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TEOLOGIA SISTEMATICA III

Capítulo 1 - A Doutrina da Salvação .............................................................................. 03


- A origem da Salvação .................................................................................... 03
- O único meio de Salvação ............................................................................. 03
- Jesus é o sinônimo de Salvação ..................................................................... 03
- Os eleitos para a Salvação ............................................................................. 04
- A Predestinação ............................................................................................. 04
- A Manifestação da Salvação ......................................................................... 05
- A Verdadeira Fé ............................................................................................ 06
- A Santificação ............................................................................................... 10
- Questões Propostas ........................................................................................ 12
Capítulo 2 – A Doutrina da Igreja .................................................................................. 15
- O Batismo ...................................................................................................... 17
- A Ceia do Senhor .......................................................................................... 18
- Os Ministérios................................................................................................ 20
- A Forma de Governo ..................................................................................... 23
- A Missão da Igreja ........................................................................................ 25
- Questões Propostas ........................................................................................ 28
Capítulo 3 – A Doutrina da Escatologia .......................................................................... 30
- A Morte ......................................................................................................... 30
- Estado Intermediário ..................................................................................... 32
- A Ressurreição............................................................................................... 34
- A Segunda Vinda de Jesus ............................................................................ 38
- O Juízo Final ................................................................................................. 39
- O Destino Eterno ........................................................................................... 42
- O Milênio ...................................................................................................... 43
- Questões Propostas ....................................................................................... 47
- Guia de Estudo .............................................................................................. 51

Teologia Sistemática III 1


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Capítulo I
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

I. A ORIGEM DA SALVAÇÃO
Deus é a origem da nossa salvação (Ap 7:10). Foi Ele quem nos escolheu, chamou e predestinou
com santa convocação (Ef 1:3-14). Esta salvação começou a materializar-se, quando no dia da queda do
homem Deus prometeu enviar o Salvador (Gn 3:15). Na plenitude dos tempos, Deus se manifestou como
Filho, nascido de mulher (Gl 4:4). Deus estava em Cristo, reconciliado consigo o mundo (II Co 5:19).
Na cruz foram provadas e mantidas quatro coisas: O amor de Deus (Rm 5:8-10); A sabedoria de
Deus (Rm 11:33-35); O poder de Deus (I Co 2:24-25); A justiça de Deus. Diante dos céus, do inferno e
de todos, sua palavra foi cumprida! Na cruz Deus transformou a sua justiça em amor.
II - O ÚNICO MEIO DE SALVAÇÃO
Jesus é o único meio de salvação dos homens (Jo 14:6; I Tm 2:15). Desde o seu nascimento Jesus
é chamado Salvador (Lc 2:11; Mt 1:21). Jesus ganhou a salvação pela sua morte na cruz (Cl 1:20; Ef
2:13, 16). A cruz aponta para várias direções, i e, para baixo, para cima e para os lados, assim é a
mensagem da vitória de Cristo, é direcionada para todos os lados para alcançar a todos os eleitos, em todas as gerações e em
todos os lugares.
É a proclamação da vitória de Jesus sobre o mundo, o pecado e o
A cruz aponta para baixo:diabo (Gn 2:15; Cl 2:14; Jo 12:31)
É a mensagem de Deus dizendo que, agora o mundo está
A cruz aponta para cima: reconciliado com Ele (2 Co 5:19), e que a obra de Cristo veio
realizar está consumada. (Jo 19:30)
É simbólico! É uma representação dos braços de Deus que agora
Os braços da cruz se estão abertos para receber a todos. (Rm 10:21; Is 1:18)
abrem:

III - JESUS É O SINÔNIMO DA SALVAÇÃO

A Obra Referências
Ele é a propiciação I Jo 2:1, 2; 4:10; Rm 5:11; Ef 2:16; Cl 1:22
Ele é o caminho Jo 14:16
Ele é a porta Jo 10:7
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Ele é a vida Jo 14:6; Jo 1:4.


Ele é a luz Jo 1:9
Ele é o fundamento I Co 3:11; Ef 2:20-22; I Pd 2:4; Mt 7:24
Para ser salvo, é necessário confessar a Jesus como I Jo 1:12; I Tm 1:5; 2Co 5:17.
seu Salvador e Senhor.

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IV – OS ELEITOS PARA SALVAÇÃO


O justo, o filho da salvação, vem a Deus porque Ele o chama; o joio, ou filho da perdição quando
vai, vai somente por suas necessidades, mas como não ama a Deus, porque não é predestinado, com
extrema facilidade vira-Lhe a costa. Quem é semente da salvação recebe uma unção, um batismo, e haja o
que houver, jamais se afasta de Deus, (1 Jo 2:27). Existem predestinados à salvação em todas as partes do
mundo, para a glória do Senhor (Atos 13:48).
Os filhos da perdição podem até por algum tempo andar juntos com os eleitos, mas não
permanecem (Jo 17.9), assim acontece porque são destinadas à perdição, sementes da maldição. Eles já
nasceram para tropeçar e para desobedecer (1 Pd 2.8). Quem está destinado para a perdição desde o
ventre de sua mãe, se desvia (Sl 58.3). Ao contrario, os salvos, desde o ventre de sua mãe, já são de Jesus
(Sl 22.10). A graça é o Dom de Deus, somente, para os eleitos (Rm 9.22,23; 2 Ts 2.13; 3.1,2; Tt 1.1; Ef
1.4; 2.8).
V - A PREDESTINAÇÃO
A palavra "predestinação" vem do grego "Proorizo" e aparece 06 vezes no Novo Testamento. Uma
vez é traduzida por "ordenou antes" (I Co 2:7), ou por "anteriormente determinado", (Atos 4:28), e
quatro vezes por "predestinar", (Ef 1:5, 11; Rm 8:29, 30). A palavra predestinar significa "destinar por
antecipação". Vejamos o que, segundo a Bíblia, é determinado por antecipação.
Deus predestinou por antecipação o Plano de Nossa Salvação, isto é, o meio pelo qual devemos
ser salvos. "Nos predestinou para filhos de Adoção por Jesus Cristo..." (Ef 1:4, 5). Vemos aqui, antes da
fundação do universo (Ef 14), nos predestinou por Jesus, isto é, Jesus foi desde a eternidade dado como
sacrifício pela expiação dos nossos pecados (Ap 1:8).
Deus nos predestinou para filhos de adoção (Ef 1:5), assim observamos a Finalidade da Salvação
por Jesus. Deus também nos predestinou para sermos "conforme a imagem de seu amado filho" (Rm
8:29), aqui encontramos o Alvo da Salvação: Deus quer que todos os escolhidos sejam transformados
conforme a imagem da sua manifestação de Filho, a expressa imagem de Deus (Hb 1:3; C l 3:10).
As palavras eleição, escolha, chamada, e predestinação são sinônimas. Deus é soberano, e por um
ato soberano de sua exclusiva vontade atrai para si os seus filhos de todos os lugares da terra. A
predestinação é um decreto de Deus, a nosso respeito, desde antes da fundação do mundo, (Ef 1.4-5).
Aquele a quem Deus predestinou, ao confessar a Cristo, fica grandemente enriquecido, pois: É salvo por
meio da salvação que Deus predestinou (Ef 1.11); é adotado (Ef 1.5) e alcançará a imagem da
manifestação de Filho de Deus (Rm 8.29, 30).
A doutrina da predestinação se refere ao meio da salvação e também ao destino eterno de cada
pessoa. Contudo, a predestinação não salva ninguém, apenas indica quem será salvo por Jesus. Fica
evidente na Sua palavra que Jesus não morreu por todos os homens, mas somente pelos seus eleitos. Em
Isaias está escrito: “levou sobre si o pecado de muitos”, (Is 53.12). Na sua oração sacerdotal Jesus disse:
“não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”, (Jo 17.9). Nesta mesma oração,
se referindo a Judas disse: “e nenhum deles se perdeu, exceto o filho de perdição”, (Jo 17.12). As pessoas
não têm a prerrogativa de aceitar ou recusar a oferta da salvação, trata-se de um ato soberano de Deus,
“ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer”, (Jo 6.44). Jesus atrai os seus para Ele
mesmo. Esta é a maravilha de um Deus soberano: “ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for
concedido”, (Jo 6.65). Uma salvação tão poderosamente construída tem também um resultado
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irreversível. Não há maneira alguma de alguém tirar das mãos do Senhor, o que elegeu, predestinou e
nomeou, “O Pai me dá, esse virá a mim... de modo nenhum o lançarei fora”, (Jo 6.37).
Antes do nascimento, os eleitos já tinham um Salvador. Antes mesmo de pecarem, Deus, em
Cristo, já havia perdoado os pecados dos seus filhos, “me separou antes de eu nascer”, (Gl 1.15).
Portanto, a predestinação é um decreto de Deus acerca do que irá acontecer com cada eleito do Senhor.
VI - A MANIFESTAÇÃO DA SALVAÇÃO.
Salvação é muito mais do que saber onde vamos passar a eternidade. Salvação é a certeza do amor
de Deus para conosco. Deus jurou por sua fidelidade e Ele não mente. Se eu não for fiel, ainda assim, ele
permanece fiel, (2 Tm 2.13).
Arrependimento
Diversas são as maneiras de exprimir na Bíblia o começo da vida cristã. Ei-las: Volver-se dos
ídolos (I Ts 1:9); morrer para o pecado (Rom 6:11); deixar o homem velho (Ef 5:14); novo nascimento
(Jo 3:3). A palavra que substitui todas estas expressões é Arrependimento. Arrependimento é assunto de
vital importância para o homem. João Batista, Jesus Cristo e os apóstolos deram ênfase ao assunto em
suas pregações (Mt 3:1, 2; Mc 1;15; 6:2; At 2:38). Se considerarmos o arrependimento do prisma
intelectual, o arrependimento é uma mudança na maneira de pensamento em Deus, em nosso pecado e em
nossas relações com o nosso próximo. O homem arrependido encara tudo sob um novo ponto de vista. O
homem condena hoje o que aprovava ontem! O emocional da pessoa é sempre o elemento predominante
no arrependimento. O arrependido chora o seu pecado, mas chora ainda mais a falsa atitude que antes
mantinha para com Deus, (Sl 51:1-4).
Um outro elemento no arrependimento é a mudança na vontade. No verdadeiro arrependimento o
homem passa a ter prazer de fazer a vontade do seu Deus. Atingido em sua consciência o indivíduo torna-
se consciente do seu pecado diante de Deus. O Filho pródigo disse; "Pai, pequei contra o céu e diante de
ti..." Em suma, os frutos do arrependimento são: Rompimento total com o pecado (Lc 3:10-14); alegria e
comunhão com Deus (Lc 15:7-10; 22:25); constitui plataforma para o recebimento das bênçãos do
Espírito Santo (At.3:19; 2:38). Porém, apesar do intelectual, do emocional e da vontade estarem
envolvidos no arrependimento ou serem os meios visíveis de tal mudança. O homem só se arrepende
porque primeiro, foi predestinado; segundo, Deus inclina o seu coração para crer na sua Palavra; terceiro,
sela-o com o Espírito Santo e quarto, outorga-lhe a fé. Esta não é, contudo, uma ordem. A ação de Deus
na vida de quem Ele predestinou é sobrenatural. Conseqüentemente, a salvação, como foi falado, dá-se
instantaneamente por obra e ação exclusivas do Espírito Santo de Deus.
FÉ.
A Bíblia diz que a fé é um Dom de Deus, (Ef 2.8). Somos justificados pela fé que recebemos de
Deus. O Dom que Deus dá, Ele não tira. Deus dá fé para crer, para arrependimento e para salvação. As
Escrituras dizem que os dons são eternos (Rm 11.19). O Dom da fé que salva, é o mesmo que nos faz crer
em todas as Escrituras e sustenta a nossa confissão em linha com os desígnios de Deus. A confissão
“Jesus Cristo é Senhor” só é possível pela manifestação do Espírito Santo e pelo agir da fé. Todavia,
sendo um Dom, depende, para manifestar-se, da forma como a pessoa trata a sua vida espiritual. Não se
perde a fé, mas é possível tornar-se débil na fé, por causa da atitude assumida em relação à Palavra, (Gl
2.16).

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Na hora em que a pessoa crê, são, imediatamente, perdoados os seus pecados (1 Pd 1.1). A fé não
depende, portanto, das obras da pessoa. Paulo fazia com que a fé dos eleitos fosse promovida (Tt 1.1), e
que o conhecimento da verdade fosse parte da vida dos cristãos. O conhecimento dos desígnios de Deus é
fundamental para a operacionalidade da fé na vida de uma pessoa.
O verdadeiro arrependimento não existe senão pela fé! Quanto à fé, devemos notar o seguinte:
Sendo a fé uma mudança de mente, envolve uma mudança de vistas, de sentimento e de propósito e
consta, portanto, dos mesmos três elementos que estudamos no arrependimento: “Elemento Intelectual -
reconhecimento da verdade e da revelação de Deus; Elemento Emotivo - aceitação da revelação do poder
e graça de Deus em Cristo, como aplicável às presentes necessidades da alma humana; Elemento Volitivo
- confiança em Cristo como Senhor e Salvador ou em outras palavras, entrega da vida como culpada e
corrompida, ao governo de Cristo e recepção e apropriação de Cristo como a fonte de perdão e vida
espiritual”. Rev. Ludgério Braga. É sempre bom lembrar que todos esses elementos – intelectual, emotivo
e volitivo – também são obra de Deus na vida de quem Ele predestinou para a salvação, sem a qual o
eleito jamais conseguiria reconhecer a verdade da revelação, aceitar a revelação do poder e graça e
confiar em Cristo como Senhor e Salvador ou entregar sua vida ao governo de Cristo. No que se refere a
salvação por meio da fé, o humano e natural nun ca vem antes do espiritual. O homem só consegue reconhecer,
aceitar, confiar ou entregar algo a Deus, porque o próprio Deus o predestinou e o levou a tais atitudes.

O CONHECIMENTO DA VERDADEIRA FÉ
Manifestações Resultado Referências
Fé Salvadora Ef 2:8; Rm 10:9, 10.
Expressões de Fé Fé - fruto do espírito Gl 5:5-22. ARC
Fé - Dom do Espírito I Co 12:9
É vital, essencial ao salvo Rm 1:17; 11:20
O valor da Fé
Por Jesus Hb 12:2
Como se manifesta a Pela palavra de Deus Rm 10:17
Fé Pelo Espírito Santo II Co 4:13
Pelo louvor a Deus Rm 4:20; At 16:25; II Co 20:17

A FÉ VERDADEIRA (Hb 11:1)


Na medida em que ela se alimenta das promessas de Deus, somente a fé pode, no presente,
enxergar o futuro. A fé transcende o universo físico, de modo, a perceber e ver com naturalidade, as
coisas invisíveis, ou seja, antevê as coisas futuras, visto que estas são certas e confiáveis, pois Deus as
tem prometido. No presente, as coisas físicas que se apresentam como impossíveis, tornam-se possíveis
(Rm 15.13). A fé se traduz na certeza, do fato de que Deus já supriu todas as nossas necessidades quer
espiritual, quer física ou emocional.
A fé verdadeira é exigente, temos que levar os pensamentos cativos à obediência a Deus (Hb
13.15; Lc 12.8), para fazermos frente aos pensamentos que se levantam com altivez contra o
conhecimento de Deus. A falta de conhecimento a respeito de Deus é o pior “câncer” espiritual que pode
assolar o coração de um cristão. Nós somos salvos por fé e depois de salvos, Deus exige de nós um
crescimento espiritual. Vejamos três aspectos da fé, nos quais precisamos crescer:

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Salvação
A salvação vem por fé, não por merecimento, ou seja, retribuição divina por alguma coisa que
tenhamos feito (Ef 2.8). Ao ouvirmos a Sua Palavra (Rm 10.17), a fé nos leva a crer em Jesus e é gerada
uma nova natureza em nós, (Tg 1.8). Aí acontece a salvação, o novo nascimento, o lavar regenerador do
Espírito Santo (Tg 3.5). A vida de Cristo é imputada a nós (1 Co 6.17; Gl 2.20). O filho de Deus é gerado
por um ato de amor através de sua palavra.
O Crescimento
A fé proporciona o crescimento espiritual (2 Co 10.15). O Dom da fé está em nós, o nosso espírito
está santificado, somos um com Cristo, inicia-se, então, um processo de desenvolvimento espiritual para
chegar a varonilidade perfeita, (2 Pd 3.18). A salvação é um estágio fundamental, radical e decisivo, mas
apenas inicial de algo que se apresenta como glorioso e poderosamente transcendente às realizações
humanas, (2 Pd 1.5-8). Pela fé fomos salvos por Jesus, pela fé em praticar a palavra desencadeamos o agir
de Deus a nosso favor, o que nos garante o triunfo sobre todas as coisas, (Tg 1.21).
Os Benefícios Terrenos
A fé também traz benefícios terrenos incalculáveis para os filhos de Deus. Ser predestinado
garante a vida eterna, mas também nos garante desfrutar das promessas feitas por Deus a Abraão.
Cura Divina – (1 Pd 2.24). Pela fé confesso e repreendo qualquer sintoma de enfermidade, (Sl
91.10,16).
Prosperidade – (2 Co 8.9). Aquilo que temos recebido de Deus para o nosso desfrute, o inimigo
não pode tocar. Em Gn capítulos 1,2,3 vemos que todas as coisas foram criadas para o desfrute do
homem, foram colocadas debaixo do seu domínio. Com a libertação do pecado, somos conduzidos em
Cristo, à posição de domínio, (Gn 1.26).
Proteção – (1 Jo 5.18). Deus nos tirou (arrancou) do império das trevas, nos transportou (plantou)
para o reino do Filho do seu amor. Neste reino que tem o domínio de Cristo, ninguém pode nos tocar, a
menos que Deus consinta.
Nossa Posição – (Dt 28.13,7). O Senhor nos pôs por cabeça, ou seja, por domínio diante do
mundo espiritual e físico. Por isso, pela fé podemos reivindicar prosperidade, saúde e vitória. O inimigo
não está morto, ou aprisionado, mas está derrotado pela obra de Cristo Jesus na cruz do Calvário. O diabo
não tem legitimidade para atuar na vida do cristão, somente os filhos da desobediência estão debaixo do
seu poder (Ef 2.2).
As Figuras da Fé
Fala-se de fé como uma olhada em direção a Cristo, (João 3:14, 15, Nm 21:9). Esta é uma figura
muito apropriada, porque inclui os diversos elementos da fé, especialmente quando se refere a uma olhada
insistente sobre alguém, como a passagem indicada. Há nela um ato de percepção (elemento intelectual),
um deliberado fixar de olhos sobre o objeto (elemento volitivo), e uma determinada satisfação testificada
por esta concentração (elemento emocional) (Hb 12:1, 2).
A fé é representada como ter sede e fome, e como comer e beber, (Jo 6:50-58; 4:14; Mt 5:6).
Quando os homens têm fome e sede das coisas espirituais, sentem que algo lhes falta e se esforçam em
alcançá-lo. Ao comer e beber não só temos a convicção de que o alimento e a bebida estão presentes, mas
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que os mesmos irão nos satisfazer, assim acontece quando nos apropriamos de Cristo pela fé, temos a
convicção que Ele nos salvou.
Existe também a figura de ir a Cristo, (Jo 5:40; 7:37). A figura de ir a Cristo retrata a fé como
uma ação através da qual o homem procura encontrar fora de si mesmo e de seus próprios méritos, cobrir
sua nudez com as vestes justiça de Jesus Cristo; e ao se unir a Ele acentua-se o fato de que a fé é o
instrumento de apropriação.
A idéia de Fé na Bíblia.
Em ambos os Testamentos, a fé é a mesma entrega radical de alguém a Deus não somente como o
mais alto bem da alma, mas também como o bondoso Salvador do pecador. A única diferença que
aparece, deve-se ao fato da Obra de Redenção revelar-se progressivamente, e isto se torna evidente dentro
do próprio Antigo Testamento.

