierárquico(RT), porexemplo,
~E paraosrelacionamentos todo/parteouprocesso/equipamento,ecoisa!
a propriedade.Poroutrolado,paraconceitosqueestãonomesmocampo
8 deassuntocomoPlasmae Tecnologiado Plasma,nãohá necessidade
~ deapresentaro relacionamentono tesauro,porqueestefica clarona
~ partesistemática,
ouseja,natabeladeclassificação
deFísicadoPlasma
:3 (TabelaET) (AITCHISON, 1970,p. 192).

.
4.2.3 Tendências: tesauros com base
em conceitos

Como se viu no início deste Capítulo,o tesauro surgiu como uma


ruptura em relação ao cabeçalho de assunto, tomando por unidade a
palavra, em geral uma palavra técnica, ou "term" em inglês. No entanto,
logo se percebeu que algumas palavras sozinhas eram insuficientes para
designar um conteúdo de informação. A solução foi considerar a
possibilidade de que, em alguns casos, a unidade seria um termo
composto; bases teóricas para seu estabelecimento, no entanto, não foram
desenvolvidas de forma satisfatória. Diretrizes e normas continuam a se
referir à pré-coordenação e fatoração, abordagens lingüísticas que
privilegiam a forma lexical e, portanto, variam de tesauro para tesauro,
de norma para norma e de língua para língua. De fato, os tesauros
produzidos nos Estados Unidos, dentro da linha tradicional americana
que privilegia a organização alfabética dos termos, não apresentam uma
base teórica explícita, na grande maioria. Mas seus autores avançam
em relação ao modelo anterior - o cabeçalhode assunto:a unidade de
trabalho passa a ser o termo e não o assunto; os diferentes tiposde relação,
que nos cabeçalhos vinham sob forma de referência cruzada, se
apresentam de forma mais estruturada. No entanto, as instruções para
a seleção da unidade de trabalho ainda apresentam fortes bases
lingüísticas; aproveitá-Ias em outras línguas é sempre problemático,
porque não há uma correspondência lexical nas diferentes línguas para
a denominação de um mesmo conceito.

Os tesauros produzidos pela linha européia, mais especificamente


por membros do CRG que exploram os princípios da Teoria da
Classificação,fornecemas basespara a ordenaçãodas classese chegam .~
a preconizar a apresentação sistemática do tesauro, além da tradicional §
ordem alfabética. Em relação ao termo, no entanto, seus autores ~
apresentam um comportamento semelhante ao dos autores americanos. ~::;
Esteaspectonão resolvidopelasduasgrandesvertentes- a americana ~
e a dosclassificacionistas- pareceencontrar solução a partir da década.
de 70com I. Dahlbergem sua"TeoriaAnalíticado Conceitovoltada
parao Referente"(aquireferenciada
apenascomoTeoriadoConceito)
(DAHLBERG,1978). Outra contribuição importante, tambémde
Dahlberg,é a defesado usodasCategorias
- preconizadas
por
Ranganathanno âmbitodaconstruçãodeTabelasdeClassificação
-
comoumasoluçãoparaa organizaçãodosconceitosnum Sistemade
Conceitos,
nãoimportaa finalidadedeaplicação.

Verifica-se,
atualmente- devidoaessacorrentequeligaaTeoriado
Conceito àTeoriadaClassificação
- uma tendênciaparaum novotipo
de tes,
auro o Tesauro-com-base-em-conceito.Estenovotes,auro ou
melhor,estanovametodologia paraaelaboraçãodetesauros,
está,assim,
fundamentadanasquestões queenvolvemoconceitoeascategorias, eé
denominada,no momento,TesauroTerminológico(TÁLAMOet ai,
1992).Segundo oprincípiodaeconomia,recomendado paraoprocesso
dedenominação,adota-se estenomeparao novoconceito.

4.3 PRINCíPIOS DA TEORIA DO CONCEITO

A Teoriado Conceitopossibilitouum métodopara a fixaçãodo


conteúdodo conceitoe paraseuposicionamentoem um Sistemade
Conceitos.
Oconceitonãoé maisapenasum elementodesignificação
dotermo:o termoacabasendoumelemento dopróprioconceito
- o
"terminum"- , quesintetizao conceitocomoum todoepermitea
comunicação,nestecaso,verbal.Destemodo,o tratamentolingüístico
dadoaotermo,nostesauros,perdeseusentido.Nãoimporta,agora,seo
.ê termoé formadopor uma ou maispalavras,seé constituídopor um
.ro
cQ) substantivoouporum substantivomaisum adjetivoetc.o queimporta
E équeeledenotaum referente.Assim,trataro termocomorepresentante
:J
U deum referente, comsuascaracterísticas,
é dar a eleum tratamento
o
o terminológico.
E

.
Q)

:';?
:J SegundoDahlberg(DALHBERG, 1978,p.148)"o estabelecimento
.W deumaequivalência entreo termo(o definiendum)eascaracterísticas
-' necessáriasde um referentede um conceito(o df!/zniens),com o
" propósitode delimitar o usodo termoem um discurso"resultana
de 70com I. Dahlbergem sua "TeoriaAnalíticado Conceitovoltada
parao Referente"(aquireferenciada
apenascomoTeoriadoConceito)
(DAHLBERG,1978). Outra contribuição importante, tambémde
Dahlberg,é a defesado usodasCategorias
- preconizadaspor
Ranganathan noâmbitodaconstrução
deTabelas
deClassificação
-
comouma soluçãoparaa organizaçãodosconceitosnum Sistemade
Conceitos,
nãoimportaa finalidadedeaplicação.

Verifica-se,
atualmente- devidoaessacorrentequeliga a Teoriado
ConceitoàTeoriadaClassificação - umatendênciaparaum novotipo
de tesauro,o Tesauro-com-base-em-conceito.Estenovotesauro,ou
melhor,estanovametodologia paraaelaboração
detesauros,
está,assim,
fundamentada nasquestões queenvolvemoconceitoeascategorias, eé
denominada,no momento,TesauroTerminológico(TÁLAMO et aI,
1992).Segundooprincípiodaeconomia,recomendado paraoprocesso
dedenominação, adota-seestenomeparao novoconceito.

4.3 PRINCíPIOS DA TEORIA DO CONCEITO

A Teoriado Conceitopossibilitouum métodopara a fixaçãodo


conteúdodo conceitoe para seuposicionamento
em um Sistemade
Conceitos.
Oconceitonãoé maisapenasum elementodesignificação
dotermo:o termoacabasendoumelemento dopróprioconceito
- o
"terminum"- , quesintetizao conceitocomoum todoepermitea
comunicação,nestecaso,verbal.Destemodo,o tratamentolingüístico
dadoaotermo,nostesauros,perdeseusentido.Nãoimporta,agora,seo
'"
'L:
termoé formadopor uma ou maispalavras,seé constituídopor um
,'" substantivoouporum substantivomaisum adjetivoetc.o queimporta
c
Q)
E équeeledenotaum referente.
Assim,trataro termocomorepresentante
::J
U deum referente,comsuascaracterísticas,
é dar a eleum tratamento
o
o
terminológico.
E

.
Q)

