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Universidade Camilo Castelo Branco

Curso de Engenharia Civil Campus


Fernandópolis

VITOR HUGO NISHIMURA JUSTE

AUTOMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE CÁLCULO DE PERFIS U


ENRIJECIDOS DE AÇO FORMADOS A FRIO, AVALIADOS COMO
TERÇAS E SUBMETIDOS À FLEXÃO DE ACORDO COM A ABNT
NBR 14762/2010 e 6355/2012

AUTOMATION OF THE PROCESS OF CALCULUS OF U HARDENED COLD-


FORMED STEEL, ASSESSED AS BEAMS SUBJECTED TO BENDING,
ACORDING TO ABNT NBR 14762/2010 AND 6355/2012

Fernandópolis, SP
2015
ii

Vitor Hugo Nishimura Juste

AUTOMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE CÁLCULO DE PERFIS U


ENRIJECIDOS DE AÇO FORMADOS A FRIO, AVALIADOS COMO
TERÇAS E SUBMETIDOS À FLEXÃO DE ACORDO COM A ABNT NBR
14762/2010 E 6355/2012

Orientador: Prof. Me. Marcelo Rodrigo de Matos Pedreiro

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil da


Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para
obtenção do título de Graduação em Engenharia Civil.

Fernandópolis, SP
2015
iii

Juste, Vitor Hugo Nishimura.


J97a Automatização do processo de cálculo de perfis U
enrijecidos de aço formados a frio, avaliados como terças e
submetidos à flexão de acordo com ABNT NBR 14762/2010
e 6355/2012/ Vitor Hugo Nishimura Juste.
Fernandópolis/SP: [s.n.], 2015.
XVI. 82p. : il. ; 29,5cm.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Cur-


so de Graduação em Engenharia Civil da Universidade Ca-
milo Castelo Branco, como complementação dos créditos
necessários para obtenção do título de Graduação em
Engenharia Civil.
Orientador(a): Profº. Me. Marcelo Rodrigo de Matos
Pedreiro.

1. Terças de aço formados a frio. 2. Dimensionamen-


to. 3. Flexão. I. Título.
CDD 624.1821

Autorizo, exclusivamente, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou


parcial deste TCC, dissertação (tese), por processos xerográficos ou eletrônicos.

Assinatura do aluno:

Data:
iv
v

“Dedico esse trabalho à Deus, à minha família, à


todos os meus verdadeiros amigos, que são minha
fonte de inspiração, e que sempre fizeram de tudo por
mim.”
vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, por conseguir vencer mais essa etapa na minha
vida e por estar sempre me guiando.
Aos meus familiares, pela torcida e pelo apoio: pai, irmãos, tios, primos, e em especial
aos meus avós: Inocêncio e Maria.
Ao Prof. Me. Marcelo Rodrigo de Matos Pedreiro, pela confiança, amizade, orientação
e principalmente pela paciência.
A todos os professores da Universidade Camilo Castelo Branco – Unicastelo, que me
fizeram crescer em conhecimento e também como pessoa, durante esses cinco anos
de convívio e aprendizado.
Agradeço aos meus amigos, que sempre me incentivaram e apoiaram, em todos os
momentos.
vii

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”


Aristóteles
viii

AUTOMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE CÁLCULO DE PERFIS U


ENRIJECIDOS DE AÇO FORMADOS A FRIO, AVALIADOS COMO
TERÇAS E SUBMETIDOS À FLEXÃO DE ACORDO COM A ABNT
NBR 14762/2010 E 6355/2012

RESUMO
Terças de aço formadas a frio são muito utilizadas em sistemas de cobertura e
fechamento. Com esse crescimento surge também uma grande necessidade de
métodos de cálculos que auxiliem e ajudem a avaliar corretamente o desempenho
estrutural. Baseando-se nesta necessidade, o presente trabalho propõe o
desenvolvimento de uma planilha computacional que automatiza o processo de
cálculo dos esforços resistentes dos perfis U enrijecidos formados a frio, obtidos a
partir de dobragem a frio (em temperatura ambiente) de chapas de aço, avaliados
como terças bi-apoiadas e submetidos a flexão, segundo as recomendações da ABNT
NBR 14672/2010. Além das verificações de segurança, a seguinte planilha permite
também o cálculo das características geométricas do perfil U enrijecido, conforme
estabelecido pela ABNT NBR 6355/2012, e perfis não padronizados, deixando a critério
do projetista à escolha de qualquer perfil que deseja-se utilizar. Como no
dimensionamento manual deve ser feito as verificações e atender a todas as condições
de segurança de um perfil, no caso de resultados negativos, deve ser substituído e
repetido todos os cálculos novamente, verificando se atende as condições de
segurança. A planilha torna o dimensionamento, um trabalho menos cansativo e
trabalhoso para o usuário, uma vez que o processo otimiza o tempo.

Palavras-chave: Terças de aço formados a frio, dimensionamento, flexão.


ix

AUTOMATION OF THE PROCESS OF CALCULUS OF U


HARDENED COLD-FORMED STEEL, ASSESSED AS BEAMS
SUBJECTED TO BENDING, ACCORDING TO ABNT NBR
14762/2010 AND 6355/2012

ABSTRACT
Cold-formed steel purlins are widely used in roofs and wall systems. Because of this
increasing, it raises the necessity of methods of calculus which help to evaluate the
structural performance correctly. Based on the necessity, this paper proposes the
development of a computational spreadsheet which automates the process of
calculus of resistant efforts of U cold-formed steel, obtained from bending, in room
temperature, steel plates which assessed as beams bi supported are subjected to
simple bending, according to the recommendations of ABNT NBR 14762:2010.
Besides securiy checks, this spreadsheet also allows the calculus of geometric
characteristics of U hardened profiles, as established by ABNT NBR 6355:2012, and
nonstandard profiles, allowing the draftsman to choose any profile he or she wants.
As in the manual dimensioning, all checks must be done and all safety conditions
must be met. If the verifications aren’t met, the calculus must be replaced and
repeated, checking if the safety conditions are met. The spreadsheet makes the
dimensioning of U hardened profiles a less tiring and toilsome activity, since this
process optimizes the time.

Key-words: cold-formed steel purlins, dimensioning, bending.


x

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Nas abreviaturas, siglas e símbolos apresentados a seguir, as numerações


indicativas de itens, tabelas e figuras referem-se aquelas usadas conforme norma
ABNT NBR 14762/2010 e conforme artigo cientifico (MALITE; GROSSI, 2013).

A - área bruta da seção transversal da barra


área estabelecida para cálculo de enrijecedores transversais
Aef área efetiva da seção transversal da barra
Cb - fator de modificação para diagrama de momento fletor não uniforme
Cw - constante de empenamento da seção transversal
D - largura nominal do enrijecedor de borda
E - módulo de elasticidade do aço, adotado igual a 200 000 MPa
G - módulo de elasticidade transversal, adotado igual a 77 000 MPa
Ia - momento de inércia de referência do enrijecedor de borda
Is - momento de inércia da seção bruta do enrijecedor de borda, em torno do
seu próprio eixo baricêntrico paralelo ao elemento a ser enrijecido. A
parte curva entre o enrijecedor e o elemento a ser enrijecido não deve
ser considerada
Ix ; Iy -momentos de inércia da seção bruta em relação aos eixos principais x
e y, respectivamente
J - constante de torção
KxLx - comprimento efetivo de flambagem global em relação ao eixo x
KyLy - comprimento efetivo de flambagem global em relação ao eixo y
KzLz - comprimento efetivo de flambagem global por torção
L - distância entre pontos travados lateralmente da barra
- comprimento da barra
- comprimento do cordão de solda
- vão teórico entre apoios ou o dobro do comprimento teórico do balanço
Mdist - momento fletor de flambagem distorcional elástica
Me - momento fletor de flambagem global elástica (FLT – flambagem lateral
com torção)
Ml - momento fletor de flambagem local elástica
xi

Mmáx - momento fletor solicitante máximo, em módulo, no segmento analisado


para FLT
MRd - momento fletor resistente de cálculo
MRe - valor característico do momento fletor resistente, associado à flambagem
global
M,Rk - valor característico do momento fletor resistente
MRl - valor característico do momento fletor resistente, associado à flambagem
local
MRdist - valor característico do momento fletor resistente, associado à flambagem
distorcional
MSd - momento fletor solicitante de cálculo
Ne - força axial de flambagem global elástica
Nex ; Ney - forças axiais de flambagem global elástica por flexão em relação
aos eixos x e y, respectivamente
Nez - força axial de flambagem global elástica por torção
Nexz - força axial de flambagem global elástica por flexo-torção
VRd - força cortante resistente de cálculo
VSd - força cortante solicitante de cálculo
W - módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à
fibra extrema que atinge o escoamento
Wc - módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à
fibra extrema comprimida
Wc,ef - módulo de resistência elástico da seção efetiva em relação à
fibra extrema comprimida
Wef - módulo de resistência elástico da seção efetiva em relação à
fibra extrema que atinge o escoamento
a - distância entre enrijecedores transversais de alma
am - largura da alma referente à linha média da seção
b - largura do elemento, é a dimensão plana do elemento sem incluir dobras
bef - largura efetiva
bef,1;bef,2 - larguras efetivas indicadas na Tabela 4 e na Figura 3
bf - largura nominal da mesa
bm - largura da mesa referente à linha média da seção
xii

bw - largura nominal da
alma
c - comprimento, na direção longitudinal da barra, de atuação da força
concentrada
cm - largura do enrijecedor de borda referente à linha média da
seção
fu - resistência à ruptura do aço na tração fy
- resistência ao escoamento do aço
fya - resistência ao escoamento do aço modificada, considerando o trabalho
a frio
fyc - resistência ao escoamento do aço na região das dobras do
perfil
fyf - resistência ao escoamento do aço, média, para as partes planas
do perfil
k - coeficiente de flambagem local do elemento
kl - coeficiente de flambagem local para a seção completa
kv - coeficiente de flambagem local por cisalhamento
r - raio de giração da seção bruta
re - raio externo de dobramento
ri - raio interno de dobramento
r0 - raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de torção
rx - raio de giração da seção bruta em relação ao eixo principal x ry
- raio de giração da seção bruta em relação ao eixo principal y t
- espessura da chapa ou do elemento
Xm - distância do centróide em relação à linha média da alma, na direção
do eixo x
x0 - distância do centro de torção ao centróide, na direção do eixo x y0
- distância do centro de torção ao centróide, na direção do eixo y
 - coeficiente de ponderação das ações ou das resistências, em geral
ldist - índice de esbeltez reduzido associado à flambagem distorcional

ll - índice de esbeltez reduzido associado à flambagem local

lp - índice de esbeltez reduzido do elemento ou da seção completa


lp0 - valor de referência do índice de esbeltez reduzido do elemento
xiii

l0 - índice de esbeltez reduzido associado à flambagem global

n - coeficiente de Poisson do aço, adotado igual a 0,3


r - massa específica, adotada igual a 7850 kg/m3

χ - fator de redução da força axial de compressão resistente, associado


à flambagem global
χdist - fator de redução do esforço resistente, associado à flambagem
distorcional
χFLT - fator de redução do momento fletor resistente, associado à
flambagem lateral com torção
α - parametro combinado a resultados obtidos a partir do cálculo do fator
de redução do esforço resistente, associado à flambagem distorcional
(χdist)
xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coeficiente de flambagem local kl para a seção completa em barras sob


flexão simples em torno do eixo de maior inércia .........................................................41