A IDÉIA DE FÉ NAS ESCRITURAS SAGRADAS


Período Descrição
No período patriarcal - Os patriarcas confiavam em Deus e nas suas promessas livres de oscilações. A
(Noé e Abraão)- essência da religião dos patriarcas nos é apresentada em ação.
Neste período da Lei, a fé é distintamente soteriológica, e contempla em
No período da Lei direção à salvação messiânica. É uma confiança no Deus da salvação e é um
firme descanso em suas promessas para o futuro.
A pregação da fé em Jesus como o Salvador (Redentor), prometido e esperado,
Nos Livros que apareceu como algo característico de uma nova época. Outra característica
registram evangelho forte desses livros consiste no fato de Jesus apresentar-se constantemente como
o objeto da fé, e isso em relação como os mais elevados interesses da alma.
Por meio da pregação dos apóstolos, os homens são atraídos à obediência da
No livro de Atos fé em Cristo; e esta fé torna-se o princípio normativo da nova comunidade.
Na Epístola de São Acentua-se o fato de que a verdadeira fé em Cristo manifesta-se através de
Tiago obras.
Paulo teve que lutar contra o legalismo arraigado no pensamento judeu. Ele
Nas Epístolas de Paulo reivindica o lugar da fé como único instrumento da salvação.

Na Epístola aos Considera também a Cristo como objeto da fé salvadora e ensina que não há
Hebreus justiça senão por meio da fé, (Heb.10:38; 11:7).
As circunstâncias em que se encontravam seus leitores, levou-o a dar ênfase
Nas Epístolas de Pedro especial sobre a relação da fé com sua salvação consumada, para avivar em
seus corações a esperança que os sustentaria nas provas presentes, a
esperança de uma glória invisível e eterna.
João teve que contender com gnósticos, que falsamente insistiam sobre o
Nos Escritos de João conhecimento (Gnosis) em detrimento à fé simples. João passa a magnificar as
bênçãos da fé, acentuando a plenitude do presente gozo da salvação que
obtemos pela fé. Entretanto João não descuida do fato de que a fé alcança
também até o futuro.
Fé e Segurança.
As ovelhas do Senhor Jesus têm ouvidos com “tímpanos de ovelhas”, porque foram preparadas
para ouvirem e reconhecerem a Sua voz em meio a tantas vozes, (Jo 10.27,28). Está é a maior e mais
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eficaz segurança proporcionada pela fé em Deus: Ser capaz de reconhecer a voz do Bom Pastor. Por outro
lado, reside a segurança de sermos reconhecidos pelo Senhor em todo momento: “Eu as conheço e elas
me seguem”.
Segurança objetiva da fé
É a certeza indubitável de que Cristo é tudo o que declara ser, e que fará tudo o que promete. Os
eleitos do Senhor têm uma vitória garantida que é a sua fé em Jesus Cristo. Este fato é concreto, já
consumado, pela fé vence o mundo “Ayon” (reino espiritual das trevas) com suas mentiras e corrupções.

Segurança subjetiva da fé
Convicção firme de que cada crente como indivíduo pode ter seus pecados perdoados e a vida
salva. Não há coisas impossíveis para Deus porque Ele pode tudo. Até as coisas impossíveis para o
homem são possíveis para Deus, inclusive a libertação do poder do pecado e do aguilhão da morte, (Rm
8.1-5)
Conversão
A conversão inclui arrependimento e fé; isto é, inclui o ato de abandonar o pecado e o ato de andar
com Jesus, submetendo-se a Ele como seu Senhor e Salvador, (Sl 51:10 e Ez 36:26). O principal resultado
da conversão é a libertação total do império das trevas. Liberdade que chega quando lhe é revelado o
plano perfeito e eterno de Deus para sua vida. Uma vida nova e em novidade de vida. Um novo coração;
um coração cheio de gratidão e expectação que leva cativo a sua vontade e a submete amorosamente ao
querer de Deus.
Os resultados da conversão são: Um novo testemunho (Mt 5.16; I Pd 4); uma vida de bênçãos (At
3.19,20); uma nova incumbência (Lc 22.32; 1 Pd 2.9); um novo alvo: O céu, (Mt 18.3; Lc 23.32).
Regeneração
É a transformação interior no pecador pela atuação do Espírito Santo. É a mudança de condição:
de servo do pecado, para filho de Deus (Jo 1.12; Tt 3.15). Regeneração, portanto, é uma mudança radical
operada pelo Espírito Santo na vida do ser humano (Ef 2.1, 2). Deus é o autor da regeneração (Ef 2.1, 2).
A regeneração é um ato instantâneo, que se dá uma única vez na vida da pessoa. A verdade bíblica é o
instrumento usado pelo Espírito Santo na sua operação (I Co 1.21). Em suma: Regeneração é, então, uma
mudança radical operada pelo poder Espírito Santo na vida do homem, por intermédio da verdade bíblica,
mudança pela qual transforma completamente a disposição moral do homem, que se reveste do novo, na
semelhança de Deus por sua união a Jesus Cristo.
Justificação
É o ato judicial de Deus pelo qual, por causa de Cristo, a quem o pecador está unido pela fé,
declara que o pecador não está mais sujeito à pena da Lei, mas restaurado (Rm 1.17; 2.24-30; 8.1; Gl
3.11; Ef 11.4-7; Cl 2.14). Na justificação há dois elementos:
Remissão de Pena - Deus absolve os pecadores (predestinados) que crêem em Cristo e declara-os
justos. Não os declara inocentes; declara que as exigências da Lei foram satisfeitas com referências a eles,
e que eles estão livres da condenação. Esta absolvição é chamada de perdão (At 13.38, 39; Rm 3.24, 26; I

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Co 6.11; Ef 1.7). O perdão não é o resultado de um julgamento, mas de uma oferta de amor, de um
sacrifício perfeito. Cristo, o cordeiro de Deus, morreu, seu sangue tem o poder de purificar pecadores.
Regeneração - Além de estar livre de punição, Deus trata o pecador como se fosse e sempre
tivesse sido pessoalmente justo. O justificado além de receber a remissão das penas, recebe também as
recompensas prometidas àqueles que vivem em obediência (Lc 15.22-24; Gl 3.16; Ef 2.7; Fl 3; Rm 5.1;
Ap 19.8; II Co 5.21). Essa restauração vista em seus aspectos como renovação da amizade quebrada,
chama-se reconciliação. Essa restauração tem sua base não no caráter ou procedimento pessoal do
pecador, mas na obediência e justiça de Cristo (Jo 20.31; I Co 3.21-23; Hb 7.19).
A fonte, o fundamento e os meios da justificação estão arraigados e fundamentados na pessoa de
Jesus Cristo e são: a fonte: a graça de Deus; o fundamento: a justiça de Cristo; os meios: a fé em Cristo.
Justificação e regeneração
A diferença entre justificação e regeneração é a seguinte: Na regeneração há uma mudança da
condição de servo do pecado, o homem torna-se filho de Deus (Jo 1.12); torna-se uma unidade com Cristo
(Jo 17.21-23). Na justificação há mudança de posição diante de Deus, de condenado o homem passa a ser
justificado (Rm 8:33, 34), ou seja, o pior dos pecadores é totalmente liberto de todas as dívidas de justiça
(Jo 17.17; Cl 214). As exigências da lei nele são totalmente satisfeitas.
União com Cristo
Tudo quanto se tem dito até neste ponto sobre a doutrina da salvação pode resumir-se numa única
frase: união com Cristo. Nossa união com Cristo tem as seguintes características: É uma união orgânica -
Cristo e os cristãos formam um corpo (Jo 15.5; I Co 6.15-19; Ef 1.22. 23; 4.15. 16; 5.29,30). É uma união
vital - nesta união Cristo é o vitalizador de todo o corpo. Cristo nos conduz a Deus e nos mantém em Sua
presença (Gl 2.19; Rm 8.10; 2 Co 13.5). É uma união mediada pelo Espírito Santo - por meio Espírito
Santo Cristo habita agora na vida dos cristãos (I Co 6.17; 12.12; II Co 3.17,18 Gl 3.2,3). É uma união que
implica em ação recíproca - o ato é Cristo, que mediante a regeneração une os cristãos a si mesmo, e
deste modo produz fé neles. Do lado humano, o cristão se une também a Cristo mediante um ato
consciente de fé, de culto racional (Rm 12.1), e a união continua debaixo da ação do Espírito Santo, por
meio de exercícios constantes da fé em andar com Jesus (Jo 14.243 – 15.4; Gl 2.20; Ef 3.17). É uma
união pessoal e intransferível - cada cristão está unido pessoal e diretamente com Cristo (Gl 2.20; Ef
3.17; II Co 5.17). É uma união transformadora - mediante esta união os eleitos são transformados à
imagem de Deus (I Pe 4.13 Cl 1.24; 2.12 e Rm 6.5, 11; II Co 3.10).

Santificação
Santificação quer dizer, então, uma relação especial com Deus e a realização de um caráter de
acordo com essa relação. Deus nos fez santos para a salvação.

SANTIFICAÇÃO
- Separação - Dedicação
A natureza da Santificação:
- Purificação - Consagração - Serviço
Teologia Sistemática III 10
ISTCR

O tempo da Santificação - Posição: instantâneo – Prático: progressivo

- O Sangue de Cristo (I Co 1:17; Ef 13:12)


Os Meios Divinos - O Espírito Santo (Fl 1:6)
- A Palavra de Deus (Jo 17:17)
- Erradicação - Legalismo - Ascetismo
Opiniões errôneas

Salvação não só é uma dádiva, senão também um programa de vida. A Salvação como
dádiva chama-se regeneração, mas como tarefa de vida chama-se santificação!
Preservação
Preservação é, pois a continuação do cristão no caminho da Salvação. É o andar com Jesus, o
seguir a Cristo. A salvação é inteiramente de Deus: o homem absolutamente nada tem a ver com a
construção de sua salvação. A salvação é um ato eterno de Deus, uma vez salvo, salvo para sempre (Jo
28:29; Rm 11:29; Fl 1:6; I Pe 1:5; Rm 8:35; Jo 17:6). É viver o dia-a-dia com uma confissão em linha
com a Palavra de Deus. É conhecer e praticar os propósitos eternos de Deus.
Glorificação
Muitos acreditam que o ato final no processo da salvação será a glorificação do cristão por Deus,
ao contrário, entendem que enquanto neste mundo não são nada, vivem na expectação do inferno, pelo
que vivem pagando o preço. Esta, porém, não é a verdade bíblica. A Palavra de Deus, que não pode
falhar, diz que nós somos justos, santos, justificados, redimidos, sacerdócio real, pedras vivas,
predestinados, eleitos, escolhidos, abençoados, poderosos, que estamos sentados em lugares celestiais,
enfim, que fomos feitos um pouco menor que Deus, o qual nos coroou de glória e honra. Nós temos a
glória da imagem e a semelhança de Deus revelada em Cristo. Portanto, somos glorificados, aqui, por
nossa elevação à posição de unidade com Cristo e receberemos a glorificação completa no dia final (Rm
8.30; 1 Jo 3.2).

Teologia Sistemática III 11


ISTCR

Nós fomos escolhidos, chamados e predestinados com santa convocação. Quem


é a origem da nossa salvação?
R.
Deus em Cristo reconciliou consigo o mundo. Quais as quatro coisas foram
provadas e mantidas com o advento da cruz?
R.
Assim como a cruz estava direcionada para cima, baixo e lados, a mensagem da
salvação é direcionada para todos os lados a fim de alcançar a todos os
eleitos, em todas as gerações e de todos os lugares. Quem é o único meio de
salvação dos homens?
R.
Jesus é o sinônimo de salvação. Na obra de redenção quais são as credenciais de
Jesus?
R.
O justo, o filho da salvação, vem a Deus porque Ele o chama. O Joio vai a Deus
somente por suas necessidade, mas não consegue amar a Deus. O Joio é filho
de quem?
R.
Eles nasceram para tropeçar e para desobedecer, pois estão destinados a desde o
ventre de sua mãe, a se desviarem. A que semente nos referimos?
R.
Qual o significado da palavra predestinação?
R.
Quando Jesus foi dado como sacrifício pela expiação dos nossos pecados?
R.
A salvação é muito mais do que saber onde vamos passar a eternidade; é a
certeza do amor de Deus para conosco. Quais são as duas manifestações da
salvação?
R.

Teologia Sistemática III 12


ISTCR

Cite duas das muitas maneiras pelas quais a Bíblia exprime o começo da vida
cristã?
R.
Quais as três mudanças vitais são operadas no coração do arrependido?
R.
A fé que salva é a mesma que nos faz crer nas Escrituras e sustenta a nossa
confissão em linha com os desígnios de Deus. O que é a fé?
R.
Assim como o arrependimento atinge três áreas da vida humana, a fé, sem a qual
o arrependimento não existe, também tem um tríplice alcance. Quais são
essas áreas?
R.
O que temos de fazer, pela fé, para enfrentarmos aos pensamentos que se
levantam com altivez contra o conhecimento de Deus?
R.
A salvação não vem por retribuição divina por alguma coisa que tenhamos feito.
Como podemos ser salvos?
R.
Além da salvação, por fé, podemos alcançar inúmeras outras bênçãos da parte de
Deus. Cite três delas?
R.
A fé traz o benefício da segurança. Quais são os dois tipos de seguranças que
temos pela fé?
R.
A conversão inclui arrependimento e fé, é um ato de abandonar o pecado e
submeter-se ao senhorio de Cristo. Quais os resultados da conversão?
R.

Teologia Sistemática III 13


ISTCR

Como é chamada a obra do Espírito Santo que muda a condição do homem de


servo do pecado, para filho de Deus?
R.
Como se chama o ato judicial de Deus, por causa de nossa união com Cristo, que
declara que estamos restaurados e não mais sujeitos á pena da Lei?
R.
Qual é a diferença existente entre a justificação e a regeneração?
R.
A nossa união com Cristo é fundamental para sermos salvos. Dê três
características dessa união a Cristo.
R.
Santificação significa ter uma relação especial com Deus e a realização de
caráter de acordo com essa relação. É Deus quem nos faz santo. Dê a
natureza da santificação.
R.
Ainda, pensando a nossa relação com Deus, dê o tempo em que somos
santificados.
R.
Sendo a santificação algo vital para um relacionamento eficaz com Deus, quais
são os meios pelos quais somos santos e santificados?
R.

Teologia Sistemática III 14


ISTCR

Capítulo II
A DOUTRINA DA IGREJA
Introdução
O ensino das Escrituras acerca da igreja é tão claro e positivo quanto o que se diz respeito a
qualquer outra doutrina. Contudo, a concepção dos homens, mesmo de cristãos professos sobre o assunto,
parece ser muito indefinida ou vaga. Isso sem duvida se deve ao fato que, segundo o emprego humano,
são numerosos e variados o significado do termo “igreja”. É usado para distinguir as pessoas religiosas
das não religiosas. É usado denominacionalmente, a fim de discriminar entre os grupos organizados,
como: Igreja presbiteriana, Igreja Metodista, Igreja Católica romana, etc. É usado em relação a edifícios
onde se reúne para adorar. Esta terminologia e outros usos um tanto semelhantes, tende obscurecer a
verdadeira significação do vocabulário. Quando, entretanto, chegamos ao uso bíblico do termo
verificamos que essas indefinições desaparecem.
I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA IGREJA
A palavra portuguesa "Igreja" é tradução do termo grego "Eclesia", que significa, "chamando para
fora”, era o vocábulo usado para designar uma assembléia ou congregação que fosse convocada para
diversos propósitos. O significado desse termo é duplo, segundo o Novo Testamento. Refere-se àqueles
que são chamados para fora dentre as nações, em nome de Cristo para constituírem a igreja, o corpo de
Cristo. Neste sentido, a Igreja é um organismo. Refere-se ainda aos que são chamados dentre uma
determinada comunidade a fim de obedecer aos princípios e preceitos de Cristo encontrados no Novo
Testamento, na qualidade de Cristãos. Nesse sentido a igreja é uma organização.
Na qualidade de organismo a igreja é o corpo místico de Cristo, do qual ele é a cabeça viva e do
qual os crentes regenerados são membros. Poderíamos chamar esta Igreja de universal.(I Co 12.12, 13; Ef
1.22, 23; 3.4, 6).
Na qualidade de organização a igreja é o local onde um grupo de crentes reunidos pelo Espírito
Santo, com o propósito de obedecer aos princípios e preceitos da Palavra de Deus (At.2.41,42; 16.5).
A igreja na qualidade de organismo inclui todos os crentes "regenerados" tirados de todo o mundo
entre o primeiro e o segundo advento de Cristo. Ao passo que, como organização, abrange os crentes
locais unidos para o serviço de Cristo entre qualquer assembléia cristã.
A doutrina da aplicação dos méritos de Cristo conduz-nos naturalmente a doutrina da igreja,
porque a igreja consiste daqueles que são chamados participantes de Cristo e das bênçãos da salvação que
há nele. Cristo, mediante a operação do espirito Santo, une os homens com Ele e os capacita com uma fé
desta maneira. E constitui dessa maneira a igreja como seu corpo.
A Teologia Católica Romana ensina que a igreja tem autoridade absoluta sobre tudo: Sobre a
doutrina de Deus; sobre a revelação divina; e que foi a igreja usada para produzir a Bíblia, portanto tem
autoridade sobre ela e que é dispensadora de todas as graças naturais, e que a igreja é que nos conduz a
Teologia Sistemática III 15
ISTCR

cristo. Toda a ênfase recai não sobre a igreja invisível, mas a sobre a igreja visível. A igreja é centro e
autoridade suprema.
A "Teologia Cristã" ensina que Cristo é o centro, é a autoridade suprema da Igreja. Cristo e as
operações renovadoras do Espirito Santo são o cerne e a essência da igreja.
1. Nomes Bíblicos Para a Igreja
A Igreja pertence ao Senhor e Ele é aquele que soberanamente a constrói; “... estavam juntos e
tinham tudo em comum” (Mt 16.18; 1 Co 3.9). A membresia dessa Igreja é feita de pessoas salvas, cuja
salvação é baseada na escolha e no chamado de Deus; “... quantos o Senhor nosso Deus, chamar” (At
1.39; Jo 6.37; Ef 1.4,5).
No Antigo Testamento
O Antigo Testamento emprega duas palavras para designar Igreja; a primeira delas Kahal
derivado de uma raiz em desuso, que significa "chamar" e edhah, que significa, "designar" ou encontrar-
se ou congregar-se num lugar designado. Estas duas palavras são usadas, às vezes, sem fazer diferença
entre elas. Edhah é propriamente uma reunião pôr meio de designação, e quando aplicada denota uma
reunião representativa através dos cabeças do povo ou príncipes (chefe das tribos e seus oficiais, estando
ou não reunidos em assembléia). Kahal, pôr outra parte, observa propriamente uma reunião onde
verdadeiramente se reúne todo o povo.
No Novo Testamento
No Novo também há duas palavras derivadas da Septuaginta, ekklesía, que se deriva de ek e kaleo,
"convocar" e sinagoga que se deriva de sun e ago. que significa "chegar juntos e estar reunidos juntos",
esta última se usa exclusivamente para salientar as reuniões religiosas dos judeus e os edifícios nos quais
se reuniam para adoração pública. (Mt 4.23; At 13.43; Ap 2.9; 3 9). Sem duvida o termo ekklesia é uma
designação geral da igreja do Novo Testamento, enquanto em alguns poucos lugares se relacionam com a
assembléia do povo ou assembléia civis (At 19.32,39, 41). A preposição ek em ekklesia se interpreta com
freqüência significando, "ser tirado de entre a massa do povo", e para indicar que a igreja consiste dos
eleitos, de pessoas convocados e tiradas do mundo. Jesus foi o primeiro que usou a palavra no Novo
Testamento e aplicou aqueles que o cercaram (Mt 16:18). Que lhes reconheciam como seu Senhor e que
aceitavam os princípios do reino de Deus. Era a ekklesia do Messias do verdadeiro Israel.
2. Outras Designações Bíblicas para A Igreja
O Corpo de Cristo
Alguns na atualidade parecem considerar este nome como uma definição completa da igreja do
Novo Testamento, mas não tem este significado, o nome não se aplica somente a igreja universal (Ef
1.23; Cl 1.18). Como também a uma congregação (1 Co 12.27). Acentua a unidade da igreja seja local ou
universal, ou fato que esta unidade é orgânica e que o organismo da igreja permanece em relação vital
com Jesus Cristo sendo seu glorioso chefe.
O templo do Espirito Santo
Templo de Deus, a igreja de Coríntios recebe o nome de "um templo de Deus" no qual o Espirito
Santo de Deus mora (1 Co 3.16; Ef 2.21,22). Paulo fala dos crentes como se desenvolvendo em um