~
::J SegundoDahlberg(DALHBERG, 1978,p.148)"o estabelecimento
,SO deumaequivalência
entreo termo(o drfiniendum) eascaracterísticas
-' necessárias
deum referente
deum conceito(o d~j1niens),
como
II propósitode delimitar o usodo termoem um discurso"resultana
definiçãodesteconceitodentrodeum sistema.Assim,a definiçãonãoé
mais colocadaem segundoplano, como um recursoauxiliar para
minimizardúvidasque,poracaso,possamvir aocorrernousodotermo;
lá é inseridanotesaurocomoum tipodenotadeaplicaçãoecolocada
comoum recursoparaestabelecer asfronteirasdaintençãodoconceito.
Adefiniçãopossibilita,alémdafixaçãodoconceito,seuposicionamento
nopróprioSistema
deConceitos. "

4.3.1 Modelo para a construção do conceito

Dahlberg,emseustrabalhossobreaTeoriadoConceito,propõeuma
nova definiçãopara "Conceito", que vai de encontroà definição
apresentadapela Teoria Geral da Terminologia e adotadapela
ISOrrC-37(ISO/DIS704- 1993).Define-se"Conceito",emgeral,como
uma "unidadedepensamento".Estadefiniçãofoi adotada,no âmbito
da Terminologia,por Wuestere pela ISOrrC-37.Em princípio,pode
pareceradequada,mas,apósuma análisemaisespecífica dostermos
queacompõem
- nocaso,"unidade"e "pensamento"
- verifica-se
queaíseinstauraum problemadeapreensão desses
própriosconceitos
queprecisaseridentificado.Apesardeserevidentequeconceitossão
unidades,seforem considerados como "unidadesde pensamento",
parece que tal unidade não será entendida de forma precisa,
permanecendo algosubjetivo,"algo queestána cabeçade alguém"
(DAHLBERG, 1978,p."143).Dahlbergpropõe,então,que "Conceito"
sejadefinidocomo"unidadede conhecimento",poisconhecimento
pressupõeumentendimento maisobjetivodealgoobservável,
eapresenta
o quechamade"Modeloparaa Construção deConceitos"(Figura5).

Sabendo-se
queo homemtemcapacidade
defazerafirmações.9
corretassobreascoisasreais(itensempíricos)e sobreidéiasquesó "~
existememsuamente,elepodefazerafirmações verdadeirassobreesses 8
itens.Seoconhecimento
podeserconsideradoatotalidadedeproposições.g tO

verdadeirassobreo mundo,existindo,em geral,nosdocumentosou "§


...
11)

nascabeças
daspessoas,
podeparecer
queexiste,também,
emtodasas
afirmações
verdadeiras
(emtodososjulgamentos)e emtodasas _
proposições científicasqueobedecem a um postuladodeverdade,Isto
pressupõe a aceitabilidadee o reconhecimento,porindivíduosdeuma
mesmaáreade interesse/profissão/especialidade, dessasproposições
comoverdadeiras e passíveisdeseremcomunicadasatravésde uma
formaverbal(DAHLBERG, 1978,p. 143).Assim,aodefinir o conceito
comouma unidadede conhecimento,que compreendeafirmações
verdadeiras sobreum dadoitemdereferênciarepresentado sobforma
verbal,Dahlbergconsideraa existênciade trêspassosenvolvidosna
formaçãodoconceito:a) o passoreferencial,b) o passopredicacionale
c) opassorepresentacional.Estes podemser"representadosgraficamente
na formadeum triângulo" (DAHLBERG, 1978,p. 144),

1----------------------------------------
:
1 UNIVERSO DE ITENS: IDÉIAS,
FATOS, LEIS, PROPRIEDADES,
OBJETOS,
AÇÕES ETC,
:
1
I 1
1 I
1

ACERCA DO

'"
'': SÍNTESE DE ASSERÇÕES EM FORMA VERBAL:
.", TERMO OU NOME
C(IJ
E
::J
U
o
O
r ~

.
E
(IJ I USO DA FORMA VERBAL NO UNIVERSO I
00
'"
::J
00
:~ DOS DISCURSOS (APLICAÇÕES) :
~
C
:.::;
Figura 5 - Modelo para a construção dos Conceitos
(DAHLBERG,1978).
o Conceitoem Dahlbergé formadopor trêselementos,a saber:o
referente,ascaracterísticase a forma verbal,que podemassimser
representados:
A REFERENTE

CARACTERÍSTICASB
P"d""~""O"'ãO C FORMAVERBAL.
~
Designação

ParaDahlberg,o processodedeterminaçãodo conceitosedá no


momentoemqueéselecionado um itemdereferência - umreferente-
eanalisadodentrodeumdeterminadoUniverso.Apartirdaí,atribuem-
sepredicados
aoreferente,
selecionandocaracterísticas
relevantes.
Estas
devemauxiliar no processodedes~gnação deuma forma apropriada,
quedenotaoconceito.Assim,o conceitosópodeserdeterminado
apartir
dareuniãodetodosesses elementosqueo compõem.

4.3.2 Categorização e relações conceituais


o 11..'10
dascategoriaspara a organizaçãode conceitosem uma
determinadaáreade interessefoi introduzidopor Ranganathanno
âmbito da documentação,a partir de sua Teoriada Classificação
Facetada,naqualutilizaanoçãodecategoriaparaaanálisedosassuntos
contidosnosdocumentos eparaaorganização doscomponentes desses
aSsuntos(isolados)em um sistemadeclassificação(verCapítulo2).
Dahlbergutiliza,também,a noçãodecategoriasobdoisaspectos:
como
um recursopara o entendimentoda naturezado conceitoe para a
formaçãodeestruturasconceituais.OsdoisaspectosemDahlbergnão .9
'cv
se apresentamde forma excludente, muito pelo contrário, são uc:
o
complementares. U
o
Ascategoriaspossuemapropriedadedepossibilitar asistematização
de todo o conhecimento da realidade e podem ser identificadas no
momentodadeterminação
verdadeiras
doconceito,aosereminferidaspredicações
efinais a respeitodeum itemdereferênciadestarealidade .
~
2
~

'
observada.Asafirmativasfinais devemserfeitaspassoa passopor
exemplo:

Comocategorizar
umjornalsemanal?
Umjornalsemanal
éumjornal.
Umjornaléumdocumento
publicado
periodicamente.
Umdocumentopublicado
periodicamente
éumdocumento.
Umdocumentoéumveículo
deinformação.
Umveículodeinformação
éumobjetomaterial(DAHLBERG,
1978a,
p.21).

Ora,essas predicações
sãoum doselementos
doconceito- as
características
- queestãopresentesnadefinição.Características,
para
Dahlberg(1978a,p. 16),sãopropriedadesdosobjetosque,no níveldo
conceito,passama sertambémcaracterísticasdo conceito.Elasse
dividem em: característicasnecessárias/essenciais
e características
acidentais.Ascaracterísticas
essenciais
servempara definir conceitos
gerais.Osconceitosespecíficos
eindividuaissãodescritosadicionando-
seàscaracterísticasessenciaisasacidentais.Possuemtambémuma
funçãodeessência constitutiva(terumasubstância,
terumaestrutura)
edeessência consecutiva(terumapropriedade
física,química,elétrica).
Ascaracterísticas
acidentaispodemseracidentaisgerais(terumacerta
forma, ter um certo defeito, ter uma certa cor) e acidentais
individualizantes(ter uma certalocalização,ter um certo tempo)
(DAHLBERG, 1978a,p. 16).