Tabela 2 - Valores do coeficiente de flambagem local kl da seção completa em barras


sob flexão simples em torno do eixo de maior inércia ..................................................42

Tabela 3 - Valores mínimos da relação D/bw de seções do tipo U enrijecido e Z


enrijecido sob flexão simples em torno do eixo de maior inércia, para dispensar a
verificação da flambagem distorcional. .........................................................................47

Tabela 4 - Deslocamentos máximos.............................................................................58


xv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema de funcionamento do alto-forno ................................................ 22


Figura 2 - Perfis metálicos dos principais grupos estruturais .................................... 24
Figura 3 - Prensa dobradeira..................................................................................... 25
Figura 4 - Perfiladeira................................................................................................ 26
Figura 5 - Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura, num
perfil formado a frio por perfiladeira........................................................................... 27
Figura 6 - Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura, num
perfil formado a frio por prensa dobradeira ............................................................... 27
Figura 7 - Perfis usados em terças............................................................................ 28
Figura 8 - Perfis usados em vigas e colunas............................................................. 28
Figura 9 - Perfis usados como montantes e travessas de paredes........................... 28
Figura 10 - Perfis usados em treliças espaciais ........................................................ 29
Figura 11 - Perfis usados como vigas e colunas de racks e mezaninos ................... 29
Figura 12 - Apresentando o raio interno de dobra..................................................... 29
Figura 13 - Ilustração dos tipos de elementos componentes de perfis formados a frio
.................................................................................................................................. 30
Figura 14 - Modos de instabilidade em PFF. (a) Modo global (FLT). (b) Modo local.
(c) Modo distorcional. ................................................................................................ 31
Figura 15 - Perfil U enrijecido .................................................................................... 35
Figura 16 - Definição de Cb....................................................................................... 45
Figura 17 - Exemplo de análise de estabilidade elástica de perfil U enrijecido
submetido à flexão via método das faixas finitas - programa CUFSM (Schafer, 2001)
.................................................................................................................................. 49
Figura 18 - Faixa de variação dos parâmetros adotados na análise ......................... 51
Figura 19 - Conjunto de valores da análise paramétrica e curva ajustada ................ 52
Figura 20 - Relação entre a fórmula proposta (eq. 2) e o procedimento da ABNT NBR
14762:2010 com análise de estabilidade elástica via CUFSM .................................. 53
Figura 21 - Relação entre a fórmula proposta (eq. 2) e o procedimento da ABNT NBR
14762:2010 com análise de estabilidade elástica via CUFSM, considerando apenas
perfis padronizados pela ABNT NBR 6355:2012 ...................................................... 54
Figura 22 - Relação entre a fórmula proposta (eq. 2) e resultados experimentais de
perfis U enrijecidos obtidos por Yu e Schafer (2006) ................................................ 54
Figura 23 - Deslocamentos verticais a serem considerados ..................................... 57
Figura 24 - Tela inicial da planilha............................................................................. 60
Figura 25 - Cálculo das características geométricas do perfil (Ue 200x100x25x4,75)
.................................................................................................................................. 61
Figura 26 - Escolha do tipo de aço estrutural ............................................................ 62
Figura 27 - Definição dos dados da terça analisada e dos comprimentos de
flambagem Ky.Ly e Kz.Lz.......................................................................................... 63
xvi

Figura 28 - Resistências de cálculo do perfil na situação de projeto considerada .... 64


Figura 29 - Resistências de cálculo do perfil na situação de projeto considerada .... 65
Figura 30 - Determinação do deslocamento, deslocamento máximo e resultados
finais da verificação do perfil ..................................................................................... 66
Figura 31 - Exemplo 1 ............................................................................................... 67
Figura 32 - Determinação do Cb ............................................................................... 68
Figura 33 - Exemplo 2 ............................................................................................... 70
Figura 34 - Seleção do perfil e cálculo das características geométricas (Exemplo 1)
Fonte: Próprio autor) ................................................................................................. 72
Figura 35 - Escolha do tipo do aço (Exemplo 1)........................................................ 72
Figura 36 - Definição dos dados da viga analisada (Exemplo 1)............................... 73
Figura 37 - Resultados resumidos dos cálculos efetuados (Exemplo 1) ................... 74
Figura 38 - Resultados resumidos dos cálculos efetuados (Exemplo 1) ................... 75
Figura 39 - Verificação do deslocamento máximo (Exemplo 2) ................................ 76
xvii

SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS .................................................. x
LISTA DE TABELAS .................................................................................................xiv
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. xv
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 19
1.1 Breve Histórico ............................................................................................. 19
1.2 Propriedades do aço .................................................................................... 20
1.3 Processo de fabricação................................................................................ 21
2. OBJETIVOS........................................................................................................ 23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 24
3.1 Definição ...................................................................................................... 24
3.2 Métodos de produção dos perfis .................................................................. 25
3.3 Efeito do dobramento na resistência do perfil .............................................. 26
3.4 Emprego dos Perfis Formados a Frio........................................................... 27
3.5 Definições segundo a norma ABNT NBR 14762/2010................................. 29
3.6 Segurança e estados-limites ........................................................................ 30
3.7 Análise estrutural ......................................................................................... 30
3.8 Instabilidade do Perfil ................................................................................... 31
4. CÁLCULO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE PERFIS U
ENRIJECIDOS SEGUNDO A ABNT NBR 6355/2012 ............................................... 32
4.1 Dimensões Básicas...................................................................................... 35
4.1.1 Perfil U Enrijecido – Características Geométricas .................................... 35
5. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 37
6. DIMENSIONAMENTO DE TERÇAS SUBMETIDAS À FLEXÃO SIMPLES
SEGUNDO ABNT NBR 14762:2010 ......................................................................... 38
6.1 Barras Fletidas ............................................................................................. 38
6.2 Generalidades.............................................................................................. 38
6.3 Momento fletor ............................................................................................. 39
6.3.1 Início do escoamento da seção efetiva ..................................................... 39
6.3.2.1 Cálculo da força de flambagem N para perfis U enrijecidos ................... 45
6.3.3 Flambagem distorcional ............................................................................ 46
6.3.3.1 Procedimento simplificado para o cálculo da flambagem distorcional ...... 47
6.3.3.1.1 Introdução ............................................................................................... 48
6.3.3.1.1 Metodologia de análise e procedimento ................................................ 50
6.3.3.1.2 Exemplo de cálculo................................................................................ 55
xviii

6.4 Deslocamentos Máximos ............................................................................. 56


6.6 Limitação de esbeltez................................................................................... 58
7 EXCEL PARA O DESENVOLVIMENTO DA PLANILHA..................................... 59
7.1 Introdução .................................................................................................... 59
7.2 A Planilha ..................................................................................................... 59
7.2.1 Tela inicial da planilha............................................................................... 59
7.2.2 Verificação do Perfil .................................................................................. 61
7.2.3 Cálculo ...................................................................................................... 63
7.2.4 Determinação da flecha máxima e Esbeltez Limite .................................. 65
7.2.5 Relatório.................................................................................................... 66
8 EXEMPLO DE CÁLCULO................................................................................... 67
8.1 Cálculo manual ............................................................................................ 67
8.2 Solução através da planilha ......................................................................... 71
9. CONCLUSÕES................................................................................................... 81
9.1 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................ 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 83
19

1. INTRODUÇÃO

1.1 Breve Histórico

A utilização do ferro aconteceu aproximadamente, há 8.000 anos atrás, em antigas


civilizações, como: Babilônia, Egito e Índia. Mas a utilização do ferro por essas
civilizações, foram apenas de enfeite ou com fins militares. O uso do ferro em
escala industrial, só começou em meados do século XIX, devido a revolução
industrial na Inglaterra, França e Alemanha. A primeira obra de grande importância
construída em ferro foi a ponte sobre o rio Severn, em Coalbrokdale, na
Inglaterra. Trata-se de um arco com vão de 30 metros, construído em 1779. As
aplicações em edifícios tiveram como marco a construção do Palácio de Cristal
em Londres, em 1851, com um sistema de fabricação e montagem que é muito
parecido com o utilizado na construção metálica atualmente (PFEIL, et al. 2008).
Mas, sem dúvida, o grande precursor e influenciador da estrutura metálica
foi Gustave Eiffel (1632-1923), cuja ousadia surpreendeu os entendidos do assunto
na época (CHAMBERLAIN, et al. 2004).
O emprego dos perfis formados a frio em construções teve início por volta
de 1850 nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, segundo YU (1985), correspondendo
a uma utilização restrita e ausente, pela falta de informações técnicas especificas
sobre o comportamento estrutural destes elementos. Somente a partir do ano de
1939 é que pesquisas foram iniciadas efetivamente, por iniciativa e financiamento
da American Iron and Steel Institute (AISI). Logo, em 1946, os resultados destas
pesquisas deram origem a primeira norma para projetos estruturais formados a frio,
publicado pela AISI. Por isso, pode-se registrar que os norte-americanos foram os
pioneiros nas pesquisas e no emprego dos perfis formados a frio (CHODRAUI,
2006).
O uso do aço no Brasil se relaciona diretamente com a história do país.
No final do século XIX, na primeira fase do uso, o Brasil ainda não tinha indústrias
siderúrgicas; por isso, era importado grandes quantidades de componentes de
ferrovias, com suas estações e pontes, da Inglaterra. Já na segunda fase, surgiu
entre as duas guerras mundiais; em consequência da paralisação das importações,
foi-se necessário iniciar, o processo de desenvolvimento e criação das empresas
20

que hoje são o parque siderúrgico nacional (CHAMBERLAIN, et al. 2004).


Já o emprego dos perfis formados a frio no Brasil, teve início no final da
década de 60, quando algumas adquiriram equipamentos específicos para a
realização da formação a frio dos perfis, que eram as prensas dobradeiras e
perfiladeiras. Em 1967 foi publicada a ABNT/NB-143 – Cálculo de estruturas de aço,
constituídas por perfis leves, direcionada ao projeto de estruturas em perfis
formados a frio, cujo texto foi elaborado com base na norma americana AISI. Esta
norma não foi muito divulgada e sua utilização foi pouca, não sofrendo revisões ao
longo dos anos, o que há deixou um documento técnico vago, e que, obrigava os
projetistas a utilizarem normas estrangeiras, como as do AISI (American Iron and
Steel Institute), e outras (CHODRAUI, 2006).
Em 1980 foi publicada a norma ABNT NBR 6355 – Perfis estruturais de aço,
formados a frio, a qual estabelece uma padronização de perfis formados a frio,
apresentando simbologia, nomenclatura, dimensões e tolerâncias a serem
respeitadas com proposito estrutural. Esta norma, como a NB-143, foi pouco
utilizada e divulgada, sendo desconhecida por projetistas e até mesmo por
fabricantes de perfis. Somente em 2001 foi estudado uma revisão para a NBR 6355,
e atualmente há uma última revisão que é muito utilizada na padronização dos
perfis formados a frio (CHODRAUI, 2006).
Em 1997, foi constituído pela ABCEM (Associação Brasileira da Construção
Metálica) e com o apoio da USIMINAS, um grupo de estudo para a elaboração de
um texto-base para a norma brasileira, que teve um desfecho em 2001, com a
publicação da nova norma brasileira NBR 14762:2001 – Dimensionamento de
estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio. E hoje, atualmente existe
uma recente revisão desta norma, que é a principal utilizada para projetos de
estruturas metálicas constituídas por perfis formados a frio (CHODRAUI, 2006).