Teologia Sistemática III 16


ISTCR

templo Santo do Senhor, e que juntamente foram um edifício que serve "como uma habitação de Deus
em Espirito". A igreja é morada do Espirito Santo, pelo que, importa ter um caráter muito elevado.
A Jerusalém
A nova Jerusalém, a Jerusalém de cima, a Jerusalém Celestial as três formas se encontram na
bíblia (GL 4.26; Hb 12.22; Ap 21.2). No Antigo Testamento Jerusalém representa o lugar onde Deus
mora entre os querubins e estabelece simbolicamente o contato com o seu povo. Segundo isto a igreja é o
lugar onde Deus mora, no qual o povo de Deus se comunica com ele, e este lugar de sua morada embora
esteja na terra, pertence à esfera Espiritual.
Coluna e firmeza da verdade (I Tm 3:15)
Este nome aplicado à igreja se refere a seu aspecto geral ou universal e se aplica a cada uma das
suas porções. A figura expressa o fato da igreja ser a guardiã, a cidadela e defesa da verdade contra todos
os inimigos do reino de Deus.
3. Definições do Termo Igreja
"É uma reunião de pessoas regeneradas, batizadas, que se reúnem voluntariamente em
determinado lugar, de acordo com as leis de Cristo, a fim de assegurar o pleno estabelecimento do seu
reino neles próprios e no mundo" - Strong.
A igreja é comunidade dos eleitos.
A igreja é o corpo de Cristo.
“A igreja é uma congregação de discípulos de Cristo, que o reconhecem como a cabeça.
Confiando em seu sacrifício expiatório para a justificação diante de Deus, dependendo do Espirito Santo,
para a santificação. Unidos na crença do Evangelho. Comprometidos a manter as suas ordenanças e
obedecer aos seus preceitos, reunindo-se para o culto e cooperando para a extensão do reino de Deus no
mundo". Pendleton.
4. Suas Ordenanças.
“Evidentemente é de grande importância que tenhamos opiniões bíblicas e convicções claras, pois
através da história cristã, desde os tempos mais primitivos até agora, estes ritos sagrados, têm dado
ocasião para grandes, longos, freqüentes e furiosos debates”. DARGAN.
A palavra ordenança se deriva de dois vocábulos latinos em que seu sentido final significa "aquilo
que foi ordenado ou mandado". Este termo tem sido usado para descrever a instituição a ceia do Senhor,
que Cristo deixou as igrejas para que a observe.
A verdadeira compreensão da ordenança parece abranger uma tríplice significação; são verdades
cristãs simbolizadas, são memórias de cristo, observadas em obediência a ele expressões de amor e de
devoção, são ritos cristãos que designam como discípulos de Cristo aqueles que a observa
convenientemente.
O Batismo
O batismo nas águas é um rito de iniciação que faz parte da Lei, e das cerimônias judaicas,
incorporadas depois pela igreja romana, e assumido pela maioria das igrejas protestantes.

Teologia Sistemática III 17


ISTCR

No antigo Pacto, as pessoas estavam sempre em pecado, precisavam batizar-se para removê-lo.
Com o selo da Nova aliança no sangue do Cordeiro, o Senhor nos fez mortos para o pecado e vivos para
Deus, eternamente.
Jesus batizou-se nas águas para cumprir a lei, mas João Batista reconheceu que o batismo de
Cristo era superior ao seu (Mt 3.11,14). Paulo disse: “... não me enviou Cristo para batizar” (1 Co 1.17).
Só existe um batismo que salva – é o batismo do Espírito Santo. Na dispensação da Graça de
Deus, o único e verdadeiro batismo é o do Espírito Santo, que lava o nosso pecado pela Palavra de Deus
(Ef 5.26).
A Ceia do Senhor
O que é a ceia do Senhor? O registro da instituição da ceia do Senhor se encontra em três livros e
uma epístola (Mt 26.26-29; Mc 14.22-26; Lc 22.14-20; I Co 11.23-26). Outras passagens bíblicas se
referem à observação desta instituição pelos primeiros cristãos, a saber: (Atos 2.42; 20:7; I Co 10.16,17;
11.17,34). Estas poucas passagens deviam ser lidas e, quando possível, colecionadas de modo mais
conveniente para as devidas referências.
O que logo se percebe destas passagens é que a Ceia do Senhor é uma festa ou uma refeição
memorial e simbólica que nos faz lembrar da crucificação e morte de Jesus nossa garantia de remissão
dos pecados. Ao participarmos deste símbolo estamos lembrando o Senhor que por nós morreu e que virá
outra vez. Também nos compenetramos de que pela fé dependemos dele para tudo o que somos e temos.
O Pão
O pão simboliza o sustento e a satisfação espirituais. Fala da doação da vida eterna, pois esse
sustento espiritual é que desenvolve o organismo vivo que somos em Cristo. Uma vez partido, o pão
simboliza a expiação, “... meu corpo, que é partido por vós”. Os ossos de Jesus não foram despedaçados
nem ao menos quebrados, porém, em um sentido real, o corpo de Jesus foi quebrado, partido pela força e
peso, uma vez que ele carregava sobre si o nosso pecado, e alquebrado em função da dor, humilhação e
abandono ao que foi submetido a nosso favor. Naturalmente fala daquilo que Jesus fez em sua morte, que
ocasionou o quebranto do Seu corpo.
Assim como Cristo se uniu à nossa carne de pecado, (Rm 8.3), para nos libertar do poder da morte
e do pecado, na comunhão com Ele, somos atraídos a participarmos de uma união com Ele, de tão forma
legítima e única, que torna-nos participantes da natureza divina do Pai que é o próprio Cristo, (2 Pd 1.4),
com todo os atributos acompanhantes. É a nova forma de vida, semelhante à própria vida de Cristo, (1 Jo
3.2). Na Ceia do Senhor, “o partir do pão”, nos lembra que é do corpo de Jesus que vem o sustento e
manutenção da existência e o andar cristão.
O Cálice
O vinho representa o sangue de Cristo, e faz com que lembremos de sua expiação (Rm 5.11,25). O
sacrifício de Cristo suplantou a todos os sacrifícios e holocaustos do antigo testamento (Hb 10.4). Este
Novo Pacto ou aliança universal envolve compromissos bilaterais, porquanto todos os benefícios
recebidos em Cristo, da parte de Deus, são nos outorgado sob as condições da fé e da perseverança, da
transformação voluntária, mediante o culto racional (Rm 12.1,2), e através do poder atuante do Espírito
Santo. Não obstante, também é um novo Testamento, porquanto, através da morte de Cristo, os benefícios
fluem até nós, daí sermos chamados de herdeiros com Cristo.
Teologia Sistemática III 18
ISTCR

O Novo Pacto é a confirmação do pacto abraâmico em sua plenitude, pelo que, com suas maiores
e melhores promessas é igualmente uma graduação acima do mesmo. Esse pacto garante a salvação dos
eleitos (Ef 1.4; Hb 2.3). A ceia do Senhor simboliza uma aliança, que é nova em contraste com a antiga,
daquela firmada com a nação de Israel e com seus patriarcas. Mais é nova, também, em sua abrangência
universal, para toda a humanidade, inclusive Israel. Está envolvida uma nova forma de salvação, com
dimensões que nem ao menos podem ser pensadas na Antiga Aliança, como ter Deus como pai e não
Abraão e participar da natureza divina e não apenas da natureza carnal de Abraão como seu descendente
(Hb 2.3).
A celebração da Ceia do Senhor é simbólica, no sentido mais antigo do termo, em que o símbolo
efetua algo; dá a idéia de coisa simbolizada. Aqueles que participam, levando-se em conta que estão
presentes no justo espírito de devoção ao seu Senhor, bem como de comunhão uns com os outros,
encontram-se na mais íntima relação possível com Jesus Cristo. “Na ceia, Jesus não é apenas o
organizador da festa, Ele é a própria festa” (John Short).
O elemento mais importante da Ceia do Senhor é “... em memória de mim”. É um memorial de
tudo quanto Cristo foi e faz pelos Seus filhos, sobre tudo a Sua expiação. A Ceia do Senhor é o memorial;
mas não somente isso. A igreja cristã tem ficado grandemente empobrecida sem a ênfase memorial,
todavia, é ainda mais empobrecida quando a Ceia é confinada a esse sentido. A Ceia perfeita é simbólica,
mas é também um memorial à vida, morte e ressurreição de Jesus. A Ceia do Senhor não começa nem
termina na ressurreição, mas indica-nos o fato de que ao começar na cruz, fato introdutório, porém,
passageiro, ela se realiza na ressurreição daquele que foi morto, todavia a cena da cruz deixa de ser
opróbrio e vergonha, quando assume o seu verdadeiro lugar na história da redenção: O único sacrifício e
fundamento básico da obra da redenção. Mas a Ceia é o memorial que se fixa na nossa introdução a uma
nova dimensão de vida, que é indescritível e inacessível á mente humana: O homem é elevado á imagem
e semelhança do Cristo glorificado. “... e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que,
quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos”. (1 Jo 3.2).
A Ceia e as igrejas
Dos que professam seguir nosso Senhor, nem todos encaram como nós a Ceia deste modo tão
simples. Existem três outras maneiras de encará-las e são comuns no mundo chamado cristão:
A transubistanciação: É a crença da Igreja Romana. As palavras de Jesus “Isto é o meu Corpo”
são tomadas em sentido literal, significando que o pão e vinho tornam-se realmente o corpo e o sangue de
Cristo. A missa é a contínua oferta a Deus, deste repetido sacrifício do corpo de Cristo.
A consubstanciação: Sustentado pelos luteranos e outros grupos da reforma, embora o pão e o
vinho não se tornam realmente em sangue e o corpo de Cristo, todavia de um modo misterioso e oculto, o
verdadeiro corpo e sangue entram em conexão com o pão e o vinho, resultado daí que os participantes
realmente recebem o corpo e o sangue do Senhor.
A presença mística: Muitos dos que rejeitam as doutrinas precedentes crêem que de algum modo
místico, Cristo esta espiritualmente no pão e no vinho, e pôr esta razão a ceia do Senhor é o meio pelo
qual certas bênçãos nos são conferidas, as quais não se podem receber de nenhum outro modo. Isto
ensinava Calvino, e é sustentado por muitos presbiterianos e alguns outros.

Teologia Sistemática III 19


ISTCR

Os Batistas - A posição dos batistas, por seu lado, entende que as palavras de Jesus são figuradas e
significam que o pão e o vinho simplesmente representam e simbolizam seu corpo e seu sangue. Ela é
memorial da substituição que Cristo fez por nós na Cruz.
Quem pode, pois, participar da Ceia? Na ocasião que foi instituída, os onze discípulos - Judas já
havia deixado a sala - participaram do pão e do vinho. Na igreja em Jerusalém os que de bom agrado
receberam a Palavra eram batizados e adicionados à igreja, continuando depois na doutrina do apóstolo,
na comunhão, no partir do pão e nas orações. Quanto a quem pode participar existem três modelos:
Ceia restrita - Participa delas os membros de determinada denominação.
Ceia ultra-restrita - Participam a penas os membros da igreja local, administrante.
Ceia livre - é a ceia que participam todos sem nenhuma restrição da parte da igreja administrante.
5. Os Ministérios
A palavra “dom”, que significa “dádiva” ou “doação”, aparece em conexão com o serviço espiritual
(Ef 4.7-8). Paulo explica a frase “concedeu aos homens” (Ef 4.8), no sentido de o Cristo levado em
ascensão aos céus dando à sua Igreja pessoas chamadas e equipadas para o ministério de apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.1). Também através do ministério capacitador dessas
pessoas, Cristo concede uma função ministerial a cada cristão.
O propósito de Cristo é restaurar e unir todas as coisas (Ef 4.9,10). A Igreja é o lugar onde Cristo
exibe como os propósitos eventualmente se cumprirão, aos olhos dos seres celestiais (Ef 3.10). Na oração
sacerdotal Jesus revela o seu intento de fazer da igreja uma unidade com ele, como ele é um só (Jo 17.20-
13). A fim de produzir a unidade, a maturidade e a perfeição da igreja, Jesus confere dons espirituais aos
homens, e então presenteia esses homens bem dotados à Igreja. A perfeição é o alvo, i. é, a participação
na natureza e nos atributos de Cristo (Ef 4.12), e assim a unidade com Ele é consumada. Esse é o mistério
revelado da vontade de Deus.
Ao conferir homens dotados dons espirituais, o Senhor determina providencialmente (At 11.22-26),
ou diretamente através do Espírito Santo (At 13.1,2; 16.6,7), os lugares do serviço. Fica claro, porém, que
absolutamente nada, dentro do serviço cristão, é deixado ao critério e julgamento humano. Os próprios
apóstolos não tiveram a permissão de escolher o seu lugar no serviço (At 16.7,8).
Deus primeiramente se manifestou como Filho à Igreja, para ser o seu cabeça (Ef 1.22,23), em
seguida, como Espírito Santo, para que residisse na Igreja, executando a Sua missão nos eleitos (Ef
2.21,22; 2 Co 3.18; At 2.6). Além disso, por meio do Espírito Santo, ele manifesta dons aos homens, e,
finalmente, o Espírito Santo levanta homens dotados à igreja. O alvo central de tudo isso, é que a Igreja
cresça espiritualmente, a fim de chegar à plenitude de Cristo (Ef 1.23), a sua completa estatura (Ef
4.12,13), e a plenitude do próprio Deus (Ef 3.19).
Apóstolos
O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo apostello significa enviar
alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado
para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos enviados por Deus (Mt 10.2), e apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2 Co 1.1;
Gl 1.1) e outros (Gl 1.19; 2.8,9; 1 Ts 2.6,7). Barnabé também foi chamado de apóstolo (At 14.14) e Paulo
escreve sobre notáveis apóstolos (Rm 16.17).

Teologia Sistemática III 20


ISTCR

Embora muitos pensadores insistam em afirmar que devido à característica dos 13 primeiros
apóstolos (a morte de Judas abriu vaga para o 13º apóstolo), o ofício apostólico não pode ser transferido;
o texto bíblico da carta de Paulo coloca o apóstolo como um dos 5 ministérios que são dados a igreja,
sempre, ou seja, ainda há apóstolos até aos nossos dias. Homens de elevada autoridade conferida por
Deus, os quais têm serviços especiais de fundamental importância para a vida da Igreja.
Eram distinguidos pelas seguintes marcas: uma comissão direta da parte de Cristo; eram
testemunhas da ressurreição; tinham inspiração especial; autoridade suprema; confirmação por milagres;
comissão ilimitada para pregar e fundar igrejas.
E suas características são: chamado da parte do próprio Cristo (Gl 1.1); a operação de milagres (2
Co 12.12); a superintendência das igrejas em todas as terras (Mt 28.19; 2 Co 11.28); e, principalmente o
fato de serem testemunhas oculares da ressurreição de Cristo (atos 1.22; 1 Co 9.1).
Apóstolos, no sentido geral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus. Se as igrejas
cessarem de reconhecer e honrar pessoas assim, seladas pelo Espírito Santo, a propagação do Evangelho
em todo o mundo ficará estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja reconhecer a necessidade do
apostolado, permanecerá fiel à grande comissão do Senhor (Mt 28.18-20).
Profetas
Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e
interesse principal eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo concerto, essas pessoas foram
levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus
ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4). O dom de profecia no seio da igreja (1 Co 14.26), traduz os profetas
como guardiãs da igreja (1 Co 14.29) e tem como alvo principal a edificação dos santos (1 Co 14.14). O
ofício profético é exaltado acima de todos os demais dons do Espírito (1 Co 12.14), pois trata-se da
maneira suprema de exaltar a Cristo e de edificar a igreja. Os profetas fazem parte dos fundamentos da
igreja (Ef 2.20).
A função: a função do profeta na igreja incluía o seguinte: Proclamar e interpretar a Palavra de Deus
e sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1 Co 12.10;
14.3). Deve exercer o dom de profecia; às vezes, a vidência (1 Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28;
21.10,11). É seu dever desmascarar o pecado, proclamar a justiça e advertir do juízo vindouro e combater
o mundanismo e frieza entre o povo de Deus (Lc 1.14-17).
Seu caráter: o seu caráter, a solicitude espiritual, o desejo e a capacidade de profetizar incluem:
zelo pela pureza da igreja (Jo 17.15-17; 1 Co 6.9,10; Gl 5.22-25); profunda sensibilidade diante do mal e
a capacidade de identificar e detestar a iniquidade (Rm 12.9; Hb 1.9); profunda compreensão do perigo
dos falsos ensinos (Mt 7.15; 24.11,24; Gl 1.9; 2 Co 11.12-15); dependência contínua da Palavra de Deus
para validar a mensagem (Lc 4.17-19; 1 Co 15. 3,4; 2 Tm 3.16; 1 Pd 4.11); interesse pelo sucesso
espiritual do reino de Deus e identificação com os sentimentos de Deus (Mt 21.11-13; 23.37; Lc 13.34; Jo
2.14-17; At 20.27-31).
São homens profundamente comprometidos com o chamado divino, que dotados por considerável
aptidão psíquica, conhecida por suas declarações inspiradas, e destacado dos demais pregadores. Exercem
seu ofício mais em virtude de seus dons carismáticos do que por qualquer sanção oficial ou nomeação por
parte da Igreja, ou seja, independem do ato consagratório. Todavia, a mensagem do profeta nos dias de
hoje está sujeita ao julgamento da igreja e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de discernir e
Teologia Sistemática III 21
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julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é, ou não, de Deus (1 Co 14.29-33; 1 Jo 4.1; 1 Ts