Ascaracterísticas
sãolimitadaspor relaçõesdediferentesespécies,
classificadasem quantitativase qualitativas.A espéciequantitativa
.~ comparadoisconceitos dopontodevistaestritamente formal;aquiestão
~ incluídasasseguintesrelações:
deidentidade, deinclusão,deinterseção
E
:J e dedisjunção.A espécie qualitativaconsideraos aspectosformal e
og material,podendoserclassificadas como:relaçãoformaVcategorial;
E relação material/paradigmática; relaçãosintagmáticafuncional

.~
:J
(DAHLBERG,
:.::;
.
~ conceitos.
1978a,p. 18).Estaredederelações constituio sistemade

A relaçãoformal-categorialdependecompletamente
itemdereferência
queseestáanalisando.
Dahlberg
(1978a,
daespéciede
p.19)cita
algumasespécies deitensesuascombinações: fenômeno,objetosgerais,
objetosmateriais,quantidades,qualidades,comparações, operações,
estados,
processos,períodos,posições,lugaresno espaço.Estarelação
reúneosconceitosdentrodeumamesmacategoria.Istoocorreporque
taisconceitossãotodosdemesmanatureza,ouseja,apartirdaanálise
doconceitoascaracterísticas
essenciaislevamà mesmacategoria.

A relaçãomaterial-paradigmática permiteorganizarconceitosde
mesmanatureza,ouseja,aqueles queestãonointeriordeumacategoria.
Podeserhierárquica,partitivae de oposição.A relaçãohierárquica
baseia-sena relaçãológicadeimplicaçãoe é dedoistipos:relaçãode
abstração(relaçãogênero-espécie) e relaçãolateral (relaçãodos
conceitosnorenque).A relaçãopartitivaexisteentreotodoesuaspartes,
e aspartestambémpodemestarrelacionadasentresi. A relaçãode
oposiçãopodeserdetrêsespécies: relaçãode oposiçãocontraditória,
relaçãodeoposiçãocontrária,relaçãopositiva-indiferente-negativa.

Arelaçãofuncional-sintagmática
sedáentreconceitosdediferentes
categorias.
Apartirdeumconceitoquedenoteumprocesso ouoperação,
leva a conceitosque suplementamessasações,como na seguinte
seqüência:produção-produto-produtor-comprador
etc.

Dahlbergenfatizaa importânciafundamentalda Categoriana


estruturação
doconceitoedosistemadeconceitos:

Podemosverqueascategoriastêmumacapacidadedeestrutura:nãoapenas
estruturam,defato,todososnossoselementosdeconhecimentoe unidades
doconhecimento;elasfornecem,aomesmotempo,porestemeio,o esqueleto,
osossose tendõesparaestruturartodoo nossoconhecimento.Comseuuso
consciencioso,
então,o corpodonossoconhecimentopodesemanterunido,
.9
pode semover,pode se manter flexível - e pode crescerorganicamente 'Q)
u
(DAHLBERG, 1978a,p. 34). c:
o
U

.
o
4.4 TRABALHOS REALIZADOS "1:)
'"
Nesta
seção,
registram-se
asexperiências
deorganização
detesauros ]
que,além da adoçãodosprincípiosde classificação,incorporamas
contribuições
daTenninologiae,maisespecificamente,
daTeoriadoConceito.
4.4.1 Estudo-Piloto de Tesauro para a
Deutsche Bibliothek

Em1977,Dahlbergfoiencarregada dedesenvolverumestudo-piloto
comoobjetivodeorganizarumtesaurogeralparaaDeutsche Bibliothek.
Ela investigouo tipoe a formadostermosusados,naquelabiblioteca,
para a descriçãodosassuntos,visandoa testarsua adequação como
elementosdeum tesaurogeralparabibliotecas.Em 1989,publicaum
estudo-pilotona áreade Esporte,por seruma áreaquepossuíaum
númerodetermosnãomuitoelevado(cercade130)(DAHLBERG, 1980).
A partir destaproposta,constrói, inevitavelmente,um sistemade
conceitos;ao mesmotempo,cria uma tabelade classificação,no
momentoemqueatribui um códigoa cadaconceitona tabela.Nesta
parte,queé a sistemática,ela deixaevidente,atravésda notação,as
relaçõesgenérico-específicas.
Quandoo termoespecíficoé considerado
não-preferidonosistemaderecuperação, devidoàpolíticadeindexação
adotada,eleaparecena partesistemática,semnotação,precedidodo
símbolopeculiarderemissiva.

Dahlbergempregamaissímbolosdo queostesaurostradicionais,
deixandomaisevidentes ostiposderelaçãoeasdecisõesligadasàpolítica
deindexação.Osconceitos estãoorganizadosnapartesistemáticadentro
declassestradicionaisde assunto,no interior dasquaisosconceitos
estãoorganizados porcategorias.
Apartealfabética,queéo tesauroem
suaformatradicionaldeapresentação, servedeíndicetambémparaa
tabeladeclassificação.
Nela,asrelaçõesconceituaissãotambémmuito
'" maisevidenciadas doquenostesaurosatéentãopublicados.Dahlberg
~c estabeleceuma diferençaentreostiposderelação,empregandoletras
~ maiúsculasparaasrelaçõesentreconceitose letrasminúsculasparaas
g relações
deequivalêncialingüística.Elaevidenciaasseguintes relações
~ conceituais

.
Q)
00
'"
;:) · RelaçãoGenéricadeAbstração,indicadapelossímbolos:
00
c
:.::;
OOberbegriff(conceitosuperordenado)
U Unterbegriff(conceitosubordinado)
· Relaçãopartitiva,indicadapelossímbolos:
GGesarntbegriff
(conceitoabrangente)
B Bestandbegriff
(conceitopartitivo)

· RelaçãodeOposição,indicadapelosímbolo:
K Komplementarbegriff
(conceitocomplementar)

· RelaçãodeFunção,indicadapelosímbolo:
F Funktionsbegriff(conceitodefunção)
Asrelaçõesdeequivalêncialingüísticasãodiferenciadas
segundo
seutipoem:

· Termonãopreferido,indicadopelosímbolob = benutze(use)
· Termoantigo,indicadopelosímbolov = vetus(antigo)

· Termonovo,indicadopelosímbolon = novus(novo)

· Termosinônimo,indicadopelosímbolos= synonyme
(sinônimo)

· Termoquasesinônimo,indicadopelosímboloq = quasisynonyme
(quasesinônimo)

Ostermosespecíficos nãopreferidosemdecorrênciadapolíticade
indexaçãoadotadasãoremetidosaoconceitosuperordenado, o qualé
precedido
porumacombinaçãodesímbolos,indicandoquesetratanão
deum equivalentelingüístico(porexemplo,sinônimo),masdeuma
equivalênciaartificial,exigidapelosistemaderecuperação,
comopor
exemplo:

Alpinistik

bOBergsteigen

Bergsteigen
58423
OWandern

UAlpinistic(DAHLBERG,
1980,p. 62)
4.4.2 Experiências norte-americanas

A Nasafoi pioneirana construção,detesauros,tendoempregado


técnicasdefacetação.Passados
maisde30 anos,ela continuasendo
pioneira.Buchan(1989),lexicógrafodoserviçodeinformaçãotécnica
ecientíficadaNasa,registraoesforçoquevemsendofeito,desde
o início
dadécadade80,nosentidodeincluir definiçõesdostermosdotesauro,
tentandocombinardicionáriocom tesauro.Váriosoutros tesauros,
ligadosa órgãosde administraçãofederaldosEstadosUnidos,estão
seguindoessaorientação:TheComputer Database Thesaurus&
Dictionary, TheManagement ContentsDatabase Thesaurus&
Dictionary,theEnergyDatabaseSubjectThesauruseDTICThesaurus
(DTICRetrievaland Indexing Terminology.A inclusão dedefinições
nostesauros é umatentativademelhorararecuperaçãodainformação.
"Começarcom uma estruturade tesauropodeajudar na redaçãode
umadefinição.Começar comumadefiniçãopodeajudaracompreender
melhora hierarquiadeum termonotesauro"(BUCHAN, 1989,p. 173).
Odicionárioestásendovistocomouma ferramentacomplementarao
tesauro.Emboraa clientelaatendidasejadealtonível,a maioriados
usuáriosnãoéespecialistaemtodososcamposeainformaçãodotesauro
junto com o dicionáriotem sidovaliosa."O valordostesaurose dos
dicionáriosnãoselimita à buscapormeiodevocabuláriocontrolado.A
buscano textoé melhoradapelo conhecimentoque os tesaurose
dicionáriostrazem"(BUCHAN, 1989,p. 175).

4.4.3 Tesauro de literatura


'"
~ Nosprimeirosanosdadécadade80,a BibliotecaNacionalincluiu
~
:Jemsuaprogramação umprojetoparasistematização doscabeçalhos de
g assunto. Issosignificavaidentificarosconceitos
presentes
noscabeçalhos,
~ isolá-losa fim deincluí-losemum Tesauroemsuadevidaposiçãonas
~ classese prescrever uma ordemdecitaçãoparaquetermos/conceitos
~ formassem osassuntos dosdocumentos (cabeçalhos
sistematizados).
A
áreadeLiteraturafoi escolhidacomoPilotoporapresentar um número
II
~
I; nãomuito elevadodetermos(aproximadamente 300) (GOMES et al.,
1985).Foramidentificadas22facetas,sendo17dedicadas à Literatura
propriamentedita (Teoria,Criadores,
Gênerosliterários)e asdemaisà
Técnica(Narrativa),Estilística(Retórica,Figurasde pensamentoe
FigurasdeDicção)eVersificação. Estaseqüênciadefacetasdeveriaser
adotadacomobaseparaaordemdecitaçãonaformaçãodocabeçalho.
AordemPMESTpodeserali identificada:
Personalidade:
Autores
Matéria:GênerosLiterários
Energia:Narrativa,EstilísticaeVersificação
Tempo:Tabeladeperiodização
A faceta Espaçoestápresenteapenascomo qualificador para
especificaraLiteratura:Literaturalatino-americana,
Literaturaafricana,
Literaturabrasileiraetc.
Asdefinições sãoapresentadas
emanexoembora
semmuita sistematização.Comesteestudo,a BibliotecaNacional
pretendiacriar um instrumentodinâmico(passíveldeincluir/excluir
termos)e prescritivo(a ordemdostermosestariadecididaa priori),
eliminando,comisto,asinconsistências easexceções,
tãocomunsnas
listasdecabeçalhos deassunto.

4.4.4 Método Relacional

Em 1986,Motta(1987)propõeemsuadissertação deMestradoum
novométodoparaestabelecer relaçõesemsistemasconceituais.Com
basenaTeoriadoConceito,elausaadefiniçãointencionalcomoponto
departidaparao estabelecimento derelações
conceituaise lingüísticas
e, também,parao mapeamentode áreasdeassunto.Assumindoum
princípiodaTerminologia,segundoo qualosconceitossedefinemuns
. em relaçãoaosoutros,formandoum sistema,ela estabelece relações .9
entre os conceitosa partir da presença,em cada definição, de '(jj uc:
características
quetambémsãorelevantes comoconceitos,na áreade U o
EconomiaIndustrial. Em outraspalavras,na definição,para cada "O o
'"
característica
quea integrae que,também,sejaum conceitodaárea, "§
estabelece-se
uma relaçãonotesauro. ~

Elaempregaosseguintessímbolosparaindicarasrelações: .
up = remissiva dotermonãopreferido
USE =remissiva
paraotermopreferido
TG= termohierárquicosuperior
TE = termohierárquicoinferior
TGP= termopartitivosuperior

TEP= termopartitivoinferior
TA= termoassociado

Apesarde manter a nomenclaturatradicional em tesauros,ela


identificaasdiversas
relações
nomeadas
comoassociativas.
Porexemplo:
· RelaçãodeCausalidade
CRESCIMENTO
ECONÔMICO
TADESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO

· RelaçãoInstrumental
POLÍTICA
MONETÁRIA

TATAXADEJUROS(instrumentodepolítica
monetária)

· RelaçãodeInfluência
POLÍTICA
MONETÁRIA
'"
.;:: TAINFLAÇÃO
,'"
C
QI · RelaçãodeOposição
E
:J
U EMPREGO
o
O
E TADESEMPREGO

.
QI
00
'"
:J
00
· RelaçãoInterfaceta
c:
:.::; NÍVELDEATIVIDADE
ECONÔMICA

TAPOLÍTICA
MONETÁRIA
Nesteúltimo exemplo,NÍVELDEATIVIDADE ECONÔMICA, porser
um dosconceitosembutidosna definiçãode POLÍTICAMONETÁRIA,
faz-sea associaçãoentre ambosos termos,ainda que POLÍTICA
MONETÁRIA nãosejaumdosconceitos constantes
dadefiniçãodeNÍVEL
DEATIVIDADE ECONÔMICA. Especificamentenesteexemplo,está-se
diantedeumarelaçãoquesepoderiachamarde"relaçãointerfaceta",
já queosdoistermosassociados pertencema duasfacetasdistintas,ou
seja,POLÍTICAMONETÁRIA, à faceta INSTRUMENTOS, e NÍVELDE
ATIVIDADE
ECONÔMICA,
à facetaCoisa(MOTTA,1987,p. 49).

ARelaçãoInterfacetaéexplicadapelaautoradaseguintemaneira:

&tarelação otennoBéa&')(JCiado aAporqueAjáhaviasidoassociado


sedáquando
a B previamente,
pelofatodeAserumadascaracterísticas
deB,esemqueseja,
necessariamente,
umadascaracterísticas
deA (MOITA,1987,p.49).