1.2 Propriedades do aço

As formas mais utilizadas de metais ferrosos são o aço, o ferro forjado, e o ferro
fundido, sendo o aço, o mais importante deles atualmente.
O aço e o ferro fundido, são ligas de ferro e carbono, com outros
elementos, que são de dois tipos: residuais decorrentes do processo de fabricação,
como manganês, fósforo, silício e enxofre, e elementos adicionados para fins de
21

melhorar as características físicas e mecânicas do material, que são denominados


de elementos de liga (PFEIL, et al. 2008).
O aço é a liga entre ferro-carbono, que o teor de carbono varia de 0,008% à
2,11% (Chiaverini, 1996). O carbono aumenta a resistência do aço, mas o torna
mais frágil. Aços com menor teor de carbono tem menor resistência à tração, porém
são mais dúcteis. As resistências à ruptura, por compressão ou tração dos aços
usados em estruturas são iguais, variando, desde 300 Mpa até valores acima de
1200 Mpa (PFEIL, et al. 2008).
Pela presença na composição química, dos elementos de liga e do teor de
elementos residuais, à classificação do aço se dá em aços-carbono, que contem
teores normais de elementos residuais, e em aços-liga, que constituem dos aços-
carbono com elementos de liga ou apresentando valores elevados de elementos
residuais (PFEIL, et al. 2008).
Do ponto de vista nas suas aplicações, os aços podem ser classificados em
diversas categorias, cada qual com sua característica (Chiaverini, 1996). Por
exemplo, para estruturas são requeridos aços com propriedades de boa ductilidade,
soldabilidade e homogeneidade, além da relação entre a tensão resistente e a de
escoamento. A resistência à corrosão também é importante, sendo somente
acrescentada pequenas adições de cobre. A grande resistência de alguns aços
estruturais é obtida pelo processo de tratamento térmicos ou conformação (PFEIL,
et al. 2008).
O ferro fundido comercial contém 2,0% a 4,3% de carbono, tem boa
resistência à compressão (mínimo de 500 MPa), mas a resistência à tração é cerca
de 30% da primeira. Se mostra frágil, sobre efeitos de choque. Existem quatro
modalidades principais de ferro fundido: branco, cinza, nodular e maleável. O ferro
forjado, que é um aço de baixo carbono, atualmente não se produz mais (PFEIL, et
al. 2008).

1.3 Processo de fabricação

Segundo (PFEIL, et al. 2008), a fabricação do aço é constituída pela produção de


ferro fundido em alto forno, e refinamento em aço posteriormente. Também pode
ser fundido sucata de ferro em forno elétrico, onde a energia fornecida é dada a
22

partir de arcos voltaicos entre os eletrodos e o ferro fundido.


O objetivo de ambos os processos, é o refinamento do ferro fundido, onde é
adicionado elementos de liga para chegar ao aço (PFEIL, et al. 2008).

Figura 1 - Esquema de funcionamento do alto-forno


Fonte: (PFEIL, 2008)
23

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo a automatização do processo de determinação da


resistência de perfis U enrijecidos de aço formados a frio avaliados na forma de
terças, submetidos à flexão reta simples.
Para cumprir os objetivos deste trabalho, foi desenvolvido uma planilha
computacional que automatiza esse processo de determinação da resistência de
perfis, por meio das recomendações normativas da ABNT NBR 14762/2010.
24

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para a utilização estrutural, existem três grandes grupos de perfis:


1º Grupo: Perfis Laminados: perfis laminados a quente, em usinas
siderúrgicas
2º Grupo: Perfis Soldados: perfis obtidos pela soldagem de chapas
3º Grupo: Perfis formados a frio: obtidos a partir da dobragem a frio, são
conhecidos como perfis leves (CARVALHO, et al. 2014).
Os perfis dos grupos 1 e 2, no Brasil, tem seus procedimentos de
dimensionamento estabelecidos pela norma ABNT NBR 8800:2008, enquanto os
perfis do grupo 3 são prescritos pela norma ABNT NBR 14762:2010 (CARVALHO,
et al. 2014).

Figura 2 - Perfis metálicos dos principais grupos estruturais


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

3.1 Definição

Os perfis formados a frio (PFF) são perfis obtidos a partir da dobragem a frio
de chapas. São dobradas chapas com espessuras mínimas de 0,4mm, e
25

estabelecido por norma, no máximo de 8mm, apesar que, pode-se ter perfis
formados a frio com chapas de até 19mm (CARVALHO, et al. 2014).
O que destaca na ideia principal dos PFF, é na sua simplicidade de
produção, o que traz grande vantagem desse tipo de perfil, podendo afirmar que os
perfis formados a frio serão, para um extenso leque de aplicação, o perfil do futuro,
num pais que ainda está em desenvolvimento (CARVALHO, et al. 2014).

3.2 Métodos de produção dos perfis

Dois são os métodos de produção dos perfis formados a frio: em prensas


dobradeiras e em perfiladeiras.
A prensa dobradeira é formada por duas ferramentas: uma mesa com o
formato final da dobra do perfil e um punção que pressiona a chapa contra a mesa
para se obter a dobra. Com reposicionamentos da chapa, chega-se ao perfil
(CARVALHO, et al. 2014).

Figura 3 - Prensa dobradeira


Fonte: CARVALHO, et al, (2014)

Já nas perfiladeiras é um processo continuo de fabricação de perfis, que


consiste em passar uma chapa por uma série de cilindros, cada um com uma
diferente função de dobra, até chegar ao perfil final (CARVALHO, et al. 2014).
26

Figura 4 - Perfiladeira
Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

3.3 Efeito do dobramento na resistência do perfil

O dobramento de uma chapa, seja pela utilização de dobradeira ou por


perfilação, provoca um fenômeno conhecido como envelhecimento do aço
(carregamento até a zona plástica, descarregamento, e posteriormente, não
imediato, o carregamento), um aumento da resistência ao escoamento (fy) e a
resistência a ruptura (fu), conforme gráficos mostrados na figura 4 e 5 abaixo.
Consequentemente com o envelhecimento do aço, ocorrerá a redução da
ductilidade, que leva o material a uma menor capacidade de se deformar, isto é,
diagrama de tensão-deformação sofre um aumento na direção das resistências
limites. (SILVA, et al. 2008).
27

Figura 5 - Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura, num perfil


formado a frio por perfiladeira
Fonte: SILVA, et al. (2008)

Figura 6 - Aumento da resistência ao escoamento e da resistência à ruptura, num perfil


formado a frio por prensa dobradeira
Fonte: SILVA, et al. (2008)

3.4 Emprego dos Perfis Formados a Frio

Pode-se dizer que os perfis formados a frio são utilizados em qualquer


construção metálica, pela sua extensa de aplicação, por exemplo:
 Indústria Automobilísticas: carros, caminhões leves, ônibus;
 Indústria Aeronáutica: estrutura de aviões;
 Transportes Pesados: construção naval, carretas rodoviárias, carroceria de
vagões;
 Armazenamento/Estocagem: racks, mezaninos, prateleiras;
28

 Agroindústria: implementos agrícolas, maquinas, silos;


 Construção Civil: telhados, formas de concreto, telhas, prédios residenciais,
comerciais e industriais, painéis de fechamento, estruturas de pontes,
reservatórios, estruturas mistas (vigas, lajes e colunas) (CARVALHO, et al. 2014).
A versatilidade da utilização dos perfis formados a frio, faz com que seu
uso se de principalmente em sistemas estruturais especiais de edificações, como
coberturas e fechamentos (terças, telhas e suportes), e estruturas treliçadas
(FÁVERO NETO, 2013).
Os sistemas de coberturas, são talvez a aplicação de maior interesse na
atualidade, visto que, cada vez mais empresas passaram a fornecer esse produto
(FÁVERO NETO, 2013).
Os perfis formados a frio, como pode-se ver, são muito utilizados em
qualquer atividade onde se usa perfis de aço.

Figura 7 - Perfis usados em terças


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

Figura 8 - Perfis usados em vigas e colunas


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

Figura 9 - Perfis usados como montantes e travessas de paredes


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)
29

Figura 10 - Perfis usados em treliças espaciais


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

Figura 11 - Perfis usados como vigas e colunas de racks e mezaninos


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

3.5 Definições segundo a norma ABNT NBR 14762/2010

Identificar um perfil formado a frio é fácil, basta passar o dedo em algum de seus
cantos. Se o canto for arredondado, este é um perfil formado a frio, pois ao
pressionar a chapa em uma prensa dobradeira, por mais afiado que seja a punção
da prensa, ele dobrará com um raio de dobramento, formando um arco de dobras.
É onde se define como raio interno de dobramento. (CARVALHO, et al. 2014)

Figura 12 - Apresentando o raio interno de dobra


Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

De acordo com a ABNT NBR 14762:2010 os perfis formados a frio são


definidos como:
Elemento: parte constituinte de um perfil formado a frio.
Elementos com bordas vinculadas (elemento AA): elemento plano com as
duas bordas vinculadas a outros elementos na direção longitudinal do perfil. Os
elementos AA também são conhecidos como enrijecidos, por terem enrijecedores
30

ligados nas bordas.


Elemento com borda livre (elemento AL): elemento plano com vinculação
em uma borda na direção longitudinal do perfil. Também são conhecidos como
elementos não enrijecidos, por ter enrijecedor em somente uma borda e a outra
livre.

Figura 13 - Ilustração dos tipos de elementos componentes de perfis formados a frio


Fonte ABNT NBR 14762:2010

3.6 Segurança e estados-limites

Segundo a ABNT NBR 14762:2010, devem ser considerados os estados-limites


últimos (ELU) e os estados-limites de serviço (ELS). Os estados-limites últimos,
relaciona-se com a segurança das estruturas, quando sujeitas as combinações
mais desfavoráveis de ações em toda a vida útil, durante a sua construção ou
quando tiver uma ação especial ou excepcional. Já os estados-limites de serviço
tratam do desempenho da estrutura sob condições normais de utilização.

