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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Processos Construtivos II

“A Escolha Técnica: Uma abordagem sobre a produção autogerida da


moradia”

Introdução

Aqui são apresentados experiências pautadas no processo de aprendizagem


de produção por autogestão onde não é imposto um projeto arquitetônico onde as
pessoas precisam se adequar, mas o projeto é concebido através de um processo que
envolve a principio o reconhecimento do local e a percepção das necessidades das
pessoas daquela comunidade através de oficinas, após todo esse processo o projeto é
concebido e se inicia então a construção visando a utilização de materiais locais e
técnicas construtivas que são executadas pelas próprias pessoas da comunidade.

Seminário de Pesquisa

O primeiro estudo apresentado fica em uma localidade em que a população


tem como fonte de renda principal a produção de farinha de mandioca, nesta
comunidade não existem comércios, apenas casas, uma escola, igreja e a biblioteca
“Semente Viva” que é o objeto do estudo e que tem como objetivo a melhoria do
espaço que abriga a biblioteca, mas que acabou tomando proporções maiores.
Isso foi possível através da observação das tipologias das casas que seguem o
mesmo padrão com uma planta regular e materialidades semelhantes entre si e como
o clima que é predominantemente de calor intenso acaba influenciando na
composição arquitetônica da casa em que são construídas varandas onde os
habitantes da residência ficam aguardando o resfriamento do seu interior também foi
observado que várias dessas casas possuem hortas e pomares que proporcionam
conforto e reforçam a relação dessas pessoas com a natureza.
Após as primeiras percepções foram realizadas oficinas e atividades para
compreender ainda melhor as necessidades da comunidade local e foi possível
constatar a importância de se pensar em estratégias para que o conhecimento na nova
biblioteca não fosse passado apenas através dos livros, mas que de alguma forma
também fosse transmitido à relação com a natureza.
Consolidado as percepções junto à comunidade, a primeira proposta que era de
reforma a biblioteca tomou um novo rumo e passou a ser de construir uma nova sede
em um terreno que foi cedido, além de um novo rumo também foi agregado um novo
significado em que o local também se tornasse o centro de resistência da comunidade
pela a manutenção da mata, contra as pressões exercidas pelos criadores de gados da
região que utilizam aquela localidade para pastagem que sem as devidas precauções
podem trazer prejuízos ambientais.
O projeto foi pensado para atender as necessidades da comunidade local em
todos os sentidos a primeiro momento o que se observa e a quebra de um padrão o
que antes era uma “caixa fechada” agora se tornou dois volumes que são conectados
por uma praça e a vegetação do entorno em que a ideia é possibilitar a leitura não
apenas dentro do volume edificados, mas nas áreas ao ar livre, também foi pensado
uma forma de estabelecer uma conexão com o elemento água em que era possível ao
visitante molhar os pés na parte externa do projeto.
A materialidade foi disposta pensando na ventilação e iluminação
proporcionado assim um maior conforto térmico. Os materiais utilizados assim como o
sistema construtivo envolveram a comunidade local, pois como sabiam as técnicas
construtivas prestaram a mão de obra para a execução da obra, dois elementos podem
ser destacados no processo construtivo o concreto ciclópico e a taipas de pilão.
O segundo estudo apresentado e o Assentamento Edson Nogueira (MST), que
fica em Macaé – RJ onde as pessoas se sustentam através dos recursos garantidos pelo
fruto do trabalho na terra fazendo o uso da mesma de forma consciente e tendo como
ideal o menor impacto possível, o objetivo é a construção de uma Unidade Pedagógica
em desenvolvimento Territorial Agroecológico onde se constatou a necessidade de um
extenso programa onde se priorizou a principio as unidades de moradia campesinas.
Tendo em vista isso foram feitas oficinas para compreender melhor as
necessidades da comunidade local, utilizando uma linguagem compreensível a todos e
questionando a técnica em relação ao trabalho e como isso se correlaciona com a
politica.
Em uma tentativa de sensibilizar a comunidade local sobre o uso da terra no
sistema construtivo, respeitando a relação dessa comunidade com a mesma, se
introduziu a possibilidade da bioconstrução que foi demostrada através de uma oficina
com prática de construção com terra onde a técnica escolhida foi taipa de pilão e logo
após foi solicitado que eles fizessem desenhos do que para eles era a casa ideal, depois
de todo esse processo foi feito um copilado dos resultados alcançado em que gerou as
plantas das unidades de moradia camponesa.
O terceiro estudo é a Ocupação Solano Trindade (Movimento Nacional de Luta
pela Moradia) Duque de Caxias – RJ que não luta apenas pelo direito a moradia, mas o
de habitar a cidade em um sentido mais amplo. No Rio de Janeiro o movimento atual
em cinco principais ocupações em que uma delas será o nosso objeto de estudo a
ocupação Solano Trindade, no Município de Duque de Caxias.
O movimento defende a criação de um espaço de experimentação de estudos,
onde ocorra a formação de espaços para se obter estratégias de novas técnicas e
modelos de produção isso foi possível através de um acordo entre o movimento e a
Universidade do Rio de Janeiro. Após analisar vários locais foi decidido que a melhor
decisão seria ocupar o Centro Pan-americano de Febre Aftosa na área da antiga
Fazenda São Bento, propriedade do INCRA essa área seria desmembrada e o lote em
questão seria cedido ao Movimento, através da SPU (Secretaria de Patrimônio da
União).
Então se iniciou processo participativo primeiro dos moradores que fizeram a
limpeza do terreno e as primeiras manutenções necessárias, após iniciou uma força
tarefa junto à universidade que além de levantamentos projetuais relevantes também
promoveram oficinas onde foi possível a definição de programa de necessidade e até a
confecção de uma maquete de uma unidade habitacional produzida por um morador.
O NIDES (Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social) da UFRJ era
responsável por uma escola em Cabo Frio (Instituto Politécnico) que foi desativada e
como sua estrutura era toda de madeira parafusada se optou por transferir para a
Ocupação Solano Trindade.
Então foram reunidos além da comunidade local e as pessoas que estavam
fornecendo ajuda em parceria com a universidade também os professores da antiga
escola para se estuda possibilidades de implantação que ao final do processo foram
nove no total, foram arrecadado recursos para possibilitar a execução da obra em que
ficou decidido que seria contratado mão de obra externa e mão de obra do próprio
movimento e que seria construído um primeiro módulo comercial em que seria
vendido hortaliças que são fruto dos trabalhos do movimento então se deu inicio aos
trabalhos de sondagem.

