CAPÍTULO GERAL

O texto abaixo é parte da contribuição de Frei Everton Machado para a reflexão,

no Capítulo Geral, a respeito dos desafios da Ordem na ótica dos frades novos.

Estimado P. Saverio Cannistrà,

Prepósito Geral

Agradeço o convite e a confiança em prestar esse serviço à Ordem, mais

confiado na graça de Deus, do que em minhas próprias capacidades, ofereço
estas reflexões a respeito das perguntas enviadas.
A primeira questão a ser respondida se refere a questões ou problemas,
com base essencialmente na experiência concreta da vossa região, que
preocupam e requerem atenção.
A presença dos Carmelitas Descalços na América Latina, em boa parte das
nossas Circunscrições, já é centenária. Portanto, não se trata de uma realidade
O dinamismo da que está se estabelecendo, mas que possui raiz e estruturas sólidas. Contudo,
vida do espírito, na hora de estabelecer nossos processos de formação inicial e permanente ou
do qual os na hora de dinamizar o nosso carisma, verificamos uma fragilidade
nossos místicos generalizada.
foram mestres, Quando analisamos o presente da Ordem, geralmente nos fixamos nos
não pode ser sintomas do problema: o envelhecimento dos membros, a falta de novas
apenas vocações, o elevado índice de desistências, o desinteresse pela formação
conceitos que permanente, o crescente individualismo que fere nossa vida comunitária e a
nos esforçamos apatia frente às propostas da Ordem. Porém, essas são as formas com que o
para transmitir problema se manifesta e não o seu núcleo mais profundo. Se não fizermos
aos outros, mas essa distinção, cairemos no equívoco de apenas preocupar-nos em responder
precisa de forma imediata a tais necessidades.
repercutir A primeira problemática que precisamos enfrentar, ao meu modo de ver,
decididamente refere-se ao nível da experiência, sobretudo da experiência que se encontra no
em nossa cerne de todo chamado autêntico, a experiência de Deus. Não é que nos falte
própria vivência. experiência de Deus, mas essa experiência necessita ser amadurecida, isso
requer um processo de conscientização, interpretação e, sobretudo, de cultivo
pessoal. O dinamismo da vida do espírito, do qual os nossos místicos foram
mestres, não pode ser apenas conceitos que nos esforçamos para transmitir
aos outros, mas precisa repercutir decididamente em nossa própria vivência.
 O Padre Geral, em sua relação sobre o estado da Ordem no Definitório
Extraordinário de Ariccia, em setembro de 2017, apontava para a dificuldade
que temos de viver a dimensão contemplativa de nosso carisma. Além disso,
alertava para complexidade da questão: “Com efeito, devemos reconhecer que
não é simples viver uma vida contemplativa, muito menos nos nossos tempos.
Não podemos presumir que somos capazes de fazer isso, na verdade, eu diria
quase o contrário: o ponto de partida é que não somos capazes de fazer isso”.
A contemplação O primeiro grande desafio que encontramos é esclarecer o que
nos permite um entendemos por contemplação. Em muitos ambientes e, portanto, para muitas
novo olhar mentalidades tal palavra evoca uma postura intimista e retrograda, aliada a
sobre todas as modelos de vida religiosa pré-conciliares. Não podemos negar que a tentação
coisas, um olhar de voltar ao passado em busca de segurança é uma ilusão frequente,
puro, que nos sobretudo dentro de uma Ordem que carrega uma longa tradição como a
leva a nossa. No entanto, identificar a contemplação com práticas e posturas pré-
reconhecer o conciliares é um grande engano.
outro como um Quando falamos da urgência em retomar a dimensão contemplativa do
dom. Ela nosso carisma, nos referimos a experiência inefável de comunhão que nos
desperta em interlaça com Deus, com os irmãos e com toda a criação. A contemplação nos
nós a permite um novo olhar sobre todas as coisas, um olhar puro, que nos leva a
solidariedade reconhecer o outro como um dom. Ela desperta em nós a solidariedade com
com todos, todos, sobretudo com os mais pobres e necessitados. Enfim, a contemplação
sobretudo com nos permite viver desde o nosso centro mais profundo, onde Deus habita. Esta
os mais pobres vida de fé nos fortalece para enfrentar os novos desafios do tempo presente.
e necessitados. A dificuldade que se nos sobrepõe é redescobrir a contemplação como
ponto de partida de toda a ação missionária da Ordem. O itinerário místico de
nossa Santa Madre parece apontar para esse encadeamento. A experiência da
humanidade de Cristo, que está na raiz da sua obra fundacional, lhe abre as
portas para a consciência eclesial e missionária. Em nível prático, isso requer
de nossa parte uma revisão de nosso estilo de vida à luz desse elemento
essencial, que é a dimensão contemplativa de nossa vida. Isso impacta-nos
consideravelmente na hora de organizar as nossas estruturas de vida e de
missão.