3.7 Análise estrutural

A análise estrutural tem como objetivo determinar os efeitos das ações nas
estruturas, bem como o seu comportamento sob a ação de tais esforços,
efetuando assim, as verificações para os estados-limites últimos e de serviço.
O objetivo da análise estrutural é que ela deve ser feita com base em um
modelo realista, que permita apresentar a resposta da estrutura, considerando as
deformações causadas pelos esforços solicitantes. (FÁVERO NETO, 2013)
31

3.8 Instabilidade do Perfil

Os perfis de aço formados a frio (PFF) possuem uma boa relação entre a
inércia/massa, podendo na maioria das vezes ganhar inércia com as formas
geométricas, gerando assim grande eficiência estrutural. (FÁVERO NETO, 2013)
Por se tratar de perfis formados a partir do dobramento das chapas, as
chapas utilizadas para sua execução possuem espessuras baixas, geralmente
entre 0,4mm e 8,00mm. Justamente por possuírem espessuras tão baixas, os
perfis são mais suscetíveis ao fenômeno de instabilidade, e no caso de perfis U
enrijecidos, que é um perfil de seção aberta, também é baixíssimo a resistência a
torção. (FÁVERO NETO, 2013)
Os fenômenos de instabilidade estão ligados as configurações dos eixos
das barras ou dos elementos que compõem sua seção transversal. Os elementos
que podemos associar são as mesas, almas e enrijecedores. Por isso, pode-se
definir três grandes grupos de instabilidade: instabilidades globais, locais e
distorcionais. (FÁVERO NETO, 2013)

Figura 14 - Modos de instabilidade em PFF. (a) Modo global (FLT). (b) Modo local. (c) Modo
distorcional. Fonte: (FÁVERO NETO, 2013)

Instabilidade global é associada ao deslocamento do eixo da barra como


um todo. A partir do modo de instabilidade global podem ocorrer três modos de
32

instabilidade: por flexão, torção e flexo-torção. No caso de terças, que são vigas
submetidas à flexão, o modo mais crítico é de flexo-torção, que origina a
flambagem lateral com torção (FLT). A FLT é um modo de instabilidade que ocorre
em vigas fletidas em torno do eixo de maior inercia (FÁVERO NETO, 2013).
Instabilidade local é associada a deformação dos elementos que compõem
a barra. Este modo leva em conta a redução dos elementos do perfil isoladamente.
No caso de perfis monossimétricos ou com dupla simetria, submetidos à flexão,
pode ocorrer a instabilidade local na mesa, na alma ou no enrijecedor de borda
(FÁVERO NETO, 2013).
Instabilidade distorcional é associado a mudança da forma geométrica da
seção, ocorrendo deslocamento e rotação entre os elementos. A distorção só
ocorre em perfis que possuem enrijecedores, como no caso de perfis do tipo U e Z
enrijecidos. A norma brasileira ABNT NBR 14762:2010 não apresenta uma
expressão analítica simples e segura para a determinação do momento crítico de
flambagem distorcional, sendo dependente de analises por métodos de elementos
finitos (EF), faixas finitas (FF) ou teoria generalizada de vigas (GBT) (FÁVERO
NETO, 2013).

4. CÁLCULO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE PERFIS U


ENRIJECIDOS SEGUNDO A ABNT NBR 6355/2012

Os perfis formados a frio, podem ser criados pelo projetista, e devem ter suas
características geométricas determinadas, que ao contrário dos perfis laminados,
são padronizados e tem suas características geométricas padronizadas
(CARVALHO, et al. 2014).
As hipóteses e simplificações adotadas para o cálculo das propriedades
geométricas estão relacionadas abaixo:

a) seção transversal bruta;


b) seção com espessura constante, tomada igual à espessura da parte
plana sem revestimentos (t);
c) largura nominal dos elementos associada ao perfil sem revestimento (figura
15);
d) raio interno de dobramento ri = tn para tn ≤ 6,3mm e ri = 1,5tn para tn
33

>6,3mm;
e) emprego do “método linear”, isto é, todo o material é admitido como
concentrado na linha média da seção (linha esqueleto) e os elementos são
tratados como linhas retas (parte plana) ou curvas (dobras), exceto no
cálculo de Cw e da posição do centro de torção (CT) onde as dobras são
consideradas como cantos retos. Os valores assim obtidos são
multiplicados pela espessura t, de maneira a obter as propriedades
geométricas de interesse;
f) para o perfil, o eixo x é o eixo paralelo à mesa ou aba.

A partir destas definições, as propriedades geométricas para os perfis


formados a frio do tipo U enrijecido, segundo recomendação da ABNT NBR
6355:2012, são calculadas com base nas seguintes expressões:

a) Dimensões Básicas:

A = bw − 2(r + 0,5t)

am= bw − t

b = bf − 2(r + 0,5t) (para U enrijecido, Z enrijecido a 90º e cartola)

b = bf − t (para U enrijecido, Z enrijecido a 90º e cartola)

c = D − (r + 0,5t) (para U enrijecido, Z enrijecido a 90º e cartola)

c = D − 0,5t (para U enrijecido, Z enrijecido a 90º e cartola)

r = r + 0,5t
34

u = 1,571r

u = 0,785r
35

4.1Dimensões Básicas:

4.1.1 Perfil U Enrijecido – Características Geométricas

Figura 15 - Perfil U enrijecido


Fonte: ABNT NBR 6355:2012

= ( +2 +2 +4 )

2
= [ (0,5 + )+( + )( + 2 )] + 0,5

3a b + c (6a − 8c )
x =b + x − 0,5t
a + 6a b + c (8c − 12a c + 6a )

0,042a + b(0,5a + r ) + 2u (0,5a + 0,637r )


I = 2t
+0,298r + 0,083c + 0,25c(a − c)

b(0,5b + r ) + 0,083b + 0,505r + c(b + 2r )


I = 2t − A x − 0,5t
+u (b + 1,637r )

I = 0,333t (a + 2b + 2c + 4u )
36

⎡ 2a + 3a b + 48c + 112b c + 8a c ⎤
a b t ⎢+48a b c + 12a c + 12a b c + 6a c ⎥
C =
12 ⎢ 6a b + (a + 2c ) − 24a c ⎥
⎢ ⎥
⎣ ⎦
37

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado como material de auxilio,


computador e software Microsoft Office 2013, para a criação de células, tabelas e
rotinas de cálculos. Todo o projeto foi desenvolvido nas dependências da
Universidade Camilo Castelo Branco – UNICASTELO, Campus Fernandópolis.
O método utilizado para a elaboração dessa planilha é proposto pela norma
ABNT NBR 14762:2010 e denominado método da seção efetiva (MSE).
O método da seção efetiva (MSE), proposto pelo Professor Eduardo Batista, da
COPPE-UFRJ, é um parâmetro do Método da Resistencia Direta (MRD), em que se
reduz globalmente as propriedades geométricas do perfil, analisando como um
único elemento, diferentemente do clássico método da Largura Efetiva (MLE), que
analisa a redução em cada elemento do perfil separadamente (CARVALHO, et al.
2014).
38

6. DIMENSIONAMENTO DE TERÇAS SUBMETIDAS À FLEXÃO


SIMPLES SEGUNDO ABNT NBR 14762:2010

6.1 Barras Fletidas

Uma viga (barra fletida submetida à ações transversais) é um importante elemento


estrutural, talvez o mais usado. Vigas constituídas por perfis formados a frio, pelas
próprias características desses perfis, requerem um maior esforço de cálculo para o
seu dimensionamento (CARVALHO, et al. 2014).
Existem dois tipos de flexão para o estudo da resistência dos materiais, que
são:

 Flexão Simples (ou Reta): quando o eixo de flexão é perpendicular ao


plano da solicitação;
 Flexão Oblíqua: quando há ação de momento fletor nos dois planos da
viga.

Para o dimensionamento de terças metálicas só há necessidade de se


considerar flexão obliqua para inclinação maior que 25º, menor que está inclinação
considera-se flexão reta simples (informação verbal)1.

6.2 Generalidades

De acordo com a ABNT NBR 14762:2010 as barras prismáticas são


submetidas a momento fletor e força cortante. No dimensionamento devem ser
atendidas as condições seguintes:

MSd  MRd

onde

MSd é o momento fletor solicitante de cálculo;

MRd é momento fletor resistente de cálculo; determinado conforme 6.3;

1 Informação fornecida por Paulo Roberto Marcondes de Carvalho via e-mail, em Maio de 2015.
39

6.3 Momento fletor

De acordo com a ABNT NBR 14762:2010 o momento fletor resistente de cálculo


MRd deve ser adotado como o menor valor calculado conforme 6.3.1, 6.3.2 e 6.3.3,
onde aplicável.
No programa proposto a este trabalho foi considerado para a marcha de
cálculo o método da seção efetiva, pois, reduz globalmente as propriedades
geométricas da flexão do perfil e permite a determinação da resistência avaliado
de um modo mais fácil e sucinto de ser calculado, o que no método da largura
efetiva não é possível, pois deve se aplicar o conceito de largura efetiva, que em
barras fletidas as tensões são variáveis em cada elemento do perfil, o que
dificultaria mais o cálculo e levaria um pouco mais de tempo para ser avaliado
(CARVALHO, et al. 2014).

6.3.1 Início do escoamento da seção efetiva

De acordo com a ABNT NBR 14762:2010 o momento resistente de cálculo


para o escoamento da seção bruta é dado conforme indicado a seguir:

M = W f /γ ( = 1,10)

onde

W =W para  p  0,673

,
W = W 1− para  p  0,673

,
λ =

Ml é o momento fletor de flambagem local elástica, calculado pela análise elástica


ou, de forma direta, seguindo a seguinte expressão:

Ml = kl ( )( /)
W
40

Valores do coeficiente de flambagem local kl, podem ser calculados pelas


expressões indicadas na Tabela 1 ou diretamente obtidos pela Tabela 2.
41

Tabela 1 - Coeficiente de flambagem local kl para a seção completa em barras sob flexão simples em
torno do eixo de maior inércia (Fonte: ABNT NBR 14762:2010)

Seção U simples e Seção Z simples

Caso a

kℓ = η ,
(0,1 ≤ η ≤ 1,0)
Seção U enrijecido e Seção Z enrijecido

Caso b
As expressões a seguir são válidas para 0,2 ≤ η ≤ 1,0 e para os valores de µ
indicados
kℓ = a−b(µ − 0,2)
a= 81 − 730η + 4261η − 12304η + 17919η − 12796η + 3574η
b=0 para 0,1 ≤ µ ≤ 0,2 e 0,2 ≤ η ≤ 1,0
b=0 para 0,2 < µ ≤ 0,3 e 0,6 < η ≤ 1,0
b = 320 − 2788η + 13458η − 27667η + 19167η para 0,2 < µ ≤ 0,3 e 0,2 ≤ η ≤ 0,6
Seção tubular retangular com solda de costura continua
(para seção tubular retangular formada por dois perfis U simples ou U enrijecido com solda de
costura intermitente, kℓ deve ser calculado para cada perfil isoladamente).