· RelaçãoAtributiva(relaçãoidentificadaatravésdosatributosque
ascoisaspossuem):
ECONOMIA

TANÍVELDEATIVIDADE
ECONÔMICA

RelaçãodeAssociação
Implícita (naquelescasosemquea relação
entreum conceitoesuacaracterística
nãoseconfiguravaemnenhum
doscasosanteriores,nem era uma relaçãológica ou partitiva, foi
atribuídaestadenominação):
AGRICULTURA

TAALIMENTO

B
Oempregodadefiniçãosemostrouútil, também,na identificação 'ã)
u
desinônimos,porexemplo:MercadodeCapitais= MercadoFinanceiro c: o
u
(termosquetiveramdefiniçãoidêntica). o
"'C
.~
4.4.5 Tesauro de Engenharia Civil o
~
Em 1989,atravésdo ProgramaNacional de Bibliotecas_
Universitárias-PNBU,
quetemcomoumadesuasfinalidades
proveras ...
bibliotecas
universitárias
deTesauros
nasdiversas
áresdoconhecimento,
foi desenvolvido
um tesaurodeEngenhariaCivil.OTesaurotevecomo
baseparaseudesenvolvimento aTabeladeClassificação
emEngenharia
Civil, desenvolvidaem 1987para o curso de Pós-Graduaçãoem
EngenhariaCivildaUniversidadeFederalFluminense(CAMPOS,1987).
ATabelaéumsistemadeclassificaçãofacetada comáreadeconcentração
emConstrução Civil,comcercade300conceitoshierarquizados. Aárea
de abrangência do Tesauro,da mesma forma que a Tabelade
Classificação,
évoltadaparaaáreadeConstrução Civil.Destaforma,no
processodeelaboraçãodoTesauro,foi tomadacomopontodepartida
uma estrutura facetadade conceitosque influenciou não só a
metodologiadeelaboração detesauro,mastambémaestruturação dos
conceitos.
Obedecendo,assim,aesses
critérios,olevantamento dostermos
sedeu,noprimeiromomento, apartirdaTabela
jácitada.Masalgunsajustes
foramnecessários
devidoàfunçãodecadainstrumento,nocaso,aTabela de
Classificação
eo Tesauro,comofoimencionado pelosprópriosautores:

Verificou-se,porém,que,dos300conceitosexistentesnaTabela,algunspre-
cisavamseranalisadosemsuadenominação,vistoqueostesaurostrabalham
comtermos,diferentemente dastabelasdeclassificação,
cujopontoessencial
é a notação,ouseja,a notaçãorepresentao conceito,substituindoo termo.

Numsegundo momento foirealizado


umlevantamento juntoà literatura
técnico-científica
daárea,ondeseverificou
aexistência
dealgunsproblemas
terminológicos:
oraumdado termoerausadonaliteratura
paradesignarum
processo,
oraparadesignar
umproduto.Porexemplo:
apalavraConstrução,
naEngenharia
Civil,oraévistacomooprocesso
deconstruir,
oracomoa

,.." coisaconstruída
(CAMPOS, MOREIRA, 1989,
p.6).

~ OTesauropossuiumapartesistemáticae umapartealfabética.Na
§ partesistemática,ostermosestãodispostosemfacetas,subdivididosem
8 classes
e subclasses,
obedecendo
aumaseqüência
útil estabelecida
pelo
~ usuário.Asfacetasadotadasforamasseguintes:Construção,Estrutura,

.
~ ElementosdeConstrução,Material,Propriedade,
Fenômeno,Processo,
:§ Métodose Técnicas,Equipamento,Grandeza,Profissões

quatrotiposderelações
entreosconceitos,
e Ocupações,

Ramosda Ciência,Documentos.Na partealfabéticaforam estabelecidos


comseusrespectivos
símbolos:
RelaçãoGenérico-Específica
TG TermoGenérico

TE TermoEspecífico

RelaçãoPartitiva
TGP TermoGenéricoPartitivo

TEP TermoEspecífico
Partitivo

RelaçãoAssociativa
TA TermoAssociado

RelaçãodeEquivalência

up usadopor

up+ usadopor,emconexãocomoutrotermo

USEpararemeteraotermopreferencial

A RelaçãoAssociativaocorreentre um conceitoe uma de suas


características,
presente
nadefinição,quandoelaétambémumconceito.
A RelaçãodeEquivalênciaocorreentresinônimose quase-sinônimos.
Umavezquea unidadedetrabalho,nesteTesauro,éo conceito,nãose
admiteafatoraçãosintática.A(atoraçãosemânticaéutilizadasomente
noscasosemquea unidadelexical,solicitadapelosusuários,contiver
doisconceitos.Quandoistoocorre,usa-seo símboloup+. Exemplo:
Estruturadeconcretoarmado
USEESTRUTURA
ARMADA
B
'Qj
USECONCRETO u
r:::
o
ESTRUTURA
ARMADA U

.
o
-o
'"
up+ Estruturadeconcretoarmado '§

CONCRETO ~

up+ Estruturadeconcretoarmado
o tesaurofoi elaboradorespeitandoosprincípiosdeclassificação;
adotou-se,
destaforma,o recursodecriar nomesartificiais,necessários
paradesignarumaclassegera!.Quandoistoocorre,o termoé seguido
pelosinal+, nãopodendoserusadocomotermodeindexação. Asnotas
deaplicaçãotambémsãousadasparaorientaro usuárioquantoaouso
dotermonaquelecontexto.Porém,sóocorremquandoostermostêm
seusignificadorestringidoouampliado.Quantoàordemdeprecedência
entreasfacetas,foi adotadaaquelaqueapresentasseuma seqüência
útil para a áreaemquestão,podendo"serutilizadaemsistemaspré-
coordenados parasistematizara formaçãodecabeçalhos
deassunto"
(CAMPOS, MORElRA,1989,p. 4) .

4.4.6 Manual de elaboração de tesauros


monolíngües

O Manualde Elaboraçãode TesaurosMonolíngüesfoi fruto dos


projetosrealizadosno Programade Pesquisa,EstudosTécnicose
DesenvolvimentodeRecursos
Humanosparabibliotecas
dasInstituições
deEnsinoSuperior
- PET,no âmbitodoPNBU
- PlanoNacional
de
BibliotecasUniversitárias
(GOMES
eta!.,1990).OTesauroévisto,nesse
Manual,comoumsistemadeconceitos.Assim,otermodenotaoconceito
e, portanto,esteé o ponto de partida para estabeleceras relações
conceituaisedeterminara formaverbalmaisadequada pararepresentá-
10.O conceitoé entendidocomo"unidadedeconhecimento",como
propõeDahlberg(1978),incluindoadefiniçãocomoelementoessencial
C"d
paraa fixaçãodoconceito.

~ Outroprincípioadotadoparaaorganizaçãodosconceitosemclasses
~
:I e subclasseséo dacategorização,
sendoCategoriaali entendidacomo
~ conjunto mais abrangentede idéias/conceitos.Paraestruturar os
~ conceitos,seusautoresadotamprincípiosdaTeoriadaClassificaçãoe
~ daTeoriaGeraldaTerminologia,quesãoconvergentesemmuitoscasos.
~ Asrelações adotadasnoManualsãoreunidasemtrêsgrandesgrupos:

.
:.::;
Relações
lógicas

Relaçãogenérico-específica
Relaçãoanalítica

Relaçãodeoposição
Relações
ontológicas

Relaçãopartitiva
Relaçãodesucessão

Relaçãomaterial-produto
Relaçãodeefeito
Relaçãodecausalidade

Relaçãoinstrumental
Relaçãodedescendência

Asrelaçõesdeequivalência
sãovistasnapartededicadaaosaspectos
lingüísticos do tesauro,ao lado da homonímia e polissemia.O
relacionamentogenérico-específico
é indicadopelossímbolosTG/TE,
respectivamente.Orelacionamento partitivoé indicadopelossímbolos
TGp,parao Termoabrangente, eTEPparao termopartitivo.Osdemais
relacionamentos sãoindicadospelosímboloTA- Termoassociado.