5.20,21).
Evangelistas
Os apóstolos eram evangelistas, e muitos profetas também eram; mas além desses, havia outros
especialmente talentosos dotados do dom da palavra, da exortação, e outras manifestações espirituais
apropriadas, presenteados à igreja para multiplicá-la em número. O evangelista é aquele que efetua a
missão evangelizadora da igreja, sempre subordinado aos ministérios apostólico e pastoral. Os
evangelistas, no NT, eram homens de Deus capacitados e comissionados para anunciar o Evangelho, i.e.,
as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade (Rm 1.16).
O mais completo exemplo do ministério de um evangelista é Filipe (At 21.8): Pregou o Evangelho
de Cristo (At 8.4,5, 35); muitos foram salvos (At 8.6), sinais, milagres, curas e libertação de espíritos
malignos acompanhavam as suas pregações (At 8.6,7, 13); os novos convertidos recebiam a plenitude do
Espírito Santo (At 8.14-17). O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja.
Pastores
Os pastores dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são
chamados de bispo ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.7), presbíteros (At 20.17; Tt 1.5), anciões e também
ministros. São homens dotados de conhecimento, poderes de consolação, entendidos em governo,
simpatia com os problemas dos outros, conhecimento para continuar o trabalho do evangelista. A
distribuição que alguns ramos cristãos fazem, segundo ao qual o bispo é um oficial superior com direitos
sobre os outros pastores, não é conhecida no Novo Testamento. Apareceram nos primeiros séculos e
parece ter surgido da elevação de alguns anciãos a liderança entre outros anciões que serviam na mesma
igreja. Estes homens então assumiram gradativamente maiores poderes sobre a igreja menores vizinhas e
daí veio à idéia de episcopado.
O Pastor é o superintendente ou guia nas coisas espirituais, e como tal é o pregador, contudo muitos
pregadores não são pastores, mas freqüentemente simplesmente membros entre outros membros. O pastor
é o guia a quem cabe a direção, e a proteção do rebanho. É encarregado do dever de vigilância e
admoestação dos membros da igreja. Ele deve visitá-los nos lares, deve instruir a mocidade, e deve
também representar a igreja em sua obra de administração e pregação. Ele próprio esta debaixo de todas
as obrigações de um membro de sua igreja, as quais se adicionam ainda deveres especiais.
Supõe-se em que o pastor de todo seu tempo ao serviço do ministério. É ele um homem em que em
obediência reputa a chamada de Deus, devotou a sua vida a este trabalho. Conseqüentemente, a Bíblia
ensina de um modo muito claro e ele deve ser pago, sendo isto um direito seu. É também uma disposição
sabia, pois desse modo ele se vê aliviado do encargo de cuidar de seu bem estar temporal e assim se acha
em liberdade a fim de se entregar sem reservas ao trabalho como pastor. Devemos auxiliá-lo nos seus
trabalhos, abrindo nossos lares e prontamente colocar-nos a seu dispor para auxílio e direção, não nos
esquecendo, todavia, de que nós somos responsáveis diante de Deus pelas nossas almas e do nosso
próprio bem estar.
Mestres ou Doutores
Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a
Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo. O ensino, justamente com o evangelismo, faz parte

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da original Grande Comissão de Jesus à Sua igreja (Mt 28.20). Tanto apóstolos como os profetas são
mestres, e nenhum pastor pode ser um verdadeiro pastor se não for apto a ensinar (1 Tm 3.2,11). Todavia,
existe o dom distinto de ensino. O mestre é o quardião do conhecimento, possuídos de habilidades
naturais e concedidas por Deus, para transmitirem conhecimento. A função do mestre é defender e
preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o Evangelho que lhes foi confiado (2 Tm 1.11-14). Têm o
dever de fielmente conduzir a igreja á revelação bíblica e a mensagem original de Cristo e dos apóstolos,
e nisto perseverar. Os mestres também têm um entendimento natural e intuitivo da verdade, embora nem
sempre recebem revelações diretas. Como no caso dos profetas.
A sua tarefa é de transmitir conhecimentos, inspirar os crentes como guardar a verdade, e assim,
através da instrução conferida à igreja, contribuir para levar os crentes para mais perto do ideal da
imagem de Cristo; porque levam os homens a perceber a grandiosidade de Cristo, os Seus propósitos no
mundo, a responsabilidade do crente individualmente como membro da comunidade cristã, e a
necessidade de santidade e consagração. Os mestres, no geral, são movidos pelo Espírito Santo para
estudarem a doutrina de Cristo e dos apóstolos. Isto faz com que se tornem grandes auxiliares dos
apóstolos, visto que pelo seu chamado para o ensino, dedicar-se-ão a estudar a Palavra de Deus para
serem cooperadores da defesa da verdade pregada e defendida pelo ministério apostólico.
O Desenvolvimento do Ministério
Os ofícios ministeriais tiveram um certo desenvolvimento histórico na igreja primitiva. A primeira
epístola aos Coríntios, apresenta a maioria dos dons mediados através de “funções”, ao passo que os
pastores e diáconos não são mencionados. Mas a epístola aos efésios, apresenta os dons segundo é
expresso em “homens dotados”, já investido de ofícios específicos nas igrejas, e mostra certa progressão
no desenvolvimento do governo na igreja. Já nas epístolas de Clemente de Roma e de Inácio, esse aspecto
organizacional da igreja já estava sendo desenvolvido; contudo, ainda não havia a forma moderna de
governo virtual de um único homem nas assembléias locais, nem a maquinaria eclesiástica que surgiu
pouco mais tarde, que finalmente deu origem a um clero ou classe sacerdotal profissional, em distinção
do corpo como laico da Igreja.
Diáconos
Não podem dizer que os oficiais são essenciais para a existência de uma igreja, porque a igreja deve
existir ante de nomear seus oficiais. Estes não são pastores ou pregadores, mas oficiais cujo trabalho é a
supervisão dos negócios temporais da igreja. Realmente foram escolhidos para aliviar os apóstolos de
algumas das asiladas responsabilidades que sobre eles caíra. A fim de que os apóstolos se dessem
inteiramente ao trabalho de pregação e oração, estes homens assumiram a supervisão de certos negócios
da igreja. Eram com tudo homens de poder espiritual e nos sentidos justificados em encarregá-los de
ajudar o pastor na vigilância dos crentes, especialmente com o cuidado dos enfermos, os pobres e viuvas e
os órfãos, e na admoestação daqueles que se achem em perigo de cair em pecado.
Os diáconos devem ser: moralmente equipados: (de boa reputação), espiritualmente equipados
(cheio do Esp. Santo) e, mentalmente equipados (cheio de sabedoria). De acordo com as Escrituras, a
qualificação do diácono é a seguinte: Honesto e sábios nas decisões, de uma só palavra, temperante, bom
mordomo das possessões, deve ser primeiro testado se dá para o cargo, deve ser homem de fé,
irrepreensível, monógamo, governe bem seus filhos e sua própria casa (1 Tm 3.8,13).
6. Forma de Governo da Igreja

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O conceito de igreja segundo o modelo bíblico é organismo, o Corpo de Cristo (1 Co 12.12-31).


Nela cada pessoa é um membro vivo, santo e agradável a Deus pertencente a este corpo. No corpo de
Cristo cada pessoa esta envolvida e compromissada com uma vida de acordo com os ensinamentos e
exemplo de Cristo, por isso somos chamados de cristãos, i.e. “pequenos cristos” (At 2.42-47). Jesus é o
cabeça do corpo (Cl 2.19; Ap 22.19). A autoridade da igreja está na soberania de Deus através de Sua
Palavra e ministérios estabelecidos por Deus, conforme descritos nas páginas anteriores, (At 20.28).
Governo Teocrático
No governo teocrático Deus pela Sua Palavra e o Espírito Santo, (e não as pessoas), age
soberanamente ungindo e estabelecendo homens que são levantados por seus talentos e total dependência
de Deus, fazendo-os reconhecidos como líderes (1 Co 12.38). Usados por Deus esses líderes ou ministros
têm por finalidade única equipar e satisfazer as necessidades básicas dos membros (Ef 4. 13-16). A
prioridade é fazer conhecida a Palavra de Deus a todos os povos (Rm 1.11,14, 15), a começar da igreja
local, tendo como fator determinante tudo aquilo de que as pessoas precisam (1 Ts 2.4). O governo da
igreja deve ter como fator propósito estimular para o amor e boas ações, encorajar e equipar os santos
pelo conhecimento da Palavra (Hb 10.24,25), dando ênfase a seus alvos principais: Deus, indivíduos,
famílias, qualidade mais qualidade (2 Co 12. 14-18; At 20.33).
Todos os Irmãos - Era proibido fazer distinção entre irmãos. Tiago condena severamente tal
procedimento. Os membros da igreja são da mesma família. Entre irmãos não se pode fazer distinção. Um
pode se salientar entre os outros não pôr qualquer autoridade, mas pela sua dedicação a Deus e pela sua
sabedoria. O vaso mais humilde e igual ao mais honrado.
A Assembléia Consultada. - Para resolver qualquer problema os lideres ajuntavam as assembléias
dos crentes expunham o problema e depois de discussão democrática e oração votavam todos. A escolha
do substituto de Judas, como a dos sete diáconos são exemplos.
Os Apóstolos Apelam a todos como Responsáveis - nas epistolas todos os apelos são feitos a todos
os crentes responsabilizando-os pela obediência ou não aos princípios do Evangelho. Se as igrejas fossem
governadas por alguma autoridade eclesiástica apelariam a Paulo autoridade para pôr as coisas em ordem
e não aos crentes em geral.
Cristo é Senhor e exerce a autoridade de Senhor e nos seus direitos. Todavia, alguns ministérios têm
forma de governo diferente. Vejamos:
Monarquia
Jesus nunca se afastou daqueles que se reúnem em seu nome (Mt 18.20), porque onde estiverem
dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. Se ele mesmo esta presente não há
necessidade de outro chefe. Qualquer que se presume ser chefe engana a si mesmo e aos outros também.
É sob a autoridade de Cristo que sua igreja trabalha. O que ele precisa é de servos submissos a sua
vontade, prontos para fazerem a vontade do seu Deus.
Democracia
Debaixo de cristo a igreja nas suas relação humana é uma democracia. A democracia da igreja
difere muito da democracia política ao menos num sentido. A igreja não faz leis e nem pode mudar as leis
que são dadas pelo rei, Cristo. As mesmas leis de Cristo são executadas voluntariamente, A exortação, a
persuasão, e o apelo ao amor são as armas usadas para que a lei seja obedecida. Numa democracia
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política, tudo é muito diferente. As leis sempre se mudam de acordo com as idéias dos governadores e
legisladores, além disso, são executados pela força. Os impostos são cobrados pela força, os rebeldes são
encarcerados e podem ser até mortos. A igreja não tem tal autoridade. Não há duvida, haverá um dia de
ajuste, o dia do juízo, mas tudo estará nas mãos de Deus naqueles dias.
7. Três sistemas de governos de igreja.
Há três sistemas de organização aos quais, comumente se recorrem:
O episcopal - Onde a direção principal dos negócios eclesiásticos se acham nas mãos dos sacerdotes
e do clero. Este sistema torna a sua feição mais acentuada da igreja romana. Os episcopais os têm sob um
aspecto modificado e a igreja metodista episcopal, com modificações muito sensíveis no poder dos bispos
ou oficiais principais, todavia, muitos assuntos são inteiramente resolvidos no domínio da congregação
local.
O presbiterial - Onde se comete à recepção dos membros e a disciplina aos oficiais locais, mas este
ato como também a determinação de todos os assuntos e doutrina e orientação, acham-se sujeitos a
revisão e determinação das cortes eclesiásticas; os sínodos. No presbitério a assembléia, se compõe de
delegados das congregações locais. A congregação local não tem domínio algum sobre certos assuntos e
em todos os seus atos esta sujeita a revisão dos corpos eclesiásticos gerais.
O congregacional - onde todos os negócios são absoluta e finalmente determinados pela
congregação local. Tais congregações podem pedir conselhos uma as outras, ou até indivíduos, mas
nenhuma autoridade de além de seus próprios membros podem compelir-lhes ou subjugar-lhes a ação.
Outras formas de governo
Durante os séculos surgiram outras formas de governos de uma igreja, mas todas elas carecem de
bases bíblicas.
O Tipo Monárquico - Este é o tipo seguido pela igreja romana. Aceita como seu chefe supremo o
papa que, é infalível. Pobre infalibilidade.
O tipo Episcopal - Este é o tipo de governo adotado pôr varias denominações. O bispo, com seus
auxiliares geram os negócios.
O tipo Oligárquico - Um grupo pequeno, uma elite, manobra toda a congregação. Os membros não
se pronunciam sobre os assuntos que cabem a todos discutir.
A função do governo da igreja.
Na igreja existe apenas uma função de governo: Executiva. A função Executiva é exercida pelo
ministro que, investido pela autoridade que lhe foi outorgada, com a imposição de mãos, realiza todos os
atos oficiais e preside os trabalhos em geral. A função Legislativa nas igrejas compete só a Cristo. Seus
ensinos estão contados em o Novo Testamento é ele o único capaz de legislar para suas igrejas. E por fim,
a função Judicial compete a Deus. É ele que admite e demite membros e quem reconcilia os eliminados
que se restauram, quem julga os membros. Toda a autoridade judicial compete somente a Deus.
7. A missão da igreja.

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A igreja de acordo com o modelo que Deus determinou é aquela em que os 5 ministérios por ele
estabelecidos estão presentes e atuantes (Ef 4.11,12), e está subordinada ao ministério apostólico e
profético,
Fazer conhecida a Verdade
Cabe a igreja manter e ensinar as verdades reveladas pela Bíblia Sagrada. “O pleno conhecimento
da verdade” (Ef 4.13). É objetivo da igreja levar as pessoas a alcançarem o conhecimento intelectual, mas
não somente isso, buscar levá-los a alcançar o conhecimento experimental da alma, mediante a comunhão
com o Filho de Deus, em sua natureza essencial e em Suas manifestações. É o conhecimento alcançado
através da iluminação e transformação operadas pelo Espírito Santo. O entendimento do salvo é
iluminado a fim de que possa conhecer a esperança de sua vocação, as riquezas da glória da herança dos
santos, e assim conhecer o seu grande poder, o mesmo poder que foi exercido em Cristo, e que será
exercido em cada um de nós (Ef 1.18,19).
Louvor da glória e da graça de Deus
O grande propósito da igreja é ser para o louvor da glória e graça de Deus (Ef 1. 6-12). O louvor da
glória de Deus acontece quando as pessoas são trazidas a Cristo e são conformadas à Sua imagem. Por
meio de Cristo Jesus as pessoas pecadoras tornam-se filhos de Deus e manifestam a glória da essência
divina (Seu amor, graça, misericórdia, poder, bondade, soberania e santidade). A conformação à imagem
de Cristo, mediante o propósito da predestinação (Rm 8.29). A transformação do crente segundo a
imagem de Cristo, acontece de um estágio de glória para outro, através do Espírito Santo (2 Co 3.18). É a
condução dos filhos de Deus à glória, para que se tornem membros da divina família, para que sejam
filhos tal como o Filho é filho, para que compartilhem com ele de sua natureza e herança, ou seja,
compartilhem o mesmo tipo de vida de Cristo (Rm 8.14-17; Hb 2.10; 2 Pd 1.4).
Proclamação
Ao cumprir a Grande Comissão (Mt 28.19,20), a igreja atende também a um dos fundamentos de
sua eleição que é proclamar a todos os homens os feitos eternos de Deus (1 Pd 2.9). Na proclamação estão
embutidos dois sentidos práticos da Grande Comissão:
Continuidade
O primeiro propósito para a Igreja poderia ser chamado continuação, ou seja, cumprir e fazer
cumprir os propósitos de Deus na terra. É vontade de Deus que a Igreja continue o trabalho que nosso
Senhor Jesus Cristo começou enquanto na terra. (At 1:1). Jesus começou a obra de resgate e redenção da
criação, a igreja tem o compromisso básico de fazer Jesus presente no mundo e assim continuar esta obra
gloriosa (Ef 1.22,23). O que nosso Senhor começou a fazer e ensinar em seu corpo físico, Ele agora
continua no Seu corpo espiritual, a igreja. É fundamental e essencial que obedeçamos às instruções como
Seu Corpo, no mundo.
Proclamação
Relacionada à continuação está nossa função de proclamação. A igreja é o instrumento escolhido
por Deus para apoiar e publicamente proclamar a Sua Verdade para o mundo(1 Tm 3.15). A verdade é
coluna e baluarte da igreja. Esses vocábulos têm conotação de prover suporte. Em oposição aos falsos
mestres, Paulo enfatiza que a igreja é a legítima coluna e baluarte de sustentação na verdade (2 Tm 2.19).
A verdade é pilar e esteio que sustenta e qualifica a igreja como casa ou morada de Deus entre os homens.
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Demonstração
Muito se fala da necessidade do crente dar testemunho de vida diante do mundo, todavia,
fundamentam este testemunho nas “obras” do mesmo. Parece que não é essa a visão do apóstolo Paulo: “
Para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e
potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso
Senhor,” (Ef 3:10-11). O apóstolo Pedro confirma esta visão usando de outras palavras: “A eles foi
revelado que, não para si mesmos, mas para vós outro, ministrava as cousas que, agora, vos foram
anunciado por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, cousas essas
que anjos anelam perscrutar”. (1 Pe 1:12). A idéia de demonstração é mais apropriada, visto que não se
trata de mostrar os nossos feitos ao mundo, mas demonstrar ao mundo as obras eternas de Deus. O que
nós fazemos o fazemos para Deus, e só a Ele compete ver-nos. O que o mundo necessita ver e que de fato
fará a diferença é a nossa unidade com Jesus (Jo 17.22,23).