Caso c

kℓ = 14,5 + 178η − 602η + 649η + 234η


(0,1 ≤ η ≤ 1,0)

NOTA 1 bf, bw e D são as dimensões nominais dos elementos, conforme indicado na


Figura correspondente.
NOTA 2 η = bf / bw.
NOTA 3 µ = D/bw.
42

Tabela 2 - Valores do coeficiente de flambagem local kl da seção completa em barras sob flexão
simples em torno do eixo de maior inércia (Fonte: ABNT NBR 14762:2010)

Caso a Caso b Caso c


n = bf/bw Seção tubular
Seção U Simples e Seção U enrijecido e retangular (solda de
Seção Z simples Seção Z enrijecido costura contínua)
u ≤ 0,2 u = 0,25 u = 0,3
0,2 18,4 32,0 25,8 21,2 31,0
0,3 9,6 29,3 23,8 19,7 28,9
0,4 5,6 24,8 20,7 18,2 25,5
0,5 3,6 18,7 17,6 16,0 19,5
0,6 2,6 13,6 13,3 13,0 14,2
0,7 1,9 10,2 10,1 10,1 10,6
0,8 1,5 7,9 7,9 7,9 8,2
0,9 1,2 6,2 6,3 6,3 6,6
1,0 1,0 5,1 5,1 5,1 5,3
NOTA 1 bf, bw e D são a largura nominal da mesa, da alma e do enrijecedor de borda,
respectivamente.
NOTA 2 μ = D/bw.
NOTA 3 Para valores intermediários interpolar linearmente.

6.3.2 Flambagem lateral com torção

O momento fletor resistente de cálculo referente à flambagem lateral com torção,


tomando-se um trecho compreendido entre seções contidas lateralmente, deve ser
calculado por:

M = W , f /γ ( = 1,10)

onde

W, é o módulo de resistência elástico da seção efetiva em relação à fibra


extrema comprimida, calculado com base em uma das duas opções apresentadas
logo abaixo:

W. =W para ≤ 0,673
43

,
W, =W 1− para > 0,673

,
λ =

Ml é o momento fletor de flambagem local elástica, calculado pela análise elástica


ou, de forma direta, seguindo a seguinte expressão:

Ml = kl ( )( /)
W

Valores do coeficiente de flambagem local kl, podem ser calculados pelas


expressões indicadas na Tabela 1 ou diretamente obtidos pela Tabela 2.

é o fator de redução do momento fletor resistente, associado à flambagem


lateral com torção, calculado por:

para λ ≤ 0,6: = 1,0

para 0,6 < λ < 1,336: = 1,11 1 − 0,278λ

para λ ≥ 1,336: = 1/λ

,
λ =

M é o momento fletor de flambagem lateral com torção, em regime elástico, que


pode ser calculado pelas seguintes expressões, que foram deduzidas para
carregamento aplicado na posição do centro de torção:

- barras com seção duplamente simétrica ou monossimétrica, sujeitas à flexão em


torno do eixo de simetria (eixo x):

,
M =C r N N
44

N ;N e r são conforme 4.2.2.1 considerando = e = .

Coeficiente Cb

C é o fator de modificação para momento fletor não uniforme, que a favor da


segurança pode ser tomado igual a 1,0 ou calculado pela seguinte expressão:

,
C = ,

M é o máximo valor do momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no


trecho analisado;
M é o valor do momento fletor solicitante de cálculo, em módulo no 1º quarto do
trecho analisado;
M é o valor do momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no centro do
trecho analisado;
M é o valor do momento fletor solicitante de cálculo, em módulo no 3º quarto do
trecho analisado.

O coeficiente Cb leva em conta a distribuição não uniforme dos momentos


fletores, que é definido pela expressão acima, sendo função dos parâmetros MA, MB,
MC e MMAX, que são apresentados na figura 17, logo abaixo. Deve-se levar em
conta, que os momentos são valores medidos na primeira, segunda e terceira
quarta parte da distância entre dois pontos contidos lateralmente das vigas, por isso
que é apresentado na figura os valores de Lb/4 para cada uma das partes
(CARVALHO, et al. 2014).
45

Figura 16 - Definição de Cb
Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

6.3.2.1 Cálculo da força de flambagem N para perfis U enrijecidos

A força axial de flambagem global elástica dos perfis U enrijecidos que são
monossimétricos, cujo o eixo x é o eixo de simetria, é dado pelas equações de a) e
b):

a) força axial de flambagem global elástica por flexão em relação ao eixo y:

N =

b) força axial de flambagem global elástica por torção:

N = ( )
+ GJ

onde

r0 é o raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de torção, dado


por:

,
r = r +r +x +y
46

6.3.3 Flambagem distorcional

Para os perfis U enrijecidos sujeitos à flambagem distorcional, o momento fletor


resistente de cálculo deve ser calculado pela seguinte expressão:

M = (γ = 1,10)
onde

é o fator de redução do momento fletor resistente, associado à


flambagem distorcional, calculado por:

=1 para λ ≤ 0,673

,
= 1− para λ > 0,673

,
λ = wf /M

Para barras com seção U enrijecido e seção Z enrijecido, sob flexão simples
em torno do eixo de maior inércia, se a relação D/bw for igual ou superior aos
valores indicados na Tabela 3, a verificação da flambagem distorcional pode ser
dispensada.
47

Tabela 3 - Valores mínimos da relação D/bw de seções do tipo U enrijecido e Z enrijecido sob flexão
simples em torno do eixo de maior inércia, para dispensar a verificação da flambagem distorcional
(Fonte: ABNT NBR 14762:2010).

bw/t
bf/bw
250 200 125 100 50
0,4 0,05 0,06 0,10 0,12 0,25
0,6 0,05 0,06 0,10 0,12 0,25
0,8 0,05 0,06 0,09 0,12 0,22
1,0 0,05 0,06 0,09 0,11 0,22
1,2 0,05 0,06 0,09 0,11 0,20
1,4 0,05 0,06 0,09 0,10 0,20
1,6 0,05 0,06 0,09 0,10 0,20
1,8 0,05 0,06 0,09 0,10 0,19
2,0 0,05 0,06 0,09 0,10 0,19
NOTA 1 bf, bw e D são as dimensões nominais dos elementos, conforme indicado
nas figuras da Tabela 1.
NOTA 2 Para valores intermediários, interpolar linearmente.

Porém, se não for atendido a verificação da tabela 3 para dispensar o


cálculo do momento fletor resistente à flambagem distorcional, é importante que, de
alguma forma, esta verificação seja feita, pois este modo de flambagem pode ser o
mais crítico entre os outros determinados anteriormente, comprometendo e não
atendendo a segurança do perfil. Por este motivo, é apresentado abaixo, um
procedimento simplificado de cálculo elaborado por (MALITE; GROSSI, 2013) que
permite tal cálculo.

6.3.3.1 Procedimento simplificado para o cálculo da flambagem distorcional

Conforme visto acima, a norma de dimensionamento de estruturas de aço


constituídas por perfis formados a frio, a ABNT NBR 14762:2010, estabelece uma
verificação para ser dispensada ou considerada a flambagem distorcional em perfis
com enrijecedores de borda, mas não nos apresenta uma formulação para o cálculo
do momento fletor resistente, uma vez que, diferentemente dos modos local e
global, não há uma solução analítica fechada para o momento fletor de flambagem
distorcional elástica.
Utilizar programas de computadores para fazer a análise linear de
48

instabilidade resolve o problema, porém dificulta a tarefa do projetista. Por tal


dificuldade encontrada na solução deste procedimento, será mostrado, um
procedimento simplificado de cálculo elaborado por (MALITE; GROSSI, 2013) que
permite calcular diretamente o momento fletor resistente associado à flambagem
distorcional, por meio de fórmulas semiempíricas em função de relações
geométricas da seção transversal e da resistência ao escoamento do aço.

6.3.3.1.1 Introdução

Os perfis de aço formados a frio em geral, são constituídos por perfis de


seções abertas e chapas finas, o que resulta, em elevadas relações largura-
espessura dos elementos. Além dos fenômenos clássicos de instabilidade global
(análise da barra como um todo), ou local (instabilidade da chapa), há grande
possibilidade de ocorrência de outro modo de instabilidade, associado a distorção
da seção, que é característico de perfis com enrijecedores de borda, como os perfis
U e Z enrijecidos, perfis cartola e rack (MALITE; GROSSI, 2013).
A figura 17, citada como exemplo logo abaixo apresenta a curva de
flambagem da análise de estabilidade de um perfil U enrijecido submetido à flexão
em torno do eixo de maior inercia (condição de viga bi apoiada e momento fletor
uniforme). A curva se define em três ramos, o primeiro está associado ao modo
local (ML), o segundo ao modo distorcional (MD) e o terceiro ao modo global
(flambagem lateral com torção – FLT). Essa análise foi feita por meio de programas
de computador que se baseiam nos métodos das faixas finitas, métodos dos
elementos finitos ou teoria generalizada de vigas (GBT) (MALITE; GROSSI, 2013).
Algumas fórmulas analíticas já foram apresentadas antes para estimar o
momento fletor de flambagem distorcional elástica de perfis U e Z enrijecidos por
Silvestre e Camotim (2004a; 2004b). Diferentemente das análises global e local,
essas formulas analíticas apresentadas para o cálculo manual da flambagem
distorcional são aproximadas e conduzem a extensas marchas de cálculos.
Além disso, em alguns modelos teóricos, os resultados obtidos para o caso
de flexão não são satisfatórios. É o caso do modelo australiano, apresentado por
Lau e Hancock (1987) e foi introduzido à norma australiana AS/NZS 4600:1996, no
qual Chodraui et al (2006), mostrou resultados insatisfatórios da análise da
flambagem distorcional elástica para flexão (MALITE; GROSSI, 2013).
49

Figura 17 - Exemplo de análise de estabilidade elástica de perfil U enrijecido submetido à


flexão via método das faixas finitas - programa CUFSM (Schafer, 2001)
Fonte: (MALITE; GROSSI, 2013)

Outro procedimento apresentado por Ellifritt et al. (1998), com base em


análise paramétrica de perfis U e Z enrijecidos, resultou em fórmulas ajustadas a
pontos obtidos na análise, e por ter sido baseado este estudo em cima do modelo
australiano, não gera resultados satisfatórios para flexão (MALITE; GROSSI, 2013).
A norma norte-americana ANSI/AISI S100-2007, também apresenta dois
procedimentos para cálculo da tensão crítica de flambagem distorcional, sendo que
no primeiro caso, de simples aplicação, não conduz a resultados satisfatórios. Já o
segundo caso, leva a melhores resultados, porém necessita de uma extensa
marcha de cálculo, o que torna inviável a utilização deste procedimento (MALITE;
GROSSI, 2013).
A norma brasileira ABNT NBR 14762:2010 nos apresenta valores mínimos
da relação D/bw que possa ser dispensado o cálculo de flambagem distorcional em
perfis U e Z enrijecidos submetidos à compressão e à flexão. Esses valores são
obtidos baseado na análise da estabilidade elástica de perfis com seus valores de
50

bw/t e bf/bw. Na flexão, para a maioria dos perfis usualmente utilizados, a relação
D/bw resulta abaixo do valor mínimo proposto na tabela de dispensa da análise da
flambagem distorcional, indicado na ABNT NBR 14762:2010, o que se faz
necessário calcular o momento fletor resistente associado à flambagem distorcional.
No entanto, conforme já citado, a norma não apresenta uma formulação que permita
se fazer tal cálculo manualmente, sendo necessário utilizar programas de
computador para a análise da flambagem distorcional (MALITE; GROSSI, 2013).