OManualsugerequeosTesauros seapresentem sobduasformas:


sistemática,
acompanhada daapresentação alfabética,ouplanigráfica,
acompanhada da apresentação
alfabética.É iRteressantenotar quea
partealfabéticanãoéapresentadacomoparteprincipal.Dedica,ainda, .9
um capítulopara o usode Tesaurosem sistemaspré-coordenados,'Qj uc:
tomandocomobasea OrdemdeCitaçãodasCategorias. o
U
"o
.~
o


.5 PRINCíPIOS COMUNS ENTREAS TEORIAS

EsteCapítulotemporobjetivoacomparação dasteoriasanalisadas
noscapítulos2, 3 e 4, paraverificaro queexistedesemelhanteentre
elas e o que é próprio de cada uma, levando em consideração,
principalmente,a baseteórico-metodológica utilizadana elaboração
deestruturasclassificatórias
paraaslinguagensdocumentárias verbais
enotacionais.Oencaminhamento adotadoé aquelequedeixaevidente
oselementos constitutivos
daestruturaclassificatória,
ouseja,conceitos
e termos,relaçõesentreosconceitose sistemasdeconceitos.

5.1 CONCEITOS ETERMOS

ConceitoseTermossãoapresentados
numaúnicaseção porque,neste
estudo,sãoelementosquenãosedissociam.Aseguir,algumasquestões
secolocama esterespeito.

5.1.1 Forma de abordagem onomasiológica

O primeiro aspectocomum àstrêsáreasestudadas- Teoriada


Classificação
Facetada,
TeoriadoConceito,TeoriadaTerminologia- é
aformadeabordagem
dotermonoesquema
declassificação,
notesauro ~
enaterminologia.
Noatodolevantamento
dostermos,
paraorganizar'§Q)
os instrumentosde representação/recuperação/comunicação
e para ~
indexardocumentos,ostermossãotomadoscomumsignificadopróprio, :
dadopelocontexto.Essesignificadoéquevai sertrabalhado,ouseja,o ~
tratamento do termo é feito a partir dessesignificado assumido ~
previamente. Isso determina a abordagem adotada que é E
o
onomasiológica, aocontráriodaabordagem semasiológica,
daáreada UV>
Lexicografia,
quetomacomopontodepartidaapalavra,comseusvários o
'5-
significados.A abordagemonomasiológicaincorpora,obviamente,o 'u
c
referenterepresentadopelotermo. Q:

.
5.1.2 A ligação linguagem-pensamento-realidade
Quandoa apropriaçãodostermossedá via significadofornecido
pelocontexto,coloca-sea questãoda ligaçãolinguagem-pensamento-
realidade.O termoguardauma relaçãomuito própriacoma áreade
especialidade na qualestáinserido,poiselerepresenta,
emsua forma
escrita/oral,o conhecimentoapreendido deuma realidadeconcretaou
abstratapelosmembrosda áreadeespecialidade. Defato,estarelação
sedávia conceitos,e nãoentrepalavras,por causa da relaçãodireta
entreo conceitoe o termo,istoé,um conceitoé representado por um
termoeestetermoéusadoparadesignaraqueleconceito.

Wüesterapresenta estaquestãoquandodiz queo conceitoé uma


unidadedepensamento. Paraaformaçãodestasunidadesé necessário
queexistaum indíviduoquepensesobredados/fatosdeuma realidade
concretaou abstrata.O conceitoformadona mentedesseindivíduo
precisa
deumsímboloquepermitasuacomunicação
- o termo.Ele
deveserprecisoe biunívoco,propriedades
quepermitemestabelecer
a
ligaçãolinguagem-pensamento-realidade.

Ranganathan, ao estabeleceros três planos de trabalho da


documentação, apresentao PlanoIdeacionalcomoum espaçoonde
estáa totalidadedasidéiasproduzidaspelahumanidade,a partir da
observação da realidade.No âmbito da comunicaçãodessasidéias,
apresentao PlanoVerbaleo PlanoNotacional,noescopodalinguagem
~ enoescopodacomunicação,respectivamente,
oro porqueparaeleanotação
C éo termo.
Q)
E
i3 Nostesauros
tradicionais,
pelainexistência
deumateoriaconsistente,
c3 estaquestãonãosecoloca.Porém,nostesaurosterminológicos,
coma
~ adoçãoda Teoriado Conceito,na qual o conceitoé vistocomouma
~
::::I
tríadereferente-caracterÍstica-termo,
arelaçãolinguagem-pensamento-
.~ realidadeocorredeformamaisconsistente,
pelofato,inclusive,de
-' incorporar
oreferente.
.
5.1.3 A questão da monossemia absoluta
Amonossemia um únicoconceito- éuma
- um termodesignando
exigênciada terminologiae do tesauro.Paraoslingüistas,istotalvez
pareçaum absurdo, masparaoambienterestritodeCiênciaeTecnologia
a monossemiadevee podeexistir. Essaé uma característicada
Terminologia,queéprescritiva,oqueadistinguedaLexicografia, queé
descritiva.Nasclassificações,
entretanto,o "termo" é a notação,que
garanteuma relaçãounívocaentreo conceitoe suadenominaçãoe,
maisainda,permiteexprimirumconceito,mesmoque,paraele,ainda
não existauma denominação.Esseé um dos pontospositivosda
classificação,
quelheconfereflexibilidadee hospitalidade,
seadotados
osprincípiosdoPlanoNotacionaldeRanganathan.

Emboraamonossemia absolutasejaum idealinatingível,esteideal


é possíveldentrode uma áreado conhecimentoou de uma língua
especial.Pode-sefalar, nestecaso, de monossemiarelativa, ou
univocidaderelativa,uma vezque o termo,comorepresentante do
conceito,édependentedaáreadeconhecimento naqualestáinserido,e
o conceito,por suavez,é fixadoa partir dospropósitosdo sistemade
comunicaçãoqueestásendoorganizado.

5.1.4 Imprecisão do conceito de "termo" V>


!'ti

Nostesauros
tradicionais,
aodefinir "termo"comoumapalavra '§
ougrupo depalavras pararepresentar um conceito,asquestõesquese ~
apresentam sãodenaturezalingüística,taiscomo:ousodosingularou ~ QJ

doplural, a formadotermo(composto, pré-coordenado)


etc.Nosma- ~
nuaise normasdetesauros, o conceitoé apresentado
como"algocon- c: ~
cebidonamente",comosehouvesse umúnicopensamento, umaúnica E
formadopensar. Oconceito,entendidodessa formavaga,é representado8
pelotermooudescrito
r,semqueseestabeleça
qualquer
relação
entreo .2
termoe o conceito.Naverdade,asquestões relativasao termosãode .§-
c:
naturezalingüísticae é nesteâmbito que sãotratadas.A fatoração ~
sintáticae amorfológica
sãoexemplos
representativos
deste
fato. 11
A TGTdefineo termocomoum representante do conceito.Neste
sentido,elaavança,porqueo termo,sendoumaunidade,prescindeda
preocupação quantoaonúmerodepalavrasparadesigná-lo.Aquinão
existeoconceitodetermocomposto, dafatoração,
daquestão donúmero,
da inversãodoselementosqueconstituemo termoetc.Masaindase
define o conceito como uma unidade de pensamento.Apesarde
incorporaro objetoformal, esteconceitode "conceito" nãopermite
umacomprovação científica,porqueopensamento é aquiloqueestána
mentedecadaum.