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Glorificação
A apóstolo Paulo dá glória a Deus pelo poder que Deus tem dado à igreja. No original grego,
“glória” é “doksa”, significa louvor, exaltação por meio das palavras. A igreja tem por missão elogiar os
feitos do Senhor, mostrar com palavras a manifestação do seu poder. Deus deseja mais do que meramente
os nossos louvores de lábios. Na adoração através do nosso culto racional, publico e vivo, nos ocupamos
de Deus. É através do culto regular pôr intermédio da fraternidade que recebemos o auxílio da parte de
Deus. Não é bastante haver pregação, deve haver culto, isto é, adoração congregacional. Deus espera de
nós aquela exaltação que se deriva das vidas redimidas. Quando o crente evidencia, honra e manifesta a
presença de Jesus em seu coração, esse mistério da vontade de Deus faz com que ele seja, repito “seja”, o
louvor vivo para Deus.
Glorificar a Deus, também visa ao benefício de todos aqueles que estão sendo restaurados em
Cristo, pois Cristo é o próprio modelo de altruísmo, de amor, de misericórdia e de graça. É o mesmo que
afirmar, de alguma maneira, que todo o mal com que somos afligidos têm por finalidade o bem, que nada
vive e morre em vão, porquanto Deus está salvando e restaurando, e não destruindo. E nisso Deus é
glorificado, pois esse é o seu desejo. Assim sendo, em tudo o que a Igreja faz, tem que primeiramente e
acima de tudo exaltar e honrar o Senhor. “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra cousa
qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1 Co 10:31). “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja
em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl 3:17).
Nós sabemos que sempre foi propósito de nosso Senhor Jesus Cristo glorificar o Pai “Pai, glorifica
o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei”. (Jo 12:28), agora,
porém, Paulo diz que este também é o propósito do corpo de Cristo, a igreja “a fim de sermos para louvor
da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo” (Ef 1:12). A Igreja é estabelecida para
glorificar a Deus. Todavia, nós só conseguiremos cumprir estes propósitos, se conhecermos e praticarmos
os princípios da doutrina da Graça de Deus, revelada à igreja pelas Escrituras do Novo Testamento,
principalmente as epístolas paulinas.
Crer e Viver na Autoridade da Palavra
O principio fundamental da nossa fé é: A suprema autoridade das Escrituras. A Bíblia não contem a
Palavra de Deus. Ela é a Palavra de Deus. Ela é a autoridade suprema e final em matéria de religião. A
Bíblia Sagrada foi escrita por homens divinamente inspirados e é um tesouro perfeito da inspiração
divina. A Bíblia tem Deus como o autor e a salvação como fim; por assunto a verdade sem nenhuma
mistura nem erros e revela os princípios pelos quais Deus nos julgará. É o verdadeiro centro da unidade
cristã, tem Deus como autor e a salvação como fim. É o supremo padrão pelo qual a conduta humana será
aferida, e que mantém a igreja livre dentro de um estado livre.

Teologia Sistemática III 28


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O ensino das Escrituras acerca da Igreja é claro e positivo. Qual o significado da


palavra igreja de acordo com o original grego?
R.
A palavra “Eclésia” tem duplo sentido, de acordo com o Novo Testamento. No sentido
de referir-se ‘aqueles que são chamados dentre as nações em nome de Cristo para
constituírem o Seu corpo o que é a igreja? E quando se refere ao chamamento para
formar uma determinada comunidade a fim de obedecer aos princípios e preceitos de
Cristo?
R.
Quando pensamos a igreja como um organismo, quem são os seus membros?
R.
As Escrituras têm várias designações para descrever a igreja. Dê duas delas?
R.
As ordenanças da igreja são o Batismo e a Ceia. A maioria das igrejas batiza os
crentes nas águas. Qual o batismo que realmente salva?
R.
Qual é o objetivo da celebração da ceia do Senhor?
R.
O que simboliza o pão que é partido na celebração da ceia?
R.
O que representa o vinho?
R.
Quais são as três maneira de encara a ceia no mundo chamado cristão?
R.

Teologia Sistemática III 29


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Quanto a quem pode participar da ceia, quais os modelos existentes?


R.
A fim de proporcionar a unidade, a maturidade e a perfeição da igreja, Jesus
confere dons espirituais aos homens. Quais são esses dons manifestos na forma
de ministérios?
R.
Que forma de governo tem a Palavra de Deus e o Espírito santo agindo
soberanamente ungindo e estabelecendo homens na dependência de Deus
como líderes?
R.
Qual a missão da igreja?
R.
Quais os dois sentidos práticos da Grande Comissão estão embutidos na
proclamação?
R.

Teologia Sistemática III 30


ISTCR

Capítulo III
A DOUTRINA DA ESCATOLOGICA

INTRODUÇÃO
Escatologia é a doutrina das últimas coisas. Essa doutrina está relacionada a uma série de fatos que
tem haver com a consumação da experiência humana, tanto na ordem mundial quanto na ordem eterna.
Os assuntos geralmente tratados num estudo de escatologia são: A morte, a ressurreição, o tempo entre a
morte e a ressurreição, a segunda vinda de Cristo, o juízo final, o destino eterno e o Reino de Deus.
O fim deste mundo já se aproxima, quando no último dia, Cristo haverá de descer nas nuvens do
céu. À vinda de Jesus vários eventos marcantes estarão acontecendo, no tocante aos justos: Os que
morreram debaixo da cobertura da graça ressuscitarão dos túmulos; os vivos terão os seus corpos
transformados; vivos e ressuscitados serão arrebatados por Jesus; comparecem ante o tribunal de Cristo e
as bodas com o Cordeiro. É a consagração final e definitiva da obra redentora de Cristo Jesus. Por outro
lado, os ímpios: Serão julgados por seus pecados; serão enviados ao castigo sem fim. Estes julgamentos
determinarão para todo sempre o estado final dos homens, seja no céu ou no inferno sob princípios de
justiça. Quanto a terra: sofrerá a Grande Tribulação; será palco de uma grande batalha; passará por 1 mil
anos de paz sob o reinado de Cristo; e finalmente será destruída dando lugar a uma nova terra.
1. A MORTE
O conceito do Velho Testamento sobre a morte é caracterizado por aquilo que é escuro e
assombroso. Há casos do Velho Testamento em que os homens reconhecem a existência da vida além da
morte. Apenas raramente atinge alguém a altura do salmista, (Sl 23; Jo 19:25-27; Dn 12:2). Por causa
desta incerteza, a morte era o inimigo temível de todos. A morte separa o homem do gozo desta vida e
entrega os seus corpos a decomposição. Naturalmente a experiência estava carregada de medo e temor. O
conceito de morte que, geralmente, é aceito, nos dias do Novo Testamento era um pouco diferente. Em
geral, o povo ainda era escravizado pelo medo da morte. Nota-se isto no choro sobre a morte de Lázaro
(Jo. 11:19-55) e da filha de Jairo (Mar. 5:38), o povo achava pouco na sua religião para lhe tirar este
medo e temor.
A Definição da Morte
De modo geral, a morte significa a cessação de qualquer forma de vida. Quando se aplica a seres
humanos, significa a cessação da vida; nessa experiência, o espírito é separado do corpo. Várias
passagens nas Escrituras ilustram a verdade desta definição. Tiago escreveu: “O corpo sem o Espírito
está morto” (Tg 2.26). Pedro reconheceu a proximidade da morte e descreveu como um “afastamento” ou
“abandono” do seu “tabernáculo” (2 Pe 1.14,15), i é., o espírito põe de lado o corpo físico, porque este já
serviu à sua finalidade. Quando Jesus enfrentou a morte na cruz, disse: “Pai nas tuas mãos entrego o meu
espírito” (Mc 15.37; Mt 27; 50; Lc 23.46). Uma pergunta que freqüentemente se faz: “Que acontece ao
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corpo e ao espírito na morte?” Parece claro que quando ocorre a morte, começa no corpo o processo de
decomposição, que lhe é natural. A Bíblia se refere a este momento como: “o corpo é pó e volta a terra de
onde veio”. O tabernáculo terreno já cumpriu a sua finalidade dele junto ao espírito e, cumprida a
necessidade, é posto de lado.
Que acontece ao espírito na ocasião da morte? A esta pergunta não é fácil responder. Alguma ajuda
é oferecida na parábola que Jesus contou do rico e o mendigo Lázaro (Lc 16:19-31). Contrastam-se nesta
história a experiência e o destino dos dois homens.

DESTINO DO ESPÍRITO E DA ALMA APÓS A MORTE


De acordo com a parábola de Jesus: O Rico e Lázaro – Lucas 16.19-31
Destino dos Justos – Lázaro Destino dos ímpios – O homem rico
O mendigo ainda que nesta vida, morreu e O rico, ainda que possuísse muitos bens
entrou imediatamente num estado de bem- materiais nesta vida, morreu e entrou
aventurança, que é descrita pela declaração imediatamente num estado de miséria.
que ele estava “no seio de Abraão”.
Isto sugere que na morte, o corpo do crente Semelhante pela morte, o corpo do incrédulo
volta a terra, mas seu espírito entra volta a terra, mas o seu espírito entra
imediatamente num estado de bem- imediatamente num estado de castigo
aventurança consciente. consciente.
Observação: O estado consciente de bem-aventurança e castigo e sofrimento permanecem, todavia, ao
ressuscitar Jesus trouxe consigo os justos que agora residem num lugar intermediário
chamado Paraíso. Os ímpios, todavia, permanecem no Seol.

O Conceito de Jesus
Era revolucionário o conceito de Jesus sobre a morte. Referiu-se à morte como sendo sono. (Mar.
5:39; Mat. 9:24; Lu. 8:32). As pessoas compreendiam que “sono” era o significado dado por Jesus, à
cessação da atividade desta vida que os outros chamavam de “morte”. Jesus empregou a mesma idéia
falando de Lázaro irmão de Maria e Marta. Aos discípulos, Ele disse: “Lázaro... dorme, mas vou
despertá-lo do sono” (Jo 11:11).
Este conceito de morte como sono não tem nada a ver com a idéia corrente de “sono da alma”. Jesus
estava apresentando ao povo seu conceito sobre a morte como algo que trazia sossego e descanso. Jesus
considerava que a morte tinha uma importância secundária. Jesus desfez completamente o poder da morte
ao vencer o pecado com o sacrifício eterno e perfeito.
A Bíblia apresenta dois conceitos de mortes: espiritual e física. Morte Física: é a separação do
espírito do corpo. Morte Espiritual (somente para os filhos da perdição): é a separação da alma de Deus.
O homem natural está morto. Adão experimentou os dois tipos de mortes, a morte espiritual quando
pecou (Gn 2.17; 3.7), a morrer fisicamente quando ficou privado da árvore da vida (Gn 3.22-24).

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A agonia de Jesus no Getsêmani não deve ser aceita como se fora seu conceito sobre a morte, nem
como sua atitude para com sua própria morte. Era, sim, o tipo de morte - a morte sobre a cruz, levando o
opróbrio dos pecadores do mundo e sendo separado do Pai no momento dela. Ele já havia dito aos seus
discípulos que todos eles o abandonariam e o deixariam a sós, mas acrescentou: “Mas não estou só,
porque o Pai está comigo” (Jo 16.32). Quando chegou a terrível agonia daquela hora, entretanto, ele se
sentiu completamente abandonado por Deus, e bradou: “Deus meu, porque me desamparaste?” (Mt
27.46). Foi a morte nessas circunstâncias que causou a agonia de Jesus no Getsêmani, não simplesmente o
aspecto físico da morte.
O Ensino de Paulo
Empregou a terminologia de Jesus ao se referir à morte como sendo um sono. Ele declarou que “os
que já dormem” vão experimentar toda glória de volta do Senhor (I Ts 4.13). No ensino de Paulo, como
no de Jesus, não está envolvida nenhuma idéia do “sono da alma”. O partir desta vida significa ir a
presença e a comunhão com o Senhor. “Sono” é apenas uma maneira metafórica de falar da morte.
Conforme o conceito de Paulo, a morte foi introduzida no mundo pelo pecado e é universal em seu
escopo (Rom 5.12 ss.). Paulo estabeleceu uma relação direta entre pecado e morte como a penalidade de
Pecado.
É verdade que onde quer que as Escrituras falem de morte como sendo a penalidade do pecado, a
ênfase principal está sobre a morte espiritual, isto é, separação das bênçãos de Deus e da comunhão com
Ele. A morte física, entretanto, não pode ser inteiramente removida do quadro. No conceito de Paulo, os
dois - pecado e morte - entraram juntos no mundo. Juntos, eles reinam em escopo universal. Conforme
Paulo, o corpo está sujeito à morte, mas o espírito não está (Rm. 8:10). Jesus destruiu a morte (2 Tim.
1:10) e trouxe a luz à vida e a imortalidade.
O escritor da Epístola aos Hebreus tinha um conceito semelhante sobre a obra de Jesus; “Para que
pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb. 2.14; 15). Paulo enfrentou
a própria morte com emoções mistas. Escrevendo ao filipenses ele expressou a idéia de que o morrer
significava partir desta vida para estar com Cristo (Fp 1.21-23). Já falando a seu discípulo Timóteo Paulo
vê a morte como o vento que iria coroar de êxito a vida bem gasta no serviço de Deus (1 Tm 4.6-8). Ele
fora um bom soldado. A morte não era uma derrota; antes, era uma vitória gloriosa. Ele teria concordado
plenamente com a declaração feita nesta bem-aventurança muitíssima estranha “bem-aventurado os
mortos que desde agora morrem no Senhor” (Ap 14.13).
2. O ESTADO INTERMEDIÁRIO
O raciocínio, a fé e as Escrituras falam de sobrevivência e de ressurreição. Várias maneiras têm sido
usadas para expor o problema da natureza da existência da alma entre a morte e a ressurreição. O estado
eterno há de ser um estado corporal (corpo espiritual) justamente como o estado presente é um estado
corporal (corpo físico). O termo “intermediário” é empregado para descrever aquele estado da existência
espiritual que o indivíduo experimenta no ínterim entre a sua morte e a sua ressurreição.
O termo “estado” sempre tem sido usado através da história da doutrina cristã. É considerado o
melhor termo descrito do que “lugar”, por duas razões. Evita a idéia material, que está sempre ligada à
palavra “lugar” sem retirar qualquer coisa da realidade do ser. Então também evita a sugestão de uma
“casa de meio-caminho” entre este mundo e o mundo eterno.

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Por “estado intermediário”, então, significa a existência consciente tanto do justo como do injusto
depois da morte e antes da ressurreição. O Novo Testamento afirma a existência de tal estado. Nesse
estado o espírito está sem corpo, todavia, para os justos é um estado de alegria consciente e de bem-
aventurança, enquanto para os maus é um estado de sofrimento consciente. À luz da teologia é certo haver
algum tipo de vida ou de existência nesse interregno? Qual é a natureza daquele estado? Parece melhor
dividir as respostas a essas perguntas, considerando primeiro as passagens relacionadas aos justos, e
depois as que se relacionam com os ímpios.
Os Justos
Com Deus – No estado intermediário os justos estão com Deus no paraíso. A declaração de que o
espírito volta a Deus que o deu, acha-se repetidas em passagens do Novo testamento (Ec 12.7). Paulo
falou de partir e estar com Cristo (Fp 1.23). Apresenta-se a mesma idéia quando Paulo falou de estar
ausente do corpo e presente com o Senhor (II Co 5.8). Jesus assegurou ao salteador arrependido: “Em
verdade te digo que Abraão”. É claramente um termo descritivo que se refere ao estado da bem-
aventurança na presença de Deus (Lc 23:43). Paulo declarou, em conexão com a volta do Senhor, que
Deus trará com ele (Cristo) aqueles que já dormiram (I Ts 4:14).
No Paraíso – A afirmação de que os justos estão no Paraíso é encontrada três vezes no Novo
Testamento. Como já dissemos Jesus assegurou ao salteador arrependido: “Hoje estarás comigo no
paraíso”. Aonde quer que Jesus tenha ido à ocasião da Sua morte, o malfeitor foi com ele. O termo
“paraíso” é usado para descrever aquela bendita experiência. Paulo descreve uma experiência em que ele
“foi arrebatado ao paraíso” (II Co 12.4). Não é dada nenhuma outra indicação do lugar, além de o termo
“paraíso” ser compreendido como um paralelo ao “terceiro céu” (v. 2). Onde quer que esteja o paraíso,
proporcionou a Paulo uma experiência por meio de revelação. As coisas que ele experimentou eram de
uma natureza tão exaltada, maravilhosa e elevada que não lhes era lícito revelá-las aos homens. Aquele
que vencer, o Cristo vivo lhe concederá o privilégio de “comer da árvore da vida que está no paraíso de
Deus” (Ap 2.7). Estas referências parecem indicar que o paraíso é o lugar onde Deus habita.