Partilhar não é dar restos, mas sim dar para
o outro o que temos de melhor. Assim
entendemos quando partilhamos nosso tempo,
na escuta, na visita ao doente, na visita aos
asilos, aos orfanatos, as famílias, quando
também podemos partilhar alimentos,
cobertores, doces, brinquedos.
O início da Pandemia foi assustador, pois
não sabíamos como nos manteríamos e mais
ainda como manteríamos as obras socias de
atendimento aos necessitados, uma vez que
estávamos com as portas fechadas e sem
entender direito a gravidade da situação.
Em nossa paróquia do Carmo, este trabalho
de visita e entrega de alimentos aos
necessitados é feito pelos Vicentinos, mas as
doações é o nosso povo de Deus quem faz.
Foi necessário se adequar, a pandemia estava
aí, a fome, o frio também, principalmente
atingindo as crianças que não sabem o porquê
não teriam o doce na Páscoa, o brinquedo no
Natal, o alimento na mesa.
PARTILHA!
Gratidão pela coragem de todos, que
observando os protocolos de cuidados a saúde,
foram em busca dos alimentos. A bondade das
pessoas não tinha sido afetada pelo Coronavírus.
Eram assistidas 30 famílias com cestas básicas
mensais, o numero foi para 40, e todos os meses
se buscou, se bateu em várias portas, se pediu...
em 2020 chegamos a marca de mais de 05
toneladas de alimentos doados. Gratidão aos
Vicentinos. Não se falhou nenhum mês nesta
entrega de alimentos.
Também ajudamos a Sra. Janete, nossa
cozinheira, que junto com sua família, começou a
distribuir “quentinhas” nos domingos aos
moradores de rua, Gratidão a esta família que se
empenhou pra que tivessem uma refeição digna e
saborosa. Tudo que “sobrava” dos alimentos
recebidos eram transformados em refeição pronta,
em média 35 quentinhas TODOS os domingos
desde abril de 2020.
 No Natal retomamos a Campanha “Natal
dos Anjos do Carmo”, onde recebemos
brinquedos NOVOS e roupas NOVAS para as
crianças das nossas famílias assistidas. Em
2021 retomamos as campanhas “Páscoa
Solidária”, em que arrecadamos 300 caixas de
Bombons, foram distribuídos as famílias
atendidas e também aos orfanatos: “Raio de
Sol” e “Maria Carmem”. A Campanha “Doe
Calor, doe um cobertor”, que neste ano
recebemos 60 cobertores, os quais também
foram entregues as famílias assistidas pelos
Vicentinos.
Os Vicentinos também mantêm uma
Farmácia, que recebe medicamentos doados e
os distribui de graça a quem precisar, a mesma
tem um Farmacêutico que faz todo o trabalho
de cuidado e distribuição dos medicamentos. Gratidão a toda comunidade Paroquial
Mantem também um brechó, que com as do Carmo, que nestes tempos difíceis de muita
vendas compra alimentos para as cestas dor para tantos que perderam muito, souberam
básicas e paga o salário do Farmacêutico (Pois continuar partilhando o que tinham de melhor,
segundo o CRF, não pode ser voluntário). Aqui por isso em muitos lares foi feita a oração mais
na Igreja é ponto de arrecadação dos bonita que brota do coração humano:
medicamentos e das roupas. “OBRIGADO SENHOR DEUS!!!”