6.3.3.1.1 Metodologia de análise e procedimento

O procedimento da ABNT NBR 14762:2010 para o cálculo da flambagem


distorcional é mostrado neste trabalho na subseção 4.2.3, com as seguintes
expressões:

M = (γ = 1,10)

onde

é o fator de redução do momento fletor resistente, associado à


flambagem distorcional, calculado por:

=1 para λ ≤ 0,673

,
= 1− para λ > 0,673

,
λ = wf /M

W é o módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à fibra extrema que


atinge o escoamento;

M é o momento fletor de flambagem distorcional elástica, o qual deve ser


calculado com base na ánalise de estabilidade elástica.

Conforme já dito, a grande dificuldade consiste no cálculo do momento fletor


de flambagem distorcional elástica (M ), já que não é apresentada nenhuma
formulação para o cálculo manual, o que é necessário utilizar programas de
computador para tal verificação.
51

A metodologia empregada por (MALITE; GROSSI, 2013) e na elaboração


deste procedimento consistiu na análise de estabilidade elástica de 318 perfis U
enrijecidos submetidos à flexão em torno do eixo de maior inércia, impondo-se uma
extensa gama de valores para valores obtidos das relações D/bw, bf/bw, e bw/t, e
também da resistência ao escoamento do aço fy em torno de 250 MPa à 350 MPa.
Para tal analises, (MALITE; GROSSI, 2013) utilizaram o programa CUFSM
(Schafer, 2001) que foi desenvolvido com base no método das faixas finitas. Os
resultados obtidos, são validos também para perfis Z enrijecidos, com uma
restrição, com flexão apenas em torno do eixo perpendicular à alma. A figura 19
apresenta as faixas de valores dos parâmetros de análise.

Figura 18 - Faixa de variação dos parâmetros adotados na análise


Fonte: MALITE; GROSSI, 2013)

Após determinado os valores de Mdist via programa CUFSM, (MALITE;


GROSSI, 2013) calcularam os correspondentes valores do fator de redução do
momento fletor resistente associado a flambagem distorcional Xdist conforme
equação abaixo. Todos os valores de Xdist inferiores à 1,0 foram plotados em
função de um parâmetro combinado α, definido por:

, ,
α = 0,001 (fy em MPa) Eq. (1)

A partir desta função foi ajustada uma função polinomial, pelo método dos
52

mínimos quadrados, que correlaciona Xdist com o parâmetro α conforme figura 20 e


dada por:

= = −0,098 + 0,536 − 1,056 + 1,1 ≤ 1,0 Eq. (2)

Nesta abordagem proposta por (MALITE; GROSSI, 2013) o índice de


esbeltez reduzido associado à flambagem distorcional (λdist) foi deixado de ser
utilizado, uma vez que o momento fletor resistente de cálculo é função apenas do
parâmetro α. Para os perfis analisados, o valor de parâmetro α variou de 0,1 a 2,7 o
que correspondeu a um intervalo de 0,6 a 3,2 para λdist.

Figura 19 - Conjunto de valores da análise paramétrica e curva ajustada


Fonte: (MALITE; GROSSI, 2013)

Na figura 21, é apresentada por (MALITE; GROSSI, 2013) a dispersão dos


resultados, considerando a relação dos resultados obtidos na formula proposta (eq.
2) e os valores obtidos com base no procedimento da norma ABNT NBR
14762:2010 e análise de estabilidade elástica via programa CUFSM. O desvio
máximo resultou em valores igual a 20% (a favor ou contra a segurança).
Considerando apenas perfis padronizados segundo a ABNT NBR
53

6355:2012, que são os perfis usuais no mercado brasileiro, a formula proposta (eq.
2) por (MALITE; GROSSI, 2013) conduziu a resultados sempre a favor da
segurança, com desvio máximo de 18% (figura 22).
Também é apresentado na figura 22 a relação entre resultados obtidos pela
fórmula proposta (eq. 2) por (MALITE; GROSSI, 2013) e resultados experimentais
de perfis U enrijecidos submetidos à flexão conduzidos por Yu e Schafer (2006). Foi
observado um desvio máximo de 20% com exceção à um único resultado, todos os
outros resultados são a favor da segurança.

Figura 20 - Relação entre a fórmula proposta (eq. 2) e o procedimento da ABNT NBR


14762:2010 com análise de estabilidade elástica via CUFSM
Fonte: (MALITE; GROSSI, 2013)
54

Figura 21 - Relação entre a fórmula proposta (eq. 2) e o procedimento da ABNT NBR


14762:2010 com análise de estabilidade elástica via CUFSM, considerando apenas perfis
padronizados pela ABNT NBR 6355:2012
Fonte: (MALITE; GROSSI, 2013)

Figura 22 - Relação entre a fórmula proposta (eq. 2) e resultados experimentais de perfis U


enrijecidos obtidos por Yu e Schafer (2006)
Fonte: (MALITE; GROSSI, 2013)
55

6.3.3.1.2 Exemplo de cálculo

A fim de avaliar a confiabilidade da formula proposta por (MALITE; GROSSI,


2013) e utilizada neste trabalho, é apresentada a seguir o cálculo do momento fletor
resistente associado à flambagem distorcional de um perfil U enrijecido (Ue
250x85x17x2,00). Considerando fy = 350 MPa, resulta:

, , , ,
α = 0,001 = 0,001 = 0,62

= = −0,098 × 0,62 + 0,536 × 0,62 − 1,056 × 0,62 + 1,1 = 0,63

= = 0,63 × 66,8 × 35 = 1.473 .

Utiliza-se como referência o momento fletor resistente obtido pela curva de


dimensionamento da ABNT NBR 14762:2010 e análise de estabilidade elástica via
programa CUFSM, (ver figura 18), se obtém o seguintes resultados:

= 26,34 / → = = 66,8 × 26,34 = 1.760 .

Pelas equações da norma ABNT NBR 14762:2010, resulta:


, , × ,
λ = = .
= 1,15

, ,
= 1− = 1− , ,
= 0,70

M = Wf = 0,70 × 66,8 × 35 = 1.637kN. cm

Pelo procedimento simplificado proposto por (MALITE; GROSSI, 2013) e


incorporado a planilha de cálculo deste trabalho, resultou MRk = 1.473 kN.cm
(diferença de 10% a favor da segurança).
Por meio de uma análise paramétrica de perfis U enrijecidos, submetidos a
flexão simples (ou reta), foi determinada uma fórmula aproximada (equação
semiempírica) que permite calcular o momento fletor resistente de cálculo referente
56

à flambagem distorcional, em função de um parâmetro associado a relações


geométricas da seção do perfil e a resistência ao escoamento do aço.
Os resultados obtidos pela fórmula aproximada quando comparado aos
obtidos com base no procedimento da ABNT NBR 14762:2010 e análise de
estabilidade elástica pelo método das faixas finitas via programa computacional
CUFSM, apresentam desvio máximo de 20% (a favor ou contra a segurança)
(MALITE; GROSSI, 2013).
Para os perfis padronizados segundo a ABNT NBR 6355:2012, a fórmula
conduziu a resultados sempre a favor da segurança. A comparação com os
resultados experimentais apresentados por Yu e Schafer (2006), também indicou
um desvio máximo de 20%, com exceção de apenas um resultado, todos os demais
são a favor da segurança (MALITE; GROSSI, 2013).
Conclui-se que o procedimento proposto é satisfatório para o cálculo, uma
vez que, o momento fletor resistente de cálculo para a flambagem distorcional pode
ser estimado rapidamente apenas com base em relações geométricas da seção
transversal do perfil e a resistência ao escoamento do aço (MALITE; GROSSI,
2013).

6.4 Deslocamentos Máximos

O critério de flecha estabelece que fmax ≤ fadm onde:

fmax é a flecha máxima de serviço, calculada no estado limite de


utilização, considerando as combinações de ações ponderadas por seus
correspondentes coeficientes;
fadm é a flecha máxima admissível definida, conforme norma ABNT
NBR 14762:2010, como o valor limite que uma viga pode ter para que sua utilização
esteja dentro dos padrões mínimos de segurança, conforto e de uso (CARVALHO,
et al. 2014).

Segundo a norma brasileira ABNT NBR 14762:2010, os valores máximos


para o cálculo da flecha, é dado na Tabela 4. Para cálculo de deslocamentos
verticais, a norma estabelece como referência uma viga simplesmente apoiada,
57

mostrada na figura 24, onde tem-se δ0 como contraflecha da viga, δ1 como


deslocamento devido as ações permanentes e sem efeitos de longa duração, δ 2
sendo o deslocamento devido os efeitos de longa duração das ações permanentes
(quando houver), δ3 como os deslocamentos das ações variáveis, e δMAX é o
deslocamento máximo da viga, levando-se em conta a contraflecha e o δtot a
somatória de δ 1, δ2 e δ3.

Figura 23 - Deslocamentos verticais a serem considerados


Fonte: (ABNT NBR 14762:2010)
58

Tabela 4 - Deslocamentos máximos Fonte: (ABNT NBR 14762:2010)

Descrição δa
L /180b
Travessas de fechamento
L /120c d
L /180 e
Terças de coberturag
L /120 f
Vigas de cobertura g L /250 h
Vigas de piso L /350 h
Vigas que suportam pilares L /500 h)
Galpões em geral e edifícios de um pavimento: H /300
— Deslocamento horizontal do topo dos pilares em relação à base H /400 i
— Deslocamento horizontal do nível da viga de rolamento em
relação à base
Edifícios de dois ou mais pavimentos:
— Deslocamento horizontal do topo dos pilares em relação à base H /400
— Deslocamento horizontal relativo entre dois pisos consecutivos H /500 j

a
L é o vão teórico entre apoios ou o dobro do comprimento teórico do balanço, H
é a altura total do pilar (distância do topo à base) ou a distância do nível da viga
de rolamento à base, h é a altura do andar (distância entre centros das vigas de
dois pisos consecutivos ou entre centros das vigas e a base no caso do primeiro
andar).
b
Deslocamento paralelo ao piano do fechamento (entre linhas de tirantes, caso
eles existam).
c
Deslocamento perpendicular ao piano do fechamento.
d
Considerar apenas as ações variáveis perpendiculares ao plano de fechamento
(vento no fechamento) com seu valor característico.
e
Considerar combinações raras de serviço, utilizando-se as ações variáveis
de mesmo sentido que o da ação permanente.
f
Considerar apenas as ações variáveis de sentido oposto ao da ação
permanente (vento de sucção) com seu valor característico.
g
Deve-se também evitar a ocorrência de empoçamento, com atenção especial aos
telhados de pequena declividade. Caso haja paredes de alvenaria sobre ou sob
uma viga, solidarizadas com essa viga, o deslocamento vertical também não deve
exceder a 15 mm.
h
O diferencial do deslocamento horizontal entre pilares do pórtico que
suportam as vigas de rolamento não pode superar 15 mm.
i
Tornar apenas o deslocamento provocado pelas forças cortantes no
andar considerado, desprezando-se os deslocamentos de corpo rígido
provocados pelas deformações axiais dos pilares e vigas.