Vivos e Conscientes - Os justos, no estado intermediário, estão vivos e conscientes. Jesus declarou
aos saduceus que Deus é Deus dos vivos (Mt 22.32). Jesus disse: “Tudo aquele que vive e crê em mim
jamais morrerá” (Jo 11.26). Ele não estava falando da experiência da morte física. Estava, sim, dizendo
que a morte física trazia uma sensação de existência consciente e de comunhão com Cristo. Jesus
apresentou Lázaro como vivo e consciente no seio de Abraão imediatamente depois de sua morte (Lc
16.22,23). Paulo achava que esse estado intermediário seria muito melhor do que o estado corporal que
ele estava experimentando naquele tempo (Fp 1.23).
Em Descanso - Os justos estão em descanso. Os esforços terrenos nos cansam, mas haverá um
descanso glorioso que se seguirá. Não nos cansamos do trabalho que é celestial, pelo contrário, somos
inspirados a esforços maiores ainda, todavia, nos cansamos no trabalho. O descanso do labores significa,
também, a liberação dos sofrimentos e perseguições causados pela lealdade a Cristo (Ap 14.13).
Os Maus
Separados de Deus - Os maus em estado intermediário estão separados de Deus e em sofrimento.
Esta é a verdade sugerida pela narrativa de Lázaro e o Rico (Lc 16:23). Imediatamente depois de sua
morte, Lázaro foi levado ao seio de Abraão, uma expressão metafórica da presença de Deus. O rico, pelo
contrário, foi removido para longe de Lázaro e Abraão imediatamente depois de sua morte, tendo a
Teologia Sistemática III 34
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separá-los “um grande abismo”. Nessa separação, foram negadas ao rico todas as bênçãos que lázaro
gozava na presença de Deus.
Vivos e Conscientes - Os maus estão vivos e conscientes. A alma sobrevive à morte física (2 Co
5.8), e mesmo depois da morte, continua dotada de consciência (v.24), memória (vv. 27,28) e razão
(v.30).
Castigo - Os maus estão sofrendo castigo. O estado intermediário dos ímpios não é definido como
“geema”, ou seja, a prisão eterna dos perdidos, e, sim, o Hades, i.e., o mundo invisível dos mortos. O rico
em seu sofrimento, portanto consciente, implorava por uma minúscula gota de água para refrescar-lhe a
língua, se revolvia em tormentos, rogando que lhes fosse feito um ínfimo favor, em contrate com a sua
vida de rico e poderoso.
Paraíso - É uma ante-sala dos céus, estado final e glorioso de todos os salvos. Paraíso por causa do
gozo é chamado céus. Hades por causa do sofrimento é chamado inferno.
O judeu comumente usava três expressões, para expressar o futuro estado de bem-aventurança:
Paraíso (numa referência ao Jardim do Éden); o trono de glória e seio de Abraão. A idéia de seio de
Abraão tem por detrás o pensamento de comunhão e filiação. Na qualidade de hospede favorecido no céu,
Lázaro descansava no seio de Abraão (Jo 18.23). Sua alma sobrevivera à morte do corpo, e isso sem
interrupção alguma da própria consciência.
3. A RESSURREIÇÃO
A idéia de sobrevivência além da morte é comum a muitas religiões. Depois de confiar aos
discípulos a tarefa de testemunhar pessoalmente dele, começando em Jerusalém e estendendo-se até aos
confins do mundo, Jesus se levantou maravilhosamente da terra. Uma nuvem o encobriu. Quando a
nuvem desapareceu, ele também havia desaparecido. Mensageiros de Deus apareceram para assegurar aos
discípulos que esse mesmo Jesus voltaria algum dia da mesma maneira como se fora - visível, misteriosa,
pessoal e vitoriosamente.
A ressurreição de Jesus ocupa lugar importante em outros livros do Novo Testamento. A
importância do fato da ressurreição de Jesus acha-se nas primeiras páginas do livro de Atos. Outras
passagens em Atos dão ênfase ao fato da ressurreição de Jesus. Três seções de Atos registram o
aparecimento pós-ressurreição de Jesus a Saulo de Tarso que se tornaria Paulo, o apóstolo (At 9.1-2; 22.3-
16; 26.1-20).
Em outros lugares, Paulo simplesmente afirmou sua fé na ressurreição de Jesus sem qualquer
argumentação (Rm 14.9; 1 Co 15.4-8; Fp 3.10,11; 2 Tm 2.8). Ainda em outros ele se atribuiu no agente
da ressurreição. Deus levantou a Jesus (Rm 8.11; Gl 1.1; Ef 1.20; Cl 2.12; 1 Ts 1.10); Jesus foi
ressuscitado pela glória do Pai (Rm 6.4). Neste conceito de que a ressurreição de Jesus foi operada pelo
poder de Deus, Paulo estava em completo acordo com seus irmãos na fé e com os ministros. Observa-se
isto no testemunho dos discípulos durante os dias seguintes ao pentecostes (At 3.15; 5.39; 26.4-10). Foi
um testemunho contínuo tanto na pregação (At 10.40) como no registro das epístolas (Hb 13.20; e 1 Pd
1.20).
A Natureza do Corpo de Jesus - Era um corpo tangível: Os discípulos viram a Jesus (Mt 16.14; Jo
20.18; 1 Co 9.1; etc.), e Ele falou com eles (Mt 28.28-20; Lc 24.17,25 ss.etc.). As mulheres que se
encontraram com Ele no caminho abraçaram-lhe os pés (Mt 28.9), e, aparentemente, Maria Madalena o

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abraçou. Ele convidou Tomé a apalpar o seu corpo (Jo 20.27). Não há nenhuma evidência que Tomé o
fizesse, porém é mais improvável que Jesus não o teria convidado a fazê-lo, caso isso não fosse possível.
Ele comeu na presença dos discípulos (Lc 24.42,43). Tudo isso indica que seu corpo era real: Ele não era
um fantasma.
Seu corpo era transcendente - Não foi uma restauração ao plano natural de vida. O corpo de Jesus
não estava mais sujeito ao tempo, ao espaço ou a objetos materiais. O Mestre compareceu no cenáculo
onde as portas e janelas estavam cerradas (Jo 20.19-26). Ele desapareceu da vista dos dois que ele
comeram pão em Emaús, mas quando voltaram a Jerusalém para relatar o fato, souberam de mais um
aparecimento naquele mesmo dia em Jerusalém (Lc 24.33,34).

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A Ressurreição no Novo Testamento


No Novo Testamento algumas passagens são básicas sob o ponto de vista cristão acerca da
ressurreição.
A Interpretação de João (Jo 5.24-29) - A ênfase principal nessa passagem é sobre duas obras que o
Pai designou a sua manifestação de Filho. Uma é a retificação dos mortos e a outra, a pronuncia do Juízo.
Jesus declarou especificamente que a ressurreição será no “último dia” (Jo 6. 39, 40, 44,54).
Interpretações do apóstolo Paulo
I Tessalonicenses 4.13-18
Esta é provavelmente a primeira das epístolas de Paulo às Igrejas. Em nenhuma outra parte se vê
mais claramente o espírito de esperança e de encorajamento que permeia a epístola do que neste
parágrafo. Paulo começou a discussão com uma declaração de que ele não queria que os Tessalonicenses
fossem mal informados a respeito “dos que já dormem”. Este elemento de esperança na ressurreição
baseia sobre a fé na ressurreição de Jesus (v. 14). Paulo indica a fonte de sua informação (v. 15), seu
ensino tinha por base a revelação do Senhor. Ele não revelou qual o tempo nem o modo por que teve
revelação. Ao compararmos essa passagem com I Co 15 compreendemos o ponto de vista de Paulo: O
Senhor vai voltar pessoalmente ao mundo e sua volta significa a ressurreição dos mortos.
I Coríntios 15
A Base da Doutrina – (I Co 15.3-34). Aqui a crença da ressurreição esta baseada na doutrina da
ressurreição de Jesus. Esta idéia acha-se em muitos lugares no Novo Testamento, entre eles (At 4.2; Fp
3.10,11, 21; I Ts 4.14 e I Pd 1.3), bem como sobre a própria declaração de Jesus: “Porque eu vivo, vós
também vivereis” (Jo 14.19). O argumento de Paulo é que, se não cremos na ressurreição dos mortos,
então não há razão justificável para crermos que Cristo foi ressuscitado (v. 13). Se Cristo foi ressuscitado,
segue-se várias coisas que são de uma importância tremenda na religião Cristã.
Cristo ao ressuscitar, torne-se as primícias do que morreram. Paulo estava discutindo
particularmente a ressurreição dos crentes, como também o fez em outra oportunidade (I Ts 4); entretanto,
é compreensível a declaração de que em Cristo todos serão vivificados (v. 22). Há, todavia, uma
seqüência própria na questão da ressurreição que Paulo expôs (v. 23). Todos serão ressuscitados, porém
cada um na sua ordem. A ordem é dupla: Cristo ressuscitou primeiro como as primícias dos que dormem;
os que pertencem a Cristo serão ressuscitados na sua segunda vinda. Aquilo que aconteceu a Cristo na
ressurreição e transformação do seu corpo vai acontecer aos outros, a única diferença é o tempo. Cristo
ressuscitou ao terceiro dia como as primícias da ressurreição. Outros serão ressuscitados na Sua segunda
vinda.
O Poder de Deus: (1 Co 15:35-38). Em seguida, Paulo formulou a questão que hoje em dia muitas
vezes se levanta (v. 35). Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo? Paulo respondeu por
meio de uma ilustração, primeiro na esfera vegetal. Um grão de trigo cai na terra. Experimenta os
processos de desintegração que são inerentes a sua natureza, mas o princípio milagroso de Deus produz
vida daquela morte, vida que está num plano mais alto, e transcendente, nascendo não outro grão de trigo,
mas uma linda planta verde, que daquele grão produzirá muitos grãos. Tudo isso se realiza através do
poder de Deus. Há uma continuidade de um corpo para outro, mas o segundo transcende ao primeiro.

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Paulo ilustrou também no nível animal. Indo além desse ponto, Paulo falou das qualidades diferentes de
corpos celestiais.
O Corpo da Ressurreição: (I Co 15:39-40). Paulo introduz uma transição da questão de “como”
para de que “qualidade” (v. 42). Aqui ele empregou vivamente a figura do grão. Este corpo será plantado
como um grão. Será corrupção para uma ordem de existência corporal mais alta. Primeiro é plantado em
corrupção e é ressuscitado em incorrupção. Segundo este corpo é plantado em ignomia, e é ressuscitado
em glória. É plantado um corpo que tem sido desonrado por causa da presença corruptora do pecado e
será ressuscitado num corpo glorioso, que não pode ser humilhado pelo pecado. Terceiro, é plantado em
fraqueza, será ressuscitado em poder. Este corpo tem sido limitado e embaraçado. Nunca tem podido
corresponder ao potencial mais alto do plano e do propósito de Deus. Quando o corpo é levantado da
ressurreição será levantado para uma condição que será livre de todas as limitações e de todos os
embaraços. Quarto, é plantado um corpo natural, será ressuscitado um corpo espiritual. O corpo terreno
tem sido perfeitamente adaptado às necessidades um plano físico de existência; o corpo celestial será um
corpo perfeitamente adaptado as necessidades do plano espiritual da existência.
O Tempo da Ressurreição: (I Co 15.50-54). Aquilo que está sujeito à morte não pode habitar
eternamente onde a morte será desconhecida. Estes corpos terrenos serão mudados. Esta modificação será
realizada de uma entre duas maneiras. Os que terão morrido antes da volta do Senhor serão mudados de
uma maneira, isto é, pela ressurreição; Os que estiverem vivos por ocasião da volta do Senhor serão
mudados de outra maneira, isto é por uma transformação instantânea. Essas transformações se realizarão
em conexão com a volta do Senhor.
O Resultado da Ressurreição: - O resultado dessa ressurreição dos mortos na segunda vinda de
Cristo é que a morte perderá completamente a sua vitória sobre o homem. Na mais eloqüente e poderosa
das passagens das Escrituras, Paulo assegura-nos vigorosamente da finalidade da destruição da morte no
dia da ressurreição (I Co 15:55-58). Esse dia, também, assinalará a destruição do pecado e da lei. Paulo
diz que o pecado é o veneno que consegue matar todas os homens (Rm 5.12), e como a lei, embora ela
mesma seja santa, tornou-se o instrumento através do qual o pecado nos pode enganar (Rm 7.7-12).
II Coríntios 5.1-10
Esta passagem começa com uma grande afirmação de fé: Mesmo que este tabernáculo de barro seja
complemente gasto, o Cristão possui outros edifícios (habitação) de Deus, que é eterno nos céus. Paulo
indicou que, enquanto permanece nessa casa terrena, que de dia a dia se vai desgastando, o crente deseja,
com esperança, possuir habitação eterna que nunca se vai desgastar (v. 2). Paulo falou, ainda, da boa
coragem que caracterizava sua própria atitude. Enquanto o crente esta em casa neste corpo terreno há um
sentido em que ele esta ausente do Senhor (v. 6). Ele não vê objetivamente o Senhor, ainda que pela fé
ande em sua presença. Resumidamente, então, podemos organizar o ponto de vista que Paulo expõe nesse
parágrafo: Deus tem para nossa habitação eterna um corpo que será a morada do espirito para toda a
eternidade. Este corpo que havemos de possuir é um corpo que Deus nos dá para ser habitação eterna do
Espírito.
O Fato da Ressurreição
Jesus ensinou que todos os homens hão de experimentar a ressurreição. No Livro de João, mui
definidamente, Jesus falou a respeito da ressurreição (Jo 5.28,29; 6.39,40 44,54; 11.23, ss). Jesus afirmou

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que havia lugar para seus seguidores, e ainda que não tivesse, garantiu que o construiria, e revela-nos que
há de voltar e nos receber para sempre (Jo 14).
O Agente da Ressurreição
Para Paulo a resposta era simplesmente: A ressurreição torna-se uma realidade mediante o poder de
Deus. Uma vez que o fenômeno da ressurreição está na dependência do poder de Deus, remove-se de vez
a impossibilidade de haver a ressurreição. Há no Novo Testamento algumas passagens que se refere a
Cristo como agente da ressurreição. Estas de maneiras alguma entram em confeito com o ensino de que
Deus é agente na ressurreição. Há um único Deus. Pai, Filho e Espírito Santo são um. É, pois, natural que
Jesus fizesse referência a si próprio como aquele que levará os mortos no dia final (Jo 5.25-29; 6.39,40,
54). Paulo refletiu essa idéia em seus escritos (I Co 15.20-28; Fp 3.20,21). É em Cristo que todos hão de
ser despertados da morte. É Cristo que amoldará de novo o corpo físico, tornando-o semelhante ao Seu
corpo glorioso.
Todos Serão Ressuscitados
A idéia da ressurreição dos justos e dos injustos acha-se em ambos testamentos (Dn 12.2; Atos
24.15). Nos ensinos de Jesus, a ressurreição dos injustos é claramente declarada (Jo 5.28-29), e é
definidamente implícita em passagens como no livro de Mateus (Mt 7.21-23; 13.36-42; 16.24-27; e
25.31-46).
O Tempo da Ressurreição
O futuro da natureza está especificamente relacionada por Paulo com o tempo da segunda vinda de
Cristo. Efetivamente, no argumento usado por Paulo aos tessalonicenses a ressurreição se tornará
realidade quando o Senhor voltar ao mundo (I Ts 4.13-18). De igual modo, o argumento à igreja de
Corinto relaciona a ressurreição com a segunda vinda de Cristo (I Co 15.20-58). Assim outras passagens
parecem, também, relacionar a consumação da ressurreição e do juízo com a volta de Cristo (II Ts 1.7).
Alguns escritores crêem, geralmente, “que a primeira ressurreição” será dividida em duas partes -
“arrebatamento” e a “revelação” - que são separados pelo espaço sete anos. A primeira ressurreição está
relacionada apenas com os crentes. No “arrebatamento”, Cristo virá somente para fazer ressurgir os
Justos que já tenham morrido e para chamar para fora do mundo os justos ainda vivos. A retirada dos
justos do mundo, inclusive a partida do Espírito Santo, deixará a terra na possessão do mal por um
período de sete anos, conhecida pôr “A grande tribulação”.
Há uma variedade de interpretações detalhadas por parte daqueles que aceitam esta interpretação
bíblica. Os que sustentam a doutrina de duas ressurreições afirmam que passagens do Apocalipse ensinam
que os justos serão ressuscitados a um só tempo, e os injustos, em outro tempo (Ap 20.4-6). De fato para
a maioria dos interpretes que sustenta este ponto de vista, a ressurreição dos maus virá mil e sete anos
depois da ressurreição dos justos. Estes serão ressuscitados no começo da grande tribulação, que será
seguida pelo reino milenário de Cristo sobre a terra. A expressão “a primeira ressurreição” na última parte
do versículo, faz referência à ressurreição dos justos, e a mesma expressão na primeira parte fala do
milênio. Uma outra referência bíblica que endossa a doutrina da ressurreição em separado, dos justos e
dos injustos, está na epistola aos tessalonicenses (1 Ts 4.16,17). A idéia é que a declaração dos que
morreram em “Cristo ressuscitaram primeiro” indica que os injustos mortos serão ressuscitados mais
tarde.
O Corpo Ressuscitado
Teologia Sistemática III 39
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Os corpos na ressurreição serão corpos feitos em semelhança do corpo ressuscitado de Cristo (Fl.
3.21). Paulo disse que Cristo transformará o nosso corpo de humilhação (1 Co 15.50-53). Um dos mais
profundos ensinamentos Paulino nos dá conta da nossa solidariedade com o primeiro homem, Adão, e
com o último homem, Cristo. Por causa da nossa humanidade, estamos unidos com Adão em nossa
presente existência natural, no pecado e na morte; mas em virtude da nossa fé, estamos unidos com Cristo
na existência espiritual, na justiça e na vida por vir (1 Co 15.45-49; Rm 5.17-19).