A Fábrica Experimental de Cidades


A liga urbana cooperativa de trabalho
Cooperativa Liga Urbana

Parafraseando David Harvey: o capitalismo sempre encontra uma forma de


gerar renda a partir do que é produzido socialmente. É preciso encontrar novos meios
e recursos naturais. As cidades consomem essas mercadorias que não param de ser
produzidas. A partir desta epígrafe, desenvolve-se o texto a seguir.

A Ocupação Manoel Congo, Cinelândia, se depara com uma contradição:


carestia de alimentos e trabalho exaustivo. Isso enseja uma reflexão coletiva de seus
integrantes visando superar tal problemática. Como resultado, decidem estabelecer
novas formas de trabalho capazes de subverter as lógicas tradicionais existentes na
cidade.

Origina-se, com isto, a Cooperativa Liga Urbana. Atualmente a cooperativa


produz comida nordestina durante o dia e à noite é uma Casa de Samba. Essas
atividades viabilizam a geração de renda, formação profissional e a permanência local
da Ocupação.

Essa iniciativa da cooperativa aponta para uma nova forma de trabalho. O


trabalho passa a ser uma luta política associado à vida urbana, promovendo acesso a
serviços urbanos e a participação popular nas decisões na medida em que há uma
apropriação coletiva da mais-valia.

Por assim dizer, a cooperativa se revela um sucesso capaz até mesmo de


inspirar políticas públicas. Seduz porque proporciona aos trabalhadores autonomia e
os torna donos dos meios de produção. Provoca porque se instala no coração da
metrópole. Ela se revela uma forma potente de escapar da opressão social.

Alimentação, construção civil e cultura se unem na cooperativa.

A cooperativa possibilita a inovação técnica na construção civil ao se tornar


dona dos processos. Com isso, há um controle democrático do dinheiro e das decisões.
O coletivo passa a operar na produção de excedentes. Se a cooperativa atuar com a
associação de crédito, terá condições de participar da produção do espaço urbano. É
uma nova forma de garantir um controle mais democrático da produção e uso dos
excedentes no processo de urbanização. Assim, o coletivo torna-se um agente da
urbanização.

A reorganização do trabalho neste coletivo tem um novo desafio: criar relações


de comunicação e organização política em diferentes escalas. Cooperação entre pares
vizinhos contribuirá na coleta de informações e consolidação das necessidades locais.
Isso pode se efetivar por meio de fóruns que suscitarão o surgimento de novos
coletivos a partir dos quais cria-se uma rede. Com poder de transformação
aumentados, esses serão “sujeitos políticos eficazes”, no dizer de Harvey.

Conclusão

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