6.6 Limitação de esbeltez

Segundo a ABNT NBR 14762:2010 o índice de elbeltez KL/r das barras comprimidas
não deve exceder 200.
59

7 EXCEL PARA O DESENVOLVIMENTO DA PLANILHA

7.1 Introdução

O Excel é um software desenvolvido pela empresa Microsoft, amplamente


usado por empresas e particulares para a realização de operações matemáticas e
financeiras usando planilhas eletrônicas (BATTISTI, 2014).
As planilhas são constituídas por células organizadas em linhas e colunas.
É um programa dinâmico, com interface atrativa e muitos recursos para o usuário.
Utilizado para realizar uma infinidade de tarefas, como: cálculos simples e
complexos, elaboração de relatórios e gráficos sofisticados, criação de lista de
dados, além de trazer incorporado uma linguagem de programação baseada em
Visual Basic (BATTISTI, 2014).

7.2 A Planilha

Desenvolvida pelo software Excel, a planilha automatiza o procedimento


normativo de cálculo para determinação da resistência de perfis U enrijecidos
avaliados como terças e submetidos a flexão reta simples, segundo a ABNT NBR
14762:2010: Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis
formados a frio, e associada a ABNT NBR 6355:2012: Perfis estruturais de aço
formados a frio - Padronização.
É apresentado a seguir, a planilha e seus módulos de execução.

7.2.1 Tela inicial da planilha

Os perfis formados a frio tem a forma e as dimensões adequadas à


solicitação, diferentemente dos perfis soldados e laminados, pode-se criar uma
forma especial de perfil para atender à solicitação que se tem, e, por ser um perfil
criado, também tem-se a opção de otimizar suas dimensões até que o valor da
resistência seja igual ao da solicitação, o que representa uma grande economia
(CARVALHO, et al. 2014).
Na página inicial da planilha, são inseridas nas células de cor azul as
60

dimensões do perfil que deseja-se calcular as características geométricas, conforme


figura 24 e 25. A espessura do perfil analisado fica limitada a 8mm conforme com
base nas normas utilizadas.

Figura 24 - Tela inicial da planilha


Fonte: (Próprio autor)
61

Figura 25 - Cálculo das características geométricas do perfil (Ue 200x100x25x4,75)


Fonte: (Próprio autor)

7.2.2 Verificação do Perfil

Ainda na primeira aba da planilha, após o cálculo das características


geométricas do perfil, clica-se no botão “Verificação” e será direcionado para a
segunda aba.
Nesta segunda aba da planilha “Verificação” é disponibilizado ao usuário a
opção de doze tipos de aço de classificação estrutural. Ao selecionar o tipo de aço
desejável, a planilha carrega as características mecânicas do aço em questão na
rotina de cálculo.
62

Figura 26 - Escolha do tipo de aço estrutural


Fonte: (Próprio autor)

Logo abaixo, após a escolha do aço, o usuário entrará com os dados da


viga a ser analisada: comprimento total da terça, o carregamento de cálculo, e se
ela contém travamento lateral no meio do vão ou não. O carregamento de cálculo
não é obrigatório para a verificação da resistência do perfil, ele é utilizado para
verificação da flecha, verificação se o perfil atende a solicitação e para o cálculo do
coeficiente Cb. Além disso, foi adotado a opção de travamento lateral somente no
meio do vão pela questão de ser uma terça biapoiada, e que, usualmente na prática
se utiliza apenas um travamento lateral no meio do vão (linhas de corrente), para
reduzir os comprimentos de flambagem. Automaticamente ao inserir os dados da
viga, será definido o comprimento de flambagem Kx.Lx, Ky,Ly e Kz.Lz.
63

Figura 27 - Definição dos dados da terça analisada e dos comprimentos de flambagem Kx.Lx,
Ky.Ly e Kz.Lz
Fonte: (Próprio autor)

7.2.3 Cálculo

Finalmente, a planilha conclui a avaliação da resistência de cálculo do perfil.


Os esforços resistentes do elemento, foram baseados na norma ABNT NBR
14762:2010 e associados a ABNT NBR 6355:2012. Na figura 28 e 29 estão
apresentados a resistência do perfil.
64

Figura 28 - Resistências de cálculo do perfil na situação de projeto considerada


Fonte: (Próprio autor)
65

Figura 29 - Resistências de cálculo do perfil na situação de projeto considerada


Fonte: (Próprio autor)

7.2.4 Determinação da flecha máxima e Esbeltez Limite

Logo abaixo, após o cálculo do momento fletor resistente, segue para o


último tópico da planilha, o cálculo da flecha máxima de utilização e a verificação da
esbeltez limite, que foi baseado segundo a norma ABNT NBR 14762:2010 para tal
cálculo. Após todo o processo de cálculo, a planilha informa se o perfil verificado
atendeu as solicitações verificadas ou não.
66

Figura 30 - Determinação do deslocamento, deslocamento máximo, esbeltez limite e resultados


finais da verificação do perfil
Fonte: (Próprio autor)

7.2.5 Relatório

Ainda na aba “Verificação”, após concluído os cálculos da resistência do


perfil, com a ativação do botão “Relatório” a tela da planilha é redirecionada para a
aba “Relatório”. Nesta aba, consta toda a memória de cálculo envolvida na análise
do elemento, e se necessário, pode ser impressa pelo usuário.
Vale lembrar que, a planilha pode ser utilizada como uma ferramenta de
auxílio ao ensino na disciplina de Estruturas Metálicas, podendo analisar todas as
considerações desenvolvidas no cálculo.
67

8 EXEMPLO DE CÁLCULO

8.1 Cálculo manual

Para avaliar a confiabilidade da planilha, consideramos os dois exemplos de


cálculo apresentados por CARVALHO et al (2014) logo abaixo, e comparado com a
planilha desenvolvida neste trabalho:

Exemplo 1: Verificar as condições de segurança da terça abaixo:

Figura 31 - Exemplo 1
Fonte: CARVALHO, et al. (2014)

Propriedades geométricas do perfil:

= 605,75 = 0,231

= 71,79 = 5890,40

= 9,87 = 9,86

= 2,20 = 5,34

= 60,58
68

Estado Limite Inicio do Escoamento da Seção Efetiva

b 75 D 25
η= = = 0,375 ∴ µ = = = 0,125
b 200 b 200

0,1 < µ < 0,2


Como então b = 0
0,2 < η < 1,0

a = 81 − 730η + 426η − 12304η + 17919η − 12796η + 3674η

a = 27,011

k = a − b(µ − 0,2) ∴ k = 27,011

π E
M = 27,01. . 60,58 ; M = 5192,69 kN. cm
20,0
12(1 − v )
0,265

60,58.35,00
λ = ∴ λ = 0,639
5192,69

, ,
W = ,
1− ,
= 62,16 cm

Como W resultou maior que W , então W = 60,58 cm


, . ,
M = ,
= 1927,55 kN. cm

Estado Limite da Flambagem Lateral com Torção

Figura 32 - Determinação do Cb
Fonte: CARVALHO, et al. (2014)
69

12,5∙16,00
C = ∴ C = 1,30
2,5∙16,00+3∙7,00+4∙12,00+3∙15,00

= ∙ ∙ ∙

∙ ∙ ,
= ∴ = 354,27

1 ∙ ∙ 5890,4
= + 0,385 ∙ ∙ 0,231 ∴ = 317,29
9,86 200

= 1,30 ∙ 9,86 354,27 ∙ 317,29 = 4297,50 .

, ∙ ,
= ,
= 0,702

= 1,11 ∙ 1 − 0,278 ∙ ∴ = 0,958

b 75 D 25
η= = = 0,375 ∴ µ = = = 0,125 ∴ b = 0
b 200 b 200

a = 81 − 730η + 426η − 12304η + 17919η − 12796η + 3674η

a = 27,011

k = a − b(µ − 0,2) ∴ k = 27,011

π E
M = 27,01. . 60,58
20,0
12(1 − v )
0,265

M = 5192,69 kN. cm

∙ ∙ , ∙ , ∙ ,
= = ,
= 0,625

, ,
= ,
∙ 1− ,
∴ = 62,81

omo este valor é maior que W , então W = W = 60,58cm

∙ , ∙ , ∙ , ∙ ,
M = ,
= ,
= 1847 kN. cm
70

Estado Limite da Flambagem Distorcional

A verificação para o cálculo da flambagem distorcional não é proposto por


CARVALHO et al (2014), como também não é utilizada para a maioria de casos de
exercícios propostos. Por não existir formulações para o cálculo da flambagem
distorcional, se necessário o cálculo, utilizar de programas de computador para
análise via método das faixas finitas (MFF), ou utilizar do Anexo C da ABNT NBR
14762:2010 “Método da resistência direta”, o que substituiria os métodos da Largura
Efetiva, ou o Método da Seção Efetiva (que é tratado neste trabalho), tornando o
aprendizado difícil, pois em função do grande volume de cálculo algébrico
envolvido, deixa-se de compreender o comportamento estrutural do perfil, o qual é o
foco principal do estudo.

Determinação da Flecha Máxima

Para a verificação da flecha limite da terça analisada, CARVALHO et al.


(2014) propõe outro exercício, com as seguintes características geométricas e
comprimento efetivo da terça, logo abaixo:

Exemplo 2: Verificar as condições de segurança da terça quanto ao critério


da flecha. O desenho abaixa apresenta a terça de um perfil Ue 200x70x16x1,52
carregada com ação nominal (ql = 0,43 kN/m), devida a ação permanente (pp terça
+ telha) e com fy= 350 MPa (CARVALHO et al. (2014).

Figura 33 - Exemplo 2
Fonte: CARVALHO, et al. (2014)
71

Como o procedimento para a verificação da resistência do perfil é mostrado


anteriormente, parte-se para o cálculo da flecha proposto por CARVALHO et al.
(2014):

Cálculo da flecha de serviço:

5.0,0043. 762
=
384. . 340,11

= 2,78

Como a terça está carregada com ação permanente

=
180

= 4,23

OK! Como < a terça apresenta boas condições de segurança

8.2 Solução através da planilha

Através da planilha de cálculo proposto neste trabalho, a análise do perfil é


feita por meio dos seguintes procedimentos:
72

a) Definição do perfil e cálculo das características geométricas:

Figura 34 - Seleção do perfil e cálculo das características geométricas (Exemplo 1)


Fonte: Próprio autor)

b) Escolha do tipo de aço:

Figura 35 - Escolha do tipo do aço (Exemplo 1)


Fonte: (Próprio autor)
73

c) Definição do comprimento da terça, carregamento de cálculo e se a terça


está travada lateralmente no meio do vão, definindo assim os comprimentos
de Flambagem:

Figura 36 - Definição dos dados da terça analisada (Exemplo 1)


Fonte: (Próprio autor)
74

d) Resultados:

Figura 37 - Resultados resumidos dos cálculos efetuados (Exemplo 1)


Fonte: (Próprio autor)
75

Figura 38 - Resultados resumidos dos cálculos efetuados (Exemplo 1)


Fonte: (Próprio autor)
76

e) Verificação da flecha limite, esbeltez limite e avaliação final da segurança


do perfil analisado:

Figura 39 - Verificação do deslocamento máximo e Esbeltez Limite (Exemplo 2)


Fonte: (Próprio autor)
77

f) Relatório Final (Exemplo 1):

RELATÓRIO DE CÁLCULO

Os cálculos a seguir foram efetuados de acordo com as recomendações normativas da


ABNT NBR 14762/2010 e ABNT NBR 6355/2012.