4. A SEGUNDA VINDA DE JESUS


A doutrina de segunda vinda ocupou lugar proeminente no primitivo pensamento Cristão em
seguida a ascensão de Jesus, por conseqüência dentro do N. Testamento. A vida da primitiva fora
impregnada dessa verdade por causa de Sua própria promessa de voltar e a confirmação feita pelos
mensageiros celestes àqueles que testemunharam a ascensão. Os seguidores de Jesus deram muita
importância a promessa de Sua volta.
Quanto ao ensino neotestamentário de que quando Jesus voltar ele ressuscitará os mortos, presidirá
ao Juízo Final dos homens e estabelecerá ordem final, há acordo geral e pouca confusão. Quando, porém,
os homens tentam determinar de maneira específica os eventos relacionados com a volta do Senhor,
reinam a confusão e o caos. Por isso, muitos Cristãos têm negligenciado esta doutrina fundamental à fé
cristã, não lhe dando a devida ênfase. Paulo falou do triunfo de Cristo sobre toda a oposição a Sua vitória
sobre “o homem do pecado”, a quem ele há de destruir com o brilho de sua vinda. A tradução literal seria
“pelo aparecimento de sua vinda” (II Ts. 2.8).
A Certeza de Sua Vinda
Numa das mais primitivas referências, Jesus avisa a seus discípulos que estivessem apercebidos
quanto à vinda do filho do Homem (Lc 12.39-40). Jesus deu a segurança da recompensa certa e
proporcional ao que cada um abandonar ou refutar por perda nesta vida por amor do Senhor há de receber
(Mt 19:28). Quando o filho do Homem estiver no trono de sua glória na consumação do seu propósito
entre os homens, seus seguidores hão de participar de sua glória juntamente com ele. A certeza da volta
do Senhor foi continuada na pregação dos apóstolos e na literatura escrita, tanto as que canonizadas
compõem o N. Testamento como as demais.
A certeza da volta do Senhor acha-se freqüentemente expressa nos escritos de Paulo. Paulo falou
acerca de sua oração em prol dos filipenses para que fossem sinceros e sem ofensa até ao dia de Cristo (Fl
1.10). Ele falou em esperar a vinda do Senhor do céu (Fp 3.20). Paulo, também falou da união do crente
com Cristo (Cl 3.1-4), e levou a idéia além da união com Cristo nesta vida para uma união com ele na sua
segunda vinda. Todas essas referências dão a certeza da volta do Senhor como uma parte integral e básica
da fé Cristã nos anos primitivos da história Cristã.
A Maneira de Sua Vinda - Será pessoal (I Ts 4.16); misteriosa (At 1.11); repentina (Mt 24.29; Lc
17.26-30; I Ts 5.3); triunfante (II Ts 1.5-10); (I Ts 4 .14).
O Tempo de Sua Vinda – Jesus declara que o dia da segunda vinda é uma coisa conhecida somente
pelo Deus eterno (Mc 13.32; At 1.7). Se o Deus homem não pode saber o tempo definido da volta do
Senhor, que o pode saber acerca do tempo de sua volta o homem? Parece ser esse o ponto adequado para
Teologia Sistemática III 40
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se tratar de uma parte dos ensinos de Jesus como uma resposta para a pergunta dos discípulos tratando do
tempo da volta do Senhor. A passagem é aquela previamente citada nos paralelos sinópticos (Mt 24.25;
Mc 13.1-37; Lc 21.5-36). Esta passagem do N. Testamento não foi dado para satisfazer a curiosidade
acerca do futuro e sim cumprir o seu tríplice propósito: Salvaguardar de uma compreensão errada;
restringir a tendência para ser impaciente; estimular a vigilância continua e a fidelidade para com a tarefa
de testemunhar de Cristo.
Após aquela declaração dramática, Jesus contou várias outras histórias que apontam ou uma, ou
ambas destas lições: Estar preparado para sua vinda e ocupado na tarefa designada até que ele venha. A
primeira ilustração no registro de Mateus é a parábola da dona de Casa (Mt. 24:43-44). É uma história
que ilustra uma coisa - vigilância. A luz de tudo quanto Jesus ensinou concernente do tempo de sua volta
parece claro que ele pretendia que fosse entendido que sua vinda será repentina. A idéia da volta
inesperada do Senhor acha-se também em outros livros (II Pd 3.10. Paulo, em I Ts 5.1-3). Uma das
passagens mais dramáticas sobre esse ensino de Jesus tem haver com sua ilustração nos dias de Noé e os
dias de Ló.
Muitos sinais serão sentidos na terra anunciando a vinda de Jesus: A Imoralidade na família,
política, sociedade, negócios, nas relações entre os homens, etc; O aumento da iniqüidade (Mt 24.12); O
avanço do conhecimento e da ciência. Porém, o sinal que diz respeito diretamente os filhos de Deus, e que
requer dos eleitos total atenção é a proliferação de falsos mestres e falsos profetas que surgem com a
intenção velada de tentarem enganar aos justos do Senhor (Mq 3.5).
5. O JUÍZO FINAL
No N. Testamento há muitas ilustrações do juízo. Todos, eleitos ou não, comparecerão perante o
Juiz Supremo, o nosso Pai Eterno. Aos eleitos, porém, fica a certeza de que Deus não excluirá ou
condenará nenhum daqueles que Ele mesmo, de antemão, separou para a vida eterna. Todavia, três
conceitos básicos têm contribuído para a divisão de opinião sobre o assunto: O Juízo sobre as ovelhas e os
cabritos (Mt 25.31-46), o tribunal de Cristo (Rm 14:10; II Co 5.10) e o juízo do grande trono branco (Ap
20.11-15). O Juízo das ovelhas e dos cabritos é o juízo de Deus sobre as nações realizar-se-á na terra para
determinar quais as nações que continuam no mundo para adentrar ao milênio. O Tribunal de Cristo
realizar-se-á nos céus durante os sete anos da grande tribulação sobre a terra, dele só participarão os
eleitos. O juízo de o grande trono branco realizar-se-á, enquanto a terra estiver sendo purificada pelo fogo
no fim do milênio e o julgamento sobre os maus de todos os tempos, quando somente os perdidos estarão
sendo julgados e condenados a morte eterna.
As Duas Sementes
Assim como existem duas sementes de origem, andar diferentes uma das outras, também haverá
julgamentos específicos para cada uma dessas pessoas destinando-as a passarem a eternidade em
situações e lugares eqüidistantes. Sobre esse assunto não pode haver especulações, mesmo porque a
doutrina bíblica é clara e transparente. O apóstolo Paulo escreveu a respeito dos predestinados, eleitos da
semente eterna para a salvação (Rm 8.29,30). Pelo que não deixa dúvida alguma que existem aqueles que
de antemão foram escolhidos e separados por Deus para a salvação eterna. Por outro lado, a Bíblia
também afirma acerca da existência da semente dos perdidos, ou seja, pessoas que jamais chegarão a
conhecer a Cristo, porque não existe neles nenhuma relação com Deus (Sl 58.3). A descrição dessas
pessoas é feita com expressões como: “homens ímpios”, “árvores em plena estação dos frutos, sem eles”,
“estrelas errantes”, “vasos de ira preparados para a perdição”. Fica muito claro que eles identificaram uma
Teologia Sistemática III 41
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classe de pessoas que, por natureza, opõe-se à Bíblia Sagrada e a Deus. São aqueles que não vieram de
Deus e, conseqüentemente, não voltarão para Ele. O destino deles é certo; voltarão para o lugar de onde
vieram – as trevas.
Se o destino dessas duas sementes é tão certo e definido, porque a necessidade de serem levados a
juízo, uma vez que os eleitos jamais serão condenados e os perdidos estão impossibilitados de serem
salvos? Primeiro: Existem dois registros bíblicos que demonstram a necessidade de serem revelados os
que foram postos para a perdição (Mt 7.24-27), e ainda a parábola do trigo e o joio que devem crescer
juntos, porém o destino de um é o celeiro e do outro o fogo. Segundo: Para estabelecer galardão aos filhos
de Deus pelo bem ou mal que fizeram com o seu corpo. Assim, a vida diária, as reações e atos cotidianos
dos eleitos serão revelados. Senão vejamos estes dois tribunais.
O Tribunal de Cristo (Rm 14.10; II Co 5.10).
É um momento particular entre a Igreja e Cristo. Os salvos tiveram seus pecados perdoados, por
isso não estarão sujeitos a qualquer tipo de julgamento que envolva a possibilidade de condenação, ou
nenhum tipo de expectativa de castigo próprio do inferno (Rm 6.12; 8.1). Entretanto, todos
compareceremos diante de Cristo para que prestemos contas, através de uma avaliação rigorosamente
justa, para recebermos vários graus de recompensa pelo que fizermos nesta vida (Mt 6.20; Lc 19.11-27; I
Co 3.12-15). Nesse julgamento serão desvendados e avaliados os motivos de nossos corações (I Co 4.5).
Ainda que tenham a liberdade de fazerem com suas vidas o que quiserem, os salvos, que
predestinados foram para a vida eterna, são também, “chamados para ser santos” (I Co 1.2). Essa
santidade determinará um maior ou menor galardão no dia do Juízo Final. Todo crente em Jesus goza de
total liberdade nEle de amar e de servi-lo. Nenhum crente deve ser obrigado a comparecer nos cultos, a
fazer o bem ao seu próximo, a que cheio de compaixão dedique sua vida no anuncio e testemunho do
Evangelho, de dizimar e ofertar, de dar tempo e trabalho na manutenção do serviço da Casa do Senhor, a
cantar louvores ao nosso Deus, a ministrar e a servir, nem tão pouco têm de dar contas a ninguém a
respeito do que fazem quando não estão participando do seu culto público juntamente os demais irmãos, o
que assistem na televisão, com quem andam, como se comportam no trabalho e na vizinhança, que tipo de
testemunho estão dando, etc. Tudo deve ser espontâneo, fruto do verdadeiro amor, que só pode nascer e
crescer em liberdade (I Co 6.12). Tudo deve ser feito no objetivo de satisfazer ao nosso chamado: A
santidade.
É Jesus quem contempla nossa carreira, estabeleceu padrões, quem determina as regras, quem dá o
suprimento perfeito para toda a boa obra, portanto, quem está apto para julgar os resultados de nosso
trabalho. Este julgamento levará em conta todos os nossos atos e palavras, e não apenas o caráter geral de
nossas vidas. Dois princípios estarão fundamentando este tribunal: A lei da colheita segundo a semeadura
(Gl 6.7,8) e do princípio das obras de cada um (Rm 2.6), porém, não se trata de um julgamento para
castigo, perdas ou destituições, mas para a concessão e posse de galardões.
O Agente do Juízo.
É Deus quem julga, o seu juízo é com imparcialidade (I Pe. 1:17), e seu juízo é justo (I Pd 2.23). O
Deus eterno é o agente do juízo (I Pd 4.5; II Pd 2.4-22). A vingança pertence a Deus, o que é uma
experiência terrível para aqueles que caírem em suas mãos (Hb 10.30-31; 12.23).
O princípio bíblico do julgamento divino é mostrado claramente nas Escrituras. A Bíblia quando
fala do juízo divino, informa-nos sobre seus aspectos retributivos. O pecado precisa ser punido; o erro
Teologia Sistemática III 42
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precisa ser corrigido.O julgamento divino, como todos os demais decretos, também visa ministrar a
misericórdia de Deus, tendo em vista a restauração (Rm 11.32), esse princípio fica evidente nos escritos
de Pedro (I Pd 4.6).
O principio de Cristo como agente do Juízo estabelecido na sua primeira vinda continua até o fim e
até a consumação da proposta de Deus (Mt 7:23; 13:41; 19:28; Lc 22:30; Jo 5:22, 27; Mt 25:31; Atos
10:42; e II Tm 4:1).
O Tempo do Juízo
A ênfase no Novo Testamento sobre o tempo do juízo, afirma que ser na segunda vinda de Jesus (II
Pd 3.7; 3.10; I Ts 5.3; 2 Ts 5.8; 2 Tm 4.1; II Tm 4.8 ). Outra idéia muito específica que relaciona o tempo
do juízo como sendo no fim do mundo. (Mt 13.24-30; 36-43; 13.47-50). O fato de haver dois momentos
distintos em que o Juízo Final será levado a efeito existe total concordância entre um e o outro. Pois se o
Juízo Final para os santos acontecerá logo após o arrebatamento da igreja, enquanto na terra acontece a
Grande Tribulação, para os ímpios estará acontecendo quando está terra tal como a conhecemos estará
sendo destruída dando lugar a novos céus e nova terra, isto é, logo após o milênio e a prisão definitiva de
Satanás.
Os Objetivos do Juízo (II Co 5.10)
Dar a cada um o que merecer. Uma idéia que se destaca entre as demais no Novo Testamento, no
que se refere ao conceito de juízo, é a de que o juízo ou a condenação será relacionado com a vida total da
pessoa ou com suas obras. (Mt 25.3-46: 2 Co 5.10; Ap 20.11-15). Pedro observa que o juízo de cada
homem será na base das suas obras (I Pd 1:17). Em algumas passagens no Novo Testamento, as
referências às obras como base do juízo são direta e especificamente relacionadas com a atividade
pecaminosa (II Pd 2:6-9; Jd 12:15).
A Base do Juízo
A base do julgamento será a lei divina. O idolatra, o bêbado, o roubador, o assaltante, o adúltero, os
perversos e os sem caráter não têm parte no Reino dos Céus. A condenação por parte de Deus a todas as
obras iníquas é uma certeza (Lc 13.1-9). Em algumas passagens do Novo Testamento o julgamento ou a
condenação dos homens por causa de suas obras está diretamente ligado às suas relações uns com os
outros (Tiago 5.1-6). Este conceito de juízo baseados nas relações para com o seu próximo estende-se
para a área de mestres e líderes religiosos (II Pd 2). Pedro faz referências aos falsos mestres que se
apresentam como representantes verdadeiros de Deus, porém, na realidade, negam o Mestre que o
resgatou (v.1). Em contraste com esses falsos mestres, os verdadeiros líderes religiosos são elogiados (Hb
13:17). Os seguidores de Jesus continuaram essa ênfase sobre o juízo em virtude de desobediência (At
3.23; II Pd 2.4; Pd 4.18).
O autor da epistola aos Hebreus falou na certeza do juízo para aqueles que deliberadamente
continuavam no pecado mesmo depois de conhecer a verdade (Hb 10.26,27). Conforme Paulo a
desobediência ocupa um lugar de proeminência no Juízo de Deus (Rm 1.18-3.20). Outra base
neotestamentária para o juízo é a descrença ou incredulidade. A descrença como base para o juízo é
conceito predominante na epistola aos hebreus (Hb 3.18-19). Para Paulo a incredulidade é uma base,
fortíssima, para condenação (Rm 11.11-24; Ap 21.8).
O Resultado do Juízo

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A Bíblia revela a pessoa e afirma o caráter justo de Deus. Nela Deus é apresentado como um Juiz
justo ou reto (Rm 2.2; 3.6; II Ts 1.5 e II Tm 4.8). Ele é descrito como quem há de julgar com justiça (At
17.31), e como o Deus que julga justamente (I Pd 2.23). O Juízo de Deus é também imparcial; Deus é
aquele que julga sem parcialidade (I Pd 1.17; Cl 3.25; Rm 2.11; I Sm 6.7; I Pd 4.5). Portanto, para os
justo o resultado significa o fim de todas as injustiças, mas para os injustos o resultado do juízo significa
exatamente o oposto. Para eles significa um estado de castigo tal como foi descrito nas Parábolas que
Jesus preferiu e no registro das Escrituras. (II Ts 1.8; Rm 12.19; I Ts 1.10; Cl 3.6; Rm 1.18, 5.9; At 3.23;
Hb 10.20; 4.3-4).

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6. O DESTINO ETERNO
No dia do juízo uma criatura responsável estará diante do seu criador para dar conta do que tem
feito com a vida do que lhe foi confiado. O primeiro grande problema para alguns é a questão do
significado da palavra “eterno”. (Mt 25:46). A vida eterna não terá fim, então o castigo eterno não terá
fim. O castigo eterno para os perdidos e vida eterna para os eleitos. A palavra empregada da mesma
maneira para qualificar o destino dos maus, em passagens como (Hb 6.2; II Ts 1.9; Mt 25.41).
Naturalmente o termo “eterno” tem que ser aplicado ao castigo da mesma maneira que se aplica a vida. O
homem é totalmente responsável pelo destino que ele torna seu próprio.
O Destino Eterno dos Descrentes
O impacto total da vida do homem mal será à base da sentença de juízo a ser preferida sobre ele.
A Habitação dos Maus – (Mt 7.23; 25.41; Lc 13.27) - A ordem “apartai-vos de mim” é dada por
Cristo. É uma indicação especifica de que os injustos serão punidos com um castigo eterno (Mt 25.46).
Estes termos “apartai-vos de mim” e “ir-se para” sugerem uma separação das bem-aventuranças e da
comunhão da presença do Senhor. Jesus empregou o termo mais duas vezes neste capítulo. Falou no
corpo todo como sendo lançado no inferno (Mt 5.29), e falou no corpo todo como “indo para o inferno”
(Mt 5.30). Existem outras referências a respeito do inferno e do destino dos ímpios (Mt 18.9; Mc 9.43,45,
47). Em Mateus o “fogo eterno” parece ter o mesmo significado de o “inferno de fogo” (Mt 18.8,9). Jesus
estava empregando uma forte linguagem para advertir os homens contra uma linha de conduta que os
levaria a serem lançados no fogo eterno, i e, no inferno. A linguagem do livro de Marcos é a mais
dramática (Mc 9.46-48). Descreveu-se o inferno como um lugar de fogo que não cessa de arder (v. 43).
Cada frase acrescenta força a declaração “partir de uma vez para o inferno, para o fogo que nunca se
apaga”. O Terror do lugar descreve-se ainda mais ao dizer “onde o seu verme não morre, e o fogo não se
apaga” (v. 48). Esse inferno de fogo originalmente preparado para o diabo e seus anjos, como um lugar de
castigo por causa da apostasia, será o lugar destinado aos homens maus (Mt 25.41).
A Experiência dos Injustos - “A morte” como um termo descritivo dos injustos e maus é
apresentado nas Escrituras com muita clareza e propriedade (Ap 2.10-11; 20.6-14). Nestas passagens o
destino dos maus é chamado: A segunda morte. O crente chega a morte física e descobre dentro de si uma
qualidade de vida que não termina; continua seu senso de comunhão com Deus. O descrente chega a
morte física e descobre além dela uma separação das bênçãos e da comunhão com Deus, a qual só pode
ser descrita como uma segunda morte. Essa “segunda morte” é mais plenamente descrita em termos de
fogo.
O Destino Eterno dos Justos
A Habitação dos Justos - Em contrastes com o destino dos injustos fala-se dos justos como estando
com Deus em uma bem-aventurança e eterna comunhão. Parece que Jesus tinha em mente isso quando
falou de lázaro, como estando no seio de Abraão (Lc 16.19-31). Certamente, esta morte foi alvo que Jesus
tinha em mente quando disse: “entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21), e “possuí por herança o reino
que vos esta preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). Um aspecto da bem-aventurança
expressa nessa idéia representada na declaração de Jesus acha-se reafirmada na declaração: “onde eu
estou estejam comigo também” (Jo 17.24). O lugar da habitação eterna dos justos é conhecido como os
céus. O céu como a habitação final dos remidos acha-se também no pensar de Pedro (I Pd 1.3-14; II Pd
3.13). Também Paulo falou a respeito do céu como a última habitação dos remidos. A cidadania do crente
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está no céu (Fp 3.20); A esperança lhes é entesourada (Cl 1.5); Seu mestre esta no céu (Cl 4.1; Ef 6.9);
Eles têm nos céus um lar eterno que será a habitação do Espirito (II Co 5.1).

A Experiência dos Justos - O justo experimenta na realidade a vida transcendente de Cristo, a qual
chegará ao estado completo da experiência da ressurreição. A natureza transcendente da experiência
duradoura dos justos é refletida de outras maneiras no N. Testamento. Jesus em controvérsia com os
Saduceus indicou que a vida depois da ressurreição não será uma restauração do tipo de vida e
experiência que aqui se conhece. Será uma vida que nas suas relações e na sua natureza transcenderá esta
vida e que mais propriamente pode ser descrita pelo tipo de vida e experiência conhecido pelos espíritos
que servem a Deus, os anjos (Mt 22.30; Mc 12.5; Lc 20.36). Fala-se do lar final dos justos como um lugar
de descanso (Hb 3.11,18; 4.1,3 8,9). Esta idéia de descanso acha-se também em Ap 14.3. A descrição
mais linda da habitação final dos remidos é reservada para o fim do Novo Testamento (Ap 21.1-22.5).

7. A GRANDE TRIBULAÇÃO

A maioria dos pensadores bíblicos afirma que Grande Tribulação pode vir a qualquer tempo, tão logo
se cumpram algumas previsões registradas nas Escrituras. Este período durará sete anos, e é assim
analisado: O “arrebatamento” - vinda de Cristo não ao mundo, mas no ar; A ressurreição dos santos do
Velho Testamento e dos santos da época da Igreja; A Igreja e o Espírito Santo são retirado do mundo,
para deixá-lo nas garras do mal. Os crentes estão no céu no juízo do Tribunal de Cristo; O juízo de Deus
sobre os judeus por meio da grande tribulação.
Os sete anos são divididos em duas partes: Durante os primeiros três anos e meio, os judeus, havendo
voltado a Palestina, reedificam o seu templo e restabelecem o sistema de sacrifícios do Israel antigo. É um
período de aparente paz. No começo da segunda parte de três anos e meio, o anticristo e falso profeta
violará seu acordo com os judeus e exigirá que eles o adorem. Sua recusa trará perseguição indescritível.
Será o juízo de Deus sobre eles por haverem rejeitado a Cristo. Durante esse tempo, os líderes judaicos
encorajarão a seu povo, pregando-lhes o “Evangelho do Reino”. Este não será o Evangelho da Graça
pregado durante a época da Igreja. Será uma mensagem que proclama que o Messias está vindo para
livrá-los.