Frei Paulo Prigol

 Encontro de Formadores
Carmelitas - América Latina
Aconteceu do dia 02 ao dia 20 de agosto, o
Encontro de Formadores promovida pela CICLA
(Conferência Inter-regional Carmelitano-Teresiana
para a América Latina). Durante as três semanas
participaram em média 20 frades de toda a América
Latina. O encontro deveria realizar-se no ano
passado, na Colômbia. Mas por causa da pandemia
foi adiado para este ano, e se deu através de uma
sala virtual. De nossa Província participamos eu, frei
Anderson (Curitiba), e também frei Nelson e frei
Gentil (Londrina).
Esta iniciativa tem por objetivo fortalecer o serviço
da formação inicial em nossas circunscrições
oferecendo aos formadores melhores ferramentas
para o acompanhamento dos formandos. Além
disso, pretende criar um espaço de encontro,
fraternidade e partilha a fim de que juntos, como
família teresiana, consigamos refletir, aprofundar e
encontrar caminhos, tanto em nível teórico como
prático, para viver mais fielmente o seguimento de
Cristo, à luz dos ensinamentos dos nossos santos,
das interpelações da realidade atual e dos desafios
que, como Igreja, somos chamados a responder.
Cada semana foi dedicada a um tema
específico. Primeiramente, frei Cândido Celestino,
da província do México, falou-nos sobre o papel do
formador. Na segunda semana, frei Jairo Gómez
Díaz, da província da Colômbia, falou sobre o
Seguimento de Cristo ao estilo de Santa Teresa de
Jesus, a partir do Livro Castelo Interior. E o
encontro concluiu-se com o frei Guillermo Uribe,
também da província do México, que tratou de
diversos assuntos referentes à Afetividade e
Sexualidade.
O próximo encontro de formadores da CICLA
está previsto para o próximo ano.
Confiamos nossos formandos e vocacionados à
São José! E que o seu testemunho nos inspire a
viver nossa missão com responsabilidade e
confiança.
Frei Anderson Fontes Dias
Frei Miguel Márquez Calle
Eleito Geral da Ordem
Com alegria, recebemos a notícia da eleição do
novo Geral da Ordem do Carmelo Descalço: Frei
Miguel Márquez Calle. O Pe. Frei Miguel Márquez
Calle nasceu em 1965 em Plasencia (Cáceres).
Ingressou na Ordem dos Carmelitas Descalços em
1983 emitindo sua profissão religiosa em 1985. Foi
Ordenado sacerdote em Medina del Campo em
1990. É autor de numerosas publicações de caráter
teológico e espiritual, dentre as quais se destaca os
livros intitulados: A imagem de Deus na Bíblia;
Espiritualidade na vida cotidiana; etc. Sua atividade
acadêmica também foi exercida como professor de
mística e mariologia no CITeS.
Desempenhou numerosos postos de responsa-
bilidade e governo na Província de Castilla, como
Conselheiro Provincial de 1999 a 2002 e Vigário
Provincial de 2002 a 2005, cargo que foi eleito
novamente no Capítulo Provincial de 2008; após, foi
eleito Provincial. Exerceu a função de formador
como mestre de estudantes durante seis anos, na
comunidade de Salamanca.
Em fevereiro de 2015 foi eleito primeiro Provin-
cial da nova Província Ibérica de Santa Teresa de
Jesus, nascida da união das Províncias de
Andaluzia, Aragão e Valência, Burgos, Castilla e
Cataluña. Foi reeleito para este ofício no Capítulo
Provincial de 2017 até junho de 2020. No dia 4 de
setembro de 2021 foi eleito Prepósito Geral da
Ordem do Carmelo Descalço.
Fonte: www.ocdiberica.com