1- PERFIL ESCOLHIDO
Ue 200 x 75 x 25 x 2,65

1.1- PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DO PERFIL

1.1.1- Dimensões
bw = 200 mm
bf = 75 mm
D = 25 mm
tn = 2,65 mm

1.1.2- Eixo x
Ix = 621,67 cm⁴
Wx = 62,17 cm³
rx = 7,83 cm
xg = 2,33 cm
x0 = 5,67 cm

1.1.3- Eixo y
Iy = 78,69 cm⁴
Wy = 15,3 cm⁴
ry = 2,79 cm⁴

1.1.4- Demais propriedades


Massa = 7,96 kg/m
Área = 10,14 cm²
It = 0,24 cm⁴
Cw = 6862,49 cm⁶
ro = 10,06 cm

2- AÇO
2.1- Aço escolhido: COS-CIVIL 350
2.1.1- Propriedades do aço estrutural:

fy = 350 MPa
fu = 490 MPa
E = 200000 MPa
ν = 0,3
G= 7700 MPa
78

CÁLCULO DO MOMENTO FLETOR RESISTENTE DE CÁLCULO (MRd) DE TERÇAS DE


PERFIS U ENRIJECIDOS FORMADOS A FRIO

1- MOMENTO FLETOR RESISTENTE DE CÁLCULO (MRd) PARA O ÍNICIO DO


ESCOAMENTO DA SEÇÃO EFETIVA - ABNT NBR 14762/2010 - Subitem 9.8.2.1

Coeficiente de ponderação das ações ou das resistências ( γ = 1,10)

1.1- Coeficiente de flambagem local kℓ para a seção completa em barras s ob flexão


simples em torno do eixo de maior inércia - Tabela 12 - Caso b.

a = 27,01 μ = 0,13
b = 0,00 ɳ = 0,38
kℓ = 27,01

1.1.2- Momento fletor de flambagem local elástica.

Mℓ = 5329,01 kN.cm

1.2- Índice de esbeltez reduzido do elemento ou da seção completa.

λp = 0,64
Wef = Wx para λp < 0,673

1.3 - Momento fletor resistente de cálculo correspondente ao início do escoamento da


seção efetiva
MRd = 1978,04 kN.cm

2- MOMENTO FLETOR RESISTENTE DE CÁLCULO (MRd) À FLAMBAGEM LATERAL


COM TORÇÃO – ABNT NBR 14762/2010 - Subitem 9.8.2.2

Coeficiente de ponderação das ações ou das resistências (γ = 1,10)

2.1- Comprimento efetivo de flambagem global em relação ao eixo y - Kx.Lx = 4 cm

Comprimento efetivo de flambagem global em relação ao eixo y - Ky.Ly = 2 cm

Comprimento efetivo de flambagem global em relação ao eixo z - Kz.Lz = 2 cm

2.1.1- Força axial de flambagem global elástica Ne por flexão:

PERFIS COM DUPLA SIMETRIA OU SIMÉTRICOS EM RELAÇÃO A UM PONTO

Ney= 388,34 kN
Nez= 336,21 kN

2.2- Fator de modificação para momento fletor não uniforme, que pode ser tomado igual a
1,0 a favor da segurança.

Cb= 1,30 Mmax= 16,000 kN.m MB= 12,00 kN.m


MA= 7,00 kN.m MC= 15,00 kN.m
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2.2.1- Momento fletor de flambagem global elástica (FLT - Flambagem lateral com torção)

Me= 4723,44 kN.cm

2.3- Índice de esbeltez reduzido associado à flambagem global.

λ₀= 0,68
X FLT= 1,11*(1-0,278X²) para 0,6 < λ₀ < 1,336

XFLT= 0,97

2.4- Coeficiente de flambagem local kℓ para a seção completa em barras sob flexão
simples em torno do eixo de maior inércia - (Tabela 12 - Caso b).

a = 27,01 μ = 0,13
b = 0,00 ɳ = 0,38
kℓ = 27,01

2.4.1- Momento fletor de flambagem local elástica.

Mℓ = 5329,01 kN.cm

2.5- Índice de esbeltez reduzido do elemento ou da seção completa.

λp = 0,63
Wef = Wx para λp < 0,673

2.6- Momento fletor resistente de cálculo referente à flambagem lateral com torção.

MRd= 1914,46 kN.cm

3- MOMENTO FLETOR RESISTENTE DE CÁLCULO (MRd) À FLAMBAGEM


DISTORCIONAL - ABNT NBR 14762/2010 - Subitem 9.8.2.3

("Para análise da flambagem distorcional desta planilha foi utilizado fórmulas aproximadas
(semi-empíricas), que permite cálcular diretamente o momento fletor resistente de cálculo
(MRd) associado à flambagem distorcional sem a necessidade do cálculo do momento
fletor de flambagem distorcional elástica (Mdist).")

Para barras com seção U enrijecido e seção Z enrijecido, sob flexão simples em torno do
eixo de maior inércia, se a relação D/bw for igual ou superior aos valores indicados na
Tabela 14, a verificação da flambagem distorcional pode ser dispensada.

Para: bf/bw= 0,38


bw/t= 75,47
É NECESSÁRIO VERIFICAR A FLAMBAGEM DISTORCIONAL!
D/bw= 0,13

3.1- Parâmetro combinado α definido em função do cálculo do fator de redução do


momento fletor resistente associado à flambagem distorcional (Xdist). Valor de Xdist
cálculado via programa (CUSFM).

α= 0,24
80

3.1.1-Função polinomial, definida pelo método dos mínimos quadrados, correlacionando


Xdist com o parâmetro α.

Xdist= 0,87

3.2- Momento fletor resistente de cálculo referente a flambagem distorcional

MRd= 1900,10 kN.cm

Portanto, tomando o momento fletor resistente de cálculo como o menor dos valores
calculados:
MRd= 1900,10 kN.cm

4- DESLOCAMENTOS MÁXIMOS

Para a determinação da flecha limite da terça analisada, foi utilizado segundo a Tabela 1
(ANEXO), para terças de cobertura a seguinte verificação (L/180).

Carregamento de cálculo da terça: 8,00 kn/m Msd = 1600 kN.cm

Flecha de serviço (f): 2,14 cm

Flecha máxima (flim): 1,11 cm

f > flim → A terça verificada não apresenta boas condições de segurança!

MRd > Msd → Perfil ok!

5- VERIFICAÇÃO DA ESBELTEZ LIMITE (KL/r<200)

Kx.Lx = 51,08 < 200 → Perfil ok!


rx

Ky.Ly = 71,79 < 200 → Perfil ok!


ry
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9. CONCLUSÕES

Nota-se que os valores apresentados pela planilha deste trabalho, coincidem com
os resultados do exercício resolvido por CARVALHO et al (2014), o que garante a
confiabilidade da planilha.
No projeto de estruturas metálicas, o dimensionamento é um pouco
diferente do procedimento para sistemas estruturais como de Concreto Armado,
Madeira e Concreto Protendido, que se define os elementos a partir de uma
solicitação (combinações de ações).
No caso das estruturas metálicas, desde a NBR 8800, os procedimentos
apresentados para o cálculo estrutural consistem de cálculos bastante
trabalhosos e de aspectos interativos, onde as características geométricas do
elemento, na maioria das operações, é um parâmetro utilizado. A norma brasileira
ABNT NBR 14762:2010, a característica das equações nela apresentada reforça
este teor. O dimensionamento de estruturas metálicas, assume o procedimento
de verificação das condições de segurança de um perfil, e no caso de não
atender a resistência solicitada, sua substituição e repetição dos cálculos deve
ser feito novamente.
A utilização de perfis U enrijecidos como terças submetidos a flexão
simples para este trabalho, é justificada pela questão de que a região em que
estamos, no interior de São Paulo, a utilização maciça de perfis U enrijecidos em
terças é quase permanente em todas as estruturas metálicas, raros os casos que
se utiliza outro tipo de perfil.
A elaboração desta planilha, tornou a análise e o dimensionamento de
terças metálicas um trabalho menos cansativo e árduo ao engenheiro de
estruturas metálicas, além de auxiliar os alunos da disciplina de “Estruturas
Metálicas”, oferecida pelo curso de engenharia civil da Universidade Camilo
Castelo Branco – UNICASTELO, o desenvolvimento e comparação de mais
exemplos práticos, uma vez que a planilha otimiza o tempo.

9.1 Sugestões para trabalhos futuros

Sugere-se que seja feita nas versões futuras da planilha, o dimensionamento de


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elementos submetidos as demais solicitações, além da ampliação da


disponibilidade de perfis, com a consideração de elementos compostos.
Sugere-se também, que em versões mais sofisticadas, a planilha seja
capaz de analisar e dimensionar terças continuas.
E sugere-se ainda, que seja criada novas planilhas de cálculo para
dimensionamento de perfis soldados e laminados com os perfis utilizados no
mercado, submetidos a todas as solicitações e ao dimensionamento de ligações.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14762:


Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas de Perfis Formados a Frio.
Rio de Janeiro, Brasil, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6355:


Perfis
Estruturais de Aço Formado a Frio. Rio de janeiro,
2012.

BATTISTI, Júlio; Excel 2010 Avançado, Editora Instituto Alpha, 2014.

CARVALHO, Paulo Roberto M.; GRIGOLETTI, Gladimir, BARBOSA, Giovana


Daltrozo, Curso Básico De Perfis Formados a Frio, 3ª Edição, Porto Alegre,
2014.

CHODRAUI, G.M.B. Flambagem por distorção da seção transversal em perfis


de aço formados a frio submetidos à compressão centrada e a flexão. São
Carlos, 2003. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.

FÁVERO NETO, A. H. Terças de aço formadas a frio com continuidade nos


apoios: ênfase ao estudo das ligações de alma parafusadas com transpasse
ou luva. 2013. 93 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013.

MALITE, Maximiliano; GROSSI, Luiz Gustavo Fernandes, Procedimento


simplificado para cálculo do momento fletor resistente de instabilidade
distorcional em perfis U e Z enrijecidos, Volume 2, Revista da Estrutura de Aço
– CBCA, 2013.

PFEIL, Walter; PFEIL, Michèle. Estruturas De Aço – Dimensionamento Prático,


8ª Edição, Rio de Janeiro, Editora LTC, 2014.
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Silva, Edson Lucas; Silva, Valdir Pignatta, Dimensionamento de perfis formados


a frio conforme NBR 14762 e NBR 6355, Rio de Janeiro, IBS/CBCA, 2008.

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