8 - O MILÊNIO
Este é um período de mil anos de um reinado de paz e justiça sobre a terra. Eis aqui uma breve
analise dos eventos que cercam o milênio: No fim dos setes anos da grande tribulação, Cristo voltará com
seus santos na “revelação” da segunda vinda. Ele vencerá o anticristo na batalha do Armagedon e
amarrará Satanás, laçando-o no abismo por mil anos. Ele dirigirá o juízo para determinar quais nações
estarão permitidas de continuar no mundo durante o milênio. Ele estabelecerá seu reino milenário sobre a
terra, com o quartel-general na Palestina. Ali ele governará o mundo. Os Judeus serão uma nação
dominante no mundo e as demais nações abençoadas através dele. Visto que satanás estará amarrado, o
bem há de predominar no mundo.
Três classes de pessoas viverão no mundo na época do milênio: Crentes que foram levantados com
seus corpos eternos “no arrebatamento” e os que estavam vivos, cujos corpos foram transformados em
corpos eternos, por ocasião do “arrebatamento”. Os Judeus que confessaram o seu erro e confessaram a

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Cristo, pela pregação das duas testemunhas. Os gentios de diversas nações que sobreviveram a Grande
Tribulação, em cujos corações foi do agrado de Deus.
Como foi observado acima, o poder transformador do Evangelho estará destinado finalmente a
resultar na derrota do mal e no estabelecimento do reino da justiça no mundo. Do seu trono no céu, Cristo
leva avante esta batalha. Os cristãos são Seus soldados no mundo, “batalham” em declarar a verdade do
Evangelho. Haverá um período de mil anos em que os santos possuirão a terra, nenhuma guerra, nenhuma
pestilência, nenhuma falsa religião. Os justos estarão na direção do governo mundial de Jesus. Os homens
subjugarão a terra tão perfeitamente, conforme Deus ordenou, que a terra toda será semelhante a um
paraíso.
O milênio será a “idade áurea da terra”, e como o próprio nome já diz, perdurará por mil anos. Ao
invés do pecado, a justiça encherá a Terra. Satanás terá sido amarado (Ap 20. 1-3), o anticristo e o falso
profeta terão sido lançados no lago de fogo (Ap 19.20). “Por conseguinte a injustiça cederá lugar a
justiça, a violência à quietude, o espaço do ódio e a inimizade serão ocupados pelo amor nos corações de
milhões de pessoas que haverão de chamá-lo como Senhor e Rei. Será verdadeiramente “idade áurea da
terra”, acerca da qual os poetas têm entoado canções e pela qual este mundo triste e sofrido tem esperado
através de todos os séculos desde que o seu rei foi crucificado e assim o Senhor da glória foi rejeitado
pelos os que lhe pertenciam”, (James H. Mc.Conkey).
De modo abreviado, alguns títulos descritivos do milênio, apresenta uma exposição acerca desse
tempo (Ap 20.1-6). Precisamos examinar outros trechos bíblicos para encontrar uma exposição, mais
completa. João menciona este período de mil anos por seis vezes, e estabelece a sua duração, quanto ao
tempo (Ap 20.1-7). Também sabemos que o milênio será um período durante o qual, Deus tratará os
homens inteiramente diferentes do que vinha fazendo nas eras passadas. Diversos títulos são conferidos
ao milênio nas escrituras e esses nos ajudarão a compreender com mais clareza o escopo, a importância e
o significado deste período.
A regeneração – (Mt 19.28) - Este título mostra o caráter terreno da era vindoura. Será um tempo
durante o qual a terra será renovada ou “regenerada”, quando será “recriada” a ordem social (Is 11.6-9 e
Rm 8.19-23).
O último dia (Jo 6.40) - Este título encara o milênio em suas relações despensacionais. Será o dia
final da semana despensacional da terra. Será o dia do descanso sabático de Deus, após os seus dias de
labor.
Tempos de refrigério - (At 3.19-20) - Este título mostra quão abençoada será a era vindoura. A
palavra refrigério “como ela mesma esta dizendo, sugere refrescamento”. Sugere a nova vida e a nova
fertilidade que se segue a uma chuva abundante, após uma longa seca. Dá a entender os resultados que se
seguirão, após a remoção de satanás da posição de príncipe deste mundo, quando então será estabelecido
o governo do Senhor da glória.
Tempos da restauração de tudo - (At 3.20,21) - Este título fala sobre os resultados da restauração que
terá pleno cumprimento na era vindoura, nos termos que diz respeito àquelas coisas “de que Deus falou
por boca dos seus santos profetas desde a Antigüidade”. Os profetas falaram sobre: A restauração de
Israel à sua terra (Pacto palestinico) (Gn 12.2.3.; Dt. 30.1-9; Rm 11.26); A restauração da teocracia sobre
o filho de Davi (Pacto Davidico) (II Sm 7.8-17; Zc 12.8).

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Dispensação da plenitude dos tempos - (Ef 1.10) – Existe uma conexão direta entre esta era e as eras
que a antecederam, e este título revela essa relação. Revela, ainda, que o milênio é o alvo em direção o
qual todas as eras vêm aproximando. Deus tem uma plenitude dos tempos para cada era.
O dia de Cristo - (Fl 1.6) - Este título chama a atenção para a exaltação e gloria do próprio rei. “O dia
do homem” esta tendo prosseguimento, enquanto Cristo estiver ausente fisicamente da terra. Mas Deus já
estabeleceu os limites para “o dia do homem” tendo decretado que será seguido pelo “Dia de Jesus
Cristo”. Então, somente então, é que Jesus reinará como “Reis dos Reis e Senhor dos Senhores” sobre
toda a terra e não somente nos corações dos seus eleitos (Zc 14.9).
O Reino de Cristo - (Ap 11.15) - Este título faz referência ao domínio e a majestade pessoal do nosso
Grande Deus e Salvador. Muito antes da sua manifestação como homem do pecado, Deus o tornou
conhecido, através dos seus santos profetas, em cujas profecias é um fato que seu próprio Filho algum
dia, tornar-se-ia o cabeça de um reino, um reino literal na face da terra. (Jr 23.5; Dn 7.14). O Reino sobre
o qual Cristo reinará é aquele que Deus preparou desde “antes da fundação do mundo” (Mt 26.34). Este
reino é conhecido como: Reino dos Céus (Mt 16.28); Reino de Deus (Lc 19.11); Reino de Davi (Mc
11.10).
No que diz a respeito a outros acontecimentos que inaugurarão e caracterizarão este glorioso período,
devemos considerar os seguintes:
Julgamento das nações vivas. Este julgamento futuro das nações, quando da manifestação de Jesus
Cristo se baseará no tratamento conferido por elas aos “irmãos” de Jesus (remanescente judaico) segundo
a carne, durante o período da grande tribulação. Este julgamento terá lugar no principio do milênio, sobre
a terra. No vale de Josafá, ao sopé do monte das Oliveiras (Mt 25.40-41; Joel 3.2).
Jesus Cristo reina sobre a terra como rei: O reinado do milênio revela as diversas manifestações da
vida de Jesus:
a. Cristo será manifestado como rei: Rei da Justiça (Is 32.1.); Rei de Israel (Jo 12.3); Rei de toda a
terra (Zc 14.9; Fl. 2.10); Rei dos Reis (Ap 19.16).
b. Cristo se manifestará como filho de Davi herdeiro do trono (Dn 7.13,14; Is 9.7; Mt 1.1; Lc 1.32,33;
Zc 6.12; Jr 23.5).
c. Cristo se manifestará como filho do homem, executando juízo (Ez 43.7; Jo 5.27; Jr 23.5; Is 26.9; Sl
58.11).
d. Cristo se manifestará como Deus todo poderoso e filho de Deus (Is 9.6; Sl 13:4.3; Hb 1.8,10).
e. Cristo se manifestará como mestre supremo da terra (Is 2.3; Zc 8.22,23).
Os santos governarão sobre a terra com Cristo. Os doze apóstolos sentarão em tronos, junto com as
doze tribos de Israel. Eles terão direitos eminentes de governar (Ap 20.4), e também a vasta multidão
daqueles que tiverem dormido em Jesus e assim entrarão no reino glorioso e viverão com Cristo por mil
anos.
Uma era de paz universal. A paz de alcance universal haverá de caracterizar este período milenar.
Uma paz produzida pela presença do príncipe da paz em seu trono. Será um tempo de: “... paz na terra
entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14; Sl 85.10; Is 9.6-7; 11:1-12; Sl 72:7-8).

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Uma era de benções temporais e espirituais. Desde a entrada do pecado na raça humana, por
intermédio de Adão, a terra, os animais e os homens têm estado sujeitos a certa maldição por causa da
queda do homem e constante vida de desobediência. Esta maldição será suspensa por um período de mil
anos. Haverá completa harmonia, caracterizando o reinado de Cristo. A restauração que será levada
durante a sua plenitude no milênio, será de alcance tão vasto, quanto a sua antiga maldição. O temor será
desaparecido (Is 11.6-9; Is 65.25; 55.12-13; 35.1; Mq 4.3,4; Rm 8.19-23; Sl. 67. 4-7; Ez 34.23-31).
Uma era que dará início a eras intermináveis da eternidade - O mundo inteiro ficará sob o domínio e
o Senhorio de Jesus Cristo. Mas é evidente que apesar disto, nem todo mundo se converterá. No fim deste
período sem dor e sofrimento, Satanás será solto da sua prisão (Ap 20.7) e ele saíra para enganar as
nações e os corações não regenerados, que uma vez, mas mostrar-se-ão os mesmos, amantes do pecado:
Os homens se revoltarão contra Deus. Desta vez, de forma definitiva sobrevirá julgamento da parte de
(Ap 20.9) e satanás receberá sua condenação final do lago de fogo (Ap 20.10). A terra será então
expurgada pelas chamas purificadoras (II Pd 3.10-13), dando lugar a um novo céu e uma nova terra (Ap
21.1). Assim terão inicio as eras eternas das eternidades. O abismo existente entre os céus e a terra será
para sempre transposto.
A separação existente entre Deus e os homens chegará ao fim, por quanto, eis o tabernáculo de Deus
com os homens (Ap 21.3). Os corações dos homens não mais se despedaçarão, os olhos humanos não
mais verterão lágrimas. O sofrimento cessará para todo sempre. A maldição contra a terra será lançada no
lago e os servos de Deus haverão de servi-lo com gozo e alegria, vendo o seu rosto como nunca antes
puderam fazê-lo. A noite se desvanecerá em meios as glorias desta nova criação, porque o próprio Deus
será a sua luz. Através das intermináveis eras da eternidade, os servos de Deus serão a sua luz e reinarão
com ele em paz, justiça, e glória invisível (Ap 21.3-4; 22.3-5).

Os acontecimentos.
Um tempo sem precedentes na história da humanidade. Satanás será preso e as hostes espirituais das
regiões celestes serão aniquiladas. Cristo estabelecerá o seu domínio no céu, nos mares, e no universo (Ap
11.15, 24). Neste tempo os homens estarão plenamente conscientes da glória de Deus manifestada nos
céus (Is 59.19; Ef 1.21,23; Gn 1.16). Deus escolherá a palestina como centro de governo, os males que
assolaram a humanidade serão banidos da terra, tais como enfermidades e a crueldade dos homens e
animais (Is 11.6-9; 35-5-6).
A terra será de uma fertilidade nunca vista, um jardim bem regado (Is 35.1-2; Jr 31.12). Os homens
voltarão a antiga longividade, terão seus dias como as árvores (Is 65.22). Haverá nascimento em profusão
durante o milênio (Zc 8.5). Muitos se converterão ao Senhor e os apetrechos de guerras serão mudados
em ferramentas agrícolas (Is 2.4; Mq 4.3). Haverá salvação pelo conhecimento do Senhor e pelo Senhor
como está escrito “eis que salvarei o meu povo...” (Zc 8.7; Sf 3.19). O conhecimento de Deus durante o
milênio será em toda a sua plenitude (Is. 11.9). Os judeus serão tão importantes naquela época que muitos
gentios desejarão ter nome deles como tutela espiritual. (Is 4.11; Zc 8.23). Os embaixadores de todas as
nações irão a Israel a fim de tributar-lhe honras por causa da magnifica glória do Senhor que existira em
Jerusalém (Is 2.3; Is 45.14; 55.5; Zc 8.21-22; Ap 21.24-26).
Em nossos dias muitos viajam em turismo a Europa, Ásia e América, etc. Mas no milênio irão a
Jerusalém a fim de receberem instruções espirituais (Is 2; Mq 4). Poderíamos citar inúmeros textos para
provar que o milênio será um reinado com base em feições materiais muito embora haja então pleno
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domínio espiritual, porque o milênio consiste em plantar, comer e beber, viver um prazer santo e em
adorar ao Senhor. Entretanto, a Igreja de Cristo durante o milênio estará envolvida em glória e não sujeito
às forças físicas da natureza, pois os seus corpos serão como os do anjos nos céus, em corpos glorificados
(Lc 20.36-50). Jesus prometeu que não faltaria morada para os eleitos (Jo. 14.2), agora durante o milênio
esta Casa de Deus estará sob os céus e será vista e contemplada da terra por causa da glória da
manifestação do Senhor (Fl 3.20; Hb 11.10).
O apostolo João descreve a cidade no esplendor de sua glória, beleza e grandezas espirituais. O
tamanho desta cidade excede as medidas humanas. É um astro de primeira grandeza. João viu que a
cidade não tinha Santuário, pois Deus e o Cordeiro são o seu santuário (Ap 21.22). A cidade celeste não
necessita de luz nem mesmo de sol (Ap 21.23), entretanto na cidade terrestre haverá necessidade de luz
(Is 30.26; 24.23-30). Também durante o milênio, os servos de Deus glorificados, tantos do Antigo como
do Novo Testamento estarão glorificando a Deus, face a face (Ap 22.4). Note-se que eles estarão reinando
com o Senhor Jesus por toda a eternidade. Na Jerusalém terrestre, no entanto, ainda haverá interrupção,
pois somente quando todos os povos e poderes estiverem subjugados debaixo dos pés de Cristo, haverá o
reino único (I Co 15.24). Isto será o fim do milênio, quando Satanás e seus anjos serão julgados pelos
santos justificados (I Co 6.2-3).
No milênio de acordo com vários textos bíblicos, haverá dois estados distintos: Um dos crentes
glorificados no esplendor da glória de Cristo, habitando na cidade celestial, cujos corpos não estarão
sujeitos a leis físicas. O outro é o estado dos vivos que habitarão na Jerusalém terrestre. Paulo disse: “há
corpo celeste e corpos terrestres” (I Co 15.40). Assim, cada um no seu próprio corpo, Deus os revestirá
com a habitação dos céus (II Co 5.2). No reinado de Cristo não se disputarão cargos, com espirito de
ambição de vaidade, pois os que estiverem com o Senhor no seu reino, com identificação no plano
glorioso e eterno, não estarão mais vivendo segundo as leis deste mundo, portanto, livres de qualquer
paixão (Mt 20.25).
Quanto ao estado de saúde no tempo milenar, diz a escrituras que “nenhum morador dirá estou
doente...” (Is 33.24). “No dia em que Jeová atar as feridas do seu povo e curar o golpe da sua chaga” (Is
30.26). Os cegos, os surdos, os mudos e coxos, receberão curas naquela época (Is 35:5-6; Zc 13.1).
Portanto, 80% das enfermidades serão banidas da face da terra, para isso haverá os recursos da parte de
Deus na própria natureza (Ez 47.12; Ap 22.2).
Haverá morte e enfermidades no milênio? Haverá, porém em proporções resumidas, pois Isaias diz
“um mancebo a morrer com 100 anos ainda menino e o pecado de 100 anos será amaldiçoado” (Is
65.20), assim mesmo por causa da desobediência, “porque não creu e nem desejou conhecimento de
Senhor”. E quem adorar ao Senhor receberão as devidas pagas (Zc 14.12,17, 19) Uma das características
do reino milenar é a longevidade dos seres humanos. No milênio os homens terão vida como a das
árvores (Is 65. 22).
Cristo e seus santos em corpos glorificados reinarão na nova Jerusalém, conforme prevê a Palavra de
Deus (Fp 3.20,21; II Co 4.18; 5.21; Hb 11.10-16; 12-23; Ap 21.8-24; 22.1-5). Durante o milênio os santos
glorificados serão os portadores da mensagem de Cristo diretamente do trono (Mc 9.4; Lc 9.30,31). O
Senhor Jesus será contra os terríveis vendavais e furacões (Is 32.2), enfim, todas as coisas que assolam a
humanidade serão dominadas por ele. O céu será mais claro de dia e as noites menos escuras, pois o sol
brilhará sete vezes mais e a luz será como o sol e as estrelas refulgirão com mais intensidade (Is 30:26).

Teologia Sistemática III 50


ISTCR

Teologia Sistemática III 51


ISTCR

A doutrina das últimas coisas está relacionada a uma série de fatos que têm haver
com a consumação da experiência humana. Como é chamada esta doutrina?
R.
Na vinda de Jesus vários eventos marcantes estarão acontecendo envolvendo os
justos. Quais são esses eventos?
R.
Como é caracterizada a morte de acordo com o conceito do Velho Testamento?
R.
De acordo com a parábola do rico e Lázaro, para onde vai a alma daqueles que
morrem salvos ou perdidos?
R.
Revolucionário e inovador, qual o conceito de Jesus acerca da morte?
R.
Quais os dois tipos (conceitos) de mortes são apresentados nas Escrituras
Sagradas?
R.
Qual a maneira metafórica com que Paulo se referia aos escolhidos que
morreram?
R.
O que é a morte espiritual?
R.
Como é chamado o termo que descreve o estado de existência espiritual que o
indivíduo experimenta no ínterim entre a morte e a sua ressurreição?
R.

Teologia Sistemática III 52


ISTCR

Que corpo tem a pessoa em sua a existência depois da morte e antes da


ressurreição?
R.
Como pode ser descrito o destino do justo após a morte enquanto aguarda a
ressurreição?
R.
Qual o estado mental daqueles que estão aguardando a ressurreição?
R.
O fato mais importante do Novo Testamento foi a ressurreição de Jesus. Depois
de ressuscitado Jesus apareceu várias vezes a seus discípulos. Qual a natureza
do corpo de Jesus?
R.
Qual a diferença entre o corpo de Lázaro ao ser ressuscitado para o corpo de
Jesus ressuscitado?
R.
Que acontecimento pregado, desejado e ansiosamente esperado pelos cristãos
primitivos e está diretamente relacionado à volta de Jesus, que se constitui na
fundamental esperança dos que dormem no Senhor?
R.
De acordo com a tipologia do grão apresentada por Paulo, que metamorfose
acontece ao corpo do justo em sua morte e ressurreição? Cite uma delas.
R.
Qual o efeito prático da ressurreição dos justos diante da morte?
R.
Já sabemos amplamente que todos os justos ressuscitarão da morte. E os ímpios
também serão ressuscitados?
R.

Teologia Sistemática III 53


ISTCR

Quanto tempo há de separar a ressurreição dos justos da ressurreição dos ímpios?


R.
A que promessa de Jesus a Igreja primitiva maior importância deu e impregnou
tudo quanto faziam?
R.
A Bíblia diz que “nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo
Jesus”. Todavia, as Escrituras falam de um juízo a que todo o salvo será
submetido. Que julgamento será esse?
R.
Quais são os três julgamentos que toda a humanidade será submetida por Deus,
inclusive os justos?
R.
Se já não podemos mais ser condenado, visto que fomos justificados por Jesus,
qual a finalidade do Tribunal de Cristo?
R.
Existe destino eterno para todo ser humano. Todos ressuscitarão dos mortos,
porém, nem todos passarão a eternidade no mesmo lugar. Para onde irão os
salvos e os perdidos?
R.
A humanidade foi alvo de alguns juízos de Deus. Qual será o último e mais
importante juízo com que Deus atingirá judeus e gentios?
R.
Como é chamado o período em que a terra gozará a paz mundial, submetida a
um único governo?
R.

Teologia Sistemática III 54

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