NaTeoriadoConceito,o conceitoéumaunidadedoconhecimento,
constituídoda tríadereferente-características-termo.
Otermodenotao
conceito.Aqui a definiçãotem um papelrelevante,não apenaspara
comprovarcientificamenteo conceito,maspara fixar o conteúdodo
conceitoeo significadodotermo.

5.1.5 Precisão dos termos

Aquestãodaprecisãodostermosestárelacionadadiretamentecom
o conceitoquesetemde"termo".Nostesauros, há apreocupação com
a precisãodostermos,dandoênfaseaotermopreferencial.Porestarem
em um ambientederecuperação da informação,ostermosdevemser
submetidosa controlesterminológicosrígidos,para possibilitara
precisãona buscae/ou recuperação.A baseteórica dos tesauros
tradicionaisnão garantea precisãodos termospelo fato de que o
~
.r<J
tratamentodotermoprivilegia,quasesempre,o aspectolingüístico.

~ Aterminologiatambémestápreocupadacomaprecisãodostermos,
~
u porqueéumaexigênciadaCiência.NoambientedaCiênciaeTecnologia
~ éprecisoqueosconceitos
fiquembemestabelecidos
paraacompreensão
E do termo,demodoa permitirema comunicação.Assim,o tesauroe a
~ terminologiatêmesterequisitocomum- aprecisãodotermo- porque
c um SistemadeRecuperação
~ deInformaçãotambémé umSistemade
~ Comunicação.

11
Naclassificação,
aunidadedetrabalhonãoédenaturezalingüística,
poiso termonãoémaisrepresentado porsímboloslingüísticos.Porém,
aprecisãodotermo,mesmosendonotacional,existe.Esteaspecto
recebeu
de Ranganathana devidaimportância, tendosido desenvolvidos
princípioseregrasparao PlanoNotacional.

5.1.6 Direção teórica para o conceito de termo


e conceito

A Teoriado Conceitoé,semdúvida,aquelaque,atéo momento,


ofereceo melhor suporte teórico-metodológico,no contexto da
representação/recuperação
dainformação,pararesolverasquestões
do
conceito e dar ao termo a sua devida dimensão.Possibilita a
representaçãodoconhecimento, umavezqueapresenta, comoum dos
elementosda tríade, ascaracterísticas
do conceito.Ascaracterísticas,
selecionadasdentreaquelasconsideradasrelevantes,conformeos
propósitosdo trabalho, evidenciamasrelaçõesentreosconceitos.Os
conceitosfixadoscom esterigor permitemcomunicações precisasno
âmbitodaCiênciaedaTecnologia.

5.2 IMPORTÂNCIA DAS CARACTERíSTICASDO


CONCEITO E SEU USO

Osconceitosserelacionamentresi por existiremcaracterísticas ~


comunsentreeles.Sãoelasquedeterminamo tipo de relaçãoquese '§ Q)

evidenciaentredoisou maisconceitos.Ascaracterísticas
do conceito ~
:
V'>

são,então,fatorprimordialparao estabelecimento
dasrelações
entre
conceitose seuposicionamentono Sistemade Conceitos.
Alémdisso, ~
Q)

auxiliamnaidentificaçãodoconceito,porquesãoestabelecidas
apartir ~
daseleção
daspropriedades
relevantes
deumdadoobjetoque,nonível E
do conceito,é conhecidocomoo referentedo conceito.Na Teoriada 3
Classificação,
Ranganathandesenvolve uma sériedecânonesparaa .Q a.
identificaçãodascaracterísticas,
a formaçãode renquese cadeias,a 'g
sucessão dascaracterísticas
no SistemadeConceitos.Porém,todaa ~
11
ênfasedadaao usodascaracterísticas
visaà elaboraçãodeestruturas
cIassificatórias
maisconsistentes.

Poroutrolado,a questãodousodascaracterísticas naTeoriaGeral


daTerminologianãoficarestritasomente aoposicionamentodoconceito
no Sistema.Entretanto,elassãoutilizadas,principalmente,comoum
elementoda definição,poisuma dasfinalidadesda terminologiaé
solucionara questãodadenominação e,paratanto,éprecisoqueesteja
bemclaro o significadodo termo,ou o conteúdodo conceito,queé
representado por um dadotermo.Umdosprincípiosda terminologia,
adotado,inclusive,pelaEscolaSoviética
deTerminologia,équeo termo
évistocomoum membrodeumsistemaenãocomoumobjetoisolado.
A característica
deum conceitopodesertambémconceito,estabelece
relaçãoentreosconceitosquetenhamuma característica emcomum.
Issosignificaqueostermossedefinemunsemrelaçãoaosoutros.Porém,
nãoépossível definir,consistentemente,
semseterumavisãodoSistema
deConceitos noqualelesestãoinseridos.

Nosprincípiosque regema elaboraçãodostesaurostradicionais,


estadiscussão não acontece.O tesauroterminológico,entretanto,ao
trazerno seubojo a Teoriada Classificação, a Teoriado Conceitoe
princípiosterminológicos,
utiliza ascaracterísticas
comoum elemento
essencialparaoestabelecimento dasrelaçõesentreosconceitos
eparaa
formaçãode definiçõesque sãoparte integrantedestenovo tipo de
instrumento.
ra

~ 5.3 RELAÇÃO ENTRECONCEITOS


CI)

5
u Asrelaçõesapresentadas
nas trêsTeoriasnão sãoexplicitadas/
8 denominadas
damesmaforma.
~ A Teoriada Classificação
e a Teoriada Terminologiaconsideram

.
00

~ relaçõeslógicasasrelaçõesgenérico-específicas
queseformamapartir
.~
-' do agrupamentodosconceitosem renquese cadeias.É interessante

salientarcomoosprincípios,nestaquestão,possuempontosbastante
semelhantes,inclusivenoprópriousodostermos"renque"e "cadeia",
talvezporqueambasasteoriasadotamosprincípiosdaprópriaLógica.
Ran,ganathan em sua Teoriada Classificação,diferentementeda
Terminologia,nãoadotaaexpressão "relaçõeslógicas",masapresenta
asrelaçõesgenérico-específicas
comoum tipoderelaçãoquepossibilita
aformação
derelações
lógicas- cadeias
erenques.
Emsuateoriaéque
parecemestarmaisbemdesenvolvidos ospostuladose cânonesparaa
formaçãoeoestabelecimento deumaordemdecadeias e renqueslógicos.
Na Teoria do Conceito,esta relação é denominada de relação
paradigmática-material,incluindo a relaçãoparte-todo.A Teoriada
Terminologiainclui a relaçãoparte-todocomoum tipo de relação
ontológica,quesedivideemdoistipos:relaçõesdecausalidadeerelações
decontacto.Nestaúltima, a relaçãoparte-todoseinsere.

Poroutro lado,asdiversasrelaçõesclassificadas comorelaçãode


causalidadepor Wüesterestão,em sua grandemaioria,classificadas
comorelaçõessintagmáticasfuncionaisem Dahlberg.Na Teoriada
Classificação,
estetipoderelaçãonãoseapresenta, poisosEsquemas de
Classificaçãosó possuemasrelaçõesqueformam cadeiase renques
lógicose partitivos,ou seja,ashierarquias.Apesardetodososesforços
nestesentido,ostesauros, deuma maneirageral,aprisionamemuns
poucossímbolostodasasrelações existentes
entreosconceitos.

ATeoriadaTerminologiaeaTeoriadoConceitoparecemapresentar,.~ o
cadauma,umafundamentaçãobemestabelecida paraadeterminação ~
dasrelaçõesqueestãopresentes
entreosconceitos.Entretanto,apesarde ;:;:

utilizaremumaformadeabordagem diferente,nãosãoconflitantes. c:
Q)
V>
5.3.1 Relações hierárquicas x relações lógicas7 c:
:J
ontológicas E
o
u
As relações hierárquicassãodeterminadasquandose observaa o
relaçãoexistenteentredoistermoscom a finalidadedeposicioná-los :~
c:
emuma estruturasistemática, ouseja,quandoexisteumaprecedência;:t

entre
dois
conceitos,
omaior
deve
ficaracima
domenor. .
AsrelaçõesLógicase Ontológicasnão possuema finalidadede
estabelecer
umacertaordementreosconceitos,massimdedeterminar
anaturezadasrelações queocorrementreeles.Aoestabelecer asrelações,
verifica-seque,em algunscasos,existemdoisou maisconceitosque
guardamentresiuma relaçãodesubordinação ou desuperordenação.
Nesteespaço,estãoas cadeiase renques.Assim,no momentoda
apresentação dessesconceitosemuma estruturasistemáticaé quese
impõe a questãoda hierarquiaque,por analogiacom as relações
existentesentreosconceitos,remeteàsrelaçõeshierárquicas.Istonão
ficasuficientementeclaronastrêsteoriasanalisadas.Porvezes,parece
queaclassificaçãopelahierarquiasubstitui aclassificação
pelanatureza
doconceito.É o caso,por exemplo,daapresentação dosconceitosque.
guardamentresiumarelaçãodehiponímialógica.Quandoistoocorre
emumalistaestruturada,a hierarquiaficaevidente.

Estaimprecisãoconceitualé mais evidente,ainda, nos tesauros


tradicionais, provavelmentepela ausênciade uma baseteórica
consistente.
Neles,asrelações
sãoclassificadas
apenascomohierárquica
e não-hierárquica.

5.4 SISTEMAS DE CONCEITOS E SUA


APRESENTAÇÃO
NoSistemadeConceitos,
osconceitosdevemestarrelacionados
de
modoa formarum todocoeso.Nostesaurostradicionaisdeabordagem
~ alfabética,nãosepercebe
seostermosformamumtodo,porqueaordem
~ alfabéticareúneostermosnão deuma forma lógicaou sistemática,
E masdeuma formaprática.Quandoexisteuma partesistemática,ela
~ apresenta,em geral,apenasashierarquias.Nãohá uma forma de
o apresentação
quemostretodososconceitose todasasrelações
e ainda
~ forneçaumavisãodotodo.Aitchison,emsuastabelasdeclassificação

.
OD

~ acopladas
atesauros,
consegue
apresentar
osconjuntos
dasclassesdentro
.~
-' deumafacetaeasrelações
existentes
entretermos
defacetasdiferentes.

Organizasuatabelaporsubáreas
e,dentrodestas,reúneasfacetasem
categorias.Esteconjuntoassimestruturadoé quepermitequesetenha
umavisãodotodoedesuaspartes.ComomembrodoCRG,elasegueos
princípiosranganathianos.

Umadasgrandescontribuiçõesde Ranganathanfoi introduziro


pressupostodas Categorias Fundamentais:é a Categoriaquepermite
que os conceitospossamestarreunidosem classessegundoa sua
natureza,istoé, propriedade,entidade,processo etc.,formandoum
todocoeso,poisreúneasfacetas,suasclasses
esub-classes. Aquestãoda
Categoria,aplicadaa SistemasdeClassificação,foi desenvolvidacom
um aparatofilosóficosólidoporDahlbergemsuasOnticalStructures
and UniversalClassification(1978a),o quepermitedizerque,neste
sentido,eladáumpassoà frentedeRanganathan.

A TeoriaGeralda Terminologia,apesarde apresentar um suporte


teórico-metodológicopara o estabelecimento das relaçõesentreos
conceitos,restringe-se
simplesmentea umaclassedeconceitosquando
serefereaosistemadeconceitos.Istoficaevidentenomomentoemque
serelacionaosistemaàapresentação gráfica;defato,pode-sedizerque,
nestaTeoria,o quesechamadesistemaé um sistemaparcial,istoé,
umaclasse.

5.5 DEFINiÇÃO E SUA FINALIDADE


V>

Adefiniçãoé um elementoimportanteparaentendero conceitoe '§


posicioná-loemumSistemadeConceitos.ATeoriadaClassificação não ~
abordaaquestãodadefinição.Nostesaurostradicionais,elaéabordada
,
~
Q)

somentecomoum elementoqueauxilia o entendimentodo termo.E ~


empregada,
eventualmente,
"noscasosdedúvida"quanto
, aosignificado ~
c

do termo, no campo de NotasdeAplicação.E a Teoria da Terminologia E


quepropiciaàdefinição defixação 3
ostatusqueeladeveternoprocesso
V>
doconceitoedeseuposicionamento
emum sistemadeconceitos. o
o-
Ostesauros
quesepautamemumabaseterminológica
j áincorporam :~

estaquestão,
havendo
referência
à organização
deum "novo"li
instrumento,ondesereuniriamum glossário
e umtesauroemumúnico
instrumento de representaçãoe recuperaçãoda informação, o
Glossaurus.

5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Na comparaçãodas trêsáreas,fica evidenteque seocupamde
sistemasdeconceitos,emboracomfinsdiferentes. Apesardisto,existem
basesteóricascapazesdeaprimoraro desenvolvimento desistemasde
conceitos,sejapara a elaboraçãode instrumentosde representação/
comunicação/recuperação, sejaparaoutrosfins.

ATeoriadaClassificaçãoFacetadadáasbases parareunirosconceitos
desdecadeiaserenques, passando pelasfacetas,
atéascategorias.ATeoria
GeraldaTerminologia,porsuavez,aprimoraasquestões referentes
às
relaçõesentreosconceitos,alémdedar asbasesparaum tratamento
terminológico, e não lingüístico, ao termo. Inova, ainda, quando
consideraa língua numaperspectiva sistêmica.A Teoriado Conceito,
alémdeincorporarasbasesteóricasanteriores,dáespecialdestaqueà
definição.Estaexplicitaascaracterísticas
doconceitoeéutilizadacomo
um mecanismoparaposicionaro conceitonasclasses, facetase até
categorias.

O plenodomínio destasteoriasé essencialpara serealizar um


trabalhomaiseficazno âmbitodarepresentação da informação,com
<li vistasà recuperação.
Mascomosepôdeobservarduranteoestudo,estas
,~ teorias têm suasbasestambémestabelecidasem outras áresde
~ conhecimento. Assim,tudoindicaqueoplenodomíniodetaisteoriassó
5v sedaráà medidaqueseampliaremaspesquisas na sentidodedefinir
(5 que áreassãoessase queparte delasé necessáriapara o profissional da
E informação.
Q)
01)
<li
::3
01)
c:
